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UA11 Preparo a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis

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FARMACOTÉCNICA II 
Thaís Carine Ruaro
Preparo: a importância 
de fórmulas 
farmacêuticas estéreis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir formas farmacêuticas estéreis.
 � Identificar os principais métodos de esterilização de formas 
farmacêuticas.
 � Reconhecer a aplicabilidade das formas farmacêuticas estéreis.
Introdução
As fórmulas farmacêuticas estéreis são formulações que são livres de 
microrganismos contaminantes. Para isso ser possível, elas precisam 
passar pelo processo de esterilização final, ou, dependendo da estabi-
lidade dos componentes da formulação, serem preparadas de maneira 
asséptica — isso porque esses medicamentos entram em contato com 
fluidos, tecidos ou mucosas do nosso organismo e, se não estiverem 
corretamente esterilizados, infecções podem facilmente ocorrer.
Neste capítulo, você vai estudar as formas farmacêuticas parentais 
(injetáveis) e tópicas (oftálmicas, nasais e otológicas), que têm como 
característica semelhante sua esterilidade. Verá também quais são os 
principais métodos de esterilização envolvidos no processo de fabricação 
dos medicamentos e suas vantagens e desvantagens. 
Formas farmacêuticas estéreis 
Antes de abordarmos as formas farmacêuticas estéreis, é importante vermos 
as definições de algumas terminologias para o esclarecimento da leitura.
As formas ou fórmulas farmacêuticas são o modo de apresentação dos 
medicamentos, ou seja, é o estado final que as substâncias ativas ou excipientes 
apresentam depois de realizadas as operações farmacêuticas necessárias para 
facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico desejado, como, 
por exemplo, cápsulas, comprimidos, xaropes, soluções, injetáveis, entre 
muitos outros. Essa variação nos modelos de apresentação e comercialização 
influenciam na adesão ao tratamento pelo paciente; por exemplo, crianças, 
que necessitam de formas farmacêuticas com facilidade de deglutição, como 
soluções e xaropes, ou pacientes internados em hospitais e alimentados por 
sonda, situação em que necessitam receber a medicação por vias parenterais, 
como é o caso dos injetáveis (BRASIL, 2006).
A característica de esterilidade é aplicada a algumas formas farmacêuticas 
devido a dois fatores: primeiro, por serem administrados por vias mais invasi-
vas, que podem vir a desenvolver algum tipo de infecções; segundo, devido à 
conservação do medicamento. Podemos dizer que um produto ou medicamento 
apresenta-se estéril quando não há a presença de microrganismo patógenos, 
esporos e pirogênios, ou seja, microrganismos viáveis ou não viáveis. 
Os esporos são uma forma de vida bacteriana que se apresenta em forma vegetativa 
devido às más condições de sobrevivência no meio, sendo muito resistentes a agentes 
físicos e químicos. Já os pirogênios são produtos do metabolismo de microrganismos 
(endotoxinas), que podem causar febre e hipotensão. Ambos são considerados formas 
de contaminação não viáveis, e não são permitidos em preparações estéreis. 
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis2
Preparações parenterais
Injetáveis
As preparações parenterais são medicamentos preparados para serem admi-
nistrados por uma via que não seja pela passagem pelo trato gastrointestinal 
(TGI), evitando assim o metabolismo de primeira passagem pelo fígado. 
A administração parenteral ocorre pela ruptura da barreira da pele por uma 
agulha em diferentes profundidades, dependendo da característica do me-
dicamento e de sua aplicação. Os medicamentos administrados por essa via 
precisam ter características compatíveis com o tecido, como pH próximo à 
neutralidade, e ser isotônicas em veículos aquosos e isentas de acidez, quando 
utilizados veículos oleosos.
As preparações injetáveis podem se apresentar sob a forma de soluções ou 
dispersões (dispersões coloidais, suspensões e emulsões) aquosas, oleosas ou 
em outros líquidos. As vantagens desta via de administração é sua absorção 
rápida ou até mesmo a ausência de absorção, quando aplicada diretamente na 
corrente sanguínea — ótima via em pacientes inconscientes ou em situações 
de emergência, pois a ação do fármaco é imediata e não há metabolismo de 
primeira passagem, que pode vir a degradar ou inativar o fármaco.
Preparações tópicas
As formas farmacêuticas aplicadas topicamente nos olhos, ouvidos ou nariz 
podem ser na forma de soluções, suspensões, géis, pomadas ou implantes.
Oftálmicas 
Os medicamentos oftálmicos são aplicados diretamente nos olhos. Para que 
o efeito do fármaco seja localizado na superfície do olho ou em seu interior, 
as soluções aquosas são as mais utilizadas; contudo, as suspensões e as po-
madas oftálmicas também merecem ser lembradas. As aplicações desses 
medicamentos devem ser feitas em pequenos volumes, devido à capacidade 
de retenção dos olhos. As preparações líquidas são aplicadas em formas de 
gotas; as pomadas são aplicadas próximo à pálpebra.
O volume médio da lagrima é de 7 µL; o olho piscando consegue suportar 
um volume de 10 µL, e, sem piscar, no máximo 30 µL. Líquidos em excesso 
são rapidamente drenados dos olhos. 
3Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
A dose de uma solução farmacêutica gotejada no olho é, geralmente, de 50 µL. 
O volume ideal seria entre 5 e 10 µL, entretanto não há conta-gotas em mi-
crolitros (µL), o que faz com que a perda da medicação seja recorrente e a 
aplicação do medicamento, constante (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). 
