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Jean-Philippe Accart Serviço de referência: do presencial ao virtual Prefácio de Patrick Bazin Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos BRIQUET DE LEMOS UVROS Prefácio Apresentação I Sumário Serviços de referência presenciais Introdução Origem e situação atual dos serviços de referência ix xiii 1 3 7 1 O que é um serviço de referência presencial? 13 2 Qual serviço de referência para qual instituição? 22 3 A política de referência 32 4 A abordagem de projeto no serviço de referência presencial 38 5 O projeto arquitetônico do serviço de referência 45 6 A coleção de referência 57 7 A equipe de referência 78 8 Deontologia e responsabilidade jurídica do profissional de referência 89 9 Organização e funcionamento do serviço de referência 99 10 O trabalho de referência 105 11 A função de referência 113 12 A entrevista de referência 131 13 A pesquisa de informação 138 14 Os produtos de informação no serviço de referência 151 Conclusão da parte I. O futuro dos serviços de referência presenciais II Serviços de referência virtuais Introdução 1 2 3 O que é um serviço de referência virtual? A referência virtual num ambiente digital Estudo de viabilidade para a criação de um serviço de referência virtual 158 161 163 179 186 199 4 Implantação do serviço de referência virtual: aspectos normativos e legais 5 Implantação do serviço de referência virtual: aspectos técnicos (1) 6 Implantação do serviço de referência virtual: aspectos técnicos (2) 7 Implantação do serviço de referência virtual: aspectos técnicos (3) 8 Implantação do serviço de referência virtual: aspectos organizacionais 9 A rede de referência virtual colaborativa Conclusão da parte n. Valor agregado do serviço de referência virtual III Serviços de referência presenciais e virtuais: aspectos comuns 1 A economia dos serviços de referência 2 Quadro de indicadores de desempenho do serviço de referência 3 Serviços de referência - objetivo: qualidade 4 O marketing dos serviços de referência 5 A comunicação no serviço de referência Conclusão geral: o futuro é virtual Anexos 1 Revistas especializadas 2 Sítios na internet 3 Aplicativos para mensagens instantâneas 4 Siglas e abreviaturas 5 Glossário Índice 206 210 219 227 232 236 247 249 251 262 269 276 282 288 291 291 291 292 294 305 viii SERVIÇO DE REFERÊNC IA: r>O PRHSll NCIAL AO VIRTUAL 1 r 1f ácio 111 muitos aspectos, a função 'referência' está prestes a se tornar a '11ovn fronteira' das bibliotecas, numa época em que estas veem •,1•us principais atributos tornarem-se nebulosos. l 11111 efeito, embora o livro e toda a biblioteconomia em seu entor- 11n, nnlinucm sendo, inegavelmente, o coração das bibliotecas, seu pe- 1 l111dro tende inexoravelmente a se retrair, cedendo lugar ao digital. N1 -.11 fntcrim, o digital desenvolve-se independentemente das biblio- h r .1 , construindo uma engenharia da informação que não fica muito 1 d1 •Vl'r às bibliotecas e que estas têm tido dificuldade de acompanhar. 11.11llo às atividades culturais, talvez possam dar um segundo fôlego bibliotecas mais dinâmicas, mas continuam sendo muitas vezes mo- d1 .. t.u; cm comparação com o que as outras instituições da cultura, por l' 1•inplo, as que se dedicam à área dos espetáculos, sabem fazer. As bibliotecas, é claro, ainda dispõem de recursos. Contam, por , 1·mplo, com a oportunidade de lidar ao mesmo tempo com todos os 111,os de registros, lançando mão de todos os s1:1portes e todas a~ for- 111i1s de mediação, atuando tanto com o presencial corno com o virtual 1• o.;c dirigindo a diversos públicos. De urna certa indefinição fazem sua torça, um pouco corno as grandes lojas de departamentos onde sem- pre se consegue encontrar algo para satisfaz~r a curiosidade. Esta di- mensão generalista, porém, não é suficiente. E preciso que ela encon~e 11m ponto de apoio específico que a legitime plena~~nte, caso alme1_e pnfrentar o futuro com confiança. Na verdade, as bibliotecas, pela pn- 1neira vez na história, estão em busca de si próprias, de sua identidade. Talvez seja preciso procurar essa identidade no campo da função de referência, urna atividade que toca no próprio cerne da profissão de bi- bliotecário, onae se entrelaçam competência intelectual, conhecimento técnico e a relação com o usuário. É claro que os serviços de referência, ícones das bibliotecas-modelo anglo-saxônicas, sofrem diretamente a concorrência da internet, mas, paradoxalmente, essa crise pode levar não ao desaparecimento dessa função, mas à sua transformação. Em outras palavras, em torno da referência desenrola-se para as biblio- tecas um drama de salvação do qual sairão vencedoras se souberem comprovar sua audácia. PREFÁCIO ix É por isso que o livro de Jean-Philippe Accart é tão importante. Não se trata simplesmente de uma reflexão teórica sobre o assunto, mas de uma análise muito concreta do aparato da referência, esclarecendo, além dos instrumentos empregados, o que esse aparato tem de insubs- tituível. Longe de contrapor a referência clássica, a que se exerce na modalidade presencial, à sua versão virtual, ele mostra muito bem que esta descobre e se aprofunda mais do que a primeira conseguia com seus limitados recursos. Por intermédio da problemática da referência ele mostra que, permanecendo fiéis à sua inspiração primeira e com um pouco de inovação, as bibliotecas podem perfeitamente acompa- nhar as novas exigências da sociedade do conhecimento. É preciso ainda compreender o que acontece na atividade de refe- rência. Uma visão mecanicista nos levaria a pensar que, na época de seu apogeu, os serviços de referência funcionavam um pouco como mecanismos de busca humanos, incumbidos de explorar um corpo de informações bibliográficas racionalmente predeterminadas, e que a automação combinada com o acesso remoto os tornaria obsoletos. Tal visão significaria não entender o que Jean-Philippe Accart mostra per- feitamente: a referência, quando bem-compreendida, foi desde sem- pre uma questão de ouvir e acompanhar o usuário individual. Essa faculdade de empatia sempre ligou o bibliotecário a seu interlocutor numa relação de coprodução de uma informação original. Nada há de mecânico em tudo isso. Ora, essa capacidade relacional é precisamente o que as redes do conhecimento, que são essencialmente, não o esque- ça mos, espaços de comunicação, procuram valorizar. Com efeito, não é preciso se deixar iludir pela força dos mecanismos dt• busca e a perspectiva de uma Rede semântica: quanto mais a fron- tcirn da automação dos processos heurísticos se distanciar de nós, e, rnm certeza, ela o fará, mais o componente humano, além da fronteira, g.111 hará força e importância naquilo que tem de pessoal. Este é, em gNal, o paradoxo das tecnologias. E por isso é que a parte mais nobre dl1 profissão de bibliotecário não deveria perder sua pertinência, mas, .m contrário, tornar-se cada vez mais preciosa. 1 'ode-se traçar um paralelo entre esse paradoxo da personalização e 11 d.1 proximidade. Num universo globalizado, poder-se-ia supor que h.1~1.1ri.1 formar imensos reservatórios de dados e acessá-los a distân- t l 1. t lr.1, acon tece o contrário: o desenvolvimento de rnetaestruturas dt• i11fonlh1Çílo interage necessariamente com uma atividade local, sem SI ln'IC.<l IH• RIHll!H NI IA: 1111 l'IU "I Nt'IAI, AO VIRTUAL precedente, de produção, mediação e digitalização. É por isso, ade- mais, que as bibliotecas de bairro têm tant~ futuro. , . Ao contrário do que pretendem certos discursos apocahpticos, tudo leva a pensar que a industrialização das funções cognitivas por inter- médio da Rede libera a criatividade. Por isso é que a função de refe- rência, que pede ao bibliotecário para criar um valor agregado numa relação de proximidade com o usuário, com certeza não está perto de desaparecer. É o que nos mostra com tranquilidade e precisão o livro de Jean-PhilippeAccart. l'MMllAt 10 Patrick Bazin Diretor da Bibliotheque Municipale de Lyon Julho de 2008 xi Apresentação º interesse pelos serviços de referência não é novo, mas tende a se desenvolver, notadamente na sua dimensão virtual. Não faltam exemplos de novos serviços, tanto na França quanto no estrangeiro, e a literatura profissional sobre o tema, principalmen- IP anglo-saxônica, é abundante. No entanto, parece difícil não tratar l'Onjuntamente do 'serviço de referência presencial' e do 'serviço de rt'ferência virtual', que estão muito interligados, apelando para compe- 1{\ncias idênticas: sociais e técnicas, principalmente. No virtual, muda 11t>mente a maneira de responder aos usuários, com o emprego dos re- l ~1 rsos da internet. Essa função não é suficientemente valorizada, na própria biblioteca ou na instituição que a abriga. Ela é, contudo, de primordial impor- 1,1ncia, pois traduz uma ' filosofia do atendimento' dado aos usuários. l 1ri meiro ponto de contato do usuário, o serviço de referência constitui .1 imagem que ele irá formar da instituição: satisfeito com as respos- 1,1s oferecidas, o usuário voltará. A política de informação implantada 1wla instituição deve incluir a noção de acolhida do público, seja no lnca l, seja virtual. Para satisfazer ao usuário, são necessários recursos, tanto humanos quanto técnicos e financeiros. O serviço de referência deve ser um ser- viço de qualidade, concebido com uma orientação que privilegia os l'l icntes. Este livro tem corno alvo vários públicos: • profissionais da informação em seu conjunto, sejam eles arqui- vistas, bibliotecários, documentalistas, etc.; • profissionais da informação incumbidos especialmente do aten- dimento aos clientes; • profissionais qualificados, que poderão encontrar matéria para l l'fl exão, a fim de progredir em seu trabalho; • profissionais iniciantes que procuram esclarecer certas noções; • professores encarregados de cursos sobre os serviços e ativida- des de informação; • estudantes de ciências da informação, biblioteconomia e arqui- vologia; APRESENTAÇÃO xiii • r1.