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18 - Oclusao Arterial Aguda (OAA)


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Oclusão Arterial Aguda (OAA) 
Definição 
- OAA é a oclusão súbita de uma artéria, levando a um desequilíbrio do território por 
ela irrigado, resultando em isquemia.
- A gravidade da isquemia depende do fator etiológico (embólica ou trombótica)
Classificação 
- OAA Embólica: 
• O trombo se origina a distância do local da oclusão
• Não há lesão na parede da artéria 
• O fator primário está à distância (êmbolo) 
• A isquemia embólica é muito mais grave do que a trombótica, pela inexistência de 
circulação colateral
- OAA Trombótica: 
• O trombo se origina no local da oclusão
• Há lesão da parede da artéria no local da oclusão
• O fator primário está na parede
Etiologia das OAA Embólicas 
- Causa cardíaca:
• 90-95% dos casos de OAA, sendo que 70% destas são por fibrilação atrial
• Outras causas cardíacas são IAM, vegetações valvulares (endocardite), mixoma 
atrial (tumor), ICC (coração aumentado de volume, sem forças, gerando estase), 
doença de Chagas (leva a IC), próteses valvares, entre outras.
- Causa arterial:
• São proximais ao local obstruído
• Aneurisma, placas ateromatosas, placa ulcerada, entre outras.
- Causa venosa:
• Mais raras
• Embolia paradoxal, trombose das veias pulmonares, entre outras 
Etiologia das OAA Trombóticas 
- Causas por doenças degenerativas:
• Mais comum
• A doença degenerativa mais comum é a aterosclerose, mas pode ocorrer por 
aneurismas (causada mais comumente pela aterosclerose), dissecção arterial e 
outras
• Pode ser causada também por doenças inflamatórias, como arterites 
(tromboangeíte obliterante)
- Causas mecânicas:
• Frequentes pela quantidade de procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos 
(arteriografias)
- Causas hematológicas:
• Policitemia vera e trombocitose 
- Miscelâneas:
• Neoplasias, infecções e ergotismo (envenenamento pela ergotina)
Localização das OAA Embólicas 
- Geralmente em bifurcações
- Membros inferiores: bifurcação aorto-ilíaca, artéria femoral, artéria poplítea
- Membros superiores: bifurcação da artéria braquial
Localização das OAA Trombóticas 
- Membros inferiores: aorta terminal, ilíacas, femoro-poplitea (conduto de Hunter)
- Membros superiores: subclávia e bifurcação carótidea
Fisiopatologia 
- Fatores que influenciam na evolução das oclusões arteriais agudas: 
• local da oclusão (quanto mais periférica, menor a circulação colateral)
• circulação colateral (nas embólicas não desenvolve)
• espasmo arterial
• extensão da trombose
- Resistência dos tecidos a isquemia:
• Nervos: 
• Primeiro a sofrer (imediatamente após a oclusão o indivíduo relata parestesia) 
• 30 minutos depois tem alteração de sensibilidade
• 2 horas depois tem lesão irreversível (se não chegar nada de sangue)
• Músculos: 
• 30 minutos a 2 horas depois tem perda de função motora
• Após 2 horas temos alteração histológica
• Após 6 horas tem degeneração da fibra muscular
• Após 24 horas tem necrose
• Vasos: 
• Após 6 horas tem lesão endotelial 
• Após 24 horas tem lesão muscular irreversível
• Pele, ossos e cartilagem: 
• Últimos elementos a sofrerem
Quadro Clínico 
- OAA Embólica:
• Indivíduo jovem, sem história de claudicação intermitente
• Quadro agudo de dor ao repouso e/ou sintomas neurológicos intensos (parestesia, 
anestesia), frialdade, palidez/cianose, diminuição ou perda de motricidade, ausência 
de pulsos, lesão trófica reversível ou irreversível
- OAA Trombótica:
• Indivíduo mais idoso, com claudicação intermitente.
• Quadro agudo de dor ao repouso e sintomas neurológicos (mais fracos pela 
circulação colateral - parestesia), frialdade, palidez/cianose, diminuição ou perda da 
motricidade, ausência de pulsos, lesão tróficas geralmente reversíveis
Diagnóstico 
- É principalmente clínico 
- Exames complementares auxiliares:
• Não invasivos —> Doppler e Ecocardiograma (verifica se o coração está gerando o 
êmbolo — fibrilação atrial, arritmia, trombos nas câmaras cardíacas)
• Invasivos —> Arteriografia (utilizada apenas para fins terapêuticos)
• Semi-Invasivos —> angioressonância (não usado na emergência) e 
angiotomografia
Diagnóstico Diferencial 
- O principal é diferenciar se é embólica ou trombótica 
- Outros diagnósticos diferenciais são: Embolia arterial, trombose arterial, dissecção de 
aorta e arterioespasmo.
Tratamento 
- Generalidades:
• Deve-se evitar:

