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CADERNO DE DIREITO DOS CONTRATOS

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DIREITO DOS CONTRATOS – FBD – PROF. VICENTE - 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
DIREITO DOS CONTRATOS 
CADERNO DE NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
 
1) CONTRATOS – NOÇÕES GERAIS: 
. O que é um contrato? 
 . Conceito de Caio Mario da Silva Pereira: “O negócio jurídico é um acordo de 
vontade na conformidade da lei e com as finalidade de adquirir, resguardar, transferir, 
conservar, modificar ou extinguir direitos”. 
. Nem todo negócio jurídico é um contrato, mas todo contrato é um negócio jurídico. 
. Art. 425 do CC: poder de criar contratos. 
. Contrato como instrumento de circulação de riquezas: 
. Mudança político-social da queda da bastilha se deu com o apoio da burguesia (classe 
média) . – Classe média = desenvolvem comércio = se configura no contrato como 
representação jurídica da atividade econômica. 
. Conceito de status social (nobre com mais poderes do que os demais) – a burguesia 
propõe igualdade de forma indiscriminada. 
. Caldo cultural que justifica o fortalecimento do contrato – Contrato fica blindado. – 
Livro Mercador de Veneza de Shakespeare (“se você não pagar, eu tenho direito de tirar 
uma libra do teu corpo” – possibilidade do credor poder ou não exigir metaforicamente 
o pedaço de carne do corpo do devedor – IDEIA DA OBRIGATORIEDADE DO CONTRATO). 
. Funções e efeitos econômicos dos contratos: 
. Promover a circulação de riquezas; - . Contrato é instrumento de pactos econômicos, 
de transferência de ativos, de circulação de riquezas etc. 
. Prevenção de riscos; - Exemplo: cláusula penal nos contratos – função preventiva = 
“não faça isso, cumpra o contrato”. – Multa do contrato nunca pode exceder o valor do 
contrato; quando estabelecida uma cláusula penal ela é o máximo que posso exigir de 
penal. – Cláusula penal compensatória (pra evitar o inadimplemento absoluto); 
moratória (inadimplemento relativo – obrigação cumprida fora do prazo/tempo e lugar 
inadequado/credor errado, mas ainda existe interesse no cumprimento); 
 DIREITO DOS CONTRATOS – FBD – PROF. VICENTE - 2021.2 
 
NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
. Colaboração entre as partes; - o contrato precisa ser um instrumento de viabilização 
da redução de prejuízos, boa-fé, que as partes ajudem umas às outras etc. 
. Prevenção de controvérsia com uma cláusula arbitral; - as partes podem estabelecer 
no contrato que eventuais conflitos não serão dirimidos na via judicial, mas pela via 
arbitral. 
. Concessão de crédito; - financiamentos, concessão de garantias etc. 
. Criação de direitos reais. – criação de hipotecas, estabelecer usufrutos etc. 
. Diferenças entre contratos e acordo: 
. No acordo temos a figura de um negócio jurídico plurilateral, todos os vetores 
convergem para uma só direção. – Exemplo: formação de uma sociedade coorporativa. 
Logo, todos os interesses são votados para uma única direção, diferentemente dos 
contratos que há uma distinção presente justamente em relação ao contrato, podendo 
ter direções opostas. 
. Então, tecnicamente, o contrato existe uma contraposição de interesses e o acordo 
união de interesses. 
. Contrato como negócio jurídico: 
. Elementos de existência: previsão doutrinária. 
. Manifestação de vontade. 
. Sujeito/agente. 
. Objeto. 
 . Requisitos de validade – art. 104 CC. 
. A validade do negócio jurídico requer: 
 . Agente capaz; 
 . Objeto lícito, possível, determinado ou determinável. 
 . Forma prescrita ou não defesa em lei. 
 . Livre. 
 . De boa-fé. 
2) PRINCÍPIOS LIBERAIS CLÁSSICOS: 
. Autonomia: 
. A ideia da autonomia se dá com a perspectiva que os indivíduo estariam livres para 
contratar. – É basicamente a ideia do contrato como força de lei entre as partes. 
 DIREITO DOS CONTRATOS – FBD – PROF. VICENTE - 2021.2 
 
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. Histórico e modificação estrutural. – Autonomia da vontade (fazer tudo dentro do 
âmbito lícito) que migrou para a autonomia privada (que é uma autonomia balizada por 
valores constitucionais). – IDEIA DE LIBERDADE TOTAL FOI MITIGADA PORQUE É 
IMPOSSÍVEL SE TRABALHAR NESSA PERSPECTIVA. 
 . Contrato é forma de aquisição de propriedade. – Se no feudalismo propriedade 
= terra = forma de riqueza, agora houve uma mudança econômica efetivamente da 
aquisição de riquezas (AGORA ERA O COMÉRCIO). 
. Desdobramentos: 
 . Liberdade de contratar. – Diz respeito a faculdade de realizar ou não realizar o 
contrato. – Atualmente é limitada pela função social dos contratos. 
 . Art. 421 – “A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do 
contrato”. 
 . Liberdade contratual propriamente dita. 
. Efeitos: 
. Possibilidade de não se aplicar certas normais legais, aplicando-se normas decorrente 
da vontade. – Exemplo: Lei de Locação, IPTU e condomínio. 
. Possibilidade de criação de contratos atípicos (CC, art. 425). – Exemplo: contrato de 
hospedagem. 
. Princípio da obrigatoriedade (força obrigatória – “pacta sunt servanda”): 
. Tenho liberdade para contratar = me vínculo ao outro contratante e devo cumprir o 
contrato. – Contrato não é regra moral. 
. O contrato tem força de lei entre as partes. 
. Ideia de obrigatoriedade do contrato e a possibilidade de sanção no caso de 
descumprimento. 
. As partes não podem alterar o conteúdo do contrato sem a concordância da outra 
parte. 
. Exceção: TEORIA DA IMPREVISÃO (Rebus sic stantibus): 
. A autonomia da vontade migra para a autonomia privada. 
. Desdobramento: art. 421, CC. 
. Obra de Bobbio: da estruturação à função. 
 DIREITO DOS CONTRATOS – FBD – PROF. VICENTE - 2021.2 
 
