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Técnicas de Negociação Aplicadas Técnicas de negociação aplicada Elas são ferramentas práticas que podem ajudá-lo a se tornar um negociador melhor e devem ser utilizadas em qualquer situação que envolva negociações. Negociação 3D A técnica de negociação conhecida como Negociação 3D foi proposta no livro 3D Negotiation, cujos autores são David Lax e James Sebenius, ambos professores da Universidade de Harvard e com experiência executiva. Os dois são especialistas, já participaram de diversas situações de negociação e analisaram diversas delas para identificar que existiam três elementos que podem estar presentes nas negociações. Eles chamaram esses elementos de dimensões da negociação. As três dimensões identificadas são: A tática, O design da negociação e A configuração. As habilidades importantes para uma tática bem-sucedida são bastante conhecidas, por exemplo, conhecimento da situação, capacidade de comunicação, utilização adequada da linguagem corporal, busca de poder, persuasão, gestão do tempo, criação de relacionamento e de confiança, preocupação com as diferenças culturais, entre outras habilidades e situações que poderão aparecer e deverão ser trabalhadas corretamente A segunda dimensão apresentada pela Negociação 3D é o design da negociação ou a forma de conduzir o processo de negociação. Essa dimensão está relacionada à habilidade que o negociador deve possuir ao elaborar um acordo que crie valor para a negociação como . Ela surge quando não há um todo uma saída clara para uma situação de negociação entre duas partes e elas então buscam outras opções, econômicas ou não, que possam destravar a negociação e levar a um acordo que gere valor para as duas partes envolvidas. As habilidades de um bom negociador nessa dimensão inclui saber estruturar acordos que criem valor para todos os envolvidos, que estejam de acordo com os seus objetivos e que possam ser sustentáveis no longo prazo. A Negociação 3D vem propor uma opção . ao olhar para a Configuração Ela está ligada a ações que acontecem além da mesa de negociação, buscando alternativas que possam viabilizar o acordo, ou seja, o negociador deve agir de modo empreendedor. Um bom negociador de terceira dimensão saberá buscar interesses e opções que podem estar fora da negociação e saberá, se preciso, mexer na sequência de acontecimentos ou no próprio processo de negociação para atingir o sucesso. Ele precisará ir além do convencional. A configuração deve ser trabalhada em todos os momentos da negociação, desde a etapa de planejamento até a de elaboração do acordo. Antes de ir para a negociação cara a cara, o negociador que pensa em todas as dimensões deve ter em mente configurações alternativas que podem viabilizar o negócio. Essa dimensão também é muito benéfica para solucionar possíveis impasses que possam aparecer no momento da negociação cara a cara e que não podem ser resolvidos com a tática ou até mesmo com o design. O ensinamento mais importante que surge da Negociação 3D aponta que o negociador não deve se contentar em participar do jogo no qual está inserido, mas ele deve pensar em como mudá-lo, buscando um design e até mesmo uma A tática, configuração melhor para ele. primeira dimensão da negociação, e o design, a segunda dimensão, são importantes, mas muitas vezes não são suficientes para mudar a posição das partes. A configuração, a terceira dimensão, pode permitir que o negociador saia da mesa de negociação e consiga mudar toda a configuração da negociação (mudar as partes envolvidas, os interesses das partes, os seus MAANAs) e criar mais valor para todos os envolvidos. A terceira dimensão apresenta mais uma opção para a busca de soluções antes de considerar que a negociação entre as partes não é viável. Como funciona a Negociação 3D Atuar na terceira dimensão de uma negociação significa identificar e fazer , movimentos com dois objetivos principais Reivindicar mais valor para si ou Criar novo valor para todos os envolvidos. Reivindicar valor Ele pode fazer isso solicitando ofertas de participantes que estejam fora da negociação ou até mesmo incluindo novos . Podem existir participantes na negociação outros interessados em participar da negociação e que poderão adicionar valor a ela, portanto, incluí-los no jogo pode ser interessante. Negociadores tradicionais que atuam somente nas duas primeiras dimensões sempre focam seus esforços em como aumentar o seu MAANA pois com isso aumentarão as suas opções e o seu poder de barganha. Ocorre que, algumas vezes, essa forma de agir pode acabar prejudicando as suas opções de sair da negociação. Quando se adiciona outros possíveis interessados ou outras questões relevantes à negociação, além de melhorar a sua própria posição, o negociador pode enfraquecer o MAANA da outra parte. Essas características identificadas exemplificam como a Negociação 3D ajuda a reivindicar valor, movendo um conflito que esteja emperrado com as técnicas de primeira dimensão para uma potencial solução, que poderá vir de ações tomadas fora da negociação cara a cara, alterando as partes envolvidas na nesta, incluindo novos interessados, mudando as questões que estão