Buscar

Tcc Larissa em andamento PAG

Prévia do material em texto

59
INSTITUTO APHONSIANO DE ENSINO SUPERIOR 
LARISSA LUCINDA DO CARMO
A REINSERÇÃO DOS EX PRESIDIÁRIOS NO MERCADO DE TRABALHO
TRINDADE – GO
2018
LARISSA LUCINDA DO CARMO
A REINSERÇÃO DOS EX PRESIDIÁRIOS NOMERCADO DE TRABALHO
	
Monografia apresentada como requisito para a conclusão do curso de Direito do Instituto Aphonsiano de Ensino Superior - IAEsup sob a orientação do Prof. Me. Leonardo Peixoto Simão.
	
TRINDADE – GO
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
LARISSA LUCINDA DO CARMO
A REINSERÇÃO DOS EX PRESIDIÁRIOS NO MERCADO DE TRABALHO
Monografia apresentada como requisito para a conclusão do curso de Direito do Instituto Aphonsiano de Ensino Superior- IAEsup sob a orientação do Prof. Me. Leonardo Peixoto Simão.
Aprovada em, ____ de _____________ de _______.
	BANCA EXAMINADORA:
	
________________________________________
Professor Me. Leonardo Peixoto- Presidente da banca
Instituto Aphonsiano de Ensino Superior
________________________________________
Prof. Esp. Eudes Leonardo Bomtempo
Instituto Aphonsiano de Ensino Superior
________________________________________
Prof. Esp Walério Magalhães Bandeira
Instituto Aphonsiano de Ensino Superior
	
	DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho a minha mãe e a meu pai, que foi meu maior apoio nos momentos de angustia. Agradecendo também por não medirem esforços para que a faculdade se tornar um sonho possível.	
AGRADECIMENTOS
Esta fase da minha vida é muito especial e não posso deixar de agradecer primeiramente a Deus pela luta que comecei a exatamente cinco anos atrás, em um momento de grande dificuldade, fazendo com que algumas portas fossem abertas, me oferecendo força e coragem para ter alcançado minha meta, sem a força divina não teria conseguido chegar até aqui.
À faculdade quero deixar meu agradecimento pelo apoio, pelo corpo docente que faz parte desta Instituição, que teve desde o início cravando uma luta não só comigo, e ter nos proporcionado dias de aprendizagem muito ricos e satisfatórios, meu muito obrigada.
Aos professores do corpo docente reconheço um esforço gigante e empenho para que pudesse ser aprendido da forma mais correta possível com muita paciência e sabedoria, nos dando recursos e ferramentas para que fosse visto nossa evolução. Não menos importante, agradeço ao professor orientador mestre Leonardo Peixoto pela sua paciência comigo, ele sabe bem como utilizar a paciência, e carinho que possui pelo ato de lecionar, e faz com que nos apaixonemos tanto quanto ele por esse mundo fascinante do direito. Só posso te agradecer por ter feito parte deste momento tão importante da minha vida, não só como orientador, mas também como professor dedicado que o Sr. sempre foi, além de tudo um amigo.
 Claramente não posso esquecer da minha família em especial a minha mãe Helenice, que em vários momentos de desespero e vontade de deixar tudo para trás, me mostrou que o que basta é levantar a cabeça e seguir em frente, pois nada é tão grande, quanto o tamanho dos meus sonhos.
A todas as pessoas que de uma alguma forma fez parte desta trajetória, deixo o meu muitíssimo obrigada pois foi de grande valia, qualquer, minúsculo que tenha sido o incentivo.
SUMÁRIO
RESUMO	
ABSTRACT	
INTRODUÇÃO	09
1. HISTÓRICO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO MUNDO	11
1.1 A prisão na antiguidade	11
1.2 Antiguidade – Idade Média	11
1.3 A prisão na Modernidade	12
1.4 Estados Unidos	13
1.5 Idade Moderna	14
2. O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO	15
2.1 Introdução	15
2.2 Breves relatos históricos do Sistema Prisional	15
2.2.1 Categorias do Sistema Carcerário no Brasil	20
2.2.1.1 Cadeias Públicas	20
2.2.1.2 Penitenciárias	21
2.2.1.3 Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiatra	24
2.2.1.4 Delegacia ou Distrito Policial	25
2.2.1.5 Cadeiões	25
2.3 Caracteristícas do Sistema Penitenciário Brasileiro	25
2.3.1 Problemas enfrentados na Gestão	26
2.4. Sistema Penitenciário Brasileiro	27
2.4.1 Ressocialização	29
2.5 Privatizações Penitenciárias pelo Mundo	32
2.5.1 Algumas experiências da privatização no Brasil	33
2.5.2 Críticas a privatização do Sistema Prisional	34
2.5.3 Análise positivas da privatização do Sistema Prisional	35
2.6 O custo para manutenção quando se fala em gastos com presidiários	38
3. PROJETOS DE LEI QUE INCENTIVAM A CONTRATAÇÃO DE EX PRESISIÁRIOS NO MERCADO DE TRABALHO	42
3.1 Alternativas para a reinserção de ex presidiários no mercado de trabalho	42
3.2 Políticas Públicas de Reinserção	42
3.2.1 Dedução de Impostos	42
3.2.2 Começar de Novo	43
3.2.3 Projeto Segunda Chance - Afroregae	44
3.2.4 Portal de Oportunidades (CNJ) 	45
3.2.5 Programa Estadual de Inserção de Egressosno Sitema Penitenciário Pró - Egresso - EGRESSO	46
3.2.6 Projeto de Lei 35/15 Sérgio Vidigal	47
3.2.7 Programa de atenção ao Egresso e a família	48
3.2.8 PLC nº 115/2017 Empresários que contratarem ex presidiários terão descontos no IPVA e IPTU	49
CONSIDERAÇÕES FINAIS	51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	53
RESUMO
Este estudo apresenta os resultados de uma bibliográfica básica e exploratória, em que os procedimentos de coleta são documentais, por meio de fontes de informação bibliográfica, apresentando dados qualitativos. Foram realizadas consultas em doutrinas, leis, Jurisprudências, artigos de sites e revistas. A pesquisa tem como objetivo analisar a reinserção do ex presidiário no mercado de trabalho. Para tanto, foi realizado um estudo quanto a história do sistema penitenciário, desde a antiguidade, analisando os mecanismos da punibilidade; após será retratado, o sistema penitenciário em um todo, demonstrando medidas de grande relevância, projetos, políticas públicas, leis e projetos de leis que incentivam a contratação dos mesmos no mercado de trabalho. Os resultados obtidos revelam a preocupação na criação de projetos de lei, como o “Começar de Novo”, executados durante a copa do mundo de 2014, fomentando a contratação de vários ex detentos para trabalharem no evento e possibilitando a reversão do estigma social sob tais indivíduos, lhe assegurando a dignidade como pessoa. 
 
 
Palavras chave:1 Reinserção. 2 Presidiários. 3 Projeto de lei.
ABSTRACT
This study presents the results of an experimental basic and exploratory, in that collection procedures are documented, through sources of bibliographic information, presenting qualitative data. Consultations in doctrines, laws, case law, articles from websites and magazines. The research aims to analyze the reinsertion of ex-con in the labour market. To this end, we conducted a study about the history of the prison system, since antiquity, analyzing the mechanisms of criminality; After will be portrayed, the penitentiary system in a whole, demonstrating relevance measures, projects, public policy, laws and bills that encourage the hiring of the same in the labour market. The results obtained reveal the concern in creating bills, as the "start over", performed during the 2014 World Cup, encouraging the hiring of several former inmates to work in the event and allowing the reversal of social stigma under such individuals, assuring the dignity as a person. 
Keywords: 1 Reintegration. 2 Convicts. 3 Bill.
INTRODUÇÃO
A presente monografia abordará a reinserção do ex presidiário no mercado de trabalho, no qual, atualmente, é um dos graves problemas de nosso país, em que os índices de reincidência aumentam de forma alarmante. Seja ela pelo fato do ex detento que gostaria de um novo caminho, mas que se vê a mercê de um mercado de trabalho que não o vê com bons olhos, ou seja pela falta de ressocialização de detentos que só estão encarcerados sem nenhum tipo de aparato ou até mesmo e reeducação. 
Analisa- se assim sobre a luz da doutrina e da jurisprudência e da lei os principais aspectos, problemáticas da reinserção do ex presidiário no mercado de trabalho, no qual é de grande valia para a sociedade.
A análise sobre a reinserção, seja ela por meio de projetos sócias, projetos de lei, ressocializaçãoou até mesmo a privatização, nos mostra quão grande seria os aspectos positivos que esta reinserção traria para nosso país, taxas de crimes menores, por não haver reincidência com números tão alarmantes como os que é visto atualmente.
O objetivo geral da pesquisa foi centrada em demonstrar com medidas de grande relevância e projetos advém, da política pública, e de leis que possam salientar a reinserção do preso no mercado de trabalho. Por outro lado os objetivos específicos são analisar historicamente os mecanismos da punibilidade; Demonstrar com medidas de grande relevância, projetos, políticas públicas e leis que possa salientar a reinserção do ex – preso; Pensar que é possível o retorno ao convívio social, diante destes projetos.
Sobre as problemáticas abordadas no trabalho foram a seguinte: A falta de Políticas públicas e projetos de lei, contribuem para a reinserção do ex presidiário? Tanto quanto a má distribuição de renda e as altas taxas de delinquência? A ressocialização tem papel importante neste quadro?
