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< DESCRIÇÃO A importância da higiene dos alimentos para a garantia da segurança alimentar, objetivando a redução dos riscos sanitários e a promoção da saúde dos consumidores. PROPÓSITO Compreender os conceitos de segurança alimentar e segurança dos alimentos, as funções dos órgãos normatizadores, fiscalizadores e as legislações aplicáveis aos segmentos de serviços de alimentação e indústrias, para atuação correta no controle de qualidade dos alimentos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Definir os aspectos gerais relacionados à higiene dos alimentos MÓDULO 2 Aplicar o controle de qualidade em alimentos INTRODUÇÃO O termo higiene está associado às ações relacionadas à limpeza e à sanitização, ambiental e pessoal, quanto a produção, transporte, armazenamento, venda e consumo de alimentos. A limpeza consiste na retirada de resíduos de sujidades (poeira, gordura, entre outras). A sanitização (desinfecção) consiste na aplicação de produtos químicos para redução dos microrganismos. A higiene e fiscalização dos alimentos são essenciais para a saúde pública, pois ajudam a prevenir o risco de ocorrerem doenças transmitidas por alimentos de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), visto que são ações preventivas e corretas para garantir o acesso a produtos livres de contaminação, saudáveis e adequados ao consumo humano. Imagem: Shutterstock.com A partir da crescente preocupação com a qualidade dos alimentos, da saúde dos consumidores e do comércio mundial de produtos alimentícios in natura e industrializados, a FAO e a OMS criaram o programa Codex Alimentarius. O objetivo deste programa é coordenar os esforços, no âmbito mundial, quanto à inocuidade dos alimentos, por meio de elaboração e desenvolvimento de padrões e práticas justas e coerentes quanto ao seu comércio. A vigilância sanitária constitui um conjunto de ações para erradicar, reduzir ou prevenir riscos à saúde, além de atuar nos problemas sanitários oriundos do meio ambiente, da produção e manipulação, consumo de alimentos e dos serviços de saúde oferecidos à população. O controle de qualidade dos alimentos pode ser efetuado através de quatro métodos: Foto: Shutterstock.com Sensoriais Foto: Shutterstock.com Análises físico-químicas Foto: Shutterstock.com Microbiológicas Foto: Shutterstock.com Ferramentas de gestão da qualidade O controle de qualidade deve ser realizado respeitando as legislações sanitárias vigentes e de forma contínua em todas as etapas de produção para aumentar a confiabilidade dos consumidores e reduzir os riscos à saúde. MÓDULO 1 Definir os aspectos gerais relacionados à higiene dos alimentos HISTÓRICO DA HIGIENE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Nos primeiros registros da nossa história, já havia informações relacionadas às doenças infecciosas, à proibição de consumo de determinados alimentos que poderiam ser prejudiciais à saúde, como alguns animais e vegetais; e sobre noções de higiene como o simples ato de lavar as mãos, por exemplo. Foto: Parvathisri/wikimedia Commons/CC BY-AS 4.0 Escultura representando a ordenha Muito antes do início da era cristã, já se realizava a ordenha da vaca para obtenção do leite, a produção de manteiga e queijo, as técnicas de salga de carnes e peixes para conservação, bem como a fabricação de pão, cervejas e vinhos. Na trajetória da história, com a consolidação das sociedades e o surgimento dos alimentos preparados, começaram a ocorrer o aumento da frequência de problemas de doenças que eram transmitidas pela alimentação devido, principalmente, à conservação e manipulação de forma inadequada. A importância da limpeza e da higiene na produção de alimentos começou a ser percebida e reconhecida no período do século XIII, na Europa, quando surgiram as primeiras normas para a inspeção de carnes e abatedouros de animais, passando a serem consideradas as primeiras leis para a produção de alimentos em larga escala. No século XVIII, por conta da expansão industrial e da migração dos trabalhadores do campo para as cidades, começaram a surgir os problemas urbanos relacionados ao saneamento básico, pois as pessoas viviam em habitações precárias, em locais sem ventilação, aglomerados, sem coleta de lixo e com dificuldades financeiras para adquirir alimentos. Estes problemas foram as causas que deram início aos estudos sobre a saúde do trabalhador. Imagem: Anônimo/wikimedia Commons/domínio público Ilustração de condições sanitárias no século XVIII A partir da segunda metade do século XVIII, ocorreu a introdução da linha de montagem para produção em larga escala e a padronização nas indústrias. A qualidade dos produtos começou a ser focada na inspeção do produto final. Imagem: Albert Edelfelt/wikimedia Commons/domínio público Louis Pasteur Neste período, também começaram os estudos sobre os microrganismos realizados por Louis Pasteur, que estabeleceram as relações entre os microrganismos e os processos fermentativos, descobertas que impulsionaram a pesquisa na área de alimentos, conforme o que temos até os dias de hoje. Pasteur também identificou que o aquecimento auxiliava na redução dos microrganismos presentes em alguns alimentos. A criação do processo de pasteurização ocorreu por conta dessa descoberta. O final desse período foi marcado pela produção de algumas vacinas, bem como a identificação de microrganismos causadores de diversas doenças, como a febre tifoide, difteria, tétano, entre outras. LOUIS PASTEUR Louis Pasteur (1822-1895) físico e bacteriologista francês reconhecido pelas suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças. Com a implantação das ferrovias, o transporte de alimentos tornou-se mais rápido e permitiu à população maior acesso aos mantimentos. Além disso, o desenvolvimento da refrigeração e a aplicação do processo de pasteurização tornaram a conservação de certos alimentos mais fácil, como a do leite, o que estimulou o surgimento das indústrias de laticínios e cooperativas. Com a crescente disseminação de doenças, pressões políticas e