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Sumário 1. REPRESENTATIVIDADE PONTO / PROVAS 2014-18 .................................................................. 3 2. PONTO 7 ...................................................................................................................................................... 4 Direito Internacional Privado ....................................................................................................... 4 Fontes ..................................................................................................................................................... 6 Regramento no Brasil ...................................................................................................................... 6 Aplicação da Lei no Espaço .......................................................................................................... 8 Características da Norma de DIPrivado .................................................................................. 9 Elementos de Conexão ................................................................................................................ 10 Princípios Positivos dos Elementos de Conexão .............................................................. 20 Institutos Básicos de DIPrivado ................................................................................................ 23 Direito Estrangeiro ......................................................................................................................... 26 Meios de Prova do Direito Estrangeiro ................................................................... 27 Ônus da Prova do Direito Estrangeiro ..................................................................... 29 Interpretação do Direito Estrangeiro ........................................................................ 30 Resumo Ponto 7 ......................................................................................................................... 45 3 1. REPRESENTATIVIDADE PONTO / PROVAS 2014-18 PONTO N. QUESTÕES % 1 2 2,44 2 10 12,20 3 8 9,76 4 16 19,51 5 6 7,32 6 4 4,88 7 6 7,32 8 3 3,66 9 17 20,73 10 10 12,20 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO – ponto 7 4 2. PONTO 7 RESOLUÇÃO Nº 067, DE 03/07/09 RESOLUÇÃO No 407, DE 10/06/16 14. Direito Internacional Privado brasileiro. Fontes. Conflito de leis no espaço. Normas indiretas. Qualificação prévia. Elemento de conexão. Reenvio. Prova. Direito estrangeiro. Interpretação. Aplicação. Exceções à aplicação. 7. Direito Internacional Privado brasileiro. Fontes. Conflito de leis no espaço. Normas indiretas. Qualificação prévia. Elemento de conexão. Reenvio. Prova. Direito estrangeiro. Interpretação. Aplicação. Exceções à aplicação. Direito Internacional Privado • Surgimento: 1834, norte-americano Joseph Story editou a obra “Comentários sobre os Conflitos de Leis”. • Objeto: nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro, conflito das leis, conflito de jurisdições (concepção francesa) e direitos adquiridos (Pillet). O Direito Internacional Privado, ao trabalhar com o conflito das leis – inegavelmente o campo mais amplo e importante do seu objeto -, há de 5 criar regras para orientar o Juiz sobre a escolha da lei a ser aplicada (Jacob Dolinger e Carmem Tibúrcio). Ramo do Direito que visa a regular os conflitos de leis no espaço em relações de caráter privado que tenham conexão internacional, determinando qual a norma jurídica nacional que se aplica a esses vínculos, que poderá tanto ser um preceito nacional como estrangeiro. (Portela) DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Regulação da sociedade internacional Regulação dos conflitos de leis no espaço Disciplina direta das relações internacionais ou as relações internas de interesse internacional Indicação da norma nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional entre ordenamento eventualmente aplicáveis Normas de aplicação direta Normas meramente indicativas do Direito aplicável Regras estabelecidas em normas internacionais Regras estabelecidas em normas internacionais ou internas Regras de Direito internacional público Regras de Direito Internacional Público ou de Direito Interno 6 Fontes Direito Interno Direito Internacional • Lei • Tratados • Costume • Costume • Jurisprudência • Jurisprudência • Doutrina • Doutrina • Princípios Gerais do Direito • Princípios Gerais do Direito • Analogia (lacuna) • Princípios Gerais do DIP • Atos de Organizações Internacionais • Soft law • Direito Internacional • Tratados • Costume • Jurisprudência Regramento no Brasil • Leis no direito brasileiro ჻ CF (art. 4 e art. 105, I, “i”) 7 ჻ LINDB (Lei 12.376/2010) ჻ CPC/2015: Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. Título II do Livro I - OS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL (arts. 21 a 41) Capítulo VI do Título I do Livro III - DA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E DA CONCESSÃO DO EXEQUATUR À CARTA ROGATÓRIA (art. 960 a 965) ჻ Regimento Interno do STJ (arts. 216-A a 216-X) ჻ Lei 9.307/96 atualizada pela Lei 13.129/2015 • Tratados ჻ Convenção de Direito Internacional Privado, de 1928 (Código Bustamante – Dec. 18.871/1929) ჻ Conferência da Haia de Direito Internacional Privado (Dec. 3832/2001), alterada pelo Estatuto Emendado da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado, de 2005 (Dec. 7.156/2010) 8 Aplicação da Lei no Espaço • CONCEITO: situações em que mais de um ordenamento nacional possa incidir sobre uma relação privada que transcende as fronteiras de um ente