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Prévia do material em texto

CAMILA LOPES DE CARVALHO
JULIANA LANDOLFI MAIA
CAM
ILA LOPES DE CARVALHO e JULIANA LAN
DOLFI M
AIA
Educação Física Adaptada
Código Logístico
I000092
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-65-5821-042-9
9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 4 2 9
Educação Física 
Adaptada
Camila Lopes de Carvalho 
Juliana Landolfi Maia
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito das autoras e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Olga Miltsova/TeraVector/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C322e
Carvalho, Camila Lopes de
Educação física adaptada / Camila Lopes de Carvalho, Juliana Landolfi 
Maia. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 
130 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-042-9
1. Educação física para deficientes. 2. Esportes para deficientes. I. Maia, 
Juliana Landolfi. II. Título.
21-71524 CDD: 613.7087
CDU: 613.71-056.2
Camila Lopes de 
Carvalho
Doutora e mestra em Educação Física Adaptada 
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 
Especialista em Educação Especial e Educação Inclusiva 
pelo Centro Universitário Internacional (Uninter). MBA 
em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo 
(USP/Esalq/Pecege). Graduada em Educação Física 
pela Unicamp e em Pedagogia pela Universidade 
Paulista (Unip). Pesquisadora dos temas de educação 
e Educação Física e sua adaptação a pessoas com 
deficiências em um contexto inclusivo.
Juliana Landolfi 
Maia 
Doutoranda em Educação Física Adaptada e 
mestra em Biodinâmica do Movimento pela 
Unicamp. Especialista em Fisiologia do Exercício 
pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 
Graduada em Educação Física pela Unicamp. 
Ministrou as disciplinas de Exercício Físico para 
Populações Especiais, Organização de Eventos 
Esportivos, Estágio Supervisionado em Saúde e 
Esportes, Marketing Pessoal e Esportivo. Atua com 
formação continuada de professores e assessoria 
pedagógica em Educação Física.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
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SUMÁRIO
1 Conceitos da Educação Física Adaptada 9
1.1 Educação Física e a pessoa com deficiência 10
1.2 Práticas de Educação Física Adaptada 14
1.3 Educação Física Adaptada na escola 24
2 Esporte adaptado: história e educação paralímpica 29
2.1 História e organização do esporte adaptado no mundo 30
2.2 História e organização do esporte adaptado no Brasil 33
2.3 Esporte paralímpico: modalidades e classificação esportiva 38
2.4 Educação paralímpica na escola 43
3 Deficiências e transtornos 50
3.1 Deficiência física 51
3.2 Deficiência auditiva 63
3.3 Deficiência intelectual 66
3.4 Deficiência visual e cegueira 70
3.5 Transtorno do espectro autista 73
4 Inclusão, universalização e equidade 79
4.1 Conceitos e histórico da educação inclusiva 80
4.2 Princípios para implantação da educação inclusiva 90
4.3 Universalização e equidade x capacitismo e preconceito 95
5 Educação Física e a prática escolar inclusiva 103
5.1 Práticas de ensino 104
5.2 Metodologias ativas de aprendizagem 113
5.3 Competências socioemocionais 118
 Resolução das atividades 124 
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Vídeos
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Esta obra busca discutir a construção da subárea da 
Educação Física denominada de Educação Física Adaptada, 
trazendo reflexões a respeito da sua associação com a 
construção de uma educação e uma sociedade inclusivas. O 
campo de estudo da Educação Física Adaptada constitui-se 
de múltiplos aspectos, abarcando conhecimentos históricos 
e sociais da construção de paradigmas inclusivos e da 
superação de preconceitos, reflexões sobre a reestruturação 
da Educação Física para possibilitar a participação das pessoas 
com deficiência em suas atividades, informações sobre as 
variadas condições de deficiência, bem como a elaboração de 
estratégias para atender às variadas necessidades dos alunos 
e permitir que todos se desenvolvam, superando práticas 
excludentes e tradicionais em prol da efetivação de uma 
educação significativa e contributiva para todos.
Nesse viés, no primeiro capítulo discorremos sobre os 
conceitos presentes na Educação Física Adaptada, o processo 
histórico de construção dessa área de conhecimento e as suas 
principais práticas englobadas, como a reabilitação, a prática 
esportiva, o lazer e o contexto escolar.
No segundo capítulo tratamos especificamente do tema do 
esporte adaptado, apresentando a sua construção e organização 
internacional e, particularmente, brasileira. Esclarecemos, ainda, 
as diferenciações entre o esporte adaptado e o paralímpico, 
conhecendo possibilidades de modalidades e formas de 
classificação esportiva para campeonatos internacionais 
e ilustrando exemplos para explorar essas modalidades 
adaptadas no contexto educacional por meio da educação 
paralímpica na escola.
No terceiro capítulo propomos discussões a respeito 
das principais deficiências que podem ser apresentadas por 
um aluno, como a física, a auditiva, a intelectual, a visual, o 
transtorno do espectro autista e a cegueira. Também chegamos 
a compreensões acerca de seus conceitos, suas causas, suas 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Educação Física Adaptada
principais características e das intervenções pedagógicas diferenciadas que 
se mostram necessárias para cada condição.
No quarto capítulo abordamos a construção da educação inclusiva e a 
urgente necessidade de superação de preconceitos há muito arraigados em 
nossa sociedade para a consolidação de um ideal de equidade que proporcione 
a universalização de acesso aos direitos sociais fundamentais. Nesse sentido, 
organizamos os princípios que respaldam a implantação da educação inclusiva 
nas escolas, com estratégias de ações adequadas para esse fim.
Diante da importância de associar as discussões teóricas às possibilidades 
de intervenção na prática, no quinto capítulo ampliamos as discussões sobre a 
adequação da atuação do professor de Educação Física ao contexto inclusivo, 
expondo abordagens que têm sido exploradas nessa disciplina em sua prática 
escolar inclusiva.
Assim, este livro proporciona a construção de conhecimentos históricos 
e conceituais da Educação Física Adaptada, de modo associado às reflexões 
acerca de como organizar as possibilidades da sua exploração no ambiente 
escolar e, ao mesmo tempo, construir uma prática que valorize as diversidades 
e permita o desenvolvimento de todos os alunos.
Bons estudos!
Conceitos da Educação Física Adaptada 9
1
Conceitos da Educação 
Física Adaptada
Camila Lopes de Carvalho
Com o estudo deste capítulo você será capaz de:
• Entender os conceitos de Educação Física Adaptada.
• Refletir sobre o processo de construção histórica dessa área.
• Identificar possibilidades de práticas da Educação Física para 
a pessoa com deficiência, valorizando a participação inclusiva.
Objetivos de aprendizagem
A Educação Física é composta de conteúdos relacionados aos movi-
mentos corporais construídos ao longo da história, abarcando umagrande 
variedade de práticas possíveis de serem vivenciadas pelas pessoas. Dentro 
dessa proposta, a Educação Física Adaptada nos permite pensar em como 
possibilitar a acessibilidade de atividades da Educação Física às pessoas 
com diferentes condições ou necessidades.
Quando tratamos da participação das pessoas que pertencem aos gru-
pos minoritários – que não possuem grandes possibilidades de participa-
ção na sociedade por terem sido considerados inferiores – na Educação 
Física, como as pessoas que apresentam alguma condição de deficiência, 
vemo-nos entremeados de muitos aspectos que vão além do ensino de 
habilidades motoras ou técnicas.
Há aspectos legais que passaram a garantir o direito de todos às prá-
ticas da Educação Física e aspectos de construção do ideal de inclusão na 
sociedade e de valorização das diferenças individuais. Consequentemente, 
a formação do professor de Educação Física, capaz de atuar com um pú-
blico heterogêneo, com diferentes capacidades e características, faz parte 
dessa construção.
A Educação Física desponta como uma área imbuída de grande respon-
sabilidade social ao contribuir com a inclusão educacional, esportiva e so-
cial. Nesse sentido, para promover uma melhor compreensão acerca dessa 
atuação cidadã da Educação Física Adaptada, na primeira seção deste capí-
10 Educação Física Adaptada
tulo, apresentamos como essa área foi construída e quais os seus conceitos 
e conhecimentos envolvidos. Em seguida, na segunda seção, abordamos 
as principais práticas englobadas pela Educação Física Adaptada, como a 
reabilitação, a prática esportiva e o lazer, explorando algumas possibilida-
des de atividades que têm sido desenvolvidas. Por fim, na última seção, 
focamos a prática da Educação Física Adaptada no contexto escolar.
Assim, possibilitamos uma compreensão mais efetiva do contexto da 
Educação Física Adaptada, levando a uma viagem à subárea da Educação 
Física que abriu espaço para acolhermos as diversidades e enxergarmos 
possibilidades nas quais só víamos limitações.
1.1 Educação Física e a pessoa com deficiência 
Vídeo A origem de atividades físicas e o seu usufruto pelas pessoas com 
deficiência ou condições diferenciadas remontam à Antiguidade, sen-
do o seu início marcado pela exploração de atividades com finalidades 
predominantemente terapêuticas, ou seja, buscando o tratamento de 
doenças e debilidades do corpo. Durante os séculos XVI e XVII, era co-
mum o uso de uma atividade médica – depois chamada de ginástica 
médica – na qual eram explorados exercícios para o tratamento de 
pessoas com alguma condição de deficiência. Porém, apenas no século 
XIX, na Europa, a Educação Física passou a compor o currículo escolar, 
devido ao surgimento de escolas de ginástica que exploravam os exer-
cícios físicos com a intenção de desenvolver um corpo forte.
