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AVALIAÇÃO DA ANESTESIA A monitoração do paciente durante e após a anestesia inclui observação e vigilância, obtenção de dados através de aparelhos, análise e instituição de medidas de correção, com objetivo de propiciar as melhores condições intraoperatórias e detectar anormalidades precocemente para que possam ser instituídas medidas corretivas antes que ocorram lesões sérias e irreversíveis - para isso a ASA estabeleceu padrões para monitoração anestésica básica a fim de integrar parâmetros clínicos (observação, inspeção, ausculta e palpação) e monitoração eletrônica para otimizar a segurança do paciente. LAYANE SILVA uso de um analisador de oxigênio com um alarme para baixa concentração administrada durante a anestesia. avaliação quantitativa da oxigenação do sangue por oximetria de pulso. adequação da ventilação deve ser continuamente verificada por avaliação clínica - com monitoração quantitativa do CO2 e volume do gás expirado. avaliação clínica e detecção de CO2 no gás expirado para assegurar correto posicionamento do tubo após entubação traqueal - é necessário o uso contínuo de um dispositivo capaz de detectar a desconexão dos componentes do sistema de ventilação monitoração eletrocardiográfica contínua (ECG) durante a anestesia, avaliação da PA e FC a cada 5 minutos - na anestesia geral, a adequação da função circulatória é monitorada continuamente por meios eletrônicos, palpação ou ausculta. avaliação contínua da temperatura na sala de operação, utilizado durante os períodos de mudança intencional ou não na temperatura do paciente. NÍVEL 1: anestesista qualificado deve estar sempre presente na sala de operação durante a administração da anestesia, e deve monitorar de forma contínua as condições do paciente e alterar sua conduta de acordo com a resposta do paciente às alterações dinâmicas associadas à anestesia e à cirurgia. NÍVEL 2: avaliação contínua da ventilação, oxigenação, circulação e temperatura durante os procedimentos anestésicos. MONITORAÇÃO DO PACIENTE Capnografia (ETCO2): melhora a monitoração da ventilação e a detecção de entubação esofágica, a diferença normal entre ETCO2 e PaCO2 é 2-5 mmKg, o gradiente entre a ETCO2 e o CO2 arterial reflete a ventilação do espaço morto, que aumenta em casos de diminuição do fluxo pulmonar (embolia pulmonar aérea ou tromboembolismo e diminuição do débito cardíaco) - sua monitoração fornece informações sobre a perfusão pulmonar. e a presença de sibilos pulmonares. Durante a ventilação mecânica, os monitores de pressão de via aérea e ventilação-minuto alertam o anestesiologista sobre condições como desconexão do circuito do ventilador, o posicionamento incorreto do tubo traqueal, obstrução do circuito ventilatório e alterações na resistência das vias aéreas e/ou na complacência que possam prejudicar a ventilação. MONITORES DE ROTINA Oximetria de pulso: saturação de O2 do sangue, frequência cardíaca e perfusão tecidual (via pletismografia) Manguito automatizado de PA Eletrocardiograma: ritmo cardíaco, FC e monitoramento da isquemia do miocárdio Capnografia: adequação da ventilação, colocação intratraqueal de tubo endotraqueal e perfusão pulmonar Analisador de oxigênio: controle da concentração de O2 administrada Monitor da pressão de vias aéreas: desconexão do ventilador durante anestesia geral e controle da pressão das vias aéreas Monitoração da temperatura MONITORES ESPECIALIZADOS Monitoração do débito urinário (cateter de Foley): indicador grosseiro do volume intravascular e perfusão renal Cateter arterial: medição contínua da PA e amostragem de sangue arterial Cateter venoso central: medição da pressão venosa central, administração de drogas de ação central e administração rápida de fluidos e sangue Cateter de artéria pulmonar: medição da PA pulmonar, medição da pressão do ventrículo esquerdo, medição do DC e medição