estatal, ou seja, que tenha conexão internacional. A resolução desses conflitos é um dos objetos do DIPrivado. • PRINCIPIO DA TERRITORIALIDADE: é a regra geral pela qual o Estado pode aplicar as normas de sua própria ordem jurídica a todas as relações que se desenvolvam dentro de seu território, ainda que diante de um conflito de leis no espaço. • ORIGEM: ჻ Grécia e Roma Antiga (Pretor Peregrino), ჻ Bartolo considerado o“pai do DIPrivado” (Escola de Glosadores) ჻ Joseph Story: noção de territorialidade, caráter de “Direito nacional” e domicílio ჻ Savigny: pregou a “harmonia internacional das decisões” e o caráter universal do DIPrivado, rompeu com a análise da relação a partir do estatuto pessoal ou real, a qual deveria se dar a partir da relação (domicílio). ჻ Pasquale Mancini: nacionalidade, autonomia da vontade, salvo ofensa a ordem pública do Estado 9 Características da Norma de DIPrivado • Norma de sobredireito, indireta • Norma aplicável: norma nacional ou estrangeira a ser aplicada a uma relação privada com conexão internacional é regulada pela lex fori (norma jurídica aplicada no foro onde deduzido o litígio). • Norma de DIPrivado é formada por: OBJETO DE CONEXÃO ELEMENTO DE CONEXÃO matéria à qual se refere a norma, ex: personalidade, capacidade, direitos de família, etc. critério que determina o Direito nacional aplicável à matéria, ex: domicílio, nacionalidade, lex fori, etc.) LINDB: Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 10 Elementos de Conexão LEI DO DOMICÍLIO (lex domicilii) Principal elemento de conexão adotado no Brasil. Aplicável também nas hipóteses seguintes: Art. 7 § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentese às formalidades da celebração. § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 11 NACIONALIDADE (lex patriae) Aplica-se aos conflitos de leis a norma do Estado do qual a pessoa é nacional em duas hipóteses que excepcionam a regra geral de que as formalidades do casamento regem-se pela norma do local da celebração. Art. 7º § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. Caso sejam apátridas ou refugiados: “O estatuto pessoal de um refugiado será regido pela lei do país de seu domicílio, ou, na falta de domicílio, pela lei do país de sua residência”. (art. 12, par. 1 da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954 e 12, par. 1 da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados) → QUESTÕES Questão 100 TRF3 (XVIII – 2016). Assinale a alternativa incorreta: a) Realizando-se o casamento no exterior, pela autoridade estrangeira, será aplicada a lei do local da celebração com relação aos impedimentos dirimentes e às formalidades. 12 b) O casamento de um brasileiro, domiciliado ou não no exterior, celebrado perante a autoridade consular brasileira, submete-se ao direito brasileiro, constituindo-se exceção à regra da “lex loci celebrationis”. c) Somente se os nubentes forem estrangeiros poderão celebrar o casamento no Brasil perante o cônsul do país de ambos, segundo a lei do Estado da autoridade celebrante, configurando-se exceção à regra da “lex loci celebrationis”. d) O casamento celebrado no exterior, observadas todas as regras do direito local estrangeiro, será sempre válido no Brasil. Questão 98 TRF4 – 2016 (XVII CONCURSO) Assinale a alternativa INCORRETA. a) A lei do país em que nasceu a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, do nome, da capacidade e dos direitos de família. Errada: Art. 7o da LINDB - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. b) Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. c) O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 13 d) Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. e) O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. LEX FORI (lei o local do foro) Fora dos critérios do estatuto pessoal, a regra geral é a aplicação da lei do local do foro, ou seja, a lei do local onde se desenvolve a relação jurídica. Aplica-se para suprir lacuna quando o Direito estrangeiro não puder ser aplicado ou não for verificável. É a principal regra de aplicação do DIPrivado, cujas normas são exatamente aquelas em vigor na legislação interna. LEX REI SITAE (lei do lugar onde está situada a coisa) Tem por objeto o regime de bens imóveis e aos bens móveis de situação permanente, desde que sejam bens corpóreos. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se- á a lei do país em que estiverem situados. 14 Art. 10. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Art. 12. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. → RECURSO ESPECIAL. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. AÇÃO DE SONEGADOS PROMOVIDA PELOS NETOS DA AUTORA DA HERANÇA (E ALEGADAMENTE HERDEIROS POR REPRESENTAÇÃO DE SEU PAI, PRÉ- MORTO) EM FACE DA FILHA SOBREVIVENTE DA DE CUJUS, REPUTADA HERDEIRA ÚNICA POR TESTAMENTO CERRADO E CONJUNTIVO FEITO EM 1943, EM MEIO A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, NA ALEMANHA, DESTINADA A SOBREPARTILHAR BEM IMÓVEL SITUADO NAQUELE PAÍS (OU O PRODUTO DE SUA VENDA). 1. LEI DO DOMICÍLIO DO AUTOR DA HERANÇA PARA REGULAR A CORRELATA SUCESSÃO. REGRA QUE COMPORTA EXCEÇÃO. EXISTÊNCIA DE BENS EM ESTADOS DIFERENTES. 2. JURISDIÇÃO BRASILEIRA. NÃO INSTAURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE DELIBERAR SOBRE BEM SITUADO NO EXTERIOR. ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DA PLURALIDADE DOS JUÍZOS SUCESSÓRIOS. 3. EXISTÊNCIA DE IMÓVEL SITUADO NA ALEMANHA, BEM COMO REALIZAÇÃO DE TESTAMENTO 15 NESSE PAÍS. CIRCUNSTÂNCIAS PREVALENTES A DEFINIR A LEX REI SITAE COMO A REGENTE DA SUCESSÃO RELATIVA AO ALUDIDO BEM. APLICAÇÃO. 