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Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Ecumenismo e Diálogo 
Inter-Religioso
Professora Ma. Laís Azevedo Fialho 
Professora Ma. Mariane R. Emerenciano da Silva 
Professor Me. Leonardo Henrique Luiz
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
F438e Fialho, Lais Azevedo 
 Ecumenismo e diálogo inter-religioso / Lais Azevedo 
 Fialho, Mariane Rosa Emerenciano da Silva, Leonardo 
 Henrique Luiz. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 
 91 p.: il. Color. 
 
 
 
1. Movimento ecumênico. 2. Pluralismo religioso. 3. Religiões - 
Relações. I. Silva, Mariane Rosa Emerenciano da. II. Luiz 
 Leonardo Henrique. III. Centro Universitário UniFatecie. IV. 
 Núcleo de Educação a Distância. V. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 658.3 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Google.
AUTORES
Professora Ma. Laís Azevedo Fialho
● Doutoranda em História, Cultura e Narrativas (Universidade Estadual de Maringá).
● Mestre em História, Cultura e Narrativas (Universidade Estadual de Maringá).
● Especialista em História da África e Cultura Afro-brasileira (Universidade Esta-
dual de Maringá).
● Licenciada em História (Universidade Estadual de Maringá).
● Professora Conteudista na UniFatecie.
● É integrante do Grupo de Pesquisa “História das crenças e das ideias religiosas” 
(HCIR/DHI/UEM) .
● Áreas de concentração: História das Religiões e Religiosidades com ênfase nas 
Práticas Afro-brasileira; História Cultural, Epistemologias Antirracistas.
CURRÍCULO LATTES
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/8724898233397030
Professora Ma. Mariane Rosa Emerenciano da Silva
● Doutoranda em História, Cultura e Narrativas (PPH-Universidade Estadual de 
Maringá)
● Mestra em História, Cultura e Narrativas (PPH-Universidade Estadual de Maringá).
● Licenciada em História (DHI-Universidade Estadual de Maringá).
● Possui o curso profissionalizante Formação de Docentes (Colégio Estadual 
Morumbi)
● Atuou como Pesquisadora Bolsista Araucaria 2014-2015. 
● Atuou como Pesquisadora Bolsista CNPq 2015-2017. 
● Atuou como Pesquisadora Bolsista CAPES 2018-2020. 
● Organizou diversos Projetos de Extensão abordando as crenças e ideias 
religiosas pelo Grupo de Pesquisa em História das Crenças e Ideias Religiosas 
entre 2020-2021.
● É integrante do Grupo de Pesquisa em História das Crenças e Ideias Religiosas 
(HCIR/UEM).
● É integrante do Laboratório de Religiões e Religiosidades da Universidade Es-
tadual de Maringá (LERR/UEM).
● Áreas de concentração: História das Religiões e Religiosidades com ênfase em 
catolicismos, juventude e movimentos leigos. 
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/5486118308694201
Professor Me.Leonardo Henrique Luiz 
● Doutorando em História, Cultura e Narrativas (PPH – Universidade Estadual 
de Maringá)
● Mestre em História Social (PPGHS-Universidade Estadual de Londrina).
● Licenciado em História (Universidade Estadual de Londrina).
● Atuou como Pesquisadora Bolsista PIBID 2014-2014.
● Atuou como Pesquisadora Bolsista UEL 2014-2016.
● Atuou como Pesquisadora Bolsista Fundação Araucária 2017-2019.
● Atuou como Pesquisadora Bolsista CAPES 2019-..
● Organizou diversos Projetos de Extensão abordando as crenças e ideias religio-
sas pelo Grupo de Pesquisa em História das Crenças e Ideias Religiosas entre 
2020-2021.
● É integrante do Grupo de Pesquisa em História das Crenças e Ideias Religiosas 
(HCIR/UEM).
● É integrante do Laboratório de Pesquisa sobre Culturas Orientais (LAPECO/UEL)
● É integrante do Centro de Estudo de Religiões Alternativas de Origem Oriental 
(CERAL-PUC/SP).
● Áreas de concentração: História das Religiões e Religiosidades com ênfase nas 
religiões orientais, especialmente budismo e xintoísmo
CURRÍCULO LATTES
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/2631768416351670
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo (a)
Prezado(a) aluno(a), esse material foi produzido a fim de oportunizar a você uma apren-
dizagem sobre a relação das religiões na contemporaneidade. As religiões são manifestações 
culturais de suma importância nas formas de significação, construção e visões de realidade 
individual e coletiva. Por constituírem dogmas, ritos, celebrações, formas de crenças e fé parti-
culares que buscam se manter enquanto maneiras explicativas verdadeiras sobre a realidade, 
ao longo da história diversos foram os conflitos e violências ocasionados em decorrência do 
encontro entre as diferentes culturas religiosas, principalmente as religiões monoteístas.
Para amenizar tais conflitos e promover uma cultura que busque a paz, movimen-
tos como o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso surgem enquanto alternativas de uma 
união entre as diferenças. Desse modo, convidamos você a estudar sobre a história desses 
movimentos, os conceitos e problemáticas que são levantados em busca da promoção de 
uma sociedade que se inspire na Cultura da Paz.
Na Unidade I começaremos com o conceito e história do ecumenismo, percebere-
mos que ao longo do tempo seu significado foi se modificando até chegar no sentido religio-
so. Observaremos que a ideia de ecumenismo está atrelada principalmente ao cristianismo 
e começou a ser utilizado de forma mais intensa pelos protestantes, que buscavam a união 
cristã. Posteriormente, o conceito é utilizado enquanto sinônimo de paz. Para elucidar me-
lhor a ideia e a prática do ecumenismo traremos manifestações ecumênicas pelo mundo.
Na Unidade II direcionamos nosso estudo a perceber a diversidade e a atuação 
das religiões para o diálogo ecumênico. Perceberemos que com o advento da globalização 
a religião é marcada pela pluralidade, o que se desdobra na necessidade de compreender 
a relação entre o eu e o outro na construção de identidades. Abordaremos o conceito de 
alteridade, que permite colocar-se no lugar do outro, o que é essencial para a convivência 
de uma diversidade na unidade.
Depois na Unidade III nos atentaremos a diversidade religiosa no cotidiano. Bem 
como os conceitos de tolerância e intolerância. Veremos que em tese constitucionalmente 
o Estado brasileiro garante a proteção da diversidade religiosa, mas que aindahá um longo 
caminho para garantir o respeito às práticas religiosas que se distinguem das cristãs. 
Nesta Unidade também perceberemos como a religião é uma temática importante 
na Educação.
Por fim, na Unidade IV nos debruçamos para compreender quais os passos que 
podemos seguir para promover uma Cultura da Paz, e o que significa uma Cultura da Paz. 
Desde modo, a educação e o diálogo inter-religioso serão apresentados enquanto proposta 
que possibilite a formação de uma sociedade da paz.
Esperamos que essa jornada seja repleta de aprendizagem e que o material possi-
bilite o seu crescimento pessoal e profissional.
Muito obrigado e ótimos estudos! 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
Ecumenismo: O que é?
UNIDADE II ................................................................................................... 27
Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
UNIDADE III .................................................................................................. 47
Teoria Ecumênica e a Prática Cotidiana
UNIDADE IV .................................................................................................. 66
Diálogo Inter-Religioso
4
Plano de Estudo:
● Conceito de Ecumenismo;
● História do Movimento ecumênico;
● Representação do Ecumenismo pelo mundo;
● O ecumenismo como sinônimo de paz.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar ecumenismo;
● Compreender os tipos de ecumenismo;
● Estabelecer a importância do movimento para a acepção 
de paz entre os diversos grupos étnicos.
UNIDADE I
Ecumenismo: O que é?
Professora Ma. Laís Azevedo Fialho 
Professora Ma. Mariane R. Emerenciano da Silva 
Professor Me. Leonardo Henrique Luiz
5UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
INTRODUÇÃO
Olá, estudante da disciplina “Ecumenismo e Diálogo inter-religioso”. Sabemos que 
a religião é uma instituição importante para a maioria da população mundial, com apenas 
uma minoria de 15% declarados como sem identificação religiosa. Podemos afirmar que o 
ecumenismo foi desenvolvendo ferramentas de aproximação que há mais coisas que unem 
os seres humanos, ou leva a reflexão dos motivos que levam os conflitos entre esses.
Talvez, você já ouviu a frase de Hans Küng que diz o seguinte: “Não há sobrevivência 
sem uma ética mundial. Não haverá paz no mundo sem paz entre as religiões. Sem paz 
entre as religiões não haverá diálogo entre as religiões” (KÜNG apud ZILLES, 2007, p.224). 
Assim, ficamos felizes em compartilhar com você esse conteúdo que foi produzido pensando 
unicamente no seu processo de formação.
Aqui, pensaremos a importância do movimento ecumênico e do diálogo inter-
religioso em nossa sociedade contemporânea, pois esse movimento foi significativo na 
construção do diálogo e da convivência entre opostos. Desse modo, é um campo de grande 
importância para as áreas da Teologia e da Ciência da Religião.
Nesta jornada, apresentaremos o conceito de ecumenismo, a sua constituição por 
meio da confissão cristã, bem como as tensões e crises desse movimento. Além disso, o 
movimento ecumênico colaborou na formulação de uma teologia/filosofia da alteridade, e 
apesar dos conflitos que são presentes ao longo da história do movimento, ele colabora 
para a concepção de um mundo mais justo, igualitário e pacífico.
Desejamos bons Estudos!
6UNIDADE I Ecumenismo: O que é?UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
1. CONCEITO DE ECUMENISMO
A palavra “ecumênico”, é antiga, vem do termo grego oikoumene, que está 
relacionada com questões referentes à morada, ao assentamento e à permanência. 