da saturação venosa mista de O2 Doppler pré-cordial: detecção de embolia aérea Ecocardiografia transesofágica: avaliação do desempenho do miocárdio, da função das valvas cardíacas, do volume intravascular e detecção de embolia aérea Doppler esofágico: avaliação do fluxo sanguíneo na aorta descendente e da pré- carga cardíaca Cateter de medição da termodiluição hasprimonas: medição do DC e pré-carga Estetoscópio esofágico e pré-cordial: ausculta da respiração e sons cardíacos Eletroencefalograma, BIS Profundidade da anestesia Monitoração da PA não invasiva: apropriada para a maioria dos casos cirúrgicos e salas de operação mais modernas são equipadas com analisadores oscilométricos automatizados de PA. Monitoração da PA invasiva: as indicações incluem uso intraoperatório de hipotensão induzida, avaliação contínua da PA em pacientes com lesão orgânica grave ou submetidos a procedimentos cirúrgicos de alto risco, antecipação de amplas oscilações pressóricas perioperatórias, necessidade de gasometrias seriadas ou quando os métodos não invasivos são inadequados, como em pacientes portadores de obesidade mórbida. Outras alternativas: Aa. femoral, braquial, axilar, ulnar, pediosa e tibial posterior. Complicações: hematoma, lesão nervosa, embolização arterial, isquemia de membros, infecção e injeção inadvertida de drogas. Necessária durante a administração nos procedimentos anestésicos. Vários locais podem ser usados para canulação arterial, principalmente, a artéria radial que é cateterizada devido à sua localização superficial, relativamente fácil de ser puncionada, e, na maioria dos pacientes, o fluxo colateral adequado da artéria ulnar. MONITORAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL A monitoração eletrocardiográfica é padrão durante a anestesia, fornecendo informações sobre arritmias e isquemia cardíaca, sendo um dos pontos fundamentais dos protocolos de ressuscitação cardiopulmonar. ELETROCARDIOGRAMA A sedação, administração de opióides e indução de anestesia geral ou regional podem deprimir ou abolir a ventilação espontânea, necessitando de suporte ventilatório intraoperatório, através de métodos como: avaliação clínica da expansão torácica, ausculta pulmonar e avaliação de obstrução das vias aéreas superiores ou presença de estridor - estetoscópios precordiais e esofágicos monitoram continuamente o fluxo aéreo MONITORAÇÃO RESPIRATÓRIA A monitoração da FiO2 e oximetria de pulso é padrão durante todas as anestesias gerais, assim, os analisadores de oxigênio que detectam a concentração da oferta de oxigênio (FiO2) - estes, em combinação com dispositivos de segurança, alarmes baixa oferta de oxigênio e monitores da taxa de oxigênio, diminui a chance de oferecer uma mistura gasosa hipóxica durante a anestesia. MONITORAÇÃO DA OXIGENAÇÃO temperatura esofágica é a mais frequentemente medida durante anestesia geral. Outros locais de medida: reto, pele, membrana do tímpano, bexiga, nasofaringe - em pacientes com cateter de artéria pulmonar ou de Swan-Ganz, a artéria pulmonar. A temperatura deve ser monitorada nos pacientes submetidos à anestesia geral, o local de medida depende do procedimento cirúrgico e características físicas dos pacientes - em razão do potencial de morbidade associado à hipertermia e hipotermia, deve-se monitorar a temperatura corporal e instituir medidas para manter a temperatura o mais próximo possível do normal. MONITORAÇÃO DA TEMPERATURA Locais: músculos ulnar e orbicular do olho. Devido à variabilidade da sensibilidade do bloqueio neuromuscular entre os pacientes, é essencial monitorar a função neuromuscular em pacientes que receberam relaxantes musculares intermediários ou de longa ação, assim, avalia-se a atividade muscular após estimulação do nervo proximal, que indica bloqueio do receptor de acetilcolina na junção neuromuscular - o grau de bloqueio neuromuscular é indicado pela resposta