Quando há a necessidade de utilização de vários colírios, é recomendado que seja 
feito um intervalo de 5 minutos entre cada aplicação.
Preparações nasais
Medicamentos destinados à mucosa nasal têm o objetivo de exercer atividade 
descongestionante e antimicrobiana, ou ainda anti-inflamatória. São com-
postos de substâncias antibióticas, sulfonamidas e gentamicinas, vasocons-
tritores (descongestionantes) que são o maior constituinte das formulações 
conhecidas. Atualmente, vem crescendo o uso de medicamentos intranasais 
contendo corticosteroides com atividade anti-inflamatória, além de anestésicos 
e anti-histamínicos.
A mucosa nasal possui a incrível função de nos proteger de patógenos, 
principalmente, por meio da viscosidade do muco nasal e dos cílios nasais. Por 
esse motivo os medicamentos e veículos destinados a essa região não devem 
alterar essas barreiras naturais. 
Preparações otológicas
As formulações auriculares são também chamadas de preparações otológicas 
ou aurais. A solução é a forma farmacêutica mais utilizada, mas pomadas e 
suspensões também são empregadas. São administradas em forma de gotas 
e em pequenas quantidades, para a remoção da cera auricular em excesso e 
para o tratamento de infecções (otites), inflamações ou dores nos ouvidos.
As soluções nasais e otológicas não precisam seguir um controle tão rígido 
como as preparações injetáveis e os colírios, mas é desejável que elas se 
apresentem livres de contaminação microbiana. Algumas razões para isso 
são importantes, como conservação dos medicamentos e, principalmente, para 
evitar a possível introdução de patógenos por essas vias.
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis4
Para realizar a manipulação de medicamentos estéreis, é necessário ter um espaço 
adequado, conforme a Resolução RDC nº. 301, de 21 de agosto de 2019, que dispõe 
sobre as diretrizes federais de boas práticas de fabricação de medicamentos. Essa 
resolução é complementada pela Instrução Normativa nº. 35, de 21 de agosto de 2019, 
que dispõe sobre as boas práticas de fabricação complementares a medicamentos 
estéreis. Ambas trazem orientações sobre organização e pessoal, infraestrutura física, 
equipamentos, mobiliários e utensílios, materiais, água, controle do processo de ma-
nipulação, esterilização, controle de qualidade e garantia da qualidade na produção 
de medicamentos estéreis (BRASIL, 2019a). 
Métodos de esterilização
O termo esterilização significa a destruição completa de todosos microrga-
nismos vivos e esporos, ou sua remoção total da preparação farmacêutica. 
Há cinco métodos usados para esterilizar produtos farmacêuticos.
1. Esterilização por vapor (calor úmido).
2. Esterilização por calor seco.
3. Esterilização por membranas filtrantes.
4. Esterilização por gás.
5. Esterilização por radiação ionizante.
A eficácia de qualquer processo de esterilização dependerá da natureza do 
produto, da extensão e do tipo de contaminação e das condições sob as quais 
o produto final foi preparado. Os requisitos para boas práticas de fabricação 
(BPF) devem ser observados em todas as etapas de fabricação e esterilização. 
Técnicas clássicas de esterilização usando calor são as mais confiáveis e devem 
ser usadas quando possível (WHO, 2019). 
Independentemente do método escolhido, o procedimento deve ser validado 
para cada tipo de produto ou material. Além disso, o produto resultante precisa 
ter sua esterilidade comprovada por meio de testes de esterilidade, como 
prova de eficácia do método, bem como pelo desempenho do equipamento e 
do responsável pela esterilização. Também deve ser levada em consideração a 
natureza da formulação e seus componentes, garantindo que nenhuma mudança 
tenha ocorrido no produto. 
5Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
Os processos assépticos não são métodos de esterilização, mas sim preparações 
realizadas em ambiente com equipamentos adequados, e com muita técnica por 
parte do manipulador. Os materiais e componentes da formulação devem estar pre-
viamente esterilizados por algum dos métodos de esterilização para, então, serem 
manipulados e acondicionados em recipientes igualmente estéreis, sob condições 
assépticas controladas.
A Instrução Normativa nº. 35, de 21 de agosto de 2019, dispõe sobre as boas práticas 
de fabricação complementares a medicamentos estéreis. Se quiser ler essa instrução 
na íntegra, acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/vcQ6V
Esterilização por vapor
O equipamento utilizado para a esterilização por vapor chama-se autoclave 
e emprega vapor sob pressão. Esta técnica de esterilização é considerada o 
método preferencial na maioria dos casos em que o produto é capaz de resistir 
a altas temperaturas.
Grande parte dos produtos farmacêuticos é afetada por altas temperaturas 
e não pode ser aquecida com segurança na esterilização por calor seco (apro-
ximadamente 170°C); entretanto, com a umidade proveniente do processo de 
esterilização por vapor, as bactérias são desnaturadas e coaguladas e então 
destruídas em temperaturas consideravelmente mais baixas do que quando 
não existe umidade. Sendo assim, as células bacterianas que possuem grande 
porcentagem de água são facilmente eliminadas; já os esporos, que contém uma 
porcentagem de água menor, são mais difíceis de serem destruídos (ALLEN 
JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis6
Neste método de esterilização emprega-se pressão para alcançar tem-
peraturas mais altas, já que não é possível elevar a temperatura do vapor 
acima de 100°C em condições atmosféricas. O tempo também é uma variável 
importante. As autoclaves modernas possuem dispositivos que indicam as 
condições internas de temperatura e pressão, além de um cronometro que 
permite o controle do tempo. 
