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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2 DIREITO À LIBERDADE .................................................................................................................................... 2 LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA - RELIGIOSA ............................................................................... 2 LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO..................................................................................................................... 5 LIBERDADE DE PROFISSÃO ........................................................................................................................ 7 LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO ................................................................................... 8 Exercícios ......................................................................................................................................................... 10 Gabarito ....................................................................................................................................................... 12 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITO À LIBERDADE LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA - RELIGIOSA A CF assegura a liberdade de consciência e de crença às pessoas no Art. 5°, VI: VI – É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (grifo nosso) • a liberdade de consciência consiste na aceitação de valores morais e espirituais, independentemente de questões religiosas; • a liberdade de crença se refere às questões religiosas e é abrangida pela liberdade de consciência; • Já a liberdade de culto é uma das formas de expressão da liberdade de crença. Por causa da liberdade religiosa, é possível exercer qualquer tipo de crença no país. Convém perceber que o inciso VI, além de proteger as crenças e os cultos, também protege as suas liturgias, que são os ritos e as cerimônias. Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religioso e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e sua liturgia. Nesse sentido, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Como se sabe, com o advento da República (Decreto 119- de 07/01/1890), o Estado se separou da Igreja, sendo o Brasil um país leigo, laico ou não confessional, não existindo, portanto, qualquer religião oficial da República Federativa do Brasil. Seguindo a característica da relatividade/limitabilidade inerente aos direitos fundamentais, a liberdade de crença, de culto e de suas manifestações e práticas de ritos não é absoluta. Assim é completamente inadmissível aquele que pratica um fato caracterizado como crime e invoca sua religião para se eximir de responsabilidade (p.ex.: uma pessoa, em verdadeiro ritual, alegando sua crença religiosa, sacrifica crianças recém-nascidas para oferecer o sangue à sua divindade – nesse caso, a conduta não está protegida pela liberdade de crença e culto, uma vez que outros direitos fundamentais, de outras pessoas, estão sendo violados) Vejamos alguns desdobramentos da liberdade de consciência, crença e culto religioso, consoante à jurisprudência: ENSINO RELIGIOSO NOS COLÉGIOS: O artigo 210, §1º, estabelece que o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. Dessa forma, a escola não poderá reprovar o aluno pelo fato de não frequentar a aula de ensino religioso. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 FERIADOS RELIGIOSOS: conforme o entendimento do STF, em que pese o Brasil ser um Estado laico, as religiões não podem ser desprezadas, e seus respectivos feriados são compreendidos como a cultura que também deve ser preservada. CASAMENTO PERANTE AUTORIDADE RELIGIOSA: o casamento celebrado perante qualquer religião ou crença, desde que siga o rito estabelecido no Código Civil, terá a mesma validade que o casamento civil. TRANSFUSÃO DE SANGUE NAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ: conforme o entendimento do STF, não deve ser reconhecido como crime de constrangimento ilegal (Art. 146, §3º, inciso I do CP) na hipótese das testemunhas de Jeová, se estiver o médico diante da urgência ou perigo iminente, ou se o paciente for menor de idade. CRUCIFIXOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS: o Conselho Nacional de Justiça tem entendido que não há qualquer óbice constitucional para os crucifixos em repartições públicas, pois se trata de um símbolo cultural, e não religioso. GUARDA SABÁTICA: outro tema bastante polêmico está relacionado à obrigatoriedade ou não de o Estado ter que designar data alternativa para realização de concursos públicos, quando a data da prova tiver sido fixada em dias que devam ser guardados, como acontece com os Adventistas do Sétimo Dia (sábado – de repouso e de culto) e os Judeus (Shabat – do pôr do sol da sexta-feira até o pôr do sol do sábado). O tema ainda está pendente de julgamento no STF. O que os concursos vêm adotando é a possibilidade de “atendimento a necessidades especiais nas provas”, e a prova ser realizada no mesmo dia, mas após as 18 horas. Outro dispositivo interessante é o previsto no inciso VII: VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; A Constituição Federal garantiu a prestação de assistência religiosa nas entidades de internação coletiva, sejam elas civis ou militares. Entidades de internação coletiva são quartéis, penitenciárias, hospitais ou hospícios. A prestação