evocada diminuída à estimulação elétrica da contração. MONITORAÇÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR perda da quarta resposta indica 75% de receptores bloqueados • Perda da terceira resposta indica 80% de bloqueio; perda da segunda resposta indica bloqueio de 90%; perda da primeira respostaindica 100% de bloqueio; relaxamento clínico requer 75% a 95% de bloqueio. perda da segunda resposta indica 80% de bloqueio receptor. contração sustentada por 5 segundos sugere reversão adequada do bloqueio neuromuscular. TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DE BLOQUEIO NEUROMUSCULAR Taxa de diminuição do TOF (sequência de 4 estímulos ou de cerrilas 200 M segundo ao longo de 2 segundos): diminui progressivamente com o aumento do bloqueio - a presença das 4 contrações sem diminuição sugere reversão adequada do bloqueio neuromuscular. Estimulação em Doble Bust (2 conjuntos sucessivos de cargas de 50 Hz separados por 750 M segundo): é mais fácil de detectar falência visualmente com esta técnica do que com a sequência de 4 estímulos - a presença das contrações sem diminuição sugere reversão adequada do bloqueio neuromuscular. Tetania (50-100 Hz: estimulações sustentadas): duração de contrações sustentadas diminui com aumento do bloqueio. BIS < 40 por mais de 5 minutos durante a anestesia geral pode estar associado a morbidade perioperatória aumentada, incluindo IM e AVC em pacientes de alto risco. A consciência durante a anestesia é uma complicação incomum e desconfortável, assim, utiliza-se a matriz biespectral (BIS) para monitoramento da consciência durante a anestesia, que avalia a onda de atividade cerebral descrita em intervalo de 0 (supressão completa da onda de atividade cerebral) - 100 (despertar completo) correlacionando com o nível de consciência - deve-se monitorar a profundidade da anestesia pode otimizar o tempo de despertar e a alta em centros cirúrgicos ambulatoriais. MONITORAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL deve-se ter um histórico bem dirigido, exame físico orientado e exames laboratoriais. A ASA tem desenvolvido orientações para avaliação pré-anestésica que requerem avaliação das condições clínicas do paciente e que o anestesiologista trace um plano para cuidado anestésico e que possa discuti-lo com o paciente, visto que todos os pacientes recebendo anestesia devem ser submetidos à avaliação pré-anestésica - a fim de facilitar o uso eficiente de recursos da sala de operação. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA LAYANE SILVA exames laboratoriais realizados dentro de 6 meses da operação não precisam ser repetidos, a menos que tenham ocorrido alterações no quadro clínico do paciente. pacientes saudáveis submetidos a procedimentos eletivos podem não precisar de testes laboratoriais pré-operatórios. os testes pré-operatórios devem ser mínimos, porém eficientes, sendo orientados pela história e exame físico. investigação de condições associadas ao aumento da morbidade perioperatória é importante para reduzir os riscos associados à anestesia e à operação, entre elas a avaliação do volume intravascular, anormalidades das vias aéreas, doenças cardiovascular, pulmonar, renal, hepática e desordens da nutrição, endocrinometabólicas e do SNC. realização de testes de gravidez pré-operatórios é controversa, pois há possibilidade de aborto espontâneo e anomalias congênitas associadas a procedimento anestésico-cirúrgicos, mas não há evidência que demonstre associação de drogas anestésicas ao desenvolvimento de anomalias fetais em humanos. histórico claro da vida sexual e a documentação do último ciclo menstrual devem ser obtidos da mulher em idade fértil. pacientes com condições cardiovasculares necessitam de avaliação e tratamento antes de serem submetidos à cirurgia não cardíaca, considerando condições cardíacas como: síndromes coronarianas instáveis, insuficiência