sendo discutidas, reestruturando ou alterando a sequência do processo de negociação ou mudando o próprio MAANA dos envolvidos. Criar valor Uma das maneiras de criar valor na negociação por meio da configuração (a terceira dimensão) é a elaboração de uma rede de valor ou de um grupo de participantes, cuja combinação poderá criar uma negociação com maior valor do . Negociadores que o inicialmente pensado experientes em usar a Negociação 3D sempre terão em mente essa possibilidade de criar redes de valores, eles irão olhar ao redor da negociação, buscando encontrar outros possíveis participantes com interesses compatíveis, com capacidades ou valores complementares e atuarão para criar acordos que incorporam lucro ou que aumentam o valor para todos os participantes, os iniciais e os possíveis participantes que venham a ser adicionados. Para buscar possíveis participantes ou encontrar questões que poderão ser incluídas na negociação, o negociador poderá fazer alguns questionamentos com foco na valorização do negócio em rede. O que não está relacionado às partes atualmente envolvidas na negociação que poderá aumentar o seu valor? Quais questões externas à negociação podem ser valorizadas se forem incorporadas no processo? Existem outras partes além das que já negociam que podem dividir o risco da negociação? Existem ainda outras maneiras de criar valor na negociação, como: • Reduzir o conjunto de questões, interesses ou partes envolvidas para criar . Por exemplo, uma empresa que mais valor precisará remover algumas pessoas de suas casas para fazer uma grande obra pode negociar com alguns representantes dessa população ao invés de negociar a remoção uma a uma. • Mudar a forma escolhida para a transação, a fim de diminuir sua . Por complexidade ou aumentar o seu valor exemplo, duas empresas que pretendiam fazer uma fusão podem optar por uma situação em que uma aparentemente adquira a outra, a fim de obter benefícios legais e com entidades de proteção ao consumidor. Negociadores de sucesso devem desenvolver habilidades interpessoais que os tornem bons na utilização da primeira dimensão, a tática. Além disso, devem ser inovadores e saber identificar pontos de interesse, de modo que sejam hábeis na segunda dimensão, o design da negociação. E também precisam ser estratégicos e empreendedores, sabendo criar e modificar as configurações que podem ser essenciais para o sucesso da negociação.Método de Harvard A técnica de negociação aplicada, que ficou conhecida como Método de Harvard, ou Método da Negociação baseada em princípios, foi proposta pelos professores Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton no livro Getting to Yes. Esse método apresenta o conceito de uma negociação baseada em princípios, de modo que cada parte busque soluções que atendam às necessidades de todos os . envolvidos O objetivo da negociação deve ser criar valor para todas as partes e distribuí-lo de forma justa entre os participantes, buscando um acordo que estabeleça um relacionamento saudável e duradouro entre elas. O Método de Harvard tem foco em quatro princípios fundamentais: As pessoas, Os interesses, As opções e Os critérios. Pessoas – Em qualquer negociação deve-se separar as pessoas do que está sendo Especialmente quando não há negociado. um acordo simples, o processo de negociação pode ser levado para o lado pessoal, provocando uma rixa entre os participantes e desviando a atenção do objetivo final da negociação. Para evitar que isso aconteça, procure sempre manter a negociação com base em critérios objetivos, evitando situações subjetivas que envolvam opiniões ou julgamentos pessoais que poderão criar problemas. Interesses – Deve-se evitar a negociação por posição e ter foco nos interesses Com isso, o bom negociador irá mútuos. procurar maneiras de conduzir uma negociação em que o resultado geral seja positivo para todos os participantes e evitar que entraves em determinadas posições levem a não realização de um acordo. O bom negociador saberá Opções – analisar várias opções possíveis no início do processo, antes da negociação cara a cara com a outra parte. É importante que essas opções considerem os interesses de todos os envolvidos. Deve ser criada a maior quantidade possível de opções e sem juízo de valor, posteriormente, elas serão analisadas e a melhor escolhida. Critérios – É importante que o negociador saiba definir critérios objetivos, claros e imparciais a serem atingidos na Assim, é possível que se negociação. busque conjuntamente atingir esses objetivos, que devem ser bons para todas as partes, evitando-se o sentimento de injustiça. Outras técnicas de negociação aplicada Uma dessas abordagens é a abordagem analítica, segundo a qual, ao longo de uma negociação, as alternativas e os critérios podem aumentar, assim como pode-se . O alterar a importância de cada critério bom negociador deve saber identificar essas alterações para desvendar o andamento do processo. As modelagens analíticas também podem ser úteis para entender quando existe compreensão incorreta dos interesses ou das preferências entre os participantes da negociação. Referência: Estratégia empresarial e negociação - Eduardo Pinto Vilas Boas