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ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 1 ´ Esquizofrenia Existem dificuldades no diagnóstico das doenças mentais. Muitas vezes, são feitos diagnósticos equivocados em pacientes que não são doentes, mas que apresentam um determinado comportamento por falta de estímulos. Essas dificuldades de diagnóstico são causadas, também, porque não há exames que definam se a pessoa é doente ou não (não há exames de imagem ou biomarcadores, por exemplo). Sinais e sintomas da esquizofrenia variam e incluem alterações na percepção, na emoção, na cognição, no pensamento e no comportamento. A expressão dessas manifestações varia entre os pacientes e ao longo do tempo, mas o efeito da doença é sempre grave e geralmente de longa duração. CARACTERÍSTICAS • Engloba um grupo de transtornos com etiologias heterogêneas ® pacientes variam na apresentação clínica, no curso da doença e na resposta ao tratamento; • O transtorno costuma aparecer antes dos 25 anos e persiste durante toda a vida, afetando pessoas de todas as classes sociais; • A esquizofrenia é um dos mais comuns dos transtornos mentais graves, mas sua natureza essencial ainda não foi esclarecida; portanto, às vezes, ela é referida como uma síndrome, como o grupo de esquizofrenias ou, como na quinta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), o espectro da esquizofrenia. ETIOLOGIA • Hipótese dopaminérgica: excesso de dopamina na via mesolímbica e escassez na via mesocortical; o Na esquizofrenia, acredita-se que ocorra um excesso de dopamina na via dopaminérgica mesolímbica e escassez na via mesocortical; o Esquizofrenia é causada por excesso de atividade dopaminérgica. O uso de cocaína e de anfetaminas pode desencadear surtos esquizofreniformes transitórios; o Os fármacos usados na esquizofrenia bloqueiam a atividade dopaminérgica. A eficácia e a potência da maioria dos antipsicóticos estão relacionadas com a sua capacidade de agir como antagonistas do receptor D2 (lembrar do cantor Marcelo D2); o Obs: lembrar que na esquizofrenia e no abuso de drogas (anfetaminas e cocaína), há aumento de dopamina. Enquanto no Parkinson e com o uso de antipsicóticos, há diminuição da dopamina; o Efeito colateral dos antipsicóticos de primeira geração ® Parkisonismo. • Genética: maior frequência em parentes de pacientes com esquizofrenia; • Clínica: alterações na percepção, emoção, cognição, pensamento e comportamento. Quinto semestre P1 ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 2 EPIDEMIOLOGIA • Prevalência: 1% da população; • Cerca de 0,05% da população total é tratada para esquizofrenia a cada ano, e apenas metade dos pacientes com o transtorno obtém tratamento. Igualmente prevalente em homens e mulheres; • Em homens, geralmente tem início mais precoce; • As idades e os picos de idade do início são entre 10 e 25 anos para homens e entre 25 e 35 anos para mulheres; • As mulheres exibem distribuição etária bimodal, com um segundo pico ocorrendo na meia-idade (cerca de 3 a 10% das mulheres apresentam início da doença após os 40 anos); • Em torno de 90% dos pacientes em tratamento têm entre 15 e 55 anos. São muito raros os casos de pacientes que desenvolvem a esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 60 anos; • Quando o início da doença ocorre após os 45 anos, o transtorno é caracterizado como esquizofrenia de início tardio; • Alguns estudos indicaram que os homens têm maior probabilidade de sofrer sintomas negativos do que as mulheres, e que estas têm maior probabilidade de ter melhor funcionamento social antes do início da doença; • Em geral, o resultado para os pacientes do sexo feminino é melhor do que para os do sexo masculino. ASPECTOS GERAIS • Neuroimagem ® Alargamento dos ventrículos (não é um achado regular) e de sulcos corticais, hipofrontalidade (observada pela menor perfusão regional, com menos utilização de glicose) e redução de volume da substância cinzenta (mais marcado no lobo temporal esquerdo); • Etiologia genética da Esquizofrenia ® é controversa, mas tem um papel importante; o Parentes consanguíneos 5- 50x; população geral 1%. Irmãos e filhos 10%; gêmeos Dizigóticos 10-19%; gêmeos Monozigóticos 35-48%; • Sintomatologia ® Sintomas negativos e sintomas positivos; o Acredita-se que a pessoa tenha defeitos congênitos no cérebro (não entende exatamente qual é a relação); • Quando há maiores demandas emocionais, os esquizofrênicos tendem a ter reações ainda mais intensas. Isso acontece porque o cérebro relaciona emoções com pensamentos; • Diagnóstico diferencial ® avaliar se não há outra condição médica; uso de substâncias psicoativas; TAB com sintomas psicóticos; Esquizoafetivo (diagnóstico muito controverso, porque o esquizofrênico tem muita dificuldade de relacionamento com outras pessoas); o Obs: num surto ativo psicótico é muito difícil diferenciar de esquizofrenia de outras condições. SINTOMAS • Sintomas negativos: o Comportamento apático, dificuldades de relacionamento; o Cérebro evitando emoções; o Sintomas crônicos, que aparecem em toda vida da pessoa; o Mais evidentes quando se atenuam os sintomas positivos; o Pobreza no conteúdo do pensamento e da fala, embotamento afetivo, isolamento, anedonia, negligência dos cuidados pessoais, estupor e catatonia; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 3 • Sintomas positivos: delírios paranoicos de grandiosidade, somáticos, de ciúmes, místicos, sistemáticos ou bizarros, alucinações, voz de comando e bloqueio do pensamento; o Alucinações, voz de comando, bloqueio do pensamento; • Portanto, nos sintomas negativos, é como se o cérebro estivesse evitando emoções, provocando o isolamento. Enquanto nos sintomas positivos, o cérebro está sob demanda de emoções, levando a “doideira”. DIAGNÓSTICO • História psiquiátrica; • Exame do estado mental TRATAMENTO • Antipsicóticos de 1ª geração; o Exemplos: haloperidol (alta potência antipsicótica e baixa potência sedativa) e clorpromazina (baixa potência antipsicótica e alta potência sedativa); o Efeitos colaterais: sintomas extrapiramidais; • Antipsicóticos de 2ª geração; o Exemplos: risperidona, olanzapina, quetiapina, aripiprazol, clozapina (esquizofrenia refratária); o Efeitos colaterais: síndrome metabólica (apetite) e prolongamento do intervalo QT (pode dar morte súbita em idosos). AGITAÇÃO PSICOMOTORA • Sinais de violência: olhar arregalado e agressivo, punhos cerrados e socos, agressões verbais; • Prevenção: saber informações sobre o paciente, atentar para a segurança do espaço físico e desenvolver uma aliança com o paciente sem confrontos e ameaças; • Contenção: o Equipe de 5 pessoas coordenada pelo médico; o A contenção física precisa ser feita por 5 pessoas (uma para cada membro + uma para a cabeça). Somente um do grupo deve coordenar a ação – a postura da equipe é o melhor tranquilizante; o Medicações injetáveis como haloperidol, clorpromazina, olanzapina ou ziprazidona + prometazina (anti-histamínico). ESQUIZOFRENIA • Critérios diagnósticos: o Delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos (2 ou mais devem estar presentes por pelo menos 1 mês); o Prejuízo funcional; o Sinais contínuos de perturbação por pelo menos 6 meses. ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 4 FATORES DE BOM X MAU PROGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Transtorno esquizoafetivo: o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo exige que um episódio depressivo maior ou maníaco ocorra ao mesmo tempo em que ocorrem os sintomas da fase ativa e que os sintomas de humor estejam presentes na maior parte do tempo da duração total dos períodos ativos; • Transtorno esquizofreniforme: tem duração menor que a esquizofrenia (que exige 6 meses de sintomas); • Transtornoda personalidade esquizotípica: sintomas sublimiares associados a características persistentes de personalidade. TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO • Critérios diagnósticos; o Um período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo maior ou maníaco concomitante com o critério A da esquizofrenia; • Diagnóstico diferencial: o Esquizofrenia: os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor estão presentes na maior parte da duração total das fases ativa e residual da doença. ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 5 TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME • Critérios diagnósticos: o Delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos (2 ou mais devem estar presentes por pelo menos 1 mês); o Um episódio do transtorno que dura pelo menos 1 mês, mas menos do que 6 meses. CASO CLÍNICO ESQUIZOFRENIA Primeira consulta: • Abro a porta do consultório e entra o paciente acompanhado dos pais; • Ricardo, o paciente, entra sozinho, os pais dizem que querem começar com o psiquiatra depois; • Paciente diz que não queria estar ali. É engenheiro e trabalha em uma construtora, que é muito bom com números e matemática. Faz cálculo estrutural e avançados de grandes construções, faz tudo praticamente sozinho; vem trabalhando cada vez mais – pode passar o dia trabalhando que gosta; • Recebeu proposta no exterior de outra empresa, mas não sabia como dizer que não queria sair de Porto Alegre. Recebeu a proposta de exercer a função do exterior na própria cidade – salário triplicou, mas não ficou feliz – recebe muitos elogios dos chefes mexicanos; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 6 • Disse que é estranho que o chefe quer que ele o visite e fique em sua causa – acha que ele está “apaixonado” por ele e quer apresentar para sua neta; • Achou que seria incriminado na lava jato, por fazer parte da família, morando longe, seria o laranja perfeito, culpa de escândalos nas empreiteiras seriam dele – ficou inquieto, sudorético e a chorar; • Pais contam que filho sempre foi exemplar, teve poucos amigos, muito inteligente e gostava de ficar sozinho; • Acha que está sendo espionado e vizinhos ficam fazendo gestos – acha que revezam para olhar ele; • Dizia que o William Bonner estava sorrindo para ele ao falar da Lava Jato; • Nunca agrediu ninguém, sempre foi educado e presença dos pais o acalma. 1) Diante do caso clínico exposto, qual o diagnóstico dentro do espectro da esquizofrenia que você escolheria de acordo com o DSM-5? Transtorno esquizofreniforme com características de bom prognóstico visto que foi o primeiro surto, paciente continua bem adaptado, ainda consegue trabalhar e os sintomas duram pouco tempo. Adulto acompanhado por pais geralmente indica caso mais grave, muito sofrimento ou psicose. Tem neocortex funcionando, sabe que algo esta errado com ele – pede conselhos aos pais (agentes tranquilizantes), reflete – indício que terapia será boa para ele. 2) Descreva os sintomas e ou quadro clínico que podem ser identificados neste caso? • Consciência, orientação, memória e linguagem normais (discurso coerente e lógico = bom funcionamento mental); • Normotenaz; • Hipervigilância; • Sensopercepção (alucinações auditivas e visuais) – acha que vizinhos falando da Lava Jato, vê Bonner rindo para ele, ouve Bonner falando que hora dele irá chegar, vê vizinhos fazendo gestos; • Pensamento mágico delirante com delírios de perseguição e ideias de referência, paranoia; • Delírio achando que será incriminado; • Afeto exaltado; • Agitado, sudorético; • Inteligência clinicamente superior à média; • Conduta de isolamento – prefere viver isolado, tem um temor de sair e se expor socialmente – a demanda de experimentar emoções inerentes ao convívio interpessoal pode ser assustador e até descompensar um sujeito com propensão a psicose; sob pressão, podem exibir sintomas chamados de positivos na esquizofrenia – tem incapacidade de se relacionar emocionalmente (acha estranho pessoas quererem se aproximar dele). 