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Abortamento: Tipos e Causas

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AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
Abortamento 
VISÃO GERAL 
Abortamento	é	uma	das	síndromes	hemorrágicas	do	1º	
trimestre	de	 gravidez.	 Segundo	a	OMS,	 abortamento	
tem	como	definição	a	interrupção	da	gravidez	antes	de	
22	semanas	e/ou	com	um	feto	pesando	<500	gramas	e	
16,5cm.	Geralmente,	o	peso	é	utilizado	para	classificar	
o	abortamento	quando	não	se	sabe	exatamente	a	 IG	
(idade	gestacional).		
O	 aborto	 é	 o	 produto	 eliminado	 no	 abortamento.	 O	
abortamento	 pode	 ser	 classificado	 de	 acordo	 com	
alguns	parâmetros,	sendo	um	abortamento	antes	de	4ª	
semanas	 chamado	 de	 subclínico;	 entre	 4ª	 a	 12ª	
semanas	 ele	 é	 precoce;	 e	 após	 12ª	 semanas,	 ele	 é	
tardio.	
TIPOS 
O	abortamento	pode	ser	classificado	conforme	a	idade	
gestacional,	 conforme	 a	 presença	 de	 intervenção	
externa	 e	 conforme	 a	 segurança.	 Os	 tipos	 de	
abortamento	são:		
1. Abortamento	 precoce:	 com	 menos	 de	 12ª	
semanas,	 corresponde	 a	 80%	 dos	 casos	 de	
abortamento;	
2. Abortamento	tardio:	após	12ª	semanas;	
3. Abortamento	 espontâneo:	 sem	 nenhuma	
intervenção	externa,	podendo	ser	causado	por	
doenças	 da	 mãe	 ou	 por	 anormalidades	 do	
embrião	ou	feto;	
4. Abortamento	 provocado:	 interrupção	 da	
gravidez	 causada	 por	 intervenção	 externa	 e	
intencional;	
5. Abortamento	 seguro:	 termo	 utilizado	 em	
documentos	 internacionais,	 refere-se	 ao	
aborto	realizado	por	um	médico	bem	treinado,	
com	 os	 meios	 necessários	 e	 ambiente	
adequado;	
6. Abortamento	inseguro:	procedimento	de	risco,	
realizado	por	pessoas	que	não	têm	habilidades	
necessárias	 ou	 em	 ambiente	 sem	 padrões	
médicos	mínimos,	ou	ambos;	
7. Abortamento	habitual:	quando	ocorre	três	ou	
Alguns	abortamentos	precoces	podem	ser	confundidos	
com	 um	 atraso	 menstrual	 seguido	 de	 menstruação	
profusa.		
	
ETIOPATOGENIA 
Os	 fatores	 de	 risco	 mais	 comuns	 identificados	 em	
mulheres	com	abortamento	são:	
1. Idade	materna	avançada;	
2. História	anterior	de	abortamento;	
Além	 disso,	 qualquer	 doença	 materna	 grave,	
traumatismo,	 intoxicação	 e	 inúmeras	 infecções,	
podem	levar	ao	abortamento.	
A	etiopatogenia	do	abortamento	está	relacionada	com	
anormalidades	 cromossômicas,	 desordens	
anatômicas,	 doenças	 endócrinas,	 mecanismos	
imunológicos,	 aloimunidade,	 infecções,	 fatores	
ambientais	e	fatores	emocionais.	
ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS 
As	anormalidades	cromossômicas	são	responsáveis	por	
50%	dos	abortamentos	espontâneos	subclínicos.		
A	principal	causa	de	anormalidade	cromossômica	é	por	
trissomias,	 cerca	 de	 70%,	 sendo	 a	 mais	 frequente	 a	
trissomia	 do	 16.	 Em	 relação	 às	 monossomias,	 elas	
correspondem	a	15	a	25%	dos	casos	e	as	poliploidias	
correspondem	a	5%.		