Quanto a metodologia empregada adotada para a realização do presente estudo será a pesquisa bibliográfica básica e exploratória. Os procedimentos de coleta são documentais, por meio de fontes de informação bibliográfica, apresentando dados qualitativos. Foram realizadas consultas em Livros de Direito Penal, Lei de Execução Penal, Jurisprudências, sites, revistas entre outras fontes. 
A pesquisa bibliográfica é um dos tipos de pesquisa, quanto aos procedimentos técnicos, que costuma ser mais comum, assim como a pesquisa documental, que se difere da bibliográfica pelo fato de não possuir um tratamento analítico do seu conteúdo; a pesquisa experimental; o levantamento; o estudo de campo; e o estudo de caso.
Para tanto, introduz-se no Capítulo I, o histórico do sistema penitenciário, no qual aborda desde a Antiguidade a história das prisões desde o surgimento destas nos demonstrando como houve o surgimento das primeiras leis, como era o ato de punir, na antiguidade, em que a prisão, não tinha natureza de pena- castigo, mas de guarda ao réu, como forma de preservá-lo até os dias atuais.
No Capítulo II, elenca – se a respeito do sistema penitenciário brasileiro, que já iniciou-se com várias falhas, e que atualmente é noticiário todos os dias nas redes de comunicação, seja ela pela falta de verbas públicas, educação correta e não menos importante, a oportunidade. Dando ênfase também a privatização dos presídios, se seria viável a transferência ao setor privado, para o “desafogar” destas, havendo assim seu lado positivo e negativo.
O Capítulo III, que finaliza o trabalho, apresenta um estudo acerca dos projetos de lei que incentivam a contratação de ex – presidiários, aborda como está o sistema carcerário em nosso país e nos mostra como projetos como o Começar de Novo, na Copa do Mundo do Brasil no ano de 2014, empregando dezenas de ex detentos.
Além de projetos como este, há outros projetos que incentivam pessoas jurídicas a fazerem este tipo de contratação, em que impostos serão diminuídos, havendo assim um contrapeso, de benfeitoria para ambos os lados e consequentemente a nosso país.
A ressocialização é de extrema importância, no que se diz respeito a novas oportunidades, sejam elas de estudo ou de uma chance no mercado de trabalho, pois dados do Centro de Estudo Judiciário mostram que 90% dos ex detentos que retornam a sociedade, voltam a delinquir, acabam voltando a prisão e gerando assim outro problema a superlotação destas. Devendo assim haver um investimento em projetos de qualificação profissional, educação e psicológica aos detentos e as famílias.
1. HISTÓRICO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO MUNDO
1.1 A prisão na antiguidade
A prisão, inicialmente, não tinha natureza de pena-castigo, e sim possuía caráter de guardar o réu ou o condenado como forma de preservá-lo do julgamento ou da execução. Os cativeiros existiam desde 1700 a.C-1.280 a.C. para que os egípcios, pudessem manter sob custódia seus escravos. AQUINO, Rubim Santos Leão de et al. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. 32ª ed., Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995. Em que se refere a todo histórico do Sistema Penitenciário. 
Em seu artigo Sistema prisional mundial breve histórico, Márcio Carneiro de Mesquita expõe que or volta de 525 a.C., os lavradores eram requisitados para construir as obras públicas e cultivar as terras do faraó, proprietário de toda a terra do Egito e toda a riqueza, quem não conseguisse pagar os impostos ao faraó, se tornava escravo. Assim como no Egito, a Grécia, a Pérsia, a Babilônia, o ato de prisão tinha como finalidade conter, manter sob custódia e tortura os que cometiam faltas ou praticavam o que para a antiga civilização fosse considerado delito ou crime. As masmorras serviam para abrigar presos provisoriamente.
Nesta época era considerado como crime, por exemplo não conseguir pagar os impostos, ser desobediente, ser estrangeiro e prisioneiro de guerra, sendo que existia o encarceramento, mas não uma sanção penal, pois não existia um Código ou Regulamentação.
O mesmo menciona ainda que diante de estudos, esses locais serviam como prisões que eram desde calabouços, aposentos em ruínas ou insalubres de castelos, torres, conventos abandonados, enfim, toda a edificação que proporcionasse a condição de cativeiro, lugares que preservassem o acusado ou réu até o dia de seu julgamento ou execução.
1.2 Antiguidade – Idade Média
O Professor de Sociologia THEODORO DOMINGOS MARTINS GARCIA FILHO, em seu artigo “História das Prisões”, menciona que na idade média, além da pena-custódia, surgiu a pena eclesiástica pela Igreja Católica, que, com o intuito de punir seus monges dos pecados, fez uso da prisão, para os isolá-los em celas, para que os mesmos pensassem nos atos cometidos e configurados como “pecado”.
Theodoro afirma que não havia necessidade da existência de um local específico, ainda não havia um modelo de penitenciária. Assim, visto apenas como local de custódia para manter aqueles que seriam submetidos a castigos corporais e à pena de morte, garantindo, dessa forma, o cumprimento das punições. Eram considerados crimes nesta época, blasfêmia, inadimplência, heregias, traição, vadiagem, desobediência.
As penas eram vistas como desumanas e criavam até ânsia por meio da crueldade que as penas eram lançadas, estes eram submetidos à amputação dos braços, degola, a forca, incêndio, a roda e a guilhotina, proporcionando o espetáculo e a dor, como por exemplo, a que o condenado era arrastado, seu ventre aberto, as entranhas arrancadas às pressas para que tivesse tempo de vê-las sendo lançadas ao fogo. Eram essas penas que constituíam o espetáculo favorito das multidões deste período histórico, em alguns casos também se usava como pena tornar o réu em escravo.
Há relatos de que a primeira prisão teve origem na igreja sendo considerada como forma de castigo, os trabalhos eram em forma de encarceramento, trabalhos forçados em locais ao ar livre. A detenção, a reclusão, os encarceramentos correcionais não passaram de certo modo, de nomenclatura diversa de um único e mesmo castigo, extraído de Ad Tenebras – Mistérios Antigos. Occult Portal Medieval and Mythologic Area.
O Hospício de San Michel, em Roma, foi a primeira Instituição Penal, a qual era destinada primeiramente a encarcerar "meninos incorrigíveis", era denominada de Casa de Correção. A primeira prisão destinada ao recolhimento de criminosos, a House of Correction, construída em Londres entre 1550 e 1552, difundindo-se de modo marcante no Século XVIII.
1.3 A prisão na Modernidade
Segundo Rubim Santos: 
É no fim do século XVIII que começam a surgir na Inglaterra os primeiros projetos do que se tornariam as penitenciárias conhecidas atualmente. Primeiramente com o inglês John Howard que, em 1777, publica o livro The State of Prisons in England and Wales, considerado como pai da ciência da penitenciária, onde faz uma dura crítica à realidade prisional da Inglaterra e propõe uma série de mudanças para melhorara condição dos presos. (RUBIM SANTOS. 1995. P 34)
Em relação a punição proporcional BENTHAM (1973. P. 65), defendia a punição proporcional afirmando que: “a disciplina dentro dos presídios deve ser severa, a alimentação grosseira e a vestimenta humilhante”, servindo para mudar o ato do deliquente. Em 1787, escreveu “Panóptico”, onde descrevia uma penitenciária modelo – com uma estrutura circular, uma torre no centro e as celas nas bordas – onde apenas um homem vigiaria todos os prisioneiros ao mesmo tempo, sem que estes o vissem.
Nas palavras de Foucalt (2011:1994), o panóptico era uma metáfora, sendo que esse sistema dispensa as grades, correntes ou barras para a dominação, é um termo utilizado para designar uma penitenciária ideal, concebida pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham em 1785 que permite a um único vigilante observar todos os prisioneiros, sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. O medo e o receio de não saberem se estão a ser observados leva-os a adotar a comportamento desejado pelo vigilante.
A visibilidade permanente é uma forma de poder. Além das prisões, todas as estruturas hierárquicas como escolas, hospitais, fábricas e os quartéis seguiram esse padrão de organização.
Figura 1: Arquitetura do Panóptico de J. Bethan, por Willey Riveley, 1791. Crédito Wikipédia.
A visibilidade permanente é uma forma de poder. Além das prisões, todas as estruturas hierárquicas como escolas, hospitais, fábricas e os quartéis seguiram esse padrão de organização.
1.4 Estados Unidos
Segundo Bruno Morais e Werner Enbruch (2016. P. 16), na Filadélfia, em meados do final do século XVIII, e início do século XIX, surgem os primeiros presídios que seguiam o sistema celular, ou sistema da Filadélfia, em que o preso ficava isolado em sua cela, em reclusão total, sem contato com o mundo externo e não tinha nenhuma proximidade com outros presos.
Por outro lado, em Nova Iorque surge o Sistema Auburn ou Sistema de Nova Iorque, que adotava a reclusão e o isolamento apenas no período noturno. Durante o dia, as refeições e o trabalho eram coletivos, mas impunha a regra de silêncio, os presos não podiam se comunicar ou mesmo trocar olhares.
Na revista Liberdades (2012, nº11), a progressão de pena surgiu em Norfolk, na Inglaterra no qual o preso passava por estágios, começando com a reclusão total, depois somente no período noturno, até entrar no terceiro estágio, um regime semelhante ao da liberdade condicional e, finalmente, a liberdade.
