Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hepatites virais Referencia Bibliografica: Microbiologia Médica 7ed Capítulo 63:Vírus da Hepatite Vírus Causadores de Hepatites Hepatite “A” família Picornaviridae, gênero Hepatovirus Hepatite “B” família Hepadnaviridae, gênero Orthohepadnavirus Hepatite “C” Família Flaviviridae, gênero Hepacivirus Hepatite “Delta” ou “D” (vírus defectivo) gênero Deltavirus Hepatite “E” família Hepeviridae, gênero Hepevirus Hepatite “G” Família Flaviviridae, gênero Embora o órgão-alvo para cada um deles seja o fígado e os sintomas básicos da hepatite sejam similares, esses vírus são significativamente diferentes em sua estrutura, modo de replicação, modo de transmissão, tempo de duração da doença e sequelas que causam. O vírus da hepatite A (HAV) e o vírus da hepatite B (HBV) são os vírus da hepatite clássica, e os vírus da hepatite C, G, E e o vírus da hepatite D (HDV), ou agente delta, são chamados de vírus da hepatite não A, não B (NANBH). Cada um dos vírus da hepatite infecta e danifica o fígado, ocasionando os sintomas clássicos de icterícia e a liberação de enzimas hepáticas. O vírus específico causador da doença pode ser distinguido por sorologia, natureza e progressão da doença. Esses vírus têm se disseminado facilmente, pois as pessoas infectadas são contagiosas antes de apresentar os sintomas ou na ausência dos mesmos. Hepatite A(HAV): As vezes conhecida como hepatite infecciosa, (1) é causada por um picornavírus, um vírus de ácido ribonucleico (RNA); (2) é disseminada pela via fecal-oral; (3) tem período de incubação de cerca de 1 mês, após o qual os sintomas de icterícia se manifestam abruptamente; (4) não causa doença hepática crônica; e (5) raramente é fatal. Hepatite B(HBV): Anteriormente conhecida como hepatite do soro, (1) é causada por um hepadnavírus com genoma de ácido desoxirribonucleico (DNA); (2) é disseminada por via parenteral, pelo sangue ou por agulhas contaminadas, por contato sexual e por via perinatal; (3) tem período médio de incubação de aproximadamente 3 meses; após esse período, os sintomas ictéricos se manifestam insidiosamente; (4) é acompanhada de hepatite crônica em 5% a 10% dos pacientes; e (5) tem associação causal com carcinoma hepatocelular primário (PHC, primary hepatocellular carcinoma). Mais de um terço da população mundial já foi infectado com o HBV, resultando em 1 a 2 milhões de óbitos por ano. A incidência do HBV está diminuindo, especialmente em lactentes, por causa do desenvolvimento e uso da vacina de subunidade contra HBV. Hepatite C (HCV): também é prevalente em todo o mundo, com mais de 170 milhões de portadores da doença. O HCV é disseminado pelas mesmas vias que o HBV, porém tem mais propensão para ocasionar a doença crônica. O HCV também aumenta o risco para PHC. O HCV é um flavivírus com genoma de RNA. Hepatite G(HGV)também um flavivírus e causa infecções crônicas. Hepatite E(HEV): ) É um vírus entérico não envelopado com o genoma de RNA, pertencente à sua própria família, e a doença provocada por esse vírus é semelhante à causada pelo HAV. Hepatite D ou Delta: , é peculiar, pois exige replicação ativa do HBV como “vírus auxiliar ” e ocorre somente em pacientes portadores da infecção por HBV ativa. O HBV fornece o envelope para o RNA do HDV e seus antígenos. O HDV exacerba os sintomas causados pelo HBV. Vírus da Hepatite A(HAV) O HAV causa hepatite infecciosa e se dissemina pela via fecal-oral. A fonte de infecção para esse vírus resulta, com frequência, do consumo de água, frutos do mar e outros alimentos contaminados. O HAV é um picornavírus, foi inicialmente denominado como enterovírus 72, e recentemente reclassificado dentro de um novo gênero, o Heparnavirus, com base em seu genoma único. Estrutura: - Vírus não envelopado - Capsídeo Icosaédrico - RNA fita simples positivo - Existe apenas um sorotipo de HAV Replicação: - Ele interage especificamente, através da glicoproteína, com o receptor celular 1 (HAVCR-1, também conhecido como domínio de mucina e imunoglobulina de célula T [TIM-1]) expresso nas células hepáticas e em células T. A estrutura do HAVCR-1 pode variar de indivíduo para indivíduo, e formas específicas se correlacionam com a gravidade da doença. Entretanto, diferentemente dos outros picornavírus, o HAV não é citolítico e é liberado por exocitose. Isolados laboratoriais de HAV foram adaptados para crescer em cultivos celulares primários e linhagens contínuas oriundas de rins de macacos, mas isolados clínicos têm dificuldade de crescer em cultivo celular. Patogênese: - Transmissão via oral-fecal - Incubação: 30 dias - Sorologia:IgM e IgG anti HAV - Tropismo: A infecção inicial acontece nos enterócitos,disseminação por via sanguínea,Infecção nos hepatócitos onde novas partículas virais são formadas. - Viremia: precede de 7 a 14 dias o surgimento da Icterícia e decresce concomitantemente à elevação do ALT(alanina-aminotransferase) e ao surgimento dos sintomas. - Vírus são eliminados nas fezes e permanecem viáveis nas mãos e objetos contaminados - O HAV é excretado nas fezes por 1 a 2 semanas antes do início da doença e por pelo menos 1 semana depois -O HAV é ingerido e provavelmente penetra na corrente sanguínea pelo revestimento epitelial da orofaringe ou do intestino para atingir seu alvo, as células parenquimatosas do fígado. O vírus é excretado em grande quantidade nas fezes e isso ocorre cerca de 10 dias antes do aparecimento dos sintomas de icterícia ou da