sociais para que os governos aperfeiçoassem e implementassem as políticas de saúde, a evolução da medicina e a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1945, como agência responsável pelas ações internacionais de saúde, foram fatores que auxiliaram na ampliação dos cuidados com a saúde das pessoas. javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com A saúde passou a ser considerada um direito fundamental do ser humano, sem realizar separação de religião, raça, opiniões políticas, condições econômicas ou sociais. A OMS considera necessária a ajuda entre os países para assistência à saúde da população com maior necessidade. Nesse sentido, a OMS conceituou a saúde como um estado completo e pleno de bem-estar físico, social e mental, deixando de ser apenas uma ausência de doença, o que possibilitou uma contribuição na prevenção individual e coletiva de doenças, com foco na promoção da saúde. Até a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o controle dos processos produtivos nas indústrias passou a ser realizado através da aplicação de dados estatísticos, gráficos e planos de inspeção por amostragem e aleatória. A partir dos dados dos controles estatísticos de processos é que foi possível prever de maneira mais rápida e eficaz os prováveis defeitos no processo de produção, bem como no produto acabado. Surgiram, então, associações normativas e pesquisas relacionadas à importância do trabalhador no processo produtivo como um agente de melhoria. Imagem: nitpicker/Shutterstock.com No período pós-guerra, ocorre a criação da Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization – ISO) e, em 1980, foram criadas as normas para a garantia da qualidade. As séries normativas da ISO 9000, focadas no preceito da padronização, destacaram-se mundialmente como um marco nas relações comerciais e passarama ser exigidas pelos clientes para os seus fornecedores como uma certificação de garantia de produtos e processos adequados. A HIGIENE DE ALIMENTOS NO BRASIL No Brasil, ao longo do século XIX, foram organizadas as atividades que deveriam ser realizadas pela vigilância sanitária para reduzir a propagação de doenças nas cidades. Tais atividades compreendiam a fiscalização de alguns serviços de saúde, cemitérios, embarcações e comércios de alimentos. Este período teve uma significativa e grande influência do progresso científico e técnico, pois foi demonstrada a importância do saneamento ambiental devido à sua relação com a pobreza e doenças ligadas a este fator de condição social. O Decreto-Lei n° 986, de 21 de outubro de 1969, foi uma das primeiras legislações de alimentos criadas no Brasil e que ainda se encontra vigente. Este decreto instituiu normas básicas sobre alimentos e os procedimentos para registro, controle, rotulagem e fiscalização. Ele também estabelece que os padrões de identidade e qualidade dos alimentos devem abranger requisitos básicos de higiene. (LEI n°986/1969). A Constituição Federal de 1988 define a saúde como direito obrigatório de todos e o Estado deve ser responsável por políticas para prevenir doenças, além de oferecer acesso igual para toda a população aos serviços de saúde oferecidos pelos Estados e Municípios em todo o país (CONSTITUIÇÃO FEDERAL /1988). A criação do Sistema Único de Saúde, pela Lei n° 8080, de 19 de setembro de 1990, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, foi fundamental para controlar a disseminação de doenças, atuando principalmente na prevenção. O Brasil é um exemplo internacional quanto à implantação dessas práticas. No final da década de 1990, foi adotado um modelo de sistema de produção que possui como meta o aperfeiçoamento do controle de qualidade, a lógica, uma produção sistêmica e a iniciativa e presteza dos trabalhadores com a garantia da qualidade. Com tudo isso, a qualidade deixou de ser apenas uma inspeção do produto para representar o bom desempenho e esforço de pessoas, processos e da organização como um todo, possibilitando um processo contínuo de melhorias para atender a demanda dos consumidores. Hoje, com o mercado cada vez mais competitivo, a qualidade é um fator diferencial e de liderança. Atualmente, os órgãos responsáveis pelas legislações e fiscalizações das atividades de produção e comércio de alimentos no Brasil são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). (ANVISA) Órgão que faz parte do Ministério da Saúde, com atuação nos alimentos que o MAPA não fiscaliza, na água mineral, aditivos alimentares, em embalagens para alimentos e rotulagem. (MAPA) Responsável pelos alimentos de origem animal e vegetais in natura. BIOTECNOLOGIA Com a industrialização dos alimentos, as novas técnicas de produção, o desenvolvimento de novos ingredientes e a aplicação da biotecnologia contribuíram para as mudanças no perfil da alimentação da população. Mas o que é a biotecnologia? RESPOSTA javascript:void(0) javascript:void(0) A biotecnologia consiste na utilização de organismos, células ou moléculas para o desenvolvimento de produtos ou para melhorar algum processo de produção. Nos alimentos, a biotecnologia pode ser aplicada em bebidas e alimentos fermentados, no desenvolvimento de sabores, aromas e corantes, produção de enzimas, enriquecimento nutricional e nos alimentos transgênicos. Foto: Shutterstock.com A biotecnologia na produção de alimentos transgênicos. O Decreto n° 6.041, de 8 de fevereiro de 2007, instituiu a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, que tem como objetivo definir o ambiente adequado para a criação de produtos e processos biotecnológicos inovadores, estimular a estrutura produtiva nacional, o aumento na geração de inovações nas empresas brasileiras, a captação de tecnologias, novos negócios e a ampliação das exportações (DECRETO N° 6.041, 2007). Os transgênicos são os organismos que sofrem manipulação genética com o objetivo de favorecer uma característica desejada. São aplicadas nas plantas para aumentar a resistência a pragas, reduzir o uso de agrotóxicos e aumentar a produção. Imagem: Shutterstock.com Tipos de transgênicos. SAIBA