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Atuação psicopedagógica na escrita O primeiro ponto de discussão dessa aula é compreender que a aprendizagem é singular, cada sujeito tem sua forma de aprender e suas habilidade especificas. É então importante para o profissional que ele domine as várias teorias da aprendizagem, sendo um observador do desenvolvimento neurotípico, pois só assim a capacidade de identificação na falha do processo de aprendizagem pode ser mensurada. Mas o que é mesmo aprendizagem? (...) a aprendizagem é um processo dinâmico que determina uma mudança, com a particularidade de que o processo supõe um processamento da realidade e de que a mudança no sujeito é um aumento qualitativo em sua possibilidade de atuar sobre ela. Sob o ponto de vista dinâmico a aprendizagem é o efeito do comportamento, o que se conserva como disposição mais econômica e equilibrada para responder a uma situação definida. De acordo com isto, a aprendizagem será tanto mais rápida quanto maior for a necessidade do sujeito, pois a urgência da compensação dará mais relevância ao recurso encontrado para superá-la (PAÍN,1985, p.23). Quando algo interfere nesse processo podemos falar nas dificuldades de aprendizagem. Aqui especificamente temos como objetivo discorrer sobre a dificuldade específica na escrita como também nos transtornos de escrita. Podemos pensar que uma dificuldade de escrita pode ser: Trata de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades relacionadas com a escrita. Esse transtorno não se explica nem pela presença de uma deficiência mental, nem por escolarização insuficiente, nem por um déficit visual ou auditivo, nem por alteração neurológica. Classifica-se como tal apenas se produzem alterações relevantes no rendimento acadêmico ou nas atividades da vida cotidiana. A gravidade do problema pode ir desde erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na organização de parágrafos (GARCIA,1998, p.191). A dificuldade de escrita pode ter alguns fatores como: escolarização inadequada, pouca motivação familiar, inserção em um contexto social pouco estimulante, não tento aqui, a escrita para essa criança a mesma importância de uma criança em inserida em relações opostas a esta. Ainda temos como fatores importantes alguns atrasos psicomotores que geram confusão nas letras, dificuldade na coordenação motora ampla e fina, excesso de telas, dentre outras. Desta forma a dificuldade pode estar na estrutura do texto, na escrita e na compreensão da palavra e, também, no aspecto motor. Mas como esse processo de construção da língua escrita? De acordo com Ferreiro e Teberosky(1999) o processo pode ser dividido em quatro hipóteses de construção externada, sendo essas: · Pré-silábica: aparece aqui a travessia entre o desenho e a escrita, pode por vezes misturar letra com desenhos; aparece tentativas de correspondência entre o objeto e a escrita, fazendo o número de letras ser próximo ao tamanho do objeto por exemplo; · Silábica: a tentativa de associar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a escrita, passando pelo período de que cada letra corresponde uma sílaba, superando a etapa da correspondência. A parte escrita começa a ser representada pelas partes sonoras da fala; · Silábico-alfabética: essa fase é de transição entre a hipótese silábica e a hipótese alfabética; a criança abandona a primeira hipótese e descobre que necessita analisar outras possibilidades de escrita, uma vez que ela vai além da sílaba pelo conflito entre a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras, além do conflito entre as formas gráficas que o meio lhe impõe e a leitura dessas formas com base na hipótese silábica; · Alfabética: é a etapa final da evolução, pois a criança, ao chegar nessa hipótese, compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba e realiza, sistematicamente, uma análise sonora dos fonemas das palavras que necessita escrever. As dificuldades a partir dessa hipótese não serão mais conceituais, e sim ortográficas, pois a criança ficará exposta às dificuldades próprias do sistema ortográfico da língua materna. O processo avaliativo da psicopedagogia para a escrita deve se atentar as inter-relações da criança e suas ambiências (família, escola, com outras crianças) a história do desenvolvimento. Ainda é necessário observar aspectos psicomotores como (orientação de espaço, tempo, esquema corporal, lateralidade, coordenação óculo-manual); observar a comunicação da criança e sua interação social); e a própria capacidade de escrita com atividades lúdicas. Lembre-se tenha