Esses espaços se tornaram importantes mundialmente após a 
constatação de que uma pessoa com um físico forte poderia ser mais 
eficiente como mão de obra para trabalhos na sociedade capitalis-
ta, ou seja, quanto mais conseguissem atuar nos trabalhos braçais, 
maior seria a produção e, consequentemente, o lucro. Na esteira do 
capitalismo, a Educação Física foi organizada e implantada nas escolas 
da Europa, por meio de métodos ginásticos empregados segundo o 
interesse de construção de uma classe operária disciplinada e fisica-
mente forte, saudável e eficiente para o mercado de trabalho. Nesse 
contexto, você consegue imaginar como era a participação de pessoas 
que não tinham o padrão de corpo e a aptidão física almejados? Foram 
afastadas das práticas da Educação Física, sendo vistas como incapazes 
de contribuir como força de trabalho (CASTRO, 2011).
No cenário escolar brasileiro, a Educação Física foi implantada se-
guindo esses mesmos métodos ginásticos, por meio de uma Reforma 
Conceitos da Educação Física Adaptada 11
Educacional denominada de Couto Ferraz, articulada por Rui Barbosa 
em 1851. Por essa implantação, à Educação Física cabia uma atuação 
voltada para a execução correta de movimentos técnicos específicos, 
principalmente do balé, da esgrima e da ginástica. Ao mesmo tempo, 
métodos esportivos fundamentados na técnica de gestos realizados 
nas diferentes modalidades de esportes influenciaram a área, conso-
lidando uma ênfase dos aspectos biológicos do corpo humano sobre 
os demais, como psicológicos, sociais e culturais (SILVA; ARAÚJO, 2012).
Diante desse contexto histórico, é possível imaginarmos como a 
Educação Física era uma área com pouco acesso às pessoas com de-
ficiência, as quais, já excluídas das possibilidades de participação nas 
diferentes atividades e funções sociais, não atenderiam às exigências 
de execução de movimentos técnicos padronizados. Com a Educação 
Física alicerçada em ideais de busca de padrões de movimentos e de 
construção de corpos físicos semelhantes a um modelo de perfeição 
estipulado como o adequado, tanto para as atividades do trabalho 
quanto para a saúde pública, um corpo que fugisse à regra não encon-
trava espaço nessa prática.
Silva e Araújo (2012) relatam, inclusive, que havia um decreto 
(Decreto n. 21.241, das Portarias n. 13 e 16) no ano de 1938 que proibia 
a matrícula de alunos que tivessem alguma patologia ou condição que 
os impedisse de participar das aulas de Educação Física nas instituições 
de ensino secundário.
Diante de todos esses impedimentos, as pessoas com deficiência 
encontraram uma possibilidade de vivência separada, fundamen-
tada nos ideais da Educação Física dita corretiva, que era baseada 
em um modelo médico de reabilitação de doenças e deficiências. 
A Educação Física Corretiva desenvolveu-se com maior força quan-
do, em 1944, o médico Ludwig Guttmann, do hospital de Stoke 
Mandeville, na Inglaterra, passou a utilizar modalidades esportivas 
como forma de tratamento de soldados que haviam sofrido lesões, 
principalmente medulares, durante a Segunda Guerra Mundial. 
Posteriormente, o profissional organizou competições entre esses 
pacientes, criando, em 1952, os Jogos Internacionais de Stoke 
Mandeville, com a participação de pessoas lesionadas de diferentes 
países, evento que deu origem aos Jogos Paralímpicos – campeona-
to mundial com diversas modalidades esportivas disputadas apenas 
por pessoas com deficiência (CASTRO, 2011).
12 Educação Física Adaptada
No Brasil, a presença das pessoas com deficiência em atividades 
esportivas também foi a forma inicial de participação delas na Educa-
ção Física. Na década de 1950, Robson Sampaio de Almeida e Sérgio 
Serafim Del Grande, que haviam adquirido deficiência física, realizaram 
um programa de reabilitação nos Estados Unidos que contava com a 
prática desses esportes adaptados e, ao retornarem ao Brasil, organi-
zaram o Clube dos Paraplégicos, em São Paulo, e o Clube do Otimista, 
no Rio de Janeiro, destinados a desenvolver essa prática no país (SILVA; 
ARAÚJO, 2012).
A prática da Educação Física pelas pessoas com deficiência recebeu 
vários nomes ao longo dos anos – Educação Física Hospitalar, Corretiva, 
de Reabilitação e Especial –, mas sempre com o mesmo objetivo médi-
co de tratamento terapêutico. Se hoje vemos pessoas com deficiência 
praticando esportes, vivenciando atividades de Educação Física escolar 
e usufruindo de várias práticas durante o lazer, significa que tivemos 
uma grande mudança de paradigma. Mas você tem ideia de como isso 
ocorreu?
Se até então a aproximação da Educação Física e da pessoa com 
deficiência era voltada para a reabilitação médica, o cenário foi re-
construído no ano de 1952, quando foi definido o termo Educação 
Física Adaptada, pela Associação Americana de Saúde, Educação Física 
e Recreação (ARAÚJO, 2011). Além de sugerir a sua denominação, a 
Associação passou a estruturar essa subárea para que ela fosse uma 
parte da Educação Física que se dedicasse e atendesse às pessoas com 
diferentes necessidades. Com isso, começaram a surgir as discussões 
sobre como adaptar as atividades segundo as necessidades e as carac-terísticas de cada um, elaborando, por exemplo, um planejamento de 
aulas que desse conta de desenvolver o potencial do aluno para além 
de suas limitações.
A Educação Física Adaptada não foi criada para abarcar apenas as pessoas com de-
ficiência, mas todos aqueles que se viam em dificuldade de vivenciar as práticas da 
forma padronizada que até então eram impostas. Assim, a Educação Física Adaptada 
organiza-se em torno da viabilização da participação de todos em suas atividades, in-
dependentemente das diferenças, seja uma condição de deficiência, um problema de 
saúde, seja uma diferença cultural.
Conceitos da Educação Física Adaptada 13
Na sequência, essas discussões foram fortalecidas com o apoio 
da publicação da Carta Internacional da Educação Física e do Esporte, 
pela Conferência da Organização das Nações Unidas para a Educação, 
a Ciência e a Cultura (Unesco) no ano de 1978. A Carta exigia que os 
professores de Educação Física de todos os contextos da prática, in-
clusive educacional, atuassem de modo a garantir a participação e o 
desenvolvimento integral de todos os alunos, considerando aqueles 
que apresentassem condições de deficiência, rompendo com a prática 
excludente até então vivenciada (UNESCO, 2013).
Em meio a essas grandes conquistas, terminologias foram 
alterando-se e confusões surgiram. Hoje, podemos dizer que não 
existe consenso de uma definição padrão para a Educação Física 
Adaptada, mas há uma concordância a respeito de sua finalidade: 
atuar permitindo a participação de todos em suas atividades. De 
modo geral, Araújo, Silva e Seabra Júnior (2008) esclareceram que a 
Educação Física Adaptada se refere às atividades de Educação Física 
para as pessoas com deficiência ou com outras dificuldades que es-
tejam em idade escolar, bem como realizadas de maneira conjunta 
com outras pessoas sem dada condição.
Na década de 1970, um segundo termo se expandiu: atividade física 
adaptada ou atividade motora adaptada. Castro (2011) a designa como 
um conjunto de áreas de conhecimento que atuam objetivando uma 
construção de programas de educação e de reabilitação para pessoas 
que não se encontram em idade escolar e que não se ajustam total ou 
parcialmente às exigências da sociedade. Ou seja, são as práticas de 
Educação Física para essa população fora do contexto escolar.
Podemos ainda citar a existência do termo Educação Física Especial, 
que foi explorado para indicar a área da Educação Física que oferece 
atividades apenas para grupos de pessoas com deficiência presentes 
em instituições especiais (SILVA; ARAÚJO, 2012).
Com base nas discussões que geraram esses termos, fomos al-
cançando reflexões que nos permitiram buscar uma Educação Física 
mais inclusiva, centrada em oferecer as práticas dessa área para to-
das as pessoas, em todos os locais e contextos, independentemente 
da condição de deficiência apresentada por cada um. Essa atuação 
foi oficializada, principalmente, por duas ações legislativas, aponta-
das por Silva e Araújo (2012):
A Carta Internacional 
da Educação Física e do 
Esporte, publicada pela 
Unesco, trouxe inúmeras 
contribuições ao expor 
reflexões inovadoras da 
área naquele momento. 
Para saber mais, acesse 
o link a seguir.
Disponível em: https://unesdoc.
unesco.org/ark:/48223/
pf0000216489_por. Acesso em: 
26 mar. 2021.
Saiba mais
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000216489_por
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000216489_por
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000216489_por
14 Educação Física Adaptada
 • Em 1987 foi implantada a Resolução n. 3, do Conselho Federal 
de Educação, que estabeleceu como obrigatória a inserção da 
disciplina específica de Educação Física Adaptada nos cursos de 
graduação em Educação Física, destinada ao trabalho com conhe-
cimentos relacionados à pessoa com deficiência e às adaptações 
das atividades físicas à sua condição, intencionando preparar os 
futuros professores para a sua atuação na área.
 • No ano de 2004 o Conselho Nacional de Educação aprovou a 
Resolução n. 7, reafirmando que, além da disciplina de Educa-
ção Física Adaptada, o currículo dos cursos de graduação em 
Educação Física deveria abarcar discussões sobre a diversida-
de, incluindo as pessoas com deficiência e as variações étnicas 
e culturais.
Fica evidente, portanto, a importância da Educação Física Adaptada 
na abertura de um espaço para o trabalho com os grupos minoritários, 
como as pessoas com deficiência. A criação dessa subárea permitiu não 
apenas o acesso dessas pessoas à Educação Física, mas também influen-
ciou a reorganização da estrutura da área e dos seus cursos de gradua-
ção para oferecer um atendimento de qualidade a todos.
A Educação Física Adaptada rompeu com o enfoque biológico 
que enfatizava o uso predominante de atividades físicas para fins 
de reabilitação corporal. Ela trouxe uma nova forma de pensar a 
atividade física, fundamentada nos direitos humanos, evidenciando, 
inclusive, a necessidade de focarmos os processos pedagógicos para 
possibilitarmos a participação de todos. A Educação Física Adaptada 
abriu as portas para a construção de uma Educação Física para to-
dos, cuja participação efetiva das pessoas seja assegurada, indepen-
dentemente de gênero, presença de uma deficiência ou qualquer 
condição de diferença.
