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Gestão de Projetos Gerenciamento de Riscos, Aquisições e Sustentabilidade em Projetos Desenvolvimento do material Maxiliano Ribeiro 1ª Edição Copyright © 2020, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Gerenciamento de Riscos, Aquisições e Sustentabilidade em Projetos Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. Gerenciamento de Riscos, Aquisições em Projetos ........................... 5 2. Gestão das Aquisições e Sustentabilidade do Projeto .................... 10 2.1 Sustentabilidade em Projetos ........................................................... 12 3. Gerenciamento do Portfólio do Projeto .............................................. 14 Referências: ......................................................................................................... 17 Gestão de Projetos 2 Para Início de Conversa... Neste capítulo, abordaremos os aspectos que remetem à eficiência de um projeto, ou seja, à realização de suas atividades tendo em vista a diminuição de riscos, a potencialização de aquisições e a sustentabilidade do projeto. Os riscos são situações adversas que podem impactar a realização do projeto, tais como perdas financeiras, catástrofes, má utilização de recursos, perda de prazos, entre outros. Todos esses fatores, caso ocorram, interferem de alguma forma nos resultados finais do projeto. Assim, cabe à gestão de riscos buscar minimizar possíveis prejuízos ao projeto. Por outro lado, as aquisições constituem a área de gestão de projetos que tem como propósito garantir que tudo o que for necessário, isto é, os recursos para realizar o projeto, seja disponibilizado em conformidade com o momento de sua utilização, com o orçamento estipulado e a qualidade necessária para atender às especificações do projeto. Todo projeto requer atenção especial com a sustentabilidade. De acordo com Rabechini Jr. (2012, p.299), as questões relativas à gestão da sustentabilidade em projetos concatenam a preocupação com requisitos ambientais, os quais não dizem respeito somente aos aspectos econômicos, mas também financeiros, legais, ambientais e sociais. Dessa forma, conheceremos conceitos que prenunciam a realização de um projeto para que ele possa sofrer pouco impacto com os riscos inerentes à sua realização, as aquisições sejam precisas e bem-sucedidas e, por fim, o projeto seja realizado tendo em vista não só seu objetivo, mas também as preocupações com aspectos ambientais e sociais. Objetivos ▪ Organizar e planejar os recursos humanos e materiais para a redução, ao mínimo possível, dos impactos dos riscos do projeto para a organização. ▪ Aprender a reduzir os recursos materiais, pois a sustentabilidade minimiza o desperdício. Gestão de Projetos 3 1. Gerenciamento de Riscos, Aquisições em Projetos Todo projeto envolve um certo grau de incerteza, pois por si só é um evento incerto. De uma forma ou de outra, essa incerteza pode afetar os resultados do projeto, portanto é necessário buscar formas para minimizar sua ocorrência e possíveis impactos em seu resultado. Assim, os riscos em projetos podem ser entendidos como um “evento incerto que, se ocorrer, pode comprometer a realização do projeto” (GIDO et al., 2018, p.246). Figura 1: Exemplo de risco em projetos. Fonte: Dreamstime. Já a gestão de riscos “envolve a identificação, avaliação e respostas a riscos, a fim de minimizar a probabilidade de sua ocorrência e/ou potencializar impacto de eventos adversos sobre a realização do objetivo do projeto” (GIDO et al., 2018, p.246). Assim, conforme o PMI (2017, p.397), é válido considerar que todo projeto possui riscos, pois são empreendimentos únicos, com uma grande variedade de complexidades, mas que visam proporcionar benefícios. Indivíduos ou organizações que optam por realizar um projeto devem ter como certo a ocorrência de algum tipo de risco, sendo de maneira controlada ou intencional, que visa gerar algum tipo de valor. Entretanto, é necessário equilibrar os riscos e as recompensas da realização do projeto. “Riscos têm potencial para desviar o projeto do plano e impedir que alcance os objetivos definidos do projeto” (PMI, 2017, p.397). Segundo