detecção do anticorpo. O HAV replica-se lentamente no fígado sem produzir efeitos citopáticos aparentes. Embora o interferon limite a replicação viral, as células natural killer e as células T citotóxicas são exigidas para a eliminação das células infectadas. O anticorpo, o complemento e a citotoxicidade celular dependente de anticorpo também facilitam a remoção do vírus e a indução da imunopatologia. O quadro de icterícia resultante dos danos causados ao fígado ocorre quando as respostas imunes mediadas por células e anticorpos contra o vírus são detectadas. A proteção do anticorpo contra a reinfecção é duradoura. A doença ocasionada causada pela infecção por HAV é indistinguível histologicamente daquela causada pelo HBV. O quadro é mais comumente provocado pela imunopatologia e não pela citopatologia induzida pelo vírus. Todavia, diferentemente do HBV, o HAV não pode iniciar infecção crônica e não está associado com o câncer hepático. Epidemiologia: - Cerca de 40% dos casos agudos de hepatite são causados por HAV. - O vírus se espalha facilmente em comunidade,pois a maioria das pessoas infectadas é contagiosa 10 a 14 dias antes do aparecimento dos sintomas. - Ainda, 90% das crianças infectadas e entre 25 e 50% dos adultos infectados são portadores de infecções produtivas, mas não aparentes. - Transmissão via oral – fecal - Dissemina-se por meio de água, alimentos contaminados e mãos sujas. O HAV é resistente a detergentes, ácidos (pH = 1) e temperaturas acima de 60 °C, podendo sobreviver por muitos meses em água fresca e água salgada. Esgoto sanitário não tratado ou tratado de forma inadequada pode contaminar o suprimento de água e os frutos do mar. Esses alimentos, especialmente mariscos, ostras e mexilhões, são importantes fontes do vírus, pois se alimentam por filtração e podem concentrar as partículas virais, até mesmo de soluções diluídas. Síndromes Clínicas: - Infecção assintomática a Hepatite fulminante – Infecção aguda - Sinais e Sintomas incluem: febre, mal-estar, náusea, vômito, desconforto abdominal, urina escura (colúria), fezes claras (acolia fecal) e icterícia. - Sinais e Sintomas menos comuns incluem mialgia, prurido, diarreia, artralgia e exantema. - Os sintomas causados peloHAV são muito parecidos aos da infecção por HBV e resultam do dano hepático mediado pelo sistema imune. - Doença é mais leve em crianças que em adultos - Os sintomas começam a aparecer abruptamente cerca de 15 a 50 dias após a exposição e se intensificam durante 4 a 6 dias antes da fase ictérica. - . A icterícia é observada em 70% a 80% dos adultos, mas apenas em 10% das crianças (com menos de 6 anos de idade). Os sintomas geralmente diminuem durante o período de icterícia. Já a disseminação viral nas fezes precede em aproximadamente 14 dias o início dos sintomas e é interrompida antes do desaparecimento dos mesmos. A recuperação completa ocorre em 99% dos casos dentro de 2 a 4 semanas do início da doença. Diagnóstico Laboratorial: - O diagnóstico da infecção por HAV é geralmente realizado com base na duração dos sintomas clínicos, na identificação de uma fonte de infecção conhecida e, de modo mais confiável, nos resultados obtidos de testes sorológicos específicos. A melhor maneira de demonstrar uma infecção aguda por HAV é pelo achado de IgM anti-HAV, medida por ensaio imunossorvente ligado à enzima (ELISA) ou radioimunoensaio. O isolamento viral não é realizado, pois ainda não existe um sistema eficiente de cultivo celular para a multiplicação viral. - Infecção recente: Anti HAV total +/- IgM anti-HAV + - Infecção passada ou vacinação: Anti HAV total + IgM anti HAV - Ausencia do contato com HAV: Ambos negativos. Tratamento prevenção e controle; -A transmissão do HAV é reduzida interrompendo-se a disseminação do vírus pela rota fecal-oral. Ao mesmo tempo, é preciso evitar o consumo de água ou alimentos potencialmente contaminados, em especial frutos do mar crus. A lavagem apropriada das mãos, sobretudo em creches, hospitais psiquiátricos e outras instalações de atendimento, é de vital importância. O tratamento da água potável com cloro geralmente é suficiente para matar o vírus. A profilaxia com globulina sérica imune administrada antes ou logo no início do período de incubação (i.e., menos de 2 semanas após a exposição) tem eficácia de 80% a 90% na prevenção da doença clínica. Vacinas inativadas contra o HAV foram aprovadas pela U.S. Food and Drug Administration (FDA) e estão disponíveis para todas as crianças e adultos com alto risco de infecção, em particular viajantes para áreas endêmicas. A vacina é administrada em crianças com até 2 anos de idade e pode ser ministrada nos adultos junto com a vacina de HBV. Uma vacina viva contra o HAV está em uso na China. Existe apenas um sorotipo de HAV e esse vírus só infecta o homem, fatores que ajudam a assegurar o sucesso em um programa de imunização. Vírus da Hepatite B(HBV) -. O HBV infecta o fígado e, em menor escala, os rins e o pâncreas somente de seres humanos e chimpanzés. Os avanços em biologia molecular tornaram possível o estudo do HBV, apesar da gama limitada de hospedeiros para o vírus e da dificuldade representada pelos sistemas de cultivo celular utilizados na multiplicação viral. Estrutura: - vÍrus envelopado - DNA circular de fita parcialmente dupla - 8 genótipos - No Brasil tem-se 3 genótipos - Genótipos A e F em algumas áreas da região Norte - Região Sudeste - maior predomínio dos genótipos A e D. - grande quantidade