Esse sistema foi adotado e aperfeiçoado em outros lugares. Na Irlanda, por exemplo, havia uma quarta fase antes da liberdade condicional, na qual o preso trabalhava num ambiente aberto sem as restrições que um regime fechado compreende. No sistema de Montesinos, na Espanha, o preso poderia ter um trabalho remunerado para ajudar a regenerar o indivíduo. A Suíça criou um novo tipo de estabelecimento penitenciário em que os presos ficavam na zona rural, trabalhavam ao ar livre, eram remunerados e a vigilância era menor.
1.5 Idade Moderna
A privação da liberdade, como pena, no Direito leigo, iniciou-se na Holanda, a partir do século XVI, quando em 1595 foi construído Rasphuis de Amsterdã.
A jornalista Elizabeth Misciasci nos revela que aproximadamente entre os séculos XVI e XVII, (Idade Moderna) a Europa foi atingida pela pobreza, em que surge o Sistema Feudal, sócio – econômico, em que todas as formas de riqueza fossem reduzidas as formas mais simples, e o trabalho humano medido pelo tempo. Com o surgimento do capitalismo, em que havia a prisão preventiva e a prisão por dívidas.
Tempo este que contribui para a criminalidade e o aumento dela, entre estes os distúrbios religiosos, as guerras, as expedições militares, as devastações de países, a extensão dos núcleos urbanos, a crise das formas feudais e da economia agrícola, etc. Assim iniciou a construção de presídios. Até as prostitutas eram consideradas “criminosas natas”, nesta época.
Diante da crise socioeconômica que abalou e que ocasionou o grande número de pessoas extremamente pobres, em que as ruas ficaram à mercê da mendicância ou à prática de atos delituosos para sobreviverem, foi assim que iniciou um movimento de grande transcendência no desenvolvimento das penas privativas de liberdade, na construção de prisões organizadas para a correção dos apenados.
2. O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
2.1 Introdução
O sistema penitenciário brasileiro se torna notícia constante de conflito social, que pode ser explicado pela falência de uma metodologia penitenciária superada. Atualmente chegou – se á um ponto em que o sistema prisional deve passar por uma revisão, em que novos meios alternativos devem ser pensados para que possa sanar tais problemas que fazem parte do nosso cotidiano.
 A gravidade atual deste tema deve-se ao fato um momento carente de reflexões acerca da forma como é feita a execução penal no Brasil, tal carência se traduz na reprodução de velhos procedimentos e práticas de gestão prisional que já nasceram antiquadas e mesmo assim continuam sendo colocadas em prática, um problema não só do Estado, mas da sociedade.
Há uma grande revolta por parte dos cidadãos no que se diz respeito aos gastos com o Sistema Penitenciário, ou, ex – detentos, no que se é observado no Sistema Prisional “falido”, em que presos estão encarcerados de forma sub-humana, surgindo assim privatização dos presídios, tão-somente para chamar a participação da sociedade, da iniciativa privada, que viria a colaborar com o Estado nessa importante e arriscada função de gerir nossas prisões, para promover as mudanças necessárias. 
Para que seja alcançada a ressocialização, é necessário que haja um sistema penitenciário exemplar e que vise, principalmente o cumprimento desta meta. Todavia, para sair dessa crise que passa o nosso sistema penitenciário é imprescindível a privatização dos presídios? Ou também faça necessário a implantação de políticas públicas, que é a parte principal da solução dessa crise, mas não é a única, conforme será demonstrado nesse estudo.
2.2 Breves relatos históricos do Sistema Prisional Brasileiro 
Segundo Theodoro Domingos (2013, p. 11), no Brasil, a primeira cadeia construída na província de São Paulo, entre os anos 1784 a 1788, destinava a recolher criminosos, inclusive escravos, para aguardar a execução de suas penas. Diante do reflexo das ideias iluministas, que foram adotadas na Constituição Imperial, surgiu o Código criminal de 1830 que estabeleceu a prisão simples e a prisão com trabalho como pena.
DOMINGOS, afirma que o direito penal até o século XVIII não somente no Brasil, mas em outras partes do mundo, era marcado por penas cruéis e desumanas, não era visto como forma de pena, mas sim como custódia, isto é, uma forma de garantir que o acusado não iria fugir e também um meio para a produção de provas, frequentemente usando métodos de tortura, considerada legítima. O acusado aguardava o julgamento e a pena subsequente, privado de sua liberdade, em cárcere. O encarceramento era um meio, não o fim da punição.
Apenas no século XVIII, no Brasil que a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de punições do direito penal, havendo assim o banimento das penas cruéis e desumanas, a pena de prisão passa a exercer um papel de punição de fato. Segundo o filósofo e historiador francês Michel Foucault (2012, p.31) em seu Livro: ‘Vigiar e Punir’ a mudança nas formas de punição acompanha transformações políticas do século XVIII, isto é, a queda do antigo regime e a ascensão da burguesia. 
A punição, segundo o referido autor era tratada como um espetáculo público, e era visto como um incentivo à violência, sendo adotada assim a punição fechada, que segue regras rígidas. Portanto, ao invés de punir o corpo do condenado, pune-se a sua “alma”.
Até 1830, o Brasil, por ser ainda uma colônia portuguesa, não tinha um Código Penal próprio, submetendo-se às Ordenações Filipinas, que, em seu livro V, elencava crimes e penas que seriam aplicadas no Brasil. Pena de morte, DEGREDO PARA ASGALÉS (Antiga sanção criminal em que os condenados cumpriam a pena de trabalhos forçados como remadores nas galés. 
Os galeotes (remadores das galés) – no conjunto denominados chusma – eram homens principalmente de três tipos: voluntários que trabalhavam a troco de um soldo; escravos, sobretudo mouros; e condenados cuja pena era comutada pelo trabalho nas galés. Os ciganos foram um grupo muito visado nestas condenações. 
Os condenados e escravos eram preferidos para trabalho nas galés por não terem salário havendo também penas corporais (como açoite, mutilação, queimaduras), confisco de bens e multa e ainda penas como humilhação pública do réu eram exemplos de penas aplicadas na colônia. Não existia a previsão do cerceamento e privação de liberdade posto que as ordenações são do século XVII e os movimentos reformistas penitenciários começam somente no fim do século seguinte. Nesta época, portanto, as prisões eram apenas local de custódia. (FOULCALT, 2012, p. 32)
A Constituição de 1824 começou a reformar o sistema punitivo, sendo banida as penas de açoite, tortura e outras penas cruéis; determinou-se que as cadeias devem ser seguras, limpas e bem arejadas havendo diversas casas para a separação dos réus, conforme a circunstâncias, e natureza dos seus crimes. A abolição das penas cruéis não foi plena, já que os escravos ainda estavam sujeitos a elas.
Com o Código Criminal do Império em 1830, a pena de prisão é introduzida no Brasil em duas formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que podia ser perpétua). O Código não estabelece nenhum sistema penitenciário específico, ficando a cargo dos governos provinciais escolher o tipo de prisão e seus regulamentos.
Em 1828, a Lei Imperial determinou que uma comissão visitasse prisões civis, militares e eclesiásticas para informar do seu estado e melhoramentos necessários. Um ato de extrema importância e que visualizou a realidade lastimável desses estabelecimentos que viam a mercê do descaso por meio dos delegados a esta função. O primeiro relatório da cidade de São Paulo, datado em abril de 1829, já tratava de problemas que ainda hoje existem, como falta de espaço para os presos e a convivência entre condenados e aqueles que ainda aguardavam julgamento, tais informações retiradas de um relatório feito no Jornal de São Paulo, naquela mesma época. 
Em 1833, o governo determinou a construção da Casa de Correção do Rio de Janeiro e, somente em 1850, embora inacabada, a prisão foi inaugurada. Já em 1852, foi inaugurada, apesar de não concluída, a Casa de Correção em São Paulo. 
A Constituição de 1824, em seu Art. 79, Parágrafo 21, dispunha que “as cadeias serão seguras, limpas e bem arejadas, havendo diversas casas para separação dos réus, conforme as circunstâncias e a natureza dos seus crimes”. A referida cadeia de São Paulo não seguia essa regra da Constituição pois passava por estas condições subumanas: falta de limpeza, escuridão, mistura dos presos condenados com doentes mentais ou pessoas recolhidas pela polícia, péssima alimentação, doença, arbitrariedade dos carcereiros, falta de segurança na prisão, no mesmo contexto, eram as cadeias do Rio de Janeiro.
A precariedade nas prisões não existia somente no Brasil, afirma Rubim, embora na Inglaterra, eles acreditassem que para a privação da liberdade, fosse necessário passar por sofrimento e ser tratados de forma desumana, doença ou qualquer tipo de miséria, em que se defendia a ideia de um estabelecimento com as mínimas condições e necessidades para o preso.
 César Barros Leal (1998 p. 11), desde 1830, já o número de delinquentes era maior do que a quantidade de estabelecimentos para o cumprimento das penas previstas no Código. A realidade no novo Código de 1890 é a mesma, enquanto a maioria dos crimes previa pena de prisão celular (que envolvia trabalhos dentro do presídio) não existiam estabelecimentos desse tipo para o cumprimento e havia um déficit de vagas enorme. Novamente o legislador se vê obrigado a criar alternativas para o cumprimento dessas penas.