1.2 Práticas de Educação Física Adaptada 
Vídeo No ano de 2015 foi estabelecido no Brasil o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, por meio da Lei n. 13.146, denominada Lei Brasileira de 
Inclusão da Pessoa com Deficiência. Ele garantiu o direito das pessoas com 
deficiência à saúde e às práticas de reabilitação, ao acesso e à participa-
ção com qualidade de todas as práticas educacionais, ao esporte e ao 
lazer (BRASIL, 2015). Portanto, a Educação Física Adaptada é composta 
principalmente dessas quatro áreas (Figura 1), garantidas pela lei.
Conceitos da Educação Física Adaptada 15
Figura 1
Áreas que compõem a Educação Física Adaptada
Educação 
Física 
Adaptada
Educação
Lazer
Reabilitação
Prática esportiva
Fonte: Elaborada pela autora.
A seguir refletiremos um pouco sobre a reabilitação, a prática esporti-
va e o lazer. Deixaremos a área educacional para a próxima seção, por se 
tratar de uma esfera com discussões imersas em contextos mais amplos.
1.2.1 Reabilitação
A área da reabilitação é uma das mais antigas da Educação Física e 
foi a primeira forma de exploração das atividades físicas pelas pessoas 
com deficiência, como vimos na primeira parte deste capítulo.
As ações de reabilitação podem ser feitas em clínicas ou espaços 
próprios, compreendendo exercícios motores, cognitivos, brincadeiras, 
esportes ou práticas diversas que foquem a recuperação de funções 
ou partes das funções de uma pessoa, contribuindo com o seu desen-
volvimento global e promovendo maior independência e autonomia.
Na sequência, conheceremos uma das práticas de reabilitação 
que é bastante explorada pela Educação Física: a equoterapia. Você 
já ouviu falar dela?
A equoterapia nada mais é do que uma terapia realizada com o su-
porte de um cavalo. Embora antiga e muito utilizada, apenas na década 
de 1980 ela passa a ser organizada no Brasil, com a criação da Associação 
16 Educação Física Adaptada
Nacional de Equoterapia (Ande). Posteriormente, em 1997, o Conselho 
Federal de Medicina reconheceu essa prática como método terapêutico, 
com alcance de benefícios para os praticantes (ANDE, 2021).
A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo para o al-
cance dos desenvolvimentos biológico, psicológico e social de pessoas com deficiência 
ou condições de sequelas de doenças.
Durante a sessão, o praticante (como é chamada a pessoa que faz 
essa terapia) cavalga sobre um cavalo manso, específico para a prática, 
de modo que proporciona estímulos cerebrais e ajustes em todas as 
articulações e os músculos do corpo. Os resultados não são imediatos, 
mas, a longo prazo, estimulam as potencialidades do praticamente, au-
xiliando a diminuir as suaslimitações.
Para cada praticante é organizado um plano de atendimento de 
acordo com os seus objetivos. Dentro da sessão, que dura aproxi-
madamente 30 minutos, há várias possibilidades de intervenções. 
Uma delas ocorre por meio de variações no posicionamento do pra-
ticante sobre o cavalo, que pode ser sentado de frente ou de costas 
para o cavalo, e ainda deitado em decúbito ventral (com a barriga 
para baixo) ou dorsal (com a barriga para cima), de acordo com a 
musculatura a ser trabalhada.
Para além da variação de posicionamentos, também podem ser rea-
lizados exercícios sobre o cavalo, visando ao alongamento e fortaleci-
mento muscular, à propriocepção ou ao equilíbrio.
propriocepção: inteligência 
corporal que permite o reco-
nhecimento da sua localização e 
orientação no espaço, bem como 
a autorregulação do equilíbrio 
por meio da percepção de cada 
uma das suas partes.
Glossário
Figura 2
Atendimento de equoterapia
Na figura, o praticante é posicionado 
sentado de frente para o cavalo, 
com os braços abertos nas laterais 
do corpo. Essa posição trabalha o 
equilíbrio e fortalece as musculaturas 
dos braços, dos membros inferiores 
e do abdômen na interação como a 
movimentação do animal.
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Conceitos da Educação Física Adaptada 17
O planejamento da sessão, das atividades e dos exercícios a serem ex-
plorados com o praticante é realizado por uma equipe interdisciplinar, ou 
seja, composta de diferentes profissionais, os quais trocam conhecimentos 
para auxiliar o desenvolvimento do praticante, uma vez que a reabilitação 
envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
Quadro 1
Profissionais que podem compor a equipe de equoterapia
Profissionais Atuação
Fisioterapeuta
Avaliar as condições do praticante, identificando as fun-
ções corporais que precisam ser trabalhadas e planejan-
do as atividades a serem realizadas durante a sessão.
Psicólogo
Trabalhar a superação da baixa autoestima oriunda da 
condição de deficiência e o desenvolvimento de autocon-
ceito positivo e autonomia.
Médico
Realizar a avaliação e o encaminhamento para a prática, 
atestando a ausência de impedimentos para a sua reali-
zação.
Profissionais da área de educação Planejar e sugerir atividades complementares para a su-
peração de dificuldades e o desenvolvimento de aspec-
tos específicos, conforme a área de atuação.Terapeuta ocupacional
Profissionais da área de equitação Contribuir com o manejo, a condução e o cuidado dos 
cavalos.Veterinário
Fonte: Elaborado pela autora.
Pelo Quadro 1, evidenciamos a gama de possibilidades de atua-
ção e de profissionais envolvidos, cada um oferecendo contribuições 
específicas das suas áreas, a fim de auxiliar o desenvolvimento do 
praticante. Aos exemplos demonstrados, somam-se ainda outros 
profissionais da saúde, como fonoaudiólogos, enfermeiros e, claro, 
professores de Educação Física, dos quais trataremos mais adiante.
Segundo a Ande (2021), com o acompanhamento de uma equipe 
interdisciplinar, a equoterapia é indicada para várias condições, como:
 • Patologias ortopédicas: problemas posturais, amputações, artri-
te, artrose, má-formação da coluna, entre outras.
 • Patologias neuromusculares: sequelas de acidente cerebral vas-
cular, tratamento de Parkinson, lesão medular, espinha bífida, 
esclerose múltipla, entre outras.
 • Patologias cardiorrespiratórias: tratamento de asma e reabilita-
ção cardíaca.
 • Condições de deficiências.
18 Educação Física Adaptada
Contudo, é necessário ressaltarmos que a equoterapia não é indica-
da para alguns casos, como pessoas que apresentam (ANDE, 2021):
 • graves lesões ou frouxidão nas primeiras vértebras da coluna cer-
vical (região do pescoço), como hérnia;
 • epilepsia (convulsão) não controlada;
 • úlceras (lesões) nas regiões de contato com o cavalo, como glúteos;
 • comportamento extremamente agressivo (como casos severos 
de transtorno do espectro autista – TEA).
Observadas as indicações e contando com uma equipe capacita-
da, os benefícios possíveis são inúmeros. Ao fazer ajustes muscu-
lares e corporais para se manter em cima do animal, o praticante 
desenvolve as suas capacidades motoras, de modo que o ajudarão 
a realizar as atividades do seu dia a dia. O efeito sensorial é similar-
mente alcançado por meio dos movimentos realizados pelo cavalo, 
estimulando o sistema nervoso periférico e central. Também há 
benefícios fisiológicos, pois o movimento de cavalgar estimula o 
peristaltismo – conjunto de movimentos realizados pelo estômago 
e pelo intestino na condução dos alimentos –, contribuindo com o 
processo digestivo, além do fato de que o contato do corpo com 
a temperatura do animal provoca relaxamento muscular e alívio 
das tensões.
Já como benefício psicológico, vale ressaltarmos a contribuição 
dessa prática na melhora da confiança, concentração e autoestima 
que o praticante adquire, superando as suas dificuldades e desen-
volvendo as habilidades de montar sobre o cavalo e guiá-lo, além 
da interação afetiva, fazendo carinhos e alimentando o animal. Uma 
significativa contribuição social é notada quando a prática possibilita 
a interação do praticante com outras pessoas.
O contexto da equoterapia abarca práticas que vão desde a rea-
bilitação com pessoas que não conseguem ficar sozinhas em cima 
do cavalo e necessitam de auxílio durante a sessão, até o treinamen-
to de práticas paraequestres para competições. Dessa forma, ao 
professor de Educação Física cabe considerar os múltiplos aspectos 
do praticante, sejam biológicos, da sua condição, sejam psicosso-
ciais, presentes em sua interação com as demais pessoas. A seguir, 
elencamos as inúmeras possibilidades de ação desse profissional:
Para saber mais do 
método da equoterapia e 
ter acesso a artigos cien-
tíficos publicados sobre 
o tema, visite a página 
oficial da Ande. 
Disponível em: http://equoterapia.
org.br/. Acesso em: 26 mar. 2021.
Saiba mais
Conceitos da Educação Física Adaptada 19
 • No preparo de toda a equipe multidisciplinar que trabalhará nos atendimentos da 
equoterapia, organizando momentos de alongamento e aquecimento de instrutores 
para o esforço físico dos atendimentos, já que a equipe permanece caminhando ao 
lado do cavalo durante toda a sessão e, eventualmente, apoiando e segurando o pra-
ticante para que ele consiga permanecer sobre o animal.
 • Na segurança, pois toda atividade física exige a presença de um profissional 
que saiba oferecer primeiros socorros, intervenção para a qual o profissional de 
Educação Física é habilitado.
