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Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos

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FARMACOTÉCNICA II
Letícia Vieira 
Preparo de xaropes simples 
e para pacientes diabéticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os principais métodos de preparação de xaropes.
 � Identificar os principais componentes dos xaropes simples e para 
pacientes diabéticos.
 � Listar pontos críticos da preparação de xaropes.
Introdução
Os xaropes são uma das formas farmacêuticas mais utilizadas na admi-
nistração de medicamentos orais em solução. Isso se deve, em grande 
parte, à incapacidade de pacientes infantis e idosos de deglutirem for-
mas farmacêuticas sólidas, além do sabor agradável dos xaropes, o que 
favorece as características organolépticas dessas formulações e dissipa 
relutâncias. Dessa forma, é bastante comum a solicitação ao farmacêu-
tico que prepare xaropes que veiculem medicamentos disponíveis na 
farmácia alopática na forma de cápsulas ou comprimidos. É claro que 
esse profissional responsável pela formulação deve avaliar a solubilidade, 
a estabilidade e a biodisponibilidade do fármaco em questão.
Neste capítulo, você irá estudar os principais métodos de desen-
volvimento de xaropes. Também vai ver quais são os componentes de 
xaropes simples e dos xaropes para pacientes com diabetes, e quais são 
os pontos críticos da preparação dessas formulações.
Xaropes à base de sacarose e 
xaropes isentos de açúcar
Os xaropes são formulações de consistência viscosa, com densidade entre 1.30 
a 1.33 a 15ºC, o que significa que cada 100 mL de xarope pesa de 130 a 133 g 
(ANJOS, O.; ANJOS, A., 1964). O xarope simples, como o próprio nome faz 
referência, é o mais simples dos xaropes. Também denominado xarope base, 
é preparado por meio da dissolução de 85 g de sacarose em água purificada, 
em quantidade suficiente para produzir 100 mL de xarope, como você pode 
ver no Quadro 1 (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000).
Fonte: Adaptado de Ansel, Popovich e Allen Jr (2000) e Brasil (2019).
Componentes Quantidade
Sacarose 85 g
Água purificada qsp 100 mL
qsp = quantidade suficiente para
Quadro 1. Fórmula de xarope simples
A maioria dos xaropes contém uma proporção de sacarose que varia de 
60 a 80% do total da formulação, quantidade que se encontra próxima à sa-
turação, formando uma solução hipertônica (ANSEL; POPOVICH; ALLEN 
JR, 2000; FERREIRA, 2008). Essa alta concentração de sacarose não confere 
apenas sabor adocicado e viscosidade, mas também estabilidade ao produto 
final, uma vez que soluções concentradas de açúcar são muito resistentes 
à proliferação de microrganismos. Isso se deve ao fato de não haver água 
suficiente para sua proliferação (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000) ou 
ao desencadeamento de sua desidratação e consequente plasmólise devido à 
hipertonicidade da solução (FERREIRA, 2008). É interessante ressaltar que 
soluções de sacarose diluída, têm um efeito contrário, sendo um eficiente 
meio nutriente para a proliferação de microrganismos, sobretudo fungos e 
leveduras (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000).
Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos2
Embora a sacarose seja o açúcar mais empregado no desenvolvimento de 
xaropes pelas vantagens de seu uso, em alguns casos ela é substituída, no todo 
ou em partes, por outros açúcares, como a dextrose, ou por não açúcares, como 
a glicerina, o sorbitol e o propilenoglicol (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 
2000). No caso de pacientes em condições fisiológicas especiais, como os 
com diagnóstico de diabetes mellitus, ou sobrepeso, que apresentam restrição 
a formulações que contenham esse veículo clássico, o farmacêutico deve 
lançar mão de um produto tecnicamente elaborado que atenda às necessidades 
dietéticas dessas pessoas (BRASIL, 2012). Nessas situações, todos os com-
ponentes glicogênicos (que se convertem em glicose no organismo) — entre 
elas, as substâncias citadas —, devem ser substituídas por componentes não 
glicogênicos, como a hidroxietilcelulose e a metilcelulose (LUBI; SATO; 
GAENSLY, 2003).
A hidroxietilcelulose e a metilcelulose são matérias-primas que não são 
hidrolisadas e nem absorvidas, e, dessa forma, constituem um excelente veí-
culo para pacientes com diabetes e aqueles cuja dieta precisa ser controlada. 
