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AMBIENTES E COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria:Ranieri Alves dos Santos CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. SA237a Santos, Ranieri Alves dos Ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem. / Ranieri Alves dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 130 p.; il. ISBN 978-85-7141-317-7 1. Comunidades virtuais - Aprendizagem. - Brasil. II. Centro Univer- sitário Leonardo Da Vinci. CDD 371.334 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................05 CAPÍTULO 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem ........................................07 CAPÍTULO 2 Comunidades Virtuais de Aprendizagem ..................................51 CAPÍTULO 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem ....................................87 APRESENTAÇÃO As Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC - evoluíram junto ao meio educacional. Atualmente, mesmo as mais simples instituições já conseguem utilizar tecnologias na sala de aula para potencializar os processos de ensino e aprendizagem na era digital. As novas gerações de alunos, os “nativos digitais”, já nasceram conectados, com acesso à internet, redes sociais e cercados por dispositivos computacionais móveis. A educação a distância (EAD) vem atender esta e outras demandas, unindo alunos e professores separados pelo espaço e pelo tempo em ambientes tecnológicos multimídia, conectados pelas novas tecnologias de telecomunicação de forma on-line em salas de aula virtuais. No entanto, a EAD não busca apenas atender cursos on-line e instituições a distância. As tecnologias de EAD podem também suprir as necessidades e ampliar os horizontes em outros modelos educacionais. Neste livro, vamos discutir sobre as aplicabilidades dos ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem no âmbito de curso presenciais, a distância e híbridos. No Capítulo 1, vamos conhecer a EAD, seus fundamentos e aplicações. Discutiremos um pouco sobre casos de uso da EAD ao redor do Brasil e do mundo para então conhecermos mais sobre os ambientes virtuais de aprendizagem, os AVAs, das instituições de ensino. Vamos estudar sobre as principais ferramentas de um AVA e sobre como aplicá-las em sala de aula. Conheceremos neste capítulo também, os principais modelos de AVA disponíveis no mercado, com um exemplo prático de como criar sua própria sala de aula virtual. No Capítulo 2 discutiremos sobre o conceito de comunidades virtuais de aprendizagem, para isso, vamos estudar sobre o termo comunidade, sua aplicação na sociedade em geral e ao final, sua aplicação como comunidade de aprendizagem. Vamos discutir sobre aprendizagem colaborativa, inteligência coletiva e também sobre como as comunidades virtuais de aprendizagem se relacionam com os AVAs. Ao final do capítulo vamos trabalhar sobre como as comunidades virtuais de aprendizagem podem colaborar no ensino híbrido e na sala de aula invertida. Já no último capítulo, vamos estudar sobre a educação aberta, os processos abertos, livres e flexíveis de ensino e aprendizagem. Para isso, vamos conhecer as aplicabilidades atuais do uso das redes sociais na educação, com exemplos de diversas redes aplicadas no meio escolar e sua correlação com a educação aberta. Após isso, vamos conhecer os recursos educacionais abertos, discutindo sobre o quê são, como encontrá-los, como criá-los e como compartilhá-los. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender as potencialidades da educação a distância para a sociedade atual. � Identificar as características dos diferentes tipos de ambientes de aprendizagem. � Utilizar as ferramentas disponíveis nos ambientes de aprendizagem. � Criar estratégias utilizando ambientes virtuais para o apoio didático. 8 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem 9 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 1 Contextualização Mais do que um simples sistema na internet com conteúdos educacionais, os ambientes virtuais de aprendizagem são plataformas completas para a operacionalização de cursos no âmbito do ensino a distância. E o que seria o ensino a distância? Estando em um sistema educacional, tratamos não apenas de ensino, mas, sim, de ensino com aprendizagem, sendo assim, caracterizamos os processos de ensino e aprendizagem a distância como Educação a Distância. Ao longo do último século, a educação a distância evoluiu, geração a geração, tanto no Brasil, quanto nos outros países. A educação a distância como conhecemos hoje é o fruto de décadas de trabalho utilizando as diferentes mídias para prover a educação a distância, que não necessariamente esta ligada apenas a cursos on-line, mas, sim, a todo o meio educacional. Grandes instituições investem consideráveis recursos na modernização e operação de ambientes virtuais de aprendizagem, porém, com a evolução das tecnologias da informação e comunicação, é possível hoje, criar ambientes de aprendizagem com poucos recursos. É papel do educador não apenas projetar o ambiente de EAD, mas também mantê-lo, monitorá-lo e moderá-lo. Neste capítulo, conheceremos um pouco sobre a caracterização dos ambientes virtuais de ensino e aprendizagem, bem como seus diferentes tipos. Vamos nos aprofundar sobre as potencialidades da educação a distância e suas gerações frente aos desafios da sociedade atual. Conheceremos, ainda, as abordagens metodológicas, recursos e ferramentas dos ambientes virtuais aplicados a EAD e aprenderemos sobre como utilizar estas ferramentas e como criar o nosso próprio ambiente virtual de aprendizagem para o apoio didático. 2 Educação a Distância A educação a distância (EAD) é um paradigma educacional baseado na transposição das barreiras geográficas e temporais, ou seja, a EAD se propõe a fornecer a educação onde, por exemplo, estejam distantes do campus de uma universidade, ou longe de uma instituição que ministre aulas da sua área de conhecimento desejada, poderão também estudar via EAD, eliminando assim a barreira geográfica (VIANEY, 2003; PALLOFF; PRATT, 2002; MORAN, 2005). Quanto ao termo EAD, quando tratamos de iniciativas de educação, envolvemos não apenas o conceito de aprendizagem, mas também de ensino. Por isso, o uso da terminologia “educação a distância” serve para abrigar todos 10 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem os processos, visto que “educação” é a junção de “ensino e aprendizagem”. Desta forma, a EAD não é acidental, nem baseada em simples atividades informais pela internet, ou utilizando as mídias. O ensino e aprendizagem a distância é necessariamente intencional, baseado em pressupostos e planejado, assim como na educação presencial (MOORE; KEARSLEY, 2011). Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (MOORE; KEARSLEY, 2011). Ainda, indivíduos que possuem agendas de trabalho complexas, que trabalham em váriascidades e que empreendem constantes viagens, enfrentariam grandes dificuldades participando de aulas que não sejam a distância. Assim, a EAD é solução também para estes casos, eliminando a barreira tempo, fornecendo uma formação flexível. Atualmente, é comum associar a EAD ao uso da internet, dos vídeos on-line e das ferramentas da tecnologia da informação. No entanto, a EAD é mais antiga do que isso, este paradigma é anterior ao uso da informática (LITWIN, 2001). Na realidade, qualquer modalidade de ensino que flexibilize a relação geográfica e temporal entre o aluno e a instituição pode ser considerada como EAD, como exemplo, a educação por correspondência. No Brasil, a educação por correspondência já existia há mais de 100 anos. Algumas instituições de ensino, por volta de 1904, forneciam cursos básicos de algumas áreas profissionalizantes por correspondência. Na sequência, surgiram ainda instituições como o Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro, atuando desde a década de 1940 até hoje com modelos de EAD baseados em correspondência. Já na década de 1960, como consequência da educação postal, o próximo passo da EAD foi utilizar o rádio. Iniciativas como o projeto Minerva, ligadas ao governo brasileiro trouxeram o uso da radiodifusão como mídia para propagar a educação no país. Seguindo a natural convergência das mídias, as iniciativas de EAD transferiram seus esforços para a televisão. Na década de 1970, entidades governamentais, instituições de ensino e outras esferas da sociedade organizaram cursos supletivos a distância, utilizando a televisão como meio de difusão. Estas iniciativas geraram o que hoje conhecemos como Telecurso, seguidas por diversas outras, que utilizam canais públicos, emissoras educativas, canais privados e transmissões via satélite para aproximar o aluno e a instituição de ensino. Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (MOORE; KEARSLEY, 2011). 