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estágio supervisionado ii FarMáCia UNIDADE IV 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD ___________________________________________________________________________ Barbosa, Irla Carla de França. Estágio Supervisionado II – Farmácia: Unidade 4 - Recife: Grupo Ser Educacional, 2021. ___________________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 Sumário Para início de converSa ...................................................................................... 4 a imPorTÂncia do conTroLe de QuaLidade na indÚSTria FarmacÊuTica ........................................................................................................... 6 Programa Lean management ........................................................................................................... 6 Programa Seis Sigma ......................................................................................................................... 7 Programa 5s ......................................................................................................................................... 9 melhoria na qualidade de vida e iSo 9001 ..................................................................................... 10 o FarmacÊuTico na indÚSTria de aLimenToS ............................................ 11 Bromatologia ........................................................................................................................................ 12 microbiologia de alimentos .............................................................................................................. 13 o PerFiL do ProFiSSionaL FarmacÊuTico na indÚSTria ......................... 16 4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - FARMÁCIA UNIDADE IV Para início de converSa Querido (a) aluno (a), apresentamos em nosso encontro anterior mais um ramo que pode ser seguido pelo farmacêutico: a indústria farmacêutica de medicamentos. Conhecemos um pouco do histórico da indústria pelo mundo, os tipos de medicamentos que podem ser produzidos e vimos, em linhas gerais, a RDC, documento que regulamenta o funcionamento desse tipo de indústria. Neste guia IV, você conhecerá o perfil do farmacêutico que trabalha em indústrias de medicamentos e saberá suas atribuições neste ramo. Além disso, conheceremos outro tipo de indústria na qual o farmacêutico pode atuar: a indústria de alimentos. É muito importante que você conheça estas vertentes da sua profissão, pois isso guiará você na sua carreira profissional a partir de agora. Está pronto (a)? Vamos lá! orienTaçõeS da diSciPLina A disciplina de Estágio Supervisionado II tem o objetivo de trazer para você um pouco do cenário de duas vertentes do campo profissional do farmacêutico: a farmácia magistral e a indústria. Ao final da disciplina, você terá uma ideia mais clara de como funcionam estes setores, quais as exigências que são impostas pela vigilância sanitária para manter o seu funcionamento e quais são suas responsabilidades enquanto farmacêutico. Toda a disciplina é baseada em resoluções publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e também colocaremos em pauta alguns pontos para que você possa observar questões práticas. Além disso, falaremos um pouco sobre o perfil que o farmacêutico precisa ter para atuar nesta área e sobre indústria de alimentos, um ramo não tão procurado pelos farmacêuticos, mas do qual ele pode fazer parte. Ao final desta unidade você vai estar apto a contribuir com o seu local de estágio, aplicando os conhecimentos adquiridos. 5 PaLavraS do ProFeSSor Querido (a) aluno (a), neste ponto da disciplina, você já terá bastante conhecimento sobre sua atuação como estagiário na indústria farmacêutica e na farmácia de manipulação. Tratamos de assuntos relacionados aos seus possíveis locais de atuação e como você deve atuar, guiando-se pela legislação. Neste guia, abordaremos assuntos ligados ao profissional e responderemos à seguinte pergunta: qual deve ser o perfil do farmacêutico para trabalhar na indústria? Não apenas isto, você saberá em qual outro tipo de indústria você também poderá atuar ao final de sua graduação. É muito importante que você se dedique e explore todos os materiais e leituras complementares! Bons estudos! 