cardíaca congestiva descompensada, arritmias significativas e doença valvar grave. deve-se esperar 4-6 semanas após o IM para realizar a cirurgia eletiva após tratamento médico adequado ou revascularização. Fatores de risco no índice revisado de risco cardíaco: histórico de doença cardíaca isquêmica, histórico de insuficiência cardíaca prévia compensada, histórico de doença cerebrovascular, diabetes e insuficiência renal. Preditores secundários: idade avançada (>70 anos), ECG anormal (hipertrofia ventricular esquerda, bloqueio de ramo esquerdo, anormalidades do intervalo ST-T), ritmo não sinusal e hipertensão sistêmica descontrolada. Compreende diretrizes publicadas para a avaliação e tratamento da doença coronariana em pacientes cirúrgicos não cardíacos, que enfocam o histórico do paciente com coronariopatia, tolerância ao exercício e tipo de cirurgia proposta, assim, deve-se realizar (1) uma história detalhada e exame físico são necessários para avaliar a presença de doença cardiovascular subjacente, e (2) avaliação do estado funcional e a capacidade de executar tarefas diárias comuns - em função do risco de isquemia miocárdica, infarto perioperatório e morte cardíaca. mesmo em anestesia regional, a anestesia geral pode ser preciso e a necessidade urgente de se manter uma via aérea pérvia pode ser real. observar o paciente em vistas frontal e perfil a fim de evidenciar anormalidades das vias aéreas como retrognatismo. outros aspectos físicos indicativos do manuseio fácil de vias aéreas são a abertura da boca adequada, extensão do pescoço e distância tireomentoniana - a presença combinada de > 2 aspectos físicos que predizem a via aérea difícil melhora a sensibilidade e especificidade. A avaliação das vias aéreas é essencial para elaboração da estratégia em anestesia a fim de identificar características que possam dificultar a ventilação sob máscara ou entubação traqueal, como histórico de doenças ou condições associadas à estenose de vias aéreas ou laringoscopia difícil, além disso, deve-se realizar revisão de relatos anestésicos prévios que fornece informações relativas ao manuseio anterior das vias aéreas, inspeção sistemática da abertura da boca, distância tireomentoniana, mobilidade cervical e do tamanho da língua em relação à cavidade oral. CLASSIFICAÇÃO DE MALLAMPATI: gradua o tamanho da língua em relação à cavidade oral, é realizado com o paciente sentado com a cabeça em uma posição neutra, a boca aberta o máximo possível e a língua projetada ao máximo, e o observador vê quais as estruturas orais e faríngeas estão evidentes. EXAME DA VIA AÉREA Classe I: identificação do palato mole, fauces, úvula, pilares anterior e posterior, é fácil de ventilar sob máscara ou entubar. Classe II: identificação do palato mole, fauces e úvula. Classe III: identificação do palato mole e da base da úvula. Classe IV: pacientes com palato duro visível e o palato mole não é visível, provavelmente terão dificuldades de entubar ou ventilar. FATORES IMPORTANTES AO REALIZAR UM EXAME DE VIAS AÉREAS Histórico do paciente: histórico anestésico prévio, histórico médico (Ex.: histórico de massa orofaríngea, doença faríngea), e revisão do prontuário para avaliação prévia da via aérea durante a anestesia anterior Exame físico: abertura da boca (deve ser de 6-8 cm [3-4 dedos], mobilidade da coluna cervical, classificação de Mallampati, distância tireomentoniana (deve ser de 6-8 cm [3-4 dedos], vistas frontal e de perfil, avaliação de anormalidades de vias aéreas associadas a doenças coexistentes, e presença de pelos faciais DOENÇAS CARDIOVASCULARES Estado funcional: confiável e usado para previsão no perioperatório de eventos cardíacos e a longo prazo, pode ser estimado pela capacidade de realizar as atividades da vida diária, sendo expressa em METs ou equivalentes metabólicos - o consumo de oxigênio basal ou em repouso de um homem de 70 kg, 40 anos