11 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Após tratarmos destas gerações, podemos expor o uso das tecnologias da informação e da internet na EAD. Com o uso da internet, dos streamings de vídeo e dos sistemas de navegação entre páginas, a EAD encontrou uma nova geração, tanto para a produção de conteúdo, como para distribuição e compartilhamento, graças aos avanços nas telecomunicações no país com o início da popularização do acesso a redes de computadores, por volta de 1995. A atual geração, iniciada nos anos 2000, a do e-learning, se utiliza de todas as outras conquistas das gerações anteriores, integrando o acesso à internet, à comunicação bidirecional, aos streamings de vídeo, às videoconferências e, até mesmo, ao envio de material didático por correio convencional ou eletrônico para desenvolver abordagens digitais baseadas nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Essa geração, por exemplo, permite que instituições de ensino compartilhem conhecimento com todo o mundo a partir de ambientes de ensino próprios, unindo as mídias atuais e os dispositivos de acesso no meio educacional. Streaming é uma tecnologia de multimídia pela internet, na qual é possível visualizar arquivos de mídia em alta qualidade enquanto estes são baixados para o computador, não necessitando o download prévio. Isso é possível pois as tecnologias de streaming dividem os grandes arquivos de mídia em pequenos pacotes que são baixados em paralelo com a exibição. Aplicativos como o Spotify e o Deezer são sistemas de streaming de áudio, já aplicativos como o YouTube e o Vimemo são sistemas de streaming de vídeo. Se enquadram na quarta e atual geração de EAD no Brasil as iniciativas baseadas em sistemas de ensino pela web, aplicativos móveis de aprendizagem, ambientes multimídia imersivos, como a realidade virtual, entre outras mídias. A própria forma com que você está estudando no momento demonstra as potencialidades da geração de educação por ambientes interativos, visto que este material está disponível em forma impressa e digital, em um ambiente de ensino e aprendizagem virtual a distância. Agora, retornaremos ao conceito de EAD, que seria de prover o ensino onde o aluno e a instituição consigam interagir mesmo separados no espaço ou no tempo. Neste sentido, um aluno por correspondência poderia estudar mesmo não estando na mesma cidade da instituição, no seu próprio tempo. Streaming é uma tecnologia de multimídia pela internet, na qual é possível visualizar arquivos de mídia em alta qualidade enquanto estes são baixados para o computador, não necessitando o download prévio. Isso é possível pois as tecnologias de streaming dividem os grandes arquivos de mídia em pequenos pacotes que são baixados em paralelo com a exibição. Aplicativos como o Spotify e o Deezer são sistemas de streaming de áudio, já aplicativos como o YouTube e o Vimemo são sistemas de streaming de vídeo. 12 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem O termo E-learning corresponde a “ensino eletrônico” no âmbito da EAD, mas já há outras vertentes do termo, que buscam caracterizar as novas formas de ensino: M-learning (mobile learning): ensino móvel - caracteriza o uso de dispositivos móveis na educação, como tablets e celulares. T-learning (television learning): ensino via TV - utiliza a plataforma de televisão digital e interativa para aplicações educacionais. B-learning (blended learning): ensino misturado - envolve o uso de aspectos a distância no ensino presencial ou aspectos presenciais no ensino a distância, misturando ambos os paradigmas. U-learning (ubiquitous learning): ensino ubíquo - é o ensino onipresente, em que se utiliza todos os dispositivos disponíveis no dia a dia do indivíduo para potencializar a aprendizagem. FONTE: <http://blog.elore.com.br/entendendo-os- learnings-da-vida>. Acesso em: 2 dez. 2018. Entretanto, um aluno de educação por rádio ou por televisão até consegue estudar estando separado geograficamente da instituição, porém, ele deve estar disponível para assistir no momento da transmissão, não permitindo assim a flexibilização do tempo do aluno. Na educação por internet e por ambientes interativos, dependendo da modalidade, se for um streaming que não ficará gravado posteriormente, por exemplo, o aluno também precisará dispor de um tempo rígido para participar da atividade. Assim, ao tratar da transposição do tempo entre alunos e instituições, deve ser levada em conta a interação entre estes, que pode ser síncrona ou assíncrona (MILL; RIBEIRO; OLIVEIRA 2010). Na interação síncrona, os pares estão dispostos no mesmo espaço temporal. A interação ocorre unicamente em um momento, sendo assim, todos os envolvidos, para participarem da atividade devem estar disponíveis simultaneamente. As iniciativas de educação por transmissão via satélite ao vivo, por exemplo, são síncronas, pois a instituição transmite a aula e o aluno deve estar disponível para participar da referida aula naquele momento. Mesmo havendo uma reprise futura da aula, ainda assim há a necessidade do aluno participar da atividade em uma data e hora específica, exigindo uma sincronia entre ambas as partes. 13 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Na interação assíncrona, as ferramentas permitem que os envolvidos não participem da atividade no mesmo momento. Assim, há uma flexibilização do tempo, onde a instituição distribui os materiais por um determinado canal, seja via postal ou via internet e os alunos participam das atividades no momento em que acharem oportuno, sem uma efetiva sincronia temporal. Para facilitar a compreensão, podemos organizar a EAD no Brasil por gerações, de acordocom o Quadro 1. QUADRO 1 - GERAÇÕES DO EAD NO BRASIL Época Geração Descrição Interação 1900 Educação por Correspondência Instituto Monitor, Instituto Universal Brasileiro, Formações Básicas de Instituições de Ensino Assíncrona 1960 Educação por Rádio e TV Projeto Saci, Projeto Minerva Telecurso 2000, Canais Educativos Síncrona 1995 Educação por Internet Sistemas de Streaming, Correio Eletrônico, Sistemas Multimídia Assíncrona/ Síncrona 2000 Educação por Ambientes Interativos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Instituições Virtuais, Realidade Virtual Assíncrona/ Síncrona FONTE: O autor. Esta última geração, baseada na internet, tornou massiva a presença da EAD na sociedade. Na atualidade, modelos de EAD podem ser vivenciados em diversos setores, não apenas no puramente educacional. Treinamentos corporativos, manuais de equipamentos, comunidades de estudos independentes e diversas outras iniciativas costumam utilizar modelos de EAD para prover suas atividades instrucionais. Atualmente, grandes universidades ao redor do mundo adotam modelos de EAD em seus cursos regulares, seja em programas exclusivamente a distância ou utilizando o EAD como apoio aos modelos presenciais. Diversas destas instituições disponibilizam, ainda, suas aulas em ambientes de ensino a distância para que a sociedade em geral assista as aulas, faça atividades e, em alguns casos, até emita o seu certificado. Um exemplo é a “The Open University”, uma universidade pública do Reino Unido, fundada em 1969, que atua unicamente com cursos a distância em nível de 14 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem graduação, MBA e mestrado. A instituição possui espaço físico comum para os alunos participarem de pesquisas e reuniões, mas as aulas são todas no modelo EAD. FIGURA 1 - CAMPUS DA THE OPEN UNIVERSITY FONTE: <http://www.openuniversity.edu/>. Acesso em: 2 dez. 2018. Dado o ano de fundação da The Open University, em 1969, é visível que o conceito de Universidade Aberta (Open University) não é novo. Na realidade, Moore e Kearsley (2011) quando dividem as gerações do ensino a distância em nível mundial, expõem que após o uso do rádio e da TV na EAD, as instituições de ensino superior se organizaram a exemplo da The Open University e produziram modelos de cursos a distância, visando à popularização do conhecimento. Neste sentido, surge o conceito de Universidade Aberta. Apesar de extremamente ligado à EAD, o conceito de Universidade Aberta está mais ligado à flexibilidade e à abertura que estas instituições têm para o ingresso de alunos. Fatalmente, o ensino a distância tem se utilizado como a ferramenta ideal para esta democratização, porém, é possível encontrar universidades abertas ao redor do mundo que também combinam atividades presenciais e a distância. Estas universidades abertas, se valendo as mídias até então utilizadas, desenvolveram iniciativas educacionais baseadas em livros impressos enviados por correspondência, kits didáticos, mídias em áudio e vídeo, transmissões via telefone, rádio e televisão, entre outras abordagens para alcançar um público que não conseguiria participar destes cursos por meios, até então, formais. 