(DIAS, 1998, p. 131):
Inicialmente na Grécia Clássica os escritores gregos utilizavam o termo para 
opor a realidade do mundo grego ao espaço onde os habitantes não eram conhecidos. 
A partir das conquistas de Alexandre Magno, que estende a oikoumene grega (o mundo 
helenizado) do Mar Egeu às margens do rio Indo, o conceito passa a ser usado num 
sentido geográfico. Posteriormente,
O processo de helenização iniciado por Alexandre Magno abarca diferen-
tes povos e culturas, como os egípcios, babilônios, sírios, semitas, cal-
deus, persas, etc. Nessa diversidade de culturas, impunha-se o estabele-
cimento de algo que pudesse dar unidade a todas estas nações e povos 
tão diferentes. Surge então o ideal do homem helênico como um elemento 
unificador e totalizante (DIAS, 1998, p. 131).
Isso trouxe, entre o século III a.C., “o conceito de um indivíduo cosmopolita como 
representante da verdadeira humanidade. Separado de suas raízes locais, pode chegar a 
abarcar a totalidade do universo”. E no surgimento da “oposição entre helênico e bárbaro, 
entre civilizado e inculto; a princípio o mundo da cultura correspondeu à oikoumene”. (DIAS, 
1998, p. 131). Nesse período, portanto, o ecumenismo adquire um sentido cultural. Após a 
morte de Alexandre e o desmembramento de seu império, o poder grego começa a fragilizar-
se. Desse modo, o Império Romano impõe seu poder sobre as terras que circundam a bacia 
do Mar Mediterrâneo, e o termo adquiriu uma dimensão política, que deu complementaridade 
à compreensão cultural, helenística, que havia sido dada ao ecumenismo.
7UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
As perspectivas geográficas, culturais e políticas aparecem no Novo Testamento. 
Sendo empregado em quinze passagens “recuperando em algumas delas o sentido de 
mundo (At. 11.28), de cultura helênica (Rm 10.18; Hb 1.6; Ap 12.9), de Império Romano (Lc 
2.1)”. No que diz respeito à literatura eclesiástica, o termo é introduzido quando o Concílio 
de Constantinopla (381) refere-se ao Concílio de Nicéia (325) como um “concílio ecumêni-
co” (DIAS, 1998, p. 132). É a partir desse momento que o termo ecumênico designará as 
doutrinas e os usos eclesiais, dotados de uma validade universal em toda a Igreja católica. 
Mas a dimensão religiosa da palavra só vai ganhar realmente sentido a partir do século 
XVII, depois da Reforma Protestante, que ressaltou os conflitos e divisões dos cristãos. 
Observemos a seguinte narrativa de Dias (1998) que inspirado na obra de Lucien Febvre, 
Martinho Lutero: Um destino, Dias (1998, p. 128-129) escreve o seguinte:
Na noite de 27 de junho de 1538, o grande reformador jantava em Wittemberg 
com seu companheiro de lutas e disputas, o douto mestre Felipe Melanch-
thon. Os dois homens estavam tristes. Falavam do futuro. Lutero interrogava: 
“Quantos mestres diferentes seguirá o próximo século? A confusão será total. 
Ninguém se deixará governar pela opinião ou a autoridade de outro. Cada 
um procurará ser seu próprio Rabi (mestre): como já é o caso de Osiander, 
de Agrícola. (...) e então quantos escândalos enormes, quantas dissipações! 
O melhor seria que os príncipes, por meio de um Concílio, procurassem pre-
venir tais males; mas os papistas não aceitariam jamais isto; têm tanto medo 
à luz (...)” Por sua vez, Melanchthon respondia no mesmo tom: “Oh! queira 
Deus que os príncipes e os Estados possam encontrar num Concílio uma 
fórmula de concórdia para a doutrina e as cerimônias, estabelecendo uma 
proibição para ninguém se afastar dela temerariamente, para escândalo do 
próximo. Sim, é três vezes lamentável o rosto de nossa Igreja mascarada sob 
tal capa de debilidades e escândalos!”
O fragmento ilustra o desejo de uma unidade cristã quebrada. Podemos dizer que 
o desenvolvimento do conceito de “ecumenismo” surge no seio do cristianismo que ao estar 
fragmentado em confissões distintas, desejavam restabelecer a unidade quebrada (FRANCO, 
2007, p.11). É necessário lembrar, que ao se tratar de manifestações humanas, organização 
de ideias, hábitos e costumes há de se lembrar que estas não surgem de uma hora para 
outra, o mesmo podemos dizer sobre a consciência ecumênica. Desse modo, o ecumenismo 
é definido pelos indivíduos enquanto vivem sua própria história (DIAS A. C., 2007, p.13).
Isso significa que ao longo do tempo a ideia de ecumenismo passou por novas ela-borações e concepções. Nesse sentido, Dias (2007), aponta que há graus de ecumenismo, 
dos quais citamos os seguintes (DIAS A. C., 2007, p.14):
- No sentido restrito, podemos pensar na busca da unidade entre as diversas 
denominações advindas da Reforma Protestante, no Brasil genericamente chamadas de 
evangélicas;
8UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
- Também temos as organizações que incluíram a participação de outros cristãos 
além dos protestantes, como os católicos romanos e ortodoxos;
- E por fim as organizações que se desvincularam de uma relação eclesial, mas que 
promovem o ideal ecumênico de unidade.
Assim, há o entendimento do movimento ecumênico, no qual “todas as instituições 
que de alguma forma procuram promover a unidade dos cristãos” (DIAS, 2018, p. 14). E o 
que atualmente se impõe com maior plausibilidade, como ressalta Faustino Teixeira (2003),
A perspectiva de um ecumenismo planetário, que retoma o sentido mesmo do 
termo “Ecumene”, ou seja, “toda a terra habitada”. Trata-se de assumir uma 
nova consciência macroecumênica, da profunda unidade de toda a família 
humana, capaz de pensar e trabalhar uma perspectiva singular de entrela-
çamento global, de mútuo enriquecimento e cooperação entre as culturas e 
religiões em favor da afirmação de vida no mundo (TEIXEIRA, 2003, p. 24).
Ao considerar, que a organização do conceito de ecumenismo perpassa o 
cristianismo, não é estranho pensarmos que,
A proposta macroecumênica e do diálogo inter-religioso encontra dificuldades 
em determinados setores tanto da intelectualidade como das igrejas. Por ra-
zões distintas não se consegue vislumbrar o seu valor singular. Para alguns, 
esse diálogo não passa de mera estratégia mercadológica, para “racionalizar 
a própria competição na situação pluralista” [...]. Outros tendem a entender 
esse processo como exigência estratégica de alargar as malhas da atuação 
ética e relacional da Igreja católica em face da crise da eclesialidade eurocên-
trica e do vazio aberto com o ocaso do socialismo [...]. Em nível mais interno 
da Igreja católica, outras questões são levantadas. Aponta-se, sobretudo, o 
temor de que o diálogo inter-religioso acabe por esvaziar ou enfraquecer a 
tônica missionária da Igreja, acentuando um indiferentismo religioso e um 
relativismo problemático. (TEIXEIRA, 2003, p.24).
Mesmo as considerações sobre as táticas de aceitação desses movimentos inter-
religiosos e ecumênicos. Não podemos esquecer que as tentativas de manter uma relação 
de diálogo e paz entre as religiões consiste em um requisito essencial entre as nações. 
Conforme Teixeira (2003, p.25), “O verdadeiro diálogo inter-religioso deve ser globalmente 
responsável e não pode admitir a continuidade do arbítrio, da violência e o sofrimento injusto 
entre os seres humanos.
9UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
2. HISTÓRIA DO MOVIMENTO ECUMÊNICO
Para falar sobre o ponto de partida do movimento ecumênico, atentemo-nos às 
missões protestantes e movimento leigo, ambos contribuem significativamente para o de-
senvolvimento e origem do movimento ecumênico (MENDONÇA, 2008). Assim, caro (a) 
estudante, fique atento, pois estaremos a discorrer sobre um ecumenismo que visa uma 
maior unidade cristã.
O movimento ecumênico chamado “moderno”, tem raízes nos movimentos de 
diálogo e associação de igrejas e grupos cristãos, marcado pela expansão missionária 
protestante no final do século XVIII até o século XX. (CUNHA, 2010) Isso não significa 
que não houve anteriormente um desejo de unidade da Igreja de Cristo, como podemos 
observar com a breve narrativa de Dias (1998)
FIGURA 1: SÍMBOLO QUE REPRESENTA O ECUMENISMO CRISTÃO
Fonte: https://www.nev.it/nev/2015/09/07/cose-il-cec/
10UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Segundo Mendonça (2008) desde o início das missões protestantes foi sentida 
a necessidade de colaboração entre as diversas corporações eclesiásticas para levar a 
mensagem cristã para os distintos lugares. Assim, William Carey, considerado fundador 
das missões protestantes modernas, incentivou desde o começo a cooperação entre os 
cristãos no campo missionário.
O movimento missionário levou os clérigos à formação de sociedades missioná-
rias interdenominacionais, como a Sociedade Missionária de Londres (1795) - a primeira 
manifestação “ecumênica” protestante -, a Sociedade de Tratados Religiosos (1799), a 
Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (1804), a Sociedade Bíblica Americana (1816), a 
Sociedade Americana de Tratados (1825), e assim por diante.
Não podemos deixar de ressaltar que as missões, apesar de constituírem forte 
elemento de aproximação das igrejas, concentraram suas forças,
Na mensagem conversionista “evangelical”, mas foram organizando os 
convertidos em congregações denominacionais, levando para as áreas 
de missão seus conflitos e suas tendências competitivas. Dessa maneira, 
elas não conseguiam levar o cristianismo essencial, mas a denominação. 
(MENDONÇA, 2008, Koinonia [documento online]). 