 • No planejamento dos atendimentos a cada praticante, auxiliando a equipe na elaboração 
de atividades voltadas para o desenvolvimento dessas pessoas, de modo a focar o es-
quema corporal, a lateralidade, a estruturação espacial, a orientação temporal, o ritmo, a 
coordenação global, a motricidade fina, o equilíbrio, o relaxamento ou o tônus da postura.
 • Na avaliação e no acompanhamento do desenvolvimento global dos praticantes.
 • No estímulo de variadas formas de comunicação, já que muitos praticantes apresentam 
dificuldades com a fala, e o professor de Educação Física pode atuar estimulando diferen-
tes formas de expressão, como por meio do corpo.
Fica evidente, portanto, diante das inúmeras possibilidades de atua-
ção, que o professor de Educação Física possui uma participação en-
riquecedora na equipe de equoterapia, ratificando a relevância desse 
profissional nos procedimentos de reabilitação.
1.2.2 Prática esportiva 
A Educação Física Adaptada também pode ser aplicada na disponi-
bilização do esporte adaptado, pensado e organizado para ser viven-
ciado por uma população específica, por meio da adaptação de regras, 
materiais e locais (ARAÚJO, 2011).
Como vimos na primeira parte deste capítulo, o esporte adaptado 
também foi, inicialmente, utilizado como forma de reabilitação e, 
posteriormente, alcançou uma organização de treinamento de alto 
rendimento esportivo. Hoje,ele pode ser vivenciado por grupos 
mistos de pessoas com e sem deficiência, ou por grupos compostos 
apenas daqueles que apresentam alguma condição de deficiência. 
Há ainda aqueles que treinam por hobby e aqueles que ambicionam 
competir nos Jogos Paralímpicos.
20 Educação Física Adaptada
Especificamente para as pessoas com deficiência, a prática espor-
tiva possibilita muitos benefícios, como a reabilitação, o desenvolvi-
mento das capacidades físicas e a prevenção de doenças secundárias 
à deficiência (por exemplo, problemas cardiovasculares decorrentes da 
inatividade física), além de que uma pessoa ativa fisicamente pode rea-
lizar as atividades da vida diária com maior facilidade.
Há também as contribuições em nível psicológico, como a melho-
ra da autoestima e da autoconfiança, com a prática esportiva atuando 
como um estímulo positivo com relação à autoimagem, à independên-
cia e à superação, bem como reduzindo episódios de depressão e an-
siedade (MELLO; WINCKLER, 2012).
Os benefícios sociais também se apresentam ao propiciar a intera-
ção com pessoas com as mesmas condições e a formação de relacio-
namentos de amizade, sendo uma forma de superar as limitações e 
mostrar as suas potencialidades. É possível citarmos ainda a possibili-
dade de uma carreira profissional como atleta de esportes adaptados 
e o benefício financeiro, por meio de bolsas e patrocínios para que a 
pessoa se dedique ao treinamento.
Mas não podemos deixar de ressaltar que, para aqueles que não 
possuem condições de deficiência, os benefícios de vivenciar uma práti-
ca esportiva com um grupo heterogêneo de pessoas são muitos, como a 
abertura às diferentes percepções das potencialidades das pessoas com 
deficiência, proporcionando o conhecimento a respeito das diferenças, o 
respeito e a valorização das pessoas que as possuem.
Para o professor de Educação Física atuar com a prática esportiva, é 
imprescindível o entendimento dos seguintes pontos:
 • Conhecer os fundamentos técnicos e táticos da modalidade que ele optar por trabalhar.
 • Conhecer as deficiências apresentadas por seus alunos, buscando informações sobre 
as suas características e possíveis cuidados especiais necessários.
 • Conhecer o aluno, suas particularidades e medicações.
 • Compreender que o esporte adaptado vai além de um treinamento esportivo, envol-
vendo fatores psicossociais de aceitação das diferenças e de superação das dificulda-
des daqueles que as possuem.
 • Ser paciente com as particularidades dos participantes, pois podem apresentar dife-
rentes necessidades de tempo, com maior dificuldade para executar algum movimen-
to ou até mesmo atrasos na chegada, caso dependam de transportes públicos e sejam 
usuários de cadeira de rodas, por exemplo.
Conceitos da Educação Física Adaptada 21
Que tal conhecermos uma das modalidades de esporte adaptado? 
Você já ouviu falar do voleibol sentado?
Esse esporte é uma adaptação do voleibol convencional, em que os 
participantes jogam sentados, havendo, para isso, a alteração de pou-
cas características do jogo já conhecido. A quadra é menor, com a rede 
mais baixa (1,15 m de altura para os homens e 1,05 m de altura para as 
mulheres), e é obrigatório que os jogadores mantenham contato com a 
quadra com parte do seu corpo, entre ombros e nádegas, ou seja, que 
permanecem sentados ou deitados (Figura 3).
Figura 3
Voleibol sentado 
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Como vivência esportiva, esse jogo é facilmente praticado pela 
maioria das pessoas. Já como competição esportiva oficial, só podem 
jogar aqueles que apresentam amputações de membros superiores 
(braços) ou inferiores (pernas) e aqueles denominados les autres, 
ou seja, pessoas com dificuldades locomotoras (como aqueles que 
possuem lesão medular, paralisia cerebral etc.) e incapacidade mí-
nima (pessoas com pequena dificuldade física devido à amputação 
de dedos de mãos ou pés, membros superiores encurtados, entre 
outras pequenas alterações).
As regras são as mesmas do voleibol convencional, sendo a princi-
pal diferença o fato de ser obrigatório que os jogadores se posicionem 
sentados e permaneçam com uma parte do corpo, entre os ombros 
https://www.shutterstock.com/pt/g/kostya6969
22 Educação Física Adaptada
e as nádegas, no chão ao tocar a bola. Assim, há uma falta específica, 
denominada de lifting, quando há perda de contato entre uma parte 
do corpo, a qual se situe entre os ombros e as nádegas, e o chão no 
momento em que o jogador toca a bola.
Por exigir poucos materiais (apenas um objeto que atue como rede, 
como uma corda, e uma bola) e pequeno espaço, o voleibol sentado 
pode ser facilmente explorado pelo professor de Educação Física.
1.2.3 Lazer
Como vimos, é cada vez mais recorrente a participação da pessoa com 
deficiência nas atividades de reabilitação, bem como na prática de espor-
tes, mas não podemos nos esquecer do acesso e da participação com 
qualidade nos diferentes ambientes que oferecem atividades voltadas ao 
lazer, como um clube, um parque, uma praça ou outro espaço social.
Com a implantação do ideal inclusivo, que começou a questionar as 
práticas meramente assistencialistas (aquelas que forneciam serviços 
apenas para garantir a sobrevivência dessas pessoas, como reabilita-
ção, mas de maneira separada das demais pessoas), todas as práticas 
sociais viram a necessidade de se adequarem para permitirem a parti-
cipação de todos, entre elas o lazer. Com isso, abriram-se os olhos para 
uma série de atividades nas quais a pessoa com deficiência possui o 
direito ao acesso para além dos comuns processos de reabilitação.
As práticas de lazer, de recreação ou aquelas atividades praticadas 
no tempo livre – sem adentrar nas perspectivas teóricas arraigadas em 
cada um desses termos – trazem contribuições significativas para os 
desenvolvimentos motor e cognitivo daquele que as pratica, além de 
incidirem diretamente na ampliação de possibilidades de interações 
sociais, no desenvolvimento do sentimento de pertencimento a um 
grupo de pessoas e na promoção da autoestima e da autorrealização.
O lazer possibilita ainda o desenvolvimento pessoal, ao permitir 
que a pessoa com deficiência tenha a opção de escolher qual ativida-
de prefere e como irá realizá-la. Ao se ver capaz de executar diferentes 
atividades, o indivíduo desenvolve os sentimentos de autoconceito e 
autoestima positivos, atrelados ao bem-estar obtido pela prática e ao 
senso de cidadania, o que contribui com o processo de inclusão, ao 
derrubar barreiras e permitir que o convívio com a diversidade ocorra 
em todos os cenários. Também é imprescindível que isso ocorra 
No vídeo Aprenda a 
ensinar: voleibol sentado, 
produzido pelo canal ofi-
cial dos Jogos Olímpicos e 
Paralímpicos realizados no 
Brasil, a técnica de voleibol 
sentado Jaqueline Santos 
conta um pouco sobre a 
história da modalidade e 
compartilha dicas para a 
aplicação nas escolas.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=7ZIFbJeMU1I. Acesso 
em: 26 mar. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=7ZIFbJeMU1I
https://www.youtube.com/watch?v=7ZIFbJeMU1I
Conceitos da Educação Física Adaptada 23
desde o parquinho infantil, para que as crianças convivam com as 
diferenças, construindo as bases para o respeito às diversidades que 
levarão para toda a vida.
A prática dessas atividades está diretamente relacionada à cons-
trução do processo de inclusão social, ao permitir que a pessoa 
tenha seu desenvolvimento psicomotor estimulado e explore as 
oportunidades oferecidas nos variados contextos sociais, desenvol-
vendo suas habilidades de socialização e a autonomia que irá contri-
buir com a sua participação em outros contextos sociais.
Embora esteja diretamente relacionada à qualidade de vida de todas 
as pessoas, em seus aspectos biológicos, sociais e psicológicos, infeliz-
mente, a participação nas atividades de lazer pelas pessoas com defi-
ciência ainda esbarra em diversas barreiras. Esse público possui menos 
opções de escolha de qual atividaderealizar e menor probabilidade de 
se envolver em atividades de acordo com o seu interesse.
Há os obstáculos já presentes para todos – dificuldades finan-
ceiras, pouca disponibilização de atividades gratuitas e pouca opor-
tunidade das pessoas de reservarem um tempo para essa atividade 
– que se somam quando refletimos sobre essa população. Despon-
tam a necessidade de disponibilidade de uma pessoa de apoio e 
os poucos locais adaptados. Mesmo quando disponíveis, muitos 
desses espaços não se encontram totalmente adaptados, seja pela 
ausência de intérprete de língua brasileira de sinais (Libras), seja 
pela presença de obstáculos que impedem a passagem de cadeira 
de rodas, por exemplo.