15 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Como evolução, outros países, incluindo o Brasil, foram desenvolvendo em suas instituições de ensino, abordagens a distância, culminando na regulamentação de cursos integralmente a distância no país, possibilitando a criação de cursos de graduação e de pós-graduação, como este em que você é aluno. Vamos comparar agora como são expostas as gerações de EAD no mundo, seguindo a visão de Moore e Kearsley (2011) com as gerações em que a EAD é dividida no Brasil (Quadro 2). QUADRO 2 - GERAÇÕES DE EAD NO MUNDO Época Geração Descrição Interação 1850 Educação por Correspondência Movimento Chautauqua e Colliery Engineer School of Mines Assíncrona 1920 Educação por Rádio e TV State University of Iowa, Universidade de Salt Lake City Síncrona 1970 Universidades Abertas The Open University e instituições de ensino com aprendizagem flexível Assíncrona/ Síncrona 1980 Educação por Teleconferência Uso de tecnologias de comunicação via teleconferência Assíncrona/ Síncrona 1990 Educação por Ambientes Interativos Sistemas de Streaming, Correio Eletrônico, Sistemas Multimídia, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Instituições Virtuais, Realidade Virtual Assíncrona/ Síncrona FONTE: O autor. A primeira geração mundial de EAD equivale também à nossa primeira geração brasileira. Trata-se da geração de educação por correspondência, iniciada por volta de 1880 nos Estados Unidos, utilizando a expansão dos correios e das linhas férreas para fornecer cursos via correspondência de instituições como Movimento Chautauqua e Colliery Engineer School of Mines. A segunda geração também coincide nos âmbitos brasileiro e mundial. A geração de EAD por TV e rádio teve seu início nos Estados Unidos, por volta de 1921, quando surgiram as primeiras disciplinas de universidades ministradas por rádio, como na State University of Iowa, e com a autorização governamental para a criação da primeira estação de rádio educativa, a Rádio Latter Day Saints da Universidade de Salt Lake City. 16 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Diferentemente das gerações da EAD no Brasil, no âmbito mundial, a terceira geração é tratada como sendo a geração das Universidades Abertas, iniciada em torno de 1969, no Reino Unido, com a criação da já citada The Open University, seguida da implantação de diversas outras instituições e consórcios de outras instituições. A educação, em especial a educação a distância, também pode ser aplicada ao meio empresarial, você sabia? Leia o artigo da EADBOX sobre o conceito de Educação Corporativa e como ela pode ser desenvolvida utilizando a EAD. Disponível em: <https://eadbox. com/o-que-e-educacao-corporativa/>. Acesso em: 3 dez. 2018. Na visão mundial, a quarta geração é baseada na educação por teleconferência, em que por volta de 1980 surgiram classes que se utilizavam das transmissões audiovisuais, até então já disponíveis desde a segunda geração, mas agora com a possibilidade de interagir entre ambos os pontos da transmissão. Nos Estados Unidos, a Universidade de Wisconsin, em 1965, já havia implementado um moderno sistema de capacitação médica baseado em teleconferências. Como no Brasil, as tecnologias de teleconferências não tiveram abrangência de grande escala, já estando obsoletas com a chegada da internet, esta geração não obteve expressividade nacional. A quinta e última geração de EAD, dividida mundialmente, equivale às terceiras e às quartas gerações brasileiras (educação por internet e educação por ambientes interativos, respectivamente) e é voltada para a educação por ambientes interativos baseados no computador e na internet. A interconexão computacional que culminou com o surgimento da internet já era na verdade uma iniciativa de universidades e instituições militares. A própria web, o sistema de navegação entre páginas que conhecemos, surgiu em 1993 no meio acadêmico, onde era possível compartilhar materiais entre estudantes e universidades (MOORE; KEARSLEY, 2011). 1 Com base nas gerações da educação a distância no Brasil, com relação aos meios educacionais e as suas devidas gerações, associe os itens utilizando o código a seguir: 17 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 I- Educação por correspondência. II- Educação por rádio e TV. III- Educação por internet. IV- Educação por meios interativos ( ) Webconferência. ( ) Óculos 3D. ( ) Ambiente Virtual de Aprendizagem. ( ) Difusora educativa. ( ) Emissora educativa. ( ) Aplicativo de simulação de eletrônica. ( ) Envio de material Impresso. ( ) Envio de material por e-mail. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:a) ( ) III - IV - IV - II - II - IV - I - III. b) ( ) IV - III - II - III - II - I - II - III. c) ( ) II - III - III - I - II - I - II - II. d) ( ) IV - I - II - IV - I - III - III - IV. 3 Níveis de Educação a Distância A EAD é uma ferramenta com aplicabilidades distintas nas mais variadas instituições. Mesmo no Brasil, é possível encontrar as mais variadas iniciativas de ensino a distância, desde o treinamento corporativo, em empresas, até grandes universidades, passando por cursos livres e professores particulares e independentes que adotam abordagens a distância para prover suas situações de aprendizagem. Neste sentido, há uma certa distinção entre os níveis de EAD aplicados nestes variados modelos de EAD, conheceremos agora estas distinções propostas por Moore e Kearsley (2011). 3.1 Instituições com Finalidade Dupla No nível de instituições com finalidade dupla, a EAD é tratada como um dos focos da organização. Em geral, este nível de EAD é desenvolvido por instituições 18 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem que já atuam no meio educacional, com cursos regulares em nível básico ou superior, como foco prévio na educação formal, no ensino presencial, mas que também desenvolve atividades a distância. Estas instituições podem oferecer disciplinas a distância para seus cursos presenciais, ou ainda, oferecer atividades a distância dentro das próprias disciplinas presenciais. No entanto, fazem parte deste tipo de instituição a oferta de cursos exclusivamente a distância dentro do seu portfólio de formações. É comum neste modelo, que os programas a distância compartilhem o corpo docente com os programas presenciais da instituição, mas nada impede que estes tenham seus próprios docentes. Acontece que, em geral, como estas instituições já existiam previamente como ofertantes de cursos presenciais, é comum que esses mesmos docentes sejam aproveitados nos programas a distância. A própria instituição em que você estuda, a Uniasselvi, opera neste nível de instituição com finalidade dupla (Figura 2), pois possui cursos tanto no modelo presencial nas unidades presenciais, quanto cursos a distância, com alunos por todo o país. FIGURA 2 - PORTAL DE CURSOS DA UNIASSELVI FONTE: <http://www.uniasselvi.com.br>. Acesso em: 3 dez. 2018. No Brasil, este nível de organização de EAD pode compor seus cursos de graduação com disciplinas parcialmente ou integralmente a distância, respeitando um limite de 20% da carga-horária total da formação (BRASIL, 2016). Assim, a flexibilidade e a premissa da transposição das barreiras de espaço e tempo podem beneficiar também os alunos de cursos presenciais. 19 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 É possível ainda, que instituições com finalidade dupla organizem suas operações presenciais e a distância com campus distintos, mesmo que um destes seja virtual e destinado a atividades a distância. Um exemplo é a Penn State - Pennsylvania State University -, que possui um campus especial, destinado exclusivamente para as atividades a distância, o Penn State World Campus, que atende militares e a comunidade em geral com 189 programas educacionais, incluindo graduação, MBA, mestrado e doutorado, exclusivamente a distância (MOORE; KEARSLEY, 2011). 3.2 Instituições com Finalidade Única Há também o nível em que as instituições possuem finalidade única, ou seja, atuam apenas com o modelo de EAD, sem ofertar cursos majoritariamente presenciais. Neste nível, a instituição toda e preparada para atuar de forma virtual, com professores e demais funcionários destinados unicamente ao atendimento a distância. Um exemplo deste nível de operação é o da Athabasca University no Canadá (Figura 3), que possui apenas programas a distância. Esta é a principal instituição exclusivamente EAD do país e a primeira a adotar este modelo. Foi iniciada em 1970, quando o governo da província de Alberta resolveu investir no conceito de universidade aberta. FIGURA 3 - AULA ON-LINE DA ATHABASCA UNIVERSITY FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=Npg1B0xSpPY>. Acesso em: 3 dez. 2018. 20 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem As iniciativas puramente voltadas ao ensino a distância podem ser também fruto da união entre outras instituições com este objetivo em comum, criando organizações com finalidade única em EAD baseadas em consórcios interinstitucionais. Ao redor do mundo, várias iniciativas deste tipo foram desenvolvidas, como a e-ArmyU (Army University Access Online), um consórcio resultante da junção de mais de 20 instituições de ensino voltado à formação de militares nos Estados Unidos. Ainda nos Estados Unidos, a WGU (Western Governors University), uma universidade interinstitucional foi desenvolvida em 1997 como um consórcio baseado em universidades de diversos estados (MOORE; KEARSLEY, 2011). No decreto Nº 9.057, de 25 de maio de 2017, foi alterada a legislação de EAD no Brasil. Nele, foi permitida a operação de instituições com finalidade única: § 2º É permitido o credenciamento de instituição de ensino superior exclusivamente para oferta de cursos de graduação e de pós-graduação lato sensu na modalidade a distância. Além disso, foi flexibilizada a operação de cursos a distância para a educação básica, ficando a cargo dos sistemas locais autorizar: Art. 8º Compete às autoridades dos sistemas de ensino estaduais, municipais e distrital, no âmbito da unidade federativa, autorizar os cursos e o funcionamento de instituições de educação na modalidade a distância nos seguintes níveis e modalidades: I- ensino fundamental, nos termos do § 4º do art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; II- ensino médio, nos termos do § 11 do art. 36 da Lei nº 9.394, de 1996; III- educação profissional técnica de nível médio; IV- educação de jovens e adultos; e V- educação especial. FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2017/Decreto/D9057.