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Hepatites virais As hepatites virais são infecções causadas no fígado de notificação compulsória. Podem ser classificados de acordo com forma de transmissão por vias: 1. Fecal-oral: Ingestão de água ou alimentos contaminados com o vírus, que atingem o fígado através do sistema porta-hepático. Nos hepatócitos, novas partículas virais são produzidas e eliminadas através das fezes, contaminando novas superfícies. 2. Parenteral: através de objetos perfurocortantes contaminados com sangue ou transfusão sanguínea. Vírus de transmissão Fecal-oral HEPATITE A Pertence à família Picornaviridae e gênero Hepatovírus, possui genoma RNA fita simples de polaridade positiva. Sua partícula é pequena e não envelopada, extremamente resistente ao ambiente. A maioria das infecções acontece em países subdesenvolvidos e em crianças: evolução da doença para cura na maioria dos casos. Em adultos, pode complicar em hepatite fulminante potencialmente fatal. HEPATITE E Pertence à família Hepeviridae. Vírus de transmissão Parenteral/Sexual HEPATITE B Pertence à família Hepadnaviridae e gênero Orthohepadnavirus. Possui um DNA de fita parcialmente dupla linear, devido às suas características de replicação. A partícula viral é envelopada com glicoproteínas (HBsAg) e é extremamente resistente ao ambiente. O capsídeo de simetria icosaédrica (HBcAg e HBeAg). HEPATITE C Pertence à família Flaviviridae e gênero Hepacivirus. possui genoma RNA fita simples com polaridade positiva. Sua partícula viral é envelopada com duas glicoproteínas de envelope, E1 e E2. É extremamente variável geneticamente: polimerase sem proofreading e alta taxa de replicação. HEPATITE D Pertence à família Deltaviridae, é um vírus defectivo. Fígado O fígado é uma glândula mista, com produção endócrina e exócrina, que participa de uma série de processos metabólicos. Principais funções • Armazenamento de glicose (em forma de glicogênio), ferro, vitaminas • Produção de bile para auxiliar na digestão de lipídios • Participa da hematopoiese e hemocaterese (principalmente durante o período embrionário) • Desintoxicação de toxinas internas e externas • Síntese de proteínas plasmáticas como a albumina • Participa da resposta imune Alguns fatores podem causar a inflamação no fígado, por exemplo: Alcoolismo crônico: o consumo constante ao longo dos anos dessa toxina, sobrecarrega o metabolismo hepático e o impossibilita de realizar desintoxicação, gerando um dano ao tecido hepático e inflamações. Medicamentoso: existem diversos medicamentos tóxicos ao fígado Infecções virais: citomegalovírus, vírus da dengue, febre amarela, herpes simples, rubéola. Durante a patogênese, podem levar a infecção dos hepatócitos e ocasionar a hepatite. Manifestações clínicas das hepatites virais Inicialmente, a infecção manifesta através de sintomas inespecíficos, bastante comum para todos os vírus: • Cefaleia, febre, náusea e vomito, diarreia, prurido, exantema, mialgia e artralgia. Eventualmente, ela pode evoluir casando sintomas mais indicativos da hepatite: • Desconforto abdominal, icterícia, acolia fecal e colúria (associados ao metabolismo da bilirrubina). O vírus da Hepatite A Esse vírus possui apenas um sorotipo e possui bastante estabilidade antigênica, com isso a vacina á totalmente eficiente. Patogenia do vírus Primeiramente, o indivíduo precisa ingerir água ou alimento contaminado com as partículas virais. Assim ele irá penetrar na mucosa intestinal através da replicação de enterócitos ou transcitose. Transmissão Ocorre via oral-fecal. História Natural da Infecção pelo HAV O vírus da hepatite B Atualmente, causa uma pandemia global onde bilhões de pessoas mundial já entraram em contato com o vírus. Cerca de 400 milhões de indivíduos estão cronicamente infectados e aproximadamente 1 milhão de mortes anuais em decorrência das complicações da doença (cirrose ou câncer). Ele possui diversos genótipos distintos e cassificados a partir da região pré-S ou pelo genoma completo. Esses genótipos estão distribuidos por todo o mundo. É um vírus muito estável e resiste ao ambiente. Sua infecciosidade a 37 graus permanece após semanas! Por isso, agentes químicos e físicos adequados precisam ser usados na esterilização e assepsia de equipamentos perfurocortantes. Biossíntese Após o vírus atingir o fígado através da corrente sanguíenea, ele vai conseguir se ligar ao receptor do hepatócito (NTCP- transportador dependente de sódio), para penetrar na célula e seus nucleocapsídeos juntamente ao genoma irão para o núcleo do hepatócito. Nele, o DNA de fita parcialmente dupla vai ser reparado em DNA circular fechado, que será utilizado