o PMI (2017, p.397), os riscos em projetos podem ser segmentados em dois níveis: 1. Risco individual do projeto: é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto. 2. Risco geral do projeto: é o efeito da incerteza do projeto no seu todo, Gestão de Projetos 4 decorrente de todas as fontes de incerteza, incluindo riscos individuais, representando a exposição das partes interessadas às implicações de variações no resultado do projeto, sejam elas positivas ou negativas. Os riscos individuais do projeto podem ter impactos positivos ou negativos nos objetivos do projeto, se ocorrerem. O Gerenciamento dos Riscos do Projeto objetiva explorar ou aumentar os riscos positivos (oportunidades) e, ao mesmo tempo, evitar ou reduzir os riscos negativos (ameaças). Ameaças não administradas podem resultar em questões ou problemas como atrasos, estouros de orçamento, desempenho insuficiente ou perda de reputação. As oportunidades aproveitadas podem trazer benefícios como redução de tempo e custo, melhor desempenho ou reputação. O risco geral do projeto também pode ser negativo ou positivo. O gerenciamento do risco geral do projeto visa manter a exposição aos riscos do projeto dentro de uma faixa aceitável, reduzindo as fontes de variação negativa, promovendo as fontes de variação positiva e maximizando a probabilidade de alcançar os objetivos gerais do projeto (PMI, 2017, p.397). O PMI (2017, p.395) atua na gestão de riscos do projeto por meio de processos de condução de planejamento, identificação, análise do planejamento de respostas, da implementação de respostas aos riscos e monitoramento dos riscos de um projeto. Dessa forma, para colocar em prática, o PMI (2017, p.395) aponta sete processos: 1. Planejar a gestão de riscos: diz respeito às definições de como conduzir as atividades de gestão de riscos de um projeto. 2. Identificar os riscos: é o processo que identifica, documenta e aponta as características dos riscos individuais do projeto, assim como das fontes que podem gerar riscos. 3. Realizar a análise qualitativa dos riscos: o processo de priorização de riscos individuais do projeto para análise ou ação posterior, por meio da avaliação de sua probabilidade de ocorrência e impacto, assim como outras características. 4. Realizar a análise quantitativa dos riscos: processo de analisar numericamente o efeito combinado dos riscos individuais identificados no projeto e outras fontes de incerteza nos objetivos gerais do projeto. 5. Planejar respostas aos riscos: apresentar alternativas, selecionar estratégias e implementar ações para minimizar a exposição geral de riscos, e também tratar dos riscos individuais do projeto. 6. Implementar respostas a riscos: processo de implementar planos acordados de respostas aos riscos. 7. Monitorar riscos: constitui o processo de monitorar a implementação Gestão de Projetos 5 de planos acordados de respostas aos riscos, acompanhar riscos identificados, identificar e analisar novos riscos, e avaliar a eficácia do processo de risco ao longo do projeto. Figura 2: Exemplo de situação de gestão de riscos de projeto: uma escalada em uma montanha nevada. Fonte: Dreamstime. A gestão de riscos em projetos envolve um elevado grau de planejamento, pois trata de eventos incertos que podem afetar o projeto. Dessa forma, é necessário atuar proativamente para o caso de situaçõesnegativas ocorrerem, buscando minimizar seus impactos nos objetivos do projeto. Gido et al. (2018, p.247) propõem que o planejamento dos riscos envolve: identificar os riscos e seu potencial de impacto; avaliar a probabilidade de ocorrência e o grau de impacto; planejar as respostas aos riscos; e monitorar os riscos. Identificar os riscos e seu potencial de impacto determina quais riscos podem ocorrer e afetar adversamente o objetivo do projeto, caso ocorram. Para cada risco identificado, seu impacto potencial deve ser previsto, como despesas adicionais e não cumprimento do cronograma e dos critérios de aceitação do cliente (GIDO et al. 2018, p.249). Como exemplos de riscos em projetos, podemos citar: ▪ Não cumprimento dos requisitos de desempenho do cliente. ▪ Inovações tecnológicas não previstas, com alto custo associado. ▪ Falta de profissionais com conhecimentos específicos para atuar em atividades do projeto. ▪ Recursos indisponíveis ou com baixa qualidade. ▪ Custos excessivos ou elevados, além daqueles previstos no orçamento do projeto. ▪ Atrasos no cronograma. Avaliação dos riscos envolve determinar qual a sua probabilidade de ocorrência, assim como o grau de impacto ou efeito que tais riscos trarão ao projeto (GIDO et al., 2018, p.249). Para cada probabilidade de Gestão de Projetos 6 ocorrência de risco ou fator, pode ser aferida uma classificação de nível baixo, médio ou alto, dependendo da natureza dos riscos e seu efeito no projeto como um todo. Tendo como base a probabilidade de o risco acontecer, o gerente do projeto poderá estabelecer uma lista de priorização e atuar prontamente para o caso de ocorrência do evento adverso (risco). Por exemplo, aos riscos com elevada probabilidade de ocorrência e alto grau de impacto deve-se atribuir maior prioridade e maior consideração do que aos riscos que têm baixa probabilidade de ocorrência e baixo grau de impacto” (GIDO et al., 2018, p.249). Planejar respostas aos riscos define um conjunto de ações para prevenir ou reduzir a probabilidade de ocorrência ou o impacto de um risco, o qual deverá ser implementado caso o evento adverso ocorra. Dessa forma, esse planejamento envolve o desenvolvimento de um plano de ação para reduzir a sua probabilidade de ocorrência e o impacto potencial de cada risco. Um plano de resposta aos riscos pode evitar, mitigar ou aceitar os riscos (GIDO et al., 2018, p.247). Evitar significa eliminar o risco pela escolha de uma ação diferente daquela em que certamente o risco ocorrerá. Mitigar o risco envolve tomar medidas para reduzir a probabilidade de que o evento de risco ocorra ou minimizar o possível impacto. Aceitar um risco significa lidar com ele, se e quando ocorrer, em vez de tomar medidas para evitar ou reduzir o impacto (GIDO et al., 2018, p.250). Monitorar riscos envolve estar atento com relação a eventos adversos que podem afetar o projeto e, quando necessário, colocar em prática o plano de ação. Colocar em prática o plano de respostas aos riscos certamente irá requerer maiores gastos com recursos financeiros ou maiores prazos para a realização de atividades. Dessa forma, todos esses elementos devem estar previstos no plano de riscos do projeto. Uma das formas de realizar a gestão de riscos de projeto é adotar uma matriz de gestão de riscos, conforme o exemplo apresentado a seguir: Gestão de Projetos 7 MATRIZ DE GESTÃO DE RISCOS Risco Impacto Probabilidade de ocorrência (B, M, A) Grau de impacto (B, M, A) Responsável Plano de respostas Falta de cooperação e compromisso dos usuários Registros incorretos de vendas no sistema de relatórios Médio Alto João Ter materiais de treinamento adicional para descrever como usar o sistema Teste revela problemas de design Reelaboração do design e desenvolvimento Médio Alto José Buscar falhas de projeto durante tarefa de avaliação Elevado número de consultas Design do sistema não concluído a tempo Baixo Alto Maria Ter designado pessoal para trabalhar mais tempo nas tarefas; pessoal com experiência técnica Software personalizado tem problemas de integração Sistema não funciona e não há informações registradas Baixo Alto Patrícia Desenvolver um sistema compatível com a programação, possivelmente com tecnologia mais acessível Mudança na composição da equipe do projeto Falta de habilidade e conhecimento adequados para realizar as tarefas Baixo Médio João Atribuir outro membro da equipe do projeto para aprender a tarefa durante o período de aviso Quadro 1: Matriz de gestão de riscos. Fonte: Adaptado de Gido et al. (2018, p.254). Alguns pontos merecem ser destacados como fatores de sucesso para a gestão de riscos do projeto, conforme afirmam Gido et al. (2018, p.254). Se possível, os riscos e seus potenciais impactos devem ser identificados antes do início do projeto. O desenvolvimento do plano de riscos deve envolver toda a equipe do projeto. Assim, será possível às partes interessadas, como clientes e gerentes, atribuir maior prioridade aos riscos que têm maior probabilidade de ocorrência e elevado impacto no