O Código Penal, em meados de 1890, trazendo consigo o limite de 30 anos as penas, aboliu as penas de morte, penas perpétuas, açoite e as galés e previa quatro tipos de prisões: célula; reclusão em fortalezas, praças de guerra ou estabelecimentos militares, destinada aos crimes políticos; prisão com trabalho que era cumprida em penitenciárias agrícolas, para esse fim destinadas, ou em presídios militares; e disciplinar, cumprida em estabelecimentos especiais para menores de 21 anos.
Em artigo originalmente publicado na revista Liberdades, em setembro/dezembro de 2012. No ano de 1906, por exemplo, foram condenados 976 presos no estado de São Paulo à prisão celular, mas existiam apenas 160 vagas, portanto 816 presos (90,3%) cumpriam pena em condições diversas àquela prevista no Código Penal vigente. O problema da falta de vagas nas prisões criava outro grave problema, a deterioração do ambiente dos presídios.
O problema do sistema penitenciário no estado de São Paulo já era aparente desde essa época, iniciando um movimento de modernização, não somente dos estabelecimentos, mas também das leis e a criação de várias instituições que comporiam uma rede de prevenção e repressão ao crime e de tratamento ao criminoso.
Segundo a mesma revista (Liberdades, 2012), em substituição da antiga penitenciária, é aprovada uma lei em 1905. O novo estabelecimento teria 1.200 vagas, oficinas de trabalho, tamanho de celas adequado, com boa ventilação e iluminação. O prédio foi entregue em 1920, mesmo ser estar completamente concluído.
Segundo DI SANTIS E ENGBRUCH (2016, p. 09), a Penitenciária do Estado, conhecida pelo nome do bairro onde se localizava: Carandiru, era considerada uma prisão modelo para toda a nação por servir de modelo de disciplinamento do preso como trabalhador, ajustando-se assim ao momento de avanço da industrialização e urbanização pelo qual passava o Brasil e, em particular, a cidade de São Paulo.  No entanto, a despeito de ser considerada um modelo, a Penitenciária do Estado sofria de certos males que sempre estiveram presentes em presídios, como a violência e a arbitrariedade dos funcionários e responsáveis, principalmente no caso de punições, já que a penitenciária seguia um regime rigoroso de disciplina.
Figura 02, Penitenciária Estadual de São Paulo – Carandiru. Reprodução Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Imagem retirada Wikipédia.
A mesma adotava o regime progressivo de reclusão, que consistia em quatro estágios: (i) reclusão absoluta, diurna e noturna; (ii) isolamento noturno, com trabalho coletivo durante o dia, mas em silêncio; (iii) cumprimento em penitenciária agrícola, com trabalho extramuros; e (iv) concessão de liberdade condicional ao sentenciado.
Observando pela ótica (a elite paulista, em especial) de que o preso estava trabalhando, produzindo, estando fora do estado ocioso para pensar no cometimento de novos crimes ou algo do gênero. Além de estar produzindo e em grande escala, e logo com uma grande produção de bens. Além de auxiliar a economia paulista, tinha-se a ideia de auto sustentabilidade econômica (instituições dessa natureza custam muito ao erário público).
No âmbito pedagógico entendia-se que auxiliava a própria disciplina do preso com seus pares e com a própria administração e, em um plano futuro, com a sociedade. Outra característica positiva era, ainda na organização laboral, o cultivo de alimentos naturais em uma horta e que servia o presídio em quase sua totalidade.
Logo, houve a desconstrução do mito que foi aclamada o Carandiru, as informações que chegavam à sociedade nem sempre eram a verdade e sim “verdades” afáveis, utópicas. Um exemplo disso é que as condições de encarceramento mudaram, mas não de imediato, ou seja, havia resquícios de prisões de ilegais. As punições internas por atos de “rebeldia individual” são outro ponto de crítica. Há relatos na obra de Fernando Salla mostrando medidas de confinamento (popularmente conhecidas como “solitária”) sem justificativa plausível. Essas puniçõesseveras constrangiam ainda mais o âmago de liberdade do preso e sua dignidade.
Além da privação de alimentos, submissão à degradação da pessoa mediante o enclausuramento por tempo indeterminado ou, a mais branda de todas, perda de vantagens regulamentares, em que os presidiários se viam a mercê de doenças e sem o mínimo de dignidade para a sobrevivência dentro do presídio.
Um breve levantamento estatístico, a revista pré.univesp, DI SANTIS E ENGBRUCH (2016, p. 11) mostrou que 12% dos presos (em uma escala de 2 mil indivíduos) faleceram por tuberculose. Esta doença respiratória tem seus efeitos agravados em um local onde muitos compartilham os mesmos espaços. A responsabilidade do Estado perante está triste realidade está na ausência de um local próprio para o tratamento. Além disso, ao submeter presos doentes a regimes disciplinares – como punições em celas fechadas a pão e água e por tempo indeterminado – a administração do presídio como que acendia o estopim para sua morte.
2.2.1 Categorias do Sistema Carcerário no Brasil
2.2.1.1 Cadeias Públicas: destinam-se ao recolhimento de presos provisórios. a Lei de Execução Penal também prevê um unidades específicas para presos em regime provisório (aqueles que ainda aguardam sentença). É a cadeia pública. A lei determina que exista uma cadeia pública por comarca, e que fiquem próximas a centros urbanos, a fim de que os presos provisórios não fiquem muito distantes de seu meio social e familiar. As prisões para recolhimento de presos provisórios são as mais comuns do nosso sistema prisional: 725, ou 51% do total, de acordo com o Depen.
Tal estabelecimento será instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção as exigências previstas na Lei n.º 7.210/84, em seu artigo 88 e seu parágrafo único.
São requisitos básicos da unidade celular:
a)Salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado a existência humana;
b)Área mínima de 6,00 m2 (seis metros quadrados).
FEU, Rosa (1994, p. 255) aduz que a cadeia pública se destina, também, ao cumprimento da prisão simples, visto que a prisão simples será cumprida sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto, com afastamento dos condenados à pena de reclusão ou de detenção.
Vejamos a crítica de Sidio Rosa de Mesquita Júnior (1999, p. 177): “Ocorre que o pior estabelecimento penitenciário existente, na prática, é a Cadeia Pública, a qual está sempre superlotada, não dispondo dos recursos materiais mínimos, bem como de instrumentos para as outras assistências previstas na LEP. Assim, a previsão legal reverte-se em prejuízo para o condenado, pois não existe pior estabelecimento para cumprimento da pena que a cadeia pública. ”
Vale lembrar que presos provisórios são aqueles recolhidos a estabelecimento prisional em razão de prisão em flagrante, prisão preventiva, prisão resultante de pronúncia, prisão decorrente de sentença penal condenatória recorrível ou prisão temporária.
Na ótica de MIRABETE (2000, p. 263): 
“A separação instituída com a destinação à Cadeia Pública é necessária, pois a finalidade da prisão provisória é apenas a custódia daquele a quem se imputa a prática do crime a fim de que fique à disposição da autoridade judicial durante o inquérito ou a ação penal e não para o cumprimento da pena, que não foi imposta ou que não é definitiva. Como a execução penal somente pode ser iniciada após o trânsito em julgado da sentença, a prisão provisória não deve ter outras limitações se não as determinadas pela necessidade da custódia e pela segurança e ordem dos estabelecimentos. ”
Embora a literalidade da lei seja clara, sabe – se que as cadeias públicas estão repletas de condenados definitivos, com superlotação, gerando grave situação de risco. “Entretanto, o recolhimento de condenado em tais estabelecimentos, conforme se tem entendido majoritariamente, constitui motivo de força maior, gerado pelo congestionamento do sistema, de modo que o circunstancial desvio da destinação do estabelecimento dessa espécie não substantifica coação ilegal”. (MARCÃO, 2007, p. 102).
2.2.1.2 Penitenciárias são os locais onde se abrigam os condenados ao regime fechado. A LEP determina que os detentos das penitenciárias tenham cela individual, com dormitório e banheiro. As celas devem ser salubres e ter área mínima de seis metros quadrados. A penitenciária deve ficar localizada longe de áreas urbanas – mas, ao mesmo tempo, em um lugar que possibilite as visitas aos presos.
O artigo 87 da LEP, dispõe que a União e estados podem construir penitenciárias para presos, tanto provisórios quanto condenados em regime fechado, que estiverem sujeitos ao chamado regime disciplinar diferenciado. Esse é o mais rígido regime presente na nossa legislação e é aplicado a indivíduos de alto risco, que cometeram crime doloso (intencional) ou que sejam suspeitos de participar de quadrilhas ou outras organizações criminosas. Hoje, existem quatro penitenciárias federais de segurança máxima, que abrigam presos de alta periculosidade ou que correm alto risco, como líderes do crime organizado. Elas ficam localizadas em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN).
As penitenciárias de segurança máxima especial são estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas presas com condenação em regime fechado, dotados exclusivamente de celas individuais. O padrão de segurança máxima segue o que foi criado em presídios americanos conhecidos como Supermax, cuja regra principal é manter os presos isolados em celas individuais e à prova de fugas. Mas há uma diferença fundamental entre os Supermax americanos e os nossos: lá eles servem para cumprimento de pena, enquanto aqui o preso só pode passar uma temporada (no máximo, dois anos) nessas instituições. 
Por outro lado, as penitenciárias de segurança média ou máxima consiste em estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas presas com condenação em regime fechado, dotados de celas individuais e coletivas.