A temperatura em que a maioria das autoclaves é operada é de 121°C. 
É importante destacar que a temperatura atingida na câmera da autoclave 
deve também ser atingida no interior da carga que está sendo esterilizada, 
devendo ser mantida durante todo o tempo de esterilização (BRASIL, 2019b).
O tempo de penetração do calor úmido na carga viral, de acordo com a 
natureza do material que está sendo autoclavado e o tempo de exposição, deve 
ser alterado levando-se em consideração esse período de latência (WHO, 2019).
Uma solução acondicionada em ampolas de 50 mL com paredes finas pode atingir 
a temperatura de 121°C entre 6 e 8 minutos. Para uma solução de 1 L acondicionada 
em frasco de vidro com paredes grossas, podem ser necessários 20 minutos ou mais 
para que essa temperatura seja atingida. Vejamos mais exemplos:
 � Cargas porosas, como curativos cirúrgicos e produtos relacionados, são esterilizadas 
adequadamente quando mantidas a uma temperatura de 134–138°C por 5 minutos.
 � Em certos casos, artigos de vidro, porcelana ou metal são esterilizados a 121–124°C 
por 20 minutos.
 � Gorduras e óleos podem ser esterilizados a 121°C por 2 horas, mas, sempre que 
possível, devem ser esterilizados em calor seco.
 � No caso de substâncias termolábeis, a esterilização pode ser realizada a temperaturas 
abaixo de 121°C, desde que a combinação escolhida de tempo e temperatura seja 
validada. Temperaturas mais baixas oferecem um nível diferente de esterilização; se 
esta for avaliada em combinação com a carga microbiana conhecida do material 
antes da esterilização, as temperaturas mais baixas podem ser satisfatórias (por 
exemplo, insulina). 
As condições específicas de temperatura e tempo para certas preparações são 
indicadas em monografias individuais.
7Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
A disposição dos materiais e recipientes na autoclave é de grande importân-
cia, uma vez que o vapor deve percorrer por todos os materiais, difundindo-se 
com mais facilidade pela área livre. Sendo assim, a carga a ser esterilizada 
deve ser disposta de maneira espaçada (BRASIL, 2019b). Os materiais a serem 
esterilizados, quando não são produtos contidos em recipientes selados, devem 
ser embrulhados em materiais que permitam a remoção de ar e a penetração de 
vapor, mas que evitem a recontaminação após a esterilização (BRASIL, 2019b).
De maneira geral, a esterilização por calor úmido é sempre mais eficaz 
do que por calor seco, e é utilizada sempre que os fármacos não são ne-
gativamente afetados pela umidade e para materiais permeáveis ao vapor 
(MOLDENHAUER, 2018). 
A esterilização das preparações aquosas é, habitualmente, conduzida por 
autoclavagem a 121°C. Nessas soluções, a umidade já está presente e é preciso 
apenas elevar sua temperatura pelo tempo necessário; dessa forma, deve-se 
lacrar o recipiente e conduzir a esterilização (WHO, 2019).
O método também pode ser aplicado a soluções em geral, objetos de vidro, 
compressas e instrumentos cirúrgicos e dispositivos médicos; entretanto não 
se aplica à esterilização de óleos, gorduras, preparações oleosas e outras pre-
parações que não sejam penetradas pela umidade, bem como a esterilização 
de pós expostos, que podem ser danificados pela umidade condensada. 
Esterilização por calor seco
O método de esterilização por calor seco é realizado em estufas projetadas 
especificamente para esse fim, que podem funcionar com gás ou eletricidade e 
têm sua temperatura controlada por um termostato (MOLDENHAUER, 2018).
O calor seco é menos eficaz para eliminar microrganismos do que o calor 
úmido, por isso temperaturas mais altas e períodos mais longos de exposição 
são necessários. Tais valores devem serem determinados individualmente para 
cada produto, levando-se em consideração o tamanho, o tipo e o recipiente. Nos 
processos de calor seco, o processo letal primário é considerado a oxidação 
dos constituintes celulares (WHO, 2019).
É recomendado que as unidades a serem esterilizadas sejam as menores possíveis, e seu 
acondicionamento na estufa deve permitir a livre circulação do ar aquecido pela câmara.
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis8
A esterilização por calor seco geralmente é realizada entre 160° e 170°C 
por períodos não inferiores a duas horas. Esse tipo de esterilização geralmente 
é empregado em materiais que não são esterilizados com eficiência por calor 
úmido, como óleos fixos, glicerina, vários derivados de petróleo (como vase-
lina, vaselina liquida (óleo mineral) e parafina), além de vários pós estáveis 
ao calor, como o óxido de zinco, menadiona, penicilina G (suspensão oleosa), 
vitamina D (solução oleosa), hormôniosem soluções oleosas (testosterona, 
progesterona e estradiol), entre outros. Também podem ser esterilizados 
objetos de vidro e instrumentos cirúrgicos. A esterilização por calor seco é o 
método de escolha para recipientes secos, como na manipulação de embala-
gens de substâncias químicas secas ou de soluções são aquosas (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013).
Esterilização por membranas filtrantes
A esterilização por filtração é realizada pela remoção física de microrganismos 
por adsorção no meio filtrante ou por mecanismos de tamisação. Este método 
é utilizado para esterilizar soluções sensíveis ao calor (WHO, 2019).