4. PRETENSÃO DE SOBREPARTILHAR O IMÓVEL SITO NA ALEMANHA OU O PRODUTO DE SUA VENDA. INADMISSIBILIDADE. RECONHECIMENTO, PELA LEI E PELO PODER JUDICIÁRIO ALEMÃO, DA CONDIÇÃO DE HERDEIRA ÚNICA DO BEM. INCORPORAÇÃO AO SEU PATRIMÔNIO JURÍDICO POR DIREITO PRÓPRIO. LEI DO DOMICILIO DO DE CUJUS. INAPLICABILIDADE ANTES E DEPOIS DO ENCERRAMENTO DA SUCESSÃO RELACIONADA AO IMÓVEL SITUADO NO EXTERIOR. 5. IMPUTAÇÃO DE MÁ-FÉ DA INVENTARIANTE. INSUBSISTÊNCIA. 6. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. ❖ 3. A existência de imóvel situado na Alemanha, bem como a realização de testamento nesse país são circunstâncias prevalentes a definir a lex rei sitae como a regente da sucessão relativa ao aludido bem (e somente a ele, ressalta-se), afastando-se, assim, a lei brasileira, de domicílio da autora da herança. Será, portanto, herdeiro do aludido imóvel quem a lei alemã disser que o é. E, segundo a decisão exarada pela Justiça alemã, em que se reconheceu a validade e eficácia do testamento efetuado pelo casal em 1943, durante a Segunda Guerra 16 Mundial, a demandada é a única herdeira do imóvel situado naquele país (ante a verificação das circunstâncias ali referidas - morte dos testadores e de um dos filhos). 3.1 Esta decisão não tem qualquer repercussão na sucessão aberta - e concluída - no Brasil, relacionada ao patrimônio aqui situado. De igual modo, a jurisdição brasileira, porque também não instaurada, não pode proceder a qualquer deliberação quanto à extensão do que, na Alemanha, restou decidido sobre o imóvel lá situado. (REsp 1.362.400/SP, Min. Rel. Marco Bellizze) LEX LOCI DELICTI COMISSI Aplicável a norma do lugar onde o ato ilícito foi cometido. lex loci delicti comissi x lex damni (lei do país em que o prejuízo foi sofrido) Pelos princípiosda proximidade e da proteção caberia a aplicação da lex damni porque consagra a lei do local do ato onde se operou as consequências do ato danoso, para que se indenize os prejuízos causados e se vise ao retorno do status quo ante. É o critério aplicável às obrigações extracontratuais que induzem à responsabilidade civil pela prática de atos ilícitos. Ex: poluição ambiental, concorrência desleal, etc. 17 LOCUS REGIT ACTUM / LEX LOCI CONTRACTUS Aplicável a norma do lugar da constituição da obrigação Art. 9o da LINDB - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. (lugar onde teria sido feita a proposta) AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA.DÍVIDA DE JOGO. CASSINO NORTE-AMERICANO. POSSIBILIDADE. ART. 9º DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. EQUIVALÊNCIA. DIREITO NACIONAL E ESTRANGEIRO. OFENSA À ORDEM PÚBLICA. INEXISTÊNCIA. ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. VEDAÇÃO(...). 1. Na LEX LOCI EXECUTIONIS / LEX LOCI SOLUTIONIS Aplicável a norma do local de execução de um contrato ou de uma obrigação. Art. 12 da LINDB. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. Art. 3º da Lei 7064/82 - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: I - os direitos previstos nesta Lei; II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria. 18 presente demanda está sendo cobrada obrigação constituída integralmente nos Estados Unidos da América, mais especificamente no Estado de Nevada, razão pela qual deve ser aplicada, no que concerne ao direito material, a lei estrangeira (art. 9º, caput, LINDB). 2. Ordem pública é um conceito mutável, atrelado à moral e a ordem jurídica vigente em dado momento histórico. Não se trata de uma noção estanque, mas de um critério que deve ser revisto conforme a evolução da sociedade. 3. Na hipótese, não há vedação para a cobrança de dívida de jogo,pois existe equivalência entre a lei estrangeira e o direito brasileiro, já que ambos permitem determinados jogos de azar, supervisionados pelo Estado, sendo quanto a esses, admitida a cobrança. (REsp 1628974/SP, Rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 3 T., j. 13/06/2017) Art. 11 da LINDB. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. Art. 784 § 3o do CPC - O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. 19 AUTONOMIA DA VONTADE (lex voluntatis) Possibilidade de que as próprias partes escolham o Direito nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional, inclusive derrogando normas dos Estados onde se encontram. Amplamente utilizado em contratos internacionais que permite a escolha pelos contraentes a lei aplicável e o foro, nacional ou estrangeiro, que for mais conveniente para seus negócios. Comum para reger sucessões e regime de bens. Encontra limites na lex fori ou tratados. Art. 2º, § 1º da Lei 9307/96 Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. Art. 7º, § 5º da LINDB - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. Art. 22 NCPC. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Art. 25 NCPC. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. (art. 63 do NCPC) 20 Princípios Positivos dos Elementos de Conexão I. PROXIMIDADE “O mais relevante princípio moderno de direito internacional privado é o da proximidade, que estabelece que as relações jurídicas devem ser regidas pela lei do país com a qual haja a mais íntima, próxima, direta conexão. Esse critério, muito mais flexível do que as regras de conexão, decorre do progressivo abandono de abordagens de natureza técnica e maior atenção às realidades sociais e econômicas que embasam o fenômeno jurídico” (DIP, Jacob Dolinger e Carmem Tibúrcio, 13ª ed. pg. 369). II. AUTONOMIA DA VONTADE III. PROTEÇÃO: presente nas relações internacionais de família, especificamente na relação pais-filhos, em que as modernas fontes do Diprivado sobrepõe a proteção do filho sobre qualquer regra aplicável na área (Haroldo Valadão). IV. LEI MAIS FAVORÁVEL: por esse princípio, na dúvida sobre qual lei aplicar recomenda-se a preferência por aquela que considera o ato válido e eficaz. → QUESTÃO 97 TRF5 – 2017 (XIV CONCURSO) Assinale a opção correta de acordo com as normas de direito internacional privado (DIPr). 