de vírus no plasma de portadores - Somente afeta seres humanos - Não há outros reservatórios - Embora sendo um vírus de DNA, ele codifica uma transcriptase reversa e se replica por meio de um intermediário de RNA. - Antígeno do core do vírus da hepatite B: HBcAg - Esse antígeno faz parte do capsídeo do vírus MAIS INTERNAMENTE -Antígeno de superfície do vírus da Hepatite B:HBsAg Esse antígeno faz parte do envelope do vírus mais externamente e contem três formas de glicoproteínas: S,M,L. • Proteína L - Ligação do vírus aos receptores nos hepatócitos, provavelmente essa maior quantidade de proteínas L evita que as partículas subvirais, que são mais numerosas, compitam com os vírions pelos receptores presentes na superfície celular. • Proteína M - Ligação para a adsorção do HBV nas células, e possui uma região que mimetiza a albumina sérica humana, o que permite que o HBV penetre via receptores celulares de albumina no citoplasma do hepatócito. • Proteína S - que é a principal proteína que forma o HBsAg, é capaz de induzir resposta imunológica protetora contra o HBV, e é o antígeno utilizado na formulação de vacinas. HBsAg- é um antígeno mais externo composto por 3 glicoproteinas HBcAg- é a proteína de core mais interno,essa protína não acessa a corrente sanguinea,fica no interior do hepatócito e o anti HBc indica contato com a partícula viral toda. HBeAg – É uma proteína antigênica que assim como o HBcAg esta mais internamente revestindo o núcleo(parte do capsídeo) Uma proteína do antígeno “e” do vírus da hepatite B (HBeAg, hepatitis B “e” antigen) compartilha a maior parte da sequência proteica com o HBcAg, entretanto é processada de maneira diferente pela célula, excretada inicialmente no soro, não sendo capaz de automontagem (como um antígeno de capsídeo), e expressa determinantes antigênicos diferentes. IMPORTANTE: - As partículas contendo HBsAg são liberadas no soro dos indivíduos infectados e superam o número total de virions. Essas partículas podem ser esféricas (embora menores que a partícula Dane) ou filamentosas.Na tentativa de driblar ou distrair o sistema imune o vírus libera essas particulares não virais com HBsAg para o sistema imune atacar elas enquanto que os virions que são de fato o vírus infectante se multiplica no interior dos Hepatócitos. -Essas partículas de distração são imunogênicas e form incluídas na primeira vacina comercial contra o HBV. HbsAg: - O HBsAg, originalmente denominado de antígeno Austrália, inclui três glicoproteínas (L, M e S) codificadas pelo mesmo gene e lidas na mesma fase de leitura, mas traduzidas em proteínas de diferentes códons inicializadores AUG (adenina, uracila e guanina). -A glicoproteína S é o componente principal das partículas de HBsAg; por si só, ela se autoassocia com partículas esféricas de 22 nm que são liberadas das células. As partículas filamentosas do HBsAg encontradas no soro contêm principalmente essa glicoproteína S, mas também pequenas quantidades das glicoproteínas M e L, além de outras proteínas e lipídio. Genoma: - DNA circular,aberto e incompleto - Codificação de 4 genes • Gene S - codifica o antígeno de superfície (HBsAg); • Gene C - codifica a proteína do core (HBcAg) e o antígeno “e” (HBeAg); • Gene P - codifica a DNA polimerase, que também possui atividade de transcriptase reversa. • Gene X - codifica uma proteína transativadora que potencializa a replicação do HBV (HBxAg). Replicação: - O HBV possui mecanismo único de replicação entre os vírus que infectam o homem, que permite a produção de diferentes tipos de partículas virais; Em preparações para microscopia eletrônica a partir do soro de indivíduos infectados, podem ser observados 3 tipos de partículas: - Completas esféricas infecciosas - Incompletas esféricas - Incompletas filamentosas Processo: 1) Adsorção das partículas aos receptores celulares. 2) Penetração das partículas no citoplasma celular seguida de desnudamento do ácido nucleico. 3) . Migração do DNA viral (DNAv) para o núcleo celular. 4) Conversão do DNAv para a forma circular covalentemente fechada (DNAccc). 5) Transcrição do DNAccc em RNA mensageiros (RNAm) de diversos tamanhos que são usados para a tradução de proteínas e como molde para a síntese do RNA pré-genômico. 6 e 7) Tradução das proteínas virais e Montagem do capsídeo. 8) Empacotamento do RNA pré-genômico (3,5 kb). 9) . Síntese da fita negativado DNAv a partir do RNA pré-genômico por transcrição reversa. 10) Síntese da fita positiva do DNAv. 11) Maturação das partículas no retículo endoplasmático rugoso (RER) no qual o HBsAg é incorporado à partícula. Alguns nucleocapsídeos são transportados para o núcleo, onde seus DNA genômicos podem ser convertidos em DNAccc para manter um estoque intranuclear de moldes transcricionais. 