No que diz respeito aos movimentos leigos, os jovens se destacam. A partir da 
segunda metade do século XIX suas organizações influenciam no ecumenismo. A primeira 
dessas instituições foi a Associação Cristã de Moços (ACM), fundada em Londres (1844), 
por George William (1821-1905), que posteriormente se organizou mundialmente pela 
Aliança Mundial das ACM, em 1855. Ainda podemos citar, o Movimento de Estudantes Vo-
luntários para Missões Estrangeiras (1886), influenciado por Dwight L. Moody (1837-1899), 
e teve como organizador John R. Mott (1865-1955), um leigo metodista estadunidense, um 
dos principais personagens do movimento ecumênico. Foi a partida da prática do diálogo 
ecumênico no movimento de associações mundiais de jovens, que se atribui o uso, pela 
primeira vez, da palavra “ecumênico” na acepção moderna. (MENDONÇA, 2008).
Como desdobramento dos processos mencionados acima, e sob o influxo da 
Aliança Evangélica, o movimento ecumênico avançou e teve como marco decisivo o Con-
ferência de Edimburgo realizado em 1910, no qual abre caminho para a realização de 
outras Conferências que desenvolveram uma teologia da missão e campo da missão. Ali na 
Conferência, foram tratados temas como: a Igreja nos campos missionários; como levar o 
Evangelho ao mundo; país de origem e país-missão; a formação de missionários; missões 
e governos; mensagem missionárias e religiões não-cristãs; e cooperação e promoção da 
unidade (CUNHA, 2010; MENDONÇA, 2008; DIAS, 1998). Nesse momento, o encontro 
foi essencialmente protestante, o convite não se estendeu aos católicos-romanos, nem 
ortodoxos (DIAS, Z., 1988).
11UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
As igrejas latino-americanas também não foram chamadas para a Conferência. 
Para os promotores da Conferência, a América Latina era considerada um terreno cristão, 
evangelizado pela Igreja Católica Romana. A atitude contrariou os missionários protestantes 
que atuavam no território latino americano. (DIAS, Z., 1998). No ano de 1916, foi realizado 
no Panamá, o Congresso de Obra Cristã na América Latina. Que resultou numa mensagem 
missionária de conversão do catolicismo ao protestantismo.
A partir da Primeira Guerra Mundial, muitas igrejas do hemisfério norte mostra-
vam-se preocupadas com a paz e justiça no mundo. Foi fundada em 1914, na Alemanha a 
Aliança Universal para a Amizade Internacional Através das Igrejas. Findada a guerra, foi 
crescente as conferências mundiais sobre restabelecimento de paz e a busca em formular 
uma resposta cristão à situação econômica, social e moral. Foi promovido assim a Confe-
rência sobre Cristianismo Prático, que deu origem ao Movimento de Vida e Ação, em 1925 
em Estocolmo, na Suécia. Nesse período a Igreja católica declinou o convite que recebeu 
para participar, os ortodoxos por sua vez, se mostraram interessados.
Ressaltamos ainda, que já no começo do século XX, as Igrejas ortodoxas se 
pronunciaram a favor de uma colaboração com Igrejas não-ortodoxas, isso entre 1902-1904 com o Patriarca de Constantinopla. Em 1920, esse Patriarcado, através de uma carta 
de Monsenhor Strenopoulos Germanos, assinada pelos membros do Sínodo, criam a Liga 
das Igrejas, nos moldes da Liga das Nações. Este projeto de convocação das Igrejas cristãs 
num esforço de unidade, também é convocado na abertura do Santo Sínodo da Igreja 
de Constantinopla em janeiro de 1919. Desde então, as Igrejas ortodoxas passaram a 
participar de diferentes atividades junto com os cristãos não-ortodoxos, em 1961 se tornaram 
membros do CMI, que já era integrado pela Igreja anglicana desde 1948. (DIAS, Z., 1998).
FIGURA 2: AMSTERDAM, HOLANDA, AGOSTO DE 1948, CRIAÇÃO DO CONSELHO 
MUNDIAL DE IGREJAS – CMI
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/582145-70-anos-do-conselho-mundial-de-igrejas-cmi
12UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Com o temor de que houvesse a constituição de uma “super-igreja”, ou a criação 
de um setor que fosse normativo para as Igrejas, em 1938 foi formado um comitê, presidido 
pelo arcebispo William Temple, que preparou bases para a formação do Conselho Ecumê-
nico de Igrejas. Durante esse período eclode a Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto,
A Aliança Mundial para a Amizade Internacional Através das Igrejas juntou-se 
aos dois movimentos. Em 1946 foi fundado o Instituto Ecumênico de Bossey 
(Genebra, Suíça). No dia 23 de agosto de 1948, os três movimentos reuniram-
-se em assembleia na cidade de Amsterdã (Holanda) e decidiram pela criação 
definitiva do CMI, o Conselho Internacional de Missões e o Conselho Mundial 
de Educação Cristã. Em Amsterdã 147 Igrejas Protestantes, Anglicanas e Or-
todoxas aceitaram reunir-se sob a seguinte base comum: “O Conselho Mundial 
de Igrejas é uma associação fraterna de Igrejas que aceitam nosso Senhor 
Jesus Cristo como Deus e Salvador.” (DIAS, 1998, 140-141, grifo do autor).
Em 1950, o Comitê Central do CMI ao se reunir em Toronto, no Canadá, elaborou 
uma declaração intitulada A Igreja, as Igrejas e o Conselho Mundial de Igrejas, na qual 
declara que o CMI não é e nem seria uma super-Igreja, isso também significa que ela não 
deveria prejulgar a questão eclesiológica adotada por cada instituição. Foi na Declaração 
de Toronto, que a Igreja católica passou a ter uma tímida colaboração (DIAS, Z., 1998).
Até aqui, percebemos que o movimento ecumênico foi idealizado e consolidado 
pelos grupos protestantes, posteriormente com adesão dos cristãos ortodoxos. A Igreja 
católica, nesse contexto, se manteve distante destas iniciativas, questão essa somente 
alterada nos anos 60, principalmente com o Concílio Vaticano II (1962-1965), que estava 
inteirado com a criação do Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (1960), 
seguido da publicação do Decreto sobre Ecumenismo Unitatis Reintegratio (1965).
Em 1989, o Secretariado foi elevado à Categoria de Pontifício Conselho para a Pro-
moção da Unidade dos Cristãos. (CUNHA, 2010). A partir daí a Igreja católica passa a ser 
membro de vários conselhos e de igrejas e organizações ecumênicas. Apesar de manter 
uma proximidade, a Igreja católica não se tornou membro do CMI. É válido salientar, que os 
segmentos mais tradicionalistas do catolicismo advogam fidelidade ao princípio de “única 
igreja”, e de que essa unidade passa pelo papa, ou seja, são contrários ao ecumenismo. Já 
os segmentos católicos mais abertos ao ecumenismo, ainda busca criar identidade própria, 
e também alimenta uma certa tensão. 
A seguir citamos um trecho de Cunha (2010), que ressalta não apenas a tensão 
criada pelos católicos, sobre o cunho do “macroecumenismo” e o diálogo inter-religioso, 
assim discorre Cunha (2010, p.115) sobre os segmentos católicos mais abertos ao ecu-
menismo, que,
13UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
ainda aprendendo desta história, e buscando criar identidade própria nela, 
acabam também alimentando tensões quando defendem compreensões 
de ecumenismo que terminam por minimizar a base da unidade cristã, 
classificando-a indiretamente como “microecumenismo”, desde que foi 
cunhado o termo “macroecumenismo” entre esses grupos para expressar 
uma dimensão considerada mais ampla que inclui o diálogo inter-religioso. 
(CUNHA, 2010, p.115) 
A autora ainda complementa que o termo “macroecumenismo”
dificilmente entra no vocabulário dos grupos protestantes e ortodoxos, her-
deiros de Edimburgo e seus desdobramentos, que enxergam o princípio 
ecumênico construído pela história como algo que foi sendo amplificado ao 
longo da história e traz no seu sentido três dimensões: a unidade cristã, a 
promoção da vida e o diálogo inter-religioso como testemunho da fidelidade a 
Cristo. (CUNHA, 2010, p.115)
Dito isso, e considerando que o movimento ecumênico possui conflitos, crises, 
tensões e a busca por diálogo, podemos concluir que ele está permeado por obstáculos, 
mudanças e “novas” versões das velhas crises. É possível dizer que atualmente, é um dos 
pontos centrais dos cristianismos, que em busca de garantir sua ação do campo religioso 
opta pelo diálogo, pelo respeito e abertura para o outro.
A diversidade de expressões do movimento passa por grupos cristãos distintos, 
desde aos contextos culturais e eclesiais, aos movimentos de mulheres, de jovens, pelo 
meio ambiente, e encontra dificuldades também de reconhecimento e consolidação, frente 
à expressiva dimensão institucional, considerando o CMI, por exemplo.
Dentro do movimento ecumênico, ainda há de se pensar que foram centenas 
de projetos, organismos, grupos eclesiásticos e não eclesiásticos, que eram de países 
diferentes, de sexos distintos, idade, etnias, cultura e confissões de fé. Esses partilhavam 
suas ações, com linhas e motivações diversas como: Educação, gênero, teologia, meio-
ambiente, superação da violência, juventude, saúde, direitos humanos.
Visto isso, estudantes, recordemos que aqui estivemos a observar o ecumenismo 
entre instituições cristãs. Mesmo que seja um movimento com suas particularidades 
atendo-se majoritariamente a fé cristã, ela desdobra-se nas perspectivas de diálogo inter-
religioso, alteridade, e o “macroecumenismo”, que nos é muito importante, considerando 
principalmente o processo de globalização e interação entre povos de distintas confissões, 
como os Budismos, Islamismos, Xintoísmos, Hinduísmos, Cristianismos, e principalmente, 
a violência e a intolerância que ocorre nesses encontros étnicos. 
14UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
3. REPRESENTAÇÃO DO ECUMENISMO PELO MUNDO
Conforme você pôde perceber pela história do movimento ecumênico descrito 
no tópico anterior, parte de sua proposta nasceu dentro do cristianismo principalmen-
te com o protestantismo. Entretanto, ao longo da história e nas diversas regiões do 
mundo podemos encontrar experiências ecumênicas empreendidas por fiéis das mais 
diversas denominações religiosas existentes. Essas atividades são realizadas tanto por 
meios oficiais das instituições como por iniciativas próprias dos membros pertencentes 
às crenças. Além disso, o ecumenismo pode ser desenvolvido tanto dentro da própria 
denominação religiosa ou para com outras religiões.
Nesse sentido, diversas religiões que se ramificaram em várias correntes se uniram 
em grandes associações visando a ajuda mútua. Por exemplo, no Brasil, diversas escolas 
budistas de origem japonesa se organizam desde 1958 na Butsuren (Federação das Es-
colas Budistas do Brasil). Para além das diferenças na experiência religiosa de cada uma 
dessas escolas budistas, elas se juntam para promover apoio às entidades assistenciais, 
a memória dos imigrantes, e a prática da religião no Brasil. Paralelo a esse movimento, 
os adeptos do Budismo realizaram atividades voltadas para o diálogo inter-religioso com 
outras crenças em vários momentos da história. Na década de 1970 temos como exemplo a 
Missão Ecumênica do Brasil (MEB) presidida pelo padre Francisco de Souza e pelo monge 
budista Ricardo Mário Gonçalves, através dessa organização foram publicadosboletins, 
realizado palestras e demais atividades celebrando o bem comum entre os homens.
15UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
O caso do Budismo no Brasil acima apresentado é um dos muitos exemplos pos-
síveis das faces do movimento ecumênico. Conforme mencionado, no meio protestante o 
Movimento Ecumênico Internacional ganhou corpo com a criação em 1948 do Conselho 
Mundial das Igrejas (CMI). Segundo o teólogo Zwinglio Mota Dias (2013), a formação do 
CMI em 1948 é uma expressão significativa do compromisso das Igrejas com a sociedade. 
Nesse mesmo ano foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que 
expressa a proteção individual e coletiva dos direitos fundamentais do ser humano. Dessa 
forma, o CMI se propõe a lutar pelas garantias sociais e jurídicas como cerne da promoção 
da vida em Cristo. Fundada por aproximadamente 147 organizações cristãs, atualmente 
conta com mais de 349 Igrejas membros espalhados por todo o mundo. Juntas essas dife-
rentes denominações buscam o testemunho comum na fé em Cristo e o serviço às pessoas 
necessitadas em prol da justiça e paz.
Um passo importante dessa história foi a aproximação da Igreja Católica Romana 
com o CMI em 1965. Essa aproximação é fruto do esforço gradativo em observar que 
os elementos de convergências são maiores do que os de divergências em relação às 
outras religiões. No catolicismo, um marco fundamental desse processo foi a realização 
do Concílio Vaticano II (1962-1965). De acordo com Elias Wolff (2011), de Constantino 
no século IV ao Concílio Vaticano II, o catolicismo oficial se afirmou em autossuficiência 
e autoridade de sua estrutura eclesiástica de maneira exclusivista. Dessa forma, partia 
dos princípios de que a Igreja Romana representava a totalidade da fé cristã da qual 
fora de suas estruturas não havia salvação. Essa perspectiva criava um ambiente de 
rejeição às iniciativas ecumênicas, sendo o diálogo pensado em termos de conversão 
para dentro de suas fronteiras.
Entretanto, esse distanciamento oficial não impediu iniciativas ecumênicas que aos 
poucos penetraram e floresceram no seio da Igreja Católica. Temos como caso emblemáti-
co a atuação do bispo Angelo Giuseppe Roncalli, que em 1958 se tornaria Papa João XXIII, 
mas que antes mesmo de ser eleito como papa realizou diversas missões de paz com mu-
çulmanos, minorias católicas, cristãos ortodoxos, contando inclusive com visita ao Patriarca 
de Constantinopla, Basílio III, em 1927. Ao convocar o Concílio Vaticano II, João XXIII, 
garantiu o convite a observadores ortodoxos, protestantes e anglicanos, além da remoção 
das expressões antissemitas na liturgia da Sexta-Feira Santa. Esse empenho transformou 
o Concílio em “[…] um ato ecumênico em si mesmo e não é possível compreendê-lo sem 
considerar esse fato.” (WOLFF, 2011, p. 404).
16UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Decorrência dessa abertura foi promulgada pelo Papa Paulo VI em 1965 a Nostra 
Aetate. Trata-se de uma declaração sobre a Igreja e as relações com as religiões não-cris-
tãs. No documento, é ressaltado a união e a caridade entre os homens e povos com vistas 
a formar uma só família com a mesma origem em Deus. Buscando compreender a diversi-
dade religiosa, no documento é afirmado que as religiões seriam formas de responder aos 
enigmas da condição humana de maneira diversa. Nominalmente o Hinduísmo, Budismo, 
Islamismo e o Judaísmo são citados como diferentes maneiras de se promover a paz, 
justiça social e liberdade não cabendo à Igreja a condenação de tais práticas. De maneira 
mais significativa ainda é argumentado que “A Igreja reprova, por isso, como contrária ao 
espírito de Cristo, toda e qualquer discriminação ou violência praticada por motivos de raça 
ou cor, condição ou religião.” (CONCÍLIO, 2007, on-line).
Essas bases construídas pelo Concílio Vaticano II fomentam até hoje o diálogo 
inter-religioso católico permitindo aproximações diversas. Na América Latina, eventos como 
a Conferência Episcopal de Medellín de 1968, atuaram justamente com base nas premissas 
do Concílio Vaticano II, na formação de um modelo pastoral e espiritual da Igreja Católica. 
De acordo com o cientista da religião Carlos Frederico Barbosa de Souza, Medellín foi além 
do Vaticano II ao conseguir adaptar e transformar a Igreja para a realidade latino-america-
na. Dialogando com a comunidade cristã católica e não católica, a conferência propôs uma 
concepção espiritual de experiência sagrada que fosse além dos aspectos religiosos como 
a oração, o culto, etc. Foi enfatizado que toda experiência humana (pessoal e comunitária) 
poderia ser diferentes formas de experimentar Deus e que os cristãos devem direcionar 
seus esforços aos sofredores. Tendo como a centralidade em Jesus Cristo como modelo de 
vivência cristã que se doou aos outros.
A proposta de Medellín era a superação do individualismo no qual
[…] pede todo esvaziamento das concepções que nascem da exclusão dos 
pobres, sejam os pobres aqueles que são excluídos do poder econômico, se-
jam os excluídos de relações étnicas e de gênero igualitárias; seja a própria 
natureza, que sofre com os desmandos e o espírito dominador e conquista-
dor do poder capitalista. (SOUZA, 2018, p. 713). 
Nesse sentido, a denúncia a toda forma de opressão dos sofredores se torna 
basilar para essa perspectiva. Em termos práticos, sua atuação se consolidou com as 
Comunidades Cristãs de Base ou Comunidades Eclesiais de Base. Nessas, os festejos, 
a leitura engajada da Bíblia e a ação de denúncia foram as formas de diálogo da fé com 
a vida real dos sofredores.
17UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Aliada a essa interpretação teológica católica também podemos apontar a 
atuação das Igrejas protestantes tradicionais, isto é, as Presbiterianas, Metodistas, 
Batistas, Congregacionais, Luteranas e Episcopais-anglicanas, nas décadas de 1930 até 
1970, como geradoras de movimentos ecumênicos envolvidas em causas sociais. Nesse 
período, diversas Igrejas protestantes uniram forças em grupos como a Confederação 
Evangélica do Brasil (CEB) em 1934, a União Latino-Americana de Juventude Evangélica 
(ULAJE) em 1941 e outras que constituem grupos ligados a movimentos sociais e a uma 
teologia da libertação. Dessa atuação surgiram novas gerações de importantes lideranças, 
como Jorge Bertolaso Stella, “[...] um dos pioneiros do que hoje chamamos ‘Ciências da 
Religião’ no Brasil.” (CALVANI, 2015, p. 1906).
Nesse sentido, o que temos em comum no movimento protestante e católico foi 
a perspectiva bíblico-teológica em favor das condições básicas de existência como for-
ma de promoção dos direitos humanos. A partir da ideia de que toda pessoa é imagem 
e semelhança de Deus o Conselho Latino-americano de Igrejas (CLAI) atuou com apoio 
do Conselho Mundial de Igrejas na década de 1970 para socorrer vítimas de conflitos, na 
defesa da dignidade humana e no processo de diálogo e pacificação de regiões como 
Nicarágua, El Salvador e Guatemala. No Brasil, o projeto Brasil: Nunca Mais, do Rev. Jaime 
Wright (pastor presbiteriano), D. Paulo Evaristo Arns (arcebispo de São Paulo) e Rabino 
Henry Sobel, no mesmo período, foram formas materiais em que congregações diferentes 
se apoiaram em ajuda aos perseguidos e injustiçados.
Ainda em âmbito cristão desde 2000 são organizadas, em média a cada cinco 
anos, a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) congregando diferentes denomina-
ções cristãs em nome do diálogo nas Igrejas. Na mais recente, realizada em 2021, o tema 
foi “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. A Campanha da Fraternidade (CF) é 
realizada anualmente, no período quaresmal pela Igreja Católica no Brasil, estabelecida 
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Além dessas formas institucionais não podemos esquecer das iniciativas indivi-
duais de lideranças religiosas que se propõem ao diálogo com outras religiões. Nesse 
sentido, podemos citar como exemplo a campanha Copa daPaz lançada no Maracanã 
em 2014 por diversas lideranças religiosas: representantes dos católicos, luteranos, islâ-
micos, candomblecistas, umbandistas, budistas e anglicanos. 
18UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Ou aos encontros entre grandes representantes das diversas religiões, por exem-
plo, o que ocorreu entre o Papa Francisco e o líder xiita Ali al-Sistani em Bagdá, no ano de 
2021, como forma de socorrer as minorias cristãs no Iraque.
Ainda nesse mesmo sentido, são importantes as intervenções de líderes contra vio-
lências às minorias. Por exemplo, em 2013, o Dalai Lama deplorou os ataques de budistas 
contra muçulmanos no Myanmar. Longe de serem clamores e atividades isoladas, essas 
formas de protestos e encontros são importantes representações da preocupação com o 
outro e sua liberdade religiosa. Fausto Teixeira (2003) defende que as vozes das lideranças 
contra os conflitos são pontos fundamentais das ações ecumênicas na vida real, sendo 
o diálogo inter-religioso uma possibilidade da atuação das religiões na construção de um 
mundo sem violência e pela paz. 
19UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
4. ECUMENISMO COMO SINÔNIMO DE PAZ
Pensar a partir do pressuposto de que o diálogo inter-religioso é uma possibilidade 
para a paz é uma das formas de compreender a importância das religiões no mundo. O 
diálogo entre as crenças só é possível com a abertura mútua, a aceitação do outro, o exercício 
de comunicação e o reconhecimento de semelhanças nas diferentes formas de lidar com o 
sagrado. Isso só é possível por meio do conhecimento das distintas formações religiosas 
presentes em nossa realidade. O teólogo Cláudio de Oliveira Ribeiro propõe a análise de 
diferentes perspectivas teológicas para uma “Teologia ecumênica das religiões”: esta seria 
pautada na preocupação com a paz e justiça. Para o autor, há uma importância pública das 
religiões que está intimamente conectada com a abertura dialogal, pois “O diálogo aumenta 
a capacidade humana de autorrealização e de realização do outro.” (RIBEIRO, 2012, p. 927).
Para isso, é fundamental que o outro tenha espaço para expressão de sua própria fé. 
Esse é, inclusive, um dos pilares básicos da sociedade contemporânea, presente no Artigo 
5° da Constituição Federal Brasileira de 1988, e também em convenções internacionais, 
como no Artigo 18° da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Em ambos, o 
direito à livre manifestação religiosa é defendido como preceito fundamental. A partir dessas 
convenções, o ecumenismo tem muito a contribuir para a garantia da liberdade religiosa.
Da perspectiva do cristianismo, teólogos como Elias Wolff procuram apontar 
as possibilidades de atuação ecumênica como forma de garantir a paz. Se valendo de 
passagens bíblicas como Mt 25:31-46 a busca pela justiça são descritas como valor central 
na prática do cristianismo, pois ali o Cristo está no desamparado, no estrangeiro, no doente, 
no faminto, no preso, ou seja, nos injustiçados, necessitados e pobres. 
20UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Essa forma teológica ganhou faces significativas com os movimentos e organiza-
ções protestantes e católicas descritas anteriormente.
Sozinhos e agindo isoladamente os grupos cristãos não conseguem superar os 
desafios impostos pela fome, miséria, desigualdades e injustiças, mas pelo ecumenismo 
e, portanto, o trabalho coletivo em prol dos desfavorecidos é possível ampliar as áreas 
de atuação. Para Wolff, viver de acordo com o Evangelho é um motivo de união entre os 
cristãos. Ao assumir sua responsabilidade histórica enquanto defensora dos oprimidos, as 
Igrejas se aproximam da própria vontade expressa na Bíblia. Fruto de um amadurecimento 
e conscientização de séculos, essa forma de pensar a união não significa abandonar as 
especificidades de rito e teologia de cada denominação.
Longe do mito de uma religião universal, o ecumenismo não pretende apagar as 
diferenças, pois um ponto fundamental se pauta no aprofundamento da própria fé indi-
vidual. Indo além de um conhecimento teórico das outras tradições religiosas, o diálogo 
inter-religioso pode atuar de formas diversificadas. Entre as quais, temos os intercâmbios 
teológicos, em que as singularidades das experiências íntimas com o sagrado são compar-
tilhadas. Nesse sentido, o monge trapista Thomas Merton buscou se aproximar do Budismo 
como forma de aprofundamento de sua própria experiência religiosa cristã. Sem negar 
sua tradição religiosa, Merton indicava métodos de contemplação da natureza próprios do 
Budismo como adequados para a prática da Igreja Católica.
Outra forma de atuação do ecumenismo pode ser encontrada na cooperação reli-
giosa em prol da paz em que as religiões se unem tendo em vista um objetivo em comum. 
Como exemplo, Rudolf von Sinner nos lembra do evento conhecido como Incidente de 
Antioquia, no século I d.C., em que no cerne da Igreja primitiva, o alinhamento às normas 
judaicas e a gradativa conversão dos gentios fez crescer disputas nas missões evangeliza-
doras. De acordo com o autor, esse evento chega ao fim com o acordo de Pedro e Paulo 
de que o fundamental era a comunhão para com os pobres. Nesse sentido, tais momentos 
em que divisões surgem dentro de perspectivas religiosas podem ser solucionados com a 
prática que frisa o bem comum.
Como brasileiros que consomem notícias oriundas de um viés ocidental entramos 
em contato com termos como terrorismo, perseguição religiosa, ataques a outras religiões 
como fenômenos presentes em regiões como o Oriente Médio. Mas esse senso comum 
carrega diversos estereótipos e preconceitos com as religiões majoritárias da região, como 
o Islã, e também nos faz desviar o olhar para os casos de intolerância presentes no Brasil. 
Sem precisar de muito esforço, podemos lembrar casos como o de 2020 no qual a 3a Vara 
Criminal de Araçatuba-SP expediu uma decisão judicial que retirou de uma mãe a guarda 
da sua filha por denúncias anônimas a respeito de maus tratos. 
21UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
Na decisão do juiz, foi apresentada como prova uma imagem dos cabelos raspados 
da menina. Entretanto, na ocasião, a menina passava por um ritual de iniciação no Can-
domblé no qual deveria ficar em recolhimento absoluto, passar por rituais de purificação, 
entre os quais, a raspagem do cabelo. O caso é um dos muitos existentes de violência física 
e simbólica contra as religiões de matriz afro-brasileiras. Afinal, no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) é garantida a escolha da religião à criança e também o direito dos pais 
de transmitir aos filhos suas crenças e culturas. 
Essa realidade vivida por praticantes de algumas religiões pode ser enfrentada 
com a ajuda do ecumenismo por meio do esclarecimento da importância do convívio em 
harmonia com as outras religiões. Nesse sentido, Sinner (2005) aponta para os projetos 
ecumênicos ao longo do tempo que tiveram como base justamente a liberdade do outro. 
Entre os quais, o movimento conhecido como Igreja Confessante atuou na resistência 
ao Partido Nazista na Alemanha. Da mesma forma, também temos atuações de diversas 
pessoas, sacerdotes ou não, que ajudaram a fuga de judeus da Alemanha e de países 
ocupados durante a Segunda Guerra Mundial.
Seguindo os passos de Elias Wolff, no Brasil contemporâneo podemos pensar três 
orientações do ecumenismo: a primeira entre as diversas denominações cristãs; a segunda 
em termos de pluralismo religioso das crenças mais antigas como Budismo, Islamismo, 
Judaísmo, Cristianismo, etc. e os movimentos religiosos modernos ligados a Nova Era, 
as Novas Religiões Japonesas; e por fim, em terceiro, a sociedade em sua diversidade 
de culturas, costumes, etnias e classe sociais. Como veremos nos próximos capítulos, 
em cada um desses espaços há trabalhos específicos que podem ser realizados pelas 
diferentes denominações religiosas em prol da paz.
22UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
SAIBA MAIS
O Conselho Mundial de Igrejas(CMI) foi fundado em 1948, em Amsterdam, o Conse-
lho surgiu do movimento ecumenico, e atualmente possui uma atuação significativa no 
mesmo. Para você saber quais são as instituições pertencentes e as ideias visite o site:
 Fonte:https://www.oikoumene.org/
REFLITA 
Caro(a) estudante, diante da diversidade religiosa existente no Brasil você já parou para 
pensar nas religiões presentes em sua cidade? 
(Os autores)
23UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) estudante, finalizamos aqui nossa incursão sobre o ecumenismo e a 
presença do diálogo inter-religioso ao longo do tempo. No corpo do texto abordamos as de-
finições do ecumenismo, os desenvolvimentos históricos, as formas de atuação ecumênica 
e a importância do movimento para a promoção da paz.
Ao buscar responder às suas questões mais profundas as pessoas podem expressar 
diferentes formas de práticas religiosas. Entretanto, por vezes as religiões entraram em 
conflito por motivos particulares de cada período. Mas a história do movimento ecumênico 
nos mostra que gradativamente e em diversas religiões as pessoas têm notado que os 
elementos que as aproximam são maiores do que os que as distanciam. Nesse sentido, as 
religiões se colocam em uma situação atuante diante do mundo, tal forma de ação garantiu 
a luta em busca de condições mais justas para todos os seres.
Em nossa sociedade marcada pela diversidade, as religiões têm um importante 
papel a cumprir ao promover a defesa dos valores fundamentais dos seres humanos. A 
promoção do ecumenismo é um fator importante por proporcionar que o outro tenha espaço 
para expressar suas crenças. Isso não significa um abandono ou relativização da própria fé, 
mas sim um fortalecimento, tanto em termos de aprofundamento no entendimento de sua 
própria religião como em promover a paz, justiça, igualdade e liberdade no mundo.
Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!
24UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
LEITURA COMPLEMENTAR 
● TAVARES SILVA. Nilo. Do confronto ao Diálogo: o estilo Batista de ser e a questão 
ecumênica no Brasil. Fonte. 2013.
