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MENINGITES AGUDAS: 1. Introdução: Meningite aguda é a inflamação das meninges (tecidos nobres). Membranas do SNC: · Dura-máter: reveste a calota craniana · Aracnóide: entre a dura máter e a pia-máter · Pia-máter: reveste o parênquima encefálico · Aracnóide e pia-máter (leptomeninges) isolam o líquido cefalorraquidiano. · Líquor: nutrição e amortecedor de impacto (cerca de 150mL) · Turnover: 500ml/ dia · Características normais do líquor: poucas células (até 4 cels/ mm3), pouca proteínas (até 40 mg/ dL) e glicose até ⅔ da glicemia Barreira hematoencefálica: vasos com paredes mais espessas que não permite a passagem de qualquer substância e em íntimo contato com o líquor Inflamação das meninges: Doença reumática auto imune (ex. lúpus): intensa inflamação - transudação de imunoglobulinas para o líquor. Irritação direta da meninge: fármacos Infecciosas: inflamação das leptomeninges (aracnóide e pia-máter) - agentes infecciosos alcançam as meninges através de via hematológica. 2. Manifestações clínicas: As principais manifestações clínicas da meningite são: · Febre · Cefaleia · Irritação meníngea: sinais de irritação meníngea - rigidez de nuca. · Sinal de Brudzinski: flexão de nuca com reflexo de coxa para evitar estiramento da meninge · Sinal de Kernig: flexão da coxa e tenta estender a perna. · Sinal de Laségue: elevação da perna estendida causa irritação. · Sinais de irritação meníngea não são exclusivos da meningite. Também podem estar presentes em hemorragia subaracnóidea. · Vômitos em jato (por hipertensão intracraniana) · Alteração do nível de consciência (por encefalite) Em crianças menores de 1 ano, os sinais de irritação meníngea podem estar ausentes. Os sinais mais comuns associados a febre são abaulamento de fontanela e irritabilidade. 3. Diagnóstico: O diagnóstico da meningite é realizado por meio da análise liquórica. · Contraindicação absoluta: infecção no sítio de punção, distúrbio da hemostasia, instabilidade hemodinâmica. · TC de crânio antes de punção: indicações - papiledema, idade > 60 anos, sinal focal, crises convulsivas, imunodeprimidos · A punção liquórica pode causar herniação do parênquima encefálico em casos de HIC. · Não pode ter sangramentos ativos, plaquetas < 50.000 e INR > 1.4 Inflamação: · Leucócitos > 4 cels/ mm3 · Proteínas > 40 mg/ dL Infecção: vírus, bactéria, fungo, micobactéria Aguda Vs Crônica: Aguda (até 10 dias): vírus e bactéria. Crônica (+ de 10 dias): fungo e micobactéria. Aguda: · Vírus: predomínio de linfócitos, elevação de proteínas, glicose normal. · Bactéria: predomínio de neutrófilos, elevação de proteínas, redução de glicose (<< ⅔ da sérica). · Linfócitos é a célula mais presente no líquor normal. · A meningite bacteriana também pode ter predomínio de linfócitos: início recente em que os neutrófilos não chegaram ao líquor, muitos dias do quadro e neutrófilos desaparecem, uso de antibióticos. · Assim, a principal distinção entre etiologia viral e bacteriana pode ser realizada muitas vezes por meio da análise da glicorraquia Crônica: Esses pacientes são comumente imunodeprimidos, sinais de HIC, alterações no parênquima (tuberculoma, cryptococcoma). · Fungo: predomínio de linfócitos, proteína aumentada, glicose reduzida, Tinta da china - procurar cryptococcus (principal agente de meningite fúngica). Tratamento: anfotericina B · Tuberculose: predomínio de linfócitos, proteína elevadíssima, glicose reduzida, ADA, Teste molecular (mesmo se vier negativo não exclui o diagnóstico) 4. Meningite bacteriana: Principais agentes etiológicos: pneumococo, hemófilo, meningococo. Em crianças < 2 meses: Streptococcus do grupo B (agalactiae), Listeria e bacilos gram negativos entéricos. · Meningite por hemófilo vem diminuindo desde os anos 2000 devido a vacinação. · Meningite por pneumococo é aquela que apresenta maior mortalidade (não é o meningococo). · Sinais de gravidade: · Púrpura fulminans: manifestação de sepse - pode acontecer com qualquer bicho, mas acontece mais comumente com o meningococo. É uma síndrome trombótica de evolução rápida com coagulação intravascular disseminada e infarto hemorrágico da pele. · Waterhouse Friedrich: infarto hemorrágica da suprarrenal - classicamente associado a meningococcemia. Baciloscopia coloração de gram: · Pneumococo: coco gram + · Meningococo: coco gram - · Hemófilo: bacilo gram - · Listeria: bacilo gram + 5. Tratamento de meningite bacteriana: Não precisamos definir o agente etiológico para iniciar o tratamento empírico da meningite. Pode ser que seja meningite viral, mas mesmo assim se inicia o tratamento antimicrobiano. A meningite viral não tem tratamento por ser viral. Pode começar a antibioticoterapia até mesmo antes da punção liquórica. O tratamento da empírico da meningite consiste em: Ceftriaxone (7-10 dias) Associação com vancomicina: fármaco de escolha para pneumococo resistente à penicilina (CIM > 0,12 ug/ mL para penicilina). Associação com Corticoide: pneumococo, hemófilo. Oferecer para todos os pacientes no início do tratamento. Associar ampicilina empiricamente caso haja fator de risco importante para Listeria: idade > 50 anos (principal fator de risco) e criancinha. 6. Profilaxia: O objetivo da profilaxia é impedir a continuidade da cadeia de infecção. A profilaxia está indicada nos casos de meningite por meningococo e hemófilo para: · Comunicantes íntimos · Profissionais de saúde em contato com gotículas sem EPI (ex. ITO, aspiração, etc) · Hemófilo: profilaxia indicada para todos os comunicantes íntimos somente quando existe entre os comunicantes uma criança < 4 anos sem vacinação para H. influenzae. · Meningococo: outra indicação de profilaxia é para o paciente com meningite meningocócica que não utilizou ceftriaxone no seu tratamento, pois ele pode evoluir como um portador assintomático. Fármaco de escolha: rifampicina 600 mg 12/12h por 2 dias nos casos de meningococo e 600 mg 1x por 4 dias nos casos de hemófilo. Rifampicina 20mg/kg na criança (10mg/kg se <1 mês) Outros: ciprofloxacino, ceftriaxone, azitromicina (não aprovada pela ANVISA) Alternativa é ceftriaxone 250mg intramuscular em dose única (125mg em crianças); ciprofloxacino pode ser considerado em adultos, 500mg via oral em dose isolada. 7. Meningoencefalite herpética: A meningoencefalite herpética apresenta encefalites importantes - alterações de comportamento. Diagnóstico: PCR (padrão ouro) Antígenos: HSV-1/ HSV-2 no liquor tem baixa sensibilidade e especificidade Imagem: anormalidades em lobo temporal. RNM: hipersinal em T2 em região retro orbital/ temporal. Tratamento: aciclovir. As meningites são doenças de notificação compulsória e todo caso suspeito deve ser notificado a equipe de vigilância da Secretária Municipal de Saúde (SMS)
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