12) Liberação das partículas por brotamento através da membrana celular. Patogenese e Imunidade: - Maioria assintomáticos - 10% Hepatite crônica com evolução para cirrose e hepatocarcinoma; - Crianças 90% infecção crônica -1 a 2% dos pacientes com infecção aguda evoluem para insuficiência hepática fuminante nas 4 primeiras semanas, com alta taxa de letalidade. IMPORTANTE: - A infecção pelo HBV não é lítica, sendo o dano causado pela resposta inflamatória e pelos linfócitos TCD8.Ou seja,o vírus não provoca lise de hepatocito,o dano ao fígado é causado pela resposta imune tentando eliminar o patógeno intracelular de hEpatócito.Por isso que criança não manifesta sintoma,uma vez que seu sistema imune ainda é imaturo e não gera tanta lesão na tentativa de eliminar o patógeno e portanto 90% das crianas desenvolvem a infecção crônica sem muitos sintomas mais ainda trnsmissiveis - A lesão dos hepatócitos leva a produção de colágeno e formação de tecido fibroso, podendo ocasionar a cirrose. - Período de incubação: 45- 180 dias O HBV pode causar doença aguda ou crônica,sintomática ou assintomática.A determinação de qual doença ocorrerá parece depender da resposta imune do indivíduo a infecção. IMPORTANTE: - HBsAg e HBeAg são componentes do virion e sua presença no sangue indica a existência de uma infecção ATIVA EM ANDAMENTO. - As partículas de HBsAg continuam a ser liberadas no sangue,mesmo depois que a liberação do virion tenha sido finalizada e a infecção resolvida IMPORTANTE: - O HBV infecta o fígado, mas não causa citopatologia direta. A lise das células infectadas ocasionada pela imunidade celular produz os sintomas e resolve a infecção. A imunidade insuficiente pode acarretar doença crônica por HBV, que predispõe a pessoa às consequências mais graves. As setas púrpuras indicam os sintomas; as setas verdes indicam uma consequência possível.Imunidade baixa e insuficiente pode levar a cronicidade da doença que pode levar a fibrose hepática. A principal fonte de vírus infecciosos é o sangue, mas o HBV pode ser encontrado no sêmen, na saliva, no leite materno, nas secreções vaginais e menstruais e no fluido amniótico. A maneira mais eficiente de adquirir HBV é pela penetração do vírus na corrente sanguínea . O contato sexual e o parto são rotas comuns de infecção, embora sejam menos eficientes. - A viremia acontece a partir do fígado IMPORTANTE: - A infecção inicial com HBV ocorre via parenteral(Compatilhamento de seringa no uso de drogas injetáveis), sexo hetero e homossexual e parto. O vírus então se dissemina para o fígado, se replica, induz a viremia e é transmitido em várias secreções corporais, além do sangue, para reiniciar o ciclo. Os sintomas são provocados pela imunidade mediada por células (CMI) e por complexos imunes entre anticorpo e antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg). IV, intravenoso. - O Vírus inicia a replicação no fígado dentro de 3 dias após sua aquisição. - No entanto,os sintomas não podem ser percebidos antes de 45 dias ou mais - O vírus se replica em hepatócitos com efeito citopático mínimo. A infecção prossegue por período relativamente longo sem causar dano hepático (p. ex., elevação dos níveis de enzimas hepáticas) ou sintomas. Nesse período, cópias do genoma do HBV se integram à cromatina dos hepatócitos e permanecem latentes. A construção intracelular de formas filamentosas de HBsAg pode produzir a citopatologia hepatocitária em aspecto de “vidro fosco” (ground-glass), característica da infecção por HBV. Imunidade: - A imunidade mediada por células e a inflamação são responsáveis por sintomas e resolução efetiva da infecção por HBV ao eliminar o hepatócito infectado. Os epítopos do antígeno HBc são proeminentes antígenos para as células T. Resposta insuficiente das células T à infecção resulta, geralmente, na ocorrência de sintomas leves, na inabilidade de resolver a infecção e no desenvolvimento de hepatite crônica. - A infecção crônica também esgota as células T CD8+ como forma de prevenir a morte das células infectadas. O anticorpo(como aquele gerado pela vacinação) pode proteger contra a infecção inicial ao prevenir a liberação do vírus no fígado. Mais tarde, com a progressão da infecção, a grande quantidade de HBsAg no soro adere e bloqueia a ação de anticorpos neutralizantes, o que limita sua capacidade de resolver a infecção. Os complexos imunes formados entre o HBsAg e os anti-HBs contribuem para o desenvolvimento de reações de hipersensibilidade (tipo III), acarretando problemas como vasculite, artralgia, erupção cutânea e dano renal. - Anticorpos anti-HBc estão presentes no soro, mas não são protetivos. A proteína HBeAg, como ocorre com a HBsAg, é liberada no soro, e, durante sua produção, anticorpos anti-HBeAg se ligam ao antígeno e não são detectáveis. - Os lactentes e as crianças pequenas possuem resposta imune mediada por células imatura e têm menos capacidade de resolver a infecção, mas sofrem menos dano tecidual e sintomas mais leves. Cerca de 90% dos lactentes infectados por via perinatal se tornam portadores crônicos do vírus. A replicação viral persiste nessas pessoas por longos períodos. - Durante a fase aguda da infecção, o parênquima hepático mostra alterações degenerativas consistindo em edema e necrose celular, especialmente nos hepatócitos que cercam a veia central de um lóbulo hepático. O infiltrado de células inflamatórias é composto principalmente de linfócitos. A resolução da infecção permite a regeneração do parênquima. As infecções fulminantes, a ativação de infecções crônicas ou a coinfecção com o agente delta podem resultar em dano hepático permanente e cirrose. Eventos Clínicos e Sorológicos da Infecção aguda por Hepatite B: -O antígeno de superfície (HBsAg) aparece poucas semanas após a infecção, seguindo-se a elevação do título nas semanas seguintes, mesmo antes do surgimento dos sintomas; - Durante a fase clinicamente aparente, os níveis de HBsAg estão elevados - Assim que os sintomas aparecem, o HBsAg começa a declinar e é substituído pelo anti- HBs(Anticorpo) - O aparecimento do anti-HBs coincide temporalmente com a recuperação da infecção; - Em 1 a 2 semanas após o surgimento do