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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS CAMPUS DE POMBAL Maria de Fatima de Medeiros Garcia OPERAÇÕES UNITÁRIAS II: Cristalização Pombal 2021 INTRODUÇÃO A cristalização é um processo pertencente as operações unitárias, é utilizada em diversos setores industrias como alimentícia, farmacêutica e química. Ela consiste na formação de cristais a parti de uma solução. O processo para obtenção dos cristais podem ser de maneira simples, como a utilização de tabuleiros para resfriar soluções quentes concentradas, ou complexas, como a utilização de cristalizadores contínuos, nesse podem ser controlados diversos aspectos dos cristais para o colocar dentro das exigências do mercado (FOUST, 2011). O cristal é formado com o rearranjo das moléculas, e essa nova forma é organizada com distância e ângulos fixos entre as partículas. Um cristal invariante é o desenvolvimento do cristal sem a interferência de outros, mantendo assim sua forma poliédrica, nesses os cálculos dos parâmetros podem ser realizados com apenas uma dimensão. Porém o crescimento de um cristal mesmo sem interferência de outros sólidos podem levar a produtos heterogêneos, devido a distorções causadas durante a formação (FOUST, 2011). A indústria desenvolve chamados hábitos nos cristais, caudados por fatores do crescimento de cristais com interferência, sendo muito importantes para os operadores pois afeta as características como: pureza, aparência, tendência de formação do produto e a pulverização. E tudo isso afeta a aceitabilidade do produto. Esses hábitos são afetados por: grau de saturação, intensidade de agitação, densidade, dimensões dos cristais das vizinhanças e pela pureza da solução (FOUST, 2011). FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EQUIPAMENTO DE CRISTALIZAÇÃO Existem três métodos comumente usados para a cristalização: O primeiro precipita uma solução muito quente a partir do resfriamento do fluido concentrado. Podendo ser feitos através dos processos de resfriadores de tabuleiro, cristalizadores descontinuo com agitação e cristalizadores contínuos Swenson-Walker. Esse terá um melhor funcionamento para curvas abruptas da solubilidade contra temperatura (FOUST, 2011). O segundo precipita a solução durante um processo de evaporação do fluido. Podem ser feitos através dos processos de evaporadores-cristalizadores, que fazem o processo de cristalização e evaporação simultaneamente, os cristalizadores são o tubo de triagem e os cristalizadores oslo. É recomendado para casos onde a solubilidade do fluido não tem grande influência com a diferença de temperatura (FOUST, 2011). O terceiros a precipitação acontece durante um processo de evaporação adiabática e resfriamento. É um método que opera a vácuo, e se trabalha por resfriamento. É recomendado para curva com inclinação intermediarias (FOUST, 2011). RELAÇÃO DE SOLUBILIDADE Durante o processo de cristalização ocorre a transferência de massa da solução para superfície do cristal, e essa transferência ocorre a partir da diferença de concentrações entre as duas superfícies, é necessário que a solução esteja satura para que haja um equilíbrio na concentração da interface (FOUST, 2011). Para se obter uma solução supersaturada é necessário interferir na temperatura do sistema, evaporar o solvente ou mudar o equilíbrio do sistema adicionando um terceiro componente. Para sistema com concentrações acima de 4,5% a solubilidade dos fluidos aumentam com o aumento da temperatura, logo só é necessário o resfriamento para a supersaturação e formação dos cristais (FOUST, 2011). Se no sistema não houver evaporação e a temperatura final for conhecida, podemos determinar a parti de um diagrama de solubilidade os valores das concentração da solução, a espécie de cristais depositados e a massa de cristais para uma dada massa de solução de concentração conhecida (FOUST, 2011). BALANÇO DE MASSA E ENERGIA Figura 1- Esquema de processo de cristalização generalizado Fonte: Foust, 2011. Cristalizador Carga, F (lb/h) Solvente evaporado, V (lb/h) Magma do produto, L (lb/h) Foust (2011), escreveu equações para os processos de cristalização que descreve o balanço de massa e de energia, e equações de cinética de transferência de calor. Essas equações podem ser utilizadas para encontras o rendimento do processo, porem só será possível se o grau de evaporação ou resfriamento poder ser calculado. O rendimento do processo é a quantidade de massa de cristais formada a parti de uma determinada quantidade de massa de solução (FOUST, 2011). 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑛𝑜𝑠 𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 + 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑛𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝐹𝑋𝐹′ = 𝐶 𝑀𝑎 𝑀ℎ + [𝐹(1 − 𝑋𝐹′) − 𝑉 − 𝐶 𝑀ℎ−𝑀𝑎 𝑀ℎ ] 𝑋′ (1) Rescrevendo obtém-se: 𝐶 = [𝐹(1−𝑋 𝐹′ )−𝑉]𝑋′−𝐹𝑋𝐹′ ( 𝑀ℎ−𝑀𝑎 𝑀ℎ )𝑋′− 𝑀𝑎 𝑀ℎ (2) Onde 𝐶 = massa dos cristais no magma produzido por unidade de tempo 𝑀𝑎 = massa molecular do soluto anidro 𝑀ℎ = massa molecular do cristal hidratado 𝑋𝐹′ = fração mássica do soluto anidro na carga 𝑋′ = solubilidade do material na temperatura do produto expressa como razão ponderal do sal anidro para solvente 𝐹 = massa total da carga por unidade de tempo 𝑉 = evaporação em unidade de massa do solvente por unidade de tempo Para que a equação seja válida é necessário considerar que o processo opera em estado permanente. É aplicável para cristalizadores de estagio simples ou unidades multiestágios, nessa retira-se o produto liquido-sólido de um deles. Deve-se levar e conta o solvente perdido por evaporação e o solvente perdido como água de cristalização no cálculo do soluto da solução final. A determinação de 𝑉 depende do balanço térmico e da equação de cinética (FOUST, 2011). MECANISMO DA CRISTALIZAÇÃO O processo para escolhido para a cristalização afeta as condições dentro do cristalizador e as propriedades do produto obtido. O cristal é formado partir de uma força motriz de concentração partindo da solução para a interface do solido. É necessário que a concentração da fase fluida seja menor que a da saturação. E o grau de saturação depende do novel de temperatura, da concentração da solução, da violência da agitação como do número e forma dos cristais sobre os quais formam os precipitados (FOUST, 2011). No começo do processo de cristalização se tem a formação de pequenos cristais denominada nucleação. O processo começa com os movimentos caóticos das moléculas, essas moléculas se associam e isso pode leva a pequenos aglomerados, esses aglomerados são chamados de embrião. A medida que a saturação aumenta esse embrião cresci e se estabiliza formando o núcleo do cristal, a parti do momento que o núcleo é formado a tendência é o crescimento. A nucleação pode ser primaria ou secundaria (FOUST, 2011). A nucleação primaria pode ser homogênea ou heterogênea, a homogênea é o processo descrito acima. A heterogênea quando a nucleação ocorre a parti de partículas muito pequenas, tem baixa ocorrência na nucleação primaria (FOUST, 2011). A nucleação secundaria ocorre a formação de núcleos nas superfícies e arestas de “sementes” de cristal, em seguida ocorre a quebra e afastamento desses núcleos, há também a formação de cristais de núcleos em baixos teores de energia. A nucleação secundaria também pode ocorrer pela cristalização heterogênea, onde um material estranho constitui um sitio para nucleação e o desenvolvimento do cristal (FOUST, 2011). O processo de crescimento de cristais é complexo. A teoria mais provável alega que o crescimento ocorra com o deslocamento da superfície, esse deslocamento é autossustentável e o cristal cresce numa sequência espiralada provocada pelas forças superficiais. Atravésde equações cinética pode se analisar o crescimento dos cristais (FOUST, 2011). 