6 a imPorTÂncia do conTroLe de QuaLidade na indÚSTria FarmacÊuTica O constante crescimento da indústria farmacêutica traz consigo a necessidade de desenvolvimento de métodos de controle e gestão da qualidade, estimulando a competitividade e a permanência das indústrias neste setor. Ao longo da sua vivência na disciplina de estágio, ficará cada vez mais clara a importância e a presença do controle de qualidade. Ele é de suma importância para assegurar a qualidade, a segurança, eficácia e credibilidade dos medicamentos junto ao mercado consumidor. O processo de desenvolvimento de comercialização de medicamentos passa por um longo processo, que além de demandar anos de pesquisa, também requer um alto investimento financeiro. vocÊ SaBia? Para termos uma ideia da complexidade por trás da comercialização de um medicamento, de um total de 5 a 10 mil moléculas que apresentam algum potencial terapêutico, apenas 250 são avaliadas em ensaios pré-clínicos. Destas, apenas 5 serão avaliadas clinicamente e apenas 1 seguirá para o mercado farmacêutico, após aprovação e registro para uso. O restante (a grande maioria) é dispensado ao longo dos ensaios, devido à sua toxicidade. Atualmente, no Brasil, existem cerca de 396 indústrias farmacêuticas, sendo a maioria na região sudeste. Mundialmente, a indústria farmacêutica conta com mais de 10 mil empresas, sendo os Estados Unidos o maior produtor e consumidor deste mercado. A indústria farmacêutica vem crescendo dia após dia, não apenas financeiramente, mas também no quesito qualidade dos medicamentos, modernidade e segurança, o que exige cada vez mais minúcias no processo produtivo. A produção de um novo medicamento demanda muita tecnologia, que se faz necessária durante as etapas do processo através da realização de ensaios que comprovem a qualidade do produto. Esta qualidade, como já vimos ao longo da disciplina, é verificada desde a chegada da matéria-prima até o produto acabado. Além das Boas Práticas de Fabricação, instituídas pela legislação, existem outros programas de direcionamento que ajudam as empresas a melhorar os seus atributos. Vamos conhecer alguns destes programas a seguir, e descobrir como eles ajudam a indústria farmacêutica. Programa Lean management Atualmente, as empresas têm enfrentado o desafio de atender aos critérios dos clientes com qualidade, rapidez e flexibilidade. Diante da competitividade, as empresas precisam entregar seus produtos de ??? 7 maneira rápida e eficaz. Assim, para enfrentar este desafio, muitas empresas têm buscado o programa Lean Management. Esse programa tem como objetivo a redução de desperdícios, tanto de tempo quanto de materiais, e a melhoria da qualidade de vida através de ferramentas como Seis Sigma, 5s e pensamento Lean, as quais iremos ver com mais detalhes adiante. A sua metodologia abrange um conjunto de técnicas e ferramentas que, em conjunto, permitem que a empresa identifique e elimine sete tipos de desperdícios: Em síntese, o programa é definido como uma abordagem sistemática, que utiliza preceitos de melhoria contínua para identificar e reduzir desperdícios. Dentre os benefícios trazidos pela implementação deste programa,podemos dizer que, além de tornar o processo produtivo mais enxuto, ele proporciona flexibilização para que a empresa se adapte às mudanças do mercado. Como consequência, as empresas alcançam redução e eliminação de perdas, redução de custo, melhoria na qualidade dos processos, produtos e serviços e, principalmente, a satisfação do cliente. Programa Seis Sigma Este programa surgiu em 1987 quando a empresa Motorola passou a receber reclamações relacionadas a falhas nos produtos eletrônicos manufaturados dentro do prazo da garantia. A empresa, por sua vez, iniciou estudos para melhorar a variabilidade nos processos de produção, enfatizando o conceito de melhoria contínua. Após essa nova abordagem, a empresa atingiu um alto desempenho de produtos livres de defeitos, aumentou a confiabilidade no produto final e a redução de perdas. O objetivo do programa Seis Sigma é reduzir a variação nos processos de produção de maneira contínua, de 8 modo a eliminar defeitos ou