HBsAg, podem ser detectados anticorpos contra o antígeno de core (HBcAg) - A IgM anti-HBc aparece no início da infecção e é substituída pela IgG anti-HBc aproximadamente após 6 meses. - O HBeAg surge durante o período de pico da replicação viral. - O HBeAg surge durante o período de pico da replicação viral. - A infecção por HBV é caracterizada por período longo de incubação e início insidioso. Os sintomas durante o período prdrômico podem incluir febre, mal-estar e anorexia, seguidos de náusea, vômitos, desconforto abdominal e calafrios. Os sintomas ictéricos clássicos de dano hepático (p. ex., icterícia, urina escura, fezes pálidas) acontecem logo depois. A recuperação é indicada por declínio da febre e apetite renovado. A hepatite fulminante ocorre em cerca de 1% dos pacientes ictéricos e pode ser fatal. A doença é marcada por sintomas mais intensos e indicação de dano hepático grave, como ascite e sangramento. A infecção por HBV pode promover reações de hipersensibilidade causadas por complexos imunes de HBsAg e anticorpo. Esses complexos podem produzir erupção cutânea,poliartrite, febre, vasculite necrosante aguda e glomerulonefrite. Eventos Clínicos e sorológicos da Hepatite Crônica - HBsAg positivo por mais de 6 meses - Pode ou não haver doença hepática ativa(DHA) - Geralmente quando há DHA esta ocorrendo uma intensa replicação viral ou seja : HBeAg+ -ALT elevada - O HBsAg permanece reativo indefinidamente na presença de IgG anti-HBc São reconhecidas três fases da Hepatite Crônica: - uma fase com taxas de replicação relativamente elevadas ocorre no início da infecção e está associada a presença de HBeAg e níveis elevados de DNA viral (em geral > 106 cópias/ml) - Cerca de 10 a 15% dos pacientes convertem espontaneamente para uma fase replicativa menos intensa associada à presença do anti-HBe e níveis de DNA circulantes em torno de ≤ 10 3 cópias/ml. - Na terceira fase ocorre a inativação da replicação viral com síntese contínua de HBsAg, havendo a possibilidade da reativação da infecção e estabelecimento novamente da infecciosidade. -A hepatite crônica sucede em 5% a 10% das pessoas portadoras de infecções por HBV, geralmente após quadro inicial de doença leve ou não percebido. Cerca de um terço dessas pessoas apresenta hepatite crônica ativa com destruição continuada do fígado, acarretando escarificação do fígado, cirrose, insuficiência hepática ou PHC. Os outros dois terços possuem hepatite passiva crônica e são menos propensos a problemas. A hepatite crônica pode ser detectada acidentalmente pela descoberta de níveis elevados de enzimas hepáticas(por exemplo proteína c reativa) em perfil bioquímico de rotina. As pessoas com infecção crônica são as principais fontes de disseminação do vírus e estão em risco de doença fulminante se forem coinfectadas com o HDV. Carcinoma Hepatocelular Primário(PHC): - A Organização Mundial da Saúde estima que 80% de todos os casos de PHC podem ser atribuídos às infecções crônicas por HBV. O genoma do HBV está integrado às células do PHC e essas células expressam os antígenos do HBV. O PHC é normalmente fatal e umas das três principais causas mais comuns de mortalidade por câncer no mundo. Em Taiwan, pelo menos 15% da população são portadores do HBV e quase a metade vai a óbito por PHC ou cirrose. O PHC, assim como o câncer cervical, é um câncer humano passível de prevenção por vacinação. O HBV pode induzir o PHC ao promover reparo hepático e crescimento celular continuados em resposta à inflamação e ao dano aos tecidos ou por se integrar no cromossomo do hospedeiro e estimular diretamente o crescimento das células. Essa integração poderá incentivar rearranjos genéticos ou justapor promotores virais próximos aos genes de controle da multiplicação celular. Tratamento,prevenção e Controle -A imunoglobulina da hepatite B pode ser administrada dentro de 1 semana da exposição e a bebês recém-nascidos de mães portadoras de HBsAg, para prevenir ou atenuar a doença. - A infecção crônica por HBV pode ser tratada com drogas voltadas para a polimerase – por exemplo, lamivudina (2’3’didesoxi-3’-tiacitidina), que também é um inibidor da transcriptase reversa do HIV – ou análogos de nucleosídeos, adefovir, dipivoxil e fanciclovir. - A transmissão do HBV no sangue ou nos derivados do sangue tem sido significativamente reduzida pelatriagem do sangue de doadores quanto à presença de HBsAg e anti-HBc. Esforços complementares para prevenir a transmissão do HBV consistem em evitar a prática de sexo com um portador de HBV e estilos de vida que facilitem a disseminação do vírus. Os contatos domésticos e os parceiros sexuais de portadores de HBV estão em maior risco, como aqueles pacientes em hemodiálise, receptores de produtos à base de pool de plasma, profissionais da saúde expostos a sangue e bebês nascidos de mães portadoras do HBV. - A vacinação é recomendada para lactentes, crianças e especialmente pessoas em grupos de alto risco. Para recém-nascidos de mães portadoras de HBsAg e para pessoas acidentalmente expostas, via pele ou mucosas, a sangue ou secreções de uma pessoa positiva para HBsAg, a vacinação é útil mesmo após a exposição. A imunização das mães deverá reduzir a incidência de transmissão a bebês e crianças mais velhas, reduzindo também o número de portadores crônicos ao HBV. A prevenção do HBV crônico pode diminuir a incidência de PHC. - As vacinas de HBV são compostas de partículas em formato de vírus. A vacina inicial contra o HBV