em estado de repouso é 3,5 mL/kg/mim ou 1 MET. Assim, a capacidade funcional tem sido classificada como excelente (>10 METs), boa (7 a 10 METs), moderada (4 a 6 METs), ruim (<4 METs), ou desconhecida, assim, determina como uma atividade é influenciada pela predisposição genética e condicionamento físico. ETAPA 1: urgência da cirurgia não cardíaca deve ser considerada. - Em muitos casos, os fatores cirúrgicos específicos do paciente determinam uma estratégia óbvia que pode não permitir a avaliação cardiológica adicional ou tratamento, nesses casos, um médico consultor pode fornecer recomendações para vigilânciae tratamento clínico perioperatório. - A estratificação de risco pós-operatório costuma ser adequada para pacientes com risco elevado para eventos coronarianos a longo prazo que nunca apresentaram uma avaliação previamente, que é iniciado após o paciente recuperar-se do estresse cirúrgico. ETAPA 2: o paciente tem uma condição cardíaca ativa? Se não, vá para a etapa 3. - Em pacientes considerados para cirurgia não cardíaca eletiva, a presença de doença coronariana instável, IC descompensada ou arritmia grave ou doença cardíaca valvular leva a cancelamento ou adiamento da cirurgia até seu esclarecimento e tratamento. - Exemplos de síndromes coronarianas instáveis incluem IM prévio com evidência de risco isquêmico importante pelos sintomas clínicos ou estudos não invasivos, angina instável ou severa e IC recente ou mal controlada mediada por isquemia. - Muitos pacientes nessas circunstâncias são encaminhados para angiografia coronariana para avaliar opções terapêuticas - dependendo dos resultados do teste ou intervenções e o risco de retardar a cirurgia, pode ser apropriado realizar a cirurgia planejada com terapia médica maximamente otimizada. ETAPA 3: o paciente será submetido à cirurgia de baixo risco? - Muitos procedimentos são associados a uma taxa combinada de morbidade e mortalidade menor que 1%, mesmo em pacientes de alto risco. - A taxa de mortalidade no dia da cirurgia, para a maioria dos procedimentos cirúrgicos ambulatoriais, é realmente inferior à mortalidade no 30° dia, o que sugere que o risco incremental da cirurgia ambulatorial é desprezível ou pode ser protetor. ETAPA 4: O paciente tem uma capacidade funcional de 4 equivalentes metabólicos (METs) ou mais, sem sintomas? - Em pacientes assintomáticos com boa capacidade funcional, o tratamento será raramente alterado com base nos resultados de teste cardiovascular adicional, assim, é apropriado realizar a cirurgia planejada. - Em pacientes com doença cardiovascular conhecida ou com > 1 fator de risco clínico, o controle da FC perioperatória com bloqueio beta pode ser adequado. - Riscos cardíacos perioperatórios e a longo prazo estão aumentados em pacientes incapazes de atingir uma demanda de 4-METs durante a maioria das atividades diárias comuns. LAYANE SILVA ETAPA 5: se o paciente tem a capacidade funcional pobre, é sintomático ou tem a capacidade funcional desconhecida, a presença de fatores de risco clínicos determinará a necessidade de uma avaliação mais aprofundada. Já, se o paciente não apresentar fatores de risco é apropriado realizar a cirurgia planejada e nenhuma mudança no tratamento é indicada. - Paciente com 1-2 fatores de risco clínicos: prosseguir com o procedimento planejado e iniciar o controle da FC com bloqueio beta ou considerar exames se estes vão mudar o tratamento. - Pacientes com > 3 fatores de risco clínicos: o risco cardíaco associado a cirurgia é considerável, assim, o tipo de cirurgia pode identificar um paciente com maior probabilidade de doença cardíaca subjacente e maior morbimortalidade perioperatória. os demais fatores que predispõem as complicações pulmonares perioperatórias estão relacionados com intervenções cirúrgicas e anestésicas (operação com duração > 3 horas, operação de emergência e uso de anestesia geral). Testes de