projeto. Gestão de Projetos 8 2. Gestão das Aquisições e Sustentabilidade do Projeto A gestão das aquisições em projetos é a área de conhecimento que tem a responsabilidade de adquirir produtos e serviços necessários para a realização do projeto. Dessa forma, o plano de gestão de aquisições em projetos “descreve como uma equipe de projetos irá adquirir bens e serviços de fora da organização executora. Ele descreve como todos os aspectos de uma aquisição serão gerenciados” (STACKPOLE, 2013, p.122). Assim, a área de gestão das aquisições em projetos reúne uma série de processos que apoiam o gerente de projetos e equipe na aquisição dos insumos necessários para realizar as atividades do projeto. De acordo com o PMI (2017, p.459), o gerenciamento das aquisições inclui a gestão e controle, essenciais para “desenvolver e administrar acordos como contratos, pedidos de compra, memorandos de entendimento ou acordos de nível de serviço internos”. Também indica e autoriza as pessoas que irão adquirir bens ou serviços necessários para o projeto, os quais podem ser membros efetivos do projeto, gerente ou equipe e pessoas vinculadas a outras áreas da organização (PMI, 2017, p.459). O PMI (2017, p.459) indica três macroprocessos de gestão de aquisições: ▪ Planejar a gestão das aquisições: sendo esse o processo de documentação das decisões de compras do projeto, o qual especifica a abordagem e a identificação de fornecedores em potencial. ▪ Conduzir as aquisições: referente à obtenção de respostas de fornecedores, seleção de um fornecedor e adjudicação de contrato. ▪ Controlar as aquisições: processo de gerenciar relacionamentos de aquisições, monitorar o desempenho do contrato, fazer as alterações e correções conforme apropriado e encerrar contratos. Figura 3: Exemplo de gestão das aquisições em projetos: a construção de uma ponte. Fonte: Dreamstime. Gestão de Projetos 9 Para controlar as aquisições de um projeto, é necessário desenvolver e estabelecer um plano de aquisições, o qual tipicamente comporta as seguintes informações, conforme Stackpole (2013, p.122): ▪ Tipo de contrato. ▪ Papéis, responsabilidades e autoridade sobre aquisições. ▪ Documentos-padrão de aquisições. ▪ Requisitos de títulos e seguros. ▪ Declaração de requisitos de trabalho. ▪ Lista de vendedores ou compradores pré-qualificados. ▪ Critérios de seleção. ▪ Métricas de desempenho dos contratos. Diferentemente das outras áreas de gestão de projetos, a gestão de aquisições compreende obrigações legais e, eventualmente, penalidades significativas vinculadas aos contratos e nas relações entre as partes. A gestão de aquisições em projetos envolve acordos que descrevem o relacionamento entre as partes, comprador e fornecedor. Os acordos podem ser muito simples, como a comprade uma quantidade definida de horas de mão de obra a uma taxa de mão de obra específica, ou muito complexos, como contratos internacionais de construção com vigência de vários anos. A abordagem de contratação e o contrato em si devem refletir a simplicidade ou a complexidade das entregas ou o esforço necessário e devem estar redigidos de forma que cumpram as leis locais, nacionais e internacionais referentes a contratos (PMI, 2017, p.460). A gestão de aquisições em projetos, conforme atestam Cleland e Ireland (2007, p.185), envolve contratos e, por isso, aspectos legais devem ser considerados, com leis, protocolos e convenções que podem condicionar a realização das atividades do projeto, assim como a autoridade do gerente de projetos e sua gestão. Dessa forma, é vital a prudência relacionada com os contratos estabelecidos no projeto, para que não ocorram atrasos imprevistos, assim como a adição de custos no projeto. Assim, Cleland e Ireland (2007, p.185), chamam a atenção para alguns pontos específicos relacionados com o projeto e que requerem um cuidado especial: ▪ Acordos contratuais com clientes e vendedores. ▪ Iniciativas de autorização de trabalho interno que estipulam a delegação de autoridade e transferência de recursos. ▪ Relações com parceiros no projeto. ▪ Acordos de financiamento, especialmente para projetos com financiamentos externos. ▪ Atenção com órgãos reguladores, que podem