dessa assistência não será, evidentemente, realizada pelo Estado, mas sim pelas entidades religiosas (entidades privadas), o dever do Estado aqui se manifesta na permissão quanto ao exercício dessa liberdade. Ainda a respeito da liberdade religiosa, destacamos o inciso VIII, do Art. 5°, um dos mais importantes para sua prova, vejamos: VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Estamos diante do instituto da ESCUSA DE CONSCIÊNCIA. Este direito permite a qualquer pessoa que, em razão de sua crença ou consciência, deixe de cumprir uma obrigação imposta sem que com isso sofra alguma restrição em seus direitos, contudo, tal regra encontra um limite. No caso de uma obrigação imposta a todos, se o indivíduo se recusar ao seu cumprimento, ser-lhe-á oferecida uma prestação alternativa, previamente prevista em lei. Caso também não cumpra a prestação alternativa, a Constituição permite que alguns direitos do indivíduo sejam restringidos. Os direitos que serão restringidos serão os direitos políticos e haverá a PERDA desses direitos, de acordo com a doutrina majoritária, como se observa pela leitura do Art. 15, IV da CF: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5°, VIII; Como estamos diante de uma norma de eficácia contida, caso o Estado não estabeleça a prestação alternativa, aquele que deixou de cumprir a obrigação legal a todos imposta não poderá serprivado dos seus direitos. Podemos afirmar que a liberdade religiosa assegurada pela CF possui uma dimensão positiva e uma negativa. Negativa, na medida em que assegura aos indivíduos o exercício dessa liberdade sem restrição de direitos pelo Estado, implicando para o Estado um não fazer; Positiva, na medida em que determina ao Estado um comportamento positivo, um fazer, como o de assegurar a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. A respeito da liberdade religiosa e da laicidade do Estado, podemos destacar algumas questões relevantes: PREÂMBULO DA CF Quanto à laicidade do Estado, destacamos que o preâmbulo da CF contém a expressão - sob a proteção de Deus-, no entanto, de acordo com o STF, o preâmbulo não tem força normativa, é antes um norte, um guia para o povo e para os operadores do Direito, por isso a sua previsão não implica violação à laicidade. Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (grifo nosso) SÍMBOLOS RELIGIOSOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS e FERIADOS RELIGIOSOS Nesse tema também se enquadra o posicionamento da jurisprudência quanto à presença de símbolos religiosos em repartições públicas. O entendimento atual considera que a presença dos símbolos decorre da cultura nacional e não ofende a laicidade do Estado, seria um símbolo cultural. O mesmo pode ser entendido para os feriados religiosos. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA Em respeito à liberdade religiosa, em especial à proteção aos locais de culto, a CF assegura a imunidade tributária para os templos religiosos. Art. 150, VI, b: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto; De acordo com o STF, a Maçonaria não tem imunidade tributária: A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. [RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 14-12-2012.] ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS Outro tema interessante versa a respeito da disciplina de ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental, que é de matrícula facultativa, é disciplina ofertada nos horários normais das aulas, conforme Art. 210 da CF: Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. (grifo nosso) Apesar de a facultatividade estar mencionada apenas nas escolas públicas, Pedro Lenza entende que também deveria ser estendida às escolas particulares. De acordo com o STF (27/09/2017), o ensino religioso prestado nas escolas públicas poderá ter natureza confessional, ficando a critério da escola optar pelo ensino confessional ou não confessional. Vejamos a decisão: O Plenário (...) julgou improcedente pedido formulado em ação direta na qual se discute o ensino religioso nas escolas públicas do país. Conferiu interpretação conforme à Constituição ao art. 33, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB), e ao art. 11, § 1º, do acordo Brasil- Santa Sé aprovado por meio do DL 698/2009 e promulgado por meio do Decreto 7.107/2010, para assentar que o ensino religioso em escolas públicas pode ter natureza confessional. Entendeu que o poder público, observado o binômio laicidade do Estado (...) e consagração da liberdade religiosa no seu duplo aspecto (...), deverá atuar na regulamentação integral do cumprimento do preceito constitucional previsto no art. 210, § 1º da CF, autorizando, na rede pública, em igualdade de condições, o oferecimento de ensino confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais de credenciamento, de preparo, previamente fixados pelo Ministério da Educação. Dessa maneira, será permitido aos alunos se matricularem voluntariamente para que possam exercer o seu direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina dos horários normais das escolas públicas. O ensino deve ser ministrado por integrantes, devidamente credenciados, da confissão religiosa do próprio aluno, a partir de chamamento público já estabelecido em lei para hipóteses semelhantes (...) e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o poder público. [ADI 4.439, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 