DESORDENS ANATÔMICAS 
As	desordens	anatômicas	também	contribuem	para	o	
abortamento,	sendo	as	principais:		
1. Incompetência	istmocervical:	é	a	incapacidade	
do	 colo	 do	 útero	 em	 reter	 o	 produto	 da	
concepção	 no	 2º	 trimestre	 da	 gravidez,	 na	
ausência	 de	 sinas	 e	 sintomas	 de	 contrações	
e/ou	 parto.	 Determina	 tipicamente,	
abortamentos	do	2º	trimestre	e	o	diagnóstico	
é	 feito	 pela	 história	 clínica	 de	 ruptura	
espontânea	 das	 membranas	 e	 dilatação	 sem	
dor;	
2. Miomas	 uterinos:	 podem	 impedir	 o	
desenvolvimento	 da	 gravidez,	 uma	 vez	 que	
distorcem	 a	 cavidade	 intrauterina,	 podendo	
levar	ao	abortamento;		
3. Malformações	 uterinas:	 o	 útero	 setado	 é	 a	
malformação	uterina	mais	frequente	(35%	dos	
casos),	 devido	 à	má	 vascularização	 do	 septo.	
Os	 úteros	 didelfo,	 bicorno	 e	 septado	
apresentam	 as	 maiores	 taxas	 de	 parto	 pré-
AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
termo,	 2	 a	 3	 vezes	mais	 elevadas	 do	 que	 na	
população	geral;	
4. Sinequias	uterinas	(Síndrome	de	Asherman):	a	
sinéqueia	 é	 quando	 há	 um	 colabamento	 do	
útero,	o	que	também	impede	a	progressão	da	
gravidez.	
DOENÇAS ENDÓCRINAS 
Algumas	doenças	endócrinas	causam	o	abortamento,	
tais	como:	
1. Insuficiência	 luteínica:	 leva	 ao	 abortamento	
pela	produção	deficiente	de	progesterona;	
2. Síndrome	 do	 ovário	 policístico	 (SOP):	 está	
relacionada	 com	 a	 disfunção	 ovariana,	
androginismo	e	resistência	à	insulina,	incidindo	
em	5	a	7%	das	mulheres	em	idade	reprodutiva;	
3. Doenças	da	tireóide:	o	hipotireoidismo	é	uma	
causa	 para	 abortamento	 devido	 a	 uma	
diminuição	 de	 produção	 de	 T4;	 enquanto	 o	
hipertireoidismo	na	sua	forma	grave	também	
pode	causar	abortamento;	
4. Diabetes	melito:	principalmente	a	DM	tipo	1.	
MECANISMOS IMUNOLÓGICOS 
O	 feto	é	um	corpo	estranho	no	organismo	da	mãe	e	
quando	 há	 esse	 reconhecimento	 pelo	 corpo,	 pode	
haver	uma	rejeição,	é	a	auto-imunidade.		
Algumas	doenças,	como	o	lúpus	eritematoso,	auxiliam	
nesse	mecanismo	imunológico.	Há	uma	associação	
com	anticorpos	anticardiolipina	e	antifosfolipídeos,	
esses	anticorpos	provocam	reação	inflamatória.	
A	 síndrome	 antifosfolipídio	 (SAF)	 talvez	 seja	 a	 causa	
mais	 importante	 de	 abortamento	 habitual.	 A	 SAF	
refere-se	à	associação	entre	anticorpos	antifosfolipídio	
–	lúpus	anticoagulante	(LAC)	e	anticardiolipina	(aCL)	–	
e	 trombose	 vascular	 ou	 prognóstico	 adverso	 na	
gravidez.	Muitas	investigações	têm	relatado	anticorpos	
antifosfolipídios	 em	 5	 a	 20%	 das	 mulheres	 com	
abortamento	recorrente.	
ALOIMUNIDADE 
A	aloimunidade	é	outro	mecanismo	que	pode	levar	ao	
abortamento.	 Uma	 falha	 no	 mecanismo	 normal	 da	
gravidez	 de	 produção	 de	 anticorpos	 contra	 os	
antígenos	 de	 histocompatibilidade	 parternos	 (HLA),	
pode	causar	o	abortamento.	
Aloenxerto	fetal.	
As	células	T	regulatórias	(Treg),	as	quais	são	um	subtipo	
de	 célula	 T	 auxiliar	 CD4+,	 funcionam	 inibindo	 a	
resposta	 imunológica	 decorrente	 de	 uma	 infecção,	
inflamação	 e	 autoimunidade.	 Essa	 função	 supressora	
se	 dá	 pelo	 FOXP3,	 que	 é	 um	 fator	 de	 transcrição	
expresso	pelas	Treg.	Recentemente	 foi	 identificado	o	
CNS1,	que	é	um	elemento	genético	móvel	que	exalta	o	
FOXP3,	esse	CNS1	está	presente	nas	pTreg.	