como marcador o desenvolvimento neurotípico. Observe se a criança: Se ela escreve o nome corretamente; Se ela mistura maiúsculas com minúscula; Se ela escreve com ortografia correta (Maiúsculas minúsculas e acentos ortográficos) Se ela tem letras invertidas; A postura que ela escreve, como pega no lápis; Se tem a grafia comprometida (letra incompreensível) ou se apresenta algum distúrbio motor; O processo interventivo sempre será fundamentado nas mensurações avaliativas, mas algumas dicas de atividades podem ser uteis: rasgar papel, colorir, contar com tesoura; Jogos de brincadeiras com letras; massinha de modelar; pintar com pincel, com cotonete; atividades bimanuais; jogos de rima; reconhecimento de formas gráficas; identificação de erros; distinção de direita/esquerda, cima/baixo, frente/trás; consciencialização do fonema isolado, em sílaba e soletração; análise de frases; substituição de um fonema por outro na sílaba e palavra. Atividade extra: Escolha uma criança em processo de letramento e peça pra ela escrever sete palavras e avalie em qual estágio ela se encontra. Referência Bibliográfica: · PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Tradução Ana Maria Netto Machado, Porto Alegre: Artmed, 1985. · GARCÍA SÁNCHEZ, Jesús-Nicasio. Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica; tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2004. · ACAMPORA, Bianca. Psicopedagogia Clínica: o despertar das potencialidades. Wak, 2020. · DA SILVA, Wellington Jhonner Divino Barbosa; DA SILVA, Eliane Braz; NEVES, Paula Fernandes de Assis Crivello. Psicopedagogo e alguns transtornos específicos de aprendizagem no contexto escolar. Revista Interação Interdisciplinar (ISSN: 2526-9550), v. 4, n. 1, p. 128-140, 2020. · SILVA, Maria Da Conceição Oliveira Da; BRITO, Maria De Fatima Bezerra De; BRITO, Maria José Beserra De. Aprendizagem da leitura e escrita e dificuldades observadas no processo. amplamente: educação no século XXI, p. 190. Exercícios Segundo Campbell (2009), a disortografia é a dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da linguagem escrita e pode ocorrer associada ou não à dificuldade de leitura, isto é, à dislexia. São características das disortografias: I. Dificuldades em perceber as sinalizações gráficas (parágrafos, travessão, pontuação e acentuação). II. Textos muito reduzidos. III. Aglutinação ou separação indevida de palavras. IV. Falta de raciocínio matemático. Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s) I,II,III 2-Os estudos psicogenéticos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky trouxeram um novo olhar para compreender o processo de aquisição da leitura e da escrita pela criança. Em relação a esse processo, assinale a alternativa correta. D As crianças estão em contato com essas noções desde muito cedo e criam diversas hipóteses sobre elas, por isso é necessário que os educadores conheçam essas ideias antes de começar o processo de alfabetização 3- A teoria do aprendizado de Emília Ferreiro descreve algumas hipóteses do processo de alfabetização infantil. A hipótese definida como silábica-alfabética se refere: Alternativas A A criança passa a compreender que a escrita representa o som da fala, a fazer uma leitura termo a termo e não mais global, consegue combinar vogais e consoantes numa mesma palavra na tentativa de combinar sons, mas sua escrita ainda não é socializável. 4-São pressupostos teóricos sobre a Psicogêneseda Língua Escrita. Relacione a 2ª coluna de acordo com a 1ª. 1ª Coluna: 1 – Hipótese Pré-Silábica 2 – Hipótese Silábica 3 – Hipótese Silábica Alfabética 4 – Hipótese Alfabética 2ª Coluna: [ ] Representa a grafia ao som correspondente. [ ] Usa letras quaisquer. Exemplo: DCMLZ = caneta. [ ] A criança percebe o som e representa graficamente uma letra para cada sílaba. [ ] A criança já conhece letras e as representa graficamente, mas ainda não tem sonorização. [ ] Há um grande conflito cognitivo, ela representa o número de sílabas, mas, percebe que para o som é necessário acrescentar mais letras. 4 - 1 - 2 - 1 – 3 A partir dos anos 80, a argentina Emília Ferreiro contribuiu significativamente para o processo de alfabetização. O pensamento e a palavra são aspectos de uma aprendizagem evolutiva, “nos” quais são necessários compreender os fatos naturais e interpretar os erros naturais do percurso. Sobre a Psicogênese da Língua Escrita, segundo FERREIRO apud Bock (2002), assinale a alternativa CORRETA. Alternativas A Para a descoberta do valor simbólico da escrita, é necessário vivenciar situações em que a escrita é o objeto do pensamento.