𝑁𝐴𝑀𝐴 = −4(𝐸𝑁+𝒟)𝐴(𝐶𝑆−𝐶𝑎) 𝛾𝑁𝑋 (3) Onde 𝑁𝐴 = libras-mol do soluto depositadas por unidades de tempo 𝑀𝐴 = massa molecular do soluto 𝐸𝑁 = média integrada da difusividade da transferência, fh²/h 𝒟 = coeficiente de difusão, fh²/h 𝐶𝑆, 𝐶𝑎 = coeficiente do soluto na superfície solida e no seio da solução da fase fluida, ib/fh²/h 𝐴 = área das superfícies dos cristais, fh² 𝛾𝑁 = razão de gradiente de concentração 𝑥 = extensão coberta na transferência, ft −4(𝐸𝑁 + 𝒟)𝐴(𝐶𝑆 − 𝐶𝑎) = 𝐾𝐿 (4) 𝐾𝐿 = coeficiente de transferência de massa na fase líquida 𝐾𝑠 = resistência a incorporação de novas moléculas à superfície sólida 𝐾𝐿 = 1 1 𝐾𝐿 ⁄ +1 𝐾𝑠 ⁄ (5), e −𝑁𝐴𝑀𝐴 = 𝐾𝐿𝐴(𝐶𝑆 − 𝐶𝑎) (6) Podemos rescrever para um cristal, 𝐴 se torna área de um só cristal. −𝑁𝐴𝑀𝐴 = − 𝑑𝑚 𝑑𝜃 = 𝐾𝐿𝐴(𝐶𝑆 − 𝐶𝐴) (7) 𝑚 = massa de cristal, lb 𝜃 = tempo, h Experimentalmente observa-se que pode não haver modificações da forma do cristal durante o crescimento. 𝜙𝐴𝐿𝜌 = 𝑚 (8) 𝜙 = fator de forma, adimensional. 𝐿 = dimensão característica do cristal Pode-se escrever uma equação que afirma que a taxa de crescimento linear do cristal independe das dimensões desses, ela é expressa pela lei ΔL de McCabe − 𝑑𝐿 𝑑𝜃 = 𝐾𝐿 𝜙𝜌 (𝐶𝑆 − 𝐶𝑎) (9) A taxa de crescimento volumar não é constante 𝑉 = 𝜙′𝐿³, 𝑑𝑉 = 3 𝜙′𝐿²𝑑𝐿 (10) 𝜙 é um fator de forma diferente de 𝜙′. Expressa em termos de aumento de volume, dá 𝑑𝑉 𝑑𝜃 = 3 𝜙′𝐿²𝐾𝐿 𝜙𝜌 (𝐶𝑆 − 𝐶𝑎) (11) Essa equação falha em dois sentidos: em muitos sistemas cristalizantes a taxa de crescimento é em função das dimensões do cristal, logo a lei de McCabe não se aplica, e em valores elevados de supersaturação a taxa de crescimento é constante e não varia diretamente com o nível de supersaturação (FOUST, 2011). Em condições de supersaturação muito baixa e nucleação lentam consegue-se estimar a distribuição granulométrica dos cristais (DGC), com a DGC inicial consegue-se estimar muito grosseiramente a DGC final por meio da lei ΔL de McCabe. Mesmo sendo resultados inexatos a estimativa da uma aproximação útil das dimensões da partícula do produto. Assim a ligação entre os cristais de semente e os tamanhos das partículas se dá 𝐿𝑃 = 𝐿𝑆 + Δ𝐿(12) 𝐿 = dimenções característica da partícula 𝑃 = refere-se a semente e ao produto Dessa equação pode-se relacionar as massas da semente e do produto 𝑚𝜌 = 𝜙 ′𝜌𝐿𝜌 3 = 𝜙′𝜌(𝐿𝑆 + Δ𝐿)³ (13), 𝑚𝑠 = 𝜙 ′𝜌𝐿𝜌 3 (14) Gerando 𝑚𝜌 = 𝑚𝑠(1 + Δ𝐿 𝐿𝑆 )³ (15) APLICAÇÃO Questão retirada de foust (2011) Um cristalizador krystal a um só estágio, continuo, deve ser usado para se ter CaCl₂- 4H₂O como produto a parti de uma carga que contém inicialmente 40% de CaCl₂ em água, a 180°F. O sistema a vácuo no cristalizador dará um magma em equilíbrio a 90°F. a. Qual a faixa da injeção térmica que se pode adicionar no cristalizador, por libra da solução de carga, para que o produto obtido contenha somente cristais de CaCl₂- 4H₂O? A quantidade mínima de calor é 185 – (-8) = 193 Btu/lb de carga. A taxa máxima de calor = 305 – (8) = 313 Btu/lb de carga. b. Qual seria o rendimento máximo de cristais no produto (em libras de CaCl₂ cristalino por libra de CaCl₂ na carga)? Seria de 1 lb de CaCl₂ por libra de CaCl₂ na carga, na forma tetraidratados. Esse rendimento é impraticável. Inicialmente haveria a precipitação de CaCl₂-2H₂O e convertido para de CaCl₂-4H₂O, porem essa conversão seria lenta e não estaria completa quando o produto saísse do cristalizador. CONCLUSÃO É muito importante o estudo de cristalizadores por ser um método muito utilizado na indústria alimentícia, fármaco, química. É um método muito complicado de estudar, principalmente para cristalização secundaria, e as equações mais validas ainda não fornecem valores exatos, apenas aproximados. REFERÊNCIAS FOUST, A. S. et al. Princípios de Operações Unitárias. Tradução de Horácio Macedo. 2. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
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