MAIS No Brasil, a Lei n° 11.105, de 24 de março de 2005, representa a Lei da Biossegurança que estabelece normas de segurança e de fiscalização para todas as atividades relacionadas a organismos geneticamente modificados (OGM). Com os avanços da tecnologia de alimentos, os estudos na área de biotecnologia irão evoluir cada vez mais. Atualmente, o mundo vive uma grande preocupação com o futuro do meio ambiente, criando meios mais sustentáveis de produção e descarte de resíduos, e a preocupação com a saúde devido ao surgimento de novas doenças, intensificando as pesquisas no desenvolvimento de vacinas e medicamentos. HIGIENE DOS ALIMENTOS E A SUA ABRANGÊNCIA De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de duzentos tipos de doenças são disseminados por meio dos alimentos ou água contaminados. A contaminação pode ser biológica, química ou física. A OMS também alerta que em toda a cadeia de produção dos alimentos devem ser realizados sistemas de controle da segurança dos alimentos. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) BIOLÓGICA Bactérias patogênicas e suas toxinas, vírus, fungos, parasitas, protozoários. QUÍMICA Pesticidas, micotoxinas, metais pesados. FÍSICA Fragmentos de vidros, metais e madeira. A higiene dos alimentos abrange: Foto: Shutterstock.com Higiene pessoal dos manipuladores Foto: Shutterstock.com Higiene do ambiente de produção Foto: Shutterstock.com Higiene dos equipamentos de produção Foto: Shutterstock.com Higiene durante o transporte Foto: Shutterstock.com Higiene no armazenamento A cadeia de produção dos alimentos tem início no campo, segue para os fabricantes de ingredientes, as indústrias que preparam os alimentos, as empresas que transportam até os armazéns de distribuição e que repassam para os pontos de manipulação e venda para o consumo. Todos esses atores são responsáveis pela produção e oferta de alimentos nutritivos, saborosos, saudáveis e seguros. Além disso, todos são responsáveis pelos riscos e benefícios que envolvem esta cadeia, inclusive os consumidores que devem ser informados a respeito da maneira correta e adequada de manipular os alimentos em suas residências. Fonte: Embrapa Etapas da cadeia produtiva de carne bovina. A higiene dos ambientes de produção e comercialização de alimentos é um fator essencial para a permissão do funcionamento deste local. Caso as condições higiênicas não estejam de acordo com as exigências estabelecidas pelos órgãos de fiscalização, como a vigilância sanitária, o estabelecimento poderá ser interditado parcialmente ou totalmente, até que sejam cumpridas as exigências. Atualmente, todos os procedimentos de higiene para indústrias, estabelecimentos produtores e que comercializam alimentos respeitam legislações que estabelecem os padrões de higiene para todos os setores da produção, que devem ser cumpridos. As tecnologias aplicadas para os alimentos e embalagens auxiliam na conservação, transporte e armazenamento. As pesquisas científicas para a criação de embalagens de alimentos com substâncias antimicrobianas — que buscam aumentar a estabilidade do produto, não alterar a aparência, o sabor e prevenir possíveis processos de deterioração — têm crescido bastante nos últimos anos e obtido resultados eficazes. As pesquisas para o desenvolvimento de produtos saneantes químicos recomendados para a sanitização dos ambientes também avançaram, com produtos capazes de eliminar quase 100% dos microrganismos de superfícies, e produtos com ação rápida para retirada de incrustações mais difíceis, seguros e sustentáveis. As ferramentas de controle de qualidade, comoas Boas Práticas de Fabricação e as Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) são sistemas de controles que as empresas devem aplicar na produção para comprovar a segurança dos seus produtos. As Boas Práticas de Fabricação consistem em regras e procedimentos básicos de higiene que devem ser adotados na manipulação de alimentos para prevenir ou reduzir a níveis aceitáveis as contaminações. O APPCC é uma ferramenta sistemática para prever a ocorrência de possíveis contaminações. As informações para implantação dessas ferramentas também estão descritas em legislações. PREVENÇÃO À SAÚDE DOS CONSUMIDORES A segurança alimentar e dos alimentos está diretamente ligada à saúde dos consumidores. No Brasil, foi criado o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) pela Lei n°11.346, em 15 de setembro de 2006, com o objetivo de garantir o direito humano à alimentação adequada. Esse sistema definiu a segurança alimentar como o direito de toda a população ao acesso contínuo a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade adequada, respeitando as necessidades nutricionais, as diferentes culturas e hábitos alimentares, as questões econômicas e sociais e a sustentabilidade. A lei contempla dois conceitos Importantes na garantia do direito à alimentação: Food safety (Alimento seguro.) , ou seja, a garantia do alimento não apresentar perigos biológicos, físicos e químicos. Food security (Segurança alimentar.) , que compreende a disponibilidade e o acesso permanente a alimentos, em quantidade adequada, destinado a toda população para uma condição de vida saudável. Atualmente, novos conceitos passaram a ser considerados na produção de alimentos seguros. O conceito de food defense (defesa dos alimentos) começou a ser difundido nos anos 2000. A defesa dos alimentos engloba ações para evitar e impedir a contaminação intencional e a adulteração por meios químicos, físicos, biológicos e radioativos, além de controlar uma possível sabotagem dentro de empresas produtoras de alimentos, que permitam o uso do alimento em um ato terrorista. Relacionados a este conceito, veja a seguir a definição dos termos bioterrorismo e agroterrorismo: Imagem: Shutterstock.com Bacillus anthracis. De acordo com o Center for Disease Control and Prevention (CDC/Estados Unidos), bioterrorismo é a disseminação intencional de bactérias, vírus e outros microrganismos que podem provocar a morte de pessoas, animais e plantações. Esses atos, normalmente, ocorrem