Os filtros são produzidos em vários tamanhos de poros, mas não é apenas 
o tamanho do poro que influencia na esterilização: fatores como carga elé-
trica do filtro e do microrganismo, pH da solução, temperatura e pressão ou 
vácuo aplicados ao sistema também são fatores que devem ser considerados 
(MOLDENHAUER, 2018).
Determinadas soluções e líquidos, que não podem ser esterilizados em 
seus recipientes finais, podem ser filtrados para recipientes previamente 
esterilizados através de filtros previamente esterilizados (de acordo com 
as recomendações do fabricante), com especificação de tamanho de poro 
de 0,22 µm (ou menor) (BRASIL, 2019b). A filtração deve ser seguida pela 
transferência asséptica da solução esterilizada para os recipientes finais, que 
são então imediatamente selados com muito cuidado para excluir qualquer 
recontaminação.
Para fins comparativos, o tamanho da menor partícula visível a olho nu é de, mais 
ou menos, 40 µm; um eritrócito tem, aproximadamente, 6,5 µm; e a menor bactéria, 
aproximadamente, 0,2 µm.
9Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
As principais vantagens da filtração incluem rapidez na filtração de pe-
quenas quantidades de soluções, habilidade para esterilizar efetivamente 
matérias termolábeis, equipamento relativamente barato e remoção completa 
de microrganismos vivos ou mortos e de partículas na solução. Uma grave 
desvantagem seria a falha ou o rompimento do filtro no processo de fabricação 
ou no manuseio pelo manipulador. Quando aplicada a grandes volumes de 
líquido, a filtragem também exige mais tempo em comparação, por exemplo, 
ao calor úmido, principalmente se o líquido for viscoso.
O método de esterilização por filtração é muito útil em farmácias de manipulação, para 
filtrar soluções extemporâneas (como soluções oftálmicas) que precisam ser estéreis.
O filtro não deve ser utilizado por mais que um dia de trabalho ou reapro-
veitado para diferentes soluções filtradas. Além disso o filtro não deve afetar 
o produto, removendo seus componentes ou acrescentando outras substâncias 
(WHO, 2019). Todos os filtros, tubos e equipamentos usados devem ser esté-
reis. Filtros capazes de resistir ao calor podem ser esterilizados antes do uso, 
autoclavados a 121°C por 15 a 45 minutos, dependendo do tamanho do conjunto 
do filtro. A efetividade dessa esterilização deve ser validada (WHO, 2019). 
A filtração deve ocorrer em uma sala de manipulação adequada, com in-
fraestrutura física destinada à manipulação de preparações estéreis, projetada 
e construída ou adaptada segundo padrões técnicos, contando com operações 
desenvolvidas para assegurar a qualidade das preparações (MOLDENHAUER, 
2018).
Esterilização por gás
Os métodos de esterilização por gases somente devem ser usados quando 
não houver outro método disponível ou aplicável. Vários gases podem ser 
usados para esterilização, como óxido de etileno e óxido de propileno. Esses 
gases são altamente inflamáveis quando misturados com o ar, mas podem ser 
empregados com segurança se forem corretamente diluídos com um gás inerte, 
como dióxido de carbono ou um hidrocarboneto fluorado adequado — essas 
misturas estão disponíveis comercialmente. (MOLDENHAUER, 2018).
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis10
A eficiência de esterilização do óxido de etileno depende da concentração 
do gás, da umidade, do tempo de exposição, da temperatura e da natureza 
da carga. Em particular, é necessário garantir que a natureza da embalagem 
seja tal que permita a troca de gás. Após a esterilização, deve-se reservar um 
tempo para a eliminação de resíduos voláteis, que devem ser avaliados por 
testes específicos (WHO, 2019).
A esterilização por este processo exige equipamento especializado se-
melhante a uma autoclave. O grande poder penetrante do gás de óxido de 
etileno torna-o um agente esterilizante útil em aplicações especiais, como na 
esterilização de materiais cirúrgicos e de utensílios como cateteres, agulhas, 
seringas descartáveis de plástico dentro da embalagem plástica, antes da co-
mercialização. O gás ainda é utilizado para algumas preparações enzimáticas 
termolábeis, alguns antibióticos e medicamentos, devendo-se realizar testes 
para garantir a ausência de reações químicas ou de outros efeitos prejudiciais 
ao medicamento (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Esterilização por radiação ionizante
A radiação ionizante para fins de esterilização é utilizada, principalmente, em 
materiais e produtos sensíveis ao calor. Esse método somente deve ser aplicado 
quando não há efeitos nocivos ao produto, comprovados experimentalmente 
(BRASIL, 2019b).
Raios gama e raios catódicos são utilizados na radiação ionizante, mas 
a aplicabilidade desta técnica é bastante limitada devido ao equipamento 
altamente especializado, ao alto custo e ao tempo necessário — é uma técnica 
muito demorada. Além disso, muitos medicamentos (injetáveis) e alguns ma-
teriais de embalagem são sensíveis à radiação e é possível haver radioatividade 
liberada (MOLDENHAUER, 2018).
