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Resumo completo Halitose

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HALITOSE: Uma revisão de literatura, associada a fatores etiológicos
A halitose é uma condição caracterizada pelo mau hálito. Muitas vezes, com implicações patológicas e sociais. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência da halitose na população adulta, corresponde a cerca de 40%. Devido à sua alta prevalência e impacto social negativo, a halitose foi classificada como o terceiro motivo mais comum para consultas odontológicas, depois de cárie dentária e doença periodontal.
A etiologia da halitose é multifatorial, associada a fatores locais, fatores sistêmicos e fatores fisiológicos. Os fatores locais são provenientes da cavidade oral, com cerca de 75 - 90% dos casos de halitose, conforme a literatura, exemplos deste fator são as cáries, doenças relacionadas ao periodonto, biofilme dentário, próteses e restaurações mal adaptadas, alteração na composição da saliva, processos endodônticos, impactação alimentar, presença de corpo estranho no seio maxilar, distúrbios das glândulas salivares relacionadas a produção de saliva, feridas em cicatrização, ulcerações, fístulas, lesões neoplásicas e saburra lingual. 
Os fatores etiológicos gerais ou sistêmicos envolvem: distúrbios do trato respiratório, desordens gastrointestinais, diabetes mellitus, problemas renais ou hepáticos, prisão de ventre, refluxo gastresofágico, entre outros fatores. 
Já os fatores etiológicos fisiológicos ocorrem em decorrência da agitação e estresse (obtém uma elevação dos níveis de adrenalina no sangue, promovendo inibição da liberação salivar, ressecamento da mucosa bucal, resultando na descamação do epitélio), halitose matinal, jejum prolongado, dietas inadequadas, desidratação, respiração do paciente tabagista e etilista, os quais produzem corpos cetônicos, levando a um odor característico. Outras alterações do organismo provocadas pela ação de medicamentos, como antidepressivos, anti-histamínicos, tranquilizantes, anti-hipertensivos, descongestionantes, dentre outros, que reduzem o fluxo salivar, podem ter a halitose como um efeito colateral. 
O odor da halitose é originado pela metabolização de substratos que contém enxofre e são transformados em compostos sulfurados voláteis. Ou seja, os gases formadores de halitose são em grande parte compostos de enxofre voláteis (VSCs). Esses gases são sulfeto de hidrogênio, metil mercaptano e dimetil sulfeto. Não apenas os VSCs desempenham um papel na formação da halitose, ao mesmo tempo, compostos aromáticos voláteis, como indol, escatol, ácidos orgânicos, como ácido acético, ácido propiônico e aminas, como cadaverina e putrescina, também são eficazes na formação de halitose. A produção de VSCs na cavidade oral e sua emergência dependem em muitos fatores locais. Esses fatores são saliva, oxigênio diminuído (O2) concentração na cavidade oral, reprodução bacteriana e metabolismo. 
Com isso, esses fatores estabelecem meios que propiciam o surgimento deste odor caracterizado da halitose, lembrando que a idade das pessoas também está associada. Ela leva o indivíduo a sentir-se isolado, e envergonhado, atrapalhando na interação social, muitas vezes, é aconselhado o acompanhamento de um psicólogo, associado juntamente com o tratamento odontológico. 
A saburra lingual apresenta-se como causa primária da halitose, por ser foco de putrefação e decomposição de restos alimentares por bactérias proteolíticas gram negativas (Porphyromonas gingivalis, fusobactérium e Prevotela), ou pela xerostomia. É conhecida como língua branca, que se forma na parte posterior (fundo) da língua.
A doença periodontal é a segunda condição patológica bucal mais prevalente, que gera um processo infectoinflamatória associada à colonização de microrganismos patogênicos aderidos à superfície externa do dente que acomete os tecidos de suporte e sustentação. A gengivite e a periodontite são causadas pelo acumulo de placa bacteriana e também por restos alimentares nos dentes. “Acaba havendo uma produção de substancias com mau cheio, devido aos alimentos aprisionados entre os dentes, além do sangramento da gengiva (gengivite) ou uma piora do quadro em periodontite. 
Nos casos relacionados a fatores sistêmicos, a Diabete mellitus pode ser resultado do acúmulo de corpos cetónicos, contribuindo para uma cetose, e um hálito característico de maçã podre ou hálito adocicado. Além disso, pode apresentar xerostomia, aumentando a descamação celular e, consequentemente, aumentando a produção dos compostos sulfurados voláteis. 
De acordo com a literatura a halitose é dividida em 2 grupos como delirante (pseudo-halitose, halitofobia) e halitose genuína. A halitose genuína é dividida em 2 subgrupos como halitose fisiológica e patológica. A halitose patológica pode ser oral ou extraoral. A halitose extraoral pode originar-se do sistema respiratório ou de outros sistemas.