21 a) Na hipótese de uma fábrica situada na fronteira entre dois países explodir, por negligência ou imprudência, e destruir propriedades situadas para além do Estado onde se localiza, deve-se utilizar como elemento de conexão o lugar da conduta. Errado: art. 9 da LINDB: Para qualificar e reger as obrigações, aplicar- se-á a lei do país em que se constituírem. b) No DIPr, a qualificação, que significa determinar a natureza do fato ou instituto para o fim de enquadrá-lo em uma categoria jurídica existente, se relaciona às obrigações, devendo-se aplicar a lei do país em que se constituírem. Errado: qualificar é a operação voltada ao exame das questões jurídicas e não o exame dos fatos, com o fim de determinar qual o instituto ao qual se referirá um elemento de conexão. c) No DIPr, considera-se questão prévia a delimitação da competência do juízo. Errado: é questão que deve ser decidida antes da questão principal. d) No caso de uma norma jurídica estipular como formas alternativas de regência de atos entre vivos a lei do lugar de celebração do ato, a do lugar que regula a substância do ato e a lei nacional dos contraentes (se for 22 comum), aplicar-se-á o elemento de conexão que indicar a norma mais favorável à validade formal do ato. Correta. e) Para o direito brasileiro, na hipótese de um domiciliado no Brasil e uma domiciliada na Argentina vierem a se casar e estabelecer como domicílio comum primeiro o Brasil e depois a Argentina, o regime de bens será regulado pela legislação argentina. Errado: Art. 7 da LINDB - § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. 23 Institutos Básicos de DIPrivado QUALIFICAÇÃO “questão prévia” “É a operação pela qual o juiz, antes de decidir, verifica, mediante prova feita, a qual instituição jurídica correspondem os fatos realmente provados” (Osíris Rocha). Pela lex fori o juiz deve qualificar o instituto nos termos de seu próprio ordenamento (regra no Brasil). Pela lex causae o juiz deve qualificar o instituto pela lei estrangeira (art. 8 e 9º da LINDB). De1º grau: lex fori / De 2º grau: normas indiretas de DIPrivado de um Estado aludem a preceitos indicativos de outro Estado, o que não é aceito no Brasil (Del´Olmo). ORDEM PÚBLICA São os aspectos fundamentais de um ordenamento jurídico e da própria estrutura do Estado e da sociedade. Art. 17 da LINDB. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 24 REENVIO 1º grau: ordenamento jurídico de um Estado A indica a ordem jurídica de um Estado B como aplicável ao caso, e o Direito deste Estado B determina como incidente na situação a ordem jurídica do Estado A. 2º grau: norma de um Estado A indica a aplicação do ordenamento jurídico do Estado B, e a ordem jurídica deste Estado B manda aplicar o direito de um Estado C. Art. 16 da LINDB. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Exceção por Prof. Edgar Amorim: art. 10, §1º da LINDB DIREITOS ADQUIRIDOS É aquele ao qual uma pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a sua aquisição sob a égide de um ordenamento estatal e que, uma vez obtido, não pode ser retirado, inobstante esteja a pessoa em outro Estado, sob pena de mácula à soberania do Estado que o reconheceu. Art. 5º XXXVI, da CF/88- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Art. 6º da LINDB - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 25 → QUESTÃO 97 TRF5 (2017 - XVI). Assinale a opção correta de acordo com as normas de direito internacional privado (DIPr). a) Na hipótese de uma fábrica situada na fronteira entre dois países explodir, por negligência ou imprudência, e destruir propriedades situadas para além do Estado onde se localiza, deve-se utilizar como elemento de conexão o lugar da conduta. b) No DIPr, a qualificação, que significa determinar a natureza do fato ou instituto para o fim de enquadrá-lo em uma categoria jurídica existente, se relaciona às obrigações, devendo-se aplicar a lei do país em que se constituírem. c) No DIPr, considera-se questão prévia a delimitação da competência do juízo. d) No caso de uma norma jurídica estipular como formas alternativas de regência de atos entre vivos a lei do lugar de celebração do ato, a do lugar que regula a substância do ato e a lei nacional dos contraentes (se for comum), aplicar-se-á o elemento de conexão que indicar a norma mais favorável à validade formal do ato. e) Para o direito brasileiro, na hipótese de um domiciliado no Brasil e uma domiciliada na Argentina vierem a se casar e estabelecer como domicílio comum primeiro o Brasil e depois a Argentina, o regime de bens será regulado pela legislação argentina. 26 Direito Estrangeiro • Uniformização: Conferência de Haia de DIPrivado; UNCITRAL – Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional; UNIDROIT – Instituto para a Unificação do Direito Privado e Conferência Interamericana de DIPrivado da OEA. • Aplicação do Direito Estrangeiro: regra lex fori. Excepcionalmente, quando permitido pela ordem jurídica interna ou pelos tratados pertinentes, cabe a aplicação das normas do direito estrangeiro. Limites: fraude à legislação e Art. 17 da LINDB. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Art. 26, § 3o do NCPC. Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. → Verificação e prova do conteúdo do Direito estrangeiro: A característica principal de uma lei é a sua obrigatoriedade, e, uma vez em vigor, torna-se obrigatória a todos. De acordo com o art. 3º da LINDB - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Sendo http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11367761/artigo-3-do-decreto-lei-n-4657-de-04-de-setembro-de-1942 27 assim, a ignorantia legis neminem excusat tem por finalidade garantir a eficácia da lei, que estaria comprometida se se admitisse a alegação de ignorância de lei vigente. Como consequência, não se faz necessário provar em juízo a existência da norma jurídica invocada, pois se parte do pressuposto de que o juiz conhece o direito (iura novit curia). Porém, esse princípio não se aplica ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, conforme preceitua o art. 376 do NCPC: A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar e art. 14 da LINDB: Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Verificação e a prova do Direito estrangeiro regem-se pela lex fori. Meios de Prova do Direito Estrangeiro • Art. 13 da LINDB. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege- se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. • Meios de prova: doutrina estrangeira e de Direito Comparado, pareceres de juristas, publicações oficiais de textos legais, institutos especializados, cartas rogatórias, etc. • Convenções que o Brasil faz parte: 28 ჻ Convenção Interamericana sobre Prova e Informação acerca do Direito Estrangeiro, de 1979 (Convenção de Montevideu – Dec. 1.925/96) A cooperação internacional na matéria de que trata esta Convenção será prestada por qualquer dos meios de prova idôneos previstos tanto na lei do Estado requerente como na do Estado requerido. Serão considerados meios idôneos para os efeitos desta Convenção, entre outros, os seguintes: a) a prova documental, consistente em copias autenticadas de textos legais com indicação de sua vigência, ou precedentes judiciais; b) a prova pericial, consistente em pareceres de advogados ou de técnicos na matéria; c) as informações do Estado requerido sobre o texto, vigência, sentido e alcance legal do seu direito acerca de aspectos determinados. ჻ Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa (Protocolo de Las Leñas – Dec. 2.067/96) – arts. 28 a 30. CAPÍTULO VII Informação do Direito Estrangeiro Artigo 28. As Autoridades Centrais dos Estados Partes fornecer-se-ão mutuamente, a título de cooperação judicial, e desde que não se oponham às 29 disposições de sua ordem pública, informações em matéria civil, comercial, trabalhista, administrativa e de direito internacional privado, sem despesa alguma. Artigo 29. A informação a que se refere o artigo anterior poderá também ser prestada por meio de informes fornecidos pelas autoridades diplomáticas ou consulares do Estado Parte de cujo direito se trata. Artigo 30. O Estado Parte que fornecer as informações sobre o sentido e alcance legal de seu direito não será responsável pela opinião emitida, nem estará obrigado a aplicar seu direito, segundo a resposta fornecida. O Estado Parte que receber as citadas informações não estará obrigado a aplicar, ou fazer aplicar, o direito estrangeiro segundo o conteúdo da resposta recebida. Ônus da Prova do Direito Estrangeiro TrechoVoto Relator: O acórdão do egrégio Tribunal de Alçada não deixou, a meu ver, inteiramente esclarecida a questão. Entendo que a melhor solução é prover-se o recurso, ficando certo que, embora não se possa impedir entenda o juiz que aplicável direito estrangeiro, não tem o autor o ônus de produzir a respectiva prova. O magistrado determinará as diligências que considerar pertinentes para que se esclareça o ponto, como frisado pelo acórdão que cassou a sentença de extinção do processo. Se não se 30 conseguir resultado, o julgamento de mérito haverá de ser, entretanto, proferido, aplicando o juiz as normas jurídicas que tiver como adequadas. EMENTA: DIREITO ESTRANGEIRO. PROVA. Sendo caso de aplicação de direito estrangeiro, consoante as normas do Direito Internacional Privado, caberá ao Juiz fazê-lo, ainda de ofício. Não se poderá, entretanto, carregar o ônus de trazer a prova de seu teor e vigência, salvo quando por ela invocado. Não sendo viável produzir-se essa prova, como não pode o litígio ficar sem solução, o Juiz aplicará o direito nacional. (Resp 254.544/MG, Rel. Min. Eduardo Ribeiro. 3ª T., julgado 18/05/2000). Interpretação do Direito Estrangeiro • Se houver dúvida quanto à interpretação, vigência ou alcance da norma de Direito estrangeiro: 1ª corrente: preconiza a aplicação da norma estrangeira de ofício, sem prejuízo do juiz solicitar informações ou diligências às partes; 2ª corrente: defende que só as partes podem alegar e provar o Direito estrangeiro; 3ª corrente: deixa a critério do magistrado estabelecer como deve ser aplicada a norma oriunda de outro Estado. 31 • Brasil adota a 1ª corrente: art. 376 do NCPC e 14 e 5 da LINDB. Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. • Paridade com as leis ordinárias. → RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL E PROPRIEDADE INDUSTRIAL. PATENTE PIPELINE. PRORROGAÇÃO DO PRAZO NO EXTERIOR. MODIFICAÇÃO DO PRAZO DE PROTEÇÃO NO BRASIL. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. As patentes pipelines são transitórias e equivalem a uma revalidação, no Brasil, da patente de produtos em desenvolvimento concedida no exterior, observados os requisitos impostos naquele território, no momento do depósito da revalidação. Por isso que eventuais modificações supervenientes na legislação do país de origem, notadamente em relação ao prazo, não implicam prorrogação da proteção conferida, no Brasil, no momento da análise dos requisitos de 32 concessão da patente pipeline, pois inexiste previsão legal específica nesse sentido. Com efeito, as patentes pipelines são incorporadas ao direito brasileiro a partir do momento de sua concessão, motivo pelo qual o parâmetro temporal de sua proteção deve ser auferido no momento do depósito, sendo considerado, para tanto, o prazo de proteção conferido pela norma estrangeira naquele momento. A interpretação ampliativa do § 4º, art. 230, Lei 9279/96, a fim de equiparar a proteção conferida a patentes de revalidação aos prazos e condições estatuídas pelo direito estrangeiro após a sua concessão, como pretende o ora recorrente, importa em violação ao princípio da independência da patentes, bem como a própria soberania do país. (...) 7. Recurso especial conhecido em parte e, nesta parte, desprovido. (REsp 1165845/RJ, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, 4ª T., j. 08/02/2011) • Direito estrangeiro: “Fato” ou “Direito”? Os efeitos de tal distinção são evidentes: fatos dependem de alegação pela parte e de prova; o direito, ao contrário, presume-se de conhecimento do juiz (jura novit curia) e pode ser aplicado de oficio, independentemente de alegação ou prova. Diversos Estados tratam o direito estrangeiro como fato. Não assim, porém, o ordenamento brasileiro, onde o direito estrangeiro tem status de lei, 33 embora o juiz possa transferir para a parte o ônus de provar-lhe o teor e a vigência (Min. Luis Barroso). Se houver dúvida quanto ao sentido da norma internacional: aplica-se o art. 409 do Código de Bustamante - A parte que invoque a aplicação do direito de qualquer Estado contratante em um dos outros, ou dela divirja, poderá justificar o texto legal, sua vigência e sentido mediante certidão, devidamente legalizada, de dois advogados em exercício no país de cuja legislação se trate. → Juízes brasileiros podem declarar a (in)constitucionalidade de leis estrangeiras que estejam infringindo a Constituição do país de origem? • Legislação aplicável: Art. 105 da CF/88. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; e c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 34 Art. 102 da CF/88. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: (...) b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; • Cabe controle de constitucionalidade de norma estrangeira? Sim, pela via da ação incidental – Beat Walter Rechsteiner, porque a ação direta só é cabível às normas nacionais; Jacob Dolinger e Carmem Tibúrcio, apenas recurso especial para uniformizar a jurisprudência dos tribunais nacionais na aplicação de uma lei estrangeira que deva ser aplicada por força do comando das regras do DIP, ex vi, art. 105, III, c e a da CF; Haroldo Valadão, nos limites e com os efeitos que o juiz estrangeiro poderia fazê-lo; STF: Ext. 417 e 541. Sim, pela via da ação direta - Paulo Portela, por considerar que o Direito estrangeiro se equipara à legislação ordinária; Min, Barroso, por equiparar o decreto que promulga o tratado a ato normativo federal. → CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EQUIPARAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA, APLICADA NO BRASIL, A LEGISLAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA, PARA EFEITO DE 35 ADMISSIBILIDADE DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DAÇÃO EM CUMPRIMENTO. SUB-ROGAÇÃO LEGAL. CÓDIGO CIVIL PORTUGUES (ARTS. 592, 593 E 837). INEXISTÊNCIA DE NEGATIVA DE VIGENCIA DO ARTIGO 9 DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. DISSIDIO DE JURISPRUDÊNCIA NÃO DEMONSTRADO. A LEI ESTRANGEIRA, APLICADA POR FORÇA DE DISPOSITIVO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO BRASILEIRO (NA ESPÉCIE, O ARTIGO 9. DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL), SE EQUIPARA A LEGISLAÇÃO FEDERAL BRASILEIRA, PARA EFEITO DE ADMISSIBILIDADE DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. NÃO OCORRENCIA, NO CASO, DE DAÇÃO EM CUMPRIMENTO (DATIO IN SOLUTUM) E DE SUB-ROGAÇÃO LEGAL. NEGATIVA DE VIGENCIA DOS ARTIGOS 837, 592 E 593 DO CÓDIGO CIVIL PORTUGUES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. (STF, RE 93131, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Segunda Turma, julgado em 17/12/1981, DJ 23-04-1982 PP-03669 EMENT VOL-01251-02 PP-00328 RTJ VOL-00101-03 PP-01149) (...) ao aplicar o direito estrangeiro o intérprete deve fazê-lo integralmente, observando, inclusive, as regras próprias de hierarquia das leis e de direito intertemporal vigentes no país de origem. Dentro dessa lógica, deverá prestigiar, em primeiro lugar, as normas 36 constitucionais, cuja supremacia é princípio generalizadamente aceito. E, se constatar que uma dada norma inferior é incompatível com a Constituição, deverá cogitarde pronunciar-lhe a inconstitucionalidade, nos limites e com os efeitos que o juiz estrangeiro poderia fazê-lo. Se no direito estrangeiro, por exemplo, se considerar que a norma anterior à Constituição é com ela incompatível, fica revogada, igual tratamento à questão deverá dar-lhe o juiz brasileiro que eventualmente devesse aplicá-la a um caso concreto. Mas, se a lei editada já na vigência de uma dada Constituição for com ela incompatível, é de indagar-se: pode o juiz ou tribunal do foro declarar- lhe a inconstitucionalidade perante a Constituição estrangeira e,por via de consequência deixar de aplicá-la? Haroldo Valladão responde afirmativamente, sem opor qualquer restrição. A questão, todavia, exige uma certa qualificação. É que, como