Usufruir desses espaços com o máximo de independência possível 
envolve acessibilidade, desde os meios de transporte para chegar ao 
local, até a forma de comunicação com os profissionais atuantes, o que 
demanda a superação de barreiras arquitetônicas e atitudinais para 
evitar constrangimentos e preconceitos.
O acesso não ocorre apenas por desconto ou gratuidade na entrada 
dos locais, como é feito em muitos ambientes, depende de ações que 
viabilizem o acesso aos conteúdos e programas oferecidos. Por exem-
plo, que o parque tenha brinquedos adaptados para permitir a par-
ticipação daqueles que utilizam cadeira de rodas, que o filme possua 
legenda em língua de sinais e que sistemas e descrições sonoras sejam 
emitidos em teatros para aqueles que não enxergam.
24 Educação Física Adaptada
Quando tratamos de lazer, temos que pensar em uma atividade que 
pode ser realizada por qualquer pessoa, tenha ela uma deficiência ou 
não. E nesse contexto, os profissionais de Educação Física devem estar 
preparados para atender a todos que buscarem a sua prática, indepen-
dentemente de suas particularidades, sendo agentes de inclusão social 
e buscando minimizar as barreiras presentes.
1.3 Educação Física Adaptada na escola 
Vídeo Vimos que a Educação Física Adaptada possui ações na reabilita-
ção, no esporte e no lazer, e no contexto escolar elas se mostram tão 
relevantes quanto. A Educação Física Adaptada alicerça ideais edu-
cacionais inclusivos estabelecidos no Brasil, os quais definem que o 
foco deve ser em possibilitar a participação ativa de todos os alunos 
nas aulas, com o professor adaptando as suas estratégias, metodo-
logias e regras de acordo com as necessidades de cada aluno (SILVA; 
GONÇALVES-SILVA; MOREIRA, 2016).
Essa atuação vai além de conhecer as especificidades da área e exige 
que o docente desenvolva a sua alteridade, ou seja, que reconheça que 
cada pessoa é única e deve ser respeitada em sua individualidade, não 
sendo suas características sinônimos de inferioridade ou superioridade.
O respeito à diversidade deve ser explorado nas três dimensões do 
conteúdo, conforme afirmam Souza Júnior e Darido (2007), que são:
 • Conceitual: selecionando conteúdos e temas a serem explora-
dos, os quais contemplem a realidade de todos, com conceitos 
presentes na vida cotidiana dos alunos.
 • Procedimental: explorando a grande variedade de técnicas e 
formas de se realizar uma ação na aula, de modo a permitir que 
todos consigam realizar as atividades propostas.
 • Atitudinal: desenvolvendo a valorização às diversidades, que re-
gerá as atitudes de todos os alunos, compartilhando e ensinando 
o ideal inclusivo em todas as suas ações e servindo de modelo 
para os demais.
A área da Educação Física possui maior facilidade de explorar 
conteúdos relacionados às diferenças, já que oportuniza em suas 
práticas a comunicação e a interação dos alunos, usufruindo de fle-
xibilidade para escolher os tipos de conteúdo que serão trabalhados 
e a forma de os explorar, bem como a possibilidade de estruturar e 
Conceitos da Educação Física Adaptada 25
flexibilizar suas aulas de acordo com as necessidades de cada alu-
no ou cada turma. Além disso, a imagem do professor de Educação 
Física perante os estudantes está associada à prática de atividades 
prazerosas, o que lhe proporciona facilidade para elaborar e incenti-
var novos projetos e ideias com maior probabilidade de aceitação e 
adesão por parte de todos.
Contudo, para que o professor organize as suas aulas de modo a 
permitir que todos participem com qualidade, independentemente de 
suas condições, algumas dificuldades precisam ser superadas. Muitos 
profissionais que estão em atuação foram formados anteriormente à 
discussão inclusiva, sendo necessário que se empenhem em forma-
ções continuadas para compreenderem os conceitos e as práticas da 
Educação Física Adaptada. Há ainda uma dificuldade em consolidar os 
novos conhecimentos da Educação Física como uma área que trabalha 
os conteúdos de movimentos corporais e que deve considerar o aluno 
em todas as suas dimensões – biológica, social, psicológica e cultural. 
Os aspectos mecanicistas, que enfatizam a realização de gestos mo-
tores ou esportivos específicos e com perfeição técnica, dificultam a 
aceitação e a participação da diversidade, devendo ser questionados e 
excluídos da prática docente.
Nos conhecimentos produzidos a respeito da metodologia da Edu-
cação Física na escola não há instruções específicas para a Educação Fí-
sica Adaptada. Dessa forma, é necessário que o professor reflita sobre 
a sua prática para planejar aulas que permitam a participação ativa e 
crítica dos alunos, abusando de diferentes estratégias para a realização 
de uma mesma atividade.
Nesse contexto, elencamos três ações indispensáveis para que o 
professor consiga trabalhar com a Educação Física Adaptada nas es-
colas com maior qualidade – ações essas que devem ser realizadas 
antes da aula em si.
Inicialmente, é importante que o docente verifique o ambiente em 
que a aula será realizada, analisando se é acessível a todos ou se possui 
algum obstáculo que deva ser removido, de modo que a aula não apenas 
permita a participação de todos, mas que esta seja segura.
Na sequência, é necessário que o professor analise os materiais 
a serem explorados durante a aula, identificando se será preciso soli-
citar algo ou se os já existentes necessitam de alguma adaptação (por 
26 Educação Física Adaptada
exemplo, embrulhar uma bola em uma sacola plástica para emitir sons 
e permitir a sua localização por um aluno com deficiência visual).
Por fim, mas não menos importante, é preciso que o profissional pla-
neje as atividades de modo que todos possam participar. Para isso, ele 
deve considerar as condições de deficiência existentes e organizar adapta-
ções e estratégias de ensino para mitigá-las (por exemplo, utilizar recursos 
visuais durante as atividades caso haja um aluno com deficiência auditiva).
Durante todo o tempo, o professor deve refletir sobre as suas ações 
e os resultados e reconstruir o que se mostrar necessário, trocando 
estratégias de ensino ou adaptando materiais. Podemos dizer que as 
palavras-chave para a Educação Física Adaptada no contexto escolar 
são criticidade e criatividade.
Se a organização do ambiente, dos materiais e das atividades é in-
dispensável, também não podemos deixar de pensar na importância 
da atitude do professor e da sua atuação em mediar as interações en-
tre os alunos para que eles conheçam e respeitem a condição de defi-
ciência apresentada por um estudante. Para o trabalho com esse foco, 
podemos relembrar algumas sugestões de intervenções propostas por 
Castro (2011) e Boato (2016) que o professor pode fazer:
 • Integração reversa: os alunos sem deficiência podem ser condu-
zidos para locais de práticas específicas para pessoas com essa 
condição, como um local de treinamento de esporte adaptado ou 
uma instituição especial, conhecendo as inúmeras ações que eles 
realizam e reconhecendo as suas capacidades.
 • Alunos tutores: os alunos sem deficiência podem ser instruídos pelo 
professor para auxiliarem os com deficiência durante as aulas.
 • Tutores recíprocos: alunos com e sem deficiência podem se auxi-
liar mutuamente, construindo uma dupla de apoio para a realiza-ção de uma atividade.
 • Sensibilização sobre as diferenças: inserção de momentos de 
discussão durante as aulas, nos quais os próprios alunos apre-
sentam sugestões para os conflitos ocorridos e para a realização 
de atividades mais inclusivas.
 • Vivência das deficiências: atividades envolvendo cadeira de rodas ou 
vendas, auxiliando os alunos a se colocarem no lugar de alguém que 
possui determinada condição e a valorizarem seus feitos.
O livro Educação Física 
Adaptada: da história à 
inclusão educacional é 
considerado um dos 
clássicos contemporâ-
neos da literatura dessa 
área, reunindo toda a his-
tória de sua construção 
no Brasil. É uma leitura 
de fácil compreensão e 
muito informativa.
ARAÚJO, P. F. de.; SILVA, R. de. F. 
da.; SEABRA JÚNIOR, L. São Paulo: 
Phorte, 2008.
Livro
Conceitos da Educação Física Adaptada 27
Por meio das discussões levantadas nesta seção, podemos afirmar 
que é necessário mais do que possibilitar o acesso à escola. Precisamos 
reconhecer que há diferenças no aprendizado e que os alunos jamais 
devem ser prejudicados ou inferiorizados pelas suas diferenças. Elas 
precisam ser conhecidas e respeitadas, cabendo à escola refletir conti-
nuamente e reconstruir-se sempre que preciso para encontrar formas 
de viabilizar o aprendizado de todos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Física Adaptada trouxe incontáveis possibilidades de atua-
ção para o professor de Educação Física. Para que esse profissional pro-
mova atividades físicas às pessoas com deficiência, seja no contexto da 
reabilitação, da prática esportiva, da educação ou do lazer, são necessários 
dois pontos fundamentais: conhecimento e atitudes adequadas. Precisa-
mos conhecer o que são as deficiências, as possíveis influências dessas ca-
racterísticas sobre a prática de atividade física e quais são as adaptações 
necessárias para cada condição. Além disso, devemos ter proatividade na 
busca constante das informações necessárias para executar um planeja-
mento que contemple as particularidades de cada público.
Esse novo olhar sobre a Educação Física permite a ampliação dos con-
ceitos e valores inclusivos dentro da prática e explicita as possibilidades 
de participação de todos, rompendo com processos excludentes que va-
lorizavam apenas os mais habilidosos no aspecto motor ou esportivo. Ain-
da expõe a necessidade de reflexão docente e de reconstrução da prática 
profissional, deixando de impor atividades padronizadas para planejar 
ações que podem ser realizadas da maneira mais variada possível.