Como fonte produtora de radiação gama, tem sido empregado o Cobalto 
60, com energia de radiação de até 1,23 MeV; o Tântalo 182, com energia de 
1,5 MeV; e o Césio 137 (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Compostos facilmente destruídos pela radiação ionizante são insulinas, 
pituitrina, tetraciclinas, entre outros. Entretanto, a maioria dos antibióticos 
pode ser esterilizada por esta radiação, como também hormônios corticoi-
des, hidrolisados proteicos, soros e vacinas. A esterilização de certos ativos, 
medicamentos e dispositivos médicos em seu recipiente ou embalagem final 
pode ser alcançada por exposição à radiação ionizante na forma de radiação 
gama de uma fonte radioisotópica adequada, como 60Co (Cobalto 60) ou de 
elétrons energizados por um acelerador de elétrons adequado (WHO, 2019).
11Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
O mecanismo pelo qual corre a esterilização ainda é desconhecido. 
Investigações sugerem que ocorre uma alteração das substâncias que protegem 
os microrganismos, formando novas substâncias prejudiciais, capazes de 
destrui-los. Outra teoria propõe que ocorre uma desorientação ou destruição 
na nucleoproteína cromossômica, alterando a replicação. Provavelmente, 
ocorra uma combinação de efeitos, que leva à destruição celular completa e 
irreversível (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
A radiação ultravioleta é utilizada somente para tornar os ambientes assépticos, e não 
é considerada um método aceitável de esterilização (BRASIL, 2019b).
Aplicabilidade das formas farmacêuticas 
estéreis
Preparações parenterais injetáveis
Entre as desvantagens da via parenteral está a necessidade de utilizar matérias 
estéreis para aplicação e de profissional treinado para administração. A via 
parenteral é dividida em quatro tipos de administrações: via intradérmica, 
subcutânea, intramuscular e intravenosa. Cada via tem como particulari-
dade a profundidade da aplicação, a característica da solução administrada e 
a absorção do fármaco.
Os veículos para preparações parenterais, definidos como aqueles que 
transportam o fármaco, é uma substância inativa que auxilia na prepara-
ção ou estabilidade do fármaco e que pode atuar também como solvente. 
A água é o líquido mais abundante do corpo humano e, por isso, é o veículo 
mais utilizado para as preparaçõesparenterais. Do ponto de vista fisiológico, 
no que diz respeito a sua introdução no organismo, a água acaba sendo pre-
ferível a qualquer outro veículo, ainda mais por ser um excelente solvente e 
por ser facilmente obtida.
Outros veículos também podem ser utilizados, quando não há a possibili-
dade de dissolução do princípio ativo no meio aquoso ou quando há problemas 
na estabilidade do fármaco, ou ainda quando se quer alterar o tempo de absorção 
do fármaco. Quando veículos aquosos não puderem serem utilizados, utiliza-se 
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis12
veículos como óleos, ésteres e éteres. Entretanto é importante lembrar que esses 
veículos só podem ser utilizados em aplicações na via subcutânea e intramus-
cular, sendo contraindicados pela via intravenosa (AULTON; TAYLOR, 2016).
A utilização de solventes oleosos é preferível ao emprego de suspensões 
aquosas, pois nem sempre elas proporcionam uma dosagem uniforme, podendo 
formar agregados. Há ainda a dificuldade na liberação do fármaco. Vale lembrar 
que as suspensões ou emulsões aquosas são as únicas dispersões que podem 
ser administradas pela via intravenosa.
Alguns veículos alteram as propriedades farmacológicas dos princípios ativos, sendo, 
às vezes, necessário modificar a dose administrada em função do aumento ou redução 
do efeito terapêutico conferido pelo veículo.
A água para preparações injetáveis deve conter um conjunto de caracte-
rísticas para ser utilizada. Ela deve ser obtida por processo de purificação da 
água potável, por meio da técnica de destilação ou osmose inversa, e necessita 
passar por controle e garantia de segurança e qualidade. Entre as qualidades 
estão a ausência de metais e matéria orgânica, pH próximo da neutralidade, 
além de ser apirogênica e estéril (AULTON; TAYLOR, 2016).
O pH da água para preparações injetáveis deve estar entre 6 e 7. Essa faixa 
é importante para melhor eliminação do anidrido carbônico. A pirogenia 
pode ser verificada por métodos biológicos. Quanto maior o tempo entre sua 
obtenção e o seu emprego, mais inadequada é a utilização dessa água 
A esterilidade é um requisito imprescindível. Lembre-se de que os métodos 
de purificação que vimos não fazem parte dos métodos de esterilização. Além 
disso, pode-se pensar que, se um medicamento é esterilizado ao final do seu 
preparo, não há necessidade de partir de uma água já estéril; entretanto a este-
rilização é um método sujeito a probabilidades, sendo natural que sua eficiência 
varie na razão inversa do grau de contaminantes dos produtos manipulados. 
Assim, considera-se importante utilizar, para as preparações estéreis, uma 
água purificada com carga microbiana menor do que 104 microrganismos 
por litro, procedendo-se, posteriormente, à esterilização do produto final. 
Já quando a fabricação será feita de maneira asséptica, a água utilizada, além 
de purificada, deverá estar esterilizada.
13Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
São inúmeros os veículos oleosos utilizados em preparações injetáveis, 
como óleo de algodão, óleo de trigo, óleo de amendoim, óleo de gergelim, 
azeite desacidificado, entre outros. Os óleos utilizados são, de maneira geral, 
atóxicos, não irritantes, e raramente provocam sensibilização; não possuem 
ação farmacológica e são indolores quando administrados na via subcutânea 
ou intramuscular.
Sua composição contendo ácidos graxos, ésteres de glicerina e uma grande 
quantidade de glicerídeos insaturados confere a este veículo fluidez à 20°C. 
A imiscibilidade pode retardar a absorção de alguns fármacos, o que pode 
ser desejado.