Existem	dois	tipos	de	Treg:	tímico	(tTreg)	e	periférico	
(pTreg).	
Sendo	assim,	apenas	as	pTreg	são	capazes	de	refrear	a	
resposta	 imunológica	 decorrente	 da	 gravidez,	 de	
reconhecer	antígenos	paternos.	Elas	suprem	as	células	
T	efetoras	maternas	e	mitigam	o	conflito	materno-fetal	
causado	pelos	aloantígenos	paternos.	
Uma	 deficiência	 de	 CNS1	 gera	 uma	 inabilidade	 de	
induzir	a	pTreg	na	mãe,	o	que	resulta	em	infiltração	da	
célula	 T	 ativada	 na	 placenta	 e	 consequente	
abortamento.	
INFECÇÕES 
As	 infecções	 maternas	 também	 cursam	 com	 a	
etiopatogenia	 do	 abortamento,	 como	 a	 rubéola,	
herpes	 genital,	 sífilis,	 toxoplasmose,	 citomegalovírus	
etc.	
FATORES AMBIENTAIS 
Fatores	 ambientais	 como	 exposição	 à	 radiação	
ionizante	e	o	uso	de	drogas	 lícitas	(tabaco	e	álcool)	e	
ilícitas	também	podem	causar	abortamento.	
FATORES EMOCIONAIS E FÍSICOS 
Sabe-se	 que	 fatores	 emocionais	 podem	 interferir	 no	
curso	 da	 gravidez,	 resultando	 no	 abortamento,	 bem	
como	traumas	físicos.	
FORMAS CLÍNICAS 
O	 abortamento	 apresenta-se	 de	 diferentes	 formas	
clínicas,	 tais	 como	 ameaça	 de	 abortamento,	
abortamento	 inevitável,	 abortamento	 completo,	
abortamento	 incompleto,	 abortamento	 infectado,	
abortamento	retido	e	abortamento	habitual.	
O	abortamento	inevitável	tem	algumas	similaridades	
com	o	abortamento	incompleto.	
 
 
AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
AMEAÇA DE ABORTAMENTO 
A	ameaça	de	abortamento	é	o	abortamento	em	que	há	
chances	 de	 reversão	 do	 quadro,	 ou	 seja,	 ainda	 há	
perspectiva	de	evolução	da	gravidez.	
Esse	 quadro	 se	 apresenta	 como	 um	 sangramento	
discreto,	 acompanhado	 com	 uma	 dor	 lombar	 e	
desconforto	 pélvico.	 Essa	 dor	 ocorre	 devido	 à	
contratilidade	do	útero,	que	gera	cólicas	leves,	sendo	
incapaz	de	induzir	modificações	cervicais.	
1. Exame	 físico:	 o	 útero	 está	 amolecido	 e	
compatível	 com	 amenorréia.	 O	 colo	 está	
impérvio	(fechado);	
2. Exame	complementar:	a	curva	de	beta	HCG	se	
apresenta	 normal.No	USG	 há	 a	 presença	 de	
saco	gestacional	íntegro.	O	BCE	está	regular	e	
superior	a	100bpm;	
3. Conduta:	repouso	físico	(conduta	expectante),	
repouso	 sexual,	 repouso	 emocional	 e	
antiespasmódicos;	
BCF	=	batimentos	cardíacos	embrionais.	
Sangramentos	precoces,	de	 longa	duração,	escuros	e	
do	tipo	“borra	de	café”	são	considerados	mais	sérios.	
ABORTAMENTO INEVITÁVEL 
O	 abortamento	 inevitável	 é	 aquele	 em	 que	 não	 há	
possibilidade	 de	 prosseguimento	 da	 gestação.	 Esse	
episódio,	 na	 maioria	 das	 vezes	 é	 precedido	 pela	
ameaça	de	abortamento,	sendo	as	hemorragias	nesse	
caso	mais	abundante.	
O	quadro	clínico	mostra	o	colo	uterino	dilatado	(cerca	
de	 2cm),	 sendo	 possível	 permear	 pelo	 dedo,	
detectando	 na	 maioria	 das	 vezes	 as	 membranas	
ovulares	 ou	 o	 próprio	 embrião.	Há	 um	 sangramento	
profuso	e	de	cor	viva	nesse	tipo	de	abortamento	e	uma	
dor	 que	 não	 corresponde	 à	 medicação,	 podendo	
comprometer	 a	 hemodinâmica	 da	 paciente.	 Além	
disso,	a	bolsa	está	herniada	pelo	colo	uterino.	