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018. 21 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 No Brasil, existe a Universidade Aberta do Brasil - UAB -, um consórcio de instituições que ofertam cursos a distância em diversos pontos do país. No entanto, a possibilidade da operação de cursos regulares de graduação e pós- graduação no Brasil por instituições exclusivamente a distância é algo novo, em um decreto de 2017 que esta opção foi permitida no país. 3.3 Cursos Individuais Os cursos individuais são compostos por formações específicas de determinadas áreas do conhecimento que não demandam diplomação formal. São os cursos não regulados, não vinculados ao ensino superior, educação básica ou cursos técnicos, são cursos livres. Estes cursos podem ser operados por instituições de ensino com finalidade dupla, instituições de finalidade única, bem como por outras organizações que não estejam diretamente ligadas ao ramo educacional (MOORE; KEARSLEY, 2011). Na legislação brasileira os cursos individuais são de caráter complementar, tratados como cursos livres. O Ministério da Educação e as Secretarias de Educação dos estados regulamentam apenas os cursos de educação formal, ou seja, os de educação básica e superior (educação infantil, ensino médio, graduação, pós- graduação etc.). De acordo com a Lei nº 9.394 - Diretrizes e Bases da Educação Nacional -, os cursos livres são descritos como de educação não formal, com duração variável, podendo estes serem de natureza presencial ou a distância. Assim, não há uma regulamentação específica para autorizar organizações para o exercício de cursos livres, não necessitando autorização prévia para seu funcionamento ou reconhecimento de outros órgãos, permitindo, então, que qualquer organização ou indivíduo forneça cursos desta modalidade. FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9394.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018. 22 Ambientes e Comunidades Virtuais de AprendizagemNa realidade, não só instituições, empresas ou organizações costumam oferecer cursos individuais, professores individuais também desenvolvem de forma livre seus cursos. Com a evolução da última geração de EAD, as tecnologias digitais e os ambientes de aprendizagem, permitem que de forma simples o próprio professor crie seu ambiente de ensino a distância com aulas para seu público. Um exemplo de curso com professor individual é o do Mairo Vergara, um professor de língua inglesa que oferta seus cursos a distância, via ambiente virtual de aprendizagem na internet (Figura 4). FIGURA 4 - SITE DO AMBIENTE DE ENSINO DO PROFESSOR MAIRO VERGARA FONTE: <http://mairovergara.com>. Acesso em: 3 dez. 2018. 1 Com relação à legislação brasileira no âmbito do ensino a distância, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Professores individuais podem criar seus próprios cursos livres de pós-graduação sem vínculo com outras instituições. ( ) Instituições de ensino não precisam ter previamente cursos presenciais para poder ofertar cursos de graduação a distância. ( ) Instituições de ensino precisam de regulamentação do Ministério da Educação para ofertar cursos de graduação a distância. ( ) A operacionalização de cursos de Ensino Fundamental e Médio a distância é permitida apenas em casos excepcionais. 23 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F - V - V - F. b) ( ) V - V - F - V. c) ( ) F - V - F - F. d) ( ) V - F - V - V. 4 Ferramentas e Ambientes de Aprendizagem As últimas gerações de ensino a distância, tanto a última geração no Brasil, quanto a última geração em nível mundial são baseadas no uso da internet para prover os processos educacionais. A plataforma que permite as interações e o acesso às mídias do meio educativo é denominada de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Estes ambientes são baseados na web, o conjunto de páginas interligadas que tem sua interação com o usuário baseada no navegador de internet (Chrome, Firefox, Opera etc.). O termo “web” que vem de World Wide Web (WWW) e tem seu sentido ligado à “teia que se espalha pelo mundo”. A tecnologia foi criada por Tim Berners-Lee está ligada ao sistema de navegação proporcionada pelos hiperlinks, interligando os documentos web, que são as páginas da internet, agrupados por sítios (sites). O uso do “www” o início do endereço dos sites está ligado ao termo web. Os AVA, baseados na web, se utilizam do conceito de hipermídia, conceito este ligado ao compartilhamento de diversas mídias por meio de hiperlinks. Desta forma, a navegação e a estruturação dos ambientes on-line são estruturados pela navegação entre os conteúdos, como páginas, arquivos e vídeos por meio dos hiperlinks (links). A terminologia técnica para os ambientes virtuais de aprendizagem é Learning Management System (LMS) ou sistema de gestão da aprendizagem. Estes sistemas abrangem todos os processos de ensino do meio educacional on-line, permitindo o intercâmbio de mídias e materiais didáticos, comunicação entre todos os atores envolvidos, controle de acesso e permissões, entre outras funcionalidades. O termo “web” que vem de World Wide Web (WWW) e tem seu sentido ligado à “teia que se espalha pelo mundo”. A tecnologia foi criada por Tim Berners-Lee está ligada ao sistema de navegação proporcionada pelos hiperlinks, interligando os documentos web, que são as páginas da internet, agrupados por sítios (sites). O uso do “www” o início do endereço dos sites está ligado ao termo web. 24 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Para conhecer mais sobre as estratégias brasileiras para a transformação do país por meio da inovação tecnológica baixe gratuitamente o livro “Estratégia Brasileira para a Transformação Digital”. Neste e-book, são demostradas as iniciativas ligadas à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação nas áreas de tecnologias da informação e comunicação voltadas à educação, capacitação, infraestrutura e novos modelos de negócio. Disponível em: <https:// www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/estrategiadigital. pdf/view>. Acesso em: 3 dez. 2018. Estes ambientes trazem para o âmbito on-line e virtual os conceitos de uma escola tradicional, eles são os sistemas que organizam e gerenciam os processos do dia a dia de uma instituição de ensino. De forma análoga, estes ambientes são capazes de criar as “salas de aula” e registrar o acesso e a “presença” do estudante nas aulas. O artigo científico dos professores portugueses Moreira, Barros e Monteiro (2015) avalia a fundo a aplicação prática de um ambiente virtual de aprendizagem, apontando aspectos desde o planejamento, design e operacionalização. MOREIRA, J. António; BARROS, Rita; MONTEIRO, Angélica. Avaliação do Impacto de Ambientes Virtuais na Percepção de Competências de Aprendizagem no Ensino das Ciências e das Expressões Físico-Motoras. In: Revista de Ensino de Ciências e Engenharia,, v. 6, n. 1, p. 14-30, 2015. Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/46335>. Acesso em: 3 dez. 2018. Os ambientes LMS podem ser livres ou proprietários. Os ambientes livres são baseados no conceito de software livre, ou seja, são sistemas de software gratuitos, livres de direitos de uso, que podem ser implementados por qualquer instituição. Geralmente, estes softwares são mantidos por alguma fundação sem 25 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 fins lucrativos. Os ambientes proprietários são softwares possuem um proprietário ou são desenvolvidos em consórcio com várias instituições. As instituições de ensino podem desenvolver seu próprio ambiente de ensino, adquirir um software de terceiros, ou ainda, utilizar um destes ambientes livres e gratuitos. Dentre os softwares livres de LMS, temos o Moodle, o Teleduc, o ATutor, o Claroline e o Chamilo, por exemplo. FIGURA 5 - SALA DE AULA ON-LINE DO MOODLE FONTE: O autor. O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment), traduzido como Ambiente de Aprendizagem Dinâmico, Modular e Orientado a Objetos é o mais conhecido dentre os gratuitos (Figura 5). Ele é um sistema web que necessita da instalação em um servidor web que o disponibilize para acesso à internet. Cada instituição que deseja utilizar o Moodle deve instalar e hospedar em seu servidor e disponibilizá-lo para acesso por um endereço web. O Moodle está disponível em 75 idiomas e é amplamente utilizado pelo mundo, seja em instituições de ensino ou em iniciativas independentes. 26 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Para a instalação, hospedagem, manutenção e disponibilização do Moodle na internet existem custos. O software livre é gratuito, mas a sua infraestrutura não é. No entanto, existem serviços on-line que permitem a criação de salas no Moodle gratuitamente, como o Ensine Online. Acesse em: <http://www.ensineonline.com.br>. Existe ainda o Google Classroom, ou Google Sala de Aula, um serviço de LMS da Google que integra as funcionalidades do Google Agenda, Gmail, Google Drive, Google Forms e Google Docs em um ambiente de ensino, baseado em “Salas de Aula”. O Google Classroom não é um software livre, é proprietário. Ele está ligado às contas coorporativas do Google, disponível para o meio empresarial. No entanto, várias instituições de ensino já possuem acesso à parceria corporativa, além disso, nas contas pessoais do Google você também tem acesso ao Google Classroom, permitindo assim a criação gratuita de classes, deste que estas classes não estejam ligadas a uma instituição formal. FIGURA 6 - SALA DE AULA ON-LINE DO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. 