Por ser uma área relativamente recente, e suas práticas planejadas 
há poucas décadas, o receio e as dúvidas dos professores são naturais. 
No entanto, devemos ter a consciência de que o professor será o modelo 
por meio do qual os alunos se relacionarão com as diferenças. Para os 
estudantes sem deficiência, a sua forma de interagir será a base pela qual 
atuarão, copiando atitudes e falas, reproduzindo discursos de valorização 
das diferenças ou perpetuando preconceitos. Já para os que apresentam 
alguma particularidade, a aceitação ou a negação por parte do professor 
afetará o seu desenvolvimento cognitivo, motor e psicossocial. Se esse es-
tudante perceber que o docente não acredita em sua capacidade de rea-
28 Educação Física Adaptada
lizar determinada tarefa, questionará suas potencialidades, passando a se 
sentir inferior e incapaz; por outro lado, com um professor que acredita 
em suas ações e as estimula, terá disposição para superar os obstáculos 
e desenvolverá autoconceito e autoestima positivos.
ATIVIDADES 
1. Reflita sobre a atuação da Educação Física diante das pessoas com 
deficiência ao longo dos anos, desde o modelo médico, focado apenas 
na reabilitação do corpo, até os dias atuais. Faça um breve resumo.
2. Quais ações são necessárias ao professor de Educação Física para 
atuar com o aluno com deficiência no contexto educacional? Reflita e 
elenque ao menos duas ações que o profissional deve desempenhar 
para oferecer um ensino de qualidade a esse aluno, discorrendo 
sobre cada uma delas.
3. As atitudes do professor de Educação Física diante dos alunos 
influenciam diretamente a manutenção ou a superação de preconceitos 
e discriminações. Explique essa afirmação.
REFERÊNCIAS 
ANDE - Associação Nacional de Equoterapia, 2021. Página inicial. Disponível em: http://
equoterapia.org.br/. Acesso: 26 mar. 2021.
ARAÚJO, P. F. de. Desporto adaptado no Brasil. São Paulo: Phorte, 2011.
ARAÚJO, P. F. de.; SILVA, R. de. F. da.; SEABRA JÚNIOR, L. Educação Física Adaptada no Brasil: 
da história à inclusão educacional. São Paulo: Phorte, 2008.
BOATO, E. M. Metodologia de intervenção corporal para autistas. 1. ed. São Paulo: Edições 
Loyola, 2016.
BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 2015. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. 
Acesso em: 26 mar. 2021.
CASTRO, E. M. de. Atividade física: adaptada. 2. ed. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2011.
MELLO, M. T. de.; WINCKLER, C. Esporte paralímpico. Rio de Janeiro: Atheneu, 2012.
SOUZA JÚNIOR, O. M. de.; DARIDO, S. C. Para ensinar Educação Física: possibilidades de 
intervenção na escola. Campinas: Papirus, 2007.
SILVA, J. V. P. da.; GONÇALVES-SILVA, L. L.; MOREIRA, W. W. (org.). Educação Física e seus 
diversos olhares. 1. ed. Campo Grande: UFMS, 2016.
SILVA, R. de. F. da.; ARAÚJO, P. F. de. Os caminhos da pesquisa em atividade motora adaptada. 
São Paulo: Phorte, 2012.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Carta 
Internacional da Educação Física e do Esporte da Unesco. Brasília, DF: Unidade de Publicações 
da Representação da Unesco do Brasil, 2013. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
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Vídeo
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000216489_por
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000216489_por
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 29
2
Esporte adaptado: história 
e educação paralímpica
Camila Lopes de Carvalho
Com o estudo deste capítulo você será capaz de:
• Conhecer o esporte adaptado, sua história e organização mun-
dial e nacional.
• Compreender as definições do esporte adaptado quanto às 
modalidades e formas de participação.
Objetivos de aprendizagem
Neste capítulo, o nosso foco está direcionado a um dos aspectos es-
pecíficos da Educação Física Adaptada: o esporte praticado pelas pessoas 
com deficiência. O esporte adaptado abarca uma série de fatores em sua 
constituição, que passa pela reabilitação e pelo treinamento para compe-
tições e alcança possibilidades educacionais.
Considerando essa gama de possibilidades, e visando a uma maior 
compreensão da sua complexidade, o capítulo foi dividido em quatro par-
tes. Na primeira seção, abordamos os conceitos e a história da construção 
do esporte adaptado no mundo, acompanhando a sua organização inter-
nacional. Em seguida, focamos na construção e organização dessa prática 
especificamente no Brasil.
Já na terceira seção, discorremos sobre as modalidades que consti-
tuem o esporte paralímpico, bem como as suas especificidades, como a 
classificação esportiva, que irá alocar os atletas em agrupamentos segun-
do a sua condição de deficiência. Por fim, discutimos o tema da educação 
paralímpica na escola, ilustrando formas de explorar essas modalidades 
adaptadas no contexto educacional.
Assim, este capítulo vai proporcionar a construção de conhecimentos 
sobre o esporte adaptado que permitirão a organização de possibilidades 
de exploração desse conteúdo no ambiente escolar e, ao mesmo tempo, 
o envolvimento com um ideal de valorização das diferenças. 
30 Educação Física Adaptada
2.1 História e organização do esporte 
adaptado no mundo Vídeo
Os autores Mello e Winckler (2012) definiram o esporte adaptado como 
toda prática composta de experiências esportivas adaptadas ou especial-mente criadas para suprir as necessidades apresentadas por um grupo de 
pessoas. Podemos entender, então, que o esporte adaptado se refere às 
atividades esportivas desenvolvidas com adequações próprias para serem 
praticadas por populações que possuam deficiências ou particularidades 
que exijam adaptações para permitir a sua prática.
Ainda refletindo sobre essa definição dos autores, será que pode-
mos dizer que esporte adaptado é o mesmo que esporte paralímpico? 
A resposta para essa questão é não!
Tendo em vista a confusão que se apresenta quando usamos esses 
dois termos, vale a pena uma explicação. O esporte adaptado é consti-
tuído de todas as modalidades modificadas para permitir a inserção de 
uma população específica. Podemos citar, para ilustrar esse conceito, 
o voleibol sentado, que teve algumas das suas regras adaptadas para 
permitir a participação de pessoas que não conseguiam competir em 
sua forma convencional, em pé, como as pessoas que possuem defi-
ciência física, o qual é realizado com os jogadores sentados na quadra.
Já o esporte paralímpico se refere apenas àquelas modalidades de 
esportes adaptados que foram inseridas no evento dos Jogos Paralím-
picos. Por exemplo, o voleibol sentado é um esporte adaptado, como 
vimos anteriormente, e faz parte das modalidades que competem nos 
Jogos Paralímpicos, então também é denominado de esporte paralím-
pico. Já o handebol em cadeira de rodas é uma modalidade de esporte 
adaptado criado pela modificação das regras do handebol convencio-
nal para permitir que pessoas dependentes de cadeira de rodas tam-
bém sejam incluídas, contudo não é um esporte paralímpico, já que 
não está presente nas competições das Paralimpíadas.
Mas como surgiram as práticas de esporte adaptado? O exercício 
físico já era explorado com finalidades terapêuticas desde a Antigui-
dade para o tratamento de doenças. Mas, segundo Araújo (2011), os 
primeiros registros de prática de esporte pelas pessoas com alguma 
particularidade datam de 1918, quando surgiram na Alemanha relatos 
dessa prática, realizada para amenizar as sequelas de soldados obtidas 
Para saber mais sobre as 
modalidades pertencen-
tes aos Jogos Paralím-
picos, visite o site do 
Comitê Paralímpico Brasi-
leiro, que traz uma breve 
explicação sobre cada 
uma delas, o que nos 
permite conhecer mais 
sobre essas práticas.
Disponível em: https://www.cpb.
org.br/. Acesso em: 25 mar. 2021.
Saiba mais
https://www.cpb.org.br/
https://www.cpb.org.br/
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 31
na Primeira Guerra Mundial. O autor explica que se na Primeira Guerra 
Mundial a prática de esporte foi empregada isoladamente para tratar e 
reabilitar soldados lesionados, na Segunda Grande Guerra essa prática 
se consolida, impulsionada pelos Estados Unidos e pela Europa.
Portanto, podemos compreender que a finalidade do esporte adap-
tado foi tornar os sobreviventes lesionados da guerra mais ativos, de 
modo que pudessem contribuir para a sociedade, já que os combaten-
tes eram considerados responsabilidade dela.
Em 1944, o médico Dr. Ludwig Guttmann fundou um núcleo de 
reabilitação no Hospital de Stoke Mandeville, na Europa. Ali, utilizava o 
esporte como uma forma de reabilitação que abarcaria várias dimen-
sões do ser humano, como a reinserção social, o desenvolvimento e 
reabilitação das capacidades físicas e o alívio dos transtornos emocio-
nais. No ano de 1948, o Dr. Guttmann organizou os Jogos de Mandevil-
le, destinados às pessoas que utilizavam cadeira de rodas, já visando, 
futuramente, transformar esse evento em uma possível olimpíada para 
pessoas em condições de deficiência. Nesses jogos iniciais, houve a ex-
ploração de esportes que eram facilmente adaptados para permitir a 
participação de pessoas que utilizavam cadeira de rodas, como tiro ao 
alvo e lançamento de dardo (ARAÚJO, 2011).
Paralelamente ao que ocorria na Europa, nos Estados Unidos o 
esporte adaptado também passou a ter atenção. Em 1946, Benjamin 
Lipton iniciou um programa esportivo para pessoas que utilizavam ca-
deira de rodas, difundindo-o em todo o país, também com a intenção 
de fazer dessa prática um meio de inserção social para soldados le-
sionados. Posteriormente, dirigiu a sua atenção para um esporte em 
específico, passando a treinar equipes de basquetebol de cadeira de 
rodas, junto ao professor Timothy Nugent.