-•spons<\veis e tomadores de decisão, que cogitam impl.inlé:ir um t11•1'vl ço de refe rência; • consultores envolvidos com projetos de informação. S1•rviço de referência: do presencial ao virtual é, na sua primeira parte, uma e 1hrri metodológica sobre planejamento, implantação e desenvolvi- mento de serviços de referência presenciais (num lugar físico) . O livro considera esse serviço como se fosse uma vitrine da instituição. Neste Hl'nlido, a expressão 'serviço de referência' inclui tanto um serviço de recepção, perguntas/respostas, orientação e informação quanto de pes- quisas bibliográficas. Os serviços de referência desenvolvem-se ou se denominam de modo diferente conforme o tipo de documentos com que lidam: biblioteca, midiateca, serviço de documentação, serviço de Informação, serviço de arquivo, etc. O serviço de referência designa 11 m 1 ugar físico (o balcão de referência, a mesa de atendimento), pes- "ºJs físicas (o pessoal incumbido de acolher, informar e orientar o pú- blico) e coleções (a sala de referência). Ele se diferencia do serviço de t>m préstimo e respectivo balcão, embora algumas bibliotecas juntem os dois. Seus objetivos não são os mesmos. Serviço de referência: do presencial ao virtual adota uma orientação voltada prioritariamente para os clientes e contribui com elementos concretos sobre a filosofia do atendimento ao público em geral, numa biblioteca (nacional, pública, universitária, especializada), um serviço dl1 documentação ou um arquivo. Destaca-se a função do profissional de referência e se analisam as competências profissionais, técnicas e principalmente sociais dele exigidas. A entrevista de referência é exa- minada, bem corno se indicam as fontes de informação essenciais para responder aos pedidos e consultas do público. Os 'serviços de referência virtuais' encontram-se na segunda parte da obra, onde são examinados a situação do mercado, opções possíveis, <.:us tos, componentes técnicos e tecnológicos (programas de computa- dor para a referência, a Rede, a Web 2.0, rede social com bate-papo, a Web 3.0, etc.); explica-se a metodologia para a implantação; oferecem- -se exemplos de realizações na França, na Europa e no mundo, a manu- tenção e o desenvolvimento do serviço virtual e colaborativo. A terceira parte apresenta elementos comuns aos serviços de refe- rência presenciais e virtuais: economia e custos; ferramentas de gestão do serviço; marketing, que emprega determinadas téénicas e métodos de avaliação. xiv SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL A 111111111 111 d • l \\,\ \o vulm .1gn•g11do do Hl11viço <.11.• rl'Íl' rência . 1'1111111, llli ,ltlexos além do fn<licc completam a obra indicando 11•v lNl.1R l'HPl' ializadas, programas de computador para o serviço de 1 d1•n•nd a, e alguns exemplos de serviços de referência virtuais. ( >br,1 melodológica que leva em conta os aspectos tradicionais e atu- 11•, d.1 referência, Serviço de referência: do presencial ao virtual demonstra 11 ,tlc.1ncc do serviço de referência, suas diferentes facetas e a relação 111.11-r,rnlc que ele estabelece entre os usuários que buscam informa- '1 111"'1, <\ S competências que pesquisam essas informações e os acervos qlH' ílH contêm. Visa essencialmente a oferecer meios que ajudem os 1 •11 ifissionais na implantação desse serviço, valendo-se de um contexto 11•1 nológico favorável numa perspectiva de intercâmbio e colaboração. A PRESENTAÇÃO XV 1 Serviços de referência presenciais Introdução [ ... ) serviço de referência - o verdadeiro trabalho do bibliotecário. S.R. Rangnnathan' Aqui a mesa de trabalho não está mais ocupada com livro algum. Em seu lugar, ergue-se uma tela e, ao alcance da mão, um telefone. Ao longe, num edifício imenso, encontram-se todos os livros e todas as informações [ ... ) De lá faz-se aparecer na tela a página que será lida para saber a resposta às consultas fe itas por telefone, com ou sem fio. [ ... ] Wells com certeza adoraria uma hipótese como esta. P. Otlet2 E rn francês, o verbo référer [referir] ou se référer surge em 15593 com o sentido de 'se reportar', 'recorrer a'. O termo référence [referência] data de 1820, sendo urna tradução do inglês reference e define "a ação de remeter ou encaminhar o leitor a um texto, urna autoridade", dando origem a várias extensões:* - "fazer referência a urna obra"; - encaminhar a urna ou várias obras por meio de urna nota, urna indicação precisa, as "notas de rodapé ou notas de referên- cia"; - em seguida, o fato de "se dirigir a alguém para obter infor- mações", em geral sobre alguém. Hoje em dia, o termo 'referência' tem um sentido mais amplo, pelo menos em biblioteconomia, uma vez que o 'serviço de refe- rência' abrange certo número de atividades e competências com *O Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2001) registra a forma refferir surgida no português no século xv. Referência data de 1858. No sentido biblioteconômico o dicionário informa que o vocábulo vem do inglês reference. Neste sentido, a primeira vez que é registrado no Brasil parece que foi em São Paulo, em 1929, quando a bibliotecária norte-americana Dorothy Muriel Geddes implantou cur- so no então Mackenzie College, hoje Universidade Mackenzie, onde a atividade de referência era ensinada. No Rio de Janeiro, a biblioteca do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) teria sido a primeira a criar uma seção de referência, como tal, em 1938. [N.T.) 3 a finalidade de oferecer um serviço a um determinado público, em geral uma resposta a uma pergunta. A função de referên- cia, com denominações às vezes diferentes, é implantada junto com os serviços ao público nas bibliotecas ou nos serviços de documentação. Ela se mostra necessária e cada vez mais essen- cial para uma boa percepção das expectativas e necessidades dos usuários em matéria de informaçãoe de busca de informação. Definir uma 'filosofia da referência' A citação de S.R. Ranganathan, que foi bibliotecário de referên- cia, define o serviço de referência como o 'verdadeiro trabalho' do bibliotecário, o que não exclui as outras tarefas documentá- rias. Cada uma tem sua importância, e, no conjunto, constituem a própria essência das profissões da informação, da documenta- ção, das bibliotecas e dos arquivos: o serviço de referência serve para ressaltar e valorizar tanto a instituição e as coleções que pos- sui, quanto as competências dos profissionais por elas responsá- veis. Ele constitui o elo essencial entre o usuário e a informação. Em 1934, Paul Otlet previa os serviços de referência virtuais, ou pelo menos a distância, e a consulta de informações em telas de computadores, a fim de responder a perguntas feitas por te- lefone. Os serviços de referência presenciais4 ou virtuais são ins-- lrumentos de pesquisa à disposição dos usuários. É difícil prever o rumo que tomará a evolução do comportamento dos usuários da internet ou da pesquisa de informação com mecanismos de busca. As bibliotecas, os serviços de documentação e os arquivos devem se posicionar como fontes de informação e pesquisa nas redes de informação. O serviço de referência virtual é uma das respostas que essas instituições podem oferecer em oposição aos mecanismos de busca generalistas, com sua pletora de informa- ções, com sua dificuldade de encontrar a informação 'boa', per- tinente e confiável. Estas citações não estão aqui à toa. Elas expõem diretamente a orientação geral dada a esta obra no que diz respeito aós serviços de referência, serviços essenciais destinados aos usuários. Sejam esses serviços presenciais ou virtuais, a filosofia que deles emana ,~ 11mn filosofia de transmissão, intercâmbio e compartilhamento 4 114Vl~(l Ili MI 1 llH NC IA 11111 Mlt lfN1 1 1 AO\ IH llfJ\I . b 'filosofia da referên-da informação: é preciso refletir so re u?1a . - - dn' antes da elaboraçã? ~e qu~lquer pr?ieto de i;1~=~~i;~e~~e <;t' serviço. Uma estrategia sera constrm- ~a par ir , ·as de He rviço, de relação de serviço, de orientaçao para os usuan ' qualidade do serviço. Serviços de referência no contexto da sociedade da informação · infi ·d d de comu-A sociedade da informação apoia-se numa m a e nstitui 1 1 idades q~e possuem se~s prt:~~~e~!~~e~~: i.c~:p~~ador e Ioda sua nqueza. A associaçao marcan- do telefone celular com a internet repre~enta uma etalpt ªda inter- - d 'dias A mternet resu a ll' na complexa evoluçao as mi . . W ld Wide Web - 'Ih d des que constituem a or rnnexao de mi ares e re . . - ' - úblicos e ( ) 'Rede'. pessoas físicas, inshtuiçoes, orgaos p . www' a . ' . ra as a esta mídia. A tecnologia i•mpresas cnam e comu~cam g ç . a ão entre os seres Web 2.0 reforça este fenomeno. A ~omun.1c ç l ' . t - de humanos pode ocorrer de maneira mterativa, sem i~1;~~ºnas distância ou de tempo: uma cultura de r~de~o1~:~=~~~ na vida universidades, desenvolveu-se no mun o . d d . . estende a todas as camadas da sacie a e. pn ;,"~~;,~::::i:dial da Sociedade da f nfo.'':'ªção ( c':'.s'.) ª~~~7: Pm 2003 textos importantes sobre o acesso a i~formaçao. ad rnção de princípios e o Plano de ação da CMSI.s Ah se recomen a q~e A • ara aproveitar plenamente a soCte- cada pessoa deve ~er ª? compet~ncias t to desenvolver as capacidades e dade da informaçao. E essencia , porlan. ' da i'nformação e comunicação. . f .1. · - com as tecno og1as garantir a am1 ianzaçao . d cação de todos no mundo Estas tecnologias podem contribfmr para aoemuelhoramento das condições . . f ão de pro essores e mte1ro, para a orrn~_ç t ·selas são utilizáveis pelas pessoas necessárias à formaçao per~anen efi f'.