função pulmonar são controversos pois possuem valor preditivo variável. Espirometria pode ser útil em um paciente com tosse inexplicada, dispneia ou intolerância ao exercício, ou se há dúvida em relação à melhora máxima da obstrução ao fluxo aéreo. o grau de estresse cardiocirculatório determina o risco da cirurgia, a depender do procedimento cirúrgico não cardíaco, pode-se apresentar com profundas alterações na FC, PA, volume vascular, dor, sangramento, alterações de coagulação, oxigenação, atividade neuro-humoral e outras perturbações. Hipertensão: distúrbio comum que pode estar associado a um dano orgânico terminal, hipovolemia relativa e, se inadequadamente tratado, à labilidade pressórica intraoperatória, assim, em hipertensos, as avaliações da função cardiovascular, neurológica e renal quantificam a extensão do comprometimento orgânico. PROFILAXIA DE ENDOCARDITE * Alguns pacientes com doença cardíaca congênita ou valvar tem risco aumentado para o desenvolvimento de endocardite infecciosa (EI), observa-se que a chance de desenvolver EI é mais provável de resultar de bacteremias aleatórias causadas por atividades diárias. a profilaxia antibiótica pode ser razoável para procedimentos odontológicos que envolvam manipulação de tecido gengival, região periapical dos dentes ou perfuração da mucosa oral, e procedimentos do trato respiratório ou que manipulam estruturas infectadas da pele ou musculoesqueléticas em pacientes de alto risco. profilaxia antibiótica somente para prevenir EI não é recomendada para procedimentos do trato geniturinário (GU) ou gastrointestinal (GI). CONDIÇÕES CARDÍACAS ASSOCIADAS COM MAIOR RISCO DE RESULTADOS ADVERSOS DE ENDOCARDITE Válvula cardíaca prostética ou material prostético para reparo da válvula cardíaca Endocardite infecciosa prévia Doença cardíaca congênita: (1) doença cardíaca congênita cianótica não reparada, (2) cardiopatia congênita reparada com material protético ou dispositivo, seja implantado por cirurgia ou intervenção percutânea, nos primeiros 6 meses após o procedimento, e (3) cardiopatia congênita reparada com defeitos residuais no local ou adjacente ao local do reparo ou dispositivo protético, que inibem a endotelização Receptores de transplante cardíaco que desenvolvem valvulopatia cardíaca pacientes cirúrgicos frequentemente tem doença pulmonar obstrutiva ou restritiva. Fatores de risco: classificação da ASA superior a II, idade > 60 anos, dependência funcional, presença da DPOC ou ICC, concentração de albumina sérica < 3,5 g/dL, tabagismo ativo, presença de obesidade ou de asma de leve a moderada. A anamnese deve enfatizar estado funcional, tolerância ao exercício, gravidade da doença e medicações em uso - piora recente dos sintomas deve ser cuidadosamente avaliada - e realizar exame físico completo do tórax, assim, os achados na história e exame físico e a compreensão do procedimento cirúrgico planejado, devem orientar quanto a exames pré-operatórios apropriados (Rx do tórax, gasometria arterial e testes de função pulmonar). Pode-se, portanto, detectar e tratar doença pulmonar reversível, otimizar o tratamento clínico e permitir o planejamento de suporte ventilatório pós-operatório. Assim, o risco perioperatório associado à doença pulmonar preexistente é avaliar pela identificação dos fatores de risco relacionados ao paciente, fatores relacionados ao motivo cirúrgico e outros fatores relacionados com a operação (duração, opção por anestesia geral e o uso intraoperatório de pancurônio). DOENÇA PULMONAR FATORES DE RISCO ASSOCIADOS COM COMPLICAÇÕES PULMONARES PRÉ-OPERATÓRIAS IRC (insuficiência renal crônica): apresenta anormalidades acidobásicas, distúrbios eletrolíticos e distúrbios da coagulação, por isso, a diálise deve ser realizada de 18 a 24 horas antes da operação para evitar alterações de fluidos e eletrólitos. Doença hepática crônica: altera o metabolismo das drogas