falhas nos produtos ou serviços. Sua aplicação envolve diversas ferramentas para identificação, análise e solução dos problemas, baseado na coleta e tratamento de dados. A imagem a seguir mostra resumidamente os objetivos do Programa Seis Sigma: definir, mensurar, analisar, melhorar e controlar. Estas ações funcionam em um ciclo contínuo, tendo por objetivo a manutenção dos parâmetros de qualidade. Fonte: https://fluxoconsultoria.poli.ufrj.br/blog/seis-sigma-5-passos-para-otimizar-o-seu-controle-de-qualidade/ Quando comparada com indústrias de outros setores, a indústria farmacêutica ainda está no início da implementação do Programa Seis Sigma, embora este venha sendo cada vez mais aplicado. Um estudo realizado por Guimarães et al (2006), abordou a execução de um projeto Seis Sigma em uma indústria farmacêutica no setor de produção de enzimas, pois havia um alto índice de contaminações dos lotes de fermentação, o que estava gerando altos prejuízos para a empresa. Apesar das barreiras encontradas ao longo do projeto, os autores observaram que a mudança cultural causada pela implementação do projeto foi significativa, pois as pessoas envolvidas passaram a trabalhar de maneira mais estruturada, buscando alinhamento com as estratégias da empresa. LeiTura comPLemenTar O Six Sigma é uma metodologia com ferramentas e técnicas estatísticas focadas na remoção de defeitos e na redução da variabilidade do processo. A designação Seis Sigma está relacionada à ligação entre a quantidade de defeitos por milhão de oportunidades e a quantidade de desvios padrão encontrados dentro de uma especificação de processo. Na estatística, sigma é uma referência aos períodos abaixo de uma curva normal ou “Gaussiana”. Cada intervalo é equivalente a um desvio padrão ou sigma. Portanto, Six Sigma refere-se a mais ou menos três sigma, a partir da média dos dados. No caso de um processo normal, 68,26% dos pontos de dados estão dentro de mais ou menos um sigma, a partir da média; 95,46% estão dentro de dois sigma e 99,73% estão incluídos em três sigma. Uma variação de procedimento superior a mais ou menos três sigma deve ser melhorada. 9 Tendo um processo competente do Seis Sigma, apenas poucas falhas possíveis podem cair nos limites das especificações. Um processo é classificado como Seis Sigma quando produz somente 3.4 defeitos em 1.000.000 de oportunidades. Exemplo: de 1.000.000 notebooks fabricados somente 3.4 apresentaram defeitos. Disponível em: http://sereduc.com/PnpS7b Programa 5s Este programa contribui com o aprimoramento e administração do tempo e com a maximização dos processos produtivos do cotidiano. O principal objetivo do programa é aumentar a produtividade do trabalho através de mudanças comportamentais, incorporando novos hábitos, valores e costumes. Para isso, o processo visa organizar o local de trabalho, mantendo-o limpo e arrumado, bem como manter as condições de saúde, higiene e autodisciplina, para que seja possível realizar um trabalho com qualidade. O programa 5s foi criado por japoneses e compreende 5 diferentes fases, iniciadas com a letra s: seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke. Essas fases vieram para a língua portuguesa em cinco sensos diferentes: Cada um dos cinco sensos contribui no alcance dos requisitos estabelecidos e sua manutenção. Apesar de os estudos sobre os 5s na indústria farmacêutica serem escassos, existem pesquisas sobre a implementação deste programa em outros setores. Diferentes estudos demonstraram que a aplicação do programa 5s contribui efetivamente para a melhoria na prestação de serviços ao usuário, criando um clima de confiança, autodisciplina, responsabilidade e qualidade no local de trabalho. http://sereduc.com/PnpS7b 10 melhoria na qualidade de vida e iSo 9001 Para manter a qualidade dos resultados obtidos através de programas de boas práticas de gestão, é importante estar atento à qualidade de vida dos funcionários envolvidos no processo. Por este motivo, é extremamente importante que esses processos também tenham em vista a melhoria do bem-estar, saúde ocupacional, meio ambiente e segurança da empresa. Assim, para garantir a qualidade de vida dos funcionários, é fundamental que a indústria farmacêutica se