Noutra sendo, as colônias agrícolas, industriais ou similares destinam-se ao cumprimento da pena em regime semiaberto. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, observados os critérios de salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana. 
Com relação ao regime de cumprimento de penas nas colônias devem iniciar obrigatoriamente em regime semiaberto os condenados à pena de detenção e reclusão superior a 4 anos, desde que não exceda a 8 anos. Se as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal não forem favoráveis ao condenado, ele deverá iniciar o cumprimento da pena em regime semiaberto, mesmo que cominada pena igual ou inferior a 4 anos.
Nessa colônia deverá existir uma relativa liberdade para os presos, sendo a vigilância moderada, com os muros mais baixos. Leva-se em conta a responsabilidade do condenado em face do cumprimento da pena. “O Brasil não dispõe de muitas colônias agrícolas e industriais razoáveis, as quais se destinam ao cumprimento da pena privativa de liberdade no regime semiaberto. A maioria das colônias agrícolas são verdadeiras adaptações que não podem atender a um grande número de condenados” (MESQUITA JR., 1999, p. 175).
Serão recolhidos em estabelecimentos destinados ao cumprimento de pena na modalidade semiaberta os condenados oriundos, por progressão, do regime fechado, cumprindo assim uma função de transição, daí a denominação de regime intermediário, bem como aqueles a quem se impôs, desde o início, o cumprimento da pena privativa de liberdade na modalidade semiaberta, em atenção às disposições dos arts. 33 e 59 do Código Penal (MARCÃO, 2007, p. 96).
Em outra vertente, a atividade profissional rural para os condenados oriundos dos centros urbanos não apresenta nenhum benefício prático, visto que eles retornaram para locais em que não poderão exercitar a atividade laboral desenvolvida. “Aliás, na Holanda,a experiência tem demonstrado que ensinar uma atividade profissional ao condenado, frequentemente, é uma perda de tempo. Entretanto, não podemos nos olvidar que os holandeses estão certos em propiciar chances para que os condenados possam obter novos empregos e se manterem neles”. (MESQUITA JR., 1999, p. 175).
Em concorrência com a lei têm-se as casas do albergado que se destinam ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. A segurança, nesse caso, resume-se à responsabilidade do condenado, que deverá desempenhar seus afazeres durante o dia e a ela se recolher á noite e nos dias de folga.
Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados.
A casa de albergado tem uma estrutura simples e de baixo custo, visto que a mesma se caracteriza pela existência de grandes alojamentos, onde os condenados só se recolhem nos períodos de folga. Assim, não exigindo uma estrutura de segurança máxima, sua construção é muito mais barata, mas, curiosamente, são poucas as casas de albergado construídas no País (MESQUITA JR., 1999, p. 176).
Contudo, como já se sabe, a quase absoluta ausência de estabelecimentos penais do gênero tem impossibilitado, por inteiro, o cumprimento de tais penas conforme o desejo da Lei de Execução Penal, já que passam a ser cumpridas, ambas (privativa de liberdade no regime aberto e limitação de fim de semana), em regime domiciliar, ao arrepio da lei, porém, no mais das vezes, sem alternativa para os juízes e promotores que operam com a execução penal 
Segundo MARCÃO (2007, p. 99). É preciso considerar, entretanto, que a pena em regime aberto, ou a de limitação de fim de semana, podem ser cumpridas em ala distinta de prédio destinado ao cumprimento de pena em regime fechado ou semiaberto, desde que não seja possível e/ou permitido o contato entre os presos desses regimes e aqueles submetidos à modalidade aberto ou à limitação de fim de semana 
Os centros de observação criminológica destinam-se a realização de exames gerais e criminológicos, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação, ou seja, tem por objetivo a análise dos aspectos de saúde física, psicológica, psiquiátrica, realização de exame criminológico para a determinação do tratamento individualizado, tendo como base levantamentos dos aspectos sociais, econômicos e suas vocações profissionais, além da situação jurídica do detento. 
Uma das maiores preocupações durante a execução da pena reside no fato de que o convívio em comum das pessoas de periculosidades distintas poderá gerar efeitos contrários aos desejados na execução penal. MESQUITA JR (1999, p. 179) “Assim, durante a execução da pena, deverá ser buscado um plano para o tratamento do condenado que atenda a suas necessidades, capacidades e inclinações pessoais”. 
No Brasil, o Centro de Observação, em sintonia com o Departamento Penitenciário local ou similar, é o órgão destinado a proceder à classificação dos condenados que inicial o cumprimento da pena em regime fechado, mediante a realização de exames e testes de personalidade, como o criminológico, visando à individualização na execução da pena, devendo encaminhar os resultados à Comissão Técnica de Classificação, a qual formulará o programa individualizador (CAPEZ, 2011, p. 62).
No Centro de Observação, realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação. No Centro poderão ser realizadas pesquisas criminológicas. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.
A ausência de centros de observação tem levado à ausência dos exames indicados no texto legal e consequentemente a decisões no sentido de serem dispensados os exames que poderiam ser realizados por referido órgão. Logo, seria conveniente a criação de centros de observação nos moldes dos modelos italiano e espanhol, onde o condenado permanecesse, no início da pena, por um período de aproximadamente seis semanas para uma adequada classificação (MESQUITA JR., 1999, p. 179).
2.2.1.3 Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico: destinam-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal, onde serão realizados os exames psiquiátricos e os demais exames necessários ao tratamento para todos os internados. A medida de segurança não é pena, mas não deixa de ser uma espécie de sanção penal. Ela será cumprida, preferencialmente, em hospital psiquiátrico. “No entanto, são raros os hospitais psiquiátricos existentes” (MESQUITA JR., 1999, p. 178). Por isso, o tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, segunda parte, do Código Penal, também será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada.
O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.Tal estabelecimento deverá obedecer aos requisitos básicos de salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana.
Conforme estabelecido na Exposição de Motivos, esse hospital-presídio, de caráter oficial, não exige cela individual, uma vez que se submete aos padrões de uma unidade hospitalar, atendendo às necessidades da moderna medicina psiquiátrica (CAPEZ, 2011, p. 62).
Em crítica sobre tais estabelecimentos, MARCÃO (2007, p. 101) adverte: “O que se vê na prática são executados reconhecidos por decisão judicial como inimputáveis, que permanecem indefinidamente no regime fechado, confinados em cadeias públicas e penitenciárias, aguardando vaga para a transferência em hospital. De tal sorte, desvirtua-se por inteiro a finalidade da medida de segurança. Ademais, mesmo nos casos em que se consegue vaga para internação, a finalidade da medida também não é alcançada, já que reconhecidamente tais hospitais não passam de depósitos de vidas humanas banidas da sanidade e de esperança, porquanto desestruturados para o tratamento determinado pela lei e reclamado pelo paciente, desprovidos que são de recursos pessoais e materiais apropriados à finalidade a que se destinam.”
2.2.1.4 Delegacia ou Distrito Policial, uma unidade policial fixa para o atendimento ao público, base e administração de operações policiais, investigações criminais e detenção temporária.
2.2.1.5 Cadeiões: unidades de segurança máxima onde os internos passam o dia inteiro preso, destinado aos jovens infratores.
Estes estabelecimentos servem para que cada preso seja identificado por características e encaminhado para o local adequado. No entanto, na prática, essas categorias não funcionam à risca, uma vez que muitos dos presos são deslocados de um estabelecimento para outro.
O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) consiste em uma medida dura, que prevê o recolhimento do criminoso quanto às seguintes condenações: crime doloso a vida, conduta que ocasione subversão da ordem ou disciplina interna, quando o criminoso apresenta alto risco para a ordem pública e segurança do presídio ou da sociedade e quando recaia sobre o preso comprovado envolvimento ou participação em organizações criminais.
2.3 Características do Sistema Prisional Brasileiro
No Brasil, o significado ideológicodo sistema prisional muitas vezes é utilizado como instrumento de exclusão ao definir condutas que objetivam conter as classes sociais inferiores, ou seja, tenta –se resolver o problema da insegurança pública encarcerando indivíduos das classes subalternas, os mais pobres, os desprovidos das políticas públicas e injustiçados pelo sistema econômico e social.
O sistema prisional brasileiro se consubstancia na estruturação de exclusão social, em que o modelo prisional adotado modernamente é subproduto de políticas publicassem as devidas observâncias dos conceitos fundamentais de convívio em sociedade, ocasionando manutenção de prisões precárias e fragilizadas, sem condições de permanência de presos com as devidas garantias constitucionais protegidas.
2.3.1 Problemas enfrentados na Gestão
Fatores que contribuíram para essa crise penitenciaria, são inúmeros (seja ela o desvio de verbas públicas, de educação correta, oportunidades), em que vem á tona, em geral, sem situações de crises agudas, ou seja, quando há alguma rebelião. Exemplo recentemente quatro episódios que aconteceram em 2017 denotam a crise nos presídios brasileiros. Segundo o Site Conjur, no dia 1º de janeiro, pelo menos 60 presos que cumpriam em Manaus (AM) foram mortos durante a rebelião que durou 17 horas. Na mesma semana, houve um tumulto em uma penitenciária em Roraima, onde 33 presos foram mortos. No dia 14, Rio Grande do Norte, pelo menos 26 presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, e o ultimo no dia 01 de janeiro deste mesmo ano, em que além de vários foragidos, 09 mortos e 14 feridos, seguidas de mais duas rebeliões.