Essa obra tem como proposta mapear histórica e criticamente a relação entre os 
batistas no Brasil e a questão ecumênica, o que desafia e faz refletir. O autor traça um 
caminho desde as raízes históricos do movimento ecumênico e o protestantismo brasileiro 
indo até as questões mais particulares que se referem ao estilo de ser batista no Brasil, 
identificando entre outras questões que a ausência do diálogo marca a presença batista no 
Brasil desde suas origens. A importação do modelo cultural dos Batistas do Sul dos Estados 
Unidos fechou as portas para a possibilidade de abrir diálogo com nossa própria cultura 
brasileira, deixando marcas profundas na liturgia, eclesiologia e teologia batista praticada 
pela maioria batista no Brasil. A tentativa de uniformização de um jeito de ser batista no 
Brasil predominou historicamente contrariando o princípio maior de unidade na diversidade 
que marca a identidade batista privando o povo batista brasileiro de contemplar e vivenciar 
a beleza da diversidade do ser Batista já existente além-fronteiras.
● NETO, Luiz Longuini. O novo rosto da Missão. Ultimato, 2002.
O Novo Rosto da Missão compara os conceitos de pastoral e missão nos movimen-
tos evangelical e ecumênico no protestantismo latino-americano. Inicia com o Congresso 
do Panamá, em 1916, indo até o CLADE IV, em Quito, Equador, no ano de 2000, e a 
Assembleia Geral do CLAI, realizada na cidade de Barranquilla, Colômbia, em 2001.
Trata-se de um livro inédito por resgatar e incluir documentos de importantes 
reuniões, como CELA (Conferência Evangélica Latino-Americana) I, II e III, CLADE (Con-
gresso Latino-Americano de Evangelização) I, II, III e IV, e as assembleias gerais do CLAI 
(Conselho Latino-Americano de Igrejas).
O Novo Rosto da Missão também trabalha o significado real de ecumênico, ecu-
menismo e movimento ecumênico. E, por várias razões, o conceito original da palavra 
“oikoumene” ampliou-se tanto que hoje ela serve para definir uma série de coisas e ao 
mesmo tempo pode não significar nada.
Assim, os evangelicais — com medo de utilizar o termo “pastoral”, devido à forte 
conotação católica e à relação com o marxismo —, preferiram utilizar o termo “missão”. 
Surge, então, a pastoral como um novo rosto da missão, uma vez que, na confusão dos 
usos e dos conceitos, os objetivos afinal eram os mesmos: a inserção dos cristãos na 
sociedade, visando sua transformação.
25UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
● CALVANI, Carlos Eduardo B. Protestantismo liberal, ecumênico, revolucionário 
e pluralista no Brasil - um projeto que ainda não se extinguiu. Horizonte, v. 13, n. 40, p. 
1896-1926, 2015.
No artigo é desenvolvido a história do movimento protestante brasileiro voltado 
ao pluralismo e ao ecumenismo. Esse movimento teve força significativa entre as dé-
cadas de 1930 e 1970 atuando junto à sociedade em defesa da inclusão social e dos 
direitos das minorias perseguidas.
● SINNER, Rudolf von. “Felizes o que promovem a paz” (Mt 5,9) a contribuição do 
ecumenismo para uma cultura da paz. Encontros Teológicos, n. 40, p. 5-24, 2005.
Neste artigo são apresentados os projetos ecumênicos desenvolvidos ao longo 
do templo junto ao Conselho Mundial das Igrejas. É também ressaltado a importância da 
paz como valor fundamental para os cristãos viverem em acordo com o Evangelho. São 
também apresentados espaços onde a prática ecumênica tem desenvolvido importantes 
contribuições no Brasil e no mundo.
26UNIDADE I Ecumenismo: O que é?
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título. Caminhos do ecumenismo no Brasil
Autor. Elias Wolff.
Editora. Paulinas.
Sinopse: O presente livro de Elias Wolff presta um relevante serviço 
à causa ecumênica no Brasil. Explora o desenvolvimento do ecume-
nismo nas relações entre igrejas-membro do Conselho Nacional de 
Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), ele o faz com um detalhamento e 
profundidade que não se pode encontrar em nenhuma outra obra. E 
não deixa de lado as implicações sociais e as dimensões teológicas, 
que se devem observar. Mais ainda: metodologicamente, Elias Wolff 
não se limitou a auscultar a literatura existente, mas pesquisou em 
arquivos, atas e outras fontes análogas. Ou seja, o desenvolvimento 
do ecumenismo entre essas igrejas é abordado detalhadamente em 
seus aspectos históricos, teológicos e pastorais. Ao empregar no 
proêmio a figura da colcha que vai sendo costurada com muitas 
peças, mas que, à medida que vai sendo costurada, pode abrigar 
as diferentes vertentes, Elias Wolff também reconhece que no ecu-
menismo há “muitos caminhos”, mas eles não precisam ser causa 
de divisão e competição entre eles, mas devem ser descortinados 
como “convergentes”. E a história que ele traça da relação entre as 
Igrejas que integram o CONIC torna palpável que o empreendimen-
to não só vale a pena, como corresponde ao espírito evangélico que 
anima essas mesmas Igrejas, unindo-as num espírito e propósito 
em comum. “Que todos sejam um, como o Pai e o Filho o são, para 
que o mundo creia.”.
FILME/VÍDEO
Título. Uma Chama na Escuridão
Ano. 1998.
Sinopse. William Carey navegou em 1793 com sua família para 
a Índia para compartilhar a mensagem de Jesus. Lá ele enfrentou 
tantos sofrimentos que é incrível que não tenha abandonado seu 
chamado. Continuou na batalha e influiu na abolição do Sati, um 
ato pagão onde viúvas eram queimadas vivas. Em 40 anos de 
ministério, Carey traduziu mais versões da Bíblia do que em toda a 
história do Cristianismo até aquela época. Ficou conhecido como 
O Amigo da Índia e O Pai das Missões Modernas. Sua herança 
traz para muitos cristãos até os dias de hoje.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=4Qjoe7BuHyI
27
Plano de Estudo:
● Ações ecumênicas – como promover?;
● As religiões e a aceitação do próximo;
● O olhar sobre as diferenças;
● O mundo, a globalização e as manifestações de fé..
Objetivos da Aprendizagem:● Contextualizar as diversidades e as relações com as religiões;
● Compreender os tipos de ações ecumênicas;
● Estabelecer a importância da diversidade religiosa
UNIDADE II
Unidade na Diversidade:
Desafios e Perspectivas
Professora Ma. Laís Azevedo Fialho
Professora Ma. Mariane R. Emerenciano da Silva
Professor Me. Leonardo Henrique Luiz
28UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 28UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
INTRODUÇÃO
Olá, estudante da disciplina “Ecumenismo e Diálogo inter-religioso”. Na unidade 
a seguir, vamos conversar sobre diversidade e a atuação das religiões para o diálogo 
ecumênico. Retomando a unidade anterior, você deve se lembrar sobre as várias formas de 
atuação do movimento ecumênico ao longo da história, mas como elas foram promovidas?
Para responder essa pergunta, juntos vamos aprender mais sobre como a diversi-
dade pode ser construída para fortalecimento da própria fé. Através do contato com o outro 
e do exercício da empatia podemos abraçar aqueles que muitas vezes são excluídos, além 
disso, diversas possibilidades de ecumenismo se tornam possíveis por meio da convivên-
cia, cooperação e do diálogo inter-religioso. Ao promover a diversidade, as religiões estão 
fortalecendo a construção da cultura da paz e do respeito. Sendo fundamental, ao mesmo 
tempo, a fidelidade com a própria crença e o respeito às convicções do outro, em um 
processo de mútuos benefícios de enriquecimento da experiência na promoção de valores 
e identidades. Esses também são fundamentos presentes nas normas e leis brasileiras, in-
clusive na BNCC que regulamenta o ensino religioso no Brasil, dessa forma, é um elemento 
essencial para a atuação do cientista da religião na sociedade em que estamos inseridos.
Longe de um declínio da religião, o mundo globalizado atual é marcado pela pre-
sença da religião em grande parte da população do mundo, essa presença é também plural 
e atravessa diferentes momentos de nossa vida. Em um mesmo bairro diversas religiões 
têm seus espaços de atuação (institucionais ou não): compreender essas diferenças é uma 
tarefa que requer o exercício de alteridade como uma prática de reconhecer as necessida-
des do outro e respeitar sua integridade.
Esperamos que aproveitem a discussão. Bons estudos!
29UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 29UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
1. AÇÕES ECUMÊNICAS – COMO PROMOVER?
Caro(a) estudante, como você observou na unidade I a história do movimento 
ecumênico tem desdobramento em diferentes áreas de atuação. Vimos que no meio 
cristão, tanto as diversas lideranças protestantes no Brasil das décadas de 1930 a 1970 
como os clérigos católicos participantes da Conferência de Medellín de 1968 tiveram 
a defesa dos direitos humanos como lemas fundamentais. A partir desse objetivo em 
comum, passaram a promover ações ecumênicas visando auxiliar presos políticos, desa-
brigados e pobres que sofriam injustiças.
Dessa forma, a partir da própria história do movimento ecumênico podemos pensar 
maneiras de promoção das ações entre as religiões. Pegando como exemplo o Japão, em 
meio às diversas crises que as diferentes manifestações que os Xintoísmos foram envol-
vidos durante a Segunda Guerra Mundial, e posteriormente a percepção de diminuição 
na quantidade dos frequentadores dos santuários, algumas atividades ecumênicas foram 
organizadas visando atuações concretas na sociedade. Uma que tem grande importância 
é a formação da Associação para o Estudo das Florestas Sagradas (em japonês Shasō 
Gakkai), organização criada em 2002 por sacerdotes e sacerdotisas xintoístas e que conta 
com a presença de estudiosos(as) de várias áreas do conhecimento com o propósito de se 
envolver nas causas ambientais. 