Pseudohalitose e Halitofobia
Na pseudo-halitose, o paciente queixa-se de halitose, mas o mau hálito do paciente não é sentido por outras pessoas e o diagnóstico de halitose não pode ser feito de forma objetiva. Neste caso, a explicação da halitose e as instruções para higiene oral (apoio e reforço do autocuidado do próprio paciente para uma maior melhoria de sua higiene bucal), explicação dos dados do exame, instrução profissional adicional, educação e segurança podem ser opções de tratamento para pseudo-halitose.
Halitofobia é o medo de que o hálito do paciente seja considerado mau cheiro por outras pessoas. Na halitofobia, o paciente está preocupado com o mau hálito contínuo. O paciente acredita que o mau cheiro continua apesar do tratamento. Assim como na pseudo-halitose, a explicação da halitose e as instruções de higiene bucal, e também o encaminhamento a um psicólogo clínico, psiquiatra ou outros especialistas psicológicos podem ser opções de tratamento da halitofobia.
Halitose Fisiológica
A halitose fisiológica é o mau hálito transitório, associado à hipossalivação noturna após o sono matinal. Não há doença sistêmica ou condição patológica que possa causar halitose. Ela se desenvolve devido à atividade bacteriana durante a noite durante o sono. A halitose fisiológica pode ser removida corrigindo a higiene oral. A halitose transitória pode ocorrer devido a razões exógenas (beber bebidas alcoólicas, fumar, comer alguns alimentos). Fumar causa aumento da concentração de VSCs na boca, hipossalivação e doenças periodontais. O álcool causa hipossalivação. Alimentos como cebola e alho têm alto teor de enxofre. O enxofre passa a circulação sanguínea através do trato intestinal e é sentido como um odor durante a expiração dos pulmões. A explicação da halitose e as instruções para higiene oral podem ser opções de tratamento para a halitose fisiológica.
Halitose Patológica
Halitose originada da cavidade oral
Em 85% dos pacientes com odor, descobriu-se que o problema se originava da atividade bacteriana na cavidade oral. Algumas espécies de bactérias, principalmente anaeróbios gram-negativos, são os principais responsáveis pela halitose. Os componentes do odor não podem se formar na ausência de microorganismos. Fatores ambientais são muito importantes na reprodução e crescimento de espécies bacterianas. A redução da quantidade de oxigênio na saliva e na placa tem um papel importante e complexo na formação de maus cheiros. Quando a taxa de fluxo salivar diminui, aumenta a contagem bacteriana e halitose na cavidade oral. As principais causas do mau hálito são biofilme de língua, má higiene oral, impactações alimentares, candidíase, dieta pastosa, uso de aparelhos ortodônticos, doenças gengivais e periodontais (gengivite, periodontite, gengivite ulcerativa necrosante aguda).
	
Para o tratamento da halitose não existe tratamento isolado, em virtude das causas da halitose serem multifatoriais. Ela não é considerada uma doença, e sim uma condição anormal do hálito, devido a um desequilíbrio. Estudos mostram que a qualidade e a frequência da higienização vão contribuir no controle e tratamento da halitose, através de tratamentos químicos com a utilização deenxaguantes bucais e tratamentos mecânicos como o fio dental, raspador lingual e escovação. 
No entanto, a halitose é considerada como um problema de saúde pública, pela alta porcentagem de prevalência e por ser de causas multifatoriais, que interferem e causam transtornos na qualidade de vida dos indivíduos. Assim os profissionais, cirurgiões dentistas devem avaliar o histórico desses indivíduos, desenvolvendo com clareza o exame da anamnese, procurando saber os possíveis fatores que estão desencadeando este processo de halitose. Deve-se informar e educar os pacientes sobre o mau hálito. Explicação da halitose e instruções para higiene oral, profilaxia oral, limpeza da língua e uso de fio dental interdental no hálito matinal, enxaguatório bucal (incluindo flúor de amina, fluoreto de estanho, clorexidina) e uso de pasta de dente (pasta contendo estanho), limpeza profissional e tratamento para doenças orais, especialmente as doenças periodontais.
Com tudo isto, várias são as etiologias atribuídas à halitose. Em sua grande maioria, a reclamação pelo odor característico apresenta origem estomatológica, ou seja, inicia-se na boca por fatores locais, principalmente em decorrência da saburra lingual, da gengivite e da periodontite, sendo necessário, portanto, a identificação da etiologia através do diagnóstico clínico. A triagem feita pelo cirurgião dentista é de suma importância, pois as causas associadas a fatores sistêmicos devem ser encaminhadas a outro profissional para possível tratamento.
Palavra- chaves: halitose, prevenção a halitose, halitose intra- oral, microbiota oral, doença periodontal, saburra lingual, salivação.
Metodologia
Pesquisa base de dados nos indexadores Pubmed, Scielo, Google – Acadêmico, num período de 2016 a 2021.
Referências
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