27 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Os AVA são compostos por ferramentas que auxiliam nos processos de ensino e aprendizagem on-line.Estas ferramentas são responsáveis por prover os recursos de interação e instrução no ambiente digital, fazendo com que estes possuam funcionalidades equivalentes a uma sala de aula comum, porém, de forma on-line. Vamos conhecer agora algumas destas ferramentas: Fórum: ferramenta de discussão, na qual alunos e professores podem propor tópicos de assuntos distintos, visando captar opiniões dos participantes. Os fóruns podem ser separados por assuntos e alguns LMS permitem a moderação prévia dos comentários dos alunos, solicitando ou não a aprovação prévia das opiniões dos participantes. Estas ferramentas podem ser utilizadas como instrumentos de avaliação, visando mensurar a participação efetiva do aluno no ambiente virtual, solicitando sua participação, interação ou opinião, por exemplo. FIGURA 7 - FÓRUM DE DISCUSSÃO DOS ALUNOS EM UMA SALA DO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. Mídia: ambientes virtuais de aprendizagem são vocacionalmente ligados às mídias digitais. Os ambientes permitem a postagem e o compartilhamento de arquivos com suas classes. Estes arquivos podem ser de áudio, como podcasts, aulas gravadas e músicas, podem ser também de vídeo, vinculando arquivos do Vimeo, YouTube ou vídeos próprios com palestras e aulas gravadas. As mídias disponíveis permitem também a postagem de livros, apostilas e demais arquivos de texto em formato digital, além dos mais variados formatos de arquivo. As mídias criam as “bibliotecas” de conteúdos dentro dos AVA. 28 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem FIGURA 8 - BIBLIOTECA DE MÍDIAS EM VÍDEO DO AMBIENTE DE ENSINO A DISTÂNCIA DA ALURA FONTE: O autor. Mensagens: assim como em uma rede social, a interação é algo essencial em um ambiente virtual de aprendizagem. Como em uma sala de aula presencial, a comunicação entre os alunos e professores é fator crucial, mesmo que de forma assíncrona. Assim, os ambientes virtuais, em geral, possuem ferramentas de mensagens, onde é possível enviar mensagens para o professor, para um aluno específico, para toda a turma, para todo o curso e assim por diante. FIGURA 9 - FERRAMENTA DE ENVIO DE MENSAGENS PARA TODA TURMA NO MOODLE FONTE: O autor. 29 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Chat: mesmo já existindo as ferramentas de mensagens, por vezes, se faz necessária uma comunicação síncrona, onde os estudantes entre si, ou com os professores, possam se comunicar no mesmo momento. Para tanto, existem as funcionalidades de chat, onde é possível a criação de “salas de bate-papo” para os participantes. Webconferência: com a evolução das tecnologias da informação e comunicação e, com a convergência das mídias, hoje em dia é trivial fazer uma reunião on-line, por áudio e vídeo. Sendo assim, é cada vez mais comum encontrar AVAs que possuem ferramentas de webconferência, onde alunos e professores participam de aulas ao vivo, utilizando o próprio AVA ou então ferramentas como Google Hangouts, Facebook Live etc. Teleconferência na Educação Médica Embora a teleconferência tenha sido empregada em todas as disciplinas e todos os domínios do conhecimento, foi particularmente difundida no campo da saúde e como um meio para prover educação medica continuada. Quase todos os profissionais de saúde precisam assistir a cursos regularmente para se manterem atualizados com os avanços na medicina, e o pessoal médico atua em diversos locais de qualquer estado, de modo que fica difícil organizar aulas presenciais para a maioria dos profissionais. Além disso, a especialização em determinadas doenças ou certos tratamentos é muito escassa; a teleconferência pode ser usada para disseminar tal especialização para um grande público oportunamente. O uso de videoconferência é especialmente valioso por permitir que sejam demonstrados novos procedimentos e equipamentos médicos. FONTE: MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Distance Education: A systems view of online learning. Cengage Learning, 2011. Avaliações e Atividades: como parte do processo educacional, a avaliação é algo necessário, mesmo no âmbito da EAD. Assim, os AVAs também são capazes de fornecer subsídios para que os docentes componham instrumentos de avaliação nas própria plataforma on-line. Desta forma o aluno é capaz de responder a questões objetivas e discursivas, enviar arquivos e realizar avaliações a partir do próprio ambiente on-line. 30 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem FIGURA 10 - FERRAMENTA DE AVALIAÇÕES DO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. Objetos de Aprendizagem: além das mídias e dos materiais disponibilizado, os ambientes permitem também o compartilhamento de elementos multimídia interativos baseados nas tecnologias web e de hiperlinks, amparados, por exemplo, no padrão SCORM, onde o aluno pode ter uma experiência mais imersiva sobre o tema apresentado. Estes elementos interativos, denominados de objetos de aprendizagem, podem ser simuladores de componentes eletrônicos, simuladores de fenômenos físicos, pequenos games sobre o tema, entre outros. 31 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 FIGURA 11 - OBJETO SIMULADOR DE CIRCUITOS ELÉTRICOS DA UNIVERSIDADE DE TWENTE (HOLANDA) FONTE: Disponível em: <https://www.golabz.eu/lab/ electrical-circuit-lab>. Acesso em: 3 dez. 2018. Para o compartilhamento de objetos de aprendizagem foi desenvolvido o SCORM (Shareable Content Object Reference Model), o Modelo de Referência para Objetos de Conteúdo Compartilháveis, um padrão mundial de interoperabilidade entre objetos de conteúdo. Diversos LMS’s são compatíveis com SCORM, ou seja, permite que objetos de aprendizagem desenvolvidos sob o padrão SCORM sejam inseridos no ambiente com compatibilidade garantida (CARDOSO, 2007). Agenda: como em uma sala de aula normal, as salas de aula a distância possuem também seus prazos, obrigações e cronogramas. Assim, os ambientes virtuais costumam apresentar ferramentas como agendas e calendários com os compromissos do curso. Para o compartilhamento de objetos de aprendizagem foi desenvolvido o SCORM (Shareable Content Object Reference Model), o Modelo de Referência para Objetos de Conteúdo Compartilháveis, um padrão mundial de interoperabilidade entre objetos de conteúdo. Diversos LMS’s são compatíveis com SCORM, ou seja, permite que objetos de aprendizagem desenvolvidos sob o padrão SCORM sejam inseridos no ambiente com compatibilidade garantida (CARDOSO, 2007). 32 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem FIGURA 12 - AGENDA DO GOOGLE CLASSROOM INTEGRADA COM O GOOGLE CALENDAR FONTE: O autor. Mural e Notícias: em geral, as salas de aula dos AVAs, possuem algumas telas baseadas no conceito de feed, em que as interações, materiais e avisos são dispostos de forma cronológica descendente, dos mais recentes aos mais antigos. Na internet, o conceito de feed está ligado ao fluxo de informações contínuas dispostas em um canal. São registros cronológicos comumente utilizados nas redes sociais, onde todas as informações são linearmente exibidas para os usuários. FONTE: <https://www.tecmundo.com.br/rss/252-o-que- sao-feeds-.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018. Na internet, o conceito de feed está ligado ao fluxo de informações contínuas dispostas em um canal. São registros cronológicos comumente utilizados nas redes sociais, onde todas as informações são linearmente exibidas para os usuários. FONTE: <https://www. tecmundo.com.br/ rss/252-o-que-sao- feeds-.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018. 1 Com base no estudo de caso a seguir, realize a produção solicitada: Uma instituição de finalidade dupla deseja fornecer a distância a disciplina de Metodologia Científica nas suas graduações presenciais. Para tanto, o ambiente virtual de ensino e aprendizagem da referida disciplina precisa ser projetada. Esta disciplina estará disponível para todos os cursos da instituição,33 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 que envolvem graduações na área da saúde (nutrição, medicina e enfermagem), tecnologia (engenharias e computação) e educação (pedagogia, letras, matemática e história). Ementa da Disciplina: conhecimento científico, formas de conhecimento, teoria do conhecimento, ciência e pesquisa, metodologia do trabalho científico, métodos de pesquisa e trabalhos acadêmicos. Você é o responsável pela implantação desta disciplina no ambiente de ensino a distância da instituição. Elabore as estratégias interativas baseadas em mensagens, avisos e notícias, como devem ser as mídias adicionadas no ambiente, qual deve ser o tema do fórum de abertura e discussão da disciplina e como deve ser ao menos um dos objetos de aprendizagem a serem produzidos para o ambiente. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5 Abordagens Metodológicas Os AVAs são utilizados no âmbito da EAD, seja ela puramente a distância ou parcialmente a distância, ou apenas complementar ao ensino presencial. Como já tratamos na Seção 2 deste capítulo, a EAD é intencional, sendo denominada como educação a distância e não como ensino a distância, justamente por abranger tanto os processos de ensino como de aprendizagem. Por essas razões, a EAD é sistemática e baseada na junção das teorias educacionais com as novas mídias. Desta forma, vamos conhecer agora algumas abordagens metodológicas que envolvem a operacionalização da EAD. 34 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Sendo algo intencional, sistemático e planejado, um projeto de EAD também deve possuir um plano de aulas. Conheça no artigo “Plano de aula: guia completo para cursos online” da Edools algumas ideias de como elaborar um plano de aula para EAD. Disponível em: <https://www.edools.com/plano-de-aula/>. Acesso em: 3 dez. 2018. 5.1 Autonomia Como conceito de educação flexível, amparada na necessidade de transpor barreiras especiais e temporais, a EAD parte do princípio de que deve prover a autonomia do aluno. Sendo assim, é um desafio dos sistemas educacionais fornecer estruturas interativas que sejam capazes de prover a avaliar o aprendizado do aluno a distância. A autonomia do aluno pressupõe ritmos, capacidades e tempos dedicados ao aprendizado totalmente distintos. O aluno tem a autonomia de ditar o seu ritmo de estudos, os tutores, instrutores, professores, ou demais atores de apoio ao processo devem estruturar os programas visando a adequação à realidade de cada indivíduo. Este aluno, como indivíduo, possui sua própria história pregressa e suas capacidades de assimilação de conceitos, perfazendo assim, a capacidade construtivista que a aprendizagem autônoma expõe. Além do construtivismo, a autonomia do aluno também exerce o que Vigotsky trata como transferência (MOORE; KEARSLEY, 2011): Por meio da troca de significados e do desenvolvimento de uma compreensão compartilhada no âmbito daquilo que Vygotsky denomina zona de desenvolvimento próximo, os alunos gradualmente assumem controle do processo de aprendizado. Eles entram em uma comunidade de ideias partilhadas na condição de principiantes e, apoiados por um professor (ou outra pessoa mais competente), principalmente mediante sua capacitação cada vez maior no uso da ferramenta da linguagem, assumem progressivamente a responsabilidade por seu próprio aprendizado. Nessa perspectiva do aprendizado baseada na teoria de Vygotsky, um diálogo entre professor (o mais competente) e o aluno é acompanhado por uma mudança de controle do processo de aprendizado, que passa do professor para o aluno (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 242). Como no EAD se busca a facilitação dos processos de desenvolvimento do aprendizado do aluno, o professor se demonstra como um dos recursos educacionais no meio a distância. O processo é centrado no aluno, baseado na 35 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 sua disposição em aprender, na sua capacidade de administrar os conhecimentos adquiridos e no seu papel de indivíduo identificado pelo sistema como um ser autônomo (ZUIN, 2006). A autonomia é um dos principais atributos do meio educacional a distância, uma das principais características do aluno e a abordagem metodológica central. A autonomia é uma construção contínua do individuo, baseado na comunicação e na colaboração com o ambiente (CARVALHO, 2009). O Construtivismo é uma teoria educacional do biólogo e psicólogo suíço Jean Piaget. Esta escola avalia o conhecimento como o fruto de uma junção de experiências ativas que envolvem a elaboração de significados deste conhecimento de forma subjetiva, onde o próprio sujeito é o ator principal da construção do conhecimento (PIAGET, 2013). 5.2 Cooperação Da mesma forma que ocorre em uma sala de aula comum, nas sala dos ambientes de EAD, a cooperação é algo essencial. Segundo Campos et al. (2003), experiências de ensino e aprendizagem a distância, quando os indivíduos se envolvem como um todo, suprimindo experiências individuais, quando estes cooperam entre si, desenvolvendo sinergia com os envolvidos, este trabalho tende a produzir resultados superiores aos obtidos em experiências solitárias. O aluno EAD deve se colocar como parte de um todo, como integrante de uma turma. Os ambientes de ensino a distância buscam fornecer subsídios para que a comunicação e a colaboração seja relevante na sala de aula virtual, sendo possível tornar a sala de aula on-line tão interativa e colaborativa quando uma sala de aula formal. A experiência de estudar a distância em um primeiro momento pode se demonstrar demasiadamente solitária, em que o “eu”, define quando e onde irá estudar. No entanto, justamente pelas características do EAD, a experiência educacional baseada em ambientes virtuais pode se tornar cada vez mais rica, visto que nestas iniciativas é possível conviver e interagir com professores e colegas espalhados geograficamente por diversas partes do país e do mundo. 36 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Assista ao vídeo do Professor Mário Sérgio Cortella sobre a importância da cooperação em face à competitividade. Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?v=Q2mfIDPuXNc>. Em muitos programas, os educadores consideram também desejável que os alunos interajam. Com a tecnologia de teleconferência, os criadores podem formar grupos de alunos em cooperação e os instrutores podem facilitar o apoio entre os colegas e a obtenção de conhecimento pelos alunos. Com o advento da tecnologia da internet, isso pode ser feito de um modo assíncrono, e os alunos podem participar de grupos virtuais sem precisarem estar fisicamente presentes em um local de recepção, conforme ocorre na áudio ou na videoteleconferência (MOORE; KEARSLEY, 2011, p. 17). A aprendizagem cooperativa busca a potencialização das habilidades interpessoais, as habilidades litadas à análise de grupos, à resolução de problemas, à independência positiva e à responsabilidade individual amplificada pelo esforço coletivo. A motivação do estudo a distância emerge da autonomia do aluno, potencializada pelo senso de coletividade, visando desenvolver a capacidade de estruturar mentalmente novas capacidades de assimilação de conteúdos, preferencialmente em grupo (CAMPOS et al., 2003). Algumas instituições costumam organizar atividades presenciais de estudo, em centros especializados locais. Nestes eventos, os alunos participamde atividades face a face e são realizados em locais com equipamentos de instrução ou em bibliotecas. Estas reuniões podem ser em pequenos ou grandes grupos, visando à interação e à colaboração. Estes polos costumam ser gerenciados por administradores treinados para o apoio a distância, sendo preparados para estas atividades presenciais de cooperação no âmbito do EAD (MOORE; KEARSLEY, 2011). Além da cooperação, é necessário que os envolvidos no processo, sejam eles alunos ou professores, também atuem com o senso de colaboração. Quando os atores estão se auxiliando mutuamente para alcançar um objetivo, estes estão cooperando uns com os outros. Agora, quando estão trabalhando em conjunto para desenvolver algo coletivamente, estes estão colaborando uns com os outros. Além da cooperação, é necessário que os envolvidos no processo, sejam eles alunos ou professores, também atuem com o senso de colaboração. Quando os atores estão se auxiliando mutuamente para alcançar um objetivo, estes estão cooperando uns com os outros. Agora, quando estão trabalhando em conjunto para desenvolver algo coletivamente, estes estão colaborando uns com os outros. 37 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 5.3 Midiatização A midiatização é um conceito oriundo das evoluções urbanas e das novas tecnologias da informação e comunicação, vetorizadas pelo mercado. É a realidade do cotidiano atual, baseada no demasiado uso das mídias no cotidiano, onde os indivíduos abrem mão da corporeidade para interagir com os dispositivos tecnológicos (SODRÉ et al., 2006). Midiatização, como fenômeno antropológico cria o habitat para as novas gerações, os tidos nativos digitais, que já nasceram com acesso à internet, aos dispositivos móveis e aos canais de streaming com banda larga (PRENSKY, 2010). Que tal criar suas próprias mídias digitais para os cursos on- line? Acesse o artigo da Elore sobre ferramentas gratuitas para produzir conteúdos para cursos EAD e conheça como desenvolver estas mídias para as suas aulas. Disponível em: <http://blog.elore. com.br/12-ferramentas-gratuitas-conteudo-online/>. Acesso em: 3 dez. 2018. Neste sentido, a midiatização é algo essencial em ambientes de ensino a distância. Esta, além de voltada à variedade de mídias disponíveis para consulta, como vídeos, objetos de aprendizagem interativos, também deve ser voltada à capacidade de acesso por outros dispositivos além do computador comum, como por celulares, tablets, televisão e até por relógios, culminando no u-learning, onde o aluno está imerso por acessos ao conteúdo. As tecnologias são fatores cruciais para a produção e distribuição das mídias, porém, não é necessariamente papel dos docentes se preocuparem