para a transcrição de RNA mensageiro para tradução de proteinas virais e sintese de RNA pré- genômico. Patogênese O vírus da hepatite B não é citolítico, ou seja, a infecção não causa morte nem lise do hepatócito. A hepatite ocorre por causa da resposta imunológica contra o vírus que é capaz de eliminar a infecção na maioria das vezes e resulta na morte dos hepatócitos. Ocasionalmente, o vírus evade a resposta imune e persiste em infecção crônica, causando inflamação crônica, perda de parênquima e cirrose História Natural da Infecção Grande parte da população que entra em contato com o HBV, evolui com quadro assintomático ou subclínico. Dentre os pacientes que desenvolvem a Hepatite B aguda, a maioria consegue resolver atraves da resposta imunológica e somente 10% evoluem para a Hepatite B crônica (em adultos). Em crianças, quanto antes entrar em contato com o HBV, maior o risco da infecção ser crônica. Exposição/Transmissão parenteral: Hepatite B aguda Hepatite B crônica HBsAg: positivo por mais de 6 meses após início de sintomas. Fase I: replicação viral ativa – lesões hepáticas ausentes ou discretas - baixa resposta imunológica – alta infecciosidade Fase II: diminuição da replicação viral - HBeAg - anti- HBe - intesificação da resposta – lesões graves – cirrose Fase III: inativação da replicação viral com síntese de HBsAg – risco elevado CHC Carcinoma Hepatocelular Está associado a uma infecção persistente crônica, que causa uma lesão tecidual, a perda do número de hepatocitos viáveis e ao longo do tempo, causará um acúmulo de danos nas celulas. Associado à outros fatores como sexo, genótipos e mutantes virais, replicação e expressão de ocogenes, pode ter o aparecimento desse carcinoma. Os homens tem maior risco de desenvolver por conta dos andrógenos. Diagnóstico HBV-DNA não detectável Para indivíduos com suspeita de infecção pelo HBV oculta, é recomendada a utilização de um teste molecular de alta sensibilidade. Epidemiologia e Transmissão A transmissão pode ser sexual, parenteral, vertical e intrafamiliar. Prevenção e Controle Vacina de subunidades do HBsAg recombinate (inativada). • Infância →4 doses (SBP): 1a dose nas antes das 12h de vida + 3 doses de pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, H. influenza e hepatite B) • Adolescência → 3 doses (0, 3 6 meses) Outras maneiras de prevenção e controle: O vírus d(efectivo)elta Compartilha características com os viróides de plantas (genoma maior com regiões viroid-like): o HDV depende de HBsAg do HBV para infectar hepatócitos. Possui apnas uma proteína com duas isoformas (S-HDAg- transcrição e L-HDAg-montagem) e grande variedade genômica. Pode causar exacerbação de hepatite em pacientes com Hepatite B. O vírus da hepatite C • Causa hepatite aguda e crônica, cirrose e câncer • Transmissão via sangue • Estima-se quase 60 milhões de infectados crônicos, 1,5 milhão de novos casos anuais • Quase 300 mil mortesanuais por cirrose e câncer • Antivirais de ação direta são eficazes • Possui 6 genótipos reconhecidos pelo ICTV (2 incompletos), 90 subtipos Biossíntese Após o vírus da hepatice C entrar no organismo através do sangue, ele vai se disseminar até o fígado causando a infecção dos hepatócitos. A sua absorção nesse hepatócito é feita através das porções variáveis de E1 e E2 que conseguem se associar aos receptores. História natural da infecção por HCV Anti-HCV positivo ou HCV- RNA positivo > 6 meses: Até 80% cronifica, causando dano hepático contínuo - cirrose - persistência da agressão hepática leva ao aparecimento de câncer e falência hepática. Fatores de risco para cronificação: • Gênero masculino • Fatores genéticos • Genótipo viral • Variabilidade genética viral → quasispécies • Coinfeção com HBV e HIV • Comorbidades • Evasão imunológica E dano imuno-mediado Epidemiologia Transmissão parenteral (via sangue): • Transfusão, transplante, seringas, agulhas e perfurocortantes contaminados • Vertical (quando há exposição ao sangue) • Sexual (quando há exposição ao sangue) Diagnóstico Baseado em um fluxograma laboratorial População alvo: • Pacientes HIV positivos • Pessoas em profilaxia pré-exposição ao HIV • Pessoas com múltiplos parceiros sexuais e trabalhadores do sexo • Pessoas trans • Moradores de rua, encarcerados, e usuários de drogas (álcool e injetáveis) • Pacientes com doença renal crônica, transplantados, transfusionados • Filhos de mães HCV(+) Tratamento Existem um tratamento recente realizado através da combinação de drogas antivirais de ação direta, normalmente pan-genotípicos e eficazes. Inibidores da protease, inibidores da NS5 e da RNA polimerase.
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