derivou-se de partículas de HBsAg de 22 nm em plasma humano obtido de pessoas com infecção crônica. A vacina atual foi geneticamente construída pela inserção de um plasmídeo contendo o gene S para HBsAg em uma levedura, a Saccharomyces cerevisiae. Após a expressão, a proteína sofre uma montagem no formato de partículas virais, o que intensifica sua imunogenicidade. A vacina deve ser aplicada em uma série de três injeções, com a segunda e a terceira doses administradas dentro de 1 e 6 meses após a primeira dose. O sorotipo único e a faixa limitada de hospedeiros (homem) ajudam a assegurar o sucesso de um programa de imunização. Diagnóstico Laboratorial(sorologia) -O diagnóstico inicial de hepatite pode ser realizado com base nos sintomas clínicos e na presença de enzimas hepáticas no sangue.Entretanto,a sorologia da infecção por HBV descreve o curso e a natureza da doença.As infecções agudas e Crônicas por HBV podem ser diferenciadas pela presença de HBsAg e de HBeAg no soro e pelo padrão de anticorpos aos antígenos individuais do HBV. - Os antígenos HBsAg e HBeAg são secretados no sangue durante a replicação viral. IMPORTANTE: - A detecção do HBeAg é o melhor correlato à presença do vírus infeccioso. Uma infecção crônica pode ser diferenciada pela descoberta continuada de HBeAg, HBsAg ou de ambos e pela falta de anticorpo detectável contra esses antígenos. Anticorpos anti-HBsAg indicam a resolução da infecção ou a vacinação. - A presença de anticorpos anti-HBcAg é indicativa de infecção prévia ou em andamento por HBV, e IgM anti-HBc é a melhor maneira de diagnosticar infecção aguda recente, especialmente durante o período em que nem o HBsAg nem o anti-HBs podem ser detectados (janela). - A detecção de anticorpos anti-HBeAg e anti- HBsAg é complicada durante a infecção porque eles estão complexados com antígenos no soro. A quantidade de vírus no sangue pode ser determinada pela quantificação do genoma por meio do ensaio da reação em cadeia da polimerase (PCR) e técnicas relacionadas. O conhecimento da carga viral pode auxiliar na determinação do estágio de infecção crônica por HBV e na eficácia de tratamento antiviral. Vírus da Hepatite C(HCV) -O HCV foi identificado em 1989 após isolamento de um RNA viral de um chimpanzé infectado com sangue de pessoa portadora de NANBH (hepatite não A, não B). O RNA viral obtido do sangue foi convertido em DNA com transcriptase reversa, suas proteínas foram expressas e os anticorpos de pessoas com NANBH foram usados para detectar as proteínas virais. Esses estudos resultaram no desenvolvimento de um teste de ELISA e de outros testes genômicos para detecção do vírus, que ainda não pode crescer em cultivo celular. Estrutura e Replicação: - Família Flaviviridae, gênero Hepacivirus - 11 genótipos, mais de 100 subtipos - Envelopado – proteínas E1 e E2 - ssRNA +(Fita simples de RNA positivo) - Genoma traduzido em uma unica poliproteína, que é clivada em 10 proteínas (estruturais e não estruturais) - Regiões hipervariáveis na E2 são responsáveis pela variabilidade genética e escape imunológico. Replicação: - Ligação das proteínas E1 e E2 aos receptores celulares. - Entrada por endocitose. - Fusão do envelope ao endossomo, - Liberação do genoma no citoplasma e sua tradução no RER. RespostaImunológica: - Infecções crônicas associadas a evasão do sistema imune e ativação de resposta Th2 - Produção de IFN gama associada à replicação viral – ativação de NK, macrófagos, resposta imune celular - Evasão: inibição da expressão de PRR – diminuíndo a síntese de IFN alfa (ação antiviral) - Infecção crônica associada a resposta imune celular fraca Hepatite C( HCV) e colesterol: -HCV replica em vesículas membranosas envolvidas na montagem das “very low density lipoproteins” (VLDL), produzidas em hepatócitos para secretar triglicerídeos e colesterol. -A co-localização da replicação do HCV e montagem desecreção de HCV + VLDL. -Tratamento de células com agentes que bloqueiam especificamente a secreção de VLDL inibem a produção de HCV ao mesmo tempo, sugerindo que estas drogas podem ser úteis no tratamento de HCV infection. Transmissão: - contatos familiares(lamina de barbear) - Transfusão/ Transplante - Via parenteral( perforo cortantes como compartilhamento de agulha) - Profissionais da saúde - Incubação: média de 6 a 7 semanas - Doença clinica(ICTERÍCIA): 30 a 40% dos casos - Desenvolve Hepatite Crônica:705 dos casos - Infecção persistente: 85 a 100% dos casos Imunidade: Sem indução de anticorpos protetores Patogênese: - A detecção do RNA do HCV no soro de pacientes infectados ocorre após 7 a 21 dias da exposição ao vírus - Apesar de os níveis de RNA viral no soro aumentarem rapidamente e alterações nos marcadores bioquímicos hepáticos, como a ALT e a bilirrubina, serem indicativas de lesão hepática e observadas nas semanas seguintes à infecção, menos de 20% dos indivíduos infectados apresentam sintomas na fase aguda e, quando estes existem, raramente são associados com a hepatite C -Isso ocorre porque as manifestações inespecíficas como dor abdominal, anorexia, prostração, náusea ou vômito geralmente precedem os sintomas clássicos de hepatite como icterícia, colúria (urina escura cor de café, apresentando espuma amarela, por acúmulo de bilirrubina direta no sangue e consequente excreção pela urina) e acolia fecal (fezes esbranquiçadas pela ausência de estercobilina derivada da bilirrubina direta), cuja duração é de 2 a 12 semanas. - Formas de hepatite fulminante