adeque aos itens estabelecidos pela norma ISO 9001/00. A ISO 9001 (International Standards Organization) compreende um conjunto de normas que orientam a implantação de sistemas de garantia da qualidade e são aceitos na maioria dos países. Ela é baseada em oito princípios de gestão: • cliente: atender e superar suas expectativas; • liderança: instituir um ambiente interno receptivo às alterações de rotina e de cultura dos colaboradores; • pessoal: interdisciplinaridade, onde todos os níveis hierárquicos devem estar envolvidos; • abordagem de processo: gerenciamento e controle; • abordagem sistêmica: identificar, compreender e gerenciar os processos e suas inter- relações; • melhoria contínua: objetivo constante de desempenho global; • factual: avaliação constante dos dados e informações; • fornecedores: interdependência e fortalecimento da relação com fornecedores, cujos benefícios recíprocos elevam o valor agregado dos dois lados (ROCHA, 2014). A função da ISO é padronizar as normas técnicas de qualidade a nível mundial. Para a indústria farmacêutica, a ISO traz benefícios, pois favorecem as exportações, a comunicação entre vendas e produção, a integração dos setores de logística, além de colocar a indústria farmacêutica dentro dos padrões internacionais. Com base nisso, fica clara a importância do controle de qualidade na indústria farmacêutica, pois permite que as empresas superem seus níveis de excelência e possam se fortalecer e se destacar diante da concorrência. Vale lembrar que o resultado final é um medicamento e que qualquer falha no seu processo de desenvolvimento pode resultar em graves danos à saúde da população, assim como em um impacto negativo da empresa frente aos consumidores. É importante destacar que cada indústria tem suas características próprias e que não existe um processo de gestão pronto, pois as soluções irão variar de uma empresa para outra. Isto significa que você deve estar observando constantemente o seu local de estágio, aplicando os conhecimentos técnicos adquiridos ao longo da disciplina e tendo a consciência de que cada um terá uma experiência distinta, e que este conhecimento que você irá obter certamente lhe ajudará na carreira profissional. 11 o FarmacÊuTico na indÚSTria de aLimenToS Quando falamos em indústria e em farmacêutico, é comum relacionar este profissional à indústria de medicamentos. Porém, além da indústria de medicamentos e de cosméticos, você poderá atuar também na indústria de alimentos. Na verdade, o farmacêutico não só pode atuar, como também é um dos profissionais mais bem preparados para assumir esta responsabilidade técnica, já que outros profissionais também podem atuar na área. No entanto, a regulamentação da atuação do farmacêuticona carreira de alimentos deu-se apenas no ano de 2010 com a publicação da RDC No 530/2010 do Conselho Federal de Farmácia, que dispõe sobre as atribuições e responsabilidade técnica do farmacêutico nas indústrias de alimentos. A atuação do farmacêutico na indústria de alimentos abrange controle, pesquisa, desenvolvimento, assuntos regulatórios, marketing, auditoria de qualidade, produção e análises de alimentos. Entre as principais funções do farmacêutico na indústria de alimentos, estão: • desenvolvimento de métodos para obtenção de produtos alimentares voltados ao consumo humano e veterinário; • análise bromatológica e toxicológica; • controle microbiológico, químico e físico-químico das matérias-primas e produtos; • desenvolvimento, produção e controle da qualidade de alimentos, processos fermentativos, nutracêuticos e alimentos de uso enteral e parenteral; • desenvolvimento de estratégias que estejam de acordo com as exigências de boas práticas de fabricação; • acompanhamento na normatização e fiscalização junto à vigilância sanitária de alimentos. A RDC No 530/2010, já citada acima, regulamenta a atuação do farmacêutico na produção dos seguintes alimentos, além de outros produtos relacionados a esta área: • açúcar, melaço e derivados; • alimentos de origem animal e vegetal; • bebidas alcoólicas e não alcoólicas; • grãos e derivados; • laticínios e/ou derivados do leite; • pescados; • pães e massas; • mel e derivados; • adoçantes; • água e água adicionada de