º~ d ensino e permitem melhorar as que se encontram ~or~ do.sistema o eia e competências profiss10na1s. Na Declaração de Princípios, bibliotecas, bibliotecá~ios ed espe- . - f implicitamente menciona os na cia listas da mformaçao oram l' 1 2 6 e 32 o Plano de dáusula 21, e explicitame.:ite nas c ~usu as Acesso à informação Ação subdivide-se em seçoes. A seçao c3 fi . f · specialmente aos pro ssio-" .w conlwcimcnto - rc ere-se mais e 11 , 1 i~ dl• n•ll·n•1wi.1: lil I 11 1111 Mt-1'1114 l IA 110 li 1 1 1 Os governos e demais partes interessadas d acesso público comunitári·o l . 1 evem estabelecer pontos de po 1va entes e suste t ' · a seus cidadãos um acesso fa' c1·1 o tu' n aveis, que proporcionem · - u gra ito aos dive rucaçao e especialmente à internet. Na medida rsos, recurs.os de comu- acesso devem ter capacidade ufi . do possivel, tais pontos de , . · s ciente para proporci·o · A usuanos, em bibliotecas insftu' _ d . nar assistencia aos A • , l içoes e ucativas adm · · t - , agencias de correio e outros lugares , bl. , i:us raçoes publicas, rurais e desatendidas ao mesmo t pu icos, ~om atençao especial às zonas d d · ' empo respeitando 0 d' · a e intelectual e fomentando n·i· _ s 1re1tos de proprie- d . a u 1zaçao da inf - . e conhecimentos. ormaçao e o mtercâmbio A seção c4 - Criação de capacidades - determina: A formação dos profissionais da informa ão - mente nos novos métodos e t, . ç nao deve se centrar exclusiva- ecrucas para a · - serviços de informação e com . - cnaçao e a prestação de novos urucaçao uma vez , · 1 tante a formação em técnicas de gest- , 1 d , que e igua mente impor- tecnologias. ª0 vo ta as ª melhor utilização destas São grandes os desafios para fi . . mostrar que seus conhecimen:s pr,o ~s10na:s ~a informação: para a pesquisa e a dissem1·n - d t~cfmcos sao msubstituíveis açao a1n ormaçã . zer com que os políticos s . o, convencer e fa- d esempenham como med:~~~:~1:r:J!~~I:S:!:e ~ papel que e~es acentuar os aspectos peda ó . r s da informaçao; mente capacitando os usufri~~cos I~~.dos _à profissão, principal- º elo de ligação indispensável ~atuh I~açfao das !ecnologias; ser n re a m ormaçao e o usuário. Notas 1. RANGANATHAN, S.R. Reference service 2 d d A . . . P· 24. Disponível em: <h .1 ar· ' n e ., si~ Publishing House, 1961, /10150/106346> Acesso em~4 [an~z2~~~·.openrepository.com/arizona/handle 'J. . ÜTLET, Paul. Traité de documentation· le 1· . 1 ·e· e . zvre sur le lzvre· th ' . . ,i ge: entre de Lecture Publi d · eorze et pratique. g ique; Bruxelles: Éd. Mundaneu~~Pa~aila Com1:1unauté Fra~çai se de Bel- pla (fac-símile da edição de Bruxela 19;4 M) ond1al, 1989, paginação múlti- 1. P1mT Robert. Paris: Éditions du Peti~' 'p. 428-524. 'I. O termo 'presencial' designa o . Robert, 2000, p. 2131-2132. serviço de referênc· , na presença do usuário Em tod t b iaque eprestado'nolocal' 5. Ver o sítio da União In.t . a es a o ra esse termo será empregado , ernac10naJ das Tele · - · www.itu.int/wsis/. comurucaçoes (u1r/Iru): http:// 6 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAI, AO V IR'T'UA 1, Origem e situação atual dos serviços de referência O s serviços de referência surgem no final do século x1x nas bibliotecas públicas norte-americanas com o nome de re-ference services. O termo reference qualifica as obras colo- cadas à disposição do público pelos bibliotecários para a busca de uma informação: dispostas em lugar próprio da biblioteca, essas obras não podem ser emprestadas. São também chamadas 'obras de consulta'. Naquela época, as bibliotecas abriram suas portas e seus acervos, devido principalmente à influência de Melvil Dewey e à adoção de sua classificação - a Classificação Decimal de Dewey (coo) - e mais tarde da Classificação Deci- mal Universal (cou), sistemas que continuam sendo muito utili- zados. Era uma verdadeira mudança de mentalidade, pois não era raro que os documentos fossem guardados debaixo de chave, sendo o acesso a eles privativo de determinados públicos, pes- quisadores ou estudiosos. Com a abertura das bibliotecas, fez-se sentir a necessidade de organizar os conhecimentos. A classifica- ção de Dewey, feita para bibliotecas de livre acesso aos acervos, visa a facilitarpara um público ampliado o acesso aos conheci- mentos. O acesso às bibliotecas se democratiza, correspondendo n uma elevação do nível d e educação da população, desejo~a de se apropriar do universo do livro. Já em 1876, um artigo de S.S. Creen1 define as quatro missões do profissional de referência: - ajudar os usuários a compreender o funcionamento da biblio- teca; - responder às perguntas dos usuários; ajudar os usuários a selecionar as obras boas; promover e personalizar os serviços da biblioteca. W. Child retoma este tema em seu artigo "Reference work at the Columbia College Library", publicado no Library Journal em 1891. A partir dos anos 1930-1940, os manuais de biblioteconomia nor- te-americanos reconhecem a função de referência como uma fun- ç.w lt'gftima da biblioteconomia. Neles se explicita a recepção ao 1 KVIÇO Ili MI 1 llM Nl IA l'M.I RI Nl 11\I H 7 leitor, a entrevista de referência, a necessidade de informação, as fontes necessárias para responder às consultas. A função de bi- bliotecário de referência (reference librarian) permanece sendo re- conhecida. Trata-se de uma especialização, adquirida depois da formação inicial e contínua, à qual se acrescentam conhecimen- tos nas disciplinas do saber (ciências, história, medicina, etc.). A identidade profissional disso resultante é muito forte. Existem nas bibliotecas norte-americanas reference departments formados por equipes importantes. Nas bibliotecas, o serviço de referência ocupa posição que lhe permite ser imediatamente identificável pelo usuário, conta com lugares para consulta e com obras de referência. Ao bibliotecário de referência nas universidades in- cumbe ajudar os estudantes nas pesquisas e na compilação de suas bibliografias. Dá-se ênfase à entrevista de referência (referen- ce interview), que constitui objeto de vasta literatura. Com o advento do telefone ocorre uma primeira mudança nos serviços de referêncijl norte-americanos, dada a possibilidade de um contato a distância entre usuário e bibliotecário. A partir da década de 1990, a informática modifica - como em outros se- tores das bibliotecas · - a própria concepção do serv~ço de refe- rência presencial, doravante associado a um serviço virtual que utiliza a internet. A função 'Ask a Librarian' (literalmente 'per- gunte a um bibliotecário') surge então nos sítios das bibliotecas na internet, bate-papos (chats2) são instalados nas bibliotecas uni- versitárias, a fim de estabelecer um contato direto entre o estu- dante e o bibliotecário de referência. Os últimos anos viram uma 1 certa diminuição dos serviços presenciais nos Estados Unidos, em benefício dos serviços virtuais. Redes de serviços de referên- cia virtuais (virtual reference desks networks) desenvolvem-se no âmbito dos estados norte-americanos, reunindo várias dezenas de serviços virtuais com o objetivo de responder às consultas dos usuários durante 24 horas por dia. Nos últimos anos os serviços de referência evoluíram em esca- l.1 internacional e associativa, principalmente em matéria de re- fl'rência virtual: são criadas associações e desenvolvidos progra- mas de computador para referência. Implantam-se redes virtuais colaborativas. Todos estes aspectos são examinados na parte u des te livro, que trata dos serviços de referência virtuais. 8 SERVIÇO OF. RflFJ!nf!NC"IA: llO l'l<I SI N< l,\1 O \'IKIU 1 No Reino Unido, os serviços de referência seguerr: u~a orien- taçã.o generalista, prestando todo tipo de ~orrn~çao, as v~zes nlm urna vocação social. Os community services criados na deca- d,1 de 1980 envolviam diretamente as biblioteca.s no ~sforço .de ,.11 peração da crise econômica. Mais tarde, os bus~ness mfor_matwn .,1•rvices3 destinados às empresas mostram q1:-e ~ infor~açao tem um custo. A British Library oferece seu propno serviço, o que wrin inconcebível durante muito tempo na França, o~de ~r,e~a lt•rt' a visão cultural da biblioteca. As bibliotecas uruver~Itanas inglesas, por meio de suas enquiry desks, oferecem s~rv1ços d~ 11 ft' r-ência tradicionais. Em Londres, surgiram qua:ro zdea st~res, 11111 novo conceito que reúne serviço de ~ormaça.o com d1ver- .. 1 utividades de lazer e serviços aos usuar"1os: E~m, empresas 1,1 lvadas passam a atuar no nicho da referencia vir~al, corno o ,., viço pago denominado 63336 por telefone ~elular. A ! luação na França N, França, os serviços de referência (tradução lit~ral de referen- lt' ,1•1vices), tal corno existem atualmente, foram i~port~dos.na 1h•1 .ido de 1980 dos Estados Unido~ e ~º.Canada, em segmda 1 vi.igens de estudos feitas por bibliotecanos franceses . . Ernbo_:a 1 ,, função já existisse nas bibliotecas fr~cesas, sua.on:ntaçao illli·ip um pouco dos serviços norte-arnencanos, pms ~ao con- u lildos corno serviços onde os bibliotecár~o_s fornecem mf?rrna- \Ôi• litbliográficas, enquanto que, na Amenca do N~rte, hd~-se Hll míormação de qualquer tipo e presta-se urna a1uda onen- l1td 1 p.ira 0 usuário. O serviço é prestado geralmente na~ salas 1mt1• fi cam os fichários catalográficos, as salas_ dos_ c~talo,g?s. lt 11 t11·1<malrnente, embora a função de inforrnaç~o b1bhogr~ca 0 i•j,1 estranha às bibliotecas francesas, estas tem sua p_ohtica J lnlw mação* centrada na conservação e na preservaçao das ll\'l'f O U llllP dNC IA l'H ICNl IAI coleções, sua disponibilização e sua comunicação. A noção de mediação da informação é recente. A função de bibliotecário de referência é desconhecida na ·França, uma vez que a formação inicial é generalista e prepara para o exercício de todo de tipo de função nas bibliotecas. No entanto, foram criadas, em algumas bibliotecas públicas que contam com coleções especializadas co- locadas à disposição do público, seções de estudo que integram serviços de informação e de pesquisa bibliográfica. 