anestésicas, e a hipoalbuminemia aumenta a fração livre de muitas drogas, tornando estes pacientes mais sensíveis aos seus efeitos, tanto de longa e de curta ação. Disfunções hepática e renal alteram o metabolismo e eliminação de agentes anestésicos, assim como afetam funções sistêmicas, por isso pacientes com insuficiência hepática ou renal aguda não devem ser submetidos a procedimentos eletivos até que essas condições possam ser adequadamente estabilizadas. - Anamnese: completa com a etiologia da insuficiência renal e a presença de complicações sistêmicas relacionadas à IRC e a outras doenças sistêmicas, análise do débito urinário diário, o tipo e a frequência da diálise e as complicações relacionadas. - Exame físico: deve identificar complicações sistêmicas da IRC (estado da volemia, coagulopatia, anemia, derrame pericárdicoe encefalopatia). - Análise laboratorial: avaliação da anemia, anormalidades eletrolíticas, coagulopatia e doença cardiovascular. - Avaliação pré-operatória: focar na síntese hepática e função metabólica, presença de coagulopatia, encefalopatia e ascite, e estado nutricional do paciente. DOENÇAS HEPÁTICA E RENAL Diabetes (DM): deve-se avaliar a duração e tipo do diabetes, regime de tratamento em uso, revisão do dano orgânico funcional (disfunção autonômica, doença cardiovascular, insuficiência renal, retinopatia e complicações neurológicas). Substituir a insulina de longa duração por insulina de curta duração. Administrar dose reduzida de insulina na manhã do dia da operação. Uma vez administrada a insulina a um paciente diabético que esteja em dieta oral zero, fornecer glicose junto à hidratação venosa. No paciente diabético tipo 2, as sulfonilureias de longa ação, como clorpropamida, devem ser suspensas e substituídas por agentes de curta ação. Metformina deve ser suspensa devido ao risco de acidose láctica perioperatória. - Em geral, pacientes com diabetes possuam esvaziamento gástrico retardado e apresentam refluxo gastroesofágico. - Níveis perioperatórios de glicose devem estar bem controlados, para isso deve-se: 1. 2. 3. 4. 5. - Os requisitos da insulina perioperatória variam, dependendo do peso corporal, doença hepática, corticoterapia, infecção e se foi realizada cirurgia cardiopulmonar com circulação extracorpórea. - Pacientes que receberam glicocorticoides sistêmicos durante o ano anterior à operação podem não responder adequadamente ao trauma cirúrgico, há risco de insuficiência adrenal durante a anestesia, além disso, os pacientes que receberam glicocorticoides cronicamente em geral necessitam de cobertura perioperatória com glicocorticoides - cuja dosagem é recomendada de acordo com a dosagem pré-operatória de glicocorticoide, duração da terapia e tipo de cirurgia. NUTRIÇÃO, ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO DOSAGEM DE GLICOCORTICOIDES NA COBERTURA PERIOPERATÓRIA Trauma cirúrgico mínimo: 25 mg de hidrocortisona no dia da operação. Estresse cirúrgico moderado: 50 a 75 mg por 1 a 2 dias. Estresse cirúrgico maior: 100 a 150 mg/dia por 2 a 3 dias. Líquidos: tempo de esvaziamento gástrico: 1-2 horas; Sólidos: tempo de esvaziamento gástrico: 6 horas. líquidos translúcidos são aqueles através dos quais podemos enxergar e que não contêm pedaços sólidos ou partículas. devem ser instituídas precauções para diminuir risco de aspiração durante anestesia em pacientes submetidos a procedimentos de emergência. não é recomendado o uso rotineiro de pró-cinéticos gastrointestinais, bloqueadores da secreção ácida, antiácidos e antieméticos. - Aspiração pulmonar de conteúdo gástrico: complicação incomum e grave, que deve ser evitada através das diretrizes de jejum para pacientes agendados para cirurgia e anestesia, nas quais as orientações de jejum absoluto após a meia-noite proíbem qualquer ingestão de líquidos e sólidos. ASA (1998): adotou recomendações que orientam período mínimo de jejum