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POR KAWANNY ARRUDA - MEDICINA, FITS. INTRODUÇÃO Os anestésicos gerais produzem um estado neurofisiológico caracterizado por 5 efeitos principais: 1. Perda da consciência; 2. Amnésia; 3. Analgesia; 4. Inibição dos reflexos autônomos; 5. Relaxamento da musculatura esquelética. OBS: nenhum anestésico (até o momento), quando utilizado isoladamente, consegue produzir os 5 efeitos desejados. Logo, são associados fármacos intravenosos e inalatórios ⇒ técnica anestesia balanceada. QUAL O AGENTE ANESTÉSICO IDEAL? ➔ É aquele que induz perda de consciência rápida e uniforme; ➔ É rapidamente reversível com sua interrupção; ➔ Apresenta ampla margem de segurança. QUAL A TÉCNICA ANESTÉSICA IDEAL? ➔ Depende do tipo de intervenção diagnóstica, terapêutica ou cirúrgica; CIRURGIA SUPERFICIAL MENOR OU PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS INVASIVOS: sedativos por via oral ou parenteral + anestésico local. Proporcionam analgesia profunda, ao mesmo tempo em que o paciente conserva sua capacidade de manter as vias respiratórias desobstruídas e de responder a comandos verbais. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS EXTENSOS: Anestesia pode começar com a administração pré-operatória de benzodiazepínicos, ser induzida com anestésico intravenoso (p. ex., tiopental ou propofol) e ser mantida com uma associação de fármacos inalatórios (p. ex., fármacos voláteis, óxido nitroso) ou intravenosos (p. ex., propofol, analgésicos opioides), ou ambos; Combinar mais de um medicamento: evitar efeitos maléficos. ANESTESIA GERAL Depressão reversível do SNC com perda de percepção e de resposta a estímulos. ANESTESIA LOCAL Supressão temporária de todas as sensibilidades de uma determinada área do organismo. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS GERAIS Primeiramente, o mecanismo de ação ainda é um pouco desconhecido. Mas, fala-se que antes a teoria girava em torno de um único local biológico para esses fármacos agirem, porém, atualmente, se fala em um complexo de alvos moleculares espalhados em vários níveis do SNC. Os anestésicos afetam os neurônios em vários locais celulares, mas principalmente na SINAPSE. Uma ação pré-sináptica pode alterar liberação de neurotransmissores, enquanto que uma pós sináptica pode mudar a frequência ou amplitude dos impulsos que saem da sinapse. Em nível orgânico, os efeitos dos anestésicos podem resultar de uma inibição reforçada ou da diminuição da excitação dentro do SNC. Principais canais iônicos inibitórios considerados na ação anestésica: 1. Canais de cloreto (receptores de ácido γ-aminobutírico A [GABAA] e glicina) Anestésico aumenta sensibilidade dos receptores do GABAA ao neurotransmissor inibitório GABA ⇒ aumenta a entrada de cloreto ⇒ hiperpolariza os neurônios ⇒ diminui a excitabilidade pós-sinapse e atividade do SNC. POR KAWANNY ARRUDA - MEDICINA, FITS. 2. Canais de potássio (canais de K2P, possivelmente KV e KATP) Principais canais iônicos excitatórios considerados na ação anestésica: 1. Canais ativados pela acetilcolina - receptores nicotínicos e muscarínicos 2. Canais ativados pelo glutamato (receptores do AMPA 3. Canais ativados pelo cianato e NMDA ⇒ o receptor NMDA é um receptor glutamato. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do organismo. 4. Canais ativados pela serotonina ESTÁGIOS DA ANESTESIA São três estágios: 1. INDUÇÃO: tempo desde a administração do anestésico até a instalação da anestesia efetiva ⇒ depende do quão rápido a concentração efetiva do anestésico chega ao cérebro. 