já ficou assentado, o juiz que aplica direito estrangeiro há de interpretá-lo de acordo com as práticas do país de origem, atentando para a legislação, doutrina e jurisprudência. Ora bem: nem todos os Estados admitem o controle de constitucionalidade das leis pelo Judiciário. Na França e na Suíça, para citar dois exemplos, essa 37 possibilidade não existe. Ao contrário, nos Estados Unidos e na Alemanha tal exame é corriqueiro. (...) passando ao caso brasileiro, vai-se constatar que, entre nós, desde a primeira Constituição republicana se admite a verificação da constitucionalidade intrínseca de um tratado. Em acórdão de 15 de setembro de 1977, o STF declarou a inconstitucionalidade, em parte, de alguns artigos da Convenção da OIT n. 110, referentes às condições de trabalhadores em fazenda. A Constituição de 1967-69 ensejava tal tipo de pronunciamento, em regra que foi reproduzida na Carta atual. De fato, no art. 102, III, a, da Constituição de 1988, prevê-se o cabimento de recurso extraordinário quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. O tratado celebrado na vigência de uma Constituição e que seja com ela incompatível, do ponto de vista formal (extrínseco) ou material (intrínseco), é inválido e sujeita-se à declaração de inconstitucionalidade incidenter tantum, por qualquer órgão judicial competente, sendo tal decisão passível de revisão pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário. O tratado que se encontrar em vigor quando do advento de um novo texto constitucional, 38 seja este fruto do poder constituinte originário ou derivado, será tido como ineficaz, se for com ele incompatível. Embora não haja precedente, é possível cogitar-se do cabimento de ação direta de inconstitucionalidade contra o decreto que o promulga, haja vista seu status equiparado ao de ato normativo federal. Não parece própria a referência a revogação, porque, a rigor técnico, o tratado não deixa de viger até o momento da denúncia. (Interpretação e Aplicação da Constituição, Mín. Luis Roberto Barroso) → CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE x CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE Habeas corpus. 2. Crime de desacato a militar (art. 299 do Código Penal Militar). 3. Controle de constitucionalidade (arts. 1º; 5º, incisos IV, V e IX, e 220 da Constituição Federal) e de convencionalidade (art. 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). 4. Alegada ofensa à liberdade de expressão e do pensamento que se rejeita. 5. Criminalização do desacato que se mostra compatível com o Estado Democrático de Direito. 6. Ordem denegada. (HC 141949, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 39 13/03/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-077 DIVULG 20-04-2018 PUBLIC 23-04-2018) VOTO DO MIN. REL. GILMAR MENDES, acompanhado pelo Min. Lewandowski: Assim, se os tratados de direitos humanos podem ser (i) equivalentes às emendas constitucionais (nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal), se aprovados pelo Legislativo após a EC 45/2004, ou ainda (ii) supralegais (segundo o entendimento atual do STF RE 349.703/RS), se aprovados antes da referida Emenda, o certo é que, estando acima das normas infraconstitucionais, hão de ser também paradigma de controle da produção normativa doméstica. Destarte, para além do controle de constitucionalidade, o modelo brasileiro atual comporta, também, um controle de convencionalidade das normas domésticas. (...) A Constituição Federal, ao tutelar a honra, a intimidade e a dignidade da pessoa humana, direitos conferidos a todos, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º da CF), recepcionou a norma do desacato prevista na legislação penal. O direito à liberdade de expressão deve harmonizar-se com os demais direitos envolvidos (honra, intimidade e dignidade), não eliminá-los. Incide o princípio da concordância prática, pelo qual o intérprete deve buscar a conciliação entre normas constitucionais. O 40 exercício abusivo das liberdades públicas não se coaduna com o Estado democrático. A ninguém é lícito usar de sua liberdade de expressão para ofender, espezinhar, vituperar a honra alheia. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão responsável pelo julgamento de situações concretas de abusos e violações de direitos humanos, reiteradamente tem decidido contrariamente ao entendimento da Comissão de Direitos Humanos, estabelecendo que o Direito Penal pode, sim, punir condutas representativas de excessos no exercício da liberdade de expressão. Voto Divergente Min. Edson Fachin A leitura conjunta de ambos os diplomas normativos é indispensável para que se leve a sério o disposto no art. 5º, § 2º, da CRFB, também conhecido por “cláusula de abertura”. Não deve o intérprete partir do pressuposto de que há eventual incompatibilidade entre a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica, como se, por meio de uma simples referência à hierarquia normativa, a ratio decidendi das decisões dos órgãos de direitos humanos pudesse simplesmente ser olvidada. É desnecessário, pois, falar-se em controle de convencionalidade no direito brasileiro, porquanto a cláusula constitucional de abertura, art. 5º, § 2º, da CRFB, incorpora no bloco de constitucionalidade os 41 tratados de direitos humanos de que faz parte a República Federativa do Brasil. Os argumentos da Comissão são os seguintes: a) por expressa previsão do Pacto de São José, a responsabilização ulterior do atos que abusam da liberdade de expressão deve perseguir fins legítimos e estar expressas em leis clara e prévias; b) o critério da necessidade devem ser interpretado tendo-se em conta o marco de uma sociedade democrática, a qual depende de um amplo debate de ideias e opiniões; c) as leis de desacato subvertem o princípio republicano ao outorgar aos funcionários públicos uma proteção maior do que a que gozam as demais pessoas; e d) as leis de desacato podem ter um efeito dissuasivo em quem deseje participar do debate público. Por essas razões, pedindo vênia ao e. Relator, voto no sentido de deferir a ordem de habeas corpus para reconhecer a nulidade da condenação imposta pelo Superior Tribunal Militar. 