com a sua produção. Em virtude de a comunicação ser tão importante para a educação a distância, todo aluno e usuário precisa conhecer um pouco a respeito de cada tecnologia e também da mídia que a veicula. Definitivamente, não é necessário ter um conhecimento especializado a respeito de como as tecnologias operam nem ser capaz de remediá-las caso apresentem problemas. Como educadores a distância, dependemos de programadores especializados, operadores de câmera, engenheiros e produtores, a fim de assegurar que as tecnologias que transmitirão o ensino operem do modo que devem. Precisamos conhecer o suficiente a respeito delas 38 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem para sermos capazes de formular perguntas inteligentes, fazer sugestões, saber quando algo não está operando como deveria e, acima de tudo, conhecer os limites e o potencial de cada uma das tecnologias (MOORE; KEARSLEY, 2011, p. 77). É papel docente identificar, desenhar e garantir o uso de novas mídias nos ambientes virtuais de aprendizagem, uma destas opções, por exemplo, pode ser o uso de podcasts. Estes, são arquivos de áudio pré-gravados, são mídias que podem ser utilizadas no meio educacional. Com uma dinâmica semelhante a do rádio, programas de podcasts possuem fácil produção, podendo ser gravados e editados com um simples celular, por exemplo (PISA, 2012). Conheça o podcast “Papo de Educador”, um podcast voltado para professores, reunindo episódios acerca do fazer docente apresentando conteúdos sobre experiências, práticas, atualidades e teorias educacionais. Disponível em: <https://papodeeducador.com. br>. Acesso em: 3 dez. 2018. Das mídias, com a convergência tecnológica dos equipamentos, surge o uso da multimídia, a combinação de diferentes mídias em um mesmo contexto. Arquivos de vídeo, por exemplo, combinam quadros de imagem (vídeo) e uma trilha de som (áudio), esta junção torna a mídia vídeo em um contexto “multi” mídias, por combinar duas formas de arquivos. Neste sentido, um ambiente virtual de aprendizagem na internet, acessado por navegadores web, por exemplo, combina textos e imagens em uma mesma mídia, assim como livros que possuem imagens textos e links, entre outros materiais que utilizam duas ou mais mídias distintas. Sobre o uso das multimídias na educação Moran (1995, s.p.) já salientava que: A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, mais e mais não linear. As técnicas de apresentação são mais fáceis hoje e mais atraentes do que anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar qualquer trabalho através de sistemas multimídia. O som não será um acessório, mas uma parte integral da narrativa. O texto na tela aumentará de importância, pela sua maleabilidade, facilidade de correção, de cópia, de deslocamento e de transmissão. 39 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 1 Os arquivos multimídia são baseados na junção de outras mídias e permitem experiências mais imersivas ou interativas para os indivíduos. Sobre a mídia que não corresponde às características de uma mídia do tipo multimídia, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) Podcast. b) ( ) Livro didático. c) ( ) Página Web. d) ( ) Videoaula. 5.4 Mediação As tecnologias da informação e comunicação, quando aplicadas na educação, devem ser consideradas apenas como ferramentas nas mãos do professor. Por mais que a gênese dos AVAs seja tecnológica, o professor ainda é o orquestrador do processo educacional. A cadeia de valor do EAD é composta por vários atores, como tutores, conteudistas, monitores e demais profissionais. No entanto, todos estes são necessariamente profissionais da educação, mentores e mediadores do processo educacional. As ferramentas tecnológicas do EAD proveem aspectos interativos baseados na mediação, é papel do mediador motivar a turma com mensagens, vídeos e notícias. Faz parte dos seus afazeres moderar as respostas e os comentários dos alunos nos fóruns, avaliar os arquivos enviados, as atividades e as avaliações (VIANEY, 2003). O livro Sala de Aula Interativa (Editora Quartet), do professor Marco Silva, trata da importância da interação entre professores e alunos no âmbito da sala de aula, seja ela a distância, presencial ou híbrida. A obra trata do papel do professor como maestro dos processos de ensino mediados ou não pela tecnologia. 40 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Segundo Moore e Kearsley (2011), os alunos a distância precisam se sentir parte de uma turma, precisam se sentir como membros de uma instituição de ensino, para isso é necessário que eles sejam capazes de se comunicar com ela e, não apenas receber materiais que a mesma distribui. Para tanto, é necessária a real mediação dos instrutores nos ambiente virtuais. Os materiais são em geral desenvolvidos para um grande público, para atender uma parcela genérica do público-alvo, por isso a necessidade do acompanhamento efetivo de um profissional na mediação da turma, realizando um atendimento mais relevante sob o ponto de vista pessoal do aluno. De modo análogo às tecnologias em áudio e vídeo, é um desafiofazer que os alunos on-line participem de discussões de valor pedagógico e relevância para o conteúdo do curso, exigindo que os instrutores desenvolvam boas aptidões de mediação (MOORE; KEARSLEY, 2011). O grau de interação entre alunos e profissionais de mediação varia entre cada instituição. Os criadores dos cursos e a filosofia da organização, a capacidade soa alunos, as tecnologias envolvidas, a área de conhecimento dos conteúdos abordados e grau do curso são alguns dos pontos que definem como são definidos os limites desta mediação. Os criadores do curso definem o grau de interação na concepção do curso e são baseadas nas atividades e conteúdos previamente definidos. A semelhança na grafia entre mediação e midiatização já era uma preocupação de Sodré et al. (2006). Segundo os autores, mediação tem o sentido de fazer a ponte ou permitir a comunicação entre duas partes, enquanto isso, a midiatização é a “tecnomediação”, uma mediação midiática, baseada nas tecnologias, alavancada pelos fenômenos mercadológicos da informação e comunicação. FONTE: SODRÉ et al. (2006). Algumas instituições costumam programar atividades face a face, quando é necessária uma mediação específica baseada em atividades de laboratório, por exemplo, principalmente quando não é possível o uso de equipamentos de comunicação tecnológicos ou simuladores virtuais (MOORE; KEARSLEY, 2011). 41 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Atividade Prática Vamos agora criar o nosso próprio ambiente virtual de aprendizagem no Google Classroom. Verifique com a sua instituição se ela possui a parceria corporativa com o Google do G Suite for Education e utilize sua conta empresarial para isso. Caso sua instituição não possua este acesso, não há problema, pois utilizando a sua própria Conta Google pessoal você pode criar salas de aula virtuais no Google Classroom. Para isso, a operação é bem simples, acesse sua conta Google em qualquer uma das ferramentas, uma das ferramentas mais conhecidas é o Gmail, por exemplo. Assim, com o Gmail aberto, clique no ícone superior direito de “Aplicativos”, ou “Google Apps”, e rolando para o final da lista você encontrará o ícone do Google Classroom, ou Google Sala de Aula, conforme a Figura 13. FIGURA 13 - ACESSO AO GOOGLE CLASSROOM PELA CONTA GOOGLE FONTE: O autor. Agora, já dentro da ferramenta Google Sala de Aula, você poderá clicar no botão de “mais”, no canto superior direito e selecionar a opção “Criar turma” (Figura 14). 42 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem FIGURA 14 - CRIAR TURMA NO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. Na próxima tela (Figura 15), há um detalhe importante, caso você não esteja acessando ao Google Clasroom a partir de uma instituição credenciada pelo Google, ou seja, esteja acessando pela sua conta pessoal do Google, a sala de aula criada não deve ser equivalente a uma turma de uma escola. Para isso, existe esta tela de confirmação dos termos de uso. FIGURA 15 - TERMOS DE USO DO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. 43 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Com os termos aprovados, você já pode criar a sua turma. Basta clicar no botão de “mais”, no canto superior direito e selecionando a opção “Criar turma”. Na tela seguinte (Figura 16), você deve colocar os detalhes da turma, como nome, assunto etc. Após isso, sua sala de aula já será criada. FIGURA 16 - CRIAÇÃO DE TURMA NO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. Na Figura 17, a turma é apresentada. Você pode personalizar o estilo da turma, a imagem do topo, os conteúdos etc. Esta é a tela inicial, onde ficará o feed com as mensagens, interações, materiais e atividades da turma. FIGURA 17 - TELA INICIAL DA TURMA DO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. 