2. MANUTENÇÃO: assegura anestesia sustentada. 3. RECUPERAÇÃO: tempo desde a interrupção do anestésico até o retorno da consciência e reflexos protetores ⇒ é o reverso da indução, depende da velocidade com que o anestésico difunde do cérebro. PROFUNDIDADE DA ANESTESIA A profundidade da anestesia corresponde ao grau em que o SNC é deprimido. Possui 4 estágios em que se tem uma depressão crescente do SNC: 1. ANALGESIA: é perdida a sensação de dor⇒ se tem uma interferência na transmissão sensorial no trato espinotalâmico. Paciente passa da consciência e capacidade de conversar para⇒ sonolência. Quando vai se aproximando do estágio LL se tem amnésia e redução da percepção de dor. 2. EXCITAÇÃO: paciente com delírio (pode incluir amnésia) e comportamento combativo. Aumenta a irregularidade na PA e na respiração, além do risco de laringoespasmo. Para diminuir ou eliminar isso ⇒ fármacos de ação rápida, intravenoso (IV) antes de administrar anestesia por inalação. 3. ANESTESIA CIRÚRGICA: é perdido gradualmente o tônus muscular e dos reflexos (cessa respiração espontânea). A respiração é regular e se tem relaxamento músculo-esquelético, sendo perdidos os movimentos espontâneos. É A HORA IDEAL PARA CIRURGIA! Deve ocorrer monitoração para evitar avanço indesejado para o próximo estágio. 4. PARALISIA BULBAR (depressão medular): se tem grave depressão da respiração e centros vasomotores. Para prevenir a morte: ventilação e/ou circulação. POR KAWANNY ARRUDA - MEDICINA, FITS. Os anestésicos voláteis oferecidos ao paciente são absorvidos pelos pulmões para a circulação sistêmica, causando depressão dose-dependente do SNC. Diminui atividade metabólica do cérebro; Redução do fluxo sanguíneo no cérebro. Com esses mecanismos são obtidos: 1. Depressão da contratilidade cardíaca; 2. Depressão respiratória; 3. Diminuição da pressão arterial. ANESTÉSICOS GERAIS - INALATÓRIOS Eles podem ser voláteis ⇒ possuem baixas pressões de vapor e pontos de ebulição elevados, são líquidos à temperatura ambiente; ou gasosos ⇒ possuem altas pressões de vapor e ponto de ebulição baixos, estão na forma de gases em temperatura ambiente. ★ Os anestésicos voláteis precisam ser administrados por vaporizadores. VOLÁTEIS Halotano (demora mais o efeito em comparação com o sevoflurano, pois ele se dispersa mais na circulação sistêmica), enflurano, isoflurano, desflurano, sevoflurano (uso mais frequente). GASOSOS Óxido nitroso (não é muito vantajoso, não é utilizado em larga escala atualmente) e xenônio Anestésicos inalatórios têm curvas de dose-resposta muito íngremes e índices terapêuticos muito estreitos ⇒ ou seja, é pequena a diferença nas concentrações que causam anestesia cirúrgica e depressão cardíaca e respiratória grave. ★ OBS: Não existem antagonistas. CARACTERÍSTICAS COMUNS ★ São fármacos não inflamáveis e não explosivos; ★ Diminuem resistência cerebrovascular ⇒ aumento da perfusão cerebral⇒ depressão da contratilidade cardíaca. ★ Causam broncodilatação ⇒ mas diminuem a ventilação espontânea e vasoconstrição pulmonar hipóxica ⇒ depressão respiratória. ★ Diminuição da PA. ★ Movimento dos fármacos pelos pulmões aos compartimentos centrais depende da sua solubilidade no sangue e nos tecidos; ANESTÉSICOS GERAIS - INTRAVENOSOS Causam uma indução rápida, com frequência ocorre dentro do “tempo de circulação braço-cérebro"⇒ é o tempo do