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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE FARMÁCIA CURSO: BIOMEDICINA DISCIPLINA: LÍQUIDOS CORPORAIS PROFESSOR(A): ISABELA CINQUINI JUNQUEIRA ALUNO RENATA MARQUES. CASO CLÍNICO 1 1 - Interpretação laboratorial dos exames realizados material: Urina Antibiograma Resultado: Escherichia coli Contagem de colônia: > 100.000 UFC/ml Amicacina S Ertapenen S Gentamicina S Imipenem S Meropenem S Nitrofurantoina S Sulfa-Trimetoprim S Ceftriaxona R Cefuroxima R Amoxicilina R Amoxicilina/Clavulana R Ampicilina R Cefaclor R Cefotaxima R Norfloxacina R O resultado do antibiograma determinou a susceptibilidade da bactéria Escherichia Coli à uma classe de antibióticos, determinando a sensibilidade e resistência com o resultado. A Ceftriaxona prescrita após a consulta para a paciente teve resultado resistente para a bactéria Escherichia Coli, o que indica a necessidade de uma mudança na antibioticoterapia para tratar a bactéria em específico com os medicamentos aos quais ela apresentou sensibilidade. Hemograma Intervalo de referência Eritrócitos 5,5 4,5-6,1 T/l Hemoglobina 16,2 14,0-18,0 g/dl Hematócrito 47,8% 41,0-50,0 % VCM 86,9 80 -98 fl HCM 29,4 27 – 33 pg CHCM 33,8 32 – 36% RDW 13,1 11,6 – 14,6 % Leucograma Intervalo de referência Leucócitos totais 28.720 µl 4000 – 11000/µl VR VA Valor relativo % Valor absoluto/µl Mielócitos 0 0 0 - 0 0 - 0 Metamielócitos 0 0 0 - 0 0 - 0 Bastonetes 1,1 318 1 - 5 40 - 550 Segmentados 85,2 24.480 40 - 70 1600 - 7700 Eosinófilos 1,4 424 1 - 5 40 - 550 Basófilos 0 0 0 - 2 0 - 200 Linfócitos 9,2 2650 20 - 40 800 - 4400 Monócitos 2,9 848 2 - 10 80 - 1100 Blastos 0 0 0 0 - 0 Plaquetas 220.000 150.000 - 450.000 Percebe-se uma alteração nos leucócitos totais e nos segmentados, o que caracteriza uma leucocitose com neutrofilia onde se tem uma produção aumentada de neutrófilos indicando um processo infeccioso agudo em curso. Glicose V.R 80 mg/dl 60-100mg/dl Creatinina V.R 1,0 mg/dl 0,6 - 1,2mg/dl UREIA V.R 30 mg/dl 10 – 50 mg/dl Com relação à avaliação e monitoramento da função excretora renal, os exames para dosagem de glicose, creatinina e uréia se encontram dentro da normalidade. FORMULÁRIO DE ROTINA – URINÁLISE Material: Urina jato médio Exame físico: Resultado Valores de referência Cor: AMARELO CITRINO Amarelo citrino Aspecto: TURVO Límpido Depósito: PRESENTE Ausente Densidade: 1.020 1.010- 1.025 pH: 8,5 5,0 - 9,0 Exame químico: Resultado Valores de referência Nitrito: positivo Negativo Proteínas: presente +/++++ Ausentes Glicose: ausente Ausente Cetonas: ausente Ausentes Urobilinogênio: normal Normal Pigmentos biliares: ausente Ausentes Hemoglobina: presente +/++++ Ausente Sedimentoscopia: Resultado Valores de referência Leucócitos: 730.000/ml 0 - 10.000/mL Hemácias: 95.000/ml 0 - 8.000/mL Muco filamentoso: normal Normal Cilindros leucocitários: 40.000/ml Ausente Cristais: ausentes Ausentes Os resultados da urinálise trazem diversas informações que justificam a hipótese de um quadro de pielonefrite aguda. Observando os resultados do exame físico da urina, ela apresenta uma turbidez, a presença de depósitos e um pH alcalino, mesmo estando dentro dos valores de referência considerados normais. O exame químico mostrou haver a presença de nitrito na urina, indicando a presença de bactérias que fazem essa metabolização do nitrato. Há também a presença de um grande número de proteínas (proteinúria), o que dá indícios de uma possível inflamação glomerular, mas pode também ser causada por outros fatores nos quais a paciente se encaixa, como o quadro febril que causa a desnaturação protéica, possibilitando que os fragmentos menores sejam filtrados nos rins. Ainda no exame químico, a paciente apresentou um quadro de hemoglobinúria, outro sintoma de doença renal, mostrando estar havendo uma hemólise e que geralmente em casos de infecção do trato urinário superior, está acompanhada de um quadro de hematúria, o que está de acordo com o resultado da sedimentoscopia que encontrou a presença elevada de hemácias na amostra. Na sedimentoscopia também, foi evidenciado ainda um quadro de leucocitúria e a presença de cilindros leucocitários. Todas estas alterações apresentadas na uranálise indicam uma infecção do trato urinário, e os quadros de hematúria, hemoglobinúria e proteinúria sugerem que esta infecção esteja localizada nos rins. Laudo Tomografia computadorizada: Rim esquerdo aumentado de volume, com nefrograma heterogêneo, associado a imagem nodular, de contornos definidos. De acordo com o artigo da radiologia brasileira, 2007, a frequência dos diversos achados tomográficos de pielonefrite aguda é elevada, sendo o nefrograma heterogêneo o sinal mais comum e também o mais objetivo, devido à sua excelente concordância. E no laudo, o rim esquerdo apresentava-se com nefromegalia, um acometimento pelo processo inflamatório. Seu uso está basicamente restrito aos casos com suspeita de complicação, no controle de pacientes com evolução clínica desfavorável, ou na pesquisa de alguma alteração funcional e morfológica do trato urinário. 