27-9-2017, P, Informativo879.] LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; https://www.alfaconcursos.com.br/ http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3195619 http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=3926392 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo879.htm alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Esse direito poderá ser restringido na vigência do estado de defesa, quando se cria a possibilidade de prisão por crime de Estado, determinada pelo executor da medida (Art. 136, §3º, inciso I da CF), excepcionando, portanto, a regra da prisão prevista no artigo 5º, inciso LXI da CF. No mesmo sentido ocorrerá restrição à liberdade de locomoção na vigência do estado de sítio, nos termos do Art. 139, inciso I, podendo ser tomadas contra as pessoas medidas no sentido de obrigá-las a permanecer em localidade determinada, bem como medidas restritivas também em caso d guerra declarada. Destaca-se que em situações excepcionais, de instabilidade institucional, como no estado de sítio e no estado de defesa esse direito poderá ser restringido: ESTADO DE DEFESA: ART. 136, § 3º Na vigência do estado de defesa: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial. ESTADO DE SÍTIO: Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; (grifo nosso) Outro aspecto interessante refere-se à possibilidade de qualquer pessoa entrar, permanecer ou sair do país com seus bens, nos termos da lei. Esse direito também não pode ser encarado de forma absoluta, haja vista que esse direito deve ser exercido nos termos da lei, assim há a possibilidade de se exigir declaração de bens ou pagamento de imposto quando da entrada da pessoa no país com bens. Frisa-se que a liberdade de locomoção, por não ser um direito absoluto, permite a sua restrição quando em conflito com outros direitos fundamentais. Caso a liberdade de locomoção seja restringidapor ilegalidade ou abuso de poder, a Constituição prevê um remédio constitucional, uma solução a esse problema, por meio do Habeas Corpus. Art. 5°, LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Outras considerações serão feitas quando do estudo do Habeas Corpus. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 LIBERDADE DE PROFISSÃO XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Estabelece o texto constitucional que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (Art. 5º, XIII). A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre determinada profissão, trabalho ou ofício, qualquer pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco, detetive particular, ator de teatro). Ao contrário, se houver lei estabelecendo uma qualificação profissional necessária, somente aquele que atender ao que exige a lei pode exercer esse trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do médico, do engenheiro, do piloto de avião). Cuida-se de norma de eficácia contida, isto é, que é dotada de aplicabilidade imediata desde a promulgação da Constituição, mas que está sujeita à imposição de restrições pelo legislador. Assim, enquanto não estabelecidas em lei as qualificações profissionais para o exercício de determinada profissão, o seu exercício será amplo; a partir do estabelecimento por lei das qualificações profissionais somente poderão exercer tal profissão aqueles que as cumprirem. STF E A LIBERDADE DE PROFISSÃO: • PROFISSÃO DE MÚSICO: o STF entendeu que a profissão de músico não exige a inscrição em conselho de fiscalização, deixando claro essa necessidade apenas quando houver potencial lesivo na atividade. Nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de músico prescinde de controle. • CONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM: Segundo o STF, a exigibilidade do Exame de Ordem para habilitação do bacharel em direito na Advocacia é constitucional. • CONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DE ATIVIDADE JURÍDICA PARA OS CARGOS DA MAGISTRATURA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO: A exigência temporal de dois anos de bacharelado em direito como requisito para inscrição em concurso público para ingresso nas carreiras do MPU, prevista no art. 187 da LC 75/1993, não representa ofensa ao princípio da razoabilidade, pois, ao contrário de se afastar dos parâmetros da maturidade pessoal e profissional a que objetivam a norma, adota critério objetivo que a ambos atende. (ADI 1.040, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, julgamento em 11-11-2004, Plenário, DJ de 1º-4- 2005.) Vide: Rcl 3.932, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 21-11-2007, Plenário, DJE de 9-10-2009. • EXIGÊNCIA DE REQUISITOS ESPECÍFICOS EM CONCURSOS PÚBLICOS: A exigência de especificidade, no âmbito da qualificação, para a feitura de concurso público não contraria o disposto no inciso XIII do art. 5º da CF, desde que prevista em lei e consentânea com os diplomas regedores do exercício profissional. (MS 21.733, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-1994, Plenário, DJ de 8-4- 1994.) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. É importante observar que o exercício desse direito não é absoluto, de sorte que a manifestação de pensamento que cause algum dano a outro, seja de ordem material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização. A liberdade de pensamento consiste no direito de expressar, por qualquer meio ou forma existente, opiniões, pensamentos ou ideais particulares em matéria de arte, ciência, política, religião ou qualquer outra atividade humana, desde que seja público o nome do autor do pensamento. STF E A LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO: • DELAÇÃO ANÔNIMA (DELAÇÃO APÓCRIFA): O STF entende não ser possível a utilização de uma notícia crime anônima para a instauração do procedimento investigatório, por violar a vedação ao anonimato, prevista no Art. 5º, IV. Em outras palavras, o ato de delatar que alguém praticou um crime, sem se identificar, não é suficiente para autorizar a instauração do inquérito policial. Nada impede, contudo, que a Polícia, após ter sido provado por delação anônima, adote medidas informais de investigação, discretas, destinadas a apurar se a delação anônima possui respaldo na realidade dos fatos. Só apenas com essas novas provas, que somadas à delação anônima, poderá ser instaurado o procedimento formal de investigação – inquérito policial ou termo circunstanciado de ocorrência. • MARCHA DA MACONHA: O STF (15/06/2011 – julgamento da ADPF 187) entendeu ser legítimo o movimento de legalização do uso da maconha, com respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação de pensamento e de reunião, assegurando-se, ainda, o direito das minorias. De acordo com o entendimento do STF, a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não só confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de apologia a fato criminoso. Assim, a defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, não significa ilícito penal, mas, ao contrário, representaria o exercício legítimo do direito à livre manifestação do pensamento, e do direito de reunião. • INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE IMPRENSA: Conforme o STF, o jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 do art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220, da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. (...) No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. (RE 511.961, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 17-6-2009, Plenário, DJE de 13-11-2009.) Em síntese, o referido direito deverá ser exercido de forma responsável, proporcional, harmonizando-se com a honra, a privacidade e a intimidade da pessoa humana das demais pessoas. Caso contrário, surge para o agravado o direito de resposta, alémda indenização. A vedação ao anonimato impede, como regra, DENÚNCIAS ANÔNIMAS, também chamadas de delações apócrifas, como fundamento único para a instauração de procedimentos criminais. Contudo, o STF, entende como constitucionais as referidas denúncias (disque- denúncia) como ferramenta de comunicação do crime, mas não podem servir como amparo para a instauração do Inquérito Policial, muito menos como fundamento para a condenação de quem quer que seja. Este posicionamento se aplica à instauração de qualquer tipo de procedimento investigatório, seja administrativo, cível ou penal. A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia ao exercício da manifestação do pensamento, possibilita o exercício do DIREITO DE RESPOSTA caso alguém seja ofendido, em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social, como prevê o inciso v do Art. 5° da CF: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar matéria publicada, é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra e é orientado pela ideia da proporcionalidade, é dizer: a resposta deve ser assegurada no mesmo meio de comunicação em que a agressão foi realizada, devendo ter o mesmo destaque e duração. O direito de resposta é amplo e abrange ofensas, mesmo que não tenham caráter penal. O direito de resposta, inobstante ser norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, é regulamentado pela Lei 13.188/2015 que assegura o exercício desse direito de forma GRATUITA. Vejamos o Art. 2°: Art. 2° Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo. O direito de resposta ou retificação deve ser exercido no prazo decadencial de 60 (sessenta) dias, contado da data de cada divulgação, publicação ou transmissão da matéria ofensiva, mediante correspondência com aviso de recebimento encaminhada diretamente ao veículo de comunicação social ou, inexistindo pessoa jurídica constituída, a quem por ele responda, independentemente de quem seja o responsável intelectual pelo agravo. https://www.alfaconcursos.com.br/ http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=605643&pgI=1&pgF=100000 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 O exercício do direito de resposta não afasta a possibilidade de indenização por dano: material, moral ou a imagem. Vale destacar ainda que a indenização decorrente desses danos é cumulativa! Referências Bibliográficas BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado – 15 ed. Método, 2016. CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014. LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014. NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador: JusPodivm. SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006. EXERCÍCIOS 1. Julgue o item a respeito das liberdades na Constituição Federal de 1988 (CF). Somente a liberdade religiosa pode funcionar constitucionalmente como autorização para abstenção de cumprimento de obrigação legal a todos imposta, não servindo de justificativa a simples crença moral ou filosófica. Certo ( ) Errado ( ) RESPOSTA ERRADA A ESCUSA DE CONSCIÊNCIA permite a qualquer pessoa que, em razão de sua crença ou consciência, deixe de cumprir uma obrigação imposta sem que com isso sofra alguma restrição em seus direitos, contudo, tal regra encontra um limite. No caso de uma obrigação imposta a todos, se o indivíduo se recusar ao seu cumprimento, ser-lhe-á oferecida uma prestação alternativa, previamente prevista em lei. Caso também não cumpra a prestação alternativa, a Constituição permite que alguns direitos do indivíduo sejam restringidos. Os direitos que serão restringidos serão os direitos políticos e haverá a PERDA desses direitos, de acordo com a doutrina majoritária. 