são raras (menos de 1% dos casos), mas podem ser observadas em coinfecções com o HBV ou HAV. IMPORTANTE: - A habilidade do HCV em permanecer associado com a célula e prevenir a morte da célula hospedeira promove infecção persistente, mas resulta em posterior doença hepática. A resposta imune mediada por célula é a responsável tanto pela resolução da infecção quanto pelo dano ao tecido. Assim como para o HBV, a infecção crônica pode esgotar as células T citotóxicas CD8+ para impedir a resolução da infecção. A extensão da infiltração linfocítica, inflamação, fibrose portal e periportal e da necrose lobular em biópsias hepáticas pode ser utilizada para classificar a intensidade da doença. Tem-se sugerido que a inflamação por citocinas, o reparo contínuo do fígado e a indução da multiplicação celular que ocorrem durante a infecção crônica por HCV são fatores predisponentes no desenvolvimento de PHC. Anticorpos anti-HCV não são protetivos. Síndromes Clínicas: - O HCV causa três tipos de doença: 1) hepatite aguda com resolução da infecção e recuperação em 15% dos casos. 2) infecção crônica persistente com possível progressão para a doença (a longo prazo durante a vida) para 70% das pessoas infectadas. 3) progressão rápida e intensa para cirrose em 15% dos pacientes. - A viremia pode ser detectada dentro de 1 a 3 semanas após a transufsão de sangue contaminado e dura entre 4 e 6 semanas em pessoas com infecção aguda,porém mais de 10 anos naquelas com infecção persistente. - Em sua forma aguda, a infecção por HCV é semelhante àquela por HAV e HBV, mas a resposta inflamatória é menos intensa e os sintomas são normalmente mais leves. - Com mais frequência (acima de 70%), a doença inicial é assintomática, mas estabelece doença crônica persistente. - O sintoma predominante é a fadiga crônica. A doença crônica persistente geralmente progride para a hepatite crônica ativa dentro de 10 a 15 anos, para a cirrose (20% dos casos crônicos) e para a insuficiência hepática (20% dos casos cirróticos) após 20 anos. O dano hepático induzido pelo HCV pode ser exacerbado po álcool, certos medicamentos e outras hepatites virais que provocam a cirrose. O HCV promove o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular após 30 anos em até 5% dos pacientes cronicamente infectados. Hepatite C crônica; - Definida como mais de 6 meses de viremia - Viremia também considerada causa primaria de hepatoma - O quadro de hepatite C crônica é essencialmente igual o de Hepatite B crônica. Diagnóstico Laboratorial: - O diagnóstico e a detecção da infecção por HCV se baseiam no reconhecimento por ELISA do anticorpo anti- HCV ou detecção do genoma do RNA. A soroconversão ocorre dentro de 7 a 31 semanas da infecção. O teste de ELISA é usado para triagem do suprimento de sangue de doadores normais. Assim como para o HIV, os resultados podem ser confirmados por procedimentos como Western immunoblot. Nem sempre o anticorpo é detectável em pessoas virêmicas, em pacientes imunocomprometidos ou naqueles submetidos a tratamento de hemodiálise. A detecção e a quantificação pela reação da cadeia da polimerase após transcrição reversa (RT- PCR), o teste b-DNA (branched-DNA) e outras técnicas moleculares são o “padrão-ouro” para confirmação do diagnóstico de HCV e para garantir o sucesso da terapia com drogas antivirais. Ensaios genéticos são mais específicos, independentemente das variações do vírus, podendo detectar o RNA do HCV em pessoas soronegativas. Tratamento,prevenção e controle: - não tem vacina -O α-interferon recombinante ou peguilado (tratado com polietilenoglicol para intensificar sua vida biológica), isolado ou combinado com ribavirina, é o único tratamento conhecido para o HCV. O tratamento com interferon peguilado e ribavirina por períodos estendidos pode resultar em taxas de recuperação de até 50%. Esse tratamento pode agora ser suplementado com dois inibidores de protease, boceprevir ou telaprevir. Assim como para HIV, a adição de um inibidor de protease como protocolo antiviral prévio pode fazer diferença significativa na eficácia do tratamento. As precauções para a transmissão do HCV são similares às do HBV e outros patógenos transmitidos pelo sangue. Doadores de sangue e órgãos são diagnosticados quanto à presença de HCV. Indivíduos infectados com HCV não devem dividir itens de higiene pessoal e agulhas de seringa que possam estar contaminados com sangue e devem praticar sexo seguro. A ingestão de álcool deve ser limitada porque exacerba os danos ao fígado causados pelo HCV. Vírus da Hepatite D(HDV) -Cerca de 15 milhões de pessoas no mundo estão infectados com HDV (agente delta) e o vírus é responsável por causar 40% dos casos de infecções de hepatite fulminante. O HDV é singular, pois usa o HBV e as proteínas das células-alvo para se replicar e produzir sua única proteína. Ele é um parasita viral, provando que “mesmo pulgas têm pulgas”. O HBsAg é essencial para o empacotamento do vírus. O agente delta lembra os vírus satélites de plantas e viroides em seu tamanho, estrutura genômica e exigência de vírus auxiliar para replicação. Estrutura: - Partícula viral defectiva – virus-like - Responsável pela maior gravidade das infecções pelo HBV. - Mólecula de RNA, antígeno HDAg, envoltos pelo antígeno de superfície do HBV (HBsAg) – necessária a co-infecção com HBV. - RNA CIRCULAR - O genoma do RNA do HDV é muito pequeno (cerca de 1.700 nucleotídeos) e, diferentemente de outros vírus,o RNA de fita