De acordo com John Breen e Mark Teeuwen (2010), essa associação busca cons-
cientizar para as ameaças ambientais enfrentadas pelas florestas e bosques no Japão que 
muitas vezes são locais sagrados para o Xintoísmo, pois os kami (divindades) podem estar 
presentes nas montanhas, rios, mar, árvores, etc. 
30UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 30UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
Por meio de pesquisas nessas florestas em todo o Japão são realizados treinamentos 
para ajudar na conservação ambiental dessas localidades. Sozinho um santuário xintoísta 
pouco conseguiria fazer para preservação ambiental, mas por meio da associação e com a 
ajuda de vários pesquisadores e outros santuários de diferentes escolas, o Xintoísmo pôde 
criar mecanismos de preservação de suas florestas.
Da mesma forma, as religiões podem somar esforços para o esclarecimento de 
questões que cada vez mais são urgentes de serem debatidas em nossa sociedade como 
a luta antirracista, o combate a xenofobia, ao sexismo, as violências de gênero, o trabalho 
infantil, e demais questões que impossibilitam o pleno exercício da cidadania e da liberdade. 
O movimento ecumênico pode atuar no desenvolvimento de que todos os seres são membros 
de uma mesma família e, portanto, devem ter seus direitos assegurados. Nesse mesmo 
sentido, podemos sugerir que em momentos de catástrofes, desastres naturais, ondas de 
frio ou calor extremo, etc. são ocasiões em que o ecumenismo pode representar alguma 
esperança para os que se encontram nessas situações extremas. Mais do que buscar a 
conversão das pessoas, nesses momentos de calamidades as religiões podem unir esforços 
e demonstrar sua missão de promover a paz para além das diferenças doutrinárias.
Além da união a partir de causas comuns, Tiago de Fraga Gomes (2017) elabora 
modelos metodológicos para a promoção do ecumenismo. Em primeiro lugar, o autor crítica 
o método da controvérsia apologética, pois essa busca um confronto teológico em que uma 
religião busca mostrar a superioridade sobre a outra. Longe de ser uma forma dialogal 
de ecumenismo, a apologética não busca a abertura e o enriquecimento da fé a partir do 
conhecimento da experiência do outro, mas sim o convencimento. 
Diante disso, Gomes afirma que o método comparativo tem possibilitado melhores 
resultados. Nesse método é buscado o estudo da história, doutrinas, ritos e demais formas 
de especificidades entre as diferentes denominações religiosas. O que se busca não é a 
promoção de sua verdade, mas o entendimento de como o outro exercita a sua própria fé. 
A partir desse conhecimento, podem ser feitas comparações que nos revelam importantes 
trocas e influências históricas entre as religiões ao longo do tempo e ao mesmo tempo 
reconhecer as especificidades de nossa crença frente a diversidade humana. Esses são 
passos iniciais para o diálogo, pois apenas pelo conhecimento de como as outras religiões 
atuam é que podemos nos posicionar com respeito para o diálogo.
Em um sentido mais profundo, o método contextual-relacional pode trazer contri-
buições ainda mais efetivas para a promoção do ecumenismo. Nas palavras de Gomes 
Esse método promove uma perspectiva indutiva, dialógica e prática da reflexão 
da fé, abordando cada doutrina em si mesma na forma como é proclamada e 
vivida no interior de cada confissão, e em relação ao meio social e às outras 
confissões, tendo como foco a práxis. (GOMES, 2017, p. 54)
31UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 31UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
Isto é, como forma de proporcionar a aproximação entre as religiões, o autor argu-
menta que o envolvimento em práticas sociais pode ser mediado como maneira de aproxi-
mação com diferentes perspectivas religiosas. Com isso, é buscada uma “Hermenêutica da 
Comunhão” por meio da qual a interpretação dos textos religiosos são direcionados para a 
ação em comum superando as diferenças que dividem.
É também possível apontar três momentos decisivos para o ecumenismo: a 
convivência, a cooperação e o diálogo. A convivência é a base para a aceitação mútua em 
que pelo conhecimento as diferentes crenças compartilham suas formas de vivência dafé. 
A cooperação surge a partir da necessidade mútuas de traçar critérios e estratégias visando 
um impacto significativo na sociedade, essa forma de ecumenismo prático é a maneira de 
somar forças e transformar a realidade. Por fim, o diálogo ocorre quando “as diferenças já 
não assustam mais” (GOMES, 2017, p. 55) e, portanto, é possível visualizar um projeto de 
unidade na diversidade que oriente o agir com respeito.
Todas essas formas de promoção do ecumenismo não têm por objetivo a conversão, 
o convencimento, o desapego com a própria fé ou a relativização dos valores religiosos. A 
busca é pelo testemunho da vida em comunidade e do amor para com o próximo, essa só 
é possível com uma prática libertadora que por meio do agir ecumenicamente ganha forças 
ao aliar formas de atuação.
32UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 32UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
2. AS RELIGIÕES E A ACEITAÇÃO DO PRÓXIMO
Como você pode ter percebido, as religiões têm um importante papel social na 
construção de uma cultura da paz e do respeito, no qual o ecumenismo ocupa um papel 
fundamental. No Brasil, documentos como a Base Nacional Curricular ao instituir o en-
sino religioso frisam que o “O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo dos 
conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e respeito 
às alteridades.” (BRASIL, 2017, p. 437). Dessa forma, um aspecto central é a ideia de 
alteridade, ou seja, a percepção da diferença que possibilita a distinção entre o “eu” e o 
“outro” através da qual a nossa própria identidade é construída.
Mas, conforme aponta Faustino Teixeira (2002), ao olharmos a alteridade não 
devemos optar por uma dicotomia entre o “nós” e o “outro”. Para o autor, isso seria um 
etnocentrismo que no caso das religiões tem o perigo de criar a sensação de uma autos-
suficiência e muitas vezes a insensibilidade e incomunicabilidade com as outras crenças. 
A atitude etnocêntrica também leva a relativização da variedade cultural e religiosa pela 
deslegitimação e demonização de outras práticas que não as nossas.
O esforço do ecumenismo é iniciado justamente com a superação desse entrave 
etnocêntrico para permitir a abertura dialogal com o diferente. De acordo com Teixeira 
(2002), o diálogo é um processo construído ao longo do tempo com etapas de tolerância, 
coexistência, aprendizado com o diferente e, por fim, a promoção de ações em comum. 
Para isso, em primeiro lugar é necessário olhar a diversidade religiosa existente ao 
nosso redor.
33UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 33UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
Falando especificamente sobre o contexto latino americano no qual estamos inse-
ridos, o antropólogo Alejandro Frigerio (2018) nos mostra que a diversidade religiosa sem-
pre esteve presente nas Américas. O autor critica a visão “católico-cêntrica” (FRIGERIO, 
2018, p. 2) que enxerga a diversidade religiosa como um fenômeno minoritário e recente, 
que desloca a diversidade para categorias como “religiosidade popular”, “curandeirismo” 
ou “esoterismo”. O uso dessas categorias são formas de deslocar práticas de seus senti-
dos religiosos, isto é, uma forma de desqualificar a prática do outro e pregar um suposto 
monopólio cristão. Nesse sentido, embora exista uma diversidade religiosa, há também 
uma estigmatização que implica um impedimento do pluralismo religioso (entendido como 
valorização positiva da diversidade).
Tendo em vista essa diversidade e o desafio da defesa do pluralismo, é necessá-
rio reconhecer a convicção religiosa do outro e não tomá-la como falsa. Nas palavras de 
Teixeira (2002, p. 158) “O diálogo exige humildade, abertura e respeito ao diferente. Não 
basta, porém, abrir-se à diversidade, mas igualmente afirmar a liberdade e a dignidade 
do outro, deixar-se interpelar por sua verdade.” Assim, o diálogo é construído a partir da 
fidelidade à sua própria verdade acrescido do respeito às convicções do outro e vice-versa.
Em termos bíblicos, Teixeira nos lembra do livro do profeta Isaías: “Alarga o es-
paço da tua tenda, estende as cortinas das tuas moradas (…), alonga as cordas, reforça 
as estacas” (Is 54,2). Por essa passagem, é argumentado que o diálogo inter-religioso é 
justamente um compromisso com a própria fé (estacas reforçadas), mas também a dispo-
nibilidade e abertura do outro e seu mistério sagrado. Ao fazer isso, o indivíduo ultrapassa 
as barreiras do etnocentrismo, no qual a diversidade religiosa pode ser reconhecida como 
traço de valor e riqueza.
Em vez de suscitar o medo ou a aversão para com o desconhecido, a diversidade 
pode nos mostrar caminhos ainda não percorridos que reforcem nossa própria identidade 
religiosa. Nos últimos anos, com a crescente reivindicação de grupos que por séculos foram 
marginalizados, vemos o papel da religião como importante ponto de apoio. Nesse sentido, 
temos manifestações em que as religiões abraçam a diversidade por inúmeros meios, po-
demos citar como o exemplo o bloco Gente de Fé Contra a LGBTfobia presente na Parada 
LGBTI+ da cidade de São Paulo em 2019. O bloco é formado por um grupo inter-religioso 
que busca mostrar que a diversidade sexual não é um mal a ser enfrentado.
34UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 34UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
FIGURA 1: FOTO DA PARADA LGBTI+ DE SÃO PAULO EM 2019
Fonte:https://bit.ly/3oPPxcA
Constituído principalmente por católicos, budistas, mães de santo, evangélicos 
e mórmons, eles buscam a inclusão nas igrejas. A presença desses religiosos é um 
importante passo para afirmar a abertura ao diálogo entre as crenças assim como o 
respeito para com a diversidade sexual. Vale destacar a atuação da reverenda Alexya 
Salvador das Igrejas da Comunidade Metropolitana (ICM), como mulher trans que acolhe 
a diversidade em sua crença. 
