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- -1 Sociedade Empresária Marissa Yanara de Godoy Lima Introdução Nesta aula, abordaremos as Sociedades Empresariais. Você sabe a diferença de empresa e empresário? Em quais situações esses conceitos se aplicam? São termos complementares ou excludentes? Pois bem, neste capítulo entenderemos os conceitos de “empresário" e "empresa" e discutiremos suas principais diferenças - teóricas e práticas. Também analisaremos as alterações do Novo Código Civil, avaliando seus critérios e impactos. E, além disso, conheceremos os tipos de Sociedades Empresariais, compreendendo suas particularidades e similaridades. Ao final desta aula, você será capaz de: • analisar o conceito de empresa e empresário; • conhecer as diferentes sociedades empresárias. Diferença dos conceitos de empresário e empresa A distinção entre empresário e empresa é necessária uma vez que seus conceitos remetem a objetos com diferentes percepções e que são confundidos equivocadamente. À primeira vista, parece tentador assumir a simples distinção, onde o empresário é a pessoa que administra uma empresa, entretanto, é essencial observarmos que empresa, empresário e sócio apontam para diferentes objetos abstratos ou concretos. Essa distinção tem implicações principalmente no campo do direito, onde por exemplo, o entendimento de empresa não se vincula a instalação, nem a estrutura física que encontra-se indicada por um endereço comercial, pelo contrário, a empresa é a atividade que visa a obtenção de lucros ao oferecer bens e serviços no mercado, mediante a organização dos fatores de produção. Por essa definição, a empresa como uma atividade tem carácter abstrato que a desvincula de objetos concretos como a estrutura, os equipamentos, a localização, entre outros (MARION, 2009). Veja que a empresa possui elementos constitutivos que necessitam serem organizados para que consiga desenvolver suas atividades eficazmente. É diante dessa necessidade que surge o empresário, como aquele que toma a iniciativa de organizar e desenvolver a atividade econômica, visando a produção de bens ou serviços para o mercado. Nesse sentido, o empresário pode ser definido como a pessoa individualizada ou jurídica que emprega esforços (financeiros e outros) para organizar a empresa (atividade). • • - -2 Cotidianamente, é comum ver as pessoas chamando a pessoa jurídica (individual ou não) de empresa e os sócios (quando coletiva) como empresários. Contudo, vale reforçar que a empresa é a atividade e não a pessoa jurídica e o empresário não é o sócio, mas a própria sociedade empresarial. Por fim, o sócio é aquele que detém uma fração da sociedade empresarial e, portanto, tecnicamente não é o empresário. Figura 1 - Sócios Fonte: StockLite, Shutterstock, 2020. Fora esses conceitos, vale ressaltar que temos ainda a figura do gestor ou administrador, como aquele que é designado pela sociedade empresarial (empresários) para gerir as atividades (empresa). Esse gestor ou administrador pode fazer parte da sociedade empresarial ou não (terceiro) e ele é responsável pela gestão dos recursos que são empregados para se atingir determinados objetivos estabelecidos (MARION, 2009). Inclusive, ele pode ser responsabilizado por um insucesso devido à má gestão. FIQUE ATENTO A empresa é a atividade exercida pelo empresário ou a sociedade empresária, enquanto o empresário é a pessoa individual ou coletiva que tem a iniciativa de organizar a atividade econômica. - -3 Portanto, a exposição e a correta assimilação desses conceitos é uma forma de se evitar as imprecisões técnicas, principalmente no campo do direito e da contabilidade empresarial. Alterações do Novo Código Civil A primeira edição do Código Civil brasileiro foi publicada em 1916, instituído pela Lei N. 3.071. Trata-se de um conjunto de normas, que determinam os direitos e deveres das pessoas, dos bens e das suas relações de âmbito privado, com base da Constituição Nacional (ZARIAS, 2010). Figura 2 - Código Civil Fonte: r.classen, Shutterstoick, 2020. A versão vigente do Código Civil, denominada Novo Código Civil, foi publicada em 2002, sob a Lei N. 10.406. FIQUE ATENTO O sócio é a pessoa física ou jurídica que detém uma fração de um contrato de uma sociedade empresarial, enquanto o gestor ou administrador pode ou não fazer parte da sociedade e visa a gestão de recursos em prol dos objetivos estabelecidos. - -4 A versão vigente do Código Civil, denominada Novo Código Civil, foi publicada em 2002, sob a Lei N. 10.406. Segundo o Senado Federal (BRASIL, 2018), seu propósito foi trazer mais igualdade de direitos entre homens e mulheres e conceder maior isonomia às relações comerciais e patrimoniais. No que tange às relações comerciais, especificamente, o Novo Código Civil difere do