1. Exame	 físico:	 útero	 sem	 o	 amolecimento	
normal	da	gravidez	e	o	colo	com	dilatação	de	
mais	 de	 2cm,	 membranas	 herniadas	 pelo	
orifício	externo	na	cavidade	uterina.		
2. Exame	 complementar:	 curva	 de	 beta	 HCG	
achatada.	 No	 USG	 mostra	 ausência	 de	
vitalidade	embrionária	e	descolamento	ovular;	
3. Conduta:	 no	 abortamento	 precoce,	 pode	
adotar	 o	 tratamento	 expectante,	 já	 que	 em	
cerca	 de	 70%	 dos	 casos	 com	 IG	 de	 até	 8	
semanas,	 há	 uma	 evolução	 espontânea;	
tratamento	clínico,	com	o	uso	de	misoprostol	
vaginal	(quando	o	casal	não	quer	o	tratamento	
expectante	 e	 nem	 o	 cirúrgico)	 e	 tratamento	
cirúrgico	 feito	 pelo	 esvaziamento	 uterino	
(AMIU	 e	 curetagem).	 Já	 no	 abortamento	
tardio,	quando	o	ovo	está	muito	desenvolvido	
e	 a	 cavidade	 uterina	 volumosa	 com	 paredes	
finas	 e	 moles,	 tornando	 o	 esvaziamento	
perigoso,	 adota-se	 uso	 de	 ocitocina	 em	
grandes	doses.	
AMIU	=	aspiração	manual	intrauterina.	
Além	 das	 condutas	 mencionadas,	 pode	 também	 ser	
adotada	 a	 internação	 com	 antiobioticoprofilaxia,	
correção	 da	 perda	 sanguínea,	 dependendo	 do	 caso.	
Além	disso,	uma	outra	conduta	 seria	a	prevenção	da	
aloimunização,	 mulheres	 Rh	 negativas	 não	
sensibilizadas	 deverão	 receber	 a	 imunoglobulina	 Rh	
(300mg)	 imediatamente	 após	 o	 tratamento	 cirúrgico	
do	 abortamento	 e	 dentro	 de	 72h	 do	 tratamento	
expectante	 ou	 do	 clínico	 (uso	 de	 misoprostol	 ou	
esvaziamento	uterino).		
Algumas	recomendações	são	abstenção	sexual	por	1	a	
2	semanas	após	a	expulsão	completa	do	ovo,	a	fim	de	
evitar	 infeção;	 anticoncepção	 hormonal	 e	 dispositivo	
intrauterino	 (DIU),	 podem	 ser	 utilizados	
imediatamente,	 desde	 que	 não	 haja	 suspeita	 de	
abortamento	séptico.	
ABORTAMENTO COMPLETO 
O	 abortamento	 completo	 é	 aquele	 em	 que	 há	
eliminação	 integral	 do	 ovo,	 sendo	o	 de	mais	 simples	
manejo.	Caraterizado	pela	expulsão	do	concepto	e	de	
seus	 anexos	 fetais,	 não	 havendo	 restos	 placentários,	
além	de	ser	mais	frequente	até	8	semanas	de	gestação.		
O	 quadro	 clínico	 pode	 ser	 caracterizado	 por	 uma	
diminuição	 repentina	 do	 sangramento	 e	 a	 dor	
desaparece.	 A	 evolução	 do	 quadro	 confirma	 o	
diagnóstico.	
1. Exame	físico:	o	útero	se	encontra	endurecido	e	
diminuído	 (perda	 do	 volume	 decorrente	 da	
gravidez).	O	colo	uterino	se	encontra	fechado	
(já	houve	a	expulsão);	
2. Exame	 complementar:	 USG	 apenas	 com	
coágulos,	mostra	o	“útero	vazio”;	
3. Conduta:	 ter	 certeza	 de	 que	 não	 se	 trata	 de	
gestação	ectópica.	
	
AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
												 	
ABORTAMENTO INCOMPLETO 
O	 abortamento	 incompleto	 é	 aquele	 em	 que	 o	
concepto	é	expulso,	porém	permanece	a	placenta	e	os	
restos	placentários.	Esse	tipo	de	abortamento	é	mais	
frequente	após	a	8ª	semana	gestacional,	 sendo	ele	a	
forma	clínica	mais	frequente.	