sais; • alimentos congelados; • alimentos light e diet; • alimentos para controle de peso; • alimentos para fins especiais; • alimentos para nutrição enteral; 12 • alimentos de transição para lactentes e crianças de primeira infância; • alimentos para nutrição animal; • biscoitos e bolachas; • suplementos dietéticos; • suplementos vitamínicos e/ou minerais; • embalagens para produtos alimentícios; Dentro da carreira de alimentos, o farmacêutico pode ainda atuar em setores distintos. A seguir, veja algumas áreas relacionadas a este profissional no ramo alimentício. Bromatologia A bromatologia deriva do grego “broma”, que significa alimentos, e de “logos”, que significa estudo. Ou seja, é a ciência que estuda os alimentos. Este estudo dos alimentos acontece desde a sua composição química, valor nutricional, valor energético, propriedades físicas e químicas e quais são seus efeitos nos organismos. Na indústria, são responsabilidades do farmacêutico bromatologista: • gerenciar os treinamentos em Boas Práticas de Fabricação; • planejar e desenvolver estratégias que estejam de acordo com as exigências das Boas Práticas de Fabricação; • dirigir, gerenciar ou executar processos relacionados ao SAC; • dirigir ou gerenciar o setor de validação de processos; • dirigir, gerenciar ou executar processos relacionados aos setores de garantia e controle de qualidade; • dirigir, gerenciar ou executar processos relacionados ao setor de produção; • dirigir, gerenciar ou executar processos relacionados aos setores de desenvolvimento de produtos e embalagens; • dirigir, gerenciar ou executar processos relacionados ao setor comercial; • dirigir, gerenciar ou executar processos relacionados aos setores de controle de produção e programação; • construir fluxograma de execução para os procedimentos de produção e controle de qualidade; • acompanhar a auditoria sanitária; • ser responsável pelas auditorias no parque fabril, com o intuito de cumprir as Boas Práticas de Fabricação. Já nos laboratórios de análise de alimentos, suas responsabilidades são: • desenvolver programas de controle de qualidade interno e externo; • gerenciar o processo de gestão laboratorial; • realizar e gerenciar supervisão técnica, operacional e administrativa; 13 microbiologia de alimentos A esta altura, já deve estar claro para você o que é a microbiologia, que é a área que estuda os micro- organismos. Na indústria de alimentos, esta área é de extrema importância, pois garante que o alimento esteja inócuo, ou seja, livre de perigos para quem o consome, desde o seu processamento até sua vida útil. A microbiologia dos alimentos engloba aspectos da ecologia microbiana e de biotecnologia para a produção. Os micro-organismos podem ser: • agentes de deterioração de alimentos; • agentes patogênicos transmitidos por alimentos; • produtores de alimentos. Diversos métodos de conservação são aplicados com o objetivo de evitar alterações indesejáveis, sejam elas de origem microbiana, enzimática, física ou química. Tais estratégias visam o aumento da estabilidade de produtos alimentícios, para que sejam mantidas as propriedades nutricionais e sensoriais, assim como a sua durabilidade. Além do calor do sol, frio do inverno ou do próprio gelo e a fumaça do fogão, que são procedimentos naturais de conservação, existem processos físico-químicos ou biológicos como secagem, salga, cristalização, fermentação etc., que permitem aumentar a vida útil dos produtos alimentícios em dias, meses ou anos. Como regra geral, os melhores processos são aqueles que garantem um satisfatório prazo de validade e alteram o mínimo possível as características naturais dos alimentos. A microbiologia dos alimentos trata dos processos em que os micro-organismos influenciam nas características dos produtos de consumo alimentício humano ou animal. Dentre os processos de conservação realizados, existe um processo no qual você certamente já ouviu falar: a pasteurização. Ela consiste em um tratamento térmico que elimina micro-organismos termossensíveis presentes no alimento. A temperatura não passa dos 100oC e pode ser produzido por vapor, água quente, radiações ionizantes, calor seco, micro-ondas etc. Existem outros tratamentos térmicos de temperaturas