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. Força obrigatória: 
 . Muito vinculada a ideia da autonomia, porque é um desdobramento disso. – 
Contrato é uma regra jurídica, não apenas uma regra moral, que impõe uma 
obrigatoriedade/uma coerção na conduta (se porventura eu descumpro a postura que 
livremente eu me comprometo, posso ser coagido a cumprir através do poder estatal, 
notadamente através do processo e sofrer todas as sanções das cláusulas penais do 
contrato). 
 . Pacta sunt servanda = o pacto faz lei entre as partes = partes não podem 
descumprir o contrato e nem sofrer nenhum tipo de liberação contratual por força da 
autonomia que previamente estabeleceram. 
. Princípio da relatividade dos efeitos dos contratos: 
. Não posso pensar de forma egoística que o contrato só vai se resumir as partes, ele 
tem potencialidade de alcançar terceiros e, por isso, tem que ser visto de outra forma. - 
A função social é muito importante, por isso temos que ver todo o entorno que pode 
ser afetado com essa contratação. 
. Esse princípio se pauta na ideia de que o contrato só vincula as partes que firmaram o 
negócio jurídico. – Nem prejudicaria e nem beneficiaria terceiros. – Essa ideia sempre 
sofreu abrandamento, uma vez que existem inúmeras situações em que se podem falar 
de mecanismos contratuais onde terceiros são afetados por conta dessas situações. 
 . Exemplo: doação com encargo. – Jessica estou doando para essa sala, mas 10% 
do valor que você porventura ganhe com o aluguel dela será destinado para uma 
instituição x de crianças com câncer. 
. Esse princípio foi sensivelmente afetado pela ideia da FUNÇÃO SOCIAL - no momento 
em que passamos a compreender que o contrato não é apenas forma e vinculação entre 
as partes, ele é individual e social entre as partes, isto é, tem uma possibilidade de afetar 
terceiros não podemos pensar egoisticamente que o contrato entre João x Maria apenas 
os afetará. 
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. Os direitos pessoais têm eficácia relativa, isto é, exigibilidade somente a quem está 
vinculado a situação concreta. Por outro lado, os direitos reais são exercidos erga 
omnes, isto é, abrange a todos. 
. O contrato tem uma repercussão interna e externa (afetar um terceiro ou ser afetado 
por um terceiro). – AMBAS AS SITUAÇÕES DEVEM SERANALISADAS, UMA VEZ QUE O 
CONTRATO NÃO ESTÁ LIMITADO APENAS ÀS PARTES QUE ESTÃO ALI CONCRETAMENTE 
ENVOLVIDAS. 
. Tutela externa do crédito = situação em que firma-se um contrato que está ameaçado 
pela postura de terceiros. 
. Se encaixa neste ponto a Teoria do terceiro ofensor (ou terceiro cúmplice): visa 
que um terceiro não atrapalhe a relação contratual (art. 608, CC). 
3) Dirigismo contratual e ordem social do Estado: 
. Dirigismo contratual = Estado intervindo na economia, notadamente nas relações 
contratuais, entendendo que há ali uma necessidade do Estado regular as relações 
contratuais. 
 . O Direito Brasileiro foi se moldando a isso, com inúmeros decretos-leis em 
meados de 1933 e anos seguintes. 
. O que vigora hoje é a ideia de um Estado Liberal, não intervencionista no tocante as 
relações jurídicas. – O Estado não vai intervir na esfera privada, pois havendo liberdade 
e igualdade entre as partes, podem elas decidir sozinhas. – O Estado só intervém em 
situações patológicas, atípicas, que resulta em algum incumprimento do contrato. 
. A mudança de autonomia da vontade como algo intocável para uma autonomia com 
limites (a autonomia privada), começa-se a se incluir o Estado nas relações tipicamente 
privadas. – NASCE O WELFARE STATE = O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL. 
. O Estado passa a criar leis e buscar outras maneiras a fim de evitar irregularidades 
provenientes dos contratos. 
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. Intervenção do estado na economia, pois há a necessidade do estado regulamentar as 
relações privados em virtude das disparidades e força dos contratantes. – CONTRATO = 
ECONOMIA = ESTADO REGULAMENTANDO. 
. A cláusula penal tem importância no contrato para quantificar as perdas e danos, 
estabelecer futuros riscos. – A quantificação exata facilita a conduta das partes. – A 
cláusula penal funciona com o mesmo intuito do contrato. 
. DIRIGISMO CONTRATUAL = intervenção do Estado no contrato, a presença estatal 
estabelecendo limites para as partes contratuais. – É o caso do Direito do Consumidor, 
que é um balizador da ordem efetiva; agências reguladoras (como ANS). 
. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA: 
. Previsto no art. 422 do Código Civil. 
. Esse princípio não surgiu no ordenamento brasileiro dentro do Código Civil. Na 
verdade, foi estabelecido em 1853 no Código Comercial. – Temos uma influência bem 
efetiva no CDC – a boa-fé como princípio ético, padrão médio de conduta a ser 
observado nas relações para alcançar justas e razoáveis expectativas nas relações 
jurídicas pactuadas. – Nesse sentido, ela é apurada em critério de concreção, e não de 
subsunção. Tem-se que analisar de acordo com cada caso concreto. 
 . Não pega o padrão médio de conduta do brasil inteiro, mas sim de um certo 
local. - Boa fé apurada em concreção (no caso concreto) – não usa o critério da 
subsunção, mas sim da concreção. – Em cada situação observar o que é razoável dentro 
do status social (analisar se houve ou não uma situação de boa-fé). 
. Para Carlos Roberto Gonçalves (2020) o art. 422 trata tanto das disposições 
preliminares do contrato quanto das obrigações oriundas de contratos já executados 
(página 62). 
. Art. 133, CC – como deve ser interpretado os negócios jurídicos, vislumbrando a boa-
fé e a função social dos contratos. 
. Art. 112, CC – complementa o art. 133. 
. Art. 187, CC – função de controle ou limite – abuso de direito. 
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. A boa-fé deflagra os deveres gerais de conduta. 
. Quando violo a boa-fé, estarei cometendo um ato ilícito. 
. FUNÇÕES: 
. Limitação da autonomia (função de controle) – ainda que sejamos livres e tenhamos 
contratado algo, a partir do momento que essa contratação viole a boa-fé, tem-se a 
possibilidade de efetivamente invalidar esse contrato ou alterá-lo para que se ajuste. 
. Teoria do adimplemento substancial – cumpro substancialmente o contrato, 
então não se pode resolver o contrato, como eu adimplo parcela substancial do 
contrato, faz com que a cláusula que busca a rescisão por inadimplemento perca sua 
força. 
. Criação de deveres gerais de conduta (função integrativa): 
. Sigilo, informação, segurança e outros – são corolários, consequência natural 
do princípio da boa-fé, não preciso estabelecer = eles automaticamente são deflagrados. 
. Deveres primários geram a própria razão de ser do contrato (gera a relação 
contratual). - O dever secundário não é fundamental, mas está relacionado a, por 
exemplo, o zelo pelo bem locado, a entrega em perfeito estado. 
. Já os deveres gerais de conduta estão relacionados ao fato que 
antes/durante/depois da relação contratual, se faça com que o contratante alcance as 
justas e razoáveis expectativas que ele tem com aquele contrato. - Dever de proteção, 
cooperação. 
. Teoria do adimplemento substancial ou substancial performance. 
. Teoria do “Duty to mitigate the loss” - dever de reduzir o próprio prejuízo, 
estabelece uma imposição para minimizar o seu prejuízo, se não dificulta a possibilidade 
de resolver o problema, acaba se tornando uma “má-fé”. 
. Norma hermenêutica (função interpretativa): 
 . Critério de interpretação. 
 . Função social e revisão do contrato. 
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. OBS: Devemos buscar posturas que viabilizem o cumprimento do contrato, e não criar 
embaraços (pois, falamos de parceria). - O intuito não é a mora, a multa, mas sim o 
cumprimento da obrigação. 
. DICA: Texto de Paulo Luiz Netto Lobo – Deveres gerais nas obrigações civis. 
. Os deveres de conduta: 
a) Os deveres de proteção – exemplo: o vendedor informando ao consumidor sob a 
necessidade de uso de luvas de proteção no momento da venda de um produto 
corrosivo. 
b) Os deveres de cooperação. 
c) O dever de esclarecer, ou informar. – Dever de informar não é apenas informar, mas 
sim INFORMAR DE FORMA ADEQUADA (interlocutor precisa conseguir compreender). 
. ENUNCIADOS LIGADOS À BOA-FÉ OBJETIVA: 
. Hoje em dia se fala em “enunciados” (consolidação de jurisprudências) e não mais 
enunciados. 
. Todavia, enunciados não são jurisprudências. – ELES ESTÃO TENDENDO A VIRAR 
JURISPRUDÊNCIA. 
. ENUNCIADO 24 – relação com art. 422 do CC: 
. 24 - Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código 
Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, 
independentemente de culpa. 
. ENUNCIADO 25 – relação com art. 422 do CC: 
. 25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do 
princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual. 
. EXEMPLO: caso de Zeca Pagodinho – recebeu 1 milhão para propaganda da SCHIN, mas 
no mês seguinte estava no camarote da skol fazendo show. 
. ENUNCIADO 26 – relação com art. 422 do CC: 
 DIREITO DOS CONTRATOS – FBD – PROF. VICENTE - 2021.2 
 
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. 26 - Art. 422: a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz 
interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, 
entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes. 
. ENUNCIADO 27 – relação com art. 422 do CC: 
. 27 - Art. 422: na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o 
sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e 
fatores metajurídicos. 
. ENUNCIADO 169 – relação com art. 422 do CC: 
. 169 – Art. 422: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o 
agravamento do próprio prejuízo. 
. ENUNCIADO 361 – relação com arts. 421 (função social), 422 (boa-fé), 475 do CC: 
. 361 – Arts. 421, 422 e 475: O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais 
contratuais, de modo a fazer preponderar a funçãosocial do contrato e o princípio da 
boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475. 
. ENUNCIADO 362 – relação com art. 422 do CC: 
. 362 – Art. 422: A vedação do comportamento contraditório ( venire contra factum 
proprium ) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do 
Código Civil. 
. OUTROS ENUNCIADOS: 
. 537 – A previsão contida no art. 169 não impossibilita que, excepcionalmente, negócios 
jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando justificados por 
interesses merecedores de tutela. 
. Enunciado 543 VI Jornada – Constitui abuso do direito a modificação acentuada das 
condições do seguro de vida e de saúde pela seguradora quando da renovação do 
contrato. 
3) Função social do contrato: 
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Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada 
pela Lei nº 13.874, de 2019). Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o 
princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. 
 
. A redação antiga (original) trazia confusões até mesmo com a definição do que seria a 
função social. 
. A primeira redação do art. 421 dizia que o contrato era celebrado em razão da função 
social. – Alguns autores mais liberais disseram: “tudo bem que seja nos limites da função 
social, mas não por conta da função social. O contrato é celebrado pela liberdade que a 
pessoa tem de contratar”. 
 . “Eu contrato porque quero contratar, porque preciso”. – Essa liberdade de 
contratar não pode afetar terceiros. 
. O que a doutrina fala sobre a função social do contrato? NÃO É UM CONCEITO 
UNÂNIME. 
. Associando a ideia da função social, pontuando questões dos efeitos 
econômicos, a solidariedade (seria um valor contratual). 
. Alguns autores não colocam a solidariedade no contrato, pontuando que 
contrato é lugar de interesses individuais e só pode ser pensada quando envolve 
afetação a terceiros. 
. BIPARTIÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL: 
. Função social externa = preocupação do conteúdo do contrato não causar 
danos a terceiros. – Enunciados relacionados: 21 (da 1ª Jornada); 
. Função social interna = prestação entre os contratantes. 
 