Seu	 quadro	 é	 caracterizado	 por	 um	 sangramento	
vaginal	intenso	e	incessante	e	pela	presença	de	cólicas	
persistentes,	 as	 quais	 têm	 a	 intenção	 de	 expulsar	 o	
conteúdo	restante.	
1. Exame	físico:	o	útero	encontra-se	endurecido	e	
incompatível	 com	amenorreia,	 fica	menor	do	
que	 o	 esperado	 para	 a	 idade	 gestacional.	 O	
colo	apresenta-se	entreaberto;	
2. Exame	 complementar:	 USG	 com	 ecos	
endometriais	amorfos	e	o	beta	HCG	negativo;	
3. Conduta:	a	mesma	do	abortamento	inevitável,	
sendo	 o	 melhor	 tratamento	 o	 esvaziamento	
cirúrgico	e,	nesse	caso,	a	AMIU	a	vácuo.	
								 	
ABORTAMENTO RETIDO 
O	 abortamento	 retido	 é	 caracterizado	 por	 quando	 o	
feto	morre,	 porém	 continua	 no	 interior	 da	 cavidade	
uterina,	isto	é,	refere-se	à	retenção	do	ovo	morto	por	
dias	ou	semanas.	Nas	retenções	prolongadas	(maiores	
que	4	semanas),	os	distúrbios	de	hemocoagulação	são	
a	complicação	mais	temida.	
O	 quadro	 clínico	 mostra	 sinais	 gravídicos	 em	
regressão,	 tais	 como:	 coração	 inerte,	 diminuição	 da	
AFU,	míngua	a	 circunferência	 abdominal,	 a	 turgência	
mamária	 desaparece.	 Ademais,	 pode	 ou	 não	 haver	
sangramento	vaginal.		
O	diagnóstico	é	confirmado	com	duas	USG	espaçadas	
de	7	a	10	dias.	
1. Exame	físico:	o	útero	involui;	
2. Exame	 complementar:	 USG	 confirma	 o	
diagnóstico.	 A	 USG	 não	 exibe	 BCF	 após	 o	
embrião	ter	atingido	≥	7	mm	ou	o	SG	for	≥	25	
mm	e	embrião	estiver	ausente;	
3. Conduta:	tratamento	expectante,	visto	que	na	
maioria	dos	casos	há	expulsão	em	um	período	
de	 3	 semanas	 que	 se	 seguem	ao	 decesso	 do	
ovo;	 tratamento	 clínico,	 com	 o	 uso	 de	
misoprostol	(200mg	de	12/12h)	e	tratamento	
cirúrgico,	com	a	AMIU	ou	curetagem.	
A	conduta	expectante	pode	ser	um	método	de	não	
escolha	da	paciente,	por	ser	um	processo	exaustivo	
mentalmente,	uma	vez	que	em	alguns	casos	pode	
levar	até	2	semanas	até	a	expulsão	do	concepto	
morto.	
No	 ovo	 anembrionado,	 a	 mulher	 é	 assintomática.	
Considera-se	 ovo	 anembrionado	 o	 tipo	 de	
abortamento	 retido	 no	 qual	 a	 USG	 não	 identifica	 o	
embrião,	 estando	 o	 saco	 gestacional	 (SG)	 ≥	 7mm	ou	
quando	o	SG	for	≥	25mm	e	o	embrião	estiver	ausente.	
ABORTAMENTO INFECTADO 
O	abortamento	infectado	consiste	na	forma	clínica	em	
que	há	uma	tentativa	de	esvaziar	o	útero	para	dar	fim	
à	gestação,	é	gerado	uma	infecção.	Isso	é	feito	através	
de	 técnicas	 inadequadas	 e	 inseguras,	 como	 a	
introdução	 de	 talo	 de	 mamona,	 agulha	 de	 tricô,	
introdução	 de	 sondas	 é	 importante	 o	 profissional	
identificar	a	história	do	episódio	provocador.	
Isto	é,	o	abortamento	infectado	é	a	forma	clínica	mais	
vista	no	abortamento	provocado.	