simples é circular e em formato de haste como resultado de seu pareamento extensivo de base. O virion tem quase o mesmo tamanho do virion do HBV (35 a 37nm de diâmetro). O genoma é cercado pelo nucleocapsídeo do antígeno delta, que, por sua vez, é revestido por um envelope contendo HBsAg. O antígeno delta existe com uma forma pequena (24 kDa) ou grande (27 kDa), mas a forma pequena é predominante. IMPORTANTE; O agente delta adere e é internalizado pelos hepatócitos da mesma maneira que o HBV, pois tem HBsAg em seu envelope. Patogênese: - O genoma viral é liberado no núcleo celular. Devido a sua estrutura dobrada em forma de haste-alça,é reconhecido pelas RNA polimerases celulares como genoma DNA fita dupla, ocorrendo sua replicação. - Vírus altamente patogênico associado a doenças agudas e crônicas - manifestações clínicas dessa infecção podem variar desde estado assintomático a hepatite fulminante e cirrose. - A superinfecção por HDV em indivíduos carreadores de HBsAg induz elevação rápida das enzimas hepáticas. - O antígeno delta (HDAg) aparece no soro, seguido de IgM e IgG anti-HDAg; - A IgG pode atingir níveis elevados. A superinfecção aguda pelo HDV é acompanhada por uma redução nos níveis de HBsAg. A condição sorológica permanece a mesma na infecção aguda ou crônica. - Da mesma forma que o HBV, o agente delta é disseminado em sangue, sêmen e secreções vaginais. Entretanto, ele pode replicar-se e causar doença somente em pessoas com infecções ativas por HBV. Uma vez que dois agentes sejam transmitidos pelas mesmas vias, uma pessoa pode ser coinfectada com HBV e com o agente delta. Uma pessoa com HBV crônica também pode ser superinfectada com o agente delta. A progressão mais rápida e intensa ocorre em portadores de HBV superinfectados com HDV do que em pessoas coinfectadas com HBV e o agente delta, porque durante a coinfecção, o HBV precisa primeiro estabelecer sua infecção antes que o HDV possa se replicar, enquanto na superinfecção por HBV, o vírus permite que o agente delta se replique imediatamente. - A replicação do agente delta resulta em citotoxicidade e dano hepático. A infecção persistente por agente delta é estabelecida, com frequência, em portadores de HBV. Embora os anticorpos sejam produzidos contra o agente delta, a proteção provavelmente se origina da resposta imune ao HBsAg porque ele é o antígeno externo e a proteína de adesão viral para o HDV. Diferentemente da doença por HBV, o dano ao fígado acontece como resultado do efeito citopático direto do agente delta combinado com a imunopatologia subjacente da doença por HBV. IMPORTANTE: - Na Hepatite D, o vírus causa lise do hepatócito e levando ao danp.Enquanto que na hepatite B, é a resposta imune que causa o Dano e não a liseprovocada pelo patogeno,O sistema imune faz a lise celular e não o patógeno. Síndromes Clínicas: - O agente delta aumenta a intensidade das infecções por HBV. A hepatite fulminante tem mais probabilidade de se desenvolver em pessoas infectadas com o agente delta do que naquelas infectadas com outros vírus de hepatite. Essa forma muito séria de hepatite causa alteração na função cerebral (encefalopatia hepática), icterícia extensa e necrose hepática significativa, que é fatal em 80% dos casos. A infecção crônica com o agente delta pode ocorrer em pessoas com HBV crônico. Diagnóstico Laboratorial; -A presença do agente pode ser notada pela detecção do genoma de RNA, do antígeno delta ou de anticorpos anti-HDV. Os procedimentos por ELISA e radioimunoensaio estão disponíveis para essa detecção. O antígeno delta pode ser detectado no sangue durante a fase aguda da doença em amostra de soro tratada com detergente. Técnicas de RT-PCR podem ser utilizadas para detectar o genoma do virion no sangue. Tratamento,Prevenção e Controle: -Não existe tratamento específico conhecido para a hepatite por HDV. Uma vez que o agente delta dependa do HBV para replicação e seja disseminado pelas mesmas vias, a prevenção da infecção com HBV evita a infecção por HDV. A imunização com a vacina de HBV protege contra a infecção subsequente com o vírus delta. Se uma pessoa já adquiriu o HBV, a infecção com o agente delta pode ser prevenida suspendendo-se o uso intravenoso de drogas ilícitas e evitando-se produtos de sangue contaminado com HDV. Vírus da Hepatite E -O HEV (E-NANBH) (E para entérico ou epidêmico) é disseminado predominantemente pela via fecal-oral, em especial pela água contaminada. O HEV é único, mas lembra o calicivírus, pelo tamanho (27 a 34 nm) e estrutura. Embora o HEV seja encontrado em todo o mundo, é mais problemático nos países emergentes. Epidemias foram informadas na Índia, no Paquistão, no Nepal, na Birmânia, no Norte da África e no México. Os sintomas e o curso da doença por HEV são semelhantes aos da doença por HAV; o vírus causa apenas uma doença aguda. Entretanto, os sintomas para HEV podem ocorrer mais tarde que aqueles da doença por HAV. A taxa de mortalidade associada com doença por HEV é de 1% a 2%, aproximadamente 10 vezes maior do que aquela associada com doença por HAV. A infecção por HEV é especialmente grave em gestantes (taxa de mortalidade de cerca de 20%). Vírus da Hepatite G -O HGV (também conhecido como vírus GB tipo C ou GBV-C) lembra o HCV em muitos aspectos. Trata-se de um flavivírus, é transmitido pelo sangue e tem predileção por infecção hepática crônica. Ele é identificado pela detecção do genoma por RT-PCR ou por outros métodos de detecção de RNA.
Compartilhar