 
 
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. REVISÃO JUDICIAL: 
. A possibilidade de modificar o contrato vem de precedente histórico desde o 
código de Hamurabi. 
. Quando falamos em revisão judicial do contrato, estamos fazendo um 
contraponto a ideia da obrigatoriedade do contrato, é uma ideia trabalhada sobre 
abrandar a ideia do Pacta Sunt Servanda. Claro que não é uma ideia nova, mas é algo 
que está cada vez mais enraizado no nosso Direito contratual com o atrelamento da boa-
fé e da função social do contrato. - Nesse sentido, em um contrato não podemos 
observar a alteração unilateral do contrato, tem que ter um ajuste de vontade entre as 
partes para que haja a modificação. No entanto, se eventualmente esse contrato nascer 
desequilibrado ou por situações decorrentes de lesão, teremos a possibilidade alterá-lo, 
já que temos a previsão legislativa sobre isso, o mesmo também pode acontecer quando 
ainda que o contato nasça equilibrado, mas ao longo da execução implique um 
desequilíbrio contratual. 
. CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS: 
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. Essa cláusula significa que as coisas devem permanecer do jeito como foram 
estabelecidas (pactuadas). As pessoas levavam em consideração a necessidade de 
cumprimento da palavra, boa-fé, devo fazer valer aquele parâmetro que vigorava na 
hora que contratei com tal pessoa, se a situação mudou, o parâmetro agora é distinto. - 
Ela suspendia os contratos de longo prazo (sobretudo em contratos de locação, 
contratos mais longos). Se desenvolveu uma premissa para justificar que diante de fatos 
imprevisíveis e extraordinários se justificaria o não cumprimento da obrigação, a 
extinção do contrato em virtude de fatos imprevisíveis e extraordinários, os 
contratantes ficariam liberados da obrigação porque esses fatos tinham gerado uma 
impossibilidade de cumprimento. 
. Dá a ideia de que as coisas têm que permanecer da forma que as coisas se 
encontravam ou foram pactuadas. 
. Exemplo: As calamidades no código de Hamurabi liberam as pessoas do que foi 
pactuado, pois a coisa primária mudou. 
. Na primeira guerra mundial, surge um problema de contratos de longa-duração, 
surge uma lei na França “lei faillot” que permite a suspensão de contratos de longa 
duração devido a situação fática que ali existia, restauram essa cláusula para justificar o 
não cumprimento da obrigação e a resolução do contrato em virtude de fatos 
imprevisíveis e extraordinários, logo os contrates ficariam liberados da obrigação, 
porque justamente os fatos concretos do momento gerou uma impossibilidade de 
comprimento. 
. A doutrina a partir dessa lei tenta justificar essa cláusula modernamente. 
. A doutrina fala que o contratante na hora que celebra o contrato deve 
considerar o momento histórico para deflagrar a vontade dele (elemento subjetivo) e o 
conjunto de circunstâncias (elemento objetivo) que envolve aquele momento, se esse 
conjunto muda a ponto de se tornar impossível o cumprimento da obrigação, teremos 
o fundamento para revisar o contrato. 
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. Um elemento superveniente que quebra a base do negócio é a razão 
deflagradora de justificativa de resolução do contrato. 
. Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta 
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz 
corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da 
prestação. 
 