Além disso, a viscosidade produzida por essas substâncias é muito semelhante 
àquela produzida pela sacarose. Dessa forma, o emprego desses derivados, 
associados à adição de um ou mais edulcorantes artificiais, proporciona ao 
produto final uma excelente imitação do xarope base, eficaz em mascarar 
o sabor desagradável dos fármacos e com viscosidade adequada (ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN JR, 2000).
De uma maneira geral, os xaropes podem apresentar os seguintes compo-
nentes, além da água purificada e do(s) princípio(s) ativo(s): 
 � Edulcorante: açúcar (por exemplo, sacarose, dextrose), ou seus subs-
titutos mencionados anteriormente, utilizados para que o produto se 
torne doce e viscoso. 
 � Flavorizantes. 
 � Conservantes antimicrobianos.
 � Corantes. 
Muitos xaropes podem conter ainda solventes especiais, estabilizantes, agentes solu-
bilizantes e espessantes, entre outros (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL; 2013).
3Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos
Edulcorantes e flavorizantes
São adicionados aos xaropes, assim como a outras formas farmacêuticas de 
uso oral, no intuito de melhorar a aceitação do medicamento pelos pacientes. 
Destaca-se aqui que o sabor amargo é o menos aceito pelo público em geral 
e, infelizmente, é o sabor mais comumente produzido pelos fármacos, o que 
evidencia a importância de uma boa escolha de flavorizantes e edulcorantes 
para comporem o produto final. A adesão ao tratamento depende muito das 
características organolépticas da formulação, especialmente em pacientes 
pediátricos (THOMPSON, 2006).
Os edulcorantes mais utilizados pela indústria farmacêutica são a sacarose 
e seus substitutos artificiais (sacarina sódica, ciclamato de sódio e aspartame) 
e o sorbitol (BALBANI; STELZER; MONTOVANI, 2006). Quanto aos fla-
vorizantes, geralmente os xaropes são flavorizados com produtos naturais, 
como óleos essenciais extraídos de plantas (por exemplo, óleo de laranja) ou 
artificiais, como a vanilina (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). Outro 
exemplo de flavorizante natural são os sabores naturais de frutas. Já entre 
os artificiais, destacam-se os álcoois aromáticos, aldeídos, bálsamos, fenóis, 
terpenos, entre outros (BALBANI; STELZER; MONTOVANI, 2006).
Normalmente, os flavorizantes são segredos industriais, portanto não vêm especificados 
nas bulas.
Como os xaropes são preparações aquosas, os flavorizantes utilizados 
devem ser solúveis em água. No entanto, algumas vezes, uma pequena quan-
tidade de álcool é acrescida para assegurar a dissolução de flavorizantes 
pouco hidrossolúveis (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013). Reações adversas associadas a esses componentes 
são muito raras, uma vez que são empregados em concentrações ínfimas nos 
medicamentos (BALBANI; STELZER; MONTOVANI, 2006).
Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos4
Conservantes
Em relação aos conservantes, a quantidade necessária a ser adicionada para 
proteger um xarope contra o crescimento microbiano varia de acordo com a 
proporção de água disponível na formulação, além da natureza e da atividade 
conservante de alguns componentes presentes na formulação. Por exemplo, 
muitos óleos utilizados como flavorizantes são estéreis e possuem atividade 
antimicrobiana, exercendo também a função de conservante (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013). 
Entre os conservantes mais empregados em soluções orais, destaca-se o 
metilparabeno, o propilparabeno e o benzoato de sódio (BALBANI; STELZER; 
MONTOVANI, 2006). O Quadro 2 mostra os mais utilizados em xaropes com 
as respectivas concentrações eficazes.
Fonte: Adaptado de Ansel, Popovich e Allen Jr (2000).
Conservante Concentração eficaz
Ácido benzoico 0,1 a 0,2%
Benzoato de sódio 0,1 a 0,2%
Associações de metil,propil 
e butilparabeno
Juntas somam cerca de 0,1%
Quadro 2. Conservantes e suas respetivas concentrações empregadas em xaropes
É interessante ressaltar que o álcool possui atividade conservante em pro-
porções que variam de 15 a 20% do produto final. Entretanto esse componente 
é utilizado em xaropes apenas para auxiliar na dissolução de matérias-primas, 
em quantidades que não são suficientes para promover a conservação (ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
5Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos
Corantes
Podem ser orgânicos ou inorgânicos, de origem natural ou não. Os corantes 
naturais são derivados de plantas ou animais, já os artificiais são sintetizados 
em laboratório (BALBANI; STELZER; MONTOVANI, 2006). Esses compo-
nentes são adicionados para tornar a formulação mais atraente. Dessa forma, 
a escolha do corante deve combinar com o sabor flavorizante empregado. Além 
disso, o corante deve ser hidrossolúvel, não reagir com outras matérias-primas 
da formulação e, é claro, ser estável frente às variações de pH e intensidade 
de luz às quais será exposto durante o período de armazenamento (ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Exemplos de formulações
Agora que você tem conhecimento a respeito dos principais componentes de 
xaropes, veja nos Quadros 3 e 4 exemplos de formulações dietéticas, destinadas 
a pacientes com diabetes mellitus, sobrepeso, ou outras condições fisiológicas 
especiais, nas quais se faz necessário dietas com restrição de açúcares.