3) Qual a conduta que você recomendaria a este paciente? Tratamento ambulatorial com suporte familiar 24 horas visto que o paciente tem bom suporte familiar e não tem histórico de violência Tipos de internação • Eletiva: paciente procura tratamento, mas não tem pressa • Urgência: quando se tem horas, dias ou semanas para estabilizar o problema ® caso do paciente • Emergência: a estabilização do quadro deve ser naquela hora da consulta. Antipsicóticos: • Haloperidol: 5 mg 01 cp ® excelente em doses baixas e não há muitos efeitos adversos; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 7 • Lorazepam: 2 mg 01 cp até 3x/dia ® pode ser adicionado ao tratamento para retardar os efeitos extrapiramidais do haloperidol; o Tomar em casos de ansiedade; o Tomar para dormir no início do tratamento; • Agitação psicomotora: haldol ou fenergan IV. 4) Você solicitaria exames complementares? Hemograma completo, função hepática, glicose de jejum, exames de tireoide, creatinina, EQU e ressonância magnética ® descartar qualquer outra coisa. 5) Usando a imaginação, baseada em seus conhecimentos atuais, descreva como será o curso da doença neste paciente. Paciente com funcionamento mental preservado, com competência mental para gerir sua vida e seus autocuidados, inteligente e produtivo no trabalho. Primeiro episódio esquizofreniforme. Dentro de uma doença grave, o prognóstico pode ser reativamente bom, vai depender de sua adesão ao tratamento e da resposta. Se responder bem ao antipsicótico e alcançar remissão dos sintomas aumenta as chances de um bom prognóstico. Envelhecimento cerebral e demências • Quando o paciente perde a capacidade de funcionar de maneira independente. Ou quando o paciente começa a demonstrar sinais de perda de um ou dois níveis cognitivos – “perde a mente”; • Declínio em relação a níveis prévios de funcionamento e performance; • Geralmente é o estágio avançado de diversas doenças neurodegenerativas; • A principal função do médico nesse assunto é saber identificar as não doenças cognitivas e as doenças degenerativas do estado de cognição; • Conceito moderno: “estado cerebral caracterizado pelo comprometimento da sensibilidade inteligência e juízo”; • Envelhecimento normal: declínio cognitivo normal. Entre 60-80 anos há um declínio muito pequeno de função cognitiva, depois dos 80 começa a declinar um pouco mais. A cognição de idosos começa a piorar, mas é uma curva lenta que naturalmente existe; • Doença: existe uma trajetória cognitiva que pode desembocar em demência. Algo faz os neurônios morrerem de forma precoce (Doença de Alzheimer = DAe doença fronto- temporal). Precisamos identificar o declínio cognitivo que evolui para a doença, e não só́ quando ela já está instalada; • Comprometimento de no mínimo dois domínios, suficientemente para intervir nas atividades diárias do paciente: o Déficits na memória anterógrada; o Prejuízo no raciocínio, resolução de tarefas complexas e julgamento; o Comprometimento da capacidade audiovisual; o Comprometimento da linguagem; o Mudanças na personalidade ou comportamento; • Ausência de delirium ou transtorno psiquiátrico grave; • A grande maioria das pessoas vai declinando aos poucos. Antigamente, achava-se que era por causa da idade, mas já poderia ser um caso de início de doença que levaria à demência. Existem etapas antes da demência, de sintomas mais brandos; • Demência é uma doença lenta e que se agrava aos poucos. Por exemplo: DA não é sinônimo de demência, ela pode evoluir para a demência; • CCL (comprometimento cognitivo leve), é o estágio leve. É Déficit amnésico ou de outro ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 8 domínio cognitivo sem prejuízos nas atividades diárias, paciente pode ter múltiplasetiologias, precede o estágio de demência em quadros neurodegenerativos. Esse estágio é muito frequente; • Existem testes para avaliar os pacientes antes de chegar nesse estágio; o Prevalência do estágio CCL é três vezes maior quando comparada a prevalência da DA em que a pessoa já está num estágio demencial. Entre 70-74 anos: 10% da população tem o CLL. 75-79 anos: 15% da população tem o estágio pré. O paciente com Alzheimer de 70-75 anos em estágio demencial, corresponde a apenas 3%. Quando falamos do estágio pré, daí é 10% (aqui exercícios, alimentação ainda podem ajudar). COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE (TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MENOR) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS • Queixa subjetiva de memória apresentada pelo paciente; • Comprometimento objetivo da memória confirmado por algum informante e pela testagem cognitiva; • Preservação das demais funções cognitivas ® atividades da vida diária intactas com desempenho independente; • Não preenchimento dos critérios DSM-IV ou CID-10 de demência. CLÍNICA • História de declínio de memória em relação ao funcionamento anterior ® dificuldade com a formação de novas memórias (“perguntar repetido” e “contar repetido”); • Funcionamento cognitivo geral normal (funções executivas, linguagem, atenção, praxias, habilidades viso-espaciais e atividades funcionais preservadas); • Sem história importante de prejuízos motor, sensitivo e reflexos normais. EXAMES; • FDG: hipocaptação bilateral temporoparietal, precuneus e cíngulo posterior; • PIB: leve acúmulo de placas amiloides. DOENÇAS DEMENCIAIS (TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR) • Afeta: o 5% da população > 65 anos; o 20% da população > 80%; • Etiologia: o Neurodegeneração: ® Doença de Alzheimer ® 55- 70%; ® Doença de Corpos de Levy; ® Degeneração Lobar Fronto- Temporal; o Vascular: ® Demência vascular: 10-30%. DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) • Fisiopatologia: o Placas senis: deposição de placas B- amiloide no meio extracelular (fora do neurônio); o Emaranhados neurofibrilares: acúmulo de proteína TAU fosforilada no meio