6 A situação na França não pode, portanto, se comparar com a dos países anglo-saxões onde os serviços de referência possuem urna história bem mais antiga e a função de referência está mais 'consolidada'. O exemplo francês mais marcante é o da Biblíothe- que Publique d'InforÍnation (BPI) no Centre Georges-Pompidou em Paris. A BPI apresenta-se-como um grande serviço de refe- rência, formado por uma dezena de serviços menores espalha- dos nos diversos setores da biblioteca (arte, história, literatura, etc.), com suas coleções de livre acesso, mesas de leitura e mesas de consulta colocadas à disposição de qualquer consulente. Não faz o empréstimo de documentos, mas bibliotecários prestam in- formações ao público permanentemente. A criação da BPI e seu sucesso incontestável encontram-se certamente na origem do de- senvolvimento dos serviços de referência nas bibliotecas france- sas, alimentado pelas experiências estrangeiras reportadas nas colunas do Bulletin des Bibliotheques de France (BBF) por numero- sos bibliotecários franceses.7 Mais tarde, em 2004, a Bibliotheque Nalionale de France (BnF) publica seu termo de compromisso (charte Marianne) dos serviços de referência, que foi adotada ou serviu de inspiração a muitas bibliotecas.8 Os serviços de documentação apresentam uma situação di- ferente das bibliotecas, tendo outras missões e objetivos. Como consequência da revolução industrial e da industrialização cres- comprovações estatísticas (frequência, número de empréstimos, etc.) e quali- tativos. [ ... ] Enfim, elemento fundamental, uma política documentária precisa ser validada por uma autoridade situada acima de quem tem a i!lcumbência de executá-Ia [ ... )." Fonte: Les politiques documentaires des établissements sco- Iaires par Jean Louis DuRPAIRE: Rapport de 1'1GEN nº 2004037 de Mai 2004 (Mi- nistere de J'Éducation Nationale), p. 31. Nesta tradução, política de informação equivale à politique documentaire do origjnar [N.T.] 1 () 11n·11; n Ili IU!ll f· IU Nc IA ' Ili) l'MI lijf N• '"' li Vil() Ui\I cente da sociedade, a prioridade desses serviços está em aten~er às demandas crescentes por informação. Os serviços de referen- cia(com diferentes denominações) nos serviços de documenta- , ção criam as ferramentas nece~sárias para r~sponder a essas de- mandas, principalmente na forma de arqmvos de documentos em papel, depois arquivos automatizados :' enfim, bases de d_a- dos. Sendo o objetivo principal de um serviço d: documen.taçao a disponibilização da informação, pode-se facilmente afirmar que os serviços de referência, tal co~o os conhecemos atua~men te, têm muito a dever a eles. Com efeito, atualmente, o serviço de referência em bibliotecas não é mais um simples fornecedor de informações bibliográficas, pois passa a adotar urna visão 'am- pliada' que vai até a pesquisa de i:~úorrnaç~es. A tecnologia e a internet tiveram menos impacto na Fran~a ~o que nos países anglo-saxões na criação de serviços de referencia virtuais, mas essa situação evolui favoravelmente. O exemplo francês mais notável é o do Guichet du Savoir (cds),9 lançado pela biblioteca municipal de Lyon em abril de 2004 e q~e go~a de grande sucesso junto ao público. Surgem outros serviços vir- tuais: Radis <BPI>, s1NDBAD (Bibliotheque Nationale de France), BiblioSés@me, que é urna rede cooperativa que congrega uma dezena de bibliotecas regionais, 10 e mai~ recentemente uma rede de bibliotecas universitárias parisierlses. Atualmente embora as denominações não sejam idênticas de um setor para ~utro ou de uma instituição para outra, 11 os,servi- ços de referência vão muito bem. Concentram um ce~to numero de competências, métodos e instrumentos que constituem uma síntese da própria instituição. Passam por urna. nova :tapa de desenvolvimento com a utilização das tecnologias da mternet, que permitem, graças principalmente a~ c_orreio eletrôni_co ou.ªº bate-papo, um contato direto com o us~ano. A cooi:_er~çao.reg1~ nal, nacional e internacional dos serviços de referencia virtuais está em pleno florescimento. Notas 1. G R!ll\N, S.S. Pcrsonal rclations between Iibrarians and readers. Library Jour- 1111/1 v I, p. 74 81, Ort. 1876. 1 ttl MVl\U Ili MI 11 M N( 1 1 KI ~NI 11\1 11 2. O bate-papo (chat) é uma modalidade de diálogo entre dois ou mais usuários por meio das redes. Existem protocolos dedicados a esse serviço como o me (Internet Relay Chat), bem como aplicativos de correio eletrônico como MSN ou rcQ. (Definição: Le dictionnaire: <http://dictionnaire.phpmyvisites.net/>.) 3. Ver: <http://www.bl.uk/reshelp/findhelpsubject/busmanlaw /business/busi nfo/businfo.htm>. 4. Ver: <http://www.ideastore.co.uk/>. 5. Ver: http://www.aqa.63336.com/>. 6. A biblioteca municipal de Tours, reconstruída em 1957, compreende, além de um setor de circulação, um grande salão de leitura, com um balcão de referência e uma coleção de referência. Foi graças ao impulso dado a ela pelo então diretor, o senhor René Fillet (que depois assumiu a direção da BPI), que a biblioteca municipal de Tours passou a ser uma biblioteca-modelo. Ver: FrLLET, R. La nouvelle Bibliotheque Municipale de Tours. Bulletin des Bibliotheques de France, t. 3, n.12, p. 883-896, 1958. Disponível em: <http://bbf. enssib.fr/consulter/bbf-1958-12-0883-001>. Acesso em: 18 jan. 2012. 7. Citado por David Soret em L'évolution des services de référence; ['exemple du Renseignement Documentaire à Doc'INSA (Lyon). Diplôme de Conservateur des Bibliotheques. École Nationale Supérieure des Sciences de l'Information et des Bibliotheques, 8 mars 2007, p. 20. 8. CHARTE Marianne de la nm: <http://www.bnf.fr/documents/charte_maria nne.pdf>. 9. Ver: <http://www.guichetdusavoir.org>. 10. Os serviços de referência virtuais são tratados na parte 11 deste livro. 11. Outras denominações de serviço de referência: balcão de informação, ser- viço de atendimento ao leitor, serviço de auxílio ao leitor, ao usuário, de consulta, de informação, etc. Para saber mais BoPP, R.E.; SMrrn, L.C. Reference and information services: an introduction. Engle- wood: Libraries Unlimited, 2001. BowMAN, J.H. (ed.) British librarianship and information work 1991-2000. Alder- shot: Ashgate, 2006. CHAUMIER, J. Les techniques documentaires au ftl de l'histoire: 1950-2000. Paris: ADBS, 2002. EnERHARDT, G.M. The whole library handbook: current data, professional advice, and curiosa about libraries and libran; services. Chicago: American Library Asso- ciation, 2006. MouREN, R.; PEIGNET, D. (dir.) Le métier de bibliothécaire. Paris: Association des Bibliothécaires Français; Éditions du Cerde de la Librairie, 2007. PouLAIN, Martine ( dir.) Histoire des bibliotheques françaises, v. 4, 1914-1990. Paris: Promodis-Éd. du Cercle de Ja Librairie, 1992. 12 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL 1 O que é um serviço de referência presencial? Toda pergunta é legítima. P. Bnzin, A. Jacquesson et ai. 1 Um serviço de informação abrange todo mecanismo organizacional e técnico que facilite o acesso à informação ou sua gestão. Isso pode ser levado a cabo mediante o fornecimento de um produto que é difundido como uma unidade inteira ( ... ), como um produto compartilhado e atualizado de forma contínua [ ... ] ou um serviço imaterial (um empréstimo, uma resposta a uma pergunta, um conselho ... ). ]. Chnumier, E. Sutter2 A expressão 'serviço de referência presencial' designa um lugar físico, um espaço onde as pessoas são recebidas e onde lhes são fornecidas informações, seja este espaço na biblioteca, no serviço de documentação ou no arquivo, em lugar de ou junto com um serviço a distância. O serviço de referência deve ser considerado como um serviço completo, pois apresenta algumas caracterís- ticas que o diferenciam dos outros serviços ou departamentos, como o empréstimo, o empréstimo entre bibliotecas, a cataloga- ção ou a indexação, considerados estes como serviços internos. Para Bertrand Calenge,3 corresponde a "uma função organi- zada que presta respostas personalizadas a uma consulta explí- cita em busca de informações bibliográficas ou documentais". Segundo Corinne Verry-Jolivet,4 é preciso fazer diferença entre: - "a utilização e a avaliação das obras de referência em senti- do amplo; - um serviço de pesquisa bibliográfica; - um serviço de documentação especializado separado do resto da biblioteca." Para Samuel Rothstein, 5 o ponto focal do serviço de referência I. SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PRESENCIAIS 13 é a "assistência pessoal prestada pelo bibliotecário ao leitor que procura informação", definição que a American Library Associa- tion (ALA) retoma de forma quase integral nas diretrizes para os serviços de informação que ela publica faz 20 anos. 6 O Online dictionary for library and information science (oDus)7 afirma que o serviço de referência reúne todas as funções desempenhadas por um bibliotecário formado nesse tipo de serviço, a fim de satisfa- zer às necessidades de informação dos usuários (pessoalmente, por telefone ou por meio eletrônico). Isso inclui: - resposta a perguntas substantivas; - capacitação dos usuários na utilização das ferramentas apropriadas e das técnicas de recuperação da informação; - realização de pesquisas de informação na presença do usuá- rio ou em seu lugar; instrução do usuário quanto aos recursos existentes na. bi- blioteca ou fora dela; - ajuda na avaliação da informação; - levantamento de estatísticas; - participação no desenvolvimento das coleções de obras de referência. Essas três definições, complementares, dão-nos uma primeira imagem do serviço de referência presencial. Conforme a política da instituição, suas missões e seus objetivos, o serviço será proje- tado de modo diferente, mas sempre com o mesmo objetivo: au- xiliar e orientar o usuário na busca da informação pertinente. Em 2000, J.