Fonte: Adaptado de Conrado, Cordeiro, P. C. e Cordeiro, P. P. (2008) e Brasil (2012).
Componentes Quantidade
Carboximetilcelulose sódica 2%
Metilparabeno 0,15%
Sucralose 0,15%
Água purificada qsp 100 mL
Quadro 3. Xarope dietético de sucralose
Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos6
Fonte: Adaptado de Conrado, Cordeiro, P. C. e Cordeiro, P. P. (2008) e Brasil (2012).
Componentes Quantidade
Carmelose 2 g
Solução conservante de parabenos 2,5 g
Sacarina sódica 0,1 g
Ciclamato de sódio 50 mg
Água purificada qsp 1000 mL
Quadro 4. Xarope dietético de sacarina sódica e ciclamato de sódio
Alguns xaropes não contém fármacos. Essas preparações são denominadas 
não medicamentosas, cuja finalidade é servir de veículo de sabor agradável 
para que fármacos sejam incorporados durante a manipulação de medica-
mentos. Em outras situações, essas formulações compõem a preparação de 
outro xarope medicinal, que é aquele que contém o agente terapêutico. Veja 
no Quadro 5 alguns exemplos de xaropes não medicamentosos (ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013).
Fonte: Adaptado de Allen Jr, Popovich e Ansel (2013)
Xarope de 
cereja
Desenvolvido à base de sacarose, contendo cerca de 47% 
de suco de cereja. O sabor frutado agrada a maioria dos 
pacientes.
Xarope de 
framboesa
Desenvolvido à base de sacarose, contendo cerca de 48% de 
suco de framboesa. Trata-se de um bom veículo para disfarçar 
o sabor salgado ou ácido de fármacos salinos.
Xarope de 
cacau
Suspensão de cacau em pó em veículo líquido, edulcorado 
e espessado com sacarose, glicose líquida e glicerina, e 
flavorizado com baunilha e cloreto de sódio. Muito eficaz na 
administração de fármacos amargos a pacientes pediátricos.
Quadro 5. Exemplos de xaropes não medicamentosos (veículos)
7Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos
Principais métodos de preparação de xaropes 
e seus pontos críticos
Existem quatro métodos gerais disponíveis para a preparação de xaropes, de 
acordo com as características físico-químicas das matérias-primas presentes 
na formulação. São métodos amplamente conhecidos, acompanhe (ANJOS, 
O.; ANJOS, A., 1964; ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013):
 � Dissolução por aquecimento.
 � Dissolução por agitação, sem o auxílio de aquecimento.
 � Dissolução por adição de sacarose a uma solução medicamentosa pronta 
ou a um líquido flavorizado.
 � Percolação da fonte de substância ativa ou da sacarose.
Em algumas situações, um xarope pode ser desenvolvido pela utilização de mais de 
um desses métodos. Dessa forma, a escolha pode ser simplesmente uma questão de 
preferência. Além disso, muitos xaropes oficiais não têm um método de preparação 
descrito, porque a maioria deles se encontra disponível comercialmente, não sendo 
aviada de forma extemporânea pelo farmacêutico (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000; 
ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Dissolução por aquecimento
A dissolução a quente é utilizada quando se deseja rapidez na preparação do 
xarope e quando suas matérias-primas não são degradadas ou volatilizadas 
pelo calor. Nesse método, o açúcar utilizado é acrescentado à água purificada 
e o aquecimento é aplicado até que o açúcar seja dissolvido. Posteriormente, 
os outros componentes da formulação, que são termoestáveis (estáveis sob 
aquecimento), são acrescentados ao xarope quente. Deixa-se a mistura esfriar 
sob repouso e o volume final é ajustado pela adição de água purificada. 
Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos8
Um dos pontos críticos de se utilizar este método é que, quando existem 
agentes termolábeis ou voláteis presentes na composição da fórmula, como 
alguns óleos flavorizantes e o álcool, esses componentes devem ser adicionados 
ao xarope após o açúcar ter sido dissolvido e a solução ter sido resfriada à 
temperatura ambiente (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013).
Uma das vantagens de se utilizar o calor é que ele facilita a dissolução 
rápida do açúcar e dos outros componentes da preparação. No entanto o 
farmacêutico deve ser cauteloso e não usar calor em excesso, uma vez que o 
aquecimento favorece a hidrólise da sacarose (dissacarídeo), que é convertida 
nos monossacarídeos glicose e frutose. Essa reação é conhecida como inversão 
da sacarose, e a combinação dos dois monossacarídeos resultantes é conhecida 
como açúcar invertido. 
Na verdade, quando se aplica calor na preparação de um xarope com 
sacarose, sempre ocorre alguma inversão do açúcar. O ponto crítico é que a 
velocidade da inversão aumenta muito com a presença de ácidos, uma vez que 
o íon hidrogênio funciona como um catalisador da reação; com a inversão, o 
dulçor do xarope é alterado, visto que o açúcar invertido é mais doce do que 
a sacarose. Outras características da formulação que podem ser alteradas sob 
calor excessivo são a coloração e o aspecto. No caso da cor, o xarope escurece 
devido ao efeito do calor sobre a frutose; já no aspecto, torna-se âmbar em 
decorrência da caramelização da sacarose. Essas decomposições tornam os 
xaropes mais susceptíveis à fermentação e ao crescimento microbiano (ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Durante este método de produção, o uso da água purificada fervida au-
menta a estabilidade do xarope, assim como a adição de conservantes e o 
acondicionamento em recipientes hermeticamente fechados (requisito para 
todos os xaropes) (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; 
POPOVICH; ANSEL, 2013).
Devido à decomposição pela ação do calor, os xaropes não podem ser esterilizados 
em autoclave (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
9Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos
Dissolução por agitação, sem o auxílio de aquecimento
Processo no qual os xaropes são obtidos por simples dissolução à temperatura 
ambiente, misturando-se o açúcar à água ou líquido medicinal da formulação, 
tendo o cuidado de agitar com frequência para que a dissolução ocorra mais 
rapidamente (ANJOS, O.; ANJOS, A., 1964). 
Para a produção em pequena escala, o açúcar e as outras matérias-primas 
da fórmula podem ser dissolvidas em água purificada, com a adição de todos 
os componentes em um recipiente de capacidade maior do que o volume 
do xarope, permitindo a agitação completa da mistura. Já em larga escala, 
são empregados grandes tanques de aço inoxidável ou revestidos de vidro, 
acoplados a misturadoresou agitadores mecânicos. Uma desvantagem desse 
método em relação à dissolução por calor é que ele é mais lento; entretanto 
o produto final apresenta maior estabilidade (ANSEL; POPOVICH; ALLEN 
JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Ao contrário do método de dissolução por aquecimento, a dissolução por simples 
agitação a frio não oferece riscos de inversão da sacarose. 
Em algumas situações, um adoçante ou outro xarope não medicamentoso 
são empregados no lugar da sacarose. Nesses casos, é muito importante que 
os líquidos adicionados sejam miscíveis (solúveis), sendo competência do 
farmacêutico garantir que o produto final formado a partir da mistura desses 
componentes seja homogêneo. Além disso, sempre que for preciso acrescentar 
substâncias sólidas a um xarope, o ponto crítico é dissolvê-las antes em uma 
quantidade mínima de água purificada, para, posteriormente, incorporar a 
solução resultante ao xarope. Isso de deve ao fato de que, quando acrescidos 
diretamente ao xarope, os componentes sólidos se dissolvem muito lenta-
mente, devido à natureza viscosa dessa preparação, que não permite que essas 
substâncias se distribuam até a água disponível para solubilização (ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos10
Dissolução por adição de sacarose a uma solução 
medicamentosa pronta ou a um líquido flavorizado
Ocasionalmente, um líquido que contém substâncias ativas (líquido medica-
mentoso), como uma tintura ou um extrato fluido, por exemplo, são empregados 
como fontes de medicamentos na preparação de xaropes. Muitas dessas subs-
tâncias contêm componentes solúveis em etanol, sendo, portanto, preparados 
com veículos alcoólicos ou hidroalcoólicos. 