Os óleos são utilizados como veículos para fármacos lipossolúveis ou para 
suspensões de fármacos lipossolúveis. As soluções ou suspensões oleosas são 
destinadas à administração pela via intramuscular ou pela via subcutânea. 
O azeite é o veículo mais utilizado devido à boa tolerância e inocuidade, 
além de ser economicamente acessível. Já o óleo de amendoim é mais fluido 
e possui menor acidez, sendo utilizado como substituto do azeite (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
Tem-se utilizado álcoois como veículos de preparações injetáveis com a 
necessidade de dissolver fármacos pouco solúveis em meios aquosos ou oleosos, 
e também pelo fato de muitos compostos serem fortemente hidrolisáveis em 
meio aquoso. Muitos dos álcoois utilizados são só miscíveis com água, e essa 
mistura acaba inibindo a hidrólise, além de se tornar antisséptica. Os álcoois 
utilizados são monoálcoois — etanol, álcool benzílico — e poliálcoois — 
glicerol, propilenoglicol, entre outros. Em alguns casos são utilizados puros, 
mas, geralmente, são associados com água ou outros dissolventes (ALLEN 
JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Os injetáveis podem ser acondicionados em embalagens de vidro ou de 
plástico, dependendo da característica do medicamento, mas o importante é 
que a embalagem também esteja esterilizado para o uso. O polietileno é muito 
utilizado devido à resistência a altas temperaturas, o que permite a esterilização 
do recipiente já com o medicamento em seu interior.
Entre as preparações parentais estéreis, temos também como exemplo as 
preparações parentais de pequeno volume (por exemplo, insulinas) e as solu-
ções parenterais de grande volume (por exemplo, nutrição enteral e soluções 
para irrigação e diálise).
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis14
Preparações tópicas oftálmicas
Para uma preparação oftálmica é necessário que a fórmula farmacêutica 
apresente esterilidade, preservação, isotonicidade, tamponamento, viscosidade 
e acondicionamento adequado. Todas as soluções oftálmicas necessitam de 
esterilidade e, se possível, um conservante para preservação da esterilidade 
durante o tempo de uso do medicamento.
As soluções receitadas após cirurgias ou em casos de olhos com traumas 
não possuem conservantes em suas formulações, pois eles são irritantes aos 
tecidos internos dos olhos. Geralmente, esses medicamentos são acondicio-
nados em recipientes de dose única. 
As preparações destinadas a córneas intactas podem ser dispensadas em 
recipientes de múltiplas doses. Mesmo o recipiente sendo estéril é necessário 
conter um agente antibacteriano para conservação. Os agentes mais usados 
são: cloreto de benzalcônio 0,13%; cloreto de benzetônio 0,01%; clorobutanol 
0,5%; acetato de fenilmercúrio 0,004%; timerosal 0,01%; nitrito de fenilmer-
cúrio 0,004%. Cada um deles possui vantagens e desvantagens quanto à sua 
estabilidade e compatibilidade química. Por exemplo, o cloreto de benzalcô-
nio é o conservante mais confiável, mas pode gerar incompatibilidade com 
fármacos aniônicos; já o clorobutanol é hidrolisado na esterilização úmida, 
sendo interessante o uso de outros métodos de esterilização (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013).
Embora seja preferível que soluções oftálmicas sejam esterilizadas em 
seus recipientes por meio do calor úmido, o método empregado depende da 
estabilidade da preparação. Preparações com sais básicos dos ácidos fracos, 
como a fluoresceína sódica, não podem ser autoclavadas e devem então ser 
filtradas
As suspensões oftálmicas são menos utilizadas do que as soluções; entre-
tanto, quando o objetivo é prolongar o tempo de ação, as suspensões acabam 
sendo uma melhor alternativa, além de serem preferíveis nos casos em que 
o princípio ativo é insolúvel ou instável em soluções. É importante que as 
suspensões tenham as mesmas características de esterilidade que as soluções, 
levando em consideração também as características de preservação isotoni-
cidade, tamponamento, viscosidade e embalagem. Além disso, o tamanho da 
partícula das suspensões deve ser pequeno, de modo a não irritar os olhos, 
e não pode formar aglomerados (AULTON; TAYLOR, 2016). 
15Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
Todas as formas farmacêuticas preparadas na forma de suspensão devem ser agitadas 
antes do uso, deixado assim as partículas distribuídas uniformemente por todo o 
veículo antes da aplicação.Tanto as suspensões quanto as soluções oftálmicas são acondicionadas 
em recipientes de plástico ou vidro com um conta-gotas, de modo que seja de 
fácil administração. As soluções devem ser preparadas seguindo estes passos:
1. Dissolução dos princípios ativos e adjuvantes.
2. Filtração.
3. Acondicionamento em recipientes adequados.
4. Esterilização.
A filtração se faz necessária para a retirada de qualquer partícula sólida 
presente na solução. Essa etapa não é esterilizante; entretanto, caso o colírio 
seja submetido a uma filtração esterilizante ao final do processo, a etapa de 
retirada de partículas, ou seja, clarificante, pode ser eliminada.
O recipiente escolhido pode ser de vidro, plásticos ou elastômeros, e deve 
ser compatível com a solução, além de protegê-la da contaminação microbiana. 
Também devem ser previamente esterilizado.
As soluções oleosas oftálmicas devem ser preparadas assepticamente, 
utilizando veículo esterilizado por calor seco. 