. A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou 
revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a 
prestação de uma das partes tornar-se exageradamente onerosa - o que, na prática, é 
viabilizado pela aplicação da cláusula rebus sic stantibus 
. Então a teoria da imprevisão ela é pautada sobre a cláusula Rebus sic 
stantibus. 
. Pro direito para haver a revisão do contrato, e não a resolução, é quando a 
pessoa está tendo a extrema vantagem, concorde com a revisão contratual. 
. A cláusula rebus sic stantibus levou a criação da teoria da imprevisão ou teoria 
da revisão dos contratos, entre nós difundida segundo o jurista Carlos Roberto 
Gonçalves, por Arnoldo Medeiros da Fonseca 
. Que relata: “Entre nós, a teoria em tela foi adaptada e difundida por Arnoldo 
Medeiros da Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão, em sua obra Caso fortuito 
e teoria da imprevisão. Em razão da forte resistência oposta à teoria revisionista, o 
referido autor incluiu o requisito da imprevisibilidade, para possibilitar a sua adoção. 
Assim, não era mais suficiente a ocorrência de um fato extraordinário, para justificar a 
alteração contratual. Passou a ser exigido que fosse também imprevisível. É por essa 
razão que os tribunais não aceitam a inflação e alterações na economia como causa para 
a revisão dos contratos. Tais fenômenos são considerados previsíveis entre nós. A teoria 
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da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada 
do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma 
das partes tornar-se exageradamente onerosa - o que, na prática, é viabilizado pela 
aplicação da cláusula rebus sic stantibus, inicialmente referida." 
. Não há um consenso na doutrina se estamos falando da OnerosidadeExcessiva ou da Teoria da imprevisão no contrato. 
. TEORIA DA IMPREVISÃO: 
. A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão 
forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de 
uma das partes tornar-se exageradamente onerosa – o que, na prática, é viabilizado pela 
aplicação da cláusula rebus sic stantibus, inicialmente referida. 
. CRITÉRIOS PARA REVISÃO CONTRATUAL: 
. ART. 488, CPC. 
. Primeiro critério - Aplicação dos contratos de execução continuada e diferida. – Não 
aplico nos contratos de execução instantânea. 
. Pois nesses contratos existe uma diferença no lapso temporal entre o momento 
em que o contrato foi firmado e o momento de cumprimento. - Quando o contrato é 
instantâneo, isso não importa, pois se exauriu na hora (Ex.: comprei um carro que hoje 
vale 50 mil e amanhã 70 – não posso querer refazer isso). 
. Segundo Critério – Contrato tem que ser bilateral, com direitos e deveres entre as 
partes, no entanto o artigo 480 do código civil prevê a possibilidade também para 
contratos unilaterais onerosos, como uma exceção. 
. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, 
poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-
la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. 
. Terceiro Critério – O contrato tem que ser comutativo, mas existem contratos 
aleatórios que possui uma parte comutativa. 
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. Maria Helena Diniz pontua três requisitos para a revisão judicial dos contratos: a) 
vigência de contrato comutativo de execução continuada; b) alteração radial das 
condições econômicas no momento de execução do contrato em comparação com as 
vigentes no momento da celebração e a existência de benefício exagerado para outro 
do contratante; c) imprevisibilidade e extraordinariedade daquela modificação, pois é, 
necessário que as partes, quando celebraram o contrato, não possam ter previsto este 
evento anormal. 
. Enunciado n. 175 III Jornada: Art. 478: A menção à imprevisibilidade e à 
extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não 
somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às 
consequências que ele produz. 
. Enunciado n. 176 da III Jornada: “Em atenção ao princípio da conservação dos negócios 
jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à 
revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual”. 
. OBS: O devedor estando em mora, pode pedir a revisão judicial do contrato? O STJ 
entende que não é possível; no entanto, o próprio STJ abrange essa interpretação 
entendendo que se porventura essa mora foi criada por conta de uma situação de 
abusividade eu poderia pleitear a revisão do contrato. // depósito judicial para provar a 
boa-fé?! (não se confunde com consignação em pagamento). 
. Art. 330, § 2º CPC: A petição inicial será indeferida quando: § 2º Nas ações que 
tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento 
ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição 
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de 
quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do § 2º, o valor 
incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. 
. APLICAÇÃO NO CDC ART. 6°, V: 
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. Art. 6º: São direitos básicos do consumidor: V - a modificação das cláusulas contratuais 
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
. Não precisa efetivamente de situação imprevisível, discussão de vantagem ou 
não, resolução do contrato ou não. – A regra é muito mais simples: adequação das 
cláusulas contratuais. 
. O CDC é de 1990 e o CC de 2002 – boa parte da doutrina criticou que os 
requisitos do CC para a revisão contratual eram muito mais graves do que os que 
existiam no CDC → a justificativa do legislador foi que na relação de consumo há uma 
disparidade nos polos, certa vulnerabilidade; exige-se mais no CC porque as relações 
cíveis são mais paritárias, e por isso não se justificaria ter um tratamento igual ao do 
CDC. 
. OBS.: quando eu aplico o CC e quando aplico o CDC? Tem que olhar a presença 
de um fornecedor e do destinatário final. 
. CLÁUSULA HARDSHIP: 
. Cláusula colocada principalmente em contratos privados internacionais, mas não 
apenas neles, colocados também em contratos incompletos (quando elaboro um 
contrato, estou fazendo uma gestão de riscos), possibilitando certos elementos do 
contrato a serem analisados posteriormente, prevendo medidas dentre elas, a revisão 
contratual. 
. Um compromisso estabelecido entre os contratantes para força-los a ideia da revisão 
contratual. 
4) Classificação dos contratos: 
. UNILATERAIS, BILATERAIS E MULTILATERAIS: 
. Todo contrato em sua formação é bilateral (reunião de vontades, ainda que de vetores 
divergentes, acabam formando o contrato). – Posso ter um ato jurídico unilateral 
(produz efeito a partir de uma única manifestação de vontade, como a renúncia) ou 
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bilateral (duas ou mais manifestações para formar o evento jurídico, tal qual o contrato 
= proposta e aceitação). 
. O contrato é em sua natureza/formação bilateral, mas por efeito pode ser unilateral 
ou bilateral. 
. Contrato unilateral = formado pela vontade das duas partes, mas só gera efeitos para 
uma delas. 
. Exemplo: doação, comodato, depósito gratuito. 
. Contrato bilateral = estabelecem deveres para ambas as partes contratantes (Ex.: 
compra e venda, locação, contrato de transporte etc.) // contratos “sinalagmáticos”, por 
ter uma conduta e uma contrapartida, por serem condutas recíprocas. // OBS.: para se 
constatar a bilateralidade não é preciso que haja equivalência nas prestações. 
. Doutrina não tem entendido contrato multilateral como forma de contrato. – 
Contratos embora sejam de interesses divergente, nas situações dos negócios jurídicos 
multilaterais, não existe consenso. 
. Cláusula solve et repete - significa pague e depois reclame, é uma renúncia à exceção 
de contrato não cumprido (artigos 476 e 477 do Código Civil) uma vez que, se 
convencionada, o contratante renunciará à defesa, podendo ser compelido a pagar, 
independentemente do cumprimento da primeira prestação. 
. Não pode ser aplicada em contrato de relação de consumo, e tampouco em 
contrato de adesão. 
 . QUANTO AS VANTAGENS PATRIMONIAIS: 
. Gratuitos/benéficos: aquele que uma parte adquire algum direito, uma vantagem, sem 
qualquer contraprestação da outra parte, pois para esta só há o sacrifício (Ex.: doação 
pura). // OBS.: o fato de se estabelecer alguns deveres para o beneficiado não gera 
necessariamente a modificação da natureza do contrato (Ex.: empresto um imóvel a 
Daniel para que ele use, sem cobrar nada dele, seria unilateral e gratuito. Se eu falar pra 
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ele que não vou cobrar aluguel, mas ele terá que pagar a taxa condominial e o IPTU; isso 
não mudaria a natureza gratuita do contrato). 
. A doutrina distingue os contratos gratuitos propriamente ditos dos contratos 
desinteressados. Aqueles acarretam uma diminuição patrimonial a uma das partes, 
como sucede das doações puras. Estes, subespécies dos primeiros, não produzem esse 
efeito, malgrado beneficiam a outra parte (Ex.: comodato e mútuo). 
. Onerosos: aquele que a vantagem patrimonial é obtida através de uma 
contraprestação. 
. Bifrontes: podem ser tanto gratuito quantooneroso, dependerá da vontade das partes. 
- Ex.: contrato de fiança, contrato de depósito, etc. 
 OBS: 
. Os contratos gratuitos são interpretados restritamente/restritivamente; (Ex.: doei uma 
CPU para alguém, essa pessoa não pode esperar que eu dê também o monitor, o 
teclado, etc.). 
. Já os contratos onerosos, admitem uma interpretação mais ampla. 
. Nos contratos gratuitos, o contratante que efetuou a liberalidade só responde por dolo; 
enquanto o beneficiado responde por simples culpa. Já nos contratos onerosos, ambos 
respondem por culpa e por dolo. (Ex.: se eu emprestei um imóvel para Daniel, qualquer 
dano em relação ao imóvel ele tem que me ressarcir; mas se o dano for por culpa minha, 
eu respondo perante Daniel). 
. Efeitos recorrentes: 
. Nos contratos benéficos, por exemplo o comodato, são aqueles contratos nos quais 
não há ônus correspondente à vantagem obtida. Apenas uma das partes se obriga 
enquanto a outra só se beneficia. 
. Art. 392: Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem 
o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. 
. Exemplo: Natália “empresta” seu apartamento para David, após algum tempo a 
encanação sofre determinado problema, e David precisa reparar, seria aqui um caso de 
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Benfeitoria necessária, no entanto como é uma espécie de contrato unilateral, um 
contrato benéfico, e não houve culpa da parte contratante, Natália apenas ira se 
beneficiar com tal benfeitoria, não sendo necessário nenhuma contrapartida. 
. Art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 
. Na hora que efetuamos uma liberalidade, sem ter uma contrapartida econômica, a 
interpretação dela é restritiva, então não podemos pensar que quando efetuamos, por 
exemplo um testamento que é um negócio jurídico, se tiver contemplado alguém com 
uma fazenda que a fazenda seja também contempladas com as pertenças que existem 
lá. 
. QUANTO AOS RISCOS: 
. Comutativos e aleatórios: 
. OBS: usualmente os contratos de produtos agrícolas são aleatórios, mas não 
necessariamente. 
. Contrato comutativo: as partes sabem antecipadamente os riscos que estão 
submetidos, dessa forma o comutativo estabelece uma ideia de equilíbrio. 
. Contratos aleatórios: Trata-se do contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um 
dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação 
fornecida. Caracteriza-se pela incerteza, para as partes, sobre as vantagens e sacrifícios 
que dele podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e 
imprevisível. 
. Obs: Ou seja, há a firmação do contrato, e estamos obrigados a cumprir aquela 
obrigação, mas meio que existe uma condição, e por não existir a certeza da prestação, 
e o não recebimento daquela obrigação, não decorre então um inadimplemento pelo 
fato imprevisível. 
. Contrato de compra de coisa futura, com assunção de risco pela existência (emptio 
spei). – Art. 458, CC. 
. O contratante admite a possibilidade de nada receber. – “Eu aceito que nada 
seja produzido, desde que comprovada a boa-fé”. 
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. Contrato de compra de coisa futura, sem assunção de risco pela existência (emptio rei 
speratae). – Art. 459, CC. 
. Nesse caso aqui, devido a aleatoriedade do contrato, se da coisa nada existir, 
não haverá a alienação, e o alienante restituirá a quantia, já no caso de existir coisa 
inferior a pactuada devido a aleatoriedade no caso concreto, o adquirente tomou para 
si o risco, se o alienante não tiver culpa/dolo, se a coisa vir a ser menor do que o 
pactuado, o adquirente pela assunção da aleatoriedade terá que pagar o todo. 
. Contra de compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante. 
– Art. 460, CC. 
. OBS: Gabriel é importador de produtos e compra na mão de Olavo dois 
containers de roupas vindo da Turquia, sendo transportada pelo alto mar, Gabriel não 
tem noção se a coisa ainda existe, aja vista que há ataque de piratas em certas regiões 
do alto mar, não havendo nem culpa nem dolo por Gabriel, o adquirente assumindo o 
risco da coisa não existir mais, o alienante tem direito também ao todo. 
. QUANTO À FORMA: 
. Informais e formais (solenes): 
. Informais - não precisam ser formais, escritos, podem ser verbais. - Decorre da 
ausência de disposição legal específica, de modo a poder ser feito o contrato de 
qualquer forma. 
. Formais – escritos que dão mais certeza do que foi pactuado (questão de prova 
e não de validade) (solenes). - Aquele contrato que deve respeitar os requisitos 
estipulados em lei para que haja sua validade. 
. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, 
senão quando a lei expressamente a exigir. 
. QUANTO À EFICÁCIA: 
. Consensuais e reais: 
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. Consensuais: basta ter o consenso entre as partes (manifestação de vontade) 
para ele existir. - São aqueles contratos que se consideram formados pela simples 
oferta e aceitação. 
. Reais: são aqueles que além do acordo exigem a entrega de uma coisa. 
- São contratos em que só serão considerados firmados com a entrega da coisa objeto 
do negócio jurídico, como no contrato de mútuo. 
. QUANTO AO MOMENTO DE EXECUÇÃO 
. Instantâneo, diferido e de trato sucessivo: 
. Instantâneo: Ele se esgota no exato momento da pactuação, contratos simples 
de compra e venda à vista. - O contrato instantâneo é aquele que se consuma em apenas 
um ato. 
. Deferido: O contrato tem a pactuação em uma data e a sua resolução/execução 
no futuro. 
. Trato sucessivo: contrato cíclico, obrigações cíclicas.- OBS: só posso aplicar 
teoria da imprevisão em contratos futuros. – Prescrição se dá de parcela em parcela. – 
Exemplo: prestação de serviços. 
. QUANTO À EXISTÊNCIA EM SI MESMO: 
. Principais e acessórios: 
. Contratos principais têm existência própria, como de compra e venda e de 
locação. 
. Os contratos acessórios dependem dos primeiros para existirem, como é o caso, 
por exemplo, de uma cláusula penal. 
. QUANTO À PESSOALIDADE: 
. Pessoais (intuito personae, personalíssimos) e impessoais. 
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. O contrato personalíssimo é realizado em atenção ao estado de certa pessoa. - 
Não pode ser cedido por ato entre vivos ou causa morte. 
. O contrato impessoal é aquele que não leva em conta exclusivamente o estado 
pessoal de certo contratante. 
. QUANTO À DURAÇÃO: 
. Por prazo determinado: já nasce com prazo de início e final. 
. Por prazo indeterminado: situações onde não haverá uma data final. 
. QUANTO À PREVISÃO LEGAL: 
. Típicos e Atípicos: 
. O contrato típico é aquele que tem um regramento específico prescrito no 
ordenamento jurídico, regulamentado pelo Código Civil. É o caso de contratos de doação 
e contratos de compra e venda, por exemplo. 
. O contrato atípico celebra negócios bilaterais cujo perfil não se amolda a 
nenhuma das espécies contratuais prescritas pelo sistema jurídico. Isso significa que é 
celebrado livremente, nos princípios da autonomia privada. Muitas vezes, reúnem-se 
elementos de vários contratos para a formação de um negócio bilateral novo. 
. QUANTO À NATUREZA DO OBJETO: 
. Empresariais, civis e de consumo. 
. Empresariais: firmados entre pessoas jurídicas, visando o lucro. – Há uma ideia de 
profissionalização. 
. Civis: firmados entre pessoas físicas, sem profissionalização, sem intenção de lucro. 
. Consumo: tem o consumidor (destinatário final) e do outro lado necessariamente o 
fornecedor/produtor (que pode ser uma pessoa física ou jurídica). 
 