estar em esferas municipais, estaduais ou, ainda, em âmbito federal. Gestão de Projetos 10 ▪ Contratos com seguradoras, que podem oferecer redução de riscos para o projeto, especialmente riscos financeiros. ▪ Acordos de licenciamento, que podem envolver o uso de tecnologias patenteadas ou outros direitos de propriedade. Para organizações menores, startups e empresas sem um departamento de compras, contratações ou aquisições, o gerente do projeto pode assumir o papel de autoridade de compras para negociar e assinar contratos diretamente (compras descentralizadas). Para organizações mais maduras, as funções de compras e contratações serão realizadas por um departamento separado, com a atribuição específica de comprar, negociar e assinar contratos – compras centralizadas (PMI, 2017, p.462). 2.1 Sustentabilidade em Projetos Atualmente, a gestão de projetos é marcada pela preocupação com a sustentabilidade, ou seja, leva em conta questões relacionadas com o meio ambiente, assim como a saúde das pessoas envolvidas e sua segurança. De acordo com Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p.299), a sustentabilidade em projetos refere-se à “preocupação gerencial em atender aos requisitos ambientais, levando-se em conta não só os aspectos econômicos e financeiros de um empreendimento, mas também aspectos legais, ambientais e sociais”. A sustentabilidade é decorrente do termo sustentável que, conforme afirmam Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p.301 apud FURTADO, 2005), significa algo capaz de ser suportado, defensável e mantido em um longo prazo. Assim, a sustentabilidade representa um processo contínuo, que a longo prazo mantém-se impedido de ser finalizado. De forma simplificada, o termo sustentabilidade remete à sobrevivência de algo, entretanto, considerando uma visão mais ampla, está situada em uma perspectiva tridimensional, composta das dimensões econômica, social e ambiental. O termo referente a essas três dimensões é o Triple Bottom Line. Figura 4: Sustentabilidade. Fonte: Dreamstime. Gestão de Projetos 11 Do ponto de vista de projetos, Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p.305 apud BUSON et al., 2009) indicam algumas variáveis relacionadas ao Triple Bottom Line, as quais podem ser utilizadas como base para a gestão de projetos e equipe no momento de concepção, planejamento e execução do projeto. Dimensões Variáveis Econômica ▪ Estudos de impacto de custo contínuo para apoiar decisões: curvas de ROI e trade-off de custo x benefício. ▪ Relacionamento com stakeholders e consumidores no processo. ▪ Busca contínua pela excelência e melhor qualidade. ▪ Gestão de projetos ágil com rápida tomada de decisão. ▪ Prioridade da fase de projeto conceitual. Social ▪ Rede de gestão do conhecimento. ▪ Reuniões de consenso no processo de decisão e de reflexão para aprendizado com experiência e erros. ▪ Líder de projetos para ensinar e obter comprometimento e disciplina efetiva. ▪ Valores, princípios e crenças compartilhados pelos integrantes da empresa. ▪ Controle visual do andamento do projeto. Ambiental ▪ Análises de desmontagem (disassembly). ▪ Rastreamento pós-venda (política de logística inversa). ▪ Aplicação e reuso de tecnologias consolidadas. ▪ Redução de consumo de energia e combustíveis no ciclo de vida do projeto e do produto. ▪ Uso de matéria-prima 3Rs (reúso, remanufatura, reciclagem), priorizando recursos naturais abundantes e renováveis. Quadro 2: Variáveis relacionadas ao Triple Bottom Line. Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p.305 apud BUSON et al., 2009). Para as organizações que realizam projetos, a sustentabilidade pode ser ponderada de diversas formas, seja em âmbito estratégico, organizacional, ou, ainda, no desenvolvimento de processos. Dessa forma, conforme destacam Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p.306), diante da realização de projetos sob a perspectiva de gestão de projetos, é necessário estarmos atentos a postos-chave, tais como: criar critérios de sustentabilidade na seleção de projetos; realizar aquisições sustentáveis para o projeto; desenvolver a EAP e matriz de requisitos do projeto que levem em conta aspectos da