As preparações oftálmicas líquidas podem ser de caráter anti-inflamatório, 
antiviral, antibacteriano e lubrificante. No Quadro 1 podemos observar alguns 
exemplos de fármacos e de concentrações do princípio ativo utilizados na 
prática. 
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis16
Fonte: Adaptado de Ansel, Popovich e Allen Jr. (2000).
Categoria
Fármaco e 
concentração do 
princípio ativo
Observações/aplicações
Lágrimas artificiais Dextran 70 + 
hidroxipropil + 
metilcelulose
Alívio de olhos secos
Antiviral Trifluridina 1% Tratamento de ceratite 
e herpes simples
Anti-inflamatório Fosfato de 
dexametasona 
sódica 0,1%
Utilizado em casos de 
inflamação de causas 
mecânicas, químicas 
ou imunológicas
Antialérgico Cromolina sódica 4% Tratamento de alergias 
oculares, como 
conjuntivite vernal
Antibacterianos
Sulfato de 
gentamicina 0,3%
Utilizados para infecções 
superficiais nos olhos 
por microrganismos
Cloranfenicol 0,5%
Cloridrato de 
ciprofloxacin 0,35%
Quadro 1. Exemplo de preparações liquidas de uso oftálmico
As pomadas oftálmicas, diferentemente das pomadas dermatológicas, 
precisam ser estéreis. Necessitam ser produzidas por processos assépticos com 
componentes esterilizados, além de ser esterilizadas ao final da fabricação. 
Alguns exemplos de pomadas de uso oftálmico podem ser observados no 
Quadro 2.
A base escolhida para a pomada deve ser não irritante e apresentar ponto de 
fusão próximo à temperatura corporal. As bases mais utilizadas são misturas 
de vaselina e vaselina líquida (óleo mineral); às vezes a lanolina também é 
utilizada, atuando como um agente miscível que permite a solubilidade de 
fármacos hidrossolúveis (AULTON; TAYLOR, 2016).
17Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
Após a preparação, as pomadas são acondicionadas em tubos de me-
tal ou plástico previamente esterilizados, com um bico fino para aplicação. 
A principal vantagem das pomadas é o tempo de contato do fármaco com o 
olho, de duas a quatro vezes maior quando comparado às soluções oftálmicas. 
Já a desvantagem é que proporcionam uma visão embaçada quando a base 
se funde e se espalha pelo olho (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Fonte: Adaptado de Ansel, Popovich e Allen Jr. (2000)
Categoria
Fármaco e 
concentração do 
princípio ativo
Observações/
aplicações
Antiviral Vidarabine 3% Tratamento de ceratite 
e herpes simples
Anti-inflamatório Fosfato de 
dexametasona 
sódica 0,05%
Utilizado em casos de 
inflamação de causas 
mecânicas, químicas 
ou imunológicas
Antibacteriano
Cloranfenicol 1%
Utilizados para infecções 
superficiais nos olhos 
por microrganismos 
suscetíveis
Sulfato de 
gentamicina 0,3%
Cloridrato de 
tetraciclina 1%
Antimicrobiano
Polimixina B (10.000 
unidades/g) + 
bacitracina (500 
unidades/g)
Polimixina B (5.000 
unidades/g) + 
bacitracina zíncica (400 
unidades/g) + sulfato 
de neomicina (5 mg/g)
Quadro 2. Exemplo de fármacos em pomada de uso oftálmico
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis18
Preparações tópicas nasais
Anteriormente, a maioria das preparações era de origem oleosa, como a pa-
rafina; entretanto, caso atingissem os pulmões, poderiam causar pneumonia 
lipoide, além de interferirem na motilidade normal dos cílios nasais, então 
foram substituídas por soluções aquosas (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 
2013).
Hoje as preparações nasais aquosas têm seu uso consolidado. Para um 
veículo ser utilizado na via nasal é necessário que: 
 � tenha um pH entre 5,5–6,5;
 � tenha capacidade tampão, para manutenção da estabilidade do fármaco;
 � tenha tonicidade suficiente para não interferir na motilidade dos cílios 
(equivalente a cloreto de sódio 0,9%);
 � não modifique a viscosidade do muco nasal;
 � seja compatível com os cílios e os constituintes iônicos da secreção nasal;
 � seja compatível com os medicamentos que serão dissolvidos;
 � tenha estabilidade 
 � tenha, na sua formulação agentes, antimicrobianos para conservação 
da solução;
 � seja estéril.
A escolha de um conservante deve levar em consideração a compatibilidade 
com os demais componentes, além de não provocar lesões na mucosa nasal. 
Geralmente, os conservantes são os mesmos utilizados em soluções oftálmi-
cas, sendo os mais utilizados compostos de amônio quaternário (cloreto de 
benzalcônio 1:1.000), cloreto de benzetônio (1:4.000), cloreto de cetilpiridinio 
(1:5,000) e o clorobutanol (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
As soluções nasais não precisam seguir um controle tão rígido como as 
preparações injetáveis e os colírios, mas é desejável que elas se apresentem 
livres de contaminação microbiana. Desta forma, as razões que justificam 
a esterilização das preparações nasais são a conservação do medicamento; 
o fato de que aplicar soluções contaminadas em uma mucosa frágil, como a 
mucosa nasal, é inconveniente; e evitar a introdução de patógenos graves. 
As preparações nasais não devem conter mais do que 200 germes vivos por 
grama e não devem ter qualquer microrganismo patogênico presente.
19Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
Podem ser acondicionadas em frascos de vidro com tampas de plástico. 