-P. Lamy completou assim essas definições: ''Age- neralização do livre acesso alivia o trabalho das bibliotecas[ ... ] e lhes permite orientar os serviços para a mediação da informação. A organização do 'serviço de referência' implica então o reagru- pamento de atividades relacionadas com essamediação: - informação factual rápida (ready reference); informação bibliográfica (ou 'secundária'); - orientação, informação 'espacial' (ou 'topográfica'); formação, visitas, metodologia do trabalho científico; fornecimento de informação a distância (empréstimo entre bibliotecas, bancos de dados em linha); - pesquisa especializada, orientação."8 14 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DÓ PRESENCIAL AO VIRTUAU A Utt\\ o de mediação da informação 1 111 .1 d.is origens do conceito de mediação (ou intermediação) h 110 desenvolvimento das tecnologias da informação que per- 111 ll1 •m orientar de forma diferenciado os Hl'l'viçrn~. OA rnmpns eh' 11lt 1.1\llO dos profissionais da informn ~·.10 Hl' .1111pliM11111 1 1111 ~ 1dl' 1,, 1•lmente: capacitação dos usuários na utiliz,1ç,m d rn1 11•1 111 'º" l11lormatizados (consulta a catálogos em linha, a bases de da~os, 11u•1'.ll'Üsmos de busca, etc.), auxílio (na utilização dos serviços 11 l1 '1"cidos), criação de novos produtos de informação, aplicação ti• • t6cnicas de marketing às bibliotecas e serviços de documenta- ' .10 monitoramento da informação, etc. Á mediação se amplia com a oferta de uma organiza~ão te- 111.i lica das coleções feita por algumas instituições,9 as quais, ten- 1 li, como eixo um polo temático, reúnem diversos suportes de 111 formação (livros, periódicos, recursos audiovisuais, bancos de 1l.1dos, etc.). O acesso à informação não é feito mais segundo o . 11 porte (a sala de referência, a sala de periódicos, a ~al.a de mul- ltmídia, por exemplo), mas em torno ~e um tem~ ~efimdo, como 11contece, por exemplo, na Bibliotheque Mumcipale de Lyon (llML), que organiza seu acervo dessa forma. ~ r~curso a um es- pecialista no assunto, a um prof~s~ional espec~ahzado, reforça a oferta de serviço. Cada polo temahco pode assim contar com um balcão de referência especializado. • Outro tipo de mediação está na propo~ta feita po~ .algumas bibliotecas em diferentes setores, de serviços de auxilio perso- nalizado à 1 pesquisa, mediante a assistência de um profi~sional. Essa orientação que busca uma individualização dos se:vi~os re- presenta certamente um caminho futuro para as profissoes da informação, e corresponde também à etapa atual de ~esenvol vimento da sociedade, com a oferta de produtos e serviços cada vez mais personalizados. . _ . _ Paralelamente às funções tradicionais, a funçao de mediaçao visando aos novos serviços de informação implica a aquisição de competências e saberes suplementares: cap~cidade té?1i~a, pro- ficiência, didática, comunicação, etc. A relaçao de mediaçao e u:n dos componentes das noções de relação de serviço e de produçao do serviço (servuction) que serão explicitadas. I. SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PRESENCIAIS 15 Segundo J.-C. Brochard, 10 a obser vação já foi feita: como as bibliotecas são cada vez menos uma passagem obrigatória para se ter acesso à educação, elas devem desenvolver suas ativida- des de mediação para acesso à informação e elaborar novas ofertas de serviços, caso desejem continuar sendo úteis para seu s clientes. Os bibliotecários são, por definição, esp ecialistas na gestão e busca da informação. Parece-me que têm todo o inte resse em continuar desenvolvendo essas competências, ten- do constantemente em m ente que lhes cabe transmiti-las a um público, que cad a vez mais é levado a utilizar por sua própria conta ferramentas com- plexas de pesquisa de informação, conhecimentos úte is e adaptados a suas necessidades sobre os meios que se acham à sua disposição para encontrar e gerir a informação. O profissional de referência domina um conjunto de técnicas, de habilidades. Conhece o acervo de documentos dos quais é gestor, os recursos que pode oferecer localmente ou os que se acham disponíveis em outros serviços e bibliotecas. Muitás ve- zes, o usuário é um especialista, possui sua própria linguagem, sua própria maneira de entender a informação e pesquisá-la. O profissional da informação ajuda a formular e a tornar mais precisa a consulta apresentada, orienta o usuário, procura junto com ele ou em seu lugar e fornece um serviço real que se apoia em sua proficiência. Este serviço se assemelha a uma forma de aconselhamento e acompanhamento adaptados a determinado interlocutor, ou seja, é personalizado. O recurso ao profissional de referência por parte do usuário constitui um verdadeiro valor agregado ao serviço que lhe é fornecido, um serviço real. O profissional assume um papel de mediação entre uma informação, às vezes difícil de entender e controlar, e o usuário potencial dessa informação. É fundamental que os usuários e os profissionais colaborem entre si, troquem informações e se ajudem mutuamente. Isso, evidentemente, se faz mediante o diálogo e a entrevista de referência. 16 Outras definições Alguns termos aqui definidos constituem tradução literal do vocabulário bi- blioteconômico norte-americano. O vocabulário francês [e português] é dife- rente, mas muito próximo. • Obras de referência (reference books): obras de consulta destinadas a ser- SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL Vlt 11. KUl11\ p.ir;i a pllsquls;:i. Cm geral, são colocadas em setor especial do ser- 111~111lt• dmumontoç~o ou da biblioteca, amiúde próximo da recepção ou do h11lc ao "" rrfcrêncla. As obras de referência fazem referência, como o nome fl , .1 lllllil Informação, a um dado já publicado num artigo ou num livro: elas u11.11111.11n esses dados ou informações segundo uma lógica própria. • 1 olllçdo de referência (reference col/ection): reúne, de um lado, as obras 1h rl"fc rêncla (dicionários, enciclopédias, manuais, diretórios, etc.) que não p111f1 m ser retiradas por empréstimo e permanecem diretamente à disposi- \ ~11 do serviço de referência para fornecer uma informação imediata, e, por fl111to lado, as fontes e letrônicas de informação. • llr1lcl!o ou mesa de referência (reference desk): o lugar físico, geralmente l 1111trnda da biblioteca aonde o usuário se dirige para obter uma informação 1111 l.11cr uma consu lta de referência. Deve estar bem visível e ser fac il mente hltmt1ftcado pelo usuário. • 1 ntrevista de referência (reference interview): a comunicação interpessoal q11r se estabelece entre o profissional de referência e o usuário, e permite d1•lrrminar qual é a necessidade de informação. • Pergunta de referência (reference request): t oda consulta de um usuário pnra que seja encontrada uma informação específica ou genérica na bibliote- 1.1. Dela se desincumbe um profissional treinado para o serviço de referência. • Transações de referência (reference transactions): esta expressão agrupa todos os tipos de operação, negociação e ajuda pelo profissional de referência para encontrar a informação desejada pelo usuário (realizar a entrevista de referência; consultar um índice, um dicionário, uma enciclopédia; consultar uma base de dados, etc.). • Trabalho de referência (reference work): inclui, num primeiro momento, a formação da coleção de referência e dos instrumentos necessários (guias, formulários, etc.), e, depois, a recepção, a ajuda, <i orientação, a pesquisa, etc. A noção de 'serviço' Cada vez mais, a real necessidade não é mais por serviços e produtos de informação 1 mdicionais, mas por serviços e produtos elaborados de r:iodo focado, nu_rn contex~o de utilização particular e num ruvel de elaboraçao apropriado. C. Volarit11 O termo 'serviço' é um vocábulo polissêmico que, aplicado a uma biblioteca, serviço de documentação ou arquivo, implica várias noções: as de serviço público, de oferta de serviço, de obrigação de serviço, de serviço prestado. O serviço de referência engloba todas essas noções. Com a introdução do marketing no mundo das bibliotecas, a noção de cliente pouco a pouco foi se impondo, mas em seu lugar preferimos o vocábulo usuário. I. SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PRESENCIAIS 17 Trabalhar no serviço de referência é exercer urna profissão que presta um serviço, pois seu exercíciodepende essencialmen- te d~ dernan?a do usuário e da resposta oferecida. A noção de s:~viço ~dqmre todo o sentid~ na medida em que o usuário par- ticipa ativamente da produçao desse serviço: por meio de sua demanda, pelas informações que possui, ele contribui com ele- mentos essenciais para o resultado final. Pode-se então falar de coprodu_ç~o na medi.da :_rn que o serviço é 'coproduzido' pelo seu. usuano: a orgamzaçao desse serviço é concebida corno um con1unt? que agrupa o sistema de documentação (a infraestrutu- ra) e o sistema de produção do serviço (servuction). Estabelece-se urna relação de serviço com o usuário. E: Goffrnan12 assim define as três competências da relação de serviço: _ - as competências técnicas que, embora pareçam simples, sao complexas; - as c~mi:etê_ncias r,elacionais e de civilidade, pouco valori- zadas porem mdispensaveis, se se quiser que o cliente se sinta à vontade; - a dimensão contratual. ~urante a entrevista de referência, ambos contribuem para apro- ximar a oferta da demanda. Assim, profissional e usuário são atores na prestação do serviço, realizam uma atividade de co- pro~ução, o qu: tem consequências diretas sobre a atividade do serVIço de referencia. O traba~o. de documentação antes executado fica legitimado com essa ativi?a~e. A di~p?nibilização dos recursos bibliográfi- co~, a~ competencias profissionais exigidas, junto com a atividade propna do usuário, introduzem a noção de produção do serviço. Mesmo ~ue o serviço esteja relativamente predefinido, quan- to ao conteudo e ao processo de execução, o usuário não é um i;nero con~urnidor desse serviço. Ele participa do serviço que lhe e proporcionado nas diferentes fases do processo de execução, conforme graus e modos variáveis. O papel do usuário na relação de serviço consiste em: : ~omecer informações suficientes para o profissional de re- ferencia adotar medidas necessárias para a execução do serviço; 18 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL ovaliar a adequação da resposta à sua pergunta, para tot' 11 1 l.1 mais específica, reformulá-la, confirmá-la ou recusá-la; participar pessoalmente na elaboração de urna resposta à 11.1 pvrgunta. 