sustentabilidade; estar atento aos parâmetros e normativas das ISOs que se referem à sustentabilidade; no ambiente da gestão de riscos em projetos, observar questões relacionadas a riscos ambientais, de saúde e segurança; e buscar alternativas de soluções de problemas com forte propósito sustentável – econômico, social e ambiental (CARVALHO; RABECHINI JR., 2011, p.306). Gestão de Projetos 12 3. Gerenciamento do Portfólio do Projeto O gerenciamento de portfólio de projeto vem se tornando cada vez mais importante para as empresas, pois é capaz de gerenciar múltiplos projetos e recursos sob a tutela de uma área especializada na gestão de projetos. A gestão por múltiplos projetos normalmente recai sob a perspectiva econômica, pois visa ao uso mais eficiente de recursos. “O gerenciamento de portfólio é a supervisão centralizada de projetos para que a alocação dos recursos seja dirigida àqueles que contribuam para as metas da empresa” (LARSON; GRAY, 2016, p.497). Um portfólio é definido como projetos, programas, portfólios subsidiários e operações gerenciados de forma coordenada para alcançar objetivos estratégicos. Gerenciamento de portfólio é o gerenciamento centralizado de um ou mais portfólios para alcançar objetivos estratégicos. O gerenciamento de portfólio pretende garantir que o portfólio tenha desempenho compatível com os objetivos da organização e avaliar os componentes do portfólio para otimizar a alocação de recursos. Como exemplo, uma estrutura de portfólio indica os relacionamentos dos componentes, recursos compartilhados e partes interessadas. Todos os componentes do portfólio podem ser agrupados, visando facilitar a eficácia de governança, gestão das atividades e trabalhos, com o objetivo de alcançar as estratégias organizacionais (PMI, 2017, p.544). A Figura 3, a seguir, apresenta um modelo de estrutura organizacional que considera o gerenciamento de portfólios de projetos. Figura 5: Estratégia organizacional. Fonte: PMI (2017, p.543). Estratégia organizacional Recursos compartilhados e partes interessadas Exemplo de portfólio Programa A Programa B Programa B1 Programa C Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Projeto 4 Projeto 5 Projeto 6 Projeto 7 Projeto 8 Projeto 9 Operações Portfólio A Gestão de Projetos 13 ‘‘ O gerenciamento organizacional de projetos é uma estrutura de execução de estratégia que utiliza gerenciamentode portfólios, programas e projetos. Fornece uma estrutura que habilita as organizações a realizar a estratégia organizacional de forma consistente e previsível, produzindo melhor desempenho, melhores resultados e uma vantagem competitiva sustentável. (PMI, 2017, p.544)’’ Um programa é definido como projetos, programas subsidiários e atividades de programa relacionados, gerenciados de modo coordenado, visando à obtenção de benefícios que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente (PMI, 2017, p.543). Os programas incluem trabalhos relacionados ao programa que estão fora do escopo dos projetos considerados no programa (PMI, 2017, p.543). Gerenciamento de programas é a aplicação de conhecimentos, habilidades e princípios para realizar os objetivos do programa e obter benefícios e controle de outra forma não disponíveis por meio do gerenciamento individual de componentes relacionados ao programa (PMI, 2017, p.543). Segundo Larson e Gray (2016, p.497), o gerenciamento de portfólio de projetos inclui diversas responsabilidades, dentre elas: ▪ Revisar as opções de projetos disponíveis por tipo (novos, operacionais, de conformidade). ▪ Confirmar o estudo de viabilidade e a ligação com a estratégia organizacional. ▪ Selecionar, priorizar e equilibrar o risco de todos os projetos organizacionais. ▪ Assegurar a disponibilidade de recursos. ▪ Fixar tempo, custo e requisitos macro para os projetos. ▪ Revisar os resultados dos projetos – stage-gate, revisão das fases do projeto. Diante de uma organização que realiza diversos projetos de pequeno e médio porte, a gestão por portfólio poderá apoiar de diversas maneiras, como centralizando sua gestão em torno de um escritório de gestão de projetos, que poderá otimizar a forma e métodos de gestão de projetos, assim como pelo