44 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem O próximo passo é criar as atividades, para tanto, nos links superiores centrais, clique em “Atividades” e então em “Criar”. Aqui você pode adicionar as atividades da sala de aula, ela pode ser uma tarefa, em que você propõe uma atividade avaliativa, na qual os alunos enviarão arquivos para sua posterior correção e avaliação. Pode ser criada uma pergunta, em que por meio de um fórum os alunos poderão responder a sua pergunta, ou interagir uns com as respostas dos outros e é possível também adicionar um material didático ou uma mídia para estudos, por exemplo. Vamos iniciar criando um material. Assim, após selecionar “Atividades” e “Criar”, clique na opção “Material” (Figura 18). FIGURA 18 - ADIÇÃO DE ATIVIDADES NO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. Na tela de cadastro do material (Figura 19), você pode inserir os detalhes do material disponibilizado e incluir as mídias, que podem ser via upload de arquivos, via Google Drive, via YouTube ou via link. 45 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 FIGURA 19 - TELA PARA INSERIR UM MATERIAL NA SALA DO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. Como citado anteriormente, uma das atividades disponíveis para cadastro no Google Classroom é a “Tarefa”. Nela, podem ser feitas atividades avaliativas, onde o professor estipula o enunciado e os objetivos da atividade, define o prazo de entrega, pontuação e instruções (Figura 20). A partir disso, o aluno pode enviar seus arquivos de resposta para posterior correção e avaliação por parte do professor. FIGURA 20 - TELA PARA INSERIR UMA TAREFA NO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. 46 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Para a sala de aula virtual do Google Classroom estar pronta falta apenas os alunos. Para isso, nos links superiores, clique em “Pessoas” e então em “Convidar”, na lista de alunos (Figura 21). Nesta opção, você pode convidar seus alunos pelos seus e-mails, assim, eles receberão seus convites e acessos à sala de aula do Google Classroom. FIGURA 21 - TELA PARA CONVIDAR ALUNOS NO GOOGLE CLASSROOM FONTE: O autor. 6 Algumas Considerações Após conhecer os princípios da EAD e da sua distinção do ensino a distância, é importante identificar que os ambientes virtuais tratam de processos de ensino e também de aprendizagem. Estes ambientes são baseados na evolução das tecnologias da comunicação e comunicação, acelerada pela convergência das mídias, perfazendo, assim, as gerações do ensino a distância, que envolvem desde as iniciativas de educação por correspondência, até os modernos ambientes digitais baseados na internet. A operação dos cursos a distância é dividida em níveis, sendo que em cada país existe uma regulamentação para cada nível. O que não impede que professores, de forma independente, criem seus próprios ambientes virtuais de apoio ao ensino. Existem instituições que combinam ensino presencial e a distância, mas existem também instituições que operam apenas no modelo on- line, tratadas também como Universidades Abertas. 47 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Capítulo 1 Os ambientes virtuais de ensino e aprendizagem são repletos de ferramentas, porém, estas não se limitam apenas às ferramentas listadas neste capítulo. Por serem baseadas em tecnologias da informação e comunicação, é constante a evolução destas ferramentas, assim, é provável que no ambiente virtual que você irá utilizar, novas ferramentas sejam implementadas, ou você mesmo pode as propor e desenvolver em sua instituição, visto que dentre as abordagens metodológicas utilizadas pelo educador a distância, uma delas é a mediação. Autonomia, cooperação, midiatização e mediação são características importantes da EAD, os aparatos tecnológicos e as abordagens modernas de comunicação via streaming potencialização a capacidade de ensino e aprendizagem do meio educacional, porém, ainda assim, a EAD é necessariamente intencional. Pequenas pesquisas informais, simples visualizações no YouTube ou navegadas nas páginas na internet não constituem necessariamente processos de ensinoe aprendizagem. A educação a distância é sistemática, baseada em pressupostos, planejada e fruto da junção de uma equipe multidisciplinar na produção dos materiais, no desenvolvimento do ambiente virtual de aprendizagem e, principalmente, no acompanhamento e monitoração dos resultados, dúvidas e avaliações dos alunos. A EAD é baseada no aprendizado planejado, no ensino midiatizado, mediado pela tecnologia visando atingir educandos que estejam separados no tempo e no espaço da instituição. As últimas gerações de EAD são as baseadas no uso da internet e dos navegadores web, que possibilitaram o uso dos ambientes virtuais de aprendizagem, porém, é importante ressaltar que a midiatização não se limita aos recursos, mas também aos dispositivos. Assim, AVAs podem também estar disponíveis em dispositivos móveis (m-learning), na televisão (t-learning) ou até em outros dispositivos ligados ao dia a dia (u-learning). A escolha do ambiente virtual de aprendizagem depende de cada projeto e de cada instituição. A realidade local deve ser levada em conta. Existem instituições que possuem equipes internas de tecnologia, existem instituições que possuem orçamento para a terceirização destes serviços, existem ainda os softwares livres de LMS, porém, estes demandam ainda algum investimento. Para cursos livres, grupos de estudo e para professores independentes existem ainda plataformas que permitem o uso gratuito do Moodle, por exemplo, e também há iniciativas como o Google Clasroom, que podem suprir estas necessidades. No entanto, a sistematização e a intencionalidade do EAD não limitam a aquisição do conhecimento. No âmbito dos ambientes virtuais de aprendizagem, a colaboração em ambientes de aprendizagem digitais não formais, acrescidos pela evolução dos dispositivos e redes sociais culminam no uso das ferramentas colaborativas abertas, as comunidades virtuais de aprendizagem, tema do nosso próximo capítulo. 48 Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem Referências BRASIL. Ministério da Educação. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.134, de 10 de outubro de 2016. Revoga a Portaria MEC nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, e estabelece nova redação para o tema. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 out. 2016. CAMPOS, F. C. A. et al. Cooperação e Aprendizagem Online. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. CARDOSO, Fernando. Gestores de e-learning: saiba planejar, monitorar e implantar o e-learning para treinamento corporativo. São Paulo: Saraiva, 2007. CARRARA, Rosangela Martins. Formação de Professores na EAD: Reflexões Iniciais sobre a Docência no Brasil. Curitiba: Appris, 2016. CARVALHO, Ana Beatriz Gomes. A Educação a Distância e a formação de professores na perspectiva dos estudos culturais (Tese de Doutrado). João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2009. LITWIN, Edith. Educação à Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. MILL, Daniel Ribeiro Silva; RIBEIRO, Luis Roberto de Camargo; OLIVEIRA de, Marcia Rozenfeld Gomes. Polidocência na educação a distância: múltiplos enfoques. SciELO-EdUFSCar, 2010. MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Gengage Learning, 2008. MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. 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No seu dia a dia, o uso da tecnologia para seu lazer é constante. Naturalmente, estes nativos digitais costumam recorrer à tecnologia para estudar. No entanto, por vezes, se deparam com uma escola antiquada para os seus padrões. Assim, é necessário desenvolver abordagens digitais das aulas, somando as potencialidades dos meios educacionais presencial e a distância. Tal e qual na sala de aula formal, os ambientes virtuais de aprendizagem, que servem como “salas de aula digitais” precisam desenvolver aspectos coletivos para potencializar o aprendizado dos alunos. Se em uma sala de aula comum os colegas podem colaborar com a construção do conhecimento uns dos outros, nas salas de aula on-line é necessário desenvolver este mesmo senso de pertencimento, é necessário criar grupos, turmas colaborativas, comunidades de aprendizagem virtuais. Neste capítulo, responderemos algumas perguntas, como: Qual a diferença entre um ambiente virtual de aprendizagem e uma comunidade virtual de aprendizagem? Qual a possibilidade de um professor ser substituído por computadores? E se é possível desenvolver experiências concretas para a construção do conhecimento em iniciativas educacionais on-line. Primeiro, vamos conhecer o conceito de aprendizagem colaborativa e inteligência coletiva e como isso pode ser aplicado no setor educacional, seja este presencial ou a distância. Depois vamos discutir sobre o conceito de comunidade, permeando as comunidades físicas, ou tidas como “reais” e as virtuais, digitais, a distância. Em seguida, vamos conhecer as comunidades de aprendizagem, como desenvolvê-las e quais ferramentas podem auxiliar na criação de comunidades virtuais de aprendizagem. Ao final, vamos conversar um pouco sobre as potencialidades do ensino híbrido e da sala de aula invertida como plataforma para a dinamização dos cursos, misturando aspectos presenciais e a distância. 2 Aprendizagem Colaborativa As tecnologias que originaram a geração atual da educação a distância e que possibilitam o desenvolvimento dos modernos ambientes virtuais de ensino e aprendizagem permitem a operacionalização digital de contextos em que grupos de pessoas tem o mesmo objetivo em comum, o de construir o aprendizado. Esta característica é denominada de aprendizagem colaborativa.