intracelular; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 9 o Morte dos neurônios, redução de sinapses e dano ao tecido cerebral; o Iniciam muitos anos antes do aparecimento dos sintomas; • Preenche critérios diagnósticos: para demência e tem as seguintes características: o Início insidioso (meses ou anos); o História clara ou observação de piora cognitiva; o Déficits cognitivos iniciais e mais proeminentes em uma das seguintes categorias: ® Apresentação de amnésia (deve haver outro domínio afetado); ® Apresentação não amnésica (deve haver outro domínio afetado); ® Linguagem palavras); (lembrança de palavras); ® Visual-espacial: cognição espacial, agnosia para faces objetos, alexia; ® Funções executivas: alteração do raciocínio, julgamento e solução de problemas; o Tomografia ou preferencialmente, ressonância magnética do crânio deve ser realizada para excluir outras possibilidades diagnósticas ou comorbidades, principalmente doença vascular cerebral; • Clínica: o Primeiros sintomas: memória recente (dificuldade em lembrar conversas, nomes, eventos recentes, repetem perguntas e assuntos) apatia e depressão; o Sintomas tardios: prejuízos na comunicação, desorientação, confusão, julgamento pobre, mudanças comportamentais; o O prejuízo inicial envolve pelo menos duas funções: memória +, orientação, linguagem e comportamento; o Os sintomas interferem no trabalho e em atividades usuais; o É uma doença neurodegenerativa sem prevenção, sem tratamento (existe tratamento para sintomas momentâneos) e sem cura (99% falha); • Exames: o RM: atrofia hipocampal ® forte correlação com declínio cognitivo. o Radiotraçadores para identificar placas de b-amiloide – PET; o PET: tomografia por emissão de pósitrons; ® FDG (metabolismo de glicose – quanto mais glicose no cérebro melhor): hipometabolismo; ® PIB (normal é verde e amarelo – vermelho = placa amiloide e amaranhados neurofibrilares): hipercaptação de proteína B - amiloide – meia-vida é de 20. minutos; o Novo produto: Radiotraçador Florbetaben (Neuraceq) – ligante específico de placa beta amiloide que utiliza a molécula do Flúor, tem meia- vida mais longa e é mais acessível quando comparado ao PIB; ® Negativo: não toma conta do cérebro; ® Positivo: toma conta do cérebro, chega até o córtex. DEMÊNCIA VASCULAR (DV) • Características: ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 10 o Bastante heterogênea variando conforme o território vascular acometido; o Segunda principal causa de demência senil; o 1 a cada 10 pacientes desenvolve demência após primeiro ano de AVC; o História de hipertensão arterial sistêmica; • Clínica: o Início geralmente agudo; o Déficits motores e/ou sensitivos focais, instabilidade, alterações da marcha e quedas ® depende da lesão isquêmica; o Déficit de memória, apatia, depressão, alucinações e delírios; o Apresentação clínica é variável; • RM: variável – microangiopatia; depende do subtipo e extensão da doença cerebrovascular; Tipos • Pode ser pós AVC; • Por múltiplos infartos; • Por demência vascular subcortical isquêmica; • Demência mista; • Demência pós AVC: o Declínio cognitivo pós AVC; o Disfunção executiva/memória episódica presevada; o Sinais focais: afasia e apraxia; o Quadros extensos e/ou em áreas estratégicas; • Demência por múltiplos infartos: o Efeito cumulativo de diversos eventos vasculares; o Progressão clínica em degraus; o Avaliação clínica: extensão do comprometimento estrutural; • Demência vascular subcortical isquêmica; o Evolução silenciosa; o Doença de pequenos vasos; o Declínio de função executiva e velocidade de processamento, alteração de marcha. DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY (DCL) Dr. Friedrich Lewy, um neurologista alemão que descobriu, em 1912, depósitos anormais de proteínas no cérebro. • Fisiopatologia: o Depósitos anormais de uma proteína (corpos de Lewy) nas células nervosas, levando à morte celular; • Clínica: o Tipo de demência acompanhado de alterações no comportamento, cognição e movimento; o Alteração de atenção antes da memoria; o Apresentam alucinações visuais (principalmente animais) e delírium; o Alterações de comportamento durante o sono REM; o Espectro entre a doença de Parkinson e doença de Alzheimer; • Diferenças entre Lewy e Parkinson: o DCL: prejuízos cognitivos, delirium e alucinações visuais; o DP: alterações motoras (tremores involuntários em situação de repouso, rigidez muscular e lentidão de movimentos; o DP: critérios de exclusão: primeiros sintomas antes de prejuízos cognitivos (estado demencial); o DCL: déficit desproporcional da atenção e funcionamento executivo, memória mais intacta (volume hipocampal preservado) – mas inicia com delirium, parasonias (caminhar e falar durante o sono); ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 11 • Sintomas iniciais: insônia, sono agitadíssimo crises de ansiedade, tremores e dificuldade de raciocínio. Friederich Lewy identificou que alguns pacientes possuíam corpúsculos de Lewy (acúmulos de proteínas alfa sinucleína), dando nome a doença. Segunda/terceira principal causa de demência. O paciente pode ter momentos muito alerta, outros muito desconectado. Podem apresentar alucinações, enxergam coisas, pessoas, animais. Esses pacientes passam a vivenciar o que estão sonhando e apresentam sinais parkinsonianos (bradicinesia, movimento lento, rigidez). Paciente precisa ter 2 dos 4 critérios centrais. Regra do 1 ano: se paciente tem Parkinson e depois de um ano ele tem demência, se atribui ao Parkinson; do contrário, se paciente não foi diagnosticado com Parkinson ou não fechou 1 ano, chamamos de doença de Corpos de Lewy. DEGENERÇÃO LOBAR - FRONTO-TEMPORAL; Quem descreveu essa doença foi Arnold Pick, em 1892. É uma doença quepode afetar tanto o comportamento, quanto a linguagem. Envolve dois tipos: um que afeta mais a linguagem (afasia) e outro que afeta mais o comportamento. Principal causa de demência pré-senil (2-31 