O	 quadro	 clínico	 se	 caracteriza	 pela	 presença	 de	
sangramento	aguado,	escuro,	tipo	“lavado	de	carne”	
e	com	odor	fétido	e	dor	é	variável.	Além	dos	sintomas	
de	 abortamento	 incompleto,	 detectasse	 sintomas	 de	
infecção,	como	febre	em	torno	de	38ºC	e	bom	estado	
geral.	 Caso	 a	 infecção	 progrida	 para	 casos	 mais	
AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
avançados,	injuriando	o	peritônio	pélvico,	há	elevação	
de	temperatura	para	39ºC,	dor	mais	intensa	e	estado	
geral	 comprometido	 com	 taquicardia,	 grau	 de	
desidratação	e	com	pele	e	mucosa	descoradas.		
Se	a	sepse	se	instala,	a	gravidade	aumenta	e	o	estado	
geral	 é	 fortemente	 deteriorado,	 com	 sinais	 tóxicos	
evidentes,	altas	temperaturas	refratárias	à	medicação,	
calafrios,	 cianose,	 desidratação,	 hipotensão,	
taquicardia,	pulso	filiforme	com	distensão	abdominal	e	
vômitos.	Na	sequência	o	quadro	pode	evoluir	para	uma	
insuficiência	 renal	 aguda	 e	 formação	 de	 abcesso	
intraperitoneal.	
1. Exame	 físico:	 o	 útero	 está	 amolecido	 e	
doloroso	 (reação	 peritoneal).	 O	 colo	 está	
dilatado	e	com	secreção	purulenta;	
2. Exame	 complementar:	 leucocitose	
(>15.000mm3)	e	USG	com	imagem	de	restos;	
3. Conduta:	internação	com	antibioticoprofilaxia,	
fazendo	 uso	 de	 ciprofloxacina	 (400g/	 EV/12h	
em	12h)	e	uso	de	metronizadol	(500g/EV/	8	em	
8h).	É	feito	a	profilaxia	antitetânica,	ocitocina	
venosa	 em	 altas	 doses,	 correçãoda	 volemia	
(sangue),	 prevenção	 da	 aloimunização.	 Em	
relação	 à	 conduta	 cirúrgica,	 pode	 ser	 feita	 a	
AMIU	ou	curetagem,	drenagem	de	abscessos	e	
histerectomia.	
O	 diagnóstico	 é	 facilitado	 pelo	 quadro	 clínico,	 tendo	
auxílio	 do	 leucograma	 infeccioso	 e	 pela	 ecografia	
pélvica,	o	que	evidencia	coleções	purulentas,	as	quais	
podm	se	acumular	no	fundo	de	saco	ou	até	no	restante	
do	abdome.	
Nesse	 tipo	 de	 abortamento,	 a	 infecção	 tem	
predominância	de	bactérias	cocos	gram	negativos	e	de	
uma	 flora	 anaeróbia,	 cocos	 anaeróbios	 (peptococos,	
peptoestreptococos),	 E.	 coli,	bacteroides,	Clostridium	
perfringens.		
A	 classificação	 clínica	 mais	 utilizada	 é	 feita	 em	 três	
formas:	I,	II	e	III.		
1. Endo(mio)metrite;	
2. Pelviperitonite;	
3. Peritonite.	
ENDOMIOMETRITE 
A	endo(mio)metrite	é	quando	a	 infecção	é	 limitada	à	
cavidade	 uterina,	 à	 decídua	 e,	 provavelmente,	 ao	
miométrio.	É	o	tipo	mais	comum,	com	sintomatologia	
semelhante	ao	abortamento	completo	e	incompleto.		
Esses	sintomas	são	a	pequena	elevação	térmica	(38°C),	
estado	 geral	 bom,	 dores	 discretas,	 sem	 sinais	 de	
irritação	peritoneal	e	hemorragia	escassa.	
PELVIPERITONITE 
A	 pelviperitonite	 é	 caracterizado	 pela	 progressão	 da	
infecção,	 devido	 a	 virulência	 do	 microrganismo.	 A	
infecção	 se	 instala	 no	miométrio,	 nos	 paramétrios	 e	
anexos,	comprometendo	o	peritônio	pélvico.	
Em	 relação	à	 sintomatologia,	 a	 temperatura	está	em	
torno	 de	 39°C,	 estado	 geral	 afetado,	 taquicardia,	
desidratação,	paresia	intestinal,	anemia.	As	dores	são	
constantes	e	espontâneas.	
A	defesa	abdominal	está	limitada	ao	hipogástrio	e	não	
se	estende	ao	andar	superior	do	abdome.	