Essas duas ações – na Europa e nos Estados Unidos – uniram-se em 
1950, quando houve um encontro entre o Dr. Guttmann e o professor 
Lipton, que resultou na evolução dos Jogos de Mandeville, os quais se 
tornaram um evento internacional. Assim, em 1952 ocorreram os pri-
meiros Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, que em 1956 passam 
a ser reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional.
Em 1964, na realização dos Jogos de Stoke Mandeville na cidade de 
Tóquio, adotou-se o termo paraolímpico, possivelmente devido à união 
das palavras paraplegia e olímpico. Em 2000, na edição realizada em Seul, 
32 Educação Física Adaptada
oficializou-se que os Jogos ocorreriam na mesma cidade das Olimpíadas, 
após a sua finalização. No Brasil, a nomenclatura adotada a partir de 2011 
foi Paralimpíadas, buscando uma aproximação com o termo internacional 
Paralympic Games.
Com as informações trazidas pelo autor, nós podemos notar que hou-
ve um rápido desenvolvimento dessas práticas e competições, que passa-
ram a abarcar um número cada vez maior de países e participantes. Dessa 
maneira, já entendemos que uma organização se mostrou indispensável 
para o acompanhamento dessas práticas.
Assim, começaram a ser criadas associações para administrar e de-
senvolver modalidades específicas de esportes adaptados ou destinadas 
à prática esportiva de grupos específicos de pessoas com condições diver-
sas de deficiências, como:
 • Federação Internacional de Esportes de Cadeira de Rodas e Amputados;
 • Comitê Internacional de Esportes de Surdos;
 • Associação Internacional de Paralisia Cerebral, Esportes e Recreação;
 • Associação Internacional de Esportes para Cegos;
 • Federação Internacional de Esportes para Pessoas com Deficiência 
Intelectual.
Em 1989, na Alemanha, foi criada uma entidade para organizar espe-
cificamente a competição paralímpica. Chamada de Comitê Paralímpico 
Internacional (CPI), respalda-se nos seguintes valores:
Figura 1
Valores do CPI
VALORES 
DO CPI
Determinação
para superar as dificuldades 
e explorar a capacidade 
física com convicção para um 
desempenho esportivo 
além dos limites 
convencionais.
Coragem
de mostrar ao mundo 
o quanto o corpo pode 
alcançar.
Inspiração
para que outras pessoas 
que também possuam essas 
condições participem 
da prática esportiva.
Igualdade
de oportunidade, buscando 
romper com conceitos 
negativos e barreiras sociais.
Fonte: Elaborada pela autora.
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 33
O CPI desenvolve um trabalho com a visão de possibilitar aos atle-
tas que têm condições de deficiências alcançar uma excelência es-
portiva, ao mesmo tempo que servem de inspiração para o mundo, 
aspirando contribuir para uma sociedade inclusiva por meio do es-
porte paralímpico.
2.2 História e organização do
esporte adaptado no Brasil Vídeo
No Brasil, a implantação e a organização dos esportes adaptados 
tiveram influência direta das ações da Europa e dos Estados Unidos, 
tratadas na primeira seção do capítulo. Ou seja, também se constituí-
ram inicialmente em atividades com finalidades médicas de prevenção 
e recuperação de doenças ou condições de deficiência.
 O início da prática de esporte adaptado no Brasil, importante re-
lembrar, ocorreu no ano de 1950, quando Robson Sampaio de Almei-
da e Sérgio Serafim Del Grande realizaram programas de reabilitação 
com práticas esportivas nos Estados Unidos e, por essa influência, 
instituíram no Brasil clubes destinados a essa prática: o Clube dos 
Paraplégicos e o Clube do Otimista (ARAÚJO, 2011)
Com esses importantes registros, podemos entender como a prá-
tica de esporteadaptado se iniciou no Brasil. Segundo Araújo (2011), 
a partir de 1970 o Brasil passou por um processo de organização do 
esporte adaptado, com a criação de ações e associações para os temas 
que envolvessem a educação, a atividade física e a pessoa em condição 
de deficiência, entre as quais podemos citar:
• Congressos Brasileiros do Esporte para Todos
Realizados nos anos de 1982, 1984 e 1986, tinham por objetivo propor-
cionar para toda a população a prática de atividades físicas nos diversos 
locais abertos da cidade, incluindo ações relacionadas à prática de ativida-
des físicas também para as pessoas com alguma condição de deficiência.
• Projeto Integrado Seed/Cenesp
Criado pela Secretaria de Educação Física e Desportos (Seed) e pelo 
Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp), o projeto foi implanta-
do nos anos de 1984 e 1985 com o objetivo de investigar a participação 
das pessoas que tinham deficiências nas práticas de Educação Física 
34 Educação Física Adaptada
e esportivas, analisando os profissionais e as instituições disponíveis, 
assim como os recursos necessários.
• Plano Nacional de Ação Conjunta para Integração da Pessoa
Deficiente
Desenvolvido entre os anos de 1985 e 1990, criou uma Coordenado-
ria para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde) incum-
bida de organizar ações para permitir a participação dessa população 
nas variadas atividades da sociedade, entre elas, as atividades físicas, 
incentivando as pesquisas e a capacitação profissional.
• Plano Plurianual
Desenvolvido entre os anos de 1991 e 1995, criou uma Secretaria 
dos Desportos da Presidência da República, almejando possibilitar a 
toda a população a prática de esportes. Tal secretaria continha o De-
partamento de Desporto das Pessoas Portadoras de Deficiência e o 
Programa de Desporto das Pessoas Portadoras de Deficiência, traba-
lhando os temas de capacitação de recursos humanos, pesquisa, tec-
nologia e desenvolvimento esportivo do esporte adaptado.
• Encontro Técnico de Avaliação Desportiva das Pessoas Porta-
doras de Deficiência
Realizado no ano de 1993, discutiu as ações destinadas à pessoa 
com alguma condição de deficiência entre os anos de 1983 a 1992, 
apontando para um aumento na quantidade de cursos de especializa-
ção e de disciplinas relacionadas à Educação Física Adaptada, porém 
ainda com pouco desenvolvimento de pesquisas e tecnologias para a 
sua prática na sociedade.
As informações nos mostram que a iniciação da prática do espor-
te adaptado no Brasil permitiu uma abertura às discussões sobre a 
Educação Física e o esporte adaptado no âmbito político e social. Esse 
contexto permitiu a organização de instituições nacionais para acom-
panhar e desenvolver essas modalidades, como:
• Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande);
• Associação Brasileira de Desportos para Cegos (ABDC);
• Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas
(Abradecar);
• Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS);
• Associação Brasileira de Desportos para Amputados (ABDA).
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 35
Na sequência, uma ação significativa ocorreu quando o Comitê Pa-
ralímpico Brasileiro (CPB) foi fundado, em 9 de fevereiro de 1995, gra-
ças à iniciativa de três importantes associações, que propunham sua 
criação: a Ande, a ABDC e a Abradecar. As principais funções do CPB 
foram definidas como:
• desenvolver o esporte adaptado de alto rendimento;
• promover a inclusão, socialização e reabilitação pelo esporte;
• promover a construção de conhecimento para fundamentar o
treinamento dos atletas;
• promover e desenvolver o esporte educacional paralímpico;
• contribuir para a melhoria da gestão dos clubes;
• atuar na identificação de talentos esportivos;
• atuar na orientação do desenvolvimento e da transição de carrei-
ra dos atletas das competições à aposentadoria.
Para a execução dessas funções, o CPB administra diretamente as 
modalidades de para-atletismo, para-halterofilismo, para-natação e 
tiro para-esportivo. As demais modalidades de esportes adaptados do 
nosso país são administradas por confederações e associações nacio-
nais específicas.
Figura 2
Atleta de para-atletismo
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O CPB possui a visão de contribuir para o esporte paralímpico e 
para a promoção da inclusão social da pessoa com condições de defi-
https://www.shutterstock.com/pt/g/SeventyFour
36 Educação Física Adaptada
ciência em nosso país. Para isso, tem a missão de promover o esporte 
paralímpico desde a sua iniciação até a sua prática no alto rendimento 
esportivo. Essa missão e visão do CPB são respaldadas pelos valores de 
crença no poder transformador do esporte e no respeito às diferenças 
individuais.
Com todas essas ações, podemos afirmar que o esporte adaptado 
no Brasil tem apresentado uma evolução muito grande, com um nú-
mero cada vez maior de praticantes e com quantidades mais significa-
tivas de conquistas em campeonatos internacionais. Essa evolução fica 
visível quando comparamos as ações sobre esse tema ocorridas em 
ordem cronológica no nosso país, como apresentado a seguir.
Figura 3
Eventos que mostram a evolução do esporte adaptado no Brasil
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1980
O Brasil participa dos 
Jogos Paralímpicos de 
Arnhem, na Holanda, 
com um time de 
basquetebol em 
cadeira de rodas e 
um atleta de natação.
2000
Nos Jogos Paralímpicos de 
Sidney, na Austrália, o Brasil 
inicia uma trajetória ascendente 
na quantidade de atletas em 
várias modalidades, como 
atletismo, ciclismo, esgrima, 
futebol de sete, halterofilismo, 
judô, natação e tênis de mesa.
1971
O Clube dos 
Paraplégicos do Rio de 
Janeiro (CPRJ), fundado 
em 1964, representa 
o Brasil nos Jogos 
Pan-Americanos na 
Jamaica.
2016
Nos Jogos 
Paralímpicos do Rio 
de Janeiro, o Brasil 
participa de todas 
as modalidades 
e conquista 72 
medalhas (14 de 
ouro, 29 de prata 
e 29 de bronze), 
ficando em oitavo 
lugar no quadro 
geral da competição.
1974
Atletas brasileiros 
participam dos Jogos 
Mundiais de Stoke 
Mandeville, e o Brasil 
conquista duas 
medalhas de prata.
1975
É fundada a 
Associação 
Nacional de 
Desportos de 
Deficientes (Ande).