casos em 100 mil). • Atrofia seletiva lobo frontal e/ou temporal; • Afasias progressiva e/ou alterações de personalidade; • 40% dos casos genéticos, 10% dominantes; • Variante comportamental; • Demência semântica (falam troço, isso); • Existem várias proteínas que tem em comum a localização que elas se depositam, mas a fisiopatologia não é a mesma; • Afasia primária progressiva não-fluente; • Overlap syndromes; • Pacientes mais jovens que a doença de Alzheimer; • Variante comportamental e semântica; • Sintomas comportamentais e de linguagem antes da memória – falha de conseguir nome de coisas não é por culpa de falha de memória; • Variante comportamental: o Falhas em inibir comportamentos sociais inadequados e repetitivos; o alterações da atenção, linguagem e memória operacional; o Falhas na solução de problemas; o Hipersexualidade; o Ingesta alimentar com episódios de impulsividade excessiva; o Embotamento afetivo e apatia; • Demência semântica: o Fala fluente; o Dificuldades na compreensão do significado das palavras e do contexto; • Afasia progressiva não fluente/primária: o Deterioração lenta e progressiva da linguagem, sem demência no seu estágio inicial, associada apenas à atrofia cerebral; o Nomeação de objetos é um processo complexo, requer a codificação perpetual do objeto e rápida busca do nome; o Afasia nominal: a lesão, em geral, localiza-se no lobo temporal e frontal do hemisfério esquerdo. Prejuízos de nomeação e falhas em encontrar palavras, podendo levar a um discurso vago ou vazio e com uso excessivo de referencias indefinidas, como coisa e aquilo; o Fala não fluente; o Agramatismo; o Anomia – sintoma mais comum e precoce; ® Destros: hemisfério cerebral esquerdo dominante para linguagem; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 12 ® Canhotos: hemisfério cerebral direito dominante para linguagem na maioria dos casos; • Exames: o RM (volume cerebral): atrofia frontotemporal geralmente assimétrica – poupa lobos parietais; o FDG (metabolismo): hipometabolismo frontomesial e temporopolar, assimétrico; • Diagnóstico clínico: deve ter declínio neurológico ou comportamental - pelo menos 3 critérios clínicos, por exemplo: o Perde empatia; o Paciente apático; o Desinibição comportamental. Comportamento social inadequado; o Sintomas obsessivos; o Compulsão alimentar; • Patologia em que pacientes mais estão envolvidos em problemas criminais. TESTES DE RASTREIO • Mini-Mental (MEEM): avaliação da orientação e recordação de palavras; o Teste mini mental (mini-exame do estado mental) é um screening que foi bolado na etapa em que DA = demência. Não consegue capturar alterações mais duras cognitivas (pouco sensível em alta escolaridade). Serve para mostrar um estágio demencial mais avançado. Ainda não existem testes que identifiquem a doença antes do estágio demencial; o Mini-mental é um teste relativamente fácil, em que se identificamos alterações, o paciente já está demencial. Esse teste foi feito quando ainda se pensava na visão tradicional da doença de Alzheimer (Visão tradicional: Alzheimer = demência - não podemos pensar assim!!); o Visão moderna: doença que evolui para demência, mas que apresenta um estágio precoce sem tanta deficiência cognitiva (esse diagnóstico precoce é importante, porque ainda podemos atrasar a chegada da demência). Uma vez iniciada a fase demencial, a velocidade de progressão da “dissolução funcional” é variável e determina o “burden of desease”; • Desenho do relógio: maior especificidade e sensibilidade. CASOS CLÍNICOS DOENÇA DE ALZHEIMER Paciente feminina, 74 anos, casada, moradora da zona leste de Porto Alegre, veio a consulta acompanhada do esposo de 75 anos. Familiar refere que paciente está “esquecida”, início há 12 meses e piora gradual. Lembra de fatos antigos (córtex temporal), como onde morou na infância, mas não sabe referir o que almoçou ontem. Toma banho sozinha, alimenta-se sozinha – apesar de não fazer a própria comida. Nega sintomas de depressão e ansiedade, alucinações ou dificuldades motoras. MEEM: 20/30. CDR: 1 Demência Leve 10 anos de escolaridade. Exame de RM de encéfalo: atrofia hipocampal (Scheltens IV – graduação do hipocampo), atrofia cortical global, sem processos expansivos ® Doença de Alzheimer (prejuízo funcional). DEMÊNCIA VASCULAR Paciente de 70 anos, viúvo, hipertenso, diabético, fumante, uso irregular de medicamentos, apresenta quadro de dificuldade de marcha e coordenação motora, com quedas frequentes ao longo de 7 meses, com lenta e gradual evolução. Mostra déficit cognitivo em especial com funções de memória, ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 13 atualmente com sintomas depressivos, choros e queixas sobre a vida. Ao exame de ressonância magnética encefálica sem contraste, apresenta microangiopatia avançada, várias áreas de infartos lacunares ® Demência Vascular. DEGENERAÇÃO LOBAR FRONTO-TEMPORAL Paciente feminina de 58 anos, casada, moradora do Moinhos de Vento, trazida por filha, que refere “comportamentos inadequados” da mãe há cerca de 9 meses, progressivamente pior. Apresenta inadequação social, fala fluente, porém com vocabulário ofensivo e hipersexualizado. Demonstra comportamento apático e aumento expressivo da ingesta alimentar. Nega sintomas de esquecimento – memória recente preservada. Ao exame cognitivo: MEEM 28/30, escolaridade: 20 anos. Ao conversar, expressa-se pouco. Ao exame de ressonância magnética encefálica sem contraste, apresenta atrofia de região frontal bilateral, hipocampos preservados, sem processos expansivos ou lesões vasculares prévias ® Degeneração lobar fronto-temporal. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO LEVE Paciente proveniente de Porto Alegre, 68 anos, viúva, professora universitária aposentada, pós- graduada em literatura. Há 2 anos iniciou com queixas de declínio de memória recente. Os déficits são percebidos tanto pelos familiares, quanto pela paciente. Apesar das queixas, continua participando do grupo de leitura em que ministra aulas como voluntária, além de estar gerindo adequadamente suas finanças. Após investigação, ficou evidenciado déficit isolado de memória episódica imediata e tardia e desempenho satisfatório com as funções executivas, linguagem, atenção, praxias e habilidades viso-espaciais. Não exibe sintomas psiquiátricos (ansiedade e depressão) e tanto as atividades funcionais, quanto básicas de vida diária estão preservadas. Padrão metabólico de glicose (PET): hipocaptação bilateral temporoparietal, precuneus e cíngulo posterior ® Transtorno Neurocognitivo Leve. DEGENERAÇÃO LOBAR FRONTO-TEMPORAL Padre, 70 anos, atrofia frontal bilateral, memória verbal e visual normais, linguagem normal, funções executivas deficitárias. A comunidade de sua igreja não quer seu retorno, pois o considera pouco responsável, atualmente agressivo com a comunidade, desobediente e impaciente ® Degeneração lobar fronto-temporal. DOENÇA DE ALZHEIMER PRECOCE Paciente feminina, 55 anos. MEEM (teste cognitivo): 3/30 = déficit importante. Não conseguiu realizar funções executivas, memória imediata = déficit (recordou 3 palavras em 15), memória tardia = nenhuma recordação. Em relação a linguagem, déficits importantes na expressão e compreensão. Anomia = 4/60 (Boston). Placas B-amiloides tomaram conta do cérebro. DEMÊNCIA FRONTO-TEMPORAL Fenótipo afasia progressiva primária. Características: • Alterações comportamentais e de linguagem; • BNT: 0/60; • Funções executivas e memórias: déficit; • Quase não tem placas beta-amiloide no exame, tem acúmulo de proteína TAU. DOENÇA DE ALZHEIMER Paciente de 80 anos, muito ativo profissionalmente, paciente colaborativona avaliação cognitiva. MEEM: normal, atenção e flexibilidade mental normal, memória imediata normal, linguagem normal; memória tardia = déficit. Neuraceq positivo, placas beta amiloides chegam ao córtex. Mas, por ser muito ativo, tem muita reserva cerebral e tem ambiente de estímulo para ele – logo, apesar de estar tomado por placas, o cérebro ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 14 continua funcionando relativamente bem (embora não vá funcionar por muito mais tempo). DOENÇA DE ALZHEIMER Paciente de 65 anos com comprometimento inicial da memória recente. RM = atrofia dos hipocampos, lobos temporais e parietais. PET – FDG = hipermetabolismo bi-temporal, bi-parietal e cíngulo posterior. AFASIA PROGRESSIVA PRIMÁRIA Paciente de 63 anos. Variante da demência fronto- temporal, com comprometimento inicial da linguagem. • RM = atrofia temporal e fronto-parietal assimétrica; • RM por difusão (feixes de fibras nervosas que conectam regiões de interesse no cérebro): diminuição da conectividade entre áreas de linguagem, HE; • FDG = hipometabolismo frontoparietal unilateral. ENVELHECIMENTO NORMAL E ESTRUTURA DO CÉREBRO Em idoso (cerca de 80 anos), é normal que ocorra atrofia do volume cortical e alargamento dos ventrículos e sulcos – o cérebro também envelhece na estrutura e no metabolismo funcionamento nem sempre acompanha envelhecimento das estruturas. Variabilidade individual é muito grande, nem sempre achados de imagem caracterizam o estado que a pessoa se encontra cognitivamente. Transtorno depressivo maior AVALIAÇÃO INICIAL PASSOS E ESTRATÉGIAS DA AVALIAÇÃO INICIAL • Avaliação de sintomas somáticos e condições de saúde: o Investigar sintomas somáticos (físicos) como alterações de peso ou sono o Investigar desordens orgânicas através de exames complementares; o Aguardar uma investigação completa a respeito dos sintomas somáticos e desordens orgânicas antes de iniciar tratamento medicamentoso; • Avaliação de sintomas de humor e cognitivos; • Avaliação de estressores; • Avaliação de características da personalidade e funcionamento prévio; • Avaliação da história familiar; • Avaliação de prejuízos funcionais, gravidade e riscos; • Suporte social: o Com quem mora? o Tem suporte social para acompanhar durante o tratamento? • Uso de substâncias: o Exemplo: o uso de benzodiazepínicos a longo prazo pode provocar sintomas cognitivos como desânimo ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 15 e perda de energia ® fazer diagnóstico diferencial com depressão. QUESTIONÁRIO SOBRE A SAÚDE DO PACIENTE PHQ-0 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Episódios maníacos com humor irritável ou episódios mistos: avaliação de critérios maníacos ® euforia, diminuição da necessidade de sono, fuga de ideias, taquilalia, humor irritável e mudança do padrão de exposição a riscos; • Transtorno de humor devido a outra condição médica: hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, neoplasia, AVC, anemia, gripe; • Transtorno depressivo ou bipolar induzido por substância/medicamento (drogas depressoras): benzodiazepínicos ® orientação à descontinuidade e diminuição da dose; • Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: distratibilidade e baixa tolerância à frustração; • Transtorno de adaptação com humor deprimido: resposta a algum estressor identificável sem fechar critérios de TDM ® exemplo: perdas ou términos amorosos; • Tristeza: não satisfaz os critérios de gravidade, duração ou prejuízo funcional. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-5 • Presença de sintomas: presença de 5 ou mais sintomas (1 principal + 4 adicionais); o Sintomas obrigatórios: presença de pelo menos 1 desses sintomas: ® Humor deprimido: humor deprimido na maior parte do dia ou quase todos os dias *em crianças pode ser humor irritável; ® Anedonia: acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades; o Sintomas adicionais: presença de pelo menos 4 desses sintomas: ® Perda ou ganho significativo de peso ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias; ® Insônia ou hipersonia; ® Agitação ou retardo psicomotor (melancolia) ® exemplo: lentificação no pensamento ou no movimento; ® Fadiga ou perda de energia; ® Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada; ® Diminuição da concentração ou indecisão quase todos os dias; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 16 ® Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio; • Duração: no mínimo 2 semanas; • Gravidade; • Prejuízo: deve provocar prejuízos funcionais (ocupacional, laboral, acadêmico ou social). AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE E NÍVEIS BÁSICOS DE CUIDADOS AVALIAÇÃO CLÍNICA DA GRAVIDADE • Número de sintomas depressivos: o Depressão leve: presença de 5 ou 6 sintomas depressivos; o Depressão moderada a grave: presença de 7 ou mais sintomas depressivos; • Intensidade dos sintomas: o Avaliação do nível de sofrimento e prejuízo funcional; • Indicadores de gravidade: o Tentativa prévia de suicídio ou intenção de suicídio; o Sintomas psicóticos. Estratificação de risco de suicídio NÍVEIS DE CUIDADO • Níveis de atenção: o Atenção primária em saúde: ® Episódio depressivo inicial sem tratamento ou em estágio inicial de tratamento; ® Usuário egresso da atenção especializada com quadro estável há pelo menos 6 meses; ® Usuário que não consegue acessar serviço especializado por outro motivo; o Atenção especializada: ® Centro de atenção psicossocial (CAPS); ® ESMA; ® Ambulatório hospitalar; o Emergência/internação de saúde mental: ® Risco de suicídio elevado; ® Risco de hetero-agressão elevado; ® Sintomas psicóticos agudizados; ® Agudização do quadro de transtorno mental • Condições para encaminhamento:o o Episódio depressivo refratário; o Episódio depressivo associado a sintomas psicóticos; o Episódio depressivo em paciente com episódios prévios graves como sintomas psicóticos, tentativa de suicídio ou hospitalização psiquiátrica; o Episódio depressivo associado a transtorno por uso de substâncias grave; o Intenção suicida persistente. ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 17 FERRAMENTAS AUXILIARES NO DIAGNÓSTICO ESCALAS São ferramentas auxiliares que auxiliam na triagem, na avaliação da gravidade e no acompanhamento, mas não fazem diagnóstico (o diagnóstico de depressão é clínico); • Tipos: o Questionário sobre a saúde do paciente (PHQ-9); ® Tamanho: 9 itens; ® Aplicação: autoaplicável; ® Uso: triagem, acompanhamento e gravidade; ® Pontos de corte: < 5 = sem sintomas; ≥5 até <10 = sintomas leves; ≥10 até <15 = sintomas moderados § ≥15 até <20 = sintomas moderadamente graves; ≥20 = sintomas graves; o Inventario de depressão de Beck (BDI); o Escala transversal de sintomas de nível 1 autoaplicável do DSM-5 ® Usada principalmente para triagem; ® Escore maior ou igual a 2 em qualquer item sugere investigação adicional; o Escala de gravidade depressão de Hamilton (HAM-D): ® Escala mais utilizada mundialmente; ® Aplicação pelo entrevistador; ® Tamanho: 17 itens; ® Aplicação: entrevistador; ® Uso: triagem, acompanhamento e gravidade; ® Pontos de corte: ≤ 7 pontos: sem sintomas depressivos; 8- 13 pontos: sintomas leves; 14-18 pontos: sintomas moderados; 19-22 pontos: sintomas graves; ≥ 23 pontos: sintomas muito graves. ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 18 *resposta: redução em 50% do número de sintomas na pontuação das escalas; remissão: ausência de sintomas. TRATAMENTO CLASSIFICAÇÃO • Depressão leve: o O benefício dos antidepressivos não está bem estabelecido; o Medidas não farmacológicas por pelo menos 6 semanas; ® Psicoeducação; ® Atividade física; ® Acompanhamento ambulatorial semanal; ® Psicoterapia; ® Higiene do sono; ® Técnicas decontrole de ansiedade; o Prescrever antidepressivo caso os sintomas persistirem; o Usar antidepressivo imediatamente apenas se houver história prévia de depressão moderada a grave; • Depressão moderada a grave; o Prescrever antidepressivo; o Considerar tratamento combinado com psicoterapia. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): o Classe mais utilizada, com perfil favorável de efeitosadversos (principalmente náuseas, cefaleia, diarreia e diminuição da libido); o Exemplos: fluoxetina (20-80 mg/d), sertralina (50-200mg), citalopram (20-60mg/d), escitalopram (10-20 mg/d), paroxetina (20-60mg/d), fluvoxamina (50-300 mg/d); o EA: ansiedade, insônia, cefaleia, diarreia e diminuição da libido; • Antidepressivos tricíclicos (ADT): o Classe mais antiga com mais efeitos adversos, agindo no bloqueio de receptores noradrenérgicos, serotoninérgicos, colinérgicos, adrenérgicos e histaminérgicos; o Podem apresentar distúrbio do ritmo cardíaco, hipotensão postural, constipação e boca seca; o Exemplos: imipramina (75-300 mg/d), amitriptilina (50-200 mg/d), clomiramina (75 – 200mg/d); o EA: aumento de massa corporal e sedação; • Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (ICSNs); o Classe que veio como alternativa aos ADTs; podem causar náuseas, nervosismo, insônia e disfunções sexuais; o Exemplos: venlafaxina (75-225 mg/d), desvenlafaxina (50-100mg), duloxetina (60-200mg); o EA: ansiedade, insônia e disfunções sexuais; • Outros ADs: o Mirtazapina (30-45mg): AD tetracíclico; sedação, ganho de peso e efeito ansiolítico; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 19 o Bupropiona (150-300mg): menor incidência de efeitos sexuais, tratamento do tabagismo e sintomas melancólicos; o Vortioxetina (5-20mg): AD multimodal; o Trazodona (50-600mg): AD atípico; mais utilizado como hipnótico e ansiolítico em doses baixas. TRATAMENTOS ALTERNATIVOS E COMPLEMENTARES • Exercício físico: o Pelo menos 30 minutos de exercício supervisionado de intensidade moderada pelo menos 3 vezes por semana por no mínimo 9 semanas; o Recomendado como monoterapia de primeira linha para TDM leve a moderado e como tratamento adjuvante de segunda linha para TDM moderado a grave; o É uma atividade física estruturada, geralmente supervisionada e realizada com o objetivo de manter ou melhorar a condição física ou a saúde. Não há evidências de