mais elevadas, porém a pasteurização é escolhida quando estes tratamentos elevados podem causar perda de qualidade significativa ou quando os agentes patogênicos não são muito termorresistentes. A pasteurização pode ser feita das seguintes maneiras: • rápida: conhecida como high temperature, short time (HTST), em português, temperatura alta, tempo curto. Nesse processo utiliza-se temperaturas superiores a 70ºC por alguns segundos. • lenta: conhecida como low temperature, long time (LTLT), em português, temperatura baixa, tempo longo. Esse processo utiliza temperaturas entre 58°C e 70°C por alguns minutos. Dentre os produtos para os quais a pasteurização é fundamental, encontra-se o catchup, o leite, sucos, vinhos, cerveja e laticínios. 14 A qualidade microbiológica dos alimentos depende, inicialmente, da quantidade do micro-organismo presente no alimento e, depois, da sua multiplicação. A contaminação inicial é representada pela qualidade das matérias-primas e pela higiene (de ambientes, manipuladores e superfícies). Existem fatores inerentes aos alimentos, também chamados de parâmetros intrínsecos, que são o pH e a atividade de água (Aa), e os fatores extrínsecos ligados ao ambiente, que são a temperatura, umidade relativa e presença de gases. Fatores intrínsecos 1. Atividade de água (Aa): este parâmetro mede a disponibilidade da água presente em cada alimento. Isso porque os micro-organismos dependem de água para a sua sobrevivência (metabolismo e multiplicação). Ou seja, quanto maior a atividade de água de um alimento, maior a presença de micro-organismos. Existem maneiras de reduzir a Aa, que são: adição de solutos (sais e açúcares) e remoção da água (desidratação e congelamento). Veja a seguir os principais grupos de alimentos e sua atividade de água: • 0,98 e acima: carne frescas e peixe fresco; frutas e vegetais; leite e outras bebidas; vegetais enlatados em salmoura e frutas enlatadas em calda leve. • Abaixo de 0,98 até 0,93: massa de tomate; carnes curadas; queijo Gouda; pão; queijo processado; salsichas cozidas; carnes e peixes levemente salgados. • Abaixo de 0,93 até 0,85: carne seca, presuntocru, leite condensado, queijo cheddar maturado. • Abaixo de 0,85 até 0,60: frutas desidratadas; farinhas; cereais; geleias; melado; pescado fortemente salgado; nozes; alguns queijos maturados. Bactérias patogênicas não se desenvolvem nestes intervalos de Aa. Pode ocorrer deterioração por micro- organismos xerofílicos, osmofílicos ou halofílicos. • Abaixo de 0,60: chocolate; mel; macarrão; biscoitos; batata chips, leite em pó, vegetais desidratados. Micro-organismos não se multiplicam abaixo de 0,60, mas podem permanecer viáveis por tempo prolongado. 2. Potencial Hidrogeniônico (pH): existem valores mínimos, ótimos e máximos. De modo geral, o pH neutro (6,5 - 7,5) é o ideal. As bactérias não toleram grandes variações de pH; fungos e leveduras são mais acidófilos. Em função do pH, os alimentos são divididos em 3 grupos: • baixa acidez: pH acima de 4,5. • ácidos: pH entre 4,0 e 4,5. • muito ácido: pH abaixo de 4,0. Essa classificação está baseada no pH mínimo para multiplicação e produção de toxina de Clostridium botulinum (4,5) e no pH mínimo para multiplicação da grande maioria das bactérias (4,0). Dessa forma, alimentos de baixa acidez (pH > 4,5) são os mais sujeitos à multiplicação microbiana, tanto de espécies patogênicas quanto de espécies deteriorantes. Já nos alimentos ácidos (pH entre 4,0 e 4,5), há predominância de crescimento de leveduras, de 15 bolores e de algumas poucas espécies bacterianas, principalmente bactérias láticas e algumas espécies de Bacillus. Nos alimentos ácidos (pH < 4,0), o desenvolvimento microbiano fica restrito quase que exclusivamente a bolores e leveduras. Fatores extrínsecos 1. Temperatura: fator de grande importância, influenciando a velocidade das reações químicas ligadas ao processo de crescimento. O processo de crescimento depende de reações químicas e a intensidade destas reações depende da temperatura. Classificação dos micro-organismos de acordo com a temperatura: • Micro-organismos Psicrófilos (desenvolvem em alimentos de geladeira): temperatura ótima de desenvolvimento de 10 a 15°C. • Micro-organismos Mesófilos: temperatura ótima de desenvolvimento de 25 a 40°C (corresponde a grande maioria de micro-organismos de importância em alimentos- pseudômonas). • Micro-organismos Termófilos (gênero bacillus e clostridium): temperatura ótima de desenvolvimento de 45 a 60°C. • Micro-organismos Hipertermófilos: temperatura ótima de desenvolvimento acima de 60°C. 2. Umidade: este parâmetro tem ligação direta com a atividade de água no alimento, principalmente quando este se encontra em condições inadequadas de armazenamento. Com uma umidade relativa alta, o crescimento microbiano inicia mais rapidamente, mesmo a baixas temperaturas (especialmente quando os refrigeradores não são mantidos em um estado descongelado). Quando os alimentos mais secos são colocados em ambientes úmidos, pode ocorrer uma absorção de umidade por parte da superfície do alimento, permitindo, eventualmente, o crescimento de micro-organismos. No contexto de alimentos, o farmacêutico também pode atuar na produção de nutrição parenteral, que corresponde à infusão por via intravenosa de nutrientes diretamente na circulação sanguínea do paciente. Nesta área, o farmacêutico avalia os aspectos clínicos relacionados ao controle de qualidade das preparações e pode auxiliar na sua produção. A toxicologia de alimentos também pode fazer parte da rotina do profissional. Os objetivos deste campo são: identificar substâncias presentes nos alimentos e estabelecer formas de como essas substâncias podem ser ingeridas, para que não atinjam níveis prejudiciais à saúde do consumidor. Os alimentos podem ser contaminados por substâncias tóxicas de origem natural (por exemplo, aquelas produzidas naturalmente por alguns micro-organismos) ou de origem sintética (por exemplo, os aditivos que são adicionados intencionalmente nos alimentos, com diferentes objetivos, como melhorar propriedades organolépticas, prevenir alterações indesejadas etc.). Deste modo, as análises toxicológicas em alimentos existem para identificar possíveis toxinas e avaliar suas concentrações, se estão sendo utilizados de maneira correta (no caso dos aditivos), entre outros (UFES, 2008). 16 o PerFiL do ProFiSSionaL FarmacÊuTico na indÚSTria Dentro da indústria farmacêutica há uma vasta área de atuação para os profissionais farmacêuticos. Estes devem ser profissionais atuantes, dinâmicos e sempre atualizados para acompanhar o ritmo da indústria. Graças à existência de diversas áreas nas quais o farmacêutico pode atuar, há espaço para profissionais com diversos perfis, adaptando cada personalidade a uma determinada área. A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em 1997, um documento que destacou o perfil que um farmacêutico deve apresentar para então ser chamado de “Farmacêutico 7 Estrelas”. Dentre as qualidades listadas estão: • habilidade para tomada de decisão: este profissional deve tomar decisões racionais usando a criatividade e agir com objetividade. • boa comunicação: o farmacêutico da indústria está inserido dentro de equipes multidisciplinares, portanto, deve buscar informações sobre vários campos de conhecimento. Assim, ter um bom diálogo o torna um bom negociador, com grande capacidade de fechar acordos. • liderança e capacidade de gestão: deve possuir eficiência, capacidade de traçar metas e a capacidade de adaptação rápida à mudança, o que o torna mais estável nessa posição. • atualização permanente e habilidade para ensinar: precisa sempre buscar treinamentos novos e reciclagens dos colaboradores dentro de toda a cadeia produtiva, visando manter os níveis de qualidade exigidos na atualidade, bem como em todas as atividades que indiretamente possam afetar o produto final, que é o medicamento destinado à população. Portanto, o farmacêutico da indústria que está inserido no contexto das atividades, diante da possibilidade de colocar em prática seu conhecimento, precisa utilizar e transmitir tal conhecimento. • prestador de serviço dentro de uma equipe de saúde: no campo da atenção à saúde, o farmacêutico deve estar apto a desenvolver ações de promoção, prevenção, proteção e reabilitação em nível individual e coletivo; assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde; realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da bioética (ética da vida); ter em conta que a responsabilidade da atenção à saúde somente se encerra com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. 