1 • 1 ti luação do usuário depende principalmente: da ideia que ele tem acerca do serviço fornecido (desconhe- tt 11do o existência de certas fontes, não fará a consulta); de sua contribuição em termos de informações a serem l1.1wirnitidas, de documentos a serem fornecidos; do conhecimento do funcionamento do serviço de referên- 1 1 1 nu da biblioteca, e da execução de um serviço de informação, 'l''" o leva a estar mais ou menos a par dos procedimentos. 1 111 t•dso que o usuário passe por certa aprendizagem para que 111.1 da forma esperada. Quanto mais ele tiver o hábito de utilizar 11•, •1prviços oferecidos, mais experiência terá para aportar sua 1 •111pria contribuição. e ) papel do profissional de referência na relação de serviço é pl11ral: - ele recebe o usuário: sua atitude amigável e atenciosa \111t•nla-se diretamente para aquilo que o usuário lhe pergunta. e, •• 11 consulta for de ordem prática (uma indicação, uma orienta- ,.l11) ou se implicar uma pesquisa de informação (urna pergunta p11nlual, factual ou minuciosa), a acolhida por parte do profis- 11111w l deve revelar seu empenho no esforço concreto de ajudar e ll"mlvcr uma dada consulta; ele ouve atentamente a consulta do usuário: certas consul- 1 · ~ rrccisam ser mais bem especificadas, faltam-lhes detalhes, o 1 nnlcxto da consulta (histórico, geográfico, social, etc.) carece ser 1lt•ll1rminado; a partir dos elementos obtidos, o profissional proporá al- g11 mos pistas para resolver a consulta e encontrar a resposta 1prnpriada. O profissional de referência faz uma entrevista a fim de sintoni- " iar .1 oferta com a demanda de informação: a entrevista de refe- " •nd.1 pmisu i cstru tura própria, que se baseia em grande parte na 19 vontade do profissional em compreender o que lhe é solicitado e em sua capacidade de apreender a questão que lhe é proposta. A noção de serviço (que reúne as noções de produção do ser- viço, coprodução e relação de serviço) permite aos profissionais entender melhor a oferta e a prestação do serviço em função das necessidades dos usuários. Um exemplo para não ser seguido "Lembro que recorri, sem conhecê-lo, ao serviço personalizado que o CARAN (Centre d'Accueil et de Recherche des Archives Nationales) havia implantado durante ou logo depois de sua construção, o que nos leva a 20 anos atrás. Era uma jovem estudante e estava muito emocionada por estar ali. Não consigo mais lembrar exatamente o que foi que a senhora da recepção me disse ao pedir meu cartão de inscrição, mas o fato é que esperei longamente diante de uma porta fechada sem saber por quê, enquanto pensava que isso seria un:ia etapa do processo de registro. Finalmente, recebeu-me um senhor que inda- gou qual era o assunto de minha pesquisa e foi logo dizendo: 'Mas você não sabe que sobre isso foram publicados excelentes artigos que lhe serão muito úteis?' E se recusou a me dizer algo mais (um título de revista, um nome de autor) com o excelente pretexto de que cabia a mim fazer minhas pesquisas bibliográficas. Em seguida, disse-me que havia uma sala dos inventários." M ensagem publicada no blogue <http://bibliothequepublic.blogspot.com/>, acesso em: 12 fev. 2008. A adoção de uma abordagem de qualidade no serviço de referên- cia é um passo importante rumo à qualidade global do serviço na instituição. Sendo o primeiro ponto de contato com o usuário, o serviço de referência tem a obrigação de ser um serviço 'exem- plar', no sentido de que o serviço prestado (informação, orienta- ção, ajuda, etc.) será acompanhado de uma qualidade de acolhi- da irrepreensível. Existem atualmente certificados de qualidade onde se encontram os grandes princípios para a qualidade dos serviços. Notas 1. Apud LINCK, Marie-Christine. Le renseignement personnalisé à distance: une nouvelle donne pour Jes bibliotheques. Bulletin des Bibliotheques de France, t. 50, n. 2, p. 99-100, 2005. Disponível em: <http:/fbbf.enssib.fr/con- sulter/bbf-2005-02-0099-010>. Acesso em: 14 jan. 2012. 20 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL ' . I •, t ••AUM l l' I~, J.; Su 1 JER, E. [)orn 111e11talistes, ajoutez de la vnleur n vos services. l'.uis; AIJll), 2007, p . 7. . . . , CA1.HNCU, Bertrand . Accueillir, orie11t,er, informer: l 'orga111s~t1~~ ~es services aux 11 q11gas dn 11s Les bibliotheques. Paris: Ed. du Cercle de la Li brame, 1996. (Coll. Bibliothequcs). , . , , . . . Vmrnv-JouvET, Corinne. Créer et gerer un service de :éfe;ence: Villeurbane. lnsti- lul de Formation des Bibliothécaires, 1996. (La boite a outils). . . '1 Apud TvcKosoN, D. What is the best model of reference serv1~e? Lz~rary Trends, v. 50, n. 2, p. 183-196, Fali 2001. Disponível em: <http://findartic.les. com/p/articles/mi_m1387/is_2_50/ai_83342853/pg_3>. Acesso em: 14 1an. 2012. ti . Ver:< http://ala.org/rusa/resources/guidelines >. . . 7. RmTZ, J.M. Online dictionanJ for library and informatz?n sczence1 (o~us), 2008: Dis ponível em: <http://www.abc-clio.com/oous/odhs_A.aspx >. cesso em. 14 jan . 2012. · B li t' H. LAMY, J.-P. Les espaces d' information: éléments de progr~mm1 atiohnttp. 111/be ~; des Bibliotheques de France, t. 45, n. 3, p. 83-88, 2000. Dispon~ve em: . : · enssib.fr/consulter/bbf-2000-03-0083-009>. /~cesso em: 14 !an. 2012. . . 9. Será interessante consultar o fascículo temático do Bullet111 des Bib!wthe~ues de France intitulado 'Les topographies du savoir' , t. 46, n. l, ~001. D1sporuvel em: <http://bbf.enssib.fr/sommaire/2001/l >. Acesso em: ~4 ~an. _2012. . 1 o. BROCHARD, J.-C. Bibliothécaire = veilleur + médiateur?. Bib/1otheque publique, 17 nov. 2007. Disponível em: <http://bibliothequepubhc.blogspot.com/sear- ch/ label/formation>. Acesso em: 14 jan. 2012. . . 11. YoLANT, e. Évolution des fonctions d' information-documentation.Docu- mentaliste - Sciences de l'lnformation, v. 34, n. 6, p . 307, 1997: , . 12. Apud LE Bis, I.; VACHER, B. Les vertus stratégiques de la d1~cretion des ser- vices documentaires. Documentaliste - Sciences de l'Informatwn, v. 43, n. 3-4, p. 200-208, 2006. Para saber mais e O Le bl.bli'othe' caire est-il un médiateur? Bulletin des Bibliotheques HOURROT, · f 'b f f de France, t. 52, n. 6, p. 67-71, 2007. Disponível em: <http://bb .enss1 . r con- sulter/bbf-2007-06-0067-000>. 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Tenha esta a missão de servir ao público, seja comercial e privada, ou sem fins lucrativos, o serviço de referên- cia é implantado a fim de atender a necessidades de informação. Diferentes tipos de instituições e usos Serviços de arquivos, bibliotecas, midiatecas, bibliotecas digitais, serviços de documentação de empresas, etc., todos têm um pon- to em comum: precisam contar com um local de atendimento, de informação, de orientação para os usuários, sejam eles internos ou externos. Segundo sua orientação (público, privado, cultural, semipúblico, semiprivado, de fins lucrativos ou não, não-gover- namental, aberto para usuários externos, atendendo exclusiva- mente a consultas internas), o serviço de referência não responde às mesmas demandas, e propõe instrumentos de informação di- versificados. A filosofia global dos serviços de referência permane- ce, porém, a mesma, ou seja, informar, orientar e instruir o usuário. Entre a multiplicidade de instituições existentes e em inúme- ras áreas, citam-se aqui apenas alguns exemplos característicos e mais representativos. A biblioteca tem como missão primordial, no âmbito nacional, regional ou local, estimular a leitura pública, oferecendo acervos de todos os tipos, sobre todos os assuntos, ao público mais amplo possível: encontram-se aqui as noções de ser depositária e pre- servadora de documentos, dos quais o livro é um dos elementos privilegiados. A ele se acrescentam os jornais (biblioteca deposi- 22 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL 1 11 t. 1 dn 1111pr1.!fül0 locu l) e oH recursos eletrônicos ~preservação do p it 111 nonio digital, coleta dos sítios regi?nai~ na internet, etc.). A ••ni1 11dn missão da biblioteca é a comurucaçao, a qu~l ~ode ocor- 11., n1t•dianle 0 empréstimo de documentos (emprest1m~ l?cal, , 111 p 1 éstimo entre bibliotecas), a extensão (oficinas nas"bi~hote- 111 iuvenis, exposições, encontro com autores, c~nferencias), e 1 1111 meio do serviço de referência. Segundo o Mamfest_o d_a IFLA/ 11 111 •!-!t:O sobre Bibliotecas Públicas, 1 estas devem contr1bmryara ilt•tu.lcr às necessidades da comunidade no que se refere a sua 1•du~ação, informação, cultura pessoal e lazer. * . . uma biblioteca pode ser nacional, departamental, muruc1pal, , 1 H li n i ver si tária. A charte Marianne da enF A charte Marianne [compromisso formal do Estado com a q~alida?e d?