 
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FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
1)Noções gerais: 
. Mesmo os contratos unilaterais, nós temos a ideia de que existe uma manifestação 
bilateral de vontade. – Exemplo: no momento de uma doação, mesmo havendo só a 
obrigação de quem doou (transferência do bem), se quem irá receber não concordar 
com esse ato = o contrato não se realiza. 
. Teremos situações em que se terá um tempo mais longo de duração do contrato (mais 
comum em contratos cíveis e empresariais), e situações que serão mais curtas. 
. Formação progressiva do contrato = campo muito forte nas relações cíveis e 
empresariais. 
. Se Juliana tiver um imóvel para vender, ela vai anunciar. Vicente irá pesquisar, 
conhecer, tentar negociar uma situação favorável etc. – Antes da celebração do contrato 
de compra e venda, haverá um espaço de tempo correspondente a FASE DE TRATATIVA 
(fase pré-contratual). 
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. Dever de informação é prioritário nessa fase pré-contratual. – Informação que 
deve ser ADEQUADA e CLARA (pois, existem graus de cognição que podem dificultar o 
entendimento de informações não claras). 
. Período pré-contratual (fase de tratativas): 
. Negociações. – Dever de informação é EXTREMAMENTE importante. 
. O contrato não se forma instantaneamente, não é um ato isolado que o forma. 
Ainda que o NJ seja puro, há uma fase anterior à deliberação do sujeito, que é a análise 
da conveniência do comprador, que irá analisar preço, qualidade. - Ela pode, a depender 
da situação, ser um procedimento mais demorado ou mais rápido. - Análise do objeto 
e da conveniência da firmação do contrato. 
. Essa fase pré-contratual se caracteriza pela COLETA DE INFORMAÇÕES: 
Viabilidade do negócio, segurança, preço, qualidade. - A informação é essencial para que 
o sujeito decida se quer ou não firmar o contrato. Até mesmo em contratos instantâneos 
há uma breve análise psicológica. 
. Proposta. – Uma fase em que já houve a negociação, e há a apresentação de uma 
proposta. – Proposta e aceitação são negócios jurídicos unilaterais que formam o 
contrato (quando faço uma proposta, eu me vinculo a ela = não precisa haver a aceitação 
do outro; do mesmo modo, quando aceito uma proposta = me vinculo a cumpri-la). 
. Aceitação (contrato preliminar ou definitivo) ou negativa. 
. Contrato preliminar = propondo vinculação definitiva em um momento futuro, 
para resolver algumas questões pendentes. 
. Contratos atuais - Quando pensamos, por exemplo, nos contratos de consumo, 
notadamente nos contratos de massa (mais instantâneos), o espaço pré- contratual é 
mais reduzido. – NÃO EXISTE A POSSIBILIDADE DE FAZER PROPOSTA, PORQUE NÃO TEM 
NEM COM QUEM NEGOCIAR. – Quando muito se tem negociação, é no momento da 
forma de pagamento com opções permitidas pelo próprio vendedor (à vista, parcelado 
etc.). 
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. OBS: TRATIVA É DIFERENTE DE OFERTA. 
. Tratativa = negociação = propondo algo = não há algo definitivo. 
. Oferta é negócio jurídico unilateral = me vinculo. 
. OBS: TRATIVA É DIFERENTE DE CONTRATO PRELIMINAR. 
. Tratativa = negociando ainda, é uma fase prévia da contratação. 
. Contrato preliminar = já tenho um contrato, onde me comprometo a firmar um 
contrato definitivo futuro. 
. Nos contratos de maior valor, podemos ter acordos provisórios e são várias as figuras 
que podem aparecer. 
. Carta de intenção (Letter Of Intentions – LOI) - pode sinalizar um traçado, um 
perfil, uma proposta de aquisição, parceria, entendimento. – Um plano prévio de 
contratação de uma empresa com a outra. – Diz quais são os propósitos que se tem, que 
se buscam com a futura contratação. – A partir disso a negociação é pautada.- Não gera 
a princípio obrigatoriedade de contratação, o que se busca é estabelecer critérios de 
contratação futura. 
. Memorandos de entendimento (Memorandum of Understandings – MOU) – 
também é um acordo provisório, sem obrigação de contratação, mas com possibilidade 
de gerar responsabilidade pré-contratual. 
. Apesar de existir carta de intenção ou memorando de entendimento NÃO 
EXISTE OBRIGAÇÃO DE CONTRATAÇÃO (a negociação pode ou não vingar). – ISSO NÃO 
QUER DIZER QUE NÃO HAVERÁ QUALQUER TIPO DE RESPONSABILIZAÇÃO, pois, por 
exemplo, caso se gere uma real expectativa de que haverá efetivamente a contratação 
de futura, existirá uma responsabilidade pré-contratual. 
. A princípio esses contratos não geram qualquer tipo de responsabilidade, mas 
se as expectativas razoáveis e justas forem frustradas, configura-se uma 
responsabilidade pré-contratual. – AS EXPECTATIVAS DEVEM SER MÚTUAS, JUSTAS E 
RAZOÁVEIS. 
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. Nessas tratativas, pode ainda haver o estabelecimento de cláusulas de 
confidencialidade. – Acordos de confidencialidade (Non Disclosure Agreement – NDA). 
2) Responsabilidade pré-contratual: 
. Art. 422 - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
. O momento que antecede a pactuação do contrato, talvez seja a parte mais 
importante. – É necessário ter a carga de informações suficientes para concretizar a 
contratação. 
. Essa ideia de responsabilidade contratual não se esgota de um contrato em seu 
momento de efetiva formação ou execução. 
. Existe uma responsabilidade pré-contratual e pós-contratual. 
. Se houver na fase de negociações o rompimento do dano à confiança = pode existir 
responsabilidade quanto a isso. – Isso é possível quando se cria uma expectativa real, 
clara e fundada da contratação, e de forma imotivada rompe-se essa possibilidade. 
. Pode existir rompimento inesperado, MAS deve se ter uma razão plausível. 
. Exemplo: Também haveria irresponsabilidade se houvessem tratativas com 
dolo → ex.: começo a fazer tratativas com X para desestimular um possível contrato que 
X teria com Y = gera responsabilidade civil. 
. A previsão da responsabilidade pré-contratual, embora não esteja explícita no CC, 
decorre do próprio art. 422 (já que a formação tacitamente remete a ideia do momento 
prévio também = para o contrato ser concluído, ele precisa ser formado). 
. Enunciados: 
 
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. Que tipo de responsabilidade é essa? Contratual ou extracontratual? 
. Não existe ainda uma pacificidade quanto a isso na Doutrina. 
. Existem dois tipos de responsabilidade: a contratual (violação ao contrato – 
fundamento do art. 389 do CC) OU extracontratual ( também chamada de aquiliana – 
danos que não decorrem do contrato, como o dano moral – art. 186 e 187 CC). 
. Ao que parece, boa parte da doutrina entende tende a estabelecer uma 
responsabilidade extracontratual, porque o contrato não foi celebrado ainda. Contudo, 
tende a aceitar uma ideia de responsabilidade objetiva (a regra geral da 
responsabilidade extracontratual seria uma responsabilidade subjetiva = provar a culpa 
de quem causou). – Existem enunciados que respaldam essa responsabilidade objetiva: 
. Enunciado 24 da 1ª jornada : Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no 
art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de 
inadimplemento, independentemente de culpa. 
. Enunciado 37 da 1ª jornada: A responsabilidade civil decorrente do abuso do 
direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico. 
. Enunciado 363 da 4ª Jornada: Os princípios da probidade e da confiança são de 
ordem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas demonstrar a existência da 
violação. 
 . Jurisprudência discutida em sala da BMW. 
 
 
 
 
3) A fase da oferta (proposta – policitação– oblação): 
 
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. A princípio, quando faço uma proposta na relação cível ou empresarial, ela me obriga. 
Mas, posso ter uma retratação em face: dos termos (contratante já adverte da 
possibilidade de retratabilidade); em função da natureza do negócio (exemplo do art. 
759 do CC – no contrato de seguro a pessoa faz uma proposta a seguradora, e o 
preenchimento da proposta não vincula a seguradora = a seguradora analisa se quer ou 
não aceitar); circunstância do caso (exemplo do art. 428 do CC – situações em que posso 
fazer a proposta, mas se acontecer as circunstâncias ali previstas, existe a possibilidade 
de retratação). 
. Para as relações cíveis e empresariais, se não cumprir a oferta, gera apenas 
perdas e danos. – NÃO PODE EXIGIR O CUMPRIMENTO DA OFERTA. – EXCEÇÃO: Em 
questões/relações empresariais, se a coisa for fungível e esteja ainda disponível, pode 
se exigir o cumprimento da oferta. 
. Art. 35 do CDC: entre todas as opções do consumidor, ele pode exigir o cumprimento 
da oferta. 
. Duração da obrigatoriedade da proposta: 
. Se o contrato for entre presentes (situação em que estou em contato com a 
pessoa, seja materialmente ou remotamente, desde que exista a possibilidade de 
comunicação) e diante da apresentação da proposta a pessoa não se manifestar = 
encerra-se a proposta. 
 