1988
Nos Jogos 
Paralímpicos de 
Seul (Coreia do 
Sul), o Brasil amplia 
a sua delegação, 
enviando seleções 
de atletismo, tênis de 
mesa, natação, judô 
e basquetebol em 
cadeira de rodas.
Fonte: Elaborada pela autora.
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 37
Quando analisamos as informações da Figura 3, fica nítido como 
o Brasil tem alcançado um grande desenvolvimento, e essa evolução 
pode ser atribuída a dois principais fatores: o investimento financeiro 
no esporte adaptado e a aliança com universidades para a produção 
de conhecimentos sobre esse tema. Vamos entender um pouco melhor 
como isso ocorre?
 • Investimento financeiro do esporte paralímpico
A Lei n. 10.264, de 2001, com alteração no ano de 2015, denominada 
Lei Agnelo/Piva, passou a destinar um percentual dos valores arrecada-
dos na Loteria Federal para o Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê 
Paralímpico Brasileiro – sendo 62,96% do valor para o Comitê Olímpico 
e 37,04% para o Comitê Paralímpico.
Já a Lei n. 11.438, de 2006, a chamada Lei de Incentivo Fiscal ao 
Esporte, passou a conceder benefícios fiscais às pessoas físicas e jurí-
dicas que patrocinem ou façam doações para projetos de esporte e 
paradesporto, estimulando a atuação privada nesse setor.
Por sua vez, a Lei n. 10.891, de 2004, implantou o Bolsa Atleta, auxi-
liando financeiramente o atleta de esporte e paradesporto para que ele 
se dedique ao treinamento esportivo.
 • Aliança com universidades
Foi estabelecida uma parceria do Comitê Paralímpico Brasileiro com 
universidades, principalmente com a Universidade Estadual de Cam-
pinas e a Universidade de São Paulo, transformando-as em polos de 
produção acadêmica sobre deficiências e as particularidades do treina-
mento do esporte adaptado. Comisso, contribuiu-se para a produção 
de conhecimentos para a elaboração de treinamentos mais eficazes do 
ponto de vista competitivo e se ampliou a divulgação das diversas 
possibilidades de práticas adaptadas no nosso país.
Podemos afirmar que, atualmente, o Brasil caminha em direção a 
um novo patamar de desenvolvimento do esporte adaptado: a con-
quista de maior exposição e visibilidade midiática, que contribuirá para 
o envolvimento de mais empresas patrocinadoras e divulgará as po-
tencialidades das pessoas com condições de deficiência, instigando a 
ruptura de ideais que as colocam como inferiores na sociedade e estimu-
lando o desenvolvimento de um olhar mais respeitoso às diversidades.
Agora que você já conhe-
ce a história dos esportes 
adaptados no Brasil e no 
mundo, veja em O legado 
de Mandeville: documen-
tário paralímpico, vídeo 
publicado no canal 
CLIFFPRODUCTIONS, 
informações e imagens 
inéditas da evolução dos 
Jogos Paralímpicos.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=k-rB6QdAa_Y. Acesso 
em: 25 mar. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=k-rB6QdAa_Y
https://www.youtube.com/watch?v=k-rB6QdAa_Y
38 Educação Física Adaptada
2.3 Esporte paralímpico: modalidades 
e classificação esportiva Vídeo
Nas seções anteriores, distinguimos a prática de esporte adapta-
do – que possibilita vivências em múltiplas áreas, como na reabilita-
ção, na escola e no lazer – do esporte paralímpico – que se direciona 
especificamente para atletas envolvidos no treinamento de alto ren-
dimento esportivo em busca de grandes resultados em competições 
internacionais.
Nesse sentido, não são todas as pessoas que conseguem participar 
das competições oficiais do esporte paralímpico. Para poder se envol-
ver nessas competições, além de ter um bom desempenho esportivo, 
o suficiente para conseguir conquistar uma vaga na competição, os 
atletas também devem obrigatoriamente possuir deficiência visual, fí-
sica ou intelectual.
O conjunto de modalidades contempladas nos Jogos Paralímpicos 
sofre alterações a cada edição, conforme definição do Comitê Paralím-
pico Internacional. Os critérios para definir quais serão as modalidades 
contempladas são (IPC, 2006):
 • Ter reconhecimento esportivo: a modalidade deve ser reconheci-
da pelo Comitê Olímpico Internacional e ser organizada por uma 
federação internacional.
 • Assumir o ideal do jogo limpo: deve ter um código antidoping e 
seguir a Carta Olímpica, documento que determina os valores e a 
ética do jogo limpo.
 • Abrangência global: a modalidade deve ser praticada por pessoas 
de ambos os sexos de um número significativo de países nos 
quatro continentes; deve ser praticada em pelo menos 75 países 
por homens e 40 países por mulheres.
 • Inovação: dever ter abertura e considerar o interesse das novas 
gerações.
 • Não se encaixar na lista de proibições: são vetados esportes que 
possuem componentes motores (como automobilismo) e jogos 
mentais (como xadrez).
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 39
 • Popularidade e investimento financeiro – esportes que não te-
nham significativa popularidade entre os países nem investimen-
to da mídia e patrocinadores podem ser retirados da competição.
Seguindo esses parâmetros para as competições dos Jogos Paralím-
picos de 2021, foram selecionadas as seguintes modalidades:
Quadro 1
Modalidades participantes dos Jogos Paralímpicos de 2021
Modalidades paralímpicas agrupadas pelo tipo de deficiência (2021)
Deficiência visual e física Deficiência física Deficiência visual
Para-atletismo *
Para-halterofilismo
Para-equestre
Para-natação *
Para-ciclismo
Para-triatlo
Para-remo
Basquetebol em CR
Bocha
Esgrima em CR
Para-canoagem
Rugby em CR
Tênis de mesa *
Tênis em CR
Para-tiro com arco e tiro esportivo
Voleibol sentado
Para-taekwondo
Para-badminton
Futebol de cinco
Golbol
Para-judô
* Esportes que também permitem a participação de atletas com a condição de deficiência intelectual.
Fonte: Elaborado pela autora com base em IPC, 2021.
Conforme podemos observar no quadro, as Paralimpíadas possuem 
uma classificação esportiva que inclui o agrupamento de atletas com 
níveis semelhantes de limitações. Essa classificação busca colocar as 
pessoas com deficiências e dificuldades semelhantes em um mesmo 
grupo a fim de evitar vantagens ou desvantagens advindas dessa ou 
daquela condição, buscando tornar a competição a mais justa possível.
O aprimoramento dos diferentes sistemas de classificação esporti-
va é constante e fundamental para garantir que o nível de treinamento 
e a habilidade de cada indivíduo sejam os fatores decisivos para o su-
cesso no esporte paralímpico. Assim, se no esporte olímpico as modali-
dades se dividem em categorias por idade, gênero ou peso, no esporte 
paralímpico as categorias se referem à funcionalidade de um atleta em 
jogo, ou seja, considera a deficiência e o desempenho do atleta na ação 
a ser desempenhada durante a competição.
40 Educação Física Adaptada
A primeira forma de realizar a classificação esportiva ocorreu res-
paldada pela chamada classificação médica, em que médicos agrupa-
vam os atletas de acordo com o quadro biológico de deficiência que 
possuíam, como nos Jogos de Stoke Mandeville. Nessa classificação, 
eram separados os atletas que tinham lesão medular completa (sem 
movimento nem sensibilidade nos membros) daqueles tinham lesão 
incompleta (com resquícios de sensibilidade ou movimento).
A partir da década de 1990, um segundo sistema surgiu, a classifi-
cação funcional, voltada para tentar identificar o potencial residual do 
atleta, ou seja, para avaliar as ações que o atleta conseguia fazer no 
seu cotidiano com a sua condição de deficiência. Em meados dos anos 
2000, um terceiro sistema se consolidou, a chamada classificação ba-
seada em evidências, em que cada modalidade passou a criar o seu pró-
prio critério de agrupamentos. Essa classificação é composta de uma 
avaliação biológica associada a testes e avaliação da situação de jogo, 
focando no quanto a deficiência afeta especificamente as atividades 
realizadas em cada modalidade ou prova (MELLO; WINCKLER, 2012).
Figura 4
Evolução dos sistemas de classificação esportiva para participação nos Jogos Paralímpicos
Classificação médica Classificação funcional
Classificação baseada em 
evidências e especificidades 
esportivas
Fonte: Elaborada pela autora.
Dessa forma, o sistema de classificação esportiva visa garantir opor-
tunidades iguais aos atletas para competirem em nível nacional e in-
ternacional. Cada modalidade esportiva possui a sua própria forma de 
realizar a classificação, e durante a carreira os atletas podem ser realo-
cados de classe, já que os mesmos passam por reavaliações contínuas.
A equipe de classificação é composta de três profissionais da área 
de saúde: médico, fisioterapeuta e professor de Educação Física. Tam-
Esporte adaptado: história e educação paralímpica 41
bém participam oftalmologistas ou optometristas com experiência em 
baixa visão e psicólogos.
Para poder participar no esporte paralímpico, o atleta deve apre-
sentar uma das deficiências consideradas elegíveis para a prática, que, 
segundo o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, 2015), são:
 • potência muscular reduzida;
 • amplitude do movimento passivo reduzida;
 • ausência de membro;
 • diferença no comprimento das pernas;
 • baixa estatura;
 • hipertonia muscular (aumento da rigidez muscular);
 • ataxia (alteração no controle e na coordenação dos movimentos 
realizados);
 • atetose (movimentos lentos e involuntários);
 • deficiência visual;
 • deficiência intelectual.
Por outro lado, não são condições consideradas elegíveis para 
a competição a presença de dor, o baixo tônus muscular (fraqueza 
muscular), a instabilidade articular, o comprometimento da função 
motora reflexa, a hipermobilidade articular, o comprometimento da 
resistência muscular, o comprometimento de funções cardiovascu-
lares, respiratórias ou metabólicas e a deficiência auditiva

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