anterior basicamente por conferir maior transparência e responsabilidade às negociações e interações realizadas pelas empresas, sobretudo a gestão de sociedades. Nomenclaturas também foram redefinidas. No tipo jurídico da sociedade, por exemplo, abandonou-se o nome "sociedade por cotas de responsabilidade limitada", permanecendo apenas "sociedade limitada". Quanto a definição do nome, a nova legislação determina que este não seja idêntico ou semelhante a outro já registrado. Devendo o proprietário, neste caso, atentar-se às exigências contidas na própria legislação. A responsabilidade dos sócios, segundo o Novo Código Civil, deve ser limitada ao valor e suas quotas e, solidariamente, pela integralização do Capital Social. O prazo da sociedade, nesse contexto, deve ser indicado no Contrato Social, destacando se a relação se dará por tempo determinado ou indeterminado. No que se refere as deliberações dos sócios, o Novo Código Civil estabelece maiorias impositivas, ratificando a decisão da maior parte. O aumento de capital, conforme a legislação, somente poderá ser realizado depois de sua integralização e, mediante a alteração do Contrato Social. Como pode ser observado, as alterações realizadas pelo Novo Código Civil não se limitaram a nomenclaturas, conceitos e teorias, mas abrangem a prática empresarial, sua configuração enquanto pessoa jurídica e normas no que tange às sociedades e seus respectivos sócios. Veremos a seguir os tipos de sociedades empresárias. Tipos de sociedades empresárias Agora que já vimos a distinção entre empresário e empresa, bem como as mudanças que ocorreram na legislação nos últimos anos, vamos estudar as sociedades empresariais e como elas podem ser constituídas. O empresário é a pessoa jurídica que pode ser constituída por uma ou mais pessoas e que visa a organização de uma atividade econômica. Perceba que nesse caso, a pessoa jurídica não se realiza sem a presença de pessoas físicas e é nessa junção que reside a preocupação. Quando a pessoa física se coloca como uma pessoa jurídica (parcial ou totalmente), ela assume a responsabilidade sobre os impactos gerados pela empresa. Assim, é comum falar que os sócios não apenas colhem os bônus de fazer parte da sociedade empresarial, mas também seus ônus (RIBEIRO, 2010). Agora imagine a seguinte situação: a empresa deve aos seus fornecedores e é executada judicialmente, é justo tomar os bens dos sócios para o pagamento da dívida, caso os da empresa não sejam suficientes? A resposta depende do nível de responsabilidade que os sócios acordaram na hora de constituir a sociedade empresarial, ou seja, se a responsabilidade for ilimitada, os sócios podem perder seus bens particulares, o que é bem diferente caso a sociedade se caracterize como responsabilidade limitada. - -5 Figura 3 - Responsabilidade financeira dos sócios Fonte: Syda Productions, Shutterstock, 2020. Na sequência vejamos cada um desses casos. · Sociedade Simples: nessa modalidade as atividades devem estar relacionadas somente com a prestação de serviços e a sua constituição está estabelecida no Código Civil. · Sociedade em Nome c=Coletivo: nessa modalidade todos os sócios definem os limites das suas responsabilidades e por quais obrigações financeiras e fiscais respondem. Essas duas são asformais mais simples de organização e as próximas vão se configurando com maior complexidade. · Sociedade em Comandita Simples: nessa modalidade os sócios encontram-se organizados em Comanditados (pessoas físicas que são responsáveis pelas obrigações fiscais do negócio) e Comanditários (pessoas físicas que respondem conforme o valor da sua quota). No contrato social é preciso descriminar cada uma dessas categorias, além das especificações da sociedade em nome coletivo (RIBEIRO, 2010). · Sociedade Limitada: também chamada de LTDA, é uma das modalidades mais conhecidas no Brasil e é principalmente caracterizada pela existência de mais de um sócio, sendo eles pessoas físicas ou jurídicas. Além disso, cada sócio responde somente pela sua cota integralizada e o modelo ainda pode contar com a figura do - -6 disso, cada sócio responde somente pela sua cota integralizada e o modelo ainda pode contar com a figura do administrador (representante legal da sociedade empresarial) caso os sócios resolvam não exercer a administração diretamente (RIBEIRO, 2010). · Sociedade Anônima: essa é outra modalidade muito conhecida no Brasil e ela é melhor quando o negócio apresenta uma certa maturidade. Nesse caso, a responsabilidade não está atrelada aos nomes dos sócios, mas sim as ações, permitindo que os interessados no negócio possam vir a fazer parte a partir da compra de ações (evita a confecção de um novo contrato social). Figura 4 - Ações negociadas na Bolsa de Valores Fonte: Antonio