É possível a adaptação para um conta-gotas para o uso; frascos de plástico 
com conta-gotas ou frascos de vidro ou plástico com nebulizadores/sprays 
nasais minimizam a capacidade de contaminação.
Alguns exemplos de preparações nasais com indicação de uso intranasal 
podem ser observados no Quadro 3.
Fonte: Adaptado de Ansel, Popovich e Allen Jr. (2000).
Categoria
Fármaco e 
concentração do 
princípio ativo
Observações/
aplicações
Adrenérgico
Fenilefrina HCl 
0,125 a 1,0%
Descongestionante 
nasal
Oximetrazol 0,05%
Nafazolina HCl 
0,05 e 0,1%
Antialérgico Cromolina sódica 4% Prevenção e tratamento 
da rinite alérgica
Corticosteroide
Dipropionato de 
beclometasona 0,042%
Corticosteroide sintético 
indicado para alívio 
de sintomas de rinite 
alérgica, sazonal ou 
rinite vasomotora
Budesonida 32 µg/spray
Hidratante
Oximetrazol 0,05% Restaura a umidade 
e alivia as mucosas 
nasais secas, com 
crostas ou inflamadas
Cloreto de sódio 0,65%
Quadro 3. Exemplo de preparações nasais de uso intranasal
Algumas preparações nasais são administradas para exercer efeitos sistêmi-
cos por meio da absorção pelos pulmões, como oxitocina 40 U/mL (preparatório 
para amamentação), sumatriptana 5 ou 20 mg/100µL (tratamento agudo para 
enxaqueca) e lopressina 0,185 mg/mL (antidiurético para controle e prevenção 
da diabetes insípido) (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis20
Preparações nasais descongestionantes são utilizadas no tratamento de rinite por 
resfriado comum e rinite vasomotora e alérgica, como febre do feno e sinusite. Entre-
tanto, o uso prolongado e frequente pode causar edema crônico na mucosa nasal, 
chamado de rinite medicamentosa, agravando os sintomas que destina a aliviar. Por 
isso essas soluções devem ser utilizadas por curtos períodos, não mais do que 3 a 5 dias.Preparações tópicas otológicas
As soluções auriculares deveriam ser estéreis, mas, como nas preparações 
nasais, é considerado sua obtenção semiasséptica, aceitando-se uma conta-
minação menor do que 100 microrganismos por mililitro, desde que nenhum 
seja enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus.
O pH ótimo para estas preparações situa-se entre 5 e 7,8. 
O cerúmen é uma combinação de secreções das glândulas sudoríparas e 
sebáceas do meato acústico externo que, quando em excesso, causa coceira, 
dor, dificuldade de audição, entre outros. Um dos principais ativos, o oleato 
condensado de trietanolamina polipeptídica, é utilizado para emulsificar 
o cerúmen, facilitando sua remoção. O peróxido de carbamida também é 
bastante utilizado, pois rompe a integridade da cera compactada (AULTON; 
TAYLOR, 2016).
Os fármacos com ação anti-infecciosa de uso tópico na orelha incluem clo-
ranfenicol, sulfato de colistina, neomicina, sulfato de polimixina B e nistatina 
(infecções fúngicas). Esses fármacos são formulados em soluções e suspensões, 
e possuem como veículo o propilenoglicol e a glicerina anidra, que promovem 
o maior tempo de retenção do medicamento na cavidade auditiva. Para reduzir 
a dor que acompanha as infecções, diversas preparações auriculares contêm 
analgésicos, como antipirina, lidocaína, benzocaína, entre outros.
Estas preparações são acondicionadas em frascos conta-gotas de plástico 
(polietileno) e, com menos frequência, de vidro. Além disso, algumas prepa-
rações auriculares líquidas precisam de conservantes contra o crescimento 
microbiano em sua fórmula; quando a preservação é necessária, o clorobutanol 
(0,5%), o timerosal (0,01%) e combinações de parabenos são utilizados (ALLEN 
JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
21Preparo: a importância de fórmulas farmacêuticas estéreis
ALLEN JR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação 
de fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G.; ALLEN JR, L. V. Farmacotécnica: formas farmacêuticas e 
sistemas de liberação de fármacos. 6. ed. São Paulo: Premier, 2000.
AULTON, M. E.; TAYLOR, K. M. G. (ed.). Aulton: delineamento de formas farmacêuticas. 
4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
BRASIL. Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de agosto 2006. Estatuto do medicamento. Brasília, 
DF, 2006. Disponível em: https://www.infarmed.pt/documents/15786/1068535/035-
-E_DL_176_2006_9ALT.pdf/d2ae048e-547e-4c5c-873e-b41004b9027f. Acesso em: 15 
nov. 2019.
BRASIL. Instrução normativa nº 35, de 21 de agosto de 2019. Dispõe sobre as Boas Práticas 
de Fabricação complementares a Medicamentos Estéreis. Brasília, DF, 2019b. Disponível 
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BRASIL. Resolução RDC nº 301, de 21 de agosto de 2019. Dispõe sobre as Diretrizes Ge-
rais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. Brasília, DF, 2019a. Disponível 
em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-301-de-21-de-agosto-
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MOLDENHAUER, J. Disinfection and decontamination: a practical handbook. Boca Raton: 
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WHO. The international pharmacopoeia. 9. ed. New Zealand, 2019. Disponível em: http://
apps.who.int/phint/2019/index.html#p/home. Acesso em: 15 nov. 2019.
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