por motivos políticos. O Bacillus anthracis, bactéria utilizada em ataques biológicos nos Estados Unidos em 2001, ficou conhecido como o ataque de antraz, realizado através do sistema postal, com o envio de cartas contendo a bactéria. Os esporos dessa bactéria são altamente infecciosos e letais, causando infecções cutâneas, respiratórias e gastrointestinais. O agroterrorismo, relacionado ao conceito de bioterrorismo, consiste na introdução de uma praga em animais ou vegetais, com o objetivo de provocar medo na população, grandes perdas de plantações e desestabilização da economia. Um exemplo de agroterrorismo no Brasil ocorreu nos anos 1980, na Bahia, quando um fungo (Moniliophthora perniciosa), conhecido como vassoura-de-bruxa, destruiu a produção de cacau da região. As investigações indicaram para um possível ato criminoso de disseminação do fungo na região, que era proveniente da região amazônica. A produção de cacau na Bahia ainda está se recuperando das perdas daquela época. Foto: Shutterstock.com Pé de cacau levemente afetado pela vassoura-de-bruxa. Outro termo considerado na produção de alimentos seguros é o food fraud (Fraude dos alimentos.) , que consiste na adulteração intencional do alimento para obter ganhos econômicos. Por exemplo, adição de novos ingredientes ou substituição e a não declaração no rótulo. A grande preocupação atualmente em todo o mundo é conseguir disponibilizar alimentos seguros e em quantidade suficiente, devido ao aumento da população. A rápida urbanização das cidades, a elevação da economia e da renda acarretam aumento da demanda dos alimentos. Imagem: Shutterstock.com Prevenir a disseminação de doenças pelo mundo é um grande desafio, pois o comércio de alimentos entre os países e o grande fluxo de pessoas que circulam em viagens internacionais facilitam essa disseminação. As mudanças de hábitos alimentares da população ao longo dos anos, como o aumento do consumo de alimentos crus, são fatores que devem ser considerados para aplicação de controles de higiene cada vez mais eficientes. Por isso, é extremamente importante a aplicação de um sistema de controle higiênico sanitário de alimentos em todo o mundo. A IMPORTÂNCIA DA HIGIENE DOS ALIMENTOS NOS ESTABELECIMENTOS PRODUTORES DE REFEIÇÕES Este vídeo aborda a importância da adequada higienização dos alimentos nas diferentes etapas da cadeia produtiva. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. COM A FORMAÇÃO DAS SOCIEDADES, A EXPANSÃO DAS CIDADES E O CRESCIMENTO DO MEIO URBANO, PROBLEMAS DE SANEAMENTO LEVARAM AO SURGIMENTO DE DOENÇAS. NESSE SENTIDO, OS CUIDADOS COM A SAÚDE PÚBLICA COMEÇARAM A SE DESENVOLVER. UM MARCO IMPORTANTE FOI A CRIAÇÃO DA AGÊNCIA DE COORDENAÇÃO DA SAÚDE INTERNACIONAL, A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. O CONCEITO DE SAÚDE PARA OMS É BASEADO NO ESTADO COMPLETO DE BEM-ESTAR FÍSICO, SOCIAL E MENTAL, E NÃO APENAS A AUSÊNCIA DE DOENÇA, E ELA ENFATIZA UMA MEDIDA IMPORTANTE PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE, A MEDICINA PREVENTIVA INDIVIDUAL E COLETIVA. DE ACORDO COM OS FATOS APRESENTADOS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) No Brasil, as ações da vigilância sanitária tinham como objetivo prevenir a disseminação de doenças, não permitindo a entrada nas cidades de pessoas provenientes da área rural. B) De acordo com a Constituição de 1988, a saúde foi definida como direito de todos e somente os municípios poderiam se responsabilizar por políticas sociais e econômicas para a prevenção de doenças. C) O Sistema Único de Saúde, regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080 de 19 de setembro de 1990), estabeleceu acesso universal para toda a população aos serviços de saúde prestados pelos Estados e municípios. D) As pressões políticas e sociais sobre os governos, para o aperfeiçoamento dos cuidados com a saúde e a implantação de serviços adequados, não surtiram efeito e a disseminação de doenças cresceu rapidamente no meio urbano. E) A Organização Mundial da Saúde coordena a realização de ações internacionais para prevenção de doenças, mas não recomenda a ajuda entre países para evitar a disseminação de doenças. 2. A CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS PODE SER BIOLÓGICA, QUÍMICA OU FÍSICA. A CADEIA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS DEVE APLICAR CONTROLES HIGIÊNICOS SANITÁRIOS EM TODAS AS ETAPAS PARA GARANTIR A QUALIDADE DO PRODUTO ATÉ O CONSUMO. DE ACORDO COM OS FATOS: A) A cadeia de produção de alimentos abrange a higiene dos manipuladores, do ambiente, dos equipamentos de produção, do transporte e armazenamento. As Boas Práticas de Fabricação não são eficientes para prevenir a contaminação dos alimentos em todas essas etapas; B) Na cadeia de produção de alimentos, a indústria que manipula e prepara o alimento é a única responsável por garantir que o produto seja livre de contaminação e seguro para o consumo; C) Um estabelecimento que somente comercializa alimentos, sem manipulação ou preparo, só vende produtos prontos embalados, não necessita cumprir as exigências sanitárias para o seu funcionamento; D) Todos os procedimentos de higiene que devem ser adotados por indústrias, serviços de alimentação e estabelecimentos que comercializam alimentos estão descritos em legislações; E) As pesquisas científicas para o desenvolvimento de embalagens que auxiliam na conservação dos alimentos e previnem a contaminação, são pouco eficientes, pois somente durante a produção é possível garantir a segurança do alimento. GABARITO 1. Com a formação das sociedades, a expansão das cidades e o crescimentodo meio urbano, problemas de saneamento levaram ao surgimento de doenças. Nesse sentido, os cuidados com a saúde pública começaram a se desenvolver. Um marco importante foi a criação da agência de coordenação da saúde internacional, a Organização Mundial da Saúde. O conceito de saúde para OMS é baseado no estado completo de bem-estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de doença, e ela enfatiza uma medida importante para promoção da saúde, a medicina preventiva individual e coletiva. De acordo com os fatos apresentados, assinale a alternativa CORRETA: A alternativa "C " está correta. A criação do Sistema Único de Saúde, pela Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, foi fundamental para controlar a disseminação de doenças, atuando principalmente na prevenção. O Brasil é um exemplo internacional quanto à implantação dessas práticas. 