O	exame	pélvico	é	praticamente	 impossível,	tal	a	dor	
despertada.	Feito	muito	delicadamente,	nota-se	útero	
amolecido,	 mobilidade	 reduzida	 e	 paramétrios	
empastados.	O	colo	costuma	estar	entreaberto.	
PERITONITE 
A	peritonite	é	a	forma	extremamente	grave	da	infecção	
generalizada.	As	condições	da	genitália	repetem	as	da	
forma	 anterior.	 Há	 peritonite,	 septicemia	 e	 choque	
séptico,	 decorrentes	 em	 geral	 do	 acometimento	 por	
gram-negativos	(E.	coli),	mas	também	de	bacteroides	e	
Clostridium.	 A	 infecção	 por	 Clostridium	 piora	 o	
prognóstico,	 pela	 liberação	 da	 exotoxina	 que	 pode	
levar	 à	 síndrome	do	 choque	 tóxico	 com	 insuficiência	
generalizada	 dos	 órgãos	 decorrente	 do	 vazamento	
capilar	massivo.	
ABORTAMENTO HABITUAL 
O	 abortamento	 habitual	 ou	 recorrente	 é	 a	 perda	 de	
duas	ou	mais	gestações,	porém	há	autores	antigos	que	
define	como	três	ou	mais	gestações.	
	
AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
TÉCNICAS DE ESVAZIAMENTO 
UTERINO 
O	 esvaziamento	 uterino	 é	 a	 remoção	 do	 conteúdo	
uterino,	 sendo	 um	 procedimento	 indicado	 no	
abortamento	 inevitável,	 incompleto,	 retido	 ou	
infectado,	gestação	anembrionada,	mola	hidatiforme	e	
interrupção	legal	da	gravidez.		
Os	 efeitos	 colaterais	 mais	 comumente	 observados	
após	procedimentos	de	esvaziamento	intrauterino	são:	
1. 	Cólicas	abdominais;	
2. Náuseas	leves	a	moderadas;	
3. Vômitos;	
4. Dor;	
5. Sangramento	semelhante	à	menstruação.		
Outras	 complicações	 ocorrem	 raramente	 e	 incluem	
reação	 vagal	 em	 função	 da	 dor	 e	 do	 medo,	
esvaziamento	 incompleto,	 lesão	 cervical,	 perfuração	
uterina,	 embolia	 gasosa,	 infecção	 pélvica,	 sepse	 e	
hemorragia.	
O	esvaziamento	pode	ser	feito	de	forma	farmacológica	
(misoprostol)	 ou	 mecânica	 (aspiração	 manual	
intrauterina	ou	curetagem).	
FARMACOLÓGICO – MISOPROSTOL 
A	 técnica	 farmacológica	 é	 feita	 como	 uso	 de	
misoprostol,	 o	 qual,	 além	 da	 via	 vaginal	 pode	 ser	
utilizado	pela	via	sublingual,	oral	e	bucal	(na	bochecha).	
No	segundo	trimestre	de	gestação,	o	abortamento	
farmacológico	é	o	método	de	escolha.	
As	vantagens	vista	no	uso	de	tal	medicamento	são:	
1. Custo	acessível;	
2. Ausência	 da	 possibilidade	 de	 perfuração	
uterina	e	formação	sinequial;	
3. Redução	 de	 riscos	 de	 sequelas	 inerentes	 à	
dilatação	do	colo	uterino;	
4. Eliminação	do	risco	anestésico.	
Já	em	relação	às	desvantagens	do	uso	do	misoprostol,	
temos:	
1. Tempo	de	resolução,	uma	vez	que	pode	levar	
até	7	dias;	
2. Efeitos	colaterais	até	a	expulsão	do	conteúdo,	
efeitos	 como	 cólica,	 sangramento,	 náusea,	
calafrios;	
3. Necessidade	 eventual	 de	 complementação	
cirúrgica;	
4. Ansiedade	pela	espera.	
MECÂNICO – ASPIRAÇÃO 
INTRAUTERINA E CURETAGEM 
Os	 dois	métodos	mais	 utilizados	 para	 a	 remoção	 do	
conteúdo	 uterino	 são	 aspiração	 intrauterina	 (manual	
ou	 elétrica)	 e	 curetagem.	 De	 acordo	 com	 a	 OMS,	 a	
AMIU	 é	 o	 método	 preferido	 no	 primeiro	 trimestre,	
sendo	 uma	 estratégia	 para	 reduzir	 morte	 materna.	