O orçamento destinado ao sistema penitenciário quase nunca é suficiente para suprir suas necessidades básicas. Os direitos mais comezinhos, a exemplo, da possibilidade de se alimentar dignamente, de tomar banho, utilizar energia elétrica, enfim, situações que, de modo algum, importariam em regalias ao preso, são desprezadas, fazendo com que o sistema carcerário mais se pareça com as masmorras do período medieval. Há, portanto, falta de interesse do Estado em cumprir, inclusive, com aquilo que muitas vezes, vem determinado em sua própria legislação, bem como nos tratados e convenções internacionais.
O responsável pela formulação da política carcerária em nosso país é o Ministério da Justiça, que por meio do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, é o gestor da política carcerária. Este colegiado é o órgão superior de um sistema integrado pelo Departamento Penitenciário Nacional, apoiado pelo Fundo Penitenciário e, nos estados, pelos respectivos conselhos e órgãos executivos. Ocorre que o nosso cotidiano é composto por leis que não são cumpridas e políticas públicas descoladas das leis. Essa distância entre o que está estabelecido na legislação e o que os presos vivenciam é tão presente quanto dramática em nosso país.
Fica evidente a competência do Estado em zelar por todo o processo punitivo do detento. Competência, esta, revestida de caráter de dever. É evidente que na atual situação do sistema prisional, este papel do Estado não vem sendo desempenhado com sucesso, muitas vezes por falta de interesse político, tendo em vista que construir presídios e melhorar as condições dos presos não dá voto.
Essa falta de assistência ao preso e ao egresso é mais um motivo a ser inserido no vasto rol de problemas a serem superados no sistema prisional brasileiro, além da falta de fiscalização. Essa é também uma das principais causas da lamentável crise instalada em nosso sistema prisional, ou seja, o controle ineficiente por parte daqueles que deveriam fiscalizar o sistema penitenciário.
2.4 A falência do Sistema Penitenciário Brasileiro
É nítido a falência das prisões e penitenciárias brasileiras que são consideradas como verdadeiros depósitos humanos, onde homens e mulheres são deixados aos montes sem o mínimo de dignidade como seres humanos que são. O excesso de lotação dos presídios, penitenciarias e até mesmo distritos policiais também contribuem para agravar a questão do sistema penitenciário.
As drogas e as armas são outros fatores determinantes no problema do sistema penitenciários brasileiro. É visto e ouvido nos noticiários, o grande número de armas e a grande quantidade de drogas que são apreendidos diariamente nos presídios. Impera dentro das prisões a lei do mais forte, ou seja, quem tem força ou poder subordina os mais fracos. As gangues estão controlando o crime de dentro dos presídios através de aparelhos telefônicos, de mensagens levadas pelos próprios parentes e ou visitas dos presos.
O isolamento de um criminoso por anos, em que não é visado que continua em contato com o mundo exterior. Segundo o Jornal O Globo, existem presídios onde há apenas um agente penitenciário para tomar conta de cerca de 100 a 200 detentos, profissionais esses mal remunerados, acabam encontrando na corrupção de favorecimento a certos detentos, um rendimento que chega  a ser superior a seus proventos.
Em 10 de dezembro de 1948, foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em cujo preâmbulo está escrito que devemos todos, indivíduos e comunidades, nos empenhar para que os direitos nela inscritos se tornem uma realidade, mediante a adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional. A Declaração dos Direitos Humanos, a Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984, Lei de Execuções Penais.
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Um indivíduo que cometeu um crime deve ser julgado segundo o devido processo legal e, se condenado, sujeito a um sistema que objetive sua ressocialização. Quem conhece a realidade das prisões brasileiras há de concluir que o que está acontecendo se deve a má condições de presídios, falta de ressocialização e projetos de lei.
Monstesquieu (1755, p. 33) “Toda pena, que não derive da absoluta necessidade, é tirânica”. A pena deve ser usada, não só para intimidar o cidadão, mas também para recuperar o delinquente. As penas nos moldes que estão sendo aplicadas, no atual sistema prisional brasileiro, longe estão de ser ressocializadora. Buscando a satisfação da sociedade e a busca de reintegra-lo na sociedade. 
Não é privando os direitos dos presos que se atingirão os objetivos previstos nas sanções aplicadas aos mesmos, os seus direitos como os deveres estão claros, como nos mostra o Decreto - Lei  2.848, de 7 de dezembro de 1940. Art.38. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Com o advento da Lei nº 9.714/98 que trata das penas alternativas, criou-se uma maior abrangência para a aplicação das penas alternativas. 
“O sucesso da inovação dependerá, e muito do apoio que a comunidade der às autoridades judiciais, possibilitando a oportunidade para o trabalho do sentenciado, o que já demonstra as dificuldades do sistema adotado diante da reserva com que o condenado é encarado no meio social. Trata-se, porém, de medida de grande alcance e, aplicada com critério, poderá produzir efeitos salutares, despertando a sensibilidade popular”. (BRASIL, 1998)
Os crimes sujeitos às penas alternativas são: pequenos furtos, apropriação indébita, estelionato, acidente de trânsito, desacato à autoridade, uso de drogas, lesões corporais leves e outras infrações de menor gravidade.
Com o advento da nova lei, as penas alternativas são: 
· Prestação pecuniária;
· Perda de bens e valores pertencentes ao condenado em favor do Fundo Penitenciário Nacional;
· Prestação de serviço à comunidade ou a entidade pública;
· Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
· Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação oficial, de licença ou autorização do Poder Público;
· Suspensão de autorização ou habilitaçãopara dirigir veículos;
· Proibição de frequentar determinados lugares;
· Limitação de fim de semana ou “prisão descontínua”;
· Multa;
· Prestação inominada. 
Inseriu-se na Constituição Federal de 1988, em seu art. 98, I a previsão de que à União, Estado e Distrito Federal, compete a criação de Juizados Especiais, os quais com competência para o julgamento e execução de causas cíveis de menor complexidade, além das infrações penais de menor potencial ofensivo. Atualmente, no Brasil apenas 7% das penas são convertidas em penas alternativas.
Lei N º 9.099/95. Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, para incluir a simplicidade como critério orientador do processo perante os Juizados Especiais Criminais.
“O Art. 60 da Lei 9.099/95 determina que o Juizado Especial Criminal, provido por Juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo. Para efeito de classificação de crime de menor potencial ofensivo, consideramos aqueles de tímida repercussão social, chamados de “crime de bagatela”, ou seja, de pouca significância, não produzindo grande repercussão social, ajustando-se ao princípio da insignificância no Direito Penal, exigindo assim tímida intervenção do Estado no seu poder repressor”.
E, ademais, não são penas pesadas e seu cumprimento cruel que podem ser apontados como fator de diminuição da criminalidade. As questões históricas e penais das penitenciárias e seus congêneres, a involução de um instituto cada vez mais criticado e ineficaz. Meio de defesa de um controle social perverso por parte do braço autoritário dos modernos “Estados Democráticos de Direito” e outros com denominações distintas, que é famigerado pelos que impõem um estado de terror por assustadoras amostragens da evolução dos índices de criminalidade.
“Não importa a religião, católica, cartesiana, aristotélica, sartreana ou ainda de qualquer célebre do pensar humano. Acima de tudo e de todos, a liberdade é o que o homem tem aliado à vida, de mais necessário. Constitui-se natural e positivamente. Pode ser imaginária ou fática. Liberdade só não pode ser suprimida, e se, em última instância, for suprimida, que essa supressão seja feita de modo humano, de modo menos avassalador aos anseios e sentimentos. (Revista Liberdade, 2012, p. 15).
2.4.1 Ressocialização
Segundo a Revista do Centro de Estudos Judiciários, segundo José Lacerda Secretário Chefe da Casa Civil MT, no Brasil, em média, 90% dos ex-detentos que retornam à sociedade voltam a delinquir, e, consequentemente, acabam retornando à prisão. Falta de capacitação profissional, de escolaridade, desagregação familiar e social são as principais causas da volta ao mundo do crime.
As oportunidades de recuperação social e preparar o reeducando e o egresso para reintegração social devem ser aumentadas em quesito de que é um bem a sociedade, o governador Silval Barbosa está investindo, principalmente, nos programas de qualificação profissional, educação, assistência social e psicológica aos detentos e às famílias. A Fundação Nova Chance (Funac), instituída pelo Decreto Lei nº 1.478, em 29 de julho de 2008, tem a responsabilidade de organizar a promoção assistencial e crescimento social, moral, familiar e técnico, por meio da instrução e prática profissionalizante, envolvendo várias secretarias do estado.
A atividade laboral é uma das engrenagens de ressocialização que possibilita a geração de renda, autoestima, a remição de pena, reduz a ociosidade e a violência nas unidades prisionais. Atualmente, há 177 reeducados trabalhando de forma remunerada. Entre essas atividades, estão os 11 reeducados nas obras da Arena Pantanal, em regime semiaberto, parceria firmada entre CNJ, Fifa e a Secretaria Extraordinária da Copa Fifa Brasil 2014 (Secopa). Outros exemplos de parcerias entre o estado e município, são os convênios firmados com Várzea Uma nova fase de esperança para a reinserção social de detentos e egressos do sistema penitenciário vem se concretizando em Mato Grosso, mesmo diante da dura realidade nacional sobre a alta reincidência à criminalidade, associado ao pessimismo da sociedade, que mantém a descrença e desconfiança sobre a recuperação de detentos. (Capa – Jornal de Cuiabá. Edição nº 13261).
