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ADME ATIVIDADE 1 INTERAÇAO DROGA E NUTRIENTE

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ADME (ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, METABOLISMO, EXCREÇÃO)
A absorção é a primeira etapa correspondente à passagem do fármaco pelas membranas biológicas, desde o seu local de administração até chegar à corrente sanguínea, tornando-se, assim, biodisponível (SALVI; MAGNUS, 2014).
A concentração do fármaco na corrente sanguínea, e consequentemente no seu local de ação, dependerá, inicialmente, da via pela qual ele é administrado assim como do seu grau de absorção pelas membranas e tecidos (SOARES, 2017).
Algumas interferências no processo de absorção são bem conhecidas, como as alterações na atividade das enzimas transportadoras de mucosa (P-glicoproteínas) e das isoenzimas metabolizadoras presentes nos enterócitos da mucosa intestinal (CYP 3A4) (SALVI; MAGNUS, 2014).
Após a chegada dos fármacos na corrente sanguínea, inicia-se a etapa de distribuição que corresponde aos processos de transporte dos fármacos entre os diferentes tecidos e compartimentos orgânicos (SALVI; MAGNUS, 2014). 
Desse modo, a concentração dos fármacos na corrente sanguínea e nos locais de ação também depende do fluxo sanguíneo e da velocidade de difusão tecidual e das propriedades físico-químicas dos fármacos, sendo o transporte mediado principalmente pela ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas (SOARES, 2017). 
Os órgãos amplamente irrigados, como coração, fígado, rins e cérebro, são mais suscetíveis à distribuição dos fármacos, enquanto tecidos com fluxo sanguíneo menor, como a pele e os músculos esqueléticos, têm suscetibilidade menor (SOARES, 2017).
As proteínas plasmáticas que formam o plasma sanguíneo (majoritariamente a albumina) são as moléculas responsáveis pelo transporte das substâncias endógenas (produzidas pelo organismo, caso dos hormônios e do colesterol) e exógenas (absorvidas de fontes externas, caso dos fármacos). O fármaco livre (fração ativa) refere-se à porção que não está ligada às proteínas plasmáticas, enquanto que a porção ligada às proteínas é conhecida como porção inativa. Uma vez que essas proteínas são moléculas de alto peso molecular e normalmente não passam pelas paredes dos vasos sanguíneos, os fármacos ligados não atingem o local de ação (PIVELLO, 2014).
Deve-se salientar que a taxa de ligação é constantemente alterada buscando um equilíbrio entre as frações do fármaco livre (ativo) e ligado às proteínas plasmáticas (inativo). Tal equilíbrio pode ser alterado em condições patológicas como cirrose, insuficiência renal e, ainda, em alterações fisiológicas decorrentes de desnutrição, idade avançada e gravidez. Nessas situações, existe uma redução da concentração de albumina sanguínea; logo, a fração de fármacos associados às proteínas (fração inativa) também diminui, aumentando a fração livre e, consequentemente, a intensidade do efeito terapêutico ou tóxico (PIVELLO, 2014).
A distribuição pode ser facilitada no organismo ou não, dependendo de fatores como depósito tecidual (armazenamento) e pela permeabilidade seletiva das barreiras orgânicas, como o epitélio intestinal, endotélio vascular, barreira hematoencefálica e barreira placentária (SALVI; MAGNUS, 2014). 
Outro fator que interfere na distribuição é o efeito reservatório das proteínas plasmáticas. Fármacos com alta afinidade por essas proteínas permanecem na corrente sanguínea por mais tempo e são liberados com uma velocidade menor. Quando o fármaco se dissocia das proteínas, consegue atravessar os capilares sanguíneos e alcançar o local de ação, provocando o efeito terapêutico. Quando um segundo fármaco é administrado, pode ocorrer uma competição pela ligação às proteínas plasmáticas. Assim, pode aumentar a fração ativa dos fármacos, aumentando a intensidade do efeito terapêutico ou tóxico (PIVELLO, 2014).