fármaco ir do local de injeção, o braço, até o cérebro. Assim, você pode manter a anestesia com um fármaco inalatório. OBS: também podem ser usados como agentes únicos para procedimentos curtos ou administrados como infusão para manter anestesia durante procedimentos longos. Doses baixas? usar na sedação. Os anestésicos intravenosos empregados para indução da anestesia geral são lipofílicos e têm partição preferencial nos tecidos lipofílicos altamente perfundidos (cérebro, medula espinal), o que explica seu rápido início de ação. POR KAWANNY ARRUDA - MEDICINA, FITS. PROPOFOL ★ É hipnótico sedativo; ★ Usado na indução ou manutenção da anestesia; ★ Primeira escolha para indução da anestesia geral e sedação; ★ É pouco solúvel em água ⇒ você fornece como emulsão contendo óleo de soja e fosfolipídio de ovo ⇒ lhe dá aparência tipo leite⇒ saber se o paciente tem alergias. ★ INÍCIO: indução ocorre de 30 a 40 segundos após a injeção⇒ níveis plasmáticos diminuem rápido devido a redistribuição ⇒ após isso, período mais prolongado para biotransformação hepática e depuração renal; ★ Tem meia-via de redistribuição de 2 a 4 minutos; BENZODIAZEPÍNICOS ★ Utilizados junto com anestésicopara sedar o paciente⇒ são adjuvantes anestésicos. ★ É ansiolítico; ★ Mais comum utilizado: midazolam. Alternativas: diazepam e lorazepam; ★ Facilitam amnésia e causam sedação ⇒ potencializam os efeitos inibitórios do GABA; ★ Tem efeitos depressores cardiovasculares mínimos, mas todos são potentes depressores respiratórios. ★ Podem induzir uma forma temporária de amnésia anterógrada na qual o paciente retém a memória de eventos passados, mas as novas informações não são transferidas para a memória de longa duração. CETAMINA ★ Anestésico não barbitúrico com curta ação, induz estado dissociativo em que o paciente fica inconsciente (mas pode parecer acordado) e não sente dor; ★ Sedação, amnésia e imobilidade; ★ Estimula efluxo simpático central ⇒ estimula coração e aumenta PA e DC; ★ Potente broncodilatador; ★ Contraindicada em hipertensos ou pacientes que sofreram AVE; ★ Não é muito utilizada. DEXMEDETOMIDINA ★ Usado em unidades de tratamento intensivo e cirurgias; ★ Tem efeito mais sedativo⇒ diminui liberação de noradrenalina; ★ É ÚNICA na sua capacidade de provocar sedação SEM depressão respiratória; ★ É α2-agonista em certas regiões do cérebro; ★ Efeito sedativo, analgésico, simpaticolítico e ansiolítico. CETAMINA Inibição do complexo do receptor NMDA DEXMEDETOMIDINA Alfa-2-agonista Propofol Potencializa efeito GABA Reação adversa grave que é rara, porém acontece (anestésicos gerais - intravenosos): hipertermia maligna ⇒ paciente tem que ter predisposição genética ⇒ o fármaco aumenta o nível de cálcio intracelular nas células musculares esqueléticas ⇒ paciente apresenta rigidez muscular e tem alterações nos níveis pressóricos. Para reversão deste efeito: dantrolene. ANESTÉSICOS LOCAIS A anestesia local é a perda de sensação em uma região limitada do corpo. Você obtém ao interromper o fluxo neural aferente inibindo a geração ou propagação de impulsos. ➔ Tal bloqueio pode produzir outras alterações fisiológicas⇒ paralisia muscular e supressão de reflexos somáticos ou viscerais⇒ esses efeitos podem ser desejáveis ou indesejáveis; ➔ Podem ser endovenosos ou injetáveis; ➔ Podem ser administrados junto com epinefrina (vasoconstritor) ⇒ elas atuam nos receptores adrenérgicos fazendo uma vasoconstrição na região → restringe o fluxo sanguíneo