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M.B.F., masculino, 66 anos, branco, natural e procedente de Brumado, aposentado, encaminhado da UPA para o HGVC para cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). QUEIXA PRINCIPAL: Dor torácica e falta de ar. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: refere ser hipertenso, dislipidêmico e tabagista, história prévia de infarto há 5 anos em tratamento com IECA. Assintomático até há 1 semana quando apresentou dor retroesternal constritiva, em repouso, irradiada para MSE, acompanhada de sudorese e náusea. Procurou emergência, sendo internado mantido em observação. O ECG mostrava isquemia em parede anterior, não houve elevação de CK-MB e troponina. Recebeu tratamento com nitrato, β-bloqueador, antitrombótico e anticoagulante, ficando assintomático por 48 horas quando voltou a apresentar dor torácica. Fez cinecoronariografia que identificou lesão importante de tronco de coronária E e lesão de 80% na coronária D. Fração de ejeção de VE = 40%. Com base nesses achados foi indicada CRM. HISTÓRIA FAMILIAR: Pai teve infarto aos 50 anos e morte súbita 2 anos após. EXAME FÍSICO: Peso 97 kg, altura 1.65m; PA: 150/90 mmHg, FC:60 bpm, FR:20 mrpm, pulsos reduzidos nos MMII, presença de B4. Ritmo cardíaco regular. Pulmões com MV reduzido difusamente. EXAMES COMPLEMENTARES: colesterol: 280 mg/dL, triglicérides: 320 mg/dL, HDL: 38 mg/dL; glicemia de jejum: 215 mg/dl; creatinina =1.3 mg/dl; ECG : isquemia subepicárdica em parede anterior. RX de tórax : calcificação na aorta ascendente, sinais de DPOC. Evolução hospitalar: paciente fez CRM Com circulação extracorpórea colocando ponte mamária e pontes de safena. No POI ficou em ventilação mecânica por 18 horas. 24 horas após o desmame começou a apresentar escarro purulento abundante e broncoespasmo. RX de tórax mostrou foco de consolidação na base do pulmão D, assim como atelectasias. Gasometria mostrava hipoxemia com retenção de CO2. Nesse momento foi iniciado tratamento com cefepime 2g ev de 12/12 horas e broncodilatadores. Paciente ficou no POI por 5 dias, tendo alta para o andar onde permaneceu por mais 7 dias recebendo alta para casa. . QUESTÃO 01 O exame clínico compreende os métodos realizados por um profissional de saúde ao seu paciente para identificar sinais de uma doença. O exame clínico é dividido em duas fases: a anamnese e o exame físico. Para tanto, o profissional pode desenvolver algu- mas técnicas que, com a intenção de tratar a patologia, aumentam a eficiência do diagnós- tico. Com base no exame físico do caso aci- ma qual a patologia relacionada? Descreva sua fisiopatologia, traçando um paralelo com benefício da intervenção cirúrgica. QUESTÃO 02 O quadro clínico apresentado acima é comumente frente nas clínicas e ambientes hospitalares, cursa com a evolução de patologias de bases que devem ser diagnosticadas e tratadas no início do seu desenvolvimento e quando surgem os primeiros sinais e sintomas. Papel desempenhado por profissionais capacitados e que conheçam os sintomas indicativos do desenvolvimento das patologias. As patologias podem comprometer a cirurgia, bem como a recuperação? Como? QUESTÃO 03 Medicamento é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finali- dade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. A adesão ao tratamento se dá quando o comportamento do paciente coincide com as orientações para controlar ou curar a sua doença. Com base no caso clínico, os medicamentos utilizados neste indivíduo, podem comprome- ter a cirurgia, bem como a recuperação ? Como? QUESTÃO 04 E o Processo de enfermagem é uma ferramenta metodológica utilizada para tornar a assistência de enfermagem sistemá- tica, organizada em fases, com o objetivo de orientar o cuidado profissional de enferma- gem, de promover a qualidade no cuidado prestado. O processo de enfermagem é uma atividade intelectual, que quando realizada de maneira adequada, contribui para o fortaleci- mento da profissão enquanto ciência, pois passamos do cuidado empírico (realizado pelo “achismo” ou intuição), para o cuidado baseado em evidências. Este trabalho intelec- tual é o que norteia o raciocínio clínico e a tomada de decisão diagnóstica, de resultados e de intervenções. Partido do pressuposto que você é o enfermeiro responsável pelo paciente descrito no caso acima, você deve traçar um plano de cuidados para esse paci- ente, pensando na realização do procedimen- to em todas as etapas (pré, trans e pós cirur- gia), levando em consideração a segurança desse paciente. Quais os diagnósticos de enfermagem podem ser traçados? E expli- car a equipe porque você delimitou tais diagnósticos. RESPOSTAS 1- Baseado no exame físico relacionado as seguintes patologias: • Débito cardíaco diminuído relacionado com distúrbios estruturais causados pela Cardiopatia isquêmica evidenciada pela presença de B4 na ausculta, possível falha no VE, presença de dor referida com irradiação para MSE e pulsos reduzidos nos MMII, além do histórico anterior de IAM. • Angina relacionada a diminuição do fluxo sanguíneo, e pelos fatores precipitantes como o excesso de peso e o tabagismo. • Troca de gases prejudicada relacionada com a congestão pulmonar em decorrência da insuficiência miocárdica, e evidenciada na ausculta dos pulmões com MV reduzidos difusamente, associado ao tabagismo, paciente possivelmente irá desenvolver um enfisema. • Obesidade, IMC = 36 O paciente apresenta riscos para IAM, ICC, e Embolia Pulmonar ou Cerebral. A fisiopatologia de todas as miocardiopatias consiste em uma série de eventos que culminam