Salaverry, Shutterstock, 2002. Como requisito mínimo é necessário haver pelo menos 7 acionistas e as responsabilidades avançam conforme a quantidade de ações reunidas sob um único acionista. Por sua vez, o capital social ainda pode ser dividido em: · aberto: quando as ações podem ser negociadas nas bolsas de valores; · fechado: quando a negociação de ações é direta sem intermediação da bolsa. · Sociedade Comandita por Ações: essa modalidade também tem seu capital social fragmentado em ações, mas suas operações não ocorrem por acionistas, e sim por uma firma ou denominação. As responsabilidades sociais ficam a cargo de um ou mais administradores nomeados, desde que essa nomeação ocorra no momento da constituição da sociedade. Além disso, qualquer inclusão ou destituição de um administrador tem que ser deliberado pelos representantes do capital social. · Sociedade Cooperativa: essa modalidade necessita de pelo menos 20 pessoas para formar a sociedade. Além disso, a forma de organização é democrática e permite a participação de todos, sempre pautada no respeito dos direitos e deveres de cada sócio. Nesse caso, a responsabilidade aqui é limitada e ilimitada simultaneamente, ou - -7 direitos e deveres de cada sócio. Nesse caso, a responsabilidade aqui é limitada e ilimitada simultaneamente, ou seja, limita quanto ao fato de os sócios responderem pelas suas cotas e ilimitada, no sentido que o sócio responde solidariamente pelas obrigações sociais (MARION, 2009). · Sociedade em Conta de Participação: essa modalidade é diferente de todas as outras, pois é formada por dois ou mais sócios, sem firma social e para atuar exclusivamente para o comércio. Geralmente, um dos sócios é comerciante e o contrato afeta somente os sócios. · Sociedade de Advogados: essa modalidade segue o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (Lei N. 8906/94) e rege exclusivamente sob a atividade do direito, especificando normas e regras exclusivas para essa atividade. Assim, apresentamos os nove tipos de sociedades empresariais que podem ser organizadas, bem como suas principais características. Claramente, percebemos que para determinadas situações há uma modalidade que melhor se adequa. Por isso, cabe ao aluno se aprofundar em cada um dos casos para melhor compreendê-los. Fechamento Iniciamos o capítulo 8 entendendo a diferença entre "empresário" e "empresa". Importante reforçar que empresa é a atividade e empresário é a sociedade empresarial, extrapolando o conceito de pessoa física e pessoa jurídica. Depois, abordamos o Novo Código Civil, compreendendo seu objetivo, estrutura e principais alterações em relação a edição anterior. O novo texto prevê, sobretudo, maior igualdade de direitos entre homens e mulheres e maior isonomia às relações comerciais e patrimoniais. Por fim, conhecemos os diferentes tipos de Sociedades Empresárias, regidas e gerenciadas conforme suas características e particularidades. Referências BRASIL. . 2018. Disponível em: Novo Código Civil está completando 15 anos de vigência https://www12. . Acesso em:senado.leg.br/noticias/audios/2018/01/novo-codigo-civil-esta-completando-15-anos-de-vigencia 25 fev. 2020. MARION, J. C. . 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009.Contabilidade Empresarial RIBEIRO, O. M. . 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.Contabilidade Básica Fácil ZARIAS, A. A família do direito e a família no direito: a legitimidade das relações sociais entre a lei e a Justiça. EXEMPLO Uma empresa quer fazer um projeto para promover um novo produto e para isso vai contar com uma estrutura de eventos que será itinerante pelo Brasil. Nestas condições a melhor forma de sociedade é a Sociedade em Conta de Participação, pois permite o contrato entre pessoa jurídica e o promoter para se alcançar o objetivo determinado, sendo que ao atingi-lo ou ao se extinguir o período a sociedade termina automaticamente. https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2018/01/novo-codigo-civil-esta-completando-15-anos-de-vigencia https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2018/01/novo-codigo-civil-esta-completando-15-anos-de-vigencia - -8 ZARIAS, A. A família do direito e a família no direito: a legitimidade das relações sociais entre a lei e a Justiça. , v. 25, n. 74, 2010. Disponível em: . Acesso em: 26RBCS http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v25n74/a04v2574.pdf fev. 2020. http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v25n74/a04v2574.pdf Introdução Diferença dos conceitos de empresário e empresa Sócios Alterações do Novo Código Civil Código Civil Tipos de sociedades empresárias Responsabilidade financeira dos sócios Ações negociadas na Bolsa de Valores Fechamento Referências
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