Essa promoção da diversidade e aceitação do outro é o reconhecimento do papel 
da religião enquanto importante espaço de produção de valores morais e identitários 
que contribui para formar a consciência de seus praticantes. Como um dos grandes 
meios de socialização humana, as religiões ao transmitir valores de solidariedade, 
inclusão e respeito estão atuando enquanto agentes transformadores da realidade para 
os sofredores e oprimidos.
35UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 35UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
3. O OLHAR SOBRE AS DIFERENÇAS
 
Iniciamos esse tópico com um fragmento de Bruno Latour (2002) sobre o encontro 
dos portugueses e dos guineenses, o qual exemplifica um olhar sobre o outro, a qual é 
dotado de acusação e inferiorização das crenças que diferem-se das suas próprias.
A acusação, pelos portugueses, cobertos de amuletos da Virgem e dos san-
tos, começa na costa da África Ocidental, em algum lugar na Guiné: os ne-
gros adoravam fetiches. Intimados pelos portugueses a responder a primeira 
questão: “Vocês fabricaram com suas próprias mãos os ídolos de pedra, de 
argila e de madeira que vocês reverenciam?”, os guineenses responderam 
sem hesitar que sim. Intimados a responder a segunda questão: “Esses ído-
los de pedra, de argila e de madeira são verdadeiras divindades?”, os negros 
responderam com a maior inocência que sim, claro, sem o que, eles não 
os teriam fabricado com suas próprias mãos! Os portugueses, escandaliza-
dos, mas escrupulosos, não querendo condenar sem provas, oferecem uma 
última chance aos africanos: “Vocês não podem dizer que fabricaram seus 
fetiches, e que estes são, ao mesmo tempo, verdadeiras divindades, vocês 
têm que escolher, ou bem um ou bem outro; a menos que, diriam indignados, 
vocês não tenham miolos, e que sejam insensíveis ao princípio de contradi-
ção como ao pecado da idolatria”. Silêncio embotado dos negros que, na falta 
de discernimento da contradição, provam, frente ao seu embaraço, quantos 
degraus os separam da plena e completa humanidade... Pressionados pe-
las questões, obstinam-se arepetir que fabricaram seus ídolos e que, por 
consequência, os mesmos são verdadeiras divindades. Zombarias, escárnio, 
aversão dos portugueses frente a tanta má fé. (LATOUR, 2002, p. 15-16).
Para designar essa cena que para os portugueses muito católicos, teriam utilizado 
o adjetivo de feitiço, que é originário de feito, particípio passado do verbo fazer, forma, con-
figuração, mas também artificial, fabricado, fascinado, encantado. E vejamos, estudante, 
seria interessante que os africanos tivessem devolvido o elogio sobre a artificialidade de 
seus fetiches aos amuletos da Virgem em seus pescoços. 
36UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 36UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
Trouxemos tal narrativa para pontuar que a visão ocidental é influenciada pelo 
pensamento cristão e europeu que parte também da noção de dualidade de bem e mal, 
verdadeiro e falso.
Isso não significa que seja uma tarefa fácil, enunciar o outro. François Hartog (1999) 
ao problematizar a enunciação da alteridade, parte da premissa que “entre o narrador e o 
destinatário existe, como condição para tornar possível a comunicação, um conjunto de 
saberes semântico, enciclopédico e simbólico que lhes é comum” (HARTOG, 1999, 49). O 
que significa que a cultura a ser descrita/decodificada passa por uma interpretação confor-
me o mundo do narrador. 
Segundo Hartog (1999) a enunciação do Outro na “retórica da alteridade” são figuras 
postas em movimento pelo narrador, tanto no que significa persuadir aos destinatários, para 
enunciar o Outro como diferente, para compará-lo, classificá-lo ou enfim para excluí-lo.
A noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida social, e essa noção é 
efetivada através das dinâmicas sociais. Desse modo, a diferença é, simultaneamente, 
a base social e fonte permanente de tensão e conflito (VELHO, 2008). Nesse sentido, 
um conceito importante na busca de compreender o outro é a “alteridade”. O exercício 
da Alteridade, é muito mais que um conceito, é uma prática. A alteridade é colocar-se no 
lugar do outro. Alteridade também é reconhecer que existem culturas diferentes e que elas 
merecem respeito em sua integridade.
A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a 
ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade 
em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que con-
sideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos compor-
tamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente 
nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz 
respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) da 
nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; 
e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre 
tantas outras, mas não a única. (LAPLANTINE, 2000, p. 21).
O conceito de alteridade na Psicologia refere-se ao “o conceito que o indivíduo tem 
segundo o qual os outros seres são distintos dele. Contrário a ego”. Já para a filosofia: (DA 
PIEVI, 2014, Docência e alteridade, [documento online]). Assim,
A nossa constituição como um “outro” passa, necessariamente por um pro-
cesso de identificação positiva ou negativa com os outros. É como confirmar 
ou negar o outro que existe em nós. Quando negamos o outro, revelamos, de 
forma subjacente, o desejo de eliminar a alteridade presente no próprio eu, 
que quer se afirmar como uno em um mundo fragmentado, onde o reconhe-
cimento da diferença parece ser uma perigosa ameaça. O outro questiona e 
julga, a todo momento, aquilo que somos, nossas convicções, nossos modos 
de agir, tal como procedemos em relação a ele. É através da superação des-
sa resistência que nos tornamos nós mesmos através dos outros. O outro 
que me “ameaça” é o mesmo que me “liberta”. (DA PIEVI, 2014, Docência e 
alteridade, [documento online]).
37UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 37UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
Dito isso, a metodologia para o estudo das religiões proposta por Wilfrede Cantwell 
Smith (1967) é importante na busca de se colocar no lugar do outro. Não é apenas observar, 
é também ouvir e deixar que o outro fale. 
 
FIGURA 2 - OUVIR E COLOCAR-SE NO LUGAR DO OUTRO
Fonte: https://i.pinimg.com/564x/4b/97/03/4b9703e19e6b99ee5a64fff769220fd0.jpg
Smith (1967) já atenta a essa relação sobre os relatos dos encontros entre euro-
peus, quando o cristianismo ocidental se estendeu a outros lugares do mundo para indagar, 
explorar e tomar gradualmente a consciência dos povos e lugares. Esses relatos sob a ótica 
dos viajantes europeus são importantíssimos para os estudos nas universidades, já que nos 
possibilita conhecer sobre as crenças de outros povos, sendo essa uma primeira fase de 
estudos sobre as crenças. Já na contemporaneidade inaugura uma segunda fase, onde os 
povos antes estudados estão presentes, a partir da Segunda Guerra Mundial o contato entre 
os povos e crenças diversas tomou grandes escalas, uma reunião cara a cara. (SMITH,1967).
Assim, ao propor o estudo sobre crenças que não fazem parte da realidade do 
pesquisador e que facilmente possui um contato com os praticantes, há de se recordar os 
cuidados para não se fazer caricaturas, caso contrário estaríamos fazendo um estudo e um 
juízo de valor de nós mesmos e não das culturas que se pretende estudar.
38UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 38UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
Desse modo, o primeiro passo é absolutamente fundamental: consiste em reco-
nhecer que o estudo de uma religião é o estudo de pessoas. Dificilmente outro ramo da 
investigação humana se ocupa de uma área tão pessoal como esta. Assim, é necessário 
ressaltar que a fé é uma qualidade de vida para os indivíduos.
Caro (a) estudante, quando se trata das questões transcendentais, elas são ma-
nifestações reais, como cita Smith (1967, p.58, tradução nossa), “Uma galáxia pode ser 
maior, mas argumento que o valor do transcendente não somente é mais importante, senão 
ao menos igualmente real e em alguns sentidos mais real”. E como devemos lidar com 
os estudos sobre as crenças do outro? Metodologicamente, “Uma das diversas formas 
de descobrir o significado que algo tem para uma pessoa envolvida com uma crença é 
perguntar a ela mesma” (SMITH, 1967, p.63, tradução nossa). 
39UNIDADE I Ecumenismo: O que é? 39UNIDADE II Unidade na Diversidade: Desafios e Perspectivas
4. O MUNDO, A GLOBALIZAÇÃO E AS MANIFESTAÇÕES DE FÉ
 É sabido que durante o século XIX e XX, houve diversos debates sobre o declínio da 
religião, ou da fé religiosa, ou ainda, o desencantamento do mundo. Mas como observamos 
na unidade anterior, a maioria da população do globo possui uma identificação religiosa. O 
que ocorre no cenário atual é uma pluralização de crenças.
Tradicionalmente a literatura sociológica tem distinguido entre religiões universais 
(judaísmo, confucionismo, bramanismo, budismo, cristianismo, islamismo) e religiões 
particulares. O primeiro está associado à ideia de mobilidade enquanto o particular tenderia 
ao enraizamento. Mas tal como aponta Ortiz (2001), o processo de mundialização da cultura 
transforma completamente as noções de internacional, nacional e local.
Nesse sentido, as religiões “particulares” têm também seu estatuto altera-
do pela globalização (penso, por exemplo, na mobilidade dos candomblés e 
dos vaudous que podem hoje ser encontrados em Paris, Buenos Aires, Nova 
York, distantes de seu núcleo de origem). (ORTIZ, 2001, p. 59).
Nas ditas religiões universais, a ideia estaria associada à “civilização”, isto é, uma 
cultura fixada numa territorialidade ampla, integradora, capaz de se expandir a partir de um 
núcleo comum, no qual descontextualiza os indivíduos e grupos sociais de suas situações 
historicamente demarcadas. Assim, quando essas religiões são tratadas em contraposição 
ao pensamento mítico surgem como um bloco

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