em comprometimento do débito cardíaco. A angina resulta de doença cardíaca aterosclerótica e está associada a obstrução significativa de uma artéria coronária principal. O miocárdio normalmente extrai muito oxigênio da circulação coronariana. Quando há bloqueio em uma artéria coronária, o fluxo não pode ser aumentado para suprir a maior demanda do miocárdio, e a consequente isquemia provoca dor anginosa. A cirurgia de revascularização do miocárdio consiste em criar novos caminhos, “pontes”, para o sangue que irriga o coração. Estas “pontes” são anastomosadas na aorta e nas coronárias adiante da lesão, ultrapassando o ponto obstruído. Assim, levam o sangue e o oxigênio para as regiões que antes estavam prejudicadas 2- Sim, o paciente apresenta alto risco, pelos fatores: HAS, Dislipidemia, Função respiratória comprometida, IAM prévio, além de outros riscos como a idade 66 anos, Obesidade, Doença coronariana, Tabagista, Glicose elevada, Creatinina discretamente elevada, em uso de medicamentos antitrombóticos e anticoagulantes. Em pacientes cardiopatas, o aumento da demanda de oxigênio favorece a ocorrência de arritmias e insuficiência ventricular com edema pulmonar. Porém, os riscos de não realizar a cirurgia tendem a ser muito maiores do que os riscos de realizá-la, deve ser considerado também que a doença coronariana, em muitos casos, está associada ao risco de morte súbita. Pode haver uma recuperação cirúrgica atrasada, associada a ventilação espontânea prejudicada e troca de gases prejudicada. 3- Alguns fármacos não podem ser retirados abruptamente antes das cirurgias pelo risco de efeito rebote, como os Betabloqueadores, esses medicamentos reduzem os efeitos cardiovasculares da descarga simpática da cirurgia, diminuindo o consumo de oxigênio pelo miocárdio e, consequentemente, a chance de isquemia e arritmias. Os possíveis efeitos adversos seriam a bradicardia e a hipotensão, mas são de pequena gravidade e facilmente reversíveis. A preferência sempre se faz para os cardiosseletivos, para diminuir a chance de broncoespasmo na cirurgia.A maior parte das drogas para as doenças respiratórias é mantida durante todo o período pré-operatório, pois diminui a incidência de descompensações pulmonares durante a cirurgia ou a recuperação pós-anestésica. As mudanças bruscas e profundas na medicação usual durante a preparação para a cirurgia devem ser evitadas ao máximo, pois a descompensação da doença de base pode ser muito mais ominosa que a manutenção da medicação usual. O anticoagulante oral deve ser suspenso cinco dias antes, com controle do tempo de protrombina. Enoxiparina e heparina não fracionada: seu uso em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) apresenta mais reoperação por sangramento. Não há diferença quanto à necessidade de transfusão. Deve-se suspender a enoxiparina 12h antes da cirurgia. Drogas trombolíticas Estreptoquinase (SK) É o trombolítico mais utilizado, bioquimicamente simi- lar à tripsina humana, forma complexa estequiométrico na relação 1:1 com o plasminogênio, ativando tanto a forma circulante quanto a ligada à fibrina. A cirurgia deve ser retardada por 12 a 24h, pois, quando esta é realizada com menos de 12h, ocorre mais san- gramento, mais reoperação, mais transfusão e consequentemente maior mortalidade. Em caso de uma cirurgia de emergência, deve ser usado o an- tídoto (SK) que é o ácido aminocapróico. rt-PA: ao contrário da SK, o rt-PA é inativo na ausência de fibrina, porém, quando presente, há aumento de 1.000 vezes em sua capacidade de ativar o plaminogênio. Como a produ- ção plasmina está limitada à superfície do coágulo, a hipocoagulabilidade sistêmica é pequena, permitindo que se realize a cirurgia com menos com- plicações de coagulopatia, entretanto há relatos de casos de AVC em pós- operatório, sobretudo em pacientes acima de 65 anos de idade. 4- Diagnósticos de enfermagem pré- operatório Débito cardíaco diminuído, relacionado a Contratilidade alterada, fração de ejeção di- minuída e alteração no ECG Risco de glicemia instável, evidenciado pelo exame de glicemia: 215mg/dl Risco de síndrome do desequilíbrio metabólico, relacionado aos níveis elevados de glicemia, colesterol e triglicérides Obesidade, evidenciado pelo IMC 36 Pressão arterial alterada, evidenciada pela PA 150/90 mmHg Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz, associado ao débito cardíaco diminuído Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, associada a angina Padrão respiratório ineficaz, associado a dispneia Dor aguda, relacionada a angina Risco de perfusão tissular periférica inefi- caz, relacionado ao débito cardíaco Comportamento de saúde propenso a ris- co, relacionado ao tabagismo Diagnósticos de enfermagem pós-cirurgia Dor aguda, relacionada ao procedimento cirúrgico Ventilação mecânica, relacionada a recuperação POI Ventilação espontânea prejudicada, relacionada a Atelectasia pulmonar Troca de gases prejudicada, evidenciada pela hipóxia com retenção de O2 e broncoespasmos Expectoração produtiva, relacionada a doença respiratória Risco de temperatura corporal alterada, relacionado a cirurgia com circulação extracorpórea Recuperação cirúrgica atrasada, associada a ventilação espontânea prejudicada e troca de gases prejudicada Integridade tissular prejudicada, relacionada ao procedimento cirúrgico com rompimento dos tecidos, e imobilidade Risco de lesão por pressão, devido a imobilidade Risco de Infecção, relacionado ao procedimento invasivo da cirurgia, uso de cateter vesical de demora e drenos.
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