I – Exemplo: Fiz a proposta para o sujeito e não dou prazo, ele diz não, acabou ali a 
obrigação de eu manter aquela oferta, ou então, se não responde. Mas, se eu dou um 
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prazo para o sujeito, obviamente, ela se mantem naquele prazo. - Já no contrato entre 
ausente, eu não estou em contato direto com a pessoa, como por exemplo, uma carta 
ou um e-mail. - Observe que o sujeito pode fazer ressalvar na oferta, como por exemplo, 
eu digo que estou mantendo aquela oferta somente se não aparecer um outro 
comprador oferecendo mais. O ofertante pode até mesmo fazer uma possibilidade de 
retratação = quando eu faço uma oferta e digo que estarei mantendo a oferta se não 
chegar outra pessoa e comprar primeiro. 
. II – Exemplo: Mando o e-mail propondo, passa um tempo razoável – vai depender de 
cada contrato – e a pessoa não responde. 
. III – Exemplo: Mesma situação do e-mail, mas eu dei o prazo. Obviamente quando o 
prazo passar = deixa de ser obrigatório. 
. Teoria da expedição: 
. Alguns doutrinadores falam que a teoria que foi aceita no Brasil foi a da expedição, 
com base no art. 434 do CC: 
 
. A partir do momento que o contrato se forma, posso se falar em perdas e danos 
pelo não cumprimento. 
. Formação e cumprimento do contrato são planos distintos. 
 
. Exceção – Teoria da Recepção: 
 
 
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. É tanta exceção a regra geral, que não é possível considerar que a regra geral seja o 
correto. – IDEIA DEFENDIDA PELO PROFESSOR. – Ideia reiterada pelo enunciado 173 da 
III Jornada. 
. O oblato pode, por exemplo, responder por carta concordando, nesse momento 
teoricamente estaria firmado o contrato, mas, no caso, a carta só vai chegar dias depois, 
e o oblato pode, por exemplo, ligar, dizer que mandou a carta mas que está voltando 
atrás e não quer mais contratar (ANTES DA ACEITAÇÃO CHEGAR AO POLICITANTE) = 
nessa situação, não faz sentido o oblato ter que precisar da anuência do policitante para 
recusar a oferta, se o policitante nem sabia que o oblato tinha concordado. 
 
 
 
 
CONTRATO PRELIMINAR 
1)Conceito: 
 
. Quero firmar um contrato com Idália, mas por alguma razão eu não quero firmar o 
contrato definitivo agora. Mas, não quero deixar apenas como uma proposta moral, ou 
perder a possibilidade no futuro. 
2)Utilidade prática: 
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3) Regramento legal: 
 
. Esse exceto = não preciso seguir a forma. 
. Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos 
essenciais ao contrato a ser celebrado. // como eu vou forçar o cumprimento de uma 
obrigação se eu não tenho os elementos ali presentes? // não existe a ideia de 
paralelismo de formas, o que significa que se o contrato definitivo só pode ser efetivado 
por instrumento público, mas não necessariamente acontece o mesmo com o contrato 
preliminar. // POR QUE ISSO? Pois o sujeito pode pedir o cumprimento especifico da 
obrigação ou, posso pedir perdas e danos. Hoje, se sabe que o melhor é pedir o 
cumprimento especifico da obrigação, e isso vai ser positivado pelo próprio CPC. Mas, 
como forçar o cumprimento de uma obrigação se todos os elementos não estiverem nos 
contratos? Por exemplo, quando o sujeito promete que vai me vender o imóvel, mas 
não estabeleceu o valor, como fazer cumprir essa obrigação? Com uma perícia para 
poder estabelecer o valor do mercado. Observe que nessa situação da compra e venda 
de um imóvel, a promessa (contrato preliminar) poderá ser feito por um instrumento 
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privado, mas, a venda em si, somente por instrumento público. // Não existe a ideia de 
paralelismo de formas, se o contrato definitivo, por exemplo, só pode ser efetuado por 
instrumento público, isso NÃO quer dizer que o contrato preliminar tem que ser na 
mesma forma. 
4)A execução do contrato preliminar: 
 
 
A PROMESSA DE COMPRA E VENDA 
1)Conceito: 
 
2)Regramento legal: 
 
3)Efeitos do registro da promessa: 
 
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. Adjudicação compulsória: 
. Adjudicar = é tomar para sim e Compulsória = obrigatória. 
. Criada para resolver o problema das imobiliárias que vendiam o bem, mas 
quando percebia que o imóvel estava supervalorizado, não entrega o imóvel, pois sabia 
mais barato pagar a indenização do que entrega-lo. 
. Exemplo: Vicente comprou um imóvel com Natália, pagou todas as parcelas, 
mas Natália não entregou a escritura. – Vicente entra com ação de adjudicação 
compulsória, requerendo que a sentença proferida (e obviamente transitada em 
julgado) tenha força para o oficial de justiça tirar o imóvel do nome de Natália e passar 
para Vicente. 
 
4)A promessa não registrada: 
. Efeitos meramente obrigacionais – perdas e danos. 
5)Alguns julgados importantes: 
 
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6)Casos especiais de não adjudicação (promessa não registrada): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO DE ADESÃO 
 
1)Introdução: 
. Conceito – Art. 54 do CDC: 
 
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. Falar sobre esse contrato é falar não de um contrato em si, mas uma forma de 
contratação – porque o contrato de adesão surge como uma forma de atender a uma 
demanda de uma modificação da sociedade; necessidade de otimização de custos. 
 
. Imaginemos o número de contratos que uma empresa de planos de saúde teria 
que examinar um a um para cada cliente – não tem como, é uma questão de necessidade 
econômica, de otimização de tempo e de recursos → assim, algumas cláusulas são 
predispostas preliminarmente para que se otimize as despesas. 
. Alguns autores não falam em contrato de adesão, e sim contrato por adesão. 
. Não há como dizer que não há liberdade contratual, pois a pessoa tem a opção de 
contratar ou não. Em relação a isso, em algumas situações somos “obrigados” a aceitar, 
como serviço de energia e água, podemos até não aceitar, mas seria muito difícil viver 
sem. 
. A ideia do contrato por adesão traz uma ideia de facilitação na contratação → pode ser 
em relação a uma comprae venda, a prestação de serviços, etc. 
. O contrato de adesão é um fruto da modernidade, da necessidade de se ganhar tempo 
no processo de celebração dos contratos. Consequentemente, como o contrato de 
adesão tem o seu conteúdo estabelecido unilateralmente, a interpretação será efetuada 
em favor daquele que não estabelece o conteúdo. // se o contrato for empresarial, a 
margem de autonomia das duas partes é maior do que no contrato cível (a interpretação 
vai ser em favor dos dois), e obviamente do que no contrato de consumo, pois as forças 
são maiores e mais paritárias. 
. OBS: nesse caso, a diferença entre o contrato empresarial e o contrato cível é 
que a tônica do contrato empresarial é o egoísmo, ambos os lados nesse contrato visam 
o lucro e sabem o que estão enfrentando, e a gama informacional também é maior. O 
que não é o caso dos contratos cíveis nessa questão de paridade, porque há a ideia de 
solidariedade, e na maioria das vezes são situações pontuais (ex.: um sujeito compra um 
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apartamento com outro particular), e que um ou ambos os sujeitos podem não ter tanta 
gama informacional (certa malicia jurídica/comercial). 
. Características: 
. Formação unilateral. 
. Rigidez das cláusulas. 
 
 
 
 
 
 
. Só tem direito as benfeitorias necessárias, para evitar enriquecimento ilícito. 
 
 
 
 
 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
 
 
1)Introdução: 
. Quando eu tenho a transferência de um bem, o alienante precisa garantir a qualidade 
deste bem transferido. 
 
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. Os vícios redibitórios são vícios ou defeitos ocultos em coisa recebida através de 
contrato comutativo que impedem a utilização do bem ou diminuem substancialmente 
o seu valor. 
. OBS: Há um regramento distinto entre o vício redibitório do CC e do CDC – no CC o vício 
é necessariamente oculto, no CDC o vício pode ser aparente e assegura a troca do 
produto, resolução do contrato, entre outros direitos. 
. Apesar do nome “vício”, não se confunde com o que vimos em Civil 2 a respeito dos 
vícios de vontade. 
. VÍCIO e ERRO (vicio de consentimento) não são a mesma coisa. - No erro eu adquiro 
alguma coisa porque estou equivocado (falsa percepção da realidade); no vício eu 
compro algo que eu realmente queria, o que há de errado não é a coisa e sim o 
funcionamento dela. 
2)Incidência: 
. Contratos comutativos e doações onerosas. 
3)Requisitos: 
. Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo ou de doação 
onerosa. – Previsão do art. 441 do CC. 
. Que os defeitos sejam ocultos. - Previsão do art. 441 do CC. 
. Que os defeitos sejam graves. – Não é qualquer coisa que irá configurar a anulação do 
contrato. 
. Preexistência do dano. – Se o dano após a transferência do bem, preciso detectar se o 
dano ocorrido já preexistia a transferência da coisa, ou se ele aconteceu por causa 
posterior superveniente a transferência. 
. Quanto mais for a distância da transferência da coisa X o momento de ocorrência do 
dano = maiores chances de que o fato aconteceu por causa posterior superveniente a 
transferência. 
4)As ações edilícias: redibitória e estimatória (quanti minoris): 
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. São ações relativas às hipóteses em que existe vício redibitório. // são previstas nos 
arts. 441 e 442 CC. 
. Em vez de pedir a resolução do contrato, eu posso receber a coisa e pedir o abatimento. 
- Essas ações são uma escolha do prejudicado, então pode ser a REDIBITÓRIA (resolve o 
contrato e devolve a coisa), ou a ESTIMATÓRIA (quanti minoris), que recebe a coisa com 
abatimento. 
. Cristiano Chaves defende que só há possibilidade de pedir a resolução se não houver 
possibilidade de manter o bem e pedir o abatimento, por conta da preservação do 
contrato. - Vicente se filia à corrente majoritária, que diz que o prejudicado pode 
escolher uma das duas. 
5)Prazos decadenciais: 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta 
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o 
prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do 
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens 
móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em 
lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se 
não houver regras disciplinando a matéria. 
 