para uma região específica. São muito utilizados como analgésicos, mas sua característica diferencial é a capacidade de produzir perda completa de todas as modalidades sensoriais ⇒ o fármaco é administrado diretamente no órgão-alvo, a circulação sistêmica serve somente para diminuir ou interromper o seu efeito. ANESTÉSICOS LOCAIS - MECANISMO DE AÇÃO POR KAWANNY ARRUDA - MEDICINA, FITS. Bloqueiam canais de Na + ⇒ impede aumento da transição na permeabilidade da membrana ao Na+⇒ bloqueia canais de sódio de forma intracelular ⇒ sensação que não é transmitida a fonte do estímulo até o cérebro. ➔ Porém, ele também consegue realizar tal mecanismo através do caminho direto dentro da membrana, isso quando estão na forma lipossolúvel. Técnicas de administração: ➔ Via tópica; ➔ Infiltração; ➔ Bloqueio de nervo periférico; ➔ Bloqueio neuraxial (espinal, epidural ou caudal). Estruturalmente, todos os anestésicos locais incluem um grupo lipofílico unido por uma ligação amida ou éster a uma cadeia de carbono que, por sua vez, se une a um grupo hidrofílico. . MAIS UTILIZADOS bupivacaína, lidocaína, levobupivacaína, mepivacaína, procaína, ropivacaína e tetracaína. AÇÕES ★ Causam vasodilatação ⇒ rápida difusão para fora do local de ação; ★ Velocidade de absorção e difusão diminui se acrescentar epinefrina (vasoconstritor); ★ Função hepática não afeta duração de ação da anestesia local → é determinada por redistribuição, e não por biotransformação. ★ Alguns anestésicos têm outros usos terapêuticos. Exemplo: lidocaína é um antiarrítmico. REAÇÕES ALÉRGICAS ★ É comum serem registradas, mas a maioria das vezes é efeito colateral da epinefrina junto com anestésico local. ★ Alergia verdadeira ao anestésico local é rara; EFEITOS ADVERSOS ★ Tontura ★ Sedação ★ Inquietação ★ Convulsões ★ Cardiotoxicidade ★ Morte Devido a possibilidade dos efeitos adversos, há um acompanhamento depois da anestesia, para saber como o paciente está se recuperando. USO SIMULTÂNEO DE FÁRMACOS Fármacos adjuvantes múltiplos: paciente pode receber um ou mais pré-anestésico, exemplo: Bloqueador H2 → famotidina, ranitidina → reduzir acidez gástrica; Benzodiazepínico → midazolam, diazepam → acalmar ansiedade e facilitar amnésia; Não opióides (paracetamol, celexocibe) ou opióides (fentanila) → para analgesia; Anti-histamínicos (difenidramina) → prevenir reações alérgicas; Antieméticos (ondansetrona) → prevenir náuseas; Anticolinérgicos (glicopirrolato) → prevenir bradicardia e secreção de líquidos no trato respiratório; A pré-medicação facilita a indução da anestesia e reduz a dosagem de anestésico. Contudo, os fármacos utilizados para esse fim também podem aumentar os efeitos indesejáveis dos anestésicos (hipoventilação) e, quando co administrados, podem produzir efeitos negativos não observados quando usados individualmente. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES Primeiro há uma consulta pré-anestésica, são obtidas informações quanto ao paciente (sexo, idade, POR KAWANNY ARRUDA - MEDICINA, FITS. comorbidades, peso), quanto a cirurgia (passado mórbido, problemas na cirurgia, alergias) e os fármacos. ➔ Exemplo (anestesia geral): paciente hipertenso ⇒ avaliar o medicamento para impedir interferências. ➔ Paciente em uso de anticoagulantes ⇒ suspender anteriormente a medicação. ➔ Paciente alérgico a anestésico (dipirona, por exemplo) ⇒ é importante sondar antes se o paciente tem alergia.
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