• Protelar a cirurgia se estiver 
indicada
• Retardar o início do tratamento 
clínico
• Elevação das extremidades
• Aplicação de calor local
• Pressões sobre os tecidos 
(massagem) - o sangue acidótico 
que estava na estase vai para a 
circulação sistêmica 

- Medidas Gerais: 
• Remoção para o hospital
• Colocar a extremidade em declive 
• Iniciar o tratamento clínico o mais precoce possível 
- Tratamento Clínico:
• Envolver a extremidade com algodão ortopédico —> diminui a frialdade
• Analgésicos (dolantina) —> a dor piora a vasoconstrição
• Anticoagulante (heparina EV) —> impede a formação do trombo secundário
• Soro vasodilatador (cloridrato de papaverina)
- Tratamento Cirúrgico das OAA Embólicas:
• Embolectomia:
• Retirada do êmbolo de dentro da artéria e tratar a fonte emboligênica 
(anticoagulante)
• Feito com cateter de Fogarty
• Tem um bom prognóstico se feita até 12 horas de oclusão
• Nos indivíduos com oclusões tardias (mais de 12 horas) o prognóstico imediato é 
bom, mas o prognóstico a médio e longo prazo é a nova trombose (isquemia de 
endotélio gerando um novo trombo local)
• Microembolizações distais: 
• Normalmente se opta por tratamento conservador nesses casos (artérias de 
pequeno calibre). 
• Geralmente causa Síndrome do Dedo Azul (palidez ou cianose de pododáctilo 
com pulsos distais presentes)
• Sempre identificar a fonte emboligênica.
• Uso de fibrinolíticos: 
• Manter por 72 horas e depois refazer o exame para ver se recanalizou
• Tem muitos riscos portanto não é o método utilizado de rotina.
- Tratamento Cirúrgico das OAA Trombóticas:
• Opções:
• Tratar o trombo com cateter de Fogarty
• Derivações arteriais (bypass) - preferência pela safena (reversa, in situ)
• Angioplastia transluminal percutânea e/ou stent
• Endarterectomia e arterioplastia (mais comum em carótida que ainda não 
ocluir 100%)
• Simpatectomia:
• Última alternativa
• Indica em OAA trombótica grave, com circulação divergente, em risco de 
amputação
• Essa cirurgia abole o tônus simpático das artérias de pequeno calibre e 
arteríolas (ricas em fibra muscular lisa).
• Amputação 
Complicações Pós-Operatórias 
- Reoclusão arterial: 
• Evolui para necrose
- Síndrome compartimental: 
• Geralmente ocorre em indivíduos com isquemia prolongada (esses indivíduos vão 
vasodilatar tudo o que conseguirem para manter as células vivas) 
• Faz edema, perda de sensibilidade, motricidade e rigidez muscular
• Tratar com fasciotomia.
- Síndrome metabólica mionefrótica: 
• Ocorre em indivíduos com isquemia prolongada atingindo grandes massas 
musculares (aorta)
• Ao reperfundir, o sangue venoso em estase vai para a circulação sistêmica. 
• Caracterizada por hiperpotassemia, hipo ou hipercalemia, aumento de CPK e 
transaminase, acidose metabólica, mioglobinúria e insuficiência renal
• Deve ser feito a prevenção (fazer a cirurgia devagar, anestesista precisa ficar de olho 
na gasometria)
• Quando a complicação está instalada, geralmente evolui para óbito.