2. A contaminação dos alimentos pode ser biológica, química ou física. A cadeia de produção de alimentos deve aplicar controles higiênicos sanitários em todas as etapas para garantir a qualidade do produto até o consumo. De acordo com os fatos: A alternativa "D " está correta. Atualmente, todos os procedimentos de higiene para indústrias, estabelecimentos produtores e que comercializam alimentos respeitam legislações que estabelecem os padrões de higiene para todos os setores da produção, que devem ser cumpridos. MÓDULO 2 Aplicar o controle de qualidade em alimentos CODEX ALIMENTARIUS É um compilado de normas criadas para prover a segurança dos alimentos e estabelecer uma relação transparente nas transações comerciais internacionais. Os consumidores e as indústrias que fazem importação de insumos podem confiar na compra destes alimentos. O Codex Alimentarius foi criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1963. Desde sua origem, já foram criadas centenas de normas para alimentos, como também foram definidos diversos limites permitidos de aditivos, contaminantes e resíduos químicos. A adesão às normas criadas pelo Codex Alimentarius é voluntária. Atualmente, ele é formado por 188 países e pela União Europeia. Cada participante é responsável por criar comissões em seus países para discutirem assuntos estabelecidos nas reuniões internacionais. O Brasil participa do Codex Alimentarius desde 1968 através do CCAB (Comitê do Codex Alimentarius no Brasil). O Ministério das Relações Exteriores representa o CCAB nas reuniões internacionais. Aqui no país, este comitê é formado por órgãos do governo, de defesa do consumidor, associações e confederações que atuam na área de alimentos e coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). Essas instituições participam de grupos que discutem os temas submetidos para análise pelos comitês internacionais. O Codex Alimentarius possui determinações relacionadas a higiene, aditivos alimentares, resíduos de agrotóxicos e medicamentos veterinários, agentes de contaminação, rotulagem, métodos de análises, inspeção de importação e exportação e certificação. Os princípios para higiene dos alimentos, definidos pelo Codex Alimentarius, são: Manter a higiene dos alimentos em toda a cadeia (do campo a mesa); Prover alimentos seguros ao consumo; Recomendar o sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Todos os princípios gerais são recomendados aos governos dos países participantes, às indústrias e aos consumidores para proteção da saúde. ANÁLISE DE RISCO EM ALIMENTOS Imagem: Shutterstock.com As doenças transmitidas pelos alimentos representam um grave problema de saúde mundial, que, na maioria das vezes, são ocasionados por microrganismos patogênicos. A complexidade da cadeia de produção e a intensificação do comércio internacional de alimentos levou o Codex Alimentarius e a Organização Mundial do Comércio (OMC) a desenvolverem uma metodologia baseada na gestão de risco microbiológico como instrumento de combate a essas doenças. A análise de risco é composta por três processos: Avaliação de risco Gerenciamento de risco Comunicação de risco Imagem: Roberta Nogueira Pereira da Silva/adaptado por Rodrigo Oliveira Estrutura da Análise de Risco. Abaixo estão relacionadas as definições adotadas pelo Codex Alimentarius para a realização do processo de análise de risco: AVALIAÇÃO DE RISCO Etapa inicial composta pelas seguintes fases: 1. Identificação do perigo javascript:void(0) 2. Caracterização do perigo 3. Avaliação da exposição 4. Caracterização do risco GERENCIAMENTO DE RISCO Etapa para avaliação dos resultados da avaliação de risco, podem ser implantadas alterações em legislações, programas de controles específicos para o tipo de alimento avaliado, cancelamento de registros do produto, proibição da venda, entre outras medidas. COMUNICAÇÃO DE RISCO Troca de informações entre os responsáveis pela avalição de risco e os gestores das empresas e alertas aos consumidores. RISCO É a probabilidade de ocorrer um efeito nocivo à saúde em consequência da exposição a perigos encontrados nos alimentos. PERIGO São os contaminantes biológicos, químicos ou físicos e a exposição do alimento a condições inadequadas que possibilitem a sua contaminação. No processo de avaliação de risco, é importante o maior detalhamento possível em todas as fases para melhor estimativa do risco: Na etapa de identificação do perigo, o objetivo é definir o tipo de contaminação, que pode ser biológica, química ou física. Para essa identificação, podem ser consideradas informações de literatura científica, através de dados de indústrias, dados governamentais e consulta a especialistas sobre o assunto. A caracterização do perigo abrange os efeitos do consumo de um alimento contaminado por microrganismos e ou suas toxinas, bem como a duração e o grau de severidade. É importante definir uma dose-resposta, ou seja, a relação entre a quantidade consumida (dose) e o efeito no organismo (resposta). Especialistas podem auxiliar na definição dessa dose-resposta. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Na avaliação da exposição, é preciso verificar como o alimento pode sofrer a contaminação em todas as etapas, desde a manipulação e preparo até o consumo, considerando a frequência, e o nível da contaminação. Deve-se avaliar as temperaturas de preparo e armazenamento, as condições de higiene dos equipamentos e ambiente de produção e a possibilidade de contaminação cruzada, por exemplo. Na etapa de caracterização do risco, deve-se analisar todas as informações qualitativas e/ou dados numéricos das etapas anteriores (identificação do perigo, caracterização do perigo e caracterização do risco) para estabelecer uma estimativa do risco. Após a caracterização do risco, é preciso avaliar os resultados no gerenciamento de risco e organizar os processos de controle necessários para posterior comunicação do risco. Todas as informações coletadas, dificuldades e limitações em todas as etapas da análise de risco devem ser documentadas e repassadas aos responsáveis da empresa. Tais informações são importantes para que possam implantar os controles necessários e tomadas de decisões. O quadro abaixo exemplifica a aplicação do processo de análise de risco: Avaliação do risco: Palmito em conserva Identificação do perigo Dados epidemiológicos: três surtos de botulismo. 1997: Surto de botulismo associado ao consumo de palmito nacional. 1998 e 1999: Surto de botulismo associado ao consumo de palmito importado. Formação de grupo técnico abrangendo o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Instituto Adolfo Lutz, Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), Vigilância Sanitária, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Avaliação do risco Como o perigo estava muitobem identificado e caracterizado, os avaliadores de risco se concentraram no estudo do processo produtivo aplicado nacionalmente e na identificação das etapas do processamento do palmito em conserva, que são consideradas críticas para o controle do Clostridium botulinum. Como resultado deste estudo, foram identificadas as seguintes etapas do processo produtivo: - Construção da curva de acidificação; - Acidificação do produto; - Tratamento térmico. Gerenciamento do risco Diante desta informação, o grupo técnico elaborou as diretrizes do Programa Nacional de Inspeção Sanitária em Indústrias de Palmito em Conserva: - As inspeções sanitárias devem ser realizadas por técnicos devidamente capacitados. - Só poderiam ser aprovadas na inspeção sanitária as indústrias que controlassem os pontos críticos do processo produtivo definidos pelos avaliadores de risco. A operacionalização do Programa ficou sob responsabilidade da Vigilância Sanitária. Comunicação do risco Foi deflagrado o seguinte alerta à população que deveria ser veiculado na rotulagem do produto: “Para sua segurança, este produto só deverá ser consumido após fervido no líquido de conserva ou em água durante 15 minutos.” As empresas que se adequaram aos requisitos do Programa Nacional ficaram liberadas do uso da etiqueta informativa na rotulagem de seus produtos. As empresas que não se adequaram tiveram seus registros no Ministério da Saúde cancelados. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal COMENTÁRIO A realização da análise de risco não é considerada um processo de fácil aplicação por necessitar de muitas informações e dados específicos. Portanto, ainda não é muito comum sua aplicação pelas indústrias e governos. ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM ALIMENTOS NO CONTROLE DOS RISCOS Foto: rafastockbr/Shutterstock.com O Ministério da Saúde criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para proteger a saúde através do controle sanitário da produção, comercialização de produtos e serviços, dos locais que realizam atividades relacionadas à saúde e à produção, dos procedimentos, dos ingredientes e das tecnologias desenvolvidas nessa área. Além disso, a ANVISA também atua em aeroportos, portos e fronteiras. Nos estados e municípios, as atividades de inspeção sanitária são representadas por suas respectivas secretarias ou centros de vigilância sanitária. São disposições normativas que se aplicam em ações da vigilância sanitária: LEIS DECRETOS DECRETO-LEI RESOLUÇÃO PORTARIA INSTRUÇÃO NORMATIVA LEIS Criadas por senadores, deputados e vereadores elas possuem a função de estabelecer regras, direitos ou uma exceção. DECRETOS Criados pelo presidente, governadores e prefeitos, regulamentam assuntos relacionados às leis existentes. DECRETO-LEI É a atual medida provisória criada pelo presidente e tem a eficácia de uma lei. RESOLUÇÃO Criadas por ministros, secretários e colegiados, elas formalizam a decisão do órgão colegiado com instruções para a aplicação de leis ou regulamentos, impondo uma ordem ou estabelecendo medidas. A ANVISA é composta por uma diretoria colegiada responsável pela elaboração de Resoluções de Diretoria Colegiada (RDC) referentes a alimentos. PORTARIA Competência de chefes de órgãos, repartições ou serviços, as portarias formalizam atos administrativos como nomeações, designações, inquéritos e processos. Para alimentos, o INMETRO é um órgão responsável pela criação de portarias, por exemplo. INSTRUÇÃO NORMATIVA Expedida pelos ministros, são as instruções para execução de leis, decretos e regulamentos. Para alimentos, o Ministério da Saúde e o MAPA podem expedir Instruções Normativas, por exemplo. A vigilância sanitária é responsável por controlar e fiscalizar os seguintes aspectos de acordo com as legislações vigentes: Foto: Shutterstock.com Ambiente (edificações, saneamento, piscinas). Foto: Shutterstock.com Produtos: Medicamentos, alimentos, cosméticos, agrotóxicos, saneantes domissanitários, águas minerais e fontes. Foto: Shutterstock.com Serviços hospitalares, odontológicos, clínico-terapêuticos. As ações realizadas para alimentos consistem em fiscalizar estabelecimentos que comercializam alimentos industrializados e in natura, como supermercados, açougues, mercearias, hortifrutis, padarias, lanchonetes, restaurantes, bares, peixarias, feiras livres, locais que produzem e servem refeições comerciais ou industriais e atuam em grandes eventos que comercializam alimentos. Todos devem obedecer a regras e padrões previstos nas legislações atuais vigentes. ATENÇÃO A conservação, adequação e higiene das instalações e dos equipamentos, os responsáveis técnicos dos estabelecimentos, a origem e a qualidade da matéria-prima e a aplicação de treinamento sobre noções de higiene aos funcionários manipuladores são imprescindíveis para garantir a segurança dos alimentos. Os alimentos de origem animal como, por exemplo, carnes, leite e ovos, devem ser