5. Na sessão de 4/2/2009, a Corte Especial do STJ, ao julgar, pelo rito do art. 543-C do CPC/1973, o RE 914.253/SP, de relatoria do Ministro LUIZ FUX, adotou o entendimento firmado pelo STF no RE 466.343/SP, no sentido de que os tratados de direitos humanos, ratificados pelo país, têm força supralegal, "o que significa dizer que toda lei antagônica às 42 normas emanadas de tratados internacionais sobre direitos humanos é destituída de validade." 6. Decidiu-se, no precedente repetitivo, que, "no plano material, as regras provindas da Convenção Americana de Direitos Humanos, em relação às normas internas, são ampliativas do exercício do direito fundamental à liberdade, razão pela qual paralisam a eficácia normativa da regra interna em sentido contrário, haja vista que não se trata aquide revogação, mas de invalidade." 7 Em sede de recurso especial a adequação das normas legais aos tratados e convenções internacionais adotados pelo Direito Pátrio configura controle de constitucionalidade, o qual, no caso concreto, por não se cuidar de convenção votada sob regime de emenda constitucional, não invade a seara do controle de constitucionalidade e pode ser feito de forma difusa, até mesmo . 8. Nesse particular, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, quando do julgamento do caso Almonacid Arellano y otros v. Chile, passou a exigir que o Poder Judiciário de cada Estado Parte do Pacto de São José da Costa Rica exerça o controle de convencionalidade das normas jurídicas internas que aplica aos casos concretos. 9. Por conseguinte, a ausência de lei veiculadora de abolitio criminis não inibe a atuação do Poder Judiciário na verificação da inconformidade do art. 331 do Código Penal, que prevê a figura típica do desacato, com o art. 13 do Pacto de São José da Costa Rica, que 43 estipula mecanismos de proteção à liberdade de pensamento e de expressão. (STJ, REsp 1640084/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 01/02/2017) Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Constitucional e Penal. 3. Desacato. 4. Controle de constitucionalidade (arts. 1º; 5º, incisos IV, V e IX, e 220 da Constituição Federal) e de convencionalidade (art. 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica). Leading case: HC 141.949/DF, por mim relatado, Segunda Turma, DJe 23.4.2018. 5. Criminalização do desacato que se mostra compatível com a Constituição da República e o Pacto de São José da Costa Rica. 6. Precedentes. 7. Agravo regimental não provido. (ARE 1097670 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 28/06/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 31- 07-2019 PUBLIC 01-08-2019) → QUESTÃO 98 TRF5 (2017 – XIV) Assinale a opção correta quanto à aplicação do direito estrangeiro por juiz brasileiro. - ANULADA - 44 a) Admite-se que o STF realize o controle concentrado de constitucionalidade da legislação estrangeira utilizando como parâmetro a Constituição brasileira. b) Na hipótese de uma lei estrangeira ser indicada pela legislação brasileira para regular determinada questão jurídica, o juiz brasileiro não poderá exercer o controle de convencionalidade da lei estrangeira adotando como parâmetro os tratados em vigor no Estado estrangeiro. c) Aquele que alegar direito estrangeiro deverá provar-lhe o teor e a vigência, considerando-se que no direito brasileiro as normas estrangeiras equiparam-se a fatos. d) Segundo entendimento do STF, não se admite a interposição de recurso extraordinário nos casos de lei estrangeira enquanto esta não estiver inserida ou equiparada a lei federal. (APÓS RECURSOS: CORRETA) e) O juiz brasileiro pode realizar o controle de constitucionalidade de lei estrangeira em face da Constituição estrangeira, salvo se não for possível ao juiz estrangeiro o controle difuso (por existir apenas o concentrado no país de origem) ou por ser vedada essa espécie de verificação constitucional ao Poder Judiciário do Estado de origem. (GAB: CORRETA) 45 Resumo Ponto 7 • DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ჻ Surgimento ჻ Objeto ჻ Diferenças entre DIP e DIPrivado ჻ Fontes ჻ Regramento no Brasil • APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO ჻ Conceito ჻ Princípio da territorialidade ჻ Origem ჻ Características ჻ Elementos de conexão a) Lei do domicípio b) Nacionalidade c) Lex Monetae d) Lex Fori e) Lex Rei Sitae f) Lex Loci Delicti g) Lex Loci Executionis e Lex Loci Solutionis h) Locus Regit Actum e Lex Loci Contractus 46 i) Autonomia da Vontade ჻ Princípios Positivos dos Elementos de Conexão a) Proximidade b) Autonomia da Vontade c) Proteção d) Lei mais favorável ჻ Institutos Básicos de DIPrivado a) Qualificação b) Ordem Pública c) Reenvio d) Direitos Adquiridos • DIREITO ESTRANGEIRO ჻ Uniformização ჻ Aplicação do Direito estrangeiro ჻ Verificação e prova do conteúdo ჻ Meios de prova ჻ Ônus da prova ჻ Interpretação ჻ Direito estrangeiro ჻ Sentido da norma ჻ Controle de constitucionalidade de norma estrangeira 47 Boa sorte e bons estudos!
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