. Como compatibilizar a regra o §1° com a do caput do art. 445? 
 
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. HIPÓTESES: 
 
 
 
. Hipótese 1 – Vicente vende algo para Luísa, e ela constata que esse bem tem um vício 
oculto. – Se esse bem for móvel, ela tem 30 dias a contar da entrega efetiva do bem, 
para propor a ação; se o bem for imóvel, ela tem o prazo de 1 anos a contar da entrega 
efetiva. 
. Aqui, o vício é de fácil constatação, embora oculto; embora nessa primeira parte 
o adquirente não tenha a posse do bem. 
. Situação até antes do ponto e vírgula do caput do art. 445. 
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. Hipótese 2 – 
Exemplo: Vicente vende um carro para Luísa que já estava na mão dela sendo utilizado 
(na posse do bem) na modalidade de aluguel = ela terá 15 dias contados da alienação se 
o bem for móvel para denunciar o vício; ou 6 meses contados da alienação se for imóvel. 
. Corresponde ao dito depois do ponto e vírgula do caput do art. 445. 
 
. Hipótese 3 – precisa surgir o vício no bem, para depois propor num prazo x a denúncia 
do vício. – Se o bem for móvel, o vício pode surgir até 180 dias depois da transferência, 
e a ação pode ser proposta com até 30 dias após a configuração do vício; se o bem for 
imóvel, o vício pode aparecer até 1 ano depois, e a ação pode ser proposta com até 1 
ano depois. 
. Situação correspondente ao §1°. 
. No caso do bem ser móvel e o problema só ocorre mais adiante. - Nessa 
situação, não dá para dizer que dá para constatar o vício imediato porque vai haver um 
lapso temporal entre o momento em que a coisa é entregue à pessoa e o momento em 
que ela vai utilizar essa coisa. - O grande detalhe aqui é que como eu não vou poder 
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estender essa garantia ao infinito, a lei estabeleceu um limite para o surgimento do 
problema. - Cria-se um lapso temporal para que o problema possa se manifestar. 
 
. 4ª hipótese – a lei especial não existe. 
. Em relação aos animais aplicam-se os 180 dias do prazo para surgimento do 
vicio e o prazo para a ação é de 30 dias (bem móvel do 3º caso). Isso porque essa lei 
especial que o código fala não existe, aí usa a regra da hipótese anterior. 
6)Prazo de garantia contratual: 
 
7)Modificações de garantia: 
. Divergência doutrinária. 
. Podem as partes renunciar a garantia estabelecida pelo vício redibitório? Alguns dizem 
que é possível sim abrir mão, excluindo a responsabilidade do vício redibitório (é o caso 
de Cristiano Chaves e Nelson R.); outros acreditam não ser possível. 
 
 
 
 
 
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EVICÇÃO 
1)Introdução: 
 
. Ninguém pode transferir mais direitos do que possui. 
. O que rege a evicção é o direito de garantia, não em relação ao bem, mas aodireito. O 
direito que é a mim transmitido tem que estar bom, ou seja, a pessoa quando me 
transmite um direito, esse direito tem que estar em bom estado. 
. A evicção é a perda total ou parcial da propriedade em virtude da aquisição de um bem 
que não poderia ser transferido por uma pessoa. Então, há uma perda total ou parcial 
da propriedade, em virtude da decisão judicial ou administrativa que reconhece que 
aquele bem não poderia ser alienado, transferido pela pessoa que efetuou a alienação. 
Então, o que acontece aqui é uma transferência efetuada por uma pessoa que não tem 
o domínio da coisa, ou seja, transferência efetuada por alguém que não é proprietário 
do bem. 
. Aqui se tem uma conexão muito grande com Direito das Coisas. - Se eu tenho algum 
bem meu, que está em poder ou detenção de terceiro de forma injusta, eu posso na 
verdade pedir judicialmente a devolução desse bem. - Percebe-se que esse direito de 
tomar a coisa para si, esse “DIREITO DE SEQUELA”, esse poder de reinvindicação, vai 
gerar a evicção – que é a perda do direito dessa pessoa que está com o bem em mão. 
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. Evicção é uma consequência do direito de propriedade do evictor → DIREITO DE 
SEQUELA: Tomar a coisa de quem esteja com ela de maneira injusta. 
 
. Suponha que eu tenha sido roubada, esse bem meu, móvel, tenha sido transferido por 
venda da pessoa que roubou para um terceiro, vamos supor que Natalie tenha recebido 
esse bem de boa-fé, porque foi vendido a ela e ela não poderia pressupor que esse bem 
tinha sido roubado, foi vendido para ela por um preço de mercado, então ela não 
poderia desconfiar que eventualmente aquele preço não era um preço real, era um 
preço legítimo, consequentemente ela acredita que a compra foi feita de forma regular. 
Só que, eu tendo descoberto que o bem se encontra na mão de Natalie, eu posso 
promover ação contra a ela, sem qualquer problema. Veja que haverá direitos de Natalie 
por ela ser possuidora de boa-fé, mas isso não me impede de tentar reaver de volta 
aquele bem que está na mão dela, mesmo que não haja relação contratual. 
. Na hora em que eu conseguir apropriar novamente o meu bem que foi 
subtraído da minha propriedade, Natalie vai perder esse bem, consequentemente vai 
ocorrer o que se chama de Evicção, que é a perda da propriedade dela aí em função 
dessa decisão que vai reconhecer que a pessoa que vendeu para Natalie não poderia ter 
vendido aquele bem, então, consequentemente, Natalie terá o direito de pedir o 
ressarcimento dessa pessoa que vendeu o bem roubado. Nessa situação, Natalie 
desconhecendo que essa coisa era roubada, ela no caso, poderá pedir indenização por 
conta desse prejuízo que ela sofre, em virtude da compra que ela efetua nessa situação. 
Eu que tive o bem subtraído sou o evictor. 
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. Natalie que perdeu o bem é o evicto. E a pessoa que vende indevidamente é o 
terceiro alienante. 
 
 
. Ocorre normalmente na compra e venda, mas isso não impede que ocorra em outros 
contratos → ex.: situação da permuta - Imagine que eu efetuei a troca de um bem por 
outro e o bem que eu transferi não é meu, então, consequentemente na hora em que 
eu for efetuar a troca do meu carro pelo carro de outra pessoa, e for percebido que o 
carro que eu dei como meu não é meu, mas sim do meu primo, o réu-proprietário pode 
invalidar essa troca que eu efetuei, e consequentemente aquele que recebeu o bem 
meu como forma de troca vai perder esse bem, consequentemente vai poder pedir o 
desfazimento daquela relação negocial e vai poder pedir perdas e danos por conta disso. 
2) Situações de hasta pública (leilão): 
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. Leilão judicial: quem será responsável? 
3)Exclusão e reforço da garantia: 
 
 
4)Requisitos: 
 
. Perda total ou parcial → Se parcial, precisa analisar a questão do quanto foi perdido 
dessa coisa, e não só a quantidade, mas a qualidade. Se foi parte insignificante tanto na 
quantidade como na qualidade, eu só posso pedir o abatimento e não poderá pedir a 
anulação da venda. 
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. Aquisição onerosa ou doação com encargo → A aquisição tem que ser onerosa. 
. A ignorância no sentido técnico sobre a litigiosidade desse direito ou que esse direito 
pertence a outra pessoa → eu tenho que desconhecer que o direito era de outra pessoa 
e desconhecer que havia litígio sobre a coisa. 
. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia 
ou litigiosa. 
5)Benfeitorias e ressarcimento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EFEITOS DO CONTRATO EM RELAÇÃO A TERCEIROS 
1)Hipóteses: 
1 – Terceiro prejudicado por uma relação contratual da qual não faz parte: 
. EM REGRA: No momento em que me vinculo a Guilherme, as obrigações ali 
estabelecidas só podem ser exigidas em relação a nós 2, porque livremente contratamos 
e nos obrigamos (autonomia da vontade privada - limitada por valores constitucionais e 
outros + obrigatoriedade contratual). 
 