17 PaLavraS FinaiS Querido (a) aluno (a), estamos chegando ao final da nossa disciplina de Estágio Supervisionado II em Farmácia. Ao longo desse encontro, você teve a oportunidade de se aprofundar sobre a farmácia de manipulação e a prática do farmacêutico dentro dela. Além disso, você também conheceu mais a fundo a indústria farmacêutica, a Legislação que a regulamenta e o perfil ideal do farmacêutico industrial. De maneira complementar, vimos que o farmacêutico também pode se destacar em outros ramos da indústria além da de medicamentos, que é a indústria de alimentos, e quais os caminhos possíveis dentro desta área. Todo esse conhecimento aliado à prática de estágio que você está tendo, irá enriquecer a sua experiência e te ajudar bastante ao longo da vida profissional. Espero que você esteja aproveitando, estudando e se dedicando para ser um profissional exemplar e contribuir bastante com a sociedade. Um abraço, e sucesso no seu estágio e na sua vida! reFerÊnciaS BiBLioGráFicaS GUIMARÃES, I.F.G; RIBEIRO, P.G; SILVA N.F. Projeto Lean seis sigma e a sua relevância na redução de perdas na produção de enzima em uma empresa de produção farmacêutica. In: XIII SIMPEP, 2006, Bauru: São Paulo, 2006. ROCHA, T.G.; GALENDE, S.B. A importância do controle de qualidade na indústria farmacêutica. Revista Uningá Review,v. 20, n. 2, 2014. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n° 530/2010. Dispõe sobre as Atribuições e responsabilidade técnica do farmacêutico nas Indústrias de Alimentos. Disponível em: <https://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/530.pdf> Acesso em: 20 ago. 2021. GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. Microbiologia de alimentos. Técnico em nutrição e dietética. Disponível em: <https://www.seduc.ce.gov.br/wp-content/uploads/ sites/37/2011/10/nutricao_e_dietetica_microbiologia_de_alimentos.pdf> Acesso em: 20 ago. 2021. UFES – Universidade Federal do Espirito Santo. Toxicologia dos alimentos. Disponível em: <http://www.agais.com/tpoa1/curso/capitulo_7_tpoa1_ toxicologiaalimentos_2008.pdf> Acesso em: 20 ago. 2021. http://https://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/530.pdf https://www.seduc.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/37/2011/10/nutricao_e_dietetica_microbiologia_de_alimentos.pdf https://www.seduc.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/37/2011/10/nutricao_e_dietetica_microbiologia_de_alimentos.pdf http://www.agais.com/tpoa1/curso/capitulo_7_tpoa1_toxicologiaalimentos_2008.pd http://www.agais.com/tpoa1/curso/capitulo_7_tpoa1_toxicologiaalimentos_2008.pd 18 SANAR SAÚDE. Nutrição Parenteral: tudo que você precisa saber. Disponível em: <https://www.sanarsaude.com/blog/farmacia-farmaceutico-artigo-nutricao- parenteral> Acesso em: 20 ago. 2021. ICTQ – Instituto de Ciências, Tecnologia e Qualidade. A carreira do farmacêutico bromatologista. Disponível em: <https://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/517-a- carreira-do-farmaceutico-bromatologista> Acesso em: 20 ago. 2021. SBM – Sociedade Brasileira de Microbiologia. Microbiologia de alimentos. Disponível em: <https://sbmicrobiologia.org.br/areas/microbiologia-de-alimentos/> Acesso em: 20 ago. 2021. https://www.sanarsaude.com/blog/farmacia-farmaceutico-artigo-nutricao-parenteral https://www.sanarsaude.com/blog/farmacia-farmaceutico-artigo-nutricao-parenteral https://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/517-a-carreira-do-farmaceutico-bromatologista https://www.ictq.com.br/guia-de-carreiras/517-a-carreira-do-farmaceutico-bromatologista https://sbmicrobiologia.org.br/areas/microbiologia-de-alimentos _GoBack Para início de conversa A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Programa Lean Management Programa Seis Sigma Programa 5s Melhoria na qualidade de vida e ISO 9001 O FARMACÊUTICO NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Bromatologia Microbiologia de alimentos O PERFIL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA INDÚSTRIA
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