O tempo de meia-vida plasmática (t½) representa o intervalo necessário para que a concentração do fármaco na corrente sanguínea seja reduzida à metade. Portanto, esse parâmetro está diretamente relacionado aos processos de eliminação dos fármacos no organismo, em particular o metabolismo e a taxa de excreção. Esse parâmetro fornece um valor útil para orientar a determinação da dose e os intervalos de administração dos medicamentos com o objetivo de manter as concentrações plasmáticas dos fármacos em faixas adequadas e estáveis, sempre respeitando os limites dos efeitos terapêuticos e toxicológicos (SALVI; MAGNUS, 2014)
O metabolismo ou a biotransformação envolve os processos e as reações no quais os fármacos sofrem alterações em suas estruturas químicas. Normalmente, essas reações são realizadas por meio de processos enzimáticos ou por conjugação (SALVI; MAGNUS, 2014).
Em geral, tais processos e reações de biotransformação convertem os fármacos em metabólitos mais hidrossolúveis e polares. Assim, os metabólitos podem ser eliminados com mais facilidade do organismo. Esses metabólitos podem ser ativos, inativos e até tóxicos, mas frequentemente são inativos (SOARES, 2017).
A metabolização por via enzimática é a mais frequente, ocorrendo principalmente no fígado e envolvendo uma série de reações químicas catalisadas por um conjunto de enzimas inespecíficas e cofatores denominados “complexo citocromo P450” (CYP-450). Entretanto, a metabolização também pode ocorrer nos pulmões, nos rins, nos intestinos e na pele (SOARES, 2017).
O efeito de primeira passagem refere-se ao metabolismo que os fármacos administrados por via oral e retal sofrem ao passar pelo fígado antes de alcançar a circulação sistêmica. Essas modificações podem produzir metabólitos mais ou menos ativos. Contudo, a perda de atividade biológica (inativação) é a situação mais comum e representa um grande desafio da administração por via oral e retal, pois reduz a biodisponibilidade dos fármacos e, consequentemente, altera a intensidade e a duração dos efeitos farmacológicos (PIVELLO, 2014).
Diversos fatores interferem na biotransformação, cabendo salientar a capacidade de fármacos e nutrientes em promover a indução ou a inibição enzimática resultando na redução ou no aumento da concentração dos fármacos, respectivamente. Alterações enzimáticas, representadas por expressão e atividade anormal de enzimas, devido a polimorfismos individuais, podem igualmente alterar o tempo de permanência dos fármacos no organismo, resultando em redução ou em aumento do efeito deles (SALVI; MAGNUS, 2014)
A excreção é a última etapa e envolve os mecanismos pelos quais os fármacos e seus metabólitos deixam os tecidos e finalmente são removidos do organismo (SALVI; MAGNUS, 2014).
Para que ocorra a excreção, normalmente os fármacos precisam ser biotransformados em metabólitos mais hidrossolúveis e polares (SOARES, 2017). Assim, dependendo das suas propriedades físico-químicas, os fármacos e seus metabólitos podem ser excretados por diferentes vias, mas, de maneira geral, a excreção ocorre principalmente por via renal, pulmonar e digestiva, e ainda pode ocorrer pelas glândulas (SALVI; MAGNUS, 2014).
A filtração renal desempenha um papel fundamental para a excreção dos fármacos, uma vez que o sangue é filtrado nos capilares glomerulares dos rins. Esses capilares possuem pequenos poros por onde passam as substâncias dissolvidas no sangue. Em situações fisiológicas normais, as células sanguíneas e proteínas plasmáticas não atravessam esses capilares; dessa forma, os fármacos ligados às proteínas plasmáticas não são filtrados pelos rins e permanecem na circulação sanguínea até se dissociarem. Já os fármacos livres e seus metabólitos mais polares e hidrossolúveis são retidos no túbulo renal e seguem para excreção pela urina. Por outro lado, as substâncias lipossolúveis e apolares são reabsorvidas e retornam à circulação sanguínea. (SOARES, 2017).

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