2 - Hipótese clínica justificada frente aos significados clínicos dos achados laboratoriais Tendo em vista todos os resultados discutidos acima, sugere-se a hipótese de uma pielonefrite, sendo que o agente patogênico encontrado (Escherichia coli) é bastante comum neste tipo de doença. Todos esses resultados sugestivos de infecção como pH alcalino, leucocitose com predomínio de neutrófilos, hematúria, nitrito positivo foram identificados nos exames laboratoriais da paciente, portanto é uma grande sugestão de tal diagnóstico. Ademais, o exame de tomografia computadorizada leva-se ao pensamento de uma possível suspeita de pielonefrite aguda complicada, haja vista que estes exames de imagem são realizados em pacientes com febre ou sintomas persistentes após 72 horas de tratamento com antibiótico adequado (o que não é o caso pois o mesmo apresentou resistência) , ou ainda em casos complicados. 3 - Evidências Clínicas A pielonefrite aguda é uma infecção urinária a qual atinge o parênquima renal e o sistema coletor. O pH urinário >7,5, sugere fortemente infecções do trato urinário, cilindros leucocitários são sugestivos de pielonefrite. Segundo a literatura, nestes casos são encontrados nos exames laboratoriais um pH alcalino da urina, leucocitúria e hematúria, além disso nitrito positivo tem sensibilidade de 35% a 80% dos casos, hemograma apresenta leucocitose com predomínio de neutrófilos. Segundo Danilovic. A. os aminoglicosídeos como a Gentamicina são boas alternativas para o tratamento, sendo indicado 2 mg/Kg de peso uma vez ao dia IV ou IM. No caso de pacientes sem complicações recomenda-se o tratamento por sete dias, porém se o antibiótico for um beta-lactâmico, o tratamento deve durar 14 dias.Pacientes com resposta tardia ao tratamento devem estender o período até 21 dias, mesmo sem evidência de complicação. Após o tratamento recomenda-se a cultura para verificação de erradicação da infecção. O exame de imagem pode ser realizado quando o paciente após tratamento ainda apresentar sintomas. Segundo ainda um resumo de revisão da literatura no diagnóstico de Pielonefrite aguda, quando pacientes com pielonefrite são diagnosticados e tratados corretamente não ocorrem complicações. Sendo observado que pacientes sob terapia antibiótica adequada se tornaram afebris em até 48 horas, e quase 100 % dos pacientes em até 72 horas de tratamento. De acordo com Soulen et al. apud Sandler. M. C. et al. confirmam a validade do período de 72 horas acerca da utilidade de tomografia computadorizada em pacientes com pielonefrite . Há quase uma concordância universal de que a TC pré e pós-contraste é o exame por imagem de escolha para diagnosticar pacientes com pielonefrite atípica ou para procurar uma potencial complicação da infecção, tal como um abscesso renal ou perinefrético ou um enfisema renal. Na maioria dos estudos comparando a TC com o ultra-som (US), verifica-se a superioridade da TC em detectar anormalidades parenquimatosas em pacientes com pielonefrite que geralmente não são percebidas pelo US, mas que não alteram a terapia do paciente. (2001, Colégio Brasileiro de Radiologia) Este exame é escolhido devido sua sensibilidade e especificidade elevada, e realizado quase em sua totalidade para casos suspeitos de complicação, evolução clínica desfavorável ou na pesquisa de alguma alteração funcional, e morfológica do trato urinário. (Campos, F. A. 2007) Segundo ainda a literatura os sinais tomográficos associados à pielonefrite aguda dentre elas estão nefrograma heterogêneo e nefromegalia. Bibliografia CAMPOS, Flávio do Amaral.FREQÜÊNCIA DOS SINAIS DE PIELONEFRITE AGUDA EM PACIENTES SUBMETIDOS A TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA. 2007. https://www.scielo.br/pdf/rb/v40n5/a06v40n5.pdf. Acesso em:09/03/2021. DANILOVIC ,Alexandre. Capítulo 1 - Pielonefrite Aguda Simples no Adulto. 2008 https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1389956355capitulo1_pielonefrite_agud a_simples.pdf. Acesso em: 08/03/2021. HEILBERG, Ita Pfeferman. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA TERAPÊUTICA NA INFECÇÃO INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO - ITU. 2002. https://www.scielo.br/pdf/ramb/v49n1/15390.pdf. Acesso em: 08/03/2021 SANDLER, Carl M. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM NA PIELONEFRITE AGUDA. https://cbr.org.br/wp-content/uploads/2017/06/02_04v2.pdf. Acesso em: 09/03/2021
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