Se os componentes solúveis em álcool forem os princípios ativos que 
deverão estar presentes no xarope, o farmacêutico deverá lançar mão de uma 
técnica para torná-los solúveis em água. No entanto, se não forem desejados 
ou necessários no xarope, poderão ser removidos por meio do processo de 
filtração. O ponto crítico é deixar que a mistura da tintura ou do extrato fluido 
com água fique em repouso até que a separação dos componentes não hidros-
solúveis seja completa. O filtrado obtido representa o líquido medicamentoso, 
ao qual se acrescenta a sacarose na preparação do xarope. Nos casos em que 
a tintura ou o extrato fluido são hidrossolúveis, eles podem ser acrescentados 
diretamente ao xarope simples ou ao flavorizado (ANSEL; POPOVICH; 
ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Percolação
O termo percolação, do latim per, que significa “através”, e coare, que significa 
coar, pode ser descrito como um processo no qual componentes solúveis são 
extraídos de drogas e reduzidos a partículas diminutas pela passagem lenta de 
um solvente apropriado através de uma coluna de droga (ANSEL; POPOVICH; 
ALLEN JR, 2000).
No método de percolação, tanto a sacarose pode ser percolada ao se pre-
parar o xarope quanto o próprio componente medicinal pode ser percolado, 
formando, neste caso, uma solução extrativa, à qual a sacarose ou o xarope 
podem ser adicionados. Este último exemplo implica dois procedimentos 
distintos: primeiro, a preparação da solução extrativa do fármaco, e, depois, 
a preparação do xarope. 
Um exemplo de xarope preparado pelo método de percolação do compo-
nente medicinal é o de ipecacuanha, preparado com a adição de glicerina e 
xarope a um extrato de pó de ipecacuanha obtido por percolação (ANSEL; 
POPOVICH; ALLEN JR, 2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). 
11Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos
A ipecacuanha consiste nos rizomas e raízes secas da Cephaelis ipecacuanha, 
que contém os alcaloides ativos emetina, cefaelina e psicotrina, extraídos do pó 
da ipecacuanha por percolação com a utilização de um solvente hidroalcoólico 
(ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). 
Esse xarope tem ação emética, sendo administrado na dose usual de 
15 mL, quantidade utilizada no tratamento de intoxicações em crianças, quando 
é necessária a evacuação do conteúdo estomacal. Cerca de 80% das crianças 
que recebem essa dose vomitam em torno de meia hora após a ingesta. Esses 
medicamentos podem ser comprados sem prescrição médica, sendo também 
utilizados como expectorante em doses mais baixas que a necessária para 
causar ação emética. 
O grande problema associado a esse xarope é que existem evidências de 
pacientes com bulimia (normalmente mulheres no final da adolescência, até 
os 30 anos de idade) que fazem uso do xarope para produzir crises de vômito, 
na tentativa de perder peso. Dessa forma, é de extrema importância que o 
farmacêutico esteja atento ao uso inadequado desse medicamento, além de 
que alerte os pacientes sobre os riscos de seu uso em longo prazo. Em uso 
prolongado, a emetina presente na fórmula atinge concentrações tóxicas nos 
tecidos do organismo e, dentro de três a quatro meses, pode causar danos 
irreversíveis aos músculos cardíacos (ANSEL; POPOVICH; ALLEN JR, 
2000; ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
O encorpamento característico que a sacarose e outras matérias-primas conferem 
ao xarope é, essencialmente, o produto de uma viscosidade adequada. Associado 
à qualidade dos edulcorantes e flavorizantes, tem-se um produto final muito eficaz 
para mascarar o sabor desagradável dos fármacos. Quando o xarope é deglutido, 
apenas uma porção do fármaco entra, de fato, em contato com as papilas gustativas. 
O restante é carreado pelo xarope viscoso, que funciona como um veículo, passando 
pelas papilas gustativas sem entrar em contato com elas. Esse disfarce físico do sabor 
não seria possível em uma solução não espessa, móvel e aquosa. No caso dos xaropes 
antitussígenos, o veículo doce e espesso ainda confere efeito calmante, pela sua 
passagem nos tecidos irritados da garganta (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013).
Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos12
ALLEN JR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação 
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ANJOS, O. P.; ANJOS, A. C. Lições de farmacotécnica. 2. ed. Curitiba: UFPR, 1964.
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Acesso em: 15 nov. 2019.
13Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos
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Preparo de xaropes simples e para pacientes diabéticos14

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