superioridade entre o exercício cardiovascular (aeróbico) como o de resistência (anaeróbico). ACOMPANHAMENTO FASES DO TRATAMENTO • Fase aguda: 2 a 3 meses; o Objetivo central: eliminação dos sintomas (remissão) com retorno ao funcionamento pré-mórbido; o Objetivo secundário: diminuição dos sintomas (resposta); • Fase de continuação: 4 a 9 meses; o Objetivo central: manter o progresso e evitar recaídas dentro do mesmo episódio; o Ao final dessa fase o paciente é considerado recuperado do episódio o Se indicado, fazer descontinuação gradual do tratamento; • Fase de manutenção: 1 ou mais anos; o Objetivo central: evitar novos episódios; o Recomendada aos pacientes com alta probabilidade de recorrência. CARACTERÍSTICAS DO ACOMPANHAMENTO • Fase aguda; o Frequência de acompanhamento: consultas semanais nas primeiras semanas; o Tempo para resposta: 2-4 semanas; • Fase de continuação; o No mínimo 6 meses de continuação; • Fase de manutenção: o Episódios recorrentes; o Sintomas residuais; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 20 o Gravidade dos sintomas; o Duração prolongada dos sintomas; o Comorbidades clínicas ou psiquiátricas. RECOMENDAÇÕES DO CANMAT FATORES DE RISCO • Temperamentais: afetividade neagativa – neuroticismo (pré-disposição a experimentar estados negativos, pessoas mais tristes, ansiosas, medrosas e inseguras): é um fator de risco bem estabelecido para o início do transtorno depressivo maior, e altos níveis parecem aumentar a probabilidade de os indivíduos desenvolverem episódios depressivos em resposta a eventos estressantes; • Ambientais: experiências adversas da infância (quanto mais traumática e continuada, maior o risco), eventos estressores na vida (gatilhos); • Genéticos e fisiológicos: familiares de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo têm risco de 2 a 4 vezes mais elevado que a população em geral. Os riscos são mais altos para as formas de início precoce e recorrente. A herdabilidade é de 40%, e o neuroticismo representa uma parte substancial dessa propensão genética; • Modificadores de curso: qualquer transtorno psiquiátrico aumenta o risco para depressão, e comorbidades pioram o prognóstico. Condições médicas crônicas ou incapacitantes, aumentam os riscos e pioram o prognóstico mutuamente. CRITÉRIOS TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR CASOS CLÍNICOS CASO 1 Paciente masculino, 55 anos, casado, comparece a uma consulta de avaliação no posto de saúde perto de sua casa com queixas de cansaço e fraqueza. Conta ao médico de família que vem sentindo-se progressivamente mais desanimado há cerca de 2 meses, dizendo que deve estar precisando de alguma vitamina. Solicita exames e, frente aos primeiros questionamentos, nega tristeza excessiva ou choro fácil. Paciente faz uso de diazepam 5 mg/dia por conta há cerca de 6 meses, medicação prescrita para a esposa, e que diz que o acalma. Diz estar muito estressado no trabalho por conta das pressões e dificuldades financeiras, com medo de ser demitido por “não render como antes”, ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 21 sentindo-se inútil, vazio e cometendo erros por desatenção: “estou com a cabeça fraca, doutor!”. História de episódio semelhante há 5 anos, quando ficou desempregado por 6 meses e apresentou melhora espontânea, mas “agora está pior”. Avaliar nessa consulta: • Sintomas somáticos e condições de saúde; • Solicitar exames complementares; • Medicar na primeira consulta? Não, ideal é avaliar em mais de uma consulta se não for um quadro muito grave; • Sintomas de humor e cognitivos; • Avaliar estressores; • Características de personalidade (nueroticismo é fator de risco para depressão) e funcionamento prévio; • História familiar de depressão, outros transtornos mentais e tratamentos; • Avaliação funcional/prejuízos/gravidade/riscos; • Avaliar suporte social; • Uso de substâncias. CASO 2 Mulher, 32 anos, com história prévia de tratamento para depressão, vem à emergência clínica acompanhada pelo marido por quadro de sedação excessiva e desmaio. Marido a encontrou adormecida em sua cama quando chegou do trabalho e desconfiou de seu estado ao perceber cartelas vazias de diversos medicamentos ao lado dela. Após manejo inicial, paciente diz que queria dormir até problemas passarem, negando ideação suicida quando indagada. Faz uso de Fluoxetina 60 mg/dia e Clonazepam 2mg/noite e diz já ter feito ingestas excessivas antes sem repercussões, argumentando que isso provaria que não queria tirar sua vida. Como avaliar a gravidade e o melhor nível de cuidado nesse caso? Como proceder? Nesse caso, várias cartelas de medicamento e comportamento recorrente indicam situação de gravidade importante. O paradoxo do suicídio é que a pessoa altamente intencionada esconde sua intenção, justamente porque estava construindo esse desfecho e não queria ajuda ou ser interrompido. É necessário investigar ideação suicida e fazer a estratificação de risco. Avaliação da gravidade: • Número de sintomas depressivos; • Intensidade dos sintomas: grau de sofrimento, prejuízo; • Indicadores de gravidade: tentativa de suicídio prévia ou ideação suicida e sintomas psicóticos. Níveis de cuidado • Matriz de agravos; • Critérios de encaminhamento: o APS; o Atenção especializada; o Emergência/internação; • Condições que indicam necessidade de encaminhamento: o Episódio depressivo refratário: ausência deresposta ou resposta parcial. CASO 3 Médico da atenção primária recebe encaminhamento de paciente oriundo da atenção ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 22 especializada. Na carta de encaminhamento, há referência, além da descrição dos sintomas e dos medicamentos, de uma pontuação da escala de sintomas (PHQ-9 atual = 11 pontos; no início do tratamento era de 22 pontos). CASO 4 Paciente feminina, 45 anos, com quadro de depressão recorrente, vem ao atendimento na APS com quadro depressivo com reinício há