provenientes de fornecedores regularizados e fiscalizados pelos Serviços de Inspeção Federal, Estadual ou Municipal ligados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos os alimentos comercializados embalados sempre devem apresentar no seu rótulo as informações obrigatórias previstas na RDC n°259, de 20 de setembro de 2002, da ANVISA, conforme apresentado abaixo: Imagem: Embrapa (2015)/adaptado por Rodrigo Cavalcante Informações contidas na rotulagem obrigatória. A fiscalização dos rótulos dos alimentos também é de responsabilidade da vigilância sanitária, com o objetivo de garantir que os consumidores tenham sempre o acesso a informações corretas e produtos seguros. SAIBA MAIS A Portaria n°1428, de 26 de novembro de 1993, do Ministério da Saúde, destaca as orientações para avaliação das Boas Práticas de Fabricação de alimentos para definição dos padrões de identidade e qualidade de produtos e serviços. GARANTIA E CONTROLE DA QUALIDADE EM ALIMENTOS Foto: Shutterstock.com A qualidade dos alimentos abrange as especificações que definem as características do produto como cor, sabor, tamanho, textura, odor, composição química e nutricional, níveis de contaminação tolerados de acordo com as legislações vigentes, entre outras. Para garantir que um produto obedeça às legislações e apresente as suas especificações adequadas, existem ferramentas e metodologias de controles que auxiliam as indústrias e todos os produtores de alimentos na garantia da qualidade. O ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act – Planejar, Executar, Controlar e Agir), também conhecido como ciclo da melhoria contínua, é o conceito mais divulgado e aplicado quando falamos em gestão da qualidade. Imagem: Shutterstock.com Ciclo PDCA. O significado de cada etapa do ciclo PDCA: Imagem: Shutterstock.com Plan (Planejar) – Preparar um plano, uma meta, um procedimento ou identificar um problema, analisar o processo e identificar as causas. Imagem: Shutterstock.com Do (executar) – Implementar o plano, realizar, executar as atividades conforme o planejado. Imagem: Shutterstock.com Check (controlar) – Avaliar os resultados, de indicadores e processos por meio do monitoramento e confrontá-los com o que fora planejado. Imagem: Shutterstock.com Act (agir) – Tomar ações com base nos resultados dos controles, promovendo o refinamento do processo, ou seja, melhoria da qualidade, aprimorando a execução dos processos e corrigindo as falhas, por meio de ações corretivas e preventivas nas causas raízes. DICA O Ciclo PDCA é uma metodologia simples e fácil de ser aplicada, pois ajuda as empresas a se estruturarem e atingirem os seus objetivos ou superá-los. Pode ser aplicado a qualquer processo dentro de uma empresa, na produção, desenvolvimento de produtos, capacitação de pessoas e outros. De acordo com a ISO 9000/2005, para conduzir, operar e dirigir uma empresa com sucesso, os responsáveis pela administraçãoda organização devem fazer uso dos chamados oito princípios da gestão da qualidade. Estes princípios são: ISO 9000/2005 Norma que regulamenta os fundamentos e o vocabulário do Sistema de Gestão da Qualidade. Imagem: Shutterstock.com javascript:void(0) Foco no cliente: Atender às demandas atuais e futuras de seus clientes e procurar atingir as expectativas. Imagem: Shutterstock.com Liderança: Líderes motivam as suas equipes e direcionam as pessoas para o alcance dos objetivos da organização. Imagem: Shutterstock.com Envolvimento de pessoas: As habilidades de cada colaborador de uma empresa ajudam a solucionar os problemas em busca de melhores resultados. Imagem: Shutterstock.com Abordagem de processo: Identifica as entradas e saídas de uma empresa que auxiliam no estabelecimento das metas de resultados. Imagem: Shutterstock.com Abordagem sistêmica: Representa a interação de todos os processos de uma empresa, que podem interferir nos objetivos. A meta é entender essas ligações para identificar lucros e prejuízos. Imagem: Shutterstock.com Melhoria contínua: Melhoria constante dos processos para aprimoramento do desempenho. Imagem: Shutterstock.com Abordagem factual para tomada de decisões: Todas as decisões devem ser realizadas com base em análises de dados e informações. Imagem: Shutterstock.com Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: Uma boa relação com seus fornecedores aumenta as chances de ambos agregarem mais valor aos seus produtos e processos. A gestão da qualidade é composta pelo planejamento da qualidade que estabelece os objetivos da organização, processos e recursos necessários; pelo controle da qualidade para cumprir os objetivos e os requisitos da qualidade; pela garantia da qualidade para possibilitar a confiança de que os requisitos sejam cumpridos e a melhoria da qualidade para aprimorar os processos e melhorar o desempenho. As indústrias de alimentos, distribuidores ou serviços de alimentação adotam por exigência do mercado ou por obrigatoriedade, ferramentas de qualidade específicas, como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO), Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) e o Sistema (APPCC), Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle. SAIBA MAIS As BPF, o PPHO e os POPs compõem o programa de pré-requisitos para a produção de alimentos seguros, de forma a controlar as contaminações e contribuir para a manutenção do ambiente em condições sanitárias adequadas. O Sistema APPCC controla os prováveis perigos provenientes do processo produtivo. Portanto, com a aplicação de todas estas ferramentas, é possível garantir a segurança dos alimentos. ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM ALIMENTOS NO CONTROLE DOS RISCOS: UMA VISÃO PRÁTICA Assista ao vídeo sobre a atuação da vigilância sanitária: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O CODEX ALIMENTARIUS É UM PROGRAMA CRIADO PELA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA E PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, EM 1963, COM O OBJETIVO DE ELABORAR E COORDENAR NORMAS ALIMENTARES NO PLANO INTERNACIONAL. DESDE A SUA CRIAÇÃO, FORAM ELABORADAS CENTENAS DE NORMAS PARA ALIMENTOS. DE ACORDO COM OS FATOS APRESENTADOS, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) Os padrões, diretrizes e códigos de práticas criados pelo Codex Alimentarius têm como objetivo garantir a segurança dos alimentos e um comércio internacional mais justo, ou seja, proporcionar confiança nos alimentos. B) A adesão às normas do Codex Alimentarius é obrigatória. Todos os países devem estabelecer comissões nacionais para atuarem de acordo com as determinações internacionais. C) As determinações Codex Alimentarius estão relacionadas a higiene alimentar, aditivos alimentares, resíduos de pesticidas e medicamentos veterinários, contaminantes, rotulagem de alimentos, métodos de análises e amostragem, inspeção de importação e exportação e certificação. D) No Brasil, a coordenação do comitê do Codex é exercida desde 1980 pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). E) Aplicar princípios básicos de higiene em toda a cadeia de produção de alimentos, garantir o consumo de alimentos seguros e aplicar o sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) como uma ferramenta eficiente são recomendações do Codex Alimentarius. 2. COM O MERCADO CADA VEZ MAIS COMPETITIVO E CONSUMIDORES EXIGENTES, AS INDÚSTRIAS PRECISAM APERFEIÇOAR DIARIAMENTE A SUA PRODUÇÃO, PARA ATENDER AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO E SE DESTACAR COM PRODUTOS DE QUALIDADE. O SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE É UMA FERRAMENTA ADOTADA PELAS EMPRESAS PARA APRIMORAR E OTIMIZAR O SEU DESEMPENHO. DE ACORDO COM OS FATOS APRESENTADOS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) O ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act – Planejar, Executar, Controlar e Agir), também conhecido como ciclo da melhoria contínua, é uma metodologia complexa para aplicação porque exige a análise de dados de todos os processos da empresa, auxiliando as empresas a atingirem os seus objetivos; B) De acordo com a norma ISSO 9000/2005, um dos princípios da qualidade é o Foco no Cliente, que consiste na imposição de novas necessidades para conquistá-lo; C) A etapa de controle do Ciclo PDCA consiste na execução de atividades para atingir a meta planejada; D) De acordo com os princípios da gestão da qualidade, o envolvimento das pessoas nos processos da empresa deve ser restrito para não interferirem nos resultados; E) O planejamento da qualidade estabelece os objetivos da organização, processos e recursos necessários; o controle da qualidade estabelece o cumprimento dos objetivos e os requisitos da qualidade; a garantia da qualidade proporciona confiança de que os requisitos sejam cumpridos e a melhoria da qualidade aprimora o desempenho. GABARITO 1. O Codex Alimentarius é um programa criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e pela Organização Mundial da Saúde, em 1963, com o objetivo de elaborar e coordenar normas alimentares no plano internacional. Desde a sua criação, foram elaboradas centenas de normas para alimentos. De acordo com os fatos apresentados, assinale a alternativa INCORRETA: A alternativa "B " está correta. A adesão às normas do Codex Alimentarius é voluntária. Atualmente, o Codex é composto por 189 membros (188 países e a União Europeia). 2. Com o mercado cada vez mais competitivo e consumidores exigentes, as indústrias precisam aperfeiçoar diariamente a sua produção, para atender as exigências do mercado e se destacar com produtos de qualidade. O sistema de gestão da qualidade é uma ferramenta adotada pelas empresas para aprimorar e otimizar o seu desempenho. De acordo com os fatos apresentados, assinale a alternativa CORRETA: A alternativa "E " está correta. A gestão da qualidade é composta pelo planejamento da qualidade que estabelece os objetivos da organização, processos e recursos necessários; pelo controle da qualidade para cumprir os objetivos e os requisitos da qualidade; pela garantia da qualidade para possibilitar a confiança de que os requisitos sejam cumpridos e a melhoria da qualidade para aprimorar os processos e melhorar o desempenho. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Algumas práticas de higiene dos alimentos, de acordo com os registros históricos, são conhecidas desde o início da humanidade, direcionadas para a conservação e prevenção da contaminação. As políticas de saúde e sociais são primordiais para a prevenir a disseminação de doenças em todo o mundo. Com a globalização, a evolução da ciência e da tecnologia na área de alimentos, a cada dia surgem novos alimentos, novas técnicas de produção, novos hábitos alimentares, bem como o aumento da preocupação com o futuro na preservação do meio ambiente e da saúde. Em toda a cadeia de produção devem ser adotadas medidas para o controle higiênico sanitário, de acordo com as legislações vigentes, regulamentadas pela ANVISAe pelo MAPA. A disponibilização de informações educativas sobre a melhor maneira de manipulação e conservação dos alimentos pelos consumidores nas suas residências é fundamental para manutenção da qualidade do alimento e prevenção do risco de doenças. Garantir a segurança alimentar e dos alimentos engloba a ação de órgãos nacionais e internacionais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Mundial do Comércio e o programa Codex Alimentarius, atuando na elaboração de normas e padrões específicos para produção, comercialização e disponibilização de alimentos seguros e em quantidades adequadas. O controle e a garantia da qualidade dos alimentos compreendem metodologias como o Ciclo PDCA e os princípios da gestão da qualidade, e ferramentas como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO), Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) e o Sistema de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), que devem ser adotados pelas empresas produtoras de alimentos para garantir a produção de alimentos seguros e o sucesso no desempenho da organização para alcançar os resultados planejados. Foto: Shutterstock.com
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