~ ser- viços prestados à população francesa) foi lançada em 200~. ~isa a simplificar e melhorar as relações entre os serviços públicos e seus usuanos. Tendo ent:ado oficialmente em vigor no início de 2005, enuncia cinco grandes compromissos que foram acertados tendo em vista o contexto da BnF : • acesso mais fácil aos serviços • recepção atenciosa e cortês . • resposta compreensível às consultas dentro de um prazo anunciado • resposta sistemática às reclamações • disposição de progredir. Lo chorte Morionne de lo Bibliotheque notionole de Fronce. Disponível em: <http:// . www.bnf.fr/documents/charte_marianne.pdf> Acesso em: 14 jan. 2012. • Em âmbito nacional, por exemplo, a Bibliotheque N ationale de France (BnF) oferece um serviço de atendimento _e out~o de orientação aos leitores, apoiando-se este, em sua funçao de mfo~ mar, no conjunto das coleções da BnF (que _abrangemª. denomi- nada biblioteca François Mitterrand, no bairro de T~lbiac-~ord, 0 da rua Richelieu, a biblioteca do Arsenal, a ~a ?per~ ~abonal de Paris e a casa Jean-Vilar em Avignon). Os b1bhotecano~ desse serviço informam o público sobre os acervos dos demais esta- * Na França, département (departamento) é a divisão administrativa ?e tercei~o nível, que equivale, grosso modo e com as devi~as,re,ssalva~, a 'estado no Brasil. o departamento é administrado por um conserl general eleito. (N.T.] J. SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PRESENCIAIS 23 belecimentos que tenham a ver com sua pesquisa. Se o recurso às coleções da biblioteca de pesquisa não for indispensável, os bibliotecários orientam os interessados para as instituições mais a~equadas. Podem, também, orientar sobre uma pesquisa ini- cial. Encontram-se disponíveis salas destinadas a pesquisas bi- bliográficas, cujo uso depende da compra de um ingresso. • Em âmbito departamental, a biblioteca departamental de empréstimo (BDE) tem como missão formar e colaborar com uma rede de bibliotecas públicas nas localidades com menos de 10 mil habitantes. Iniciadas em 1982 são hoje 96, estando presen- tes em todos os departamentos franceses e sendo subordinadas à autoridade dos conselhos gerais. Colaboram com as bibliote- cas locais, fornecendo-lhes assessoramento, treinamento de suas equipes de pessoal e emprestando-lhes livros e outros documen- tos, a fim de complementar seus próprios acervos. As BDEs; em geral, não são abertas diretamente para o público, mas fornecem carros-biblioteca para as salas de leitura das pequenas localida- des. Não existe serviço de referência propriamente dito nas BDES. • Em âmbito municipal, a biblioteca municipal (BM)2 ofe- rece geralmente um serviço de referência que recebe, orienta e informa o público. Tem como alvo um grande público e deve responder a consultas muito diferentes que vão desde uma per- gun:a pontual, factual, até uma demanda mais focada por infor- maçoes. O pessoal deve ser treinado para trabalhar na recepção e atender a esses tipos de consulta. Algumas bibliotecas munici- pais contam com acervos locais, regionais (podem ser bibliotecas municipais de vocação regional - BMvR), depositárias, coleções especiais (eclesiásticas, coleções particulares). Podem ser classifi- cadas como possuidoras de coleções antigas ou manuscritos. Por ~sso foi cr!ada uma seção de estudo a fim de atender à bus~a por mformaçoes e pesquisas nessas coleções, em que o serviço de re- ferência se assemelha a um serviço de pesquisas de informação, c.om, f~rrame~tas específicas (obras de referência especializadas, fic~anos,. catalogo~, bases de dados) e pessoal treinado em pes- qmsa de mformaçao. A rede de bibliotecas da cidade de Paris é um exen:pl? interessa;11te, pois combina bibliotecas municipais de emprestímo, em numero de 58, com bibliotecas especializa- das. 24 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL "As blbllotecas da cidade de Paris se comprometem" A rede de bibliotecas da cidade de Paris elaborou um código de qualidade J1 t.t o atendimento. Seus quatro pontos principais são: • acesso fácil; • Informação clara e adequada; serviço atencioso e eficiente; • respeito às observações feitas pelos leitores. l1nra mais informações: <http://www.paris.fr/loisirs/bibliotheques/bibliotheques-muni-clpales-inscriptions-et-services/une-charte-d-accueil-pour-les-bibliotheques-municipa- l1'$/rub_6528_stand_17868_port_14797>. • Em âmbito universitário, a biblioteca universitária (Bu) IMnbérn denominada, na França, service commun de la documen- /11/ ion (scD) é geralmente especializada (direito, história, ciências, literatura, etc.), e oferece coleções especializadas para um públi- n > de estudantes, professores e pesquisadores. O serviço de refe- r'Oncia - às vezes existe um por setor, o que implica urna política de coordenação - é concebido como uma ajuda fundamental ao ensino e à pesquisa, favorecendo o acesso aos recursos informa- cionais por meio de: - seleção dos recursos pertinentes; - definição de uma estratégia de busca; - acesso às fontes de informação, principalmente as bases de dados; - tratamento dos resultados; - localizaÇão dos documentos (no local ou em linha); - e qualquer outra questão sobre pesquisa de informações. Isso não significa, entretanto, que o pessoal do serviço de refe- rência em bibliotecas universitárias realiza as pesquisas 'para ou em lugar de', uma vez que, por causa da quantidade de estudan- tes matriculados ou de docentes, seria impossível executar esse trabalho. Os bibliotecários organizam, então, sessões de capaci- tação para os estudantes sobre a utilização de instrumentos bi- bliográficos. Às vezes, participam de atividades curriculares com o objetivo de explicar qual é o papel da biblioteca, a ajuda que pode ser ministrada pelos bibliotecários no quadro dos estudos 1. SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PRESENCIAIS 25 universitários, ou a situação global da pesquisa bibliográfica. O sítio que a biblioteca mantiver na Rede pode oferecer instrumen- tos de autoinstrução sobre informações disponíveis em linha. A biblioteca universitária, especializada numa área do co- nhecimento ou que cubra várias áreas, é a estrutura que mais se parece com um serviço especializado de documentação. Outro exemplo, mais específico, é o da INFotheque do polo Léonard- -de-Vinci em Paris-La Défense que oferece um serviço pago de pesquisa bibliográfica a usuários externos, principalmente em- presas, aproximando-se assim do atendimento oferecido pelos business information services do Reino Unido descritos na introdu- ção deste livro. Começa a se esboçar urna tendência atual: a biblioteca uni- versitária como centro de ensino a distância (e-learning) . Na École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, 50 bibliotecas especializadas em ciências e tecnologia estão em pro- cesso de reorganização tendo em vista sua instalação num edifí- cio central.3 O núcleo da biblioteca do centro é formado por urna coleção de cerca de 500 mil obras, coleção essa que agrupa todos os livros reunidos pela EPFL desde sua fundação, ou seja, o acervo científico mais rico da Suíça romana, ao qual se acrescentam 12 mil periódicos eletrônicos em linha, 20 mil livros eletrônicos e 50 bases de dados. As novas aquisições serão principalmente eletrô- nicas. Há 700 lugares para usuários. A biblioteca é formada por duas áreas: a primeira, onde mesas e cadeiras se misturam com expositores (para o conjunto das obras 'de primeiro nível'), com mesas de referência e terminais de autoatendimento para o em- préstimo de materiais da biblioteca. E uma segunda área onde fica armazenada a coleção de 'nível de pesquisa' propriamente dita. Os documentos podem ser emprestados durante 24 horas por dia graças a chips RGID (radio frequency identification = iden- tificação por radiofrequência) e terminais de autoatendimento. Quarenta especialistas em informação, ajudados por estudantes monitores, recebem e treinam os estudantes. Os bibliotecários se dedicam, principalmente, à recepção e orientação dos usuários. Estarão em contato direto com os pesquisadores nas faculdades e nos laboratórios. 26 SERVIÇO l)fl 1rnrrmilNl'IA: 110 1•1uc Nl '"' MI Vll<' l lJ/\1 A midiateca, evolução natural da biblioteca, oferece a um am- plo público meios de acesso ao lazer e à cultura (recursos audio- visuais, cederrons, devedês, internet, etc.), respondendo assim aos diversificados interesses de seus públicos. Todas as mídias ficam integradas. Os suportes de informação oferecidos são mais variados do que na biblioteca municipal, embora essa diferença tenda a desaparecer. O serviço de referência é similar ao da bi- blioteca municipal em termos de público ou de consultas rece- bidas. Vários exemplos de grandes instituições ou de redes de informação podem ser apresentados: • a Bibliotheque Publique d'Information (BPI) do Centre Ge- orges-Pompidou, em Paris, que se pode considerar como uma grande biblioteca de referência (ver abaixo); • a midiateca da Cité des Sciences et de !'Industrie de La Vil- lette, em Paris, tem um serviço de recepção e informação para o público, mas não faz pesquisas de documentos. O pessoal da recepção orienta, informa e convida os usuários à autoinstrução; • a rede de midiatecas dos institutos culturais franceses no exterior: o serviço de referência existente em cada midiateca combina auxílio, assistência, orientação, pesquisa de informação e empréstimo de documentos para um público formado por es- tudantes ou pessoas interessadas na cultura francesa. ' O serviço de documentação "executa o tratamento permanente e sistemático de docu~entos (manuscritos, impressos, fotografias, materiais audiovisuais) ou de dados, inclusive sua coleta, des- crição, análise, armazenamento, pesquisa e disseminação, para a informação dos usuários" (definição da AFNOR, 1985). Sua missão é precisa: pesquisa e disseminação da informação a curto