de 2 horas após a ingestão de líquidos e 6 horas para sólidos e líquidos não translúcidos (leite e suco de laranja). JEJUM ANTERIOR À OPERAÇÃO Pacientes com condições clínicas que causam esvaziamento gástrico retardado, assim, podem usar agentes que otimizam o esvaziamento e neutralizam o ácido gástrico. SUMÁRIO DE RECOMENDAÇÕES DE JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO Líquidos claros: 2 horas Leite materno: 4 horas Fórmula infantil: 6 horas Leite não humano: 6 horas Alimentos sólidos: 6 horas LAYANE SILVA < 50% dos pacientes com suspeita de aspiração apresentam lesão pulmonar. 1/3 requerem entubação pós-operatória e ventilação. muitos pacientes são extubados em 6 horas após a operação. 10% dos pacientes requerem entubação e ventilação por 24 horas ou mais. 1/2 dos pacientes que requerem ventilação por 24 horas após a aspiração de conteúdo gástrico evolui para óbito por complicações pulmonares. - Aspiração: incidência de 1,4-11 por 10.000 procedimentos anestésicos, principalmente em operações de emergência e em pacientes com doença subjacente que cause diminuição do esvaziamento gástrico, sendo comum durante o despertar da anestesia e durante a fase de indução. ASA: escala graduada descritiva para categorizar as comorbidades pré-operatórias, que é independente do procedimento cirúrgico e funciona como método de comunicação padronizado entre profissionais de saúde sobre a condição clínica do paciente. ASA I: Ausência de distúrbio orgânico, fisiológico, bioquímico ou psiquiátrico. ASA II: Paciente com doença sistêmica leve que não resulta em limitação funcional. Ex.: HAS bem controlada, DM não complicado. ASA III: Paciente com doença sistêmica grave que resulta em debilidade funcional. Ex.: DM com complicações vasculares, IAM prévio e HAS descontrolada. ASA IV: Paciente com doença sistêmica grave que ameaça a vida. Ex.: ICC, angina pectoris instável. ASA V: Paciente moribundo sem expectativas de sobreviver com ou sem a operação. Ex.: aneurisma aórtico roto, hemorragia intracraniana com pressão elevada. ASA IV: Morte cerebral declarada em um paciente que será submetido à retirada dos órgãos para transplante. E: Uma operação de urgência é necessária. Ex.: ASA IE = paciente sadio que será submetido a uma apendicectomia. AVALIAÇÃO DO ESTADO CLÍNICO laringoscopia direta laboriosa ocorre em 1,5% a 8,5% e a impossibilidade de entubação ocorre em 0,13% a 0,3% dos procedimentos de anestesia geral. A avaliação pré- operatória focaliza o reconhecimento de pacientes que podem ser difíceis de entubar ou ventilar sob máscara, assim, deve-se ter o conhecimento da habilidade com técnicas para estabelecimento de via aérea pérvia (habilidades críticas para prática segura da anestesiologia). Para manuseio de via aérea difícil, impossíveis de realizar entubação e ventilação por laringoscopia convencional, pode-se usar máscara laríngea, Combitube, estilete luminoso, laringoscópio de Bullard e GlideScope, além do auxilio do broncofibroscópio como ferramenta adicional. ABORDAGEM DAS VIAS AÉREAS se o anestesista suspeita que a ventilação sob máscara e a entubação traqueal serão complicadas, recomenda-se que a ventilação espontânea seja preservada. A ASA recomenda que seja realizado o exame inicial da via aérea e o reconhecimento de pacientes com vias aéreas potencialmente difíceis, assim, tem-se que: a abordagem dos pacientes com via aérea dificil inclui entubação acordada ou uso de técnicas anestésicas que preservem a ventilação espontânea. em alguns casos pode estar indicado o estabelecimento prévio de uma via aérea cirúrgica no paciente acordado sob anestesia local. pacientes que se apresentam com via aérea difícil inesperada após a anestesia, pode- se induzir o relaxamento muscular - situação de emergência que deve ser resolvida para evitar hipoxemia, lesão cerebral e morte.
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