acompanhamento de valor agregado de cada um dos projetos, comunicação, custos e riscos. Cleland e Ireland (2007, p.97) indicam que as organizações que desejam realizar múltiplos projetos sob a ótica de gerenciamento por portfólio podem obter diversos benefícios, como: ▪ Uso mais eficiente de recursos, quando a gestão centralizada pode efetuar o gerenciamento de vários projetos ao mesmo tempo, designando pessoas e tarefas. ▪ Uso mais eficiente do líder do projeto, gerente do projeto, quando projetos menores que estão sob o seu controle podem ser planejados, gerenciados, executados, controlados e encerrados sem hiatos entre os projetos. Gestão de Projetos 14 ▪ Entrega mais rápida de produtos por meio de esforços dedicados e da priorização de projetos pequenos, dentro do agrupamento de múltiplos projetos. ▪ Comunicação mais eficiente sobre o progresso do projeto, por meio de informações sobre vários projetos ao mesmo tempo, fazendo uso do mesmo tipo de formato. ▪ Melhorias na gestão de projetos por meio de aprendizado contínuo em uma série de projetos pequenos. ▪ Melhora do processo por meio de práticas reiteradas em uma série de projetos pequenos. ▪ Gerenciamento de tempo e dos recursos por meio de um cronograma de projetos únicos que equilibra os recursos com as prioridades. ▪ Flexibilidade no ajustamento ao ritmo do projeto para atender às necessidades de entregas de resultados. Nesse capítulo, vimos que riscos em projetos são adventos incertos que, caso venham a ocorrer, podem causar algum tipo de impacto no projeto. Dessa forma, a gestão de riscos envolve a identificação, avaliação e resposta a riscos do projeto para que seja possível minimizar seus impactos no objetivo do projeto, considerando sua probabilidade de ocorrência. A gestão de riscos é um hábito que deve permear todos os envolvidos, pois assim é possível realizar seu monitoramento constante e executar ações de respostas quando necessário, da forma mais rápida e eficiente possível. Vimos, também, que as aquisições em projetos correspondem à obtenção de produtos ou serviços necessários para realizar atividades do projeto. Podem ser desenvolvidas pelo gerente de projetos, porém, normalmente, está na área de compras das organizações. Principalmente quando se trata da gestão de aquisições, é necessário estar atento às questões contratuais, as quais envolvem legislações e normativas que regem as partes, ou seja, compradores e fornecedores. O conceito de sustentabilidade envolve o Triple Bottom Line, que comporta três dimensões: econômica, social e ambiental. A sustentabilidade em gestão de projetos envolve muitos mais do que elementos relacionados ao meio ambiente em projetos; busca concatenar, além do meio ambiente, a saúde das pessoas e sua segurança. Estudamos, também, que, de acordo com o PMBOK (2017, p.15), portfólio em projetos é definido como projetos, programas, portfólios subsidiários e operações gerenciados de forma coordenada para alcançar objetivos estratégicos. Para as organizações que realizam projetos, o portfólio pode ser uma estratégia que beneficia o uso de recursos, possibilita agilidade no cronograma de tarefas e otimiza seu gerenciamento. Gestão de Projetos 15 Referências: BUSON, M. A. et al. Uma proposta de avaliação de sustentabilidade de projetos na fase de planejamento com base nos princípios lean: um estudo de caso no segmento de eletrônicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS, 3, 2009, São José dos Campos. Anais… São José dos Campos, 2009. CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011. CLELAND, D. I; IRELAND, L. R. Gerenciamento de projetos. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. FURTADO, J. S. Sustentabilidade empresarial: guia de práticas econômicas, ambientais e sociais. Salvador: NEAMA/CRA, 2005. GIDO, J.; CLEMENTS, J.; BAKER, R. Gestão de projetos. 7 ed. São Paulo, SP: Cengage, 2018. LARSON, E. W.; GRAY, C. F. Gerenciamento de projetos: o processo gerencial. 6 ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. (Guia PMBOK). 6 ed. EUA: Project Management Institute, 2017. STACKPOLE, C. Guia de templates para gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Gestão de Projetos 16