Foram realizados cursos profissionalizantes, em convênios firmados com diversas instituições, entre elas o Senac, Senai, governo federal e com secretarias do estado, como os programas sociais da Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas). Em 2011, foram beneficiados 354 reeducados e para 2012 estão previstos um total de 1.830 vagas de cursos profissionalizantes na área de construção, informática, estética, panificação, eletroeletrônicos, estética, costura, e na produção de vassouras com material reciclável de garrafas plásticas, entre outras atividades.
Especificamente a educação, foi criada a Escola Estadual Nova Chance, que beneficiou, no ano de 2011, o total de 1.864 reeducando de penitenciárias e cadeias (da capital e do interior), os quais cursaram o ensino fundamental e médio. O projeto pedagógico é da Secretaria de Educação (Seduc) e o acompanhamento e fiscalização são da Funac.
Também, está incluso o atendimento do MT Preparatório Vestibular, pela Secretaria De Ciência e Tecnologia (Secitec), que beneficiou 250 detentos. Em 2011, 315 reeducados prestaram o exame do Enem, com algumas aprovações em cursos universitários. Segundo depoimentos dos próprios detentos, a Educação abre um novo mundo e a esperança de mudança de vida.
São iniciativas de humanização do sistema penitenciário feitas pelo governo estadual. As parcerias com entidades governamentais e não governamentais podem ser ampliadas, com maior participação da sociedade organizada, visando a diminuição da criminalidade e da reincidência ao crime.
Mesmo com a ampliação de políticas de reinserção de ex detentos no mercado de trabalho em vários estados brasileiros, eles ainda são alvo de preconceito na hora de procurar um emprego. Uma das consequências é a reincidência ao crime que está entre 60% e 70%, de acordo com o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, segundo o Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho.
Em 2010, pelo menos 9 governos estaduais e prefeituras aprovaram leis que obrigam ou estimulam empresas contratadas pelo poder público a ter uma cota de 2% a 10% de ex presos entre os funcionários, segundo o Conselho Nacional de Justiça e levantamento feito pelo G1 g1.globo.com/.../2010/.../apesar-de-leis-ex-presos-enfrentam-resistencia-no-mercado. A criação de meios pelo Estado para reinserir ex detentos no mercado é prevista desde 1984, quando foi criada a Lei de Execução Penal, mas normas que determinam ou incentivam a contratação de ex presos são recentes. Elaine Patrícia Cruz – Repórter da Agência Brasil.
Em 2009, leis desse tipo foram aprovadas em ao menos 5 localidades e, em 2008, no Distrito Federal. Ao menos 2 projetos estão em tramitação, no Piauí e no Ceará. Antes disso, a única norma parecida encontrada pela reportagem é de 2002, do Rio de Janeiro, mas não chegou a ser colocada em prática, segundo a Fundação Santa Cabrini. Há, ainda, leis que preveem pagamento pelo estado de até 2 salários mínimos a empresas por preso
Essas medidas buscam mudar realidades como a de R. N.,(Não quis ser identificado) de 31 anos, ex presidiário de Minas Gerais. Ele recebeu o alvará de soltura em junho, após cumprir 11 dos 18 anos de sua pena, beneficiado pela progressão de regime. Enquanto estava preso, trabalhou, fez cursinho e passou no vestibular para direito. R. N. estava no último ano da graduação quando conseguiu a liberdade condicional. Como o contrato de trabalho valia somente para o período de prisão, acabou sem emprego e, consequentemente, precisou trancar a faculdade. (entrevista no Portal G1.com/globo)
2.5 Privatizações penitenciárias pelo mundo
Não a de se falar em reinserção de ex detentos, sem não mencionar a privatização das penitenciárias, no qual se engloba o grande índice de reinserçãodos mesmos e consequentemente, presídios lotados. O país precursor do modelo privatizante das prisões foram os Estados Unidos, nos anos de 1980, quando sentenças duras eram resposta de uma onda de criminalidade no país, sendo que a ideia se estendeu por vários países da Europa. Em nível mundial há hoje em torno de 200 presídios privados, a metade deles nos EUA. (Alessandra Correa , 2015 – BBC BRASIL).
 A Inglaterra, que deu início a esse sistema em 1992, tem nove presídios privados, de um total de 138. A experiência norte-americana, que surgiu nos anos 80, tem cerca de 150 prisões de administração privatizada em 28 estados. A súmula 1981 da Suprema Corte dos Estados Unidos determina que "não há obstáculo constitucional para impedir a implantação de prisões privadas, cabendo a cada Estado avaliar as vantagens advindas dessas experiências, em termos de qualidade e segurança, nos domínios da execução penal".
Nos EUA, há mais de dois milhões de presos e cerca de 80% deles são pobres, negros ou latinos. De cada quatro habitantes negros, um já foi preso. Na França o modelo de privatização do sistema prisional iniciou em 2004. Ali o Estado Francês indica o Diretor-Geral do estabelecimento, a quem compete o relacionamento com o juízo da execução penal e a responsabilidade pela segurança interna e externa da prisão. A empresa privada encarrega-se de promover o trabalho, educação, transporte, alimentação, o lazer, bem como a assistência social, jurídico, espiritual e a saúde física e mental do preso, recebendo do Estado uma quantia por preso/dia para a execução desses serviços. (DAMASCENO, Rafael, 2015, p. 30).
Conforme dito acima, o processo de privatização das prisões foi impulsionado nos Estados Unidos a partir da década de 1980, quando o sistema penitenciário público começou a entrar em colapso, pois as penitenciárias estavam superlotadas e a Justiça exigia adequação do número de vagas ao número de presos e não havia recursos para gerenciar e construir novos presídios. Nesse passo, as penitenciárias privadas seriam um misto de experiências hoteleiras e gestão de empresas de segurança, além do fato de que o custo para o Estado seria menor do que se ele à frente da administração do cárcere.
Já o modelo norte-americano, o sistema inglês de privatização dos presídios caracteriza-se por uma menor intervenção da iniciativa privada na administração prisional, cabendo o fornecimento dos serviços de hotelaria, assim compreendidos os serviços de limpeza, alimentação, vestuário. Pelo fato de a legislação inglesa não exigir a realização de plebiscitos para possibilitar os financiamentos a serem investidos no sistema prisional, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, a privatização dos presídios não encontrou muito empecilho à sua expansão no solo britânico.
Dessa forma, caberia à empresa privada: a) a construção penitenciária; b) a colocação de todos os móveis necessários ao seu funcionamento; c) manutenção de serviços médicos e dentários; d) a criação de área de lazer; e) o fornecimento de assistência jurídica gratuita para os presos; h) a possibilidade de assistência religiosa. Enfim, tudo o que diz respeito ao normal funcionamento do sistema prisional competirá à empresa privada. No entanto, a fiscalização continua sendo exercida pelo Ministério Público, bem como pelo Poder Judiciário.
Em matéria no site jus brasil, MESQUITA (2015), o diretor do presídio não é indicado pela empresa privada, mas sim pelo governo. Assim, quando houver necessidade de deslocamento do preso até algum outro lugar fora do sistema prisional, a vigilância externa será realizada por policiais pertencentes ao Poder Público. O juiz de direito é quem tem o poder de determinar a progressão do regime de cumprimento de pena, bem como a concessão de algum benefício legal, por exemplo, saídas temporárias em épocas festivas, para visitas familiares, ou mesmo o livramento condicional.
2.5.1 Algumas experiências de privatização no Brasil
A aplicação da Lei de Execução Penal, no que se refere ao meio ambiente e à assistência ao preso, é mais facilmente efetivada, nesse sistema, do que naquelas penitenciárias totalmente estatais. O Estado terceiriza serviços ao parceiro privado, tais como: refeições, uniformes, lavanderia, parcerias para emprego de detentos (regime semiaberto), entre outros. As experiências nacionais estão em algumas penitenciárias do Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina.
Segundo DIAS (2011, P. 12), o percursor a adotar o primeiro estabelecimento prisional brasileiro através do denominado modelo terceirizado, foi a Penitenciária Industrial de Guarapuava, localizada no município de Guarapuava, Estado do Paraná, inaugurada em 1999. Exemplo pioneiro de parceria entre a segurança pública e privada na qual o presídio é administrado pelo governo estadual e os serviços de segurança interna, assistência médica, psicológica, jurídica e social, são prestadas por uma empresa privada.
 Foi construída com recursos dos Governos Federal e Estadual, numa parceria estratégica. O custo total, incluindo projeto, obra e circuito de TV, foi no valor de R$ 5.323.360,00 (cinco milhões, trezentos e vinte e três mil, trezentos e sessenta reais), sendo 80% provenientes de convênio como o Ministério da Justiça e 20% do Estado. A unidade foi concebida e projetada objetivando o cumprimento das metas de ressocialização do interno e a interiorização das unidades penais, ou seja, preso próximo da família e local de origem. 
 O Paraná, buscou esta política em que buscava oferecer novas alternativas para os apenados, proporcionando-lhes trabalho e profissionalização, além de melhores condições para sua reintegração à sociedade e o benefício da redução da pena. Nesta prisão, a administração da penitenciária foi terceirizada, mas não de modo total. A empresa contratada é a Humanitas Administração Prisional S/C. O trabalho exercido por esta empresa envolve o atendimento aos presos no que se refere á alimentação, necessidades de rotina, assistência médica, psicológica e jurídica dos presidiários.