prazo. Rapidez, adaptabilidade e flexibilidade são os critérios dinâmi- cos que diferenciam o serviço. A preservação e a acumulação não estão entre suas prioridades. As bibliotecas digitais, no mundo universitário, aproximam-se dessa finalidade. Sejam públicos ou privados, as missões e objetivos dos serviços de documentação e, portanto, dos serviços de referência podem ser muito diferentes. Em geral de porte médio (entre uma e cinco pessoas), os serviços de documentação se compõem de pessoal muito polivalente, que çu id.i d.is .1trihuiçm•s dt> rcn•pç.1o, .1uxílio e pesquisa da informa- MYlc_O me MI l'tlM N( IA rtt 1 Nl IAl!t 27 ção. Os próprios documentalistas realizam as pesquisas de infor- mação para os usuários, redigem às vezes resumos de documen- tos ou elaboram dossiês de documentos. O serviço de referência da forma como é concebido numa biblioteca é aqui muito menos desenvolvido, pois se dirige a públicos diferentes em outro con- texto. Ele é parte integrante da função informacional. Depoimento de um bibliotecário de referência da Bibliotheque Publique d'lnformation (BPI), em Paris "A BPI é, como ta l e em seu conjunto, uma biblioteca de referência sobre temas atuais e enciclopédicos: Nos três pisos da biblioteca o leitor poderá encontrar dez mesas de informa- ção. Cada uma delas constitui o centro de um espaço dedicado a um setor determinado (artes, literatura, direito, etc.). Durante todo o expediente da bi- blioteca, bibliotecários se revezam para responder a todas as consultas dos leitores: • consultas simples de orientação ou explicação sobre números de chamada; • consultas mais complexas que exigem uma pesquisa de informação. Os bibliotecários estão presentes para receber ou oferecer a acolhida inicial ao usuário de primeira vez. No caso em que a biblioteca não possua os documen- tos solicitados, poderão ser feitas buscas em outros catá logos pelo bibliotecá- rio. A BPI é de acesso livre e acolhe durante o ano inteiro, indistintamente, jo- vens e adultos, empregados e pessoas em busca de emprego, frequentadores assíduos ou visitantes de passagem. Os estudantes constituem a parte mais importante dos usuários da BPI." Resposta obtida no balcão virtual da BPI, BiblioSés@me, a uma pergunta formulada em j aneiro de 2008 (http://www.bpi.fr/ ress.php?id_c=30&id_rubrique1=67). O serviço de referênciaclássico, tal como é concebido numa bi- blioteca, não está muito longe do conceito do serviço d.e docu- mentação, pois são inúmeros os pontos em que se assemelham. Os países anglo-saxões, principalmente o Reino Unido, não fa- zem distinção nítida entre os dois tipos de serviço, alegando o fato de que o trabalho substancial é o mesmo: a pesquisa de in- formações retrospectivas e a produção de bibliografias; a disse- minação seletiva de informações (DsI) ou o monitoramento da informação. Na prática, o serviço de referência destina-se a ofe- recer esses dois tipos de pesquisas. Na França, o monitoramento 28 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL dr 111fo11n.1çao em geral não cabe às bibliotecas, mas a serviços d1• dtlt:umcnlação, mais especializados e mais bem equipados p.irtt isso. Alguns se dedicam exclusivamente ao monitoramento 1• buscam a colaboração de especialistas, os chamados veilleurs !vigilantes], principalmente no mundo empresarial ou no setor Industria l. Onde o serviço de referência mais se aproxima de um serviço de monitoramento é na elaboração de produtos de informação orientados para um público bem-definido: boletins, li slas de novas aquisições, listas de sítios favoritos, dossiês de documentos ou de recortes. O público do serviço de referência {> que determinará sua orientação e a forma dos produtos de in- íormação: um serviço de referência em biblioteca universitária (('Specializada numa ou em várias áreas), em contato com um público de estudantes de diferentes níveis, de professores e pes- quisadores, está fadado a se especializar. Um serviço de referên- cia numa escola de comércio ou de administração especializa-se nas áreas de economia, administração de empresas comerciais e industriais. Não se pode, portanto, estabelecer uma fronteira ní- lida entre serviçG de referência especializado e serviço de docu- mentação. No entanto, este livro tem em mira o serviço de re- ferência em sua globalidade, independentemente de onde seja praticado: ele proporciona as bases necessárias à implantação e ao sucesso do serviço de referência. A inform~ção documentária na Doc'INSA, em Lyon Doc'INSA é a biblioteca científica e técnica do INSA (lnstitut National des Scien- ces Appliquées) de Lyon, uma das maiores escolas francesas de engenharia. O serviço de referência, 'Renseignement Documentaire' (RD}, criado em 1998, é um serviço presencial e a distância. Apesar de certas limitações materiais (fica distante do centro do campus e com espaço insuficiente), a equipe de biblio- tecários mostra-se como uma equipe coesa, unida em torno da atividade de informação, exercendo acompanhamento rigoroso e sistemático das consultas recebidas. Em 2006, 23% da atividade da Doc'INSA eram de referência virtual. Apud D. Soret, L'évolution des services de référence. L'exemple du renseignement documentaire à Doc'1NSA (Lyon). Mémoire d'étude, diplôme de conservateur de bibliotheque, janvier 2007. 141 p. Disponível em: <http://memsic.ccsd.cnrs.fr/index.ph p?halsid=3vlu4k96tl3fo5sc94ib87rnm4&view_this_doc=mem_00000443&version=l> Acesso em: 14 jan. 2012. 1. SERVIÇOS DE REFERÊNCIA PRESENCIAIS 29 Os centros de informação e documentação ( CDI) das escolas de ensino médio são tidos como mediadores da informação junto aos estudantes, e também aos docentes. O serviço de referência possui uma missão ampliada, que engloba recepção, orientação, auxílio, pesquisa de informação e empréstimo de documentos. Segundo o Livre bleu des professeurs-documentalistes (2006),4 "adi- mensão pedagógica do atendimento, específica do CDI, também é importante. Essa função dá ênfase aos comportamentos de ci- dadania e permite transmitir informações jurídicas relativas à utilização das fontes de informação." Os serviços de arquivo cuidam da memória das instituições (do país, ministérios, empresas, associações, etc.), de seu patri- mônio. Documentos antigos são arquivados para fins adminis- trativos (na França, de cinco a dez anos) ou culturais. O arquivo de uma instituição trata de conservar o conjunto das informações por ela produzidas: registros do pessoal, documentos financeiros e contábeis, correspondência e sua história. O termo 'arquivo' serve para designar os próprios documentos bem como o local onde se conservam. Cada vez mais, os arquivos (nacional, depar- tamental, municipal, etc.) divulgam, guardadas certas condições, seus fundos. O serviço de referência é, então, um serviço de re- cepção, informação e pesquisas bibliográficas e documentárias. Centre d'Accueil et de Recherches des Archives Nationales (CARAN) O acesso às coleções dos Archives Nationales foi estabelecido pela lei de 7 messidor ano 2 (25 de junho de 1794) e pelo código do patrimônio (versão de 1 de janeiro de 2008) que estabelece o princípio da publicidade dos arquivos. Atualmente, o acesso e a comunicação dos arquivos se efetuam em conformi- dade com o código do patrimônio, que determina em particular os prazos de sigilo dos documentos. Um serviço especia)izado, o Centre d'Accueil et de Re- cherches des Archives Nationales (CARAN) recebe o público. É exigida inscrição· prévia para a consu lta aos documentos. Sítio do CARAN: <http://www.archivesnationales.culture.gouv.fr/chan/> A Association des Archivistes Français (AAF) publicou, em 2007, um Abregé d'archivistique5 que dedica inúmeras páginas ao "au- xílio à pesquisa e à informação dos leitores". Com o aumento da demanda dos leitores por certos tipos de informação (genealo- 30 SERVIÇO DE REFERÊNCIA: DO PRESENCIAL AO VIRTUAL glll, lldnBlros de terras, decretos de naturalização, etc.), parece "indispensável oferecer ao pesquisador tanto uma recepção tra- dicional de pesquisa, quanto uma recepção administrativa", sim- plificada, para acolher esse público mais numeroso, que, para 1mas pesquisas, dispõe de inventários, arquivos e bases de dados da instituição à qual recorre, e também de outras instituições. A tipologia acima esboçada, que não é exaustiva, mostra a diversidade das instituições nas quais se insere o serviço de re- ferência. Instituição pública, privada, cultural, comercial, etc., Lnntas missões, objetivos e públicos com expectativas diferentes. Notas l. Manifesto da TFLAIUnesco sobre bibliotecas públicas, 1994. Disponível em: <http://archive.ifla.org/vn/s8/unesco/port.html>. Acesso em: 14 jan. 2012. 2. Existem 2 500 bibliotecas públicas na França. :\. Projeto Learning Center da EPFL, ver: <http://www.rolexlearningcenter.ch/ documents/english_kit_revised.pdf>. 4. DEvrs-DucLOs, Sylvie (coord.) Les professeurs documentalistes. Orléans: CRDP de l' Académie d'Orléans-Tours, 2006. 5. P1roN, Brigitte; P-oNT!ER, Marie-Claire (dir. ) Abrégé d'archivistique: principes et pratiques du mélier d'archiviste. Paris: Association des Archivistes Français, 2007. Para saber mais AccART, J.-P., RÉTHY, M.P. Le métier de documentaliste. 3• éd. Paris: Éd. du Cercle de la Librairie, 2008. MrTTERRAND, François; PERRAULT, Dominique; FAvIER, Jean. Bibliotheque Nationale de France 1989-1995. Princeton: Princeton Architectural Press, 2005. CHAPRON, F. Les cor des lycées et colleges. Paris: Presses Universitaires de France, 2001. ÜANIS, S. La nouvelle BPI à l'usage: réaménagement des espaces et des collec- tions, 2000-2008. Bulletin des Bibliotheques de France, t. 53, n. 4, p. 12-18, 2008. Disponível em:< http:/fbbf.enssib.fr/consulter/bbf-2008-04-0012-002>. 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