2. Julgue o item a respeito das liberdades na Constituição Federal de 1988 (CF). Embora assegurada a livre manifestação do pensamento, não pode essa liberdade ser desvirtuada para funcionar como mecanismo de apologia ao crime, como ocorre, por exemplo, com manifestações em favor da legalização de certas drogas, merecedoras de censura penal. Certo ( ) Errado ( ) RESPOSTA ERRADA A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. É importante observar que o exercício desse direito não é absoluto, de sorte que a manifestação de pensamento que cause algum dano a https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 outro, seja de ordem material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização. A liberdade de pensamento consiste no direito de expressar, por qualquer meio ou forma existente, opiniões, pensamentos ou ideais particulares em matéria de arte, ciência, política, religião ou qualquer outra atividade humana, desde que seja público o nome do autor do pensamento. MARCHA DA MACONHA: O STF (15/06/2011 – julgamento da ADPF 187) entendeu ser legítimo o movimento de legalização do uso da maconha, com respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação de pensamento e de reunião, assegurando-se, ainda, o direito das minorias. De acordo com o entendimento do STF, a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não so confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de apologia a fato criminoso. Assim, a defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, não significa ilícito penal, mas, ao contrário, representaria o exercício legítimo do direito à livre manifestação do pensamento, e do direito de reunião. 3. Com relação aos direitos e às garantias fundamentais, julgue o item que se segue. A CF assegura a liberdade de exercício profissional, não podendo a lei limitar tal direito. Certo ( ) Errado ( ) RESPOSTA ERRADA Estabelece o texto constitucional que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (Art. 5º, XIII). A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre determinada profissão, trabalho ou ofício, qualquer pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco, detetive particular, ator de teatro). Ao contrário, se houver lei estabelecendo uma qualificação profissional necessária, somente aquele que atender ao que exige a lei pode exercer esse trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do médico, do engenheiro, do piloto de avião). Cuida-se de norma de eficácia contida, isto é, que é dotada de aplicabilidade imediata desde a promulgação da Constituição, mas que está sujeita à imposição de restrições pelo legislador. Assim, enquanto não estabelecidas em lei as qualificações profissionais para o exercício de determinada profissão, o seu exercício será amplo; a partir do estabelecimento por lei das qualificações profissionais somente poderão exercer tal profissão aqueles que as cumprirem. 4. Em relação à Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item. A liberdade de exercício profissional é ilimitada. Certo ( ) Errado ( ) RESPOSTA ERRADA https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 Estabelece o texto constitucional que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionaisque a lei estabelecer (Art. 5º, XIII). A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre determinada profissão, trabalho ou ofício, qualquer pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco, detetive particular, ator de teatro). Ao contrário, se houver lei estabelecendo uma qualificação profissional necessária, somente aquele que atender ao que exige a lei pode exercer esse trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do médico, do engenheiro, do piloto de avião). Cuida-se de norma de eficácia contida, isto é, que é dotada de aplicabilidade imediata desde a promulgação da Constituição, mas que está sujeita à imposição de restrições pelo legislador. Assim, enquanto não estabelecidas em lei as qualificações profissionais para o exercício de determinada profissão, o seu exercício será amplo; a partir do estabelecimento por lei das qualificações profissionais somente poderão exercer tal profissão aqueles que as cumprirem. 5. Com relação à liberdade de crença e de convicção na CF, julgue o item. Dada a laicidade do Estado brasileiro, não se admite como constitucionalmente possível a prestação de assistência religiosa pelo Estado a presidiários ou a militares. Certo ( ) Errado ( ) RESPOSTA ERRADA A Constituição Federal garantiu a prestação de assistência religiosa nas entidades de internação coletiva, sejam elas civis ou militares. Entidades de internação coletiva são quartéis, penitenciárias, hospitais ou hospícios. A prestação dessa assistência não será, evidentemente, realizada pelo Estado, mas sim pelas entidades religiosas (entidades privadas), o dever do Estado aqui se manifesta na permissão quanto ao exercício dessa liberdade. GABARITO 1. ERRADA 1. ERRADA 2. ERRADA 3. ERRADA 4. ERRADA https://www.alfaconcursos.com.br/ Referências Bibliográficas