O governo do Paraná é responsável pela nomeação do diretor, do vice-diretor e do diretor da disciplina, que supervisionam a qualidade de trabalho da empresa contratada e fazem valer o cumprimento da Lei de Execuções Penais. A Penitenciária Industrial de Guarapuava tem capacidade para 240 (duzentos e quarenta) presidiários. O perfil dos presidiários que lá se encontram, grande parte dos criminosos que estão em Guarapuava praticaram delitos de maior potencial ofensivo, como homicídio, tráfico de entorpecentes, latrocínio e estupro.
O último censo penitenciário do estado (2017), verifica que o índice de reincidência criminal dos egressos do presídio de Guarapuava chega a ínfimos 6%, segundo o Departamento Penitenciário Nacional. Por certo as medidas a serem implantadas devem condizer com a realidade nacional e serem objeto de acompanhamento intenso por parte do Estado. Este, já percebeu que não pode lutar sozinho, por isso no Paraná observamos o sistema de cogestão, com administração terceirizada presente nos Presídios Industriais de Guarapuava e em demais localidades paranaenses, dados do Sistema Penitenciário Nacional.
2.5.2 Críticas a privatização do sistema prisional
Há teses difíceis de serem sustentadas e, na maioria das vezes, não sugerem alternativas para a melhoria do sistema. O ponto principal dos opositores da privatização é o enfoque materialista e a possibilidade de exploração do trabalho do preso, pois temem a transformação dos presídios em unidades de trabalho forçado, abusando-se da força laboral do preso, que pode ser levado a excesso, e a criação de situação análoga à escravidão.
As estatísticas também são álibis para os oposicionistas, pois dizem ser a tal “Gestão Penal da Miséria” que acumula entre seus prejuízos, de cada quatro cidadãos negros um que está encarcerado. Estudando as principais causas que fizeram destes excluídos marginais sustentam a opinião ferrenha contra a privatização. E entre tantosargumentos para criticar a privatização o que vem ganhando mais força é a defesa da execução como função jurisdicional que não pode ser exercida por nenhum outro organismo. (ALMEIDA, Priscila, 2015, p. 51).
Obedecendo a esta regra basilar do Estado Democrático de Direito, a Constituição Federal de 1988 prevê em seu art. 2º: “são poderes da União independentes e harmônicos entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário”. Pautando-se nesses argumentos afirmam categoricamente que se esta privatização ocorresse, seria inconstitucional, uma vez que anularia um dos preceitos mais clássicos da Constituição brasileira (art. 60 parágrafo único). Conforme Lopes (2011) um forte obstáculo à terceirização se coloca se forma a partir do momento que a execução penal é atividade jurisdicional, sendo esta indelegável, de exercício exclusivo do Estado.
Este é o maior dos embaraços políticos a respeito da privatização carcerária, considerado o uso legítimo da força como prerrogativa estatal correr-se-ia o risco de relativizar a soberania do Estado. Ainda com relação ao aspecto ético, destacam também que a privatização é temerária, uma vez que as prisões poderiam cair nas mãos de empresas particulares contratadas por segmentos do crime organizado. Acentuam os críticos que os grupos privados não têm nenhum interesse em diminuir a superlotação carcerária, porque recebem por preso.
2.5.3 Análises positivas da privatização do Sistema Prisional
Acerca da privatização penitenciária brasileira, o jurista Damásio de Jesus (2007. P. 32) salienta que “A privatização é conveniente desde que o poder de execução permaneça com o Estado. O que é possível é o poder público terceirizar determinadas tarefas, de modo que aqueles que trabalham nas penitenciárias não sejam necessariamente funcionários públicos”.
Os defensores da privatização do sistema prisional destacam a ideia de redução dos custos e o efeito terapêutico do trabalho. Todavia, outros aspectos mostram-se relevantes, tais como: a melhoria na condição de vida dos familiares, o incremento da atividade produtiva na região, redução dos gastos com o funcionalismo público e o aumento de vagas na iniciativa privada.
CAPEZ (2012) “Sou a favor da privatização do sistema prisional, desde que haja investimento de capital privado desde o princípio. Se isso ocorrer na construção de presídios, na implementação de estruturas que sejam capazes de dar ênfase à Lei de Execução Penal, a privatização é bem-vinda”.
Quanto à constitucionalidade da privatização carcerária, parte-se da premissa de que a Lei Maior foi clara e o que não proibiu, permitiu. Ademais, conforme OSÓRIO. 2011, P. 23), o artigo 144 da Constituição Federal, ao dispor que a segurança pública é dever do Estado, não apresenta prescrição impeditiva de implementação de processo de terceirização da administração dos presídios, uma vez que o dispositivo constitucional trata especificamente da polícia ostensiva e da manutenção da ordem pública.
Aliás, a Lei de Execução Penal admite em seu artigo 36, o trabalho terceirizado do preso, ao autorizar o trabalho externo até para os presos em regime fechado em serviços ou obras públicas feitas por órgãos da administração direta ou indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
E mais, na verdade não se está transferindo a função jurisdicional do Estado para o empreendedor privado, que cuidará exclusivamente da função material da execução penal, pois vale dizer que o administrador particular será responsável pela limpeza, comida, roupas, pela chamada hotelaria, enfim, por serviços que são indispensáveis num presídio, destacando que a função jurisdicional, indelegável, permanece nas mãos do Estado, que por meio de seu órgão-juiz, determinará quando um homem poderá ser preso, quanto tempo assim ficará, quando e como ocorrerá punição e quando o homem poderá sair da cadeia, numa preservação do poder de império do Estado, o qual é o único titular legitimado para o uso da força, dentro da observância da Lei.
Há sim, que se exigir o cumprimento das metas e orçamento à risca o que bem fazem muitas empresas particulares. Com as tarefas públicas e privadas bem estabelecidas a função que cabe ao Estado - da execução - será perfeitamente cumprida, afirmando assim os princípios do art. 37 da CF/88 que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, o quinteto da boa gerência governamental que já nos provou não poder trabalhar sozinha.
É alegado que o fato dos presos trabalharem é positivo sob todos os aspectos, os detentos brasileiros sairiam da comodidade, como se pode ver do Rio De Janeiro que de 22 mil apenas 900 encarcerados se ocupam produtivamente nas prisões. Os benefícios vão desde a redução da pena, de 1 dia para cada 3 de trabalho, o salário obtido, sendo que 5% do valor é retido como imposto para custear o encarceramento, até o aspecto mais importante que é a ressocialização envolvendo a aprendizagem de um ofício e sua execução. (FERNANDES, Marcela , repórter de Política – HuffPost Brasil).
 Além disso, ela afirma que na penitenciaria privada, o trabalho produtivo do preso, gerando recursos em benefício do próprio sistema, vai possibilitar que as verbas, hoje destinadas para a construção de penitenciarias e manutenção dos presos, no falido sistema penitenciário estatal, sejam carreadas para a área da política educacional como uma das formas de prevenção da delinquência. Assim, é notório que o argumento de trabalho escravo (ainda mais num país que zela mais pelos Direitos Humanos do que pela segurança pública, como o Brasil) é defasado.
Nesta linha, verificando um sistema onde a administração e a execução da pena serão facilitadas, uma vez que, nesta estrutura mais sadia para o Brasil, os presos serão grandemente beneficiados, humanizados, em que advirão resultados positivos para toda a sociedade. Cumpre ressaltar que a necessidade brasileira é de aproximadamente 600 mil vagas (conforme senso realizado neste último ano), e considerando-se apenas o regime fechado e o semiaberto, significaria nada mais nada menos que a construção imediata de mil unidades dotadas de 400 vagas enriquecidas pela rotatividade do sistema, compensada pela demanda crescente.
Consequentemente o aumento ou desvio de recursos humanos para sustentação do sistema não seria plausível, principalmente pela vigência da lei de responsabilidade, limitadora de gastos públicos, mas em tese não é cumprido e se é visto constantemente o desvio de verbas públicas em noticiários em nosso país. Diante dos fatos, se constata que a falência da pena prisional é geral e não especifica em nosso país. 
A privatização é uma medida sensata para que o Brasil tenha prisões mais decentes. Um sistema carcerário digno, representando a segurança da população. Afinal, que melhor analogia para se balancear o nível de segurança do país que não a observância da eficácia da própria pena do condenado? Se o sistema carcerário atual não funciona nos seus aspectos básicos, é observado quão vulnerável está a população.
O que apresenta maior viabilidade como medida para melhorar a situação do país, não só pela reincidência em si, mas porque advém dela a falta de oportunidade do ex detento não em conseguir um emprego digno quando se vê livre, fora das grades, obtendo desde a sua prisão um motivo para se ver livre e ter um novo recomeço. claro que a Parceria Público-Privada e o regime de terceirização têm suas fragilidades como foi elencado acima.
Relatado esta questão acerca do Sistema Penitenciário Brasileiro, que além de penitenciárias cheias e índices alarmantes de reincidência de presos neste Sistema, verificamos assim a falta de oportunidade da reinserção de ex presidiários no mercado de trabalho, por julgarem estes inaptos para que possam assim ter um possível recomeço.
2.6 O custo para manutenção quando se fala em gastos com presidiários
É evidente ao se falar de reinserção do ex presidiário no mercado de trabalho, e não tocar em um ponto tão alarmante, que é o

Continue navegando