. Art. 17 e 29 do CDC preveem a possibilidade de que uma pessoa que não seja 
consumidora, que não tenha mantido uma relação contratual com o ofensor, possa ser 
responsabilizada por um dano causado pela relação de consumo. 
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. Exemplo: Emerson compra um produto nas Americanas, ele vem defeituoso e 
explode no primeiro uso, ferindo outra pessoa. – Essa terceira pessoa não mantém 
relação contratual com a pessoa jurídica, mas essa responsabilidade pode ser estendida 
em face dos danos causados. – TRANSFIRO TODAS AS REGRAS DO CDC PARA ESTA 
VÍTIMA. 
. Exemplo do shopping de Osasco. 
. Súmula 479 do STJ: 
. Golpe do motoboy que vai na casa da pessoa alegando ser funcionário do banco 
pegar o cartão – mesmo, em tese, isso quebrando o nexo de causalidade, já que não foi 
o banco diretamente que prosseguiu com o golpe, este assumirá o ônus de qualquer 
risco, pois não foi capaz de prover segurança para o cliente (risco típico da atividade = 
fortuito interno), e é pois responsabilizado. 
2 – Credor prejudicado pelo comportamento de terceiro (tutela externa do crédito): 
. Teoria do Terceiro Cúmplice Ofensor (terceiro ofensor): 
. = Tutela Externa do crédito. 
. Tem-se um contrato que é atrapalhado por um terceiro. 
 
3 – Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438 CC): 
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. Exemplo: no seguro de vida eu contrato com uma empresa seguradora que aquele 
valor que estou recolhendo quando eu morrer gerará um fundo para me marido e filhos. 
– Um contrato para beneficiar terceiros que não fazem parte da relação contratual e 
que até mesmo podem não saber deste contrato pactuado. Eu posso, inclusive, alterar 
quem serão os terceiros (tirar um filho, tirar o marido etc.). 
. Art. 794: não entra como herança da pessoa, logo não entra como inventário. – Entra 
de fato como patrimônio do beneficiado. 
 
 
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. O beneficiário pode se recusar. 
4- Promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440, CC): 
. Eu prometo que alguém efetuará um determinado ato. 
 
5- Contrato com pessoa a declarar (com cláusula pro amico eligendo) – arts. 467 a 471 
do CC: 
 
 
 
 
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INTERPRETAÇÃO DO CONTRATO1)Noções gerais: 
 
. Função declaratória: trabalho basicamente a ideia das contradições = estabelecer que 
o melhor sentido que deve prevalecer em face da dubiedade é x ou y, gerando melhor 
aplicação do contrato. 
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DISPONIBILIDADE DOS CONTRATOS 
1)Introdução: 
. RECAPITULANDO: Os contratos são uma realidade muito maior do que a previsão entre 
as partes (o que fica ali registrado via de regra através do instrumento contratual). – A 
interpretação do contrato, no art. 113, §1°, diz que uma forma de interpretar o contrato 
é observar a postura das partes após a firmação do mesmo, uma vez que isso indica a 
importância que as partes dão o que fora ali pactuado. 
. Contrato tem uma vida, uma execução contínua de atos que buscam a 
realização do pactuado. 
. Essas mudanças contratuais que podem ser consensuais ou comportamentais, poderão 
ocasionar problemas, uma vez que se isso não está de alguma forma regulamentado, 
isso pode gerar a dubiedade de interpretação quanto ao cumprimento do contrato. 
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. Para entender essas modificações, pensemos em contratos de MÉDIO e LONGO prazo 
para que possamos imaginar essa situação. – Não há espaço para aditivo contratual 
quando o contrato é instantâneo. 
2) Modificações contratuais consensuais (aditivos): 
. Aditivos contratuais são manifestações bilaterais de vontades, onde os contratantes 
estabelecem novas regras contratuais em atendo ao que já foi estabelecido. 
. Exemplo: fiz um contrato com José Olavo e percebo que esqueci de colocar uma 
cláusula x; ou então situações em que após feito o contrato percebo que uma 
determinada cláusula não está funcionando adequadamente. 
. O aditivo é um desdobramento do contrato = tem natureza contratual = as partes 
devem assinar = é bilateral. 
. Se eu fico ao arbítrio apenas de uma das partes, posso tem uma cláusula 
meramente potestativa = se tornar abusiva. 
3)Modificações contratuais comportamentais: 
. Modificações que decorrem das condutas dos contratantes.- Situações derivadas de 
posturas tácitas. 
. As situações ocorrem no plano da vida, mas no entanto não são registradas 
formalmente = não necessariamente são estabelecidas como os aditivos, caso contrário 
teríamos novos ajustes contratuais. 
. Quando falamos em questão de BOA-FÉ e FUNÇÃO SOCIAL: Ideia de obrigação como 
um processo que nasce e se desenvolve até o final. – Perpassa uma ideia de colaboração 
anterior, durante a o final da relação contratual. - Temos a perspectiva de que o contrato 
precisa (como uma ideia de isonomia, justiça e equilíbrio contratual) levar a adequação 
de interesses de ambos os contratantes (atender às justas e razoáveis expectativas de 
ambos = colaboração contratual). 
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. Não basta que eu atrapalhe fulano, tenho que ajudá-la a atingir suas justas e 
razoáveis expectativas. 
. As condutas adotadas ao longo do contrato, são determinantes para a leitura e 
interpretação do contrato. – Contrato gera situações novas a cada momento. 
. Situação que se consolida no tempo, posso eventualmente estabelecer a ideia de que 
essa modificação tácita pode ensejar um direito para uma pessoa. 
. A supressio (Verwirkung): 
 
. Exemplo: a postura de Fernanda firmada com Vicente se consolidou por tanto tempo 
que querer que Fernanda haja de forma diversa do que vem agindo agora, pode 
contrariar a boa-fé, já que Fernanda cria a justa expectativa de que Vicente não mais 
exigiria o cumprimento do contrato de forma diversa do que ela vem atuando. 
. Exemplo: lugar de pagamento, art. 330 do CC = pagamento efetuado reiteradamente 
em local diverso presume-pago (renúncia do credor ao local firmado em contrato). 
- Requisitos: 
 
. Essa inércia deve ser clara, contundente, o que a doutrina chama de uma 
INÉRCIA OSTENSIVA. É uma inércia deliberada, voluntária, ou seja, a pessoa poderia 
praticar o ato, não existe qualquer vedação à prática do ato, mas a pessoa não pratica, 
em condições normais. 
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. Não é qualquer situação de passagem de tempo. Eu não posso alegar a 
Supressio nas situações em que o prazo prescricional e o prazo decadencial fossem 
curtos, porque precisa de um tempo considerável para criar no outro a expectativa de 
que não haveria a cobrança, exigibilidade daquele direito. 
. Além da inércia, o sujeito dá outras ideias de que não pretende mais exercer 
aquele direito. Além de eu não exercer o direito (ficar inerte), eu ajo de uma forma a 
demonstrar o desinteresse na situação. o Exemplo: RE 1.202.514-RS - o advogado 
renovou o contrato por 5 anos consecutivos sem efetuar a cobrança da cláusula de 
correção monetária e depois ao final do contrato, ele tenta na verdade cobrar todos os 
valores retroativamente. Nessa situação, o advogado deixa de cobrar a correção 
monetária, ou seja, há uma inércia e ao mesmo tempo a renovação contratual sem a 
cobrança da correção monetária, observa-se que é o 3º elemento, o elemento objetivo: 
a renovação dos contratos sem a cobrança da correção monetária. Então, se eu deixo 
de cobrar a correção monetária, porque 6 anos depois eu vou fazer essa cobrança da 
correção monetária de forma retroativa?! 
. Supressio é o poder onde existe prazo prescricional ou decadencial em curso. – Existe 
prazo para eu recorrer judicialmente sobre aquela situação, mas perco o direito de 
reclamar pelo menos sobre o tempo em que a obrigação foi cumprida diversa da 
pactuada. 
. O credor não pode surpreender o devedor dizendo que irá cobrar multas etc., já que 
ele vinha permitindo até então o cumprimento da obrigação daquela forma. – O que 
pode acontecer é obrigar a comprimir a partir daquele momento a obrigação tal qual 
fora pactuada no contrato. 
. Violação da confiança = violo um tipo de responsabilidade. 
. Não se analisa culpa ou dolo, mas sim a ideia de permanecer inerte e não exigir o 
cumprimento do contrato da forma pactuada inicialmente. 
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. Não posso alegar supressio em situações em que o prazo prescricional ou decadencial 
esteja impedido de fluência. – Exemplo: situação em que o prazo por lei não está 
correndo ou está impedida a sua continuidade, não posso aplicar a ideia da supressio. – 
Seria outra forma de violação da confiança. 
. SÓ APLICÁVEL EM RELAÇÕES MAIS DURADOURAS. 
. Inércia que pode gerar a convicção ao outro de que efetivamente não haverá a conduta 
mas que foi esquecida durante um tempo. 
. Judith Martins Costa entende a supressio como uma punição pela inercia. Pode-se 
entender como uma punição pela ideia de que há uma perda de um direito, só se for 
nessa perspectiva. Mas Vicente não entende como uma punição e sim como uma 
justificativa da boa-fé. 
. A supressio seria uma subespécie da VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. A partir do 
momento que eu deixei morrer um direito, eu não posso querer ressuscita-lo. 
. Surrectio (Erwirkung): 
. Direito que na verdade passou a ter Fernanda e Sthefane, por conta da supressio de 
outrem. – Perdi o direito de exercitar o supressio (porque me tornei inerte), surge o 
direito de surprectio para outro. 
. A Surrectio não é nada mais do que “o outro lado da moeda” da Supressio. A supressio 
vai ser a perda do direito do titular, a Surrectio vai ser o direito que surge para essa outra 
pessoa. Então, na hora que eu perdi o meu direito de cobrar, surgiu para o outro o 
direito de não ser mais cobrado, por conta da inércia do titular. 
 
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. Isso não