Contudo,	no	Brasil,	em	muitos	lugares	não	se	utilizam	
a	AMIU	como	primeira	escolha,	utilizando	a	curetagem.	
• Até	 12ª	 semanas,	 o	 indicado	 é	 dilatação	
seguida	de	aspiração	a	vácuo	ou	de	curetagem,	
sendo	a	aspiração	superior	à	curetagem;	
• Após	 12ª	 semanas,	 o	 ovo	 está	 muito	
desenvolvido	e	a	cavidade	uterina	se	encontra	
volumosa,	 isto	 é,	 suas	 paredes	 estão	 finas	 e	
moles,	tornando	o	esvaziamento	instrumental	
perigoso.	Nesse	caso,	aplica-se	ocitocina.	
A	 ocitocina	 é	 aplicada	 em	 grandes	 doses:	 perfusão	
venosa	 de	 solução	 de	 10	 unidades	 em	 500	 mℓ	 de	
Ringer	com	lactato	ou	misoprostol,	por	via	vaginal,	400	
mg	a	cada	4	h.	Eliminado	o	ovo,	e	se	a	expulsão	não	foi	
completa,	 o	 remanescente	 é	 extraído	 com	 pinça	
adequada.	
Para	a	realização	do	esvaziamento	mecânico,	a	fim	de	
amolecer	 e	 dilatar	 o	 colo	 uterino,	 pode	 ser	 utilizado	
400	µg	de	misoprostol	via	vaginal	algumas	horas	(em	
média	3	horas)	antes	do	esvaziamento	mecânico.	
ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA – 
AMIU 
A	aspiração	manual	intrauterina	(AMIU)	é	uma	opção	
mais	segura	e	tão	efetiva	quanto	a	curetagem	uterina	
durante	o	primeiro	trimestre	da	gestação.		
A	AMIU	tem	as	seguintes	vantagens:	
1. Troca	da	anestesia	geral	por	anestésicos	locais	
ou,	ainda,	por	bloqueio	paracervical;	
2. Encurtamento	da	permanência	hospitalar	pela	
maior	agilidade	no	atendimento;	
3. Precocidade	 da	 alta,	 o	 que	 reduz	 custos	
hospitalares	e	custo	social	para	a	paciente,	que	
muitas	 vezes	 tem	 pressa	 em	 retornar	 a	 sua	
casa;	
A	AMIU	utiliza	um	instrumento	de	fácil	manuseio,	ela	
pode	 ser	 realizada	 tanto	 com	 uma	 bomba	 elétrica	
(aspiração	a	vácuo	elétrica	ou	AVE)	ou	com	um	vácuo	
AMANDA	FARIA	
5º	PERÍODO	
manual	produzido	por	uma	seringa	(AMIU).	Ambos	os	
métodos	apresentam	o	mesmo	nível	de	sucção,	sendo	
equivalentes	na	eficácia	e	segurança.	
Deve-se	 utilizar	 uma	 cânula	 do	 tamanho	 apropriado	
para	o	tamanho	do	útero	e	dilatação	cervical.	
	
CURETAGEM 
A	 indicação	 da	 curetagem	 uterina	 encontra-se	 nos	
casos	de	abortamento	incompletos	do	2º	trimestre.	Já	
nas	gestações	com	feto	 intrauterino	após	1	semanas,	
deve-se	 promover	 a	 indução	 farmacológica	 com	
misoprostol	 e,	 após	 a	 expulsão	 fetal,	 faz-se	 a	
curetagem	uterina.	
	
A	curetagem	é	um	procedimento	em	que	se	realiza	a	
dilatação	da	cérvix	por	meio	das	velas	de	Hegar	e,	em	
seguida,	há	o	uso	de	curetas	metálicas	para	raspar	as	
paredes	do	útero.	Essa	técnica	é	passível	de	provocar	
perfuração	do	útero,	pois	se	utiliza	um	material	rígido	
(aço).	
A	curetagem	não	deve	ser	utilizada	no	primeiro	
trimestre,	a	nãos	ser	que	a	AMIU	não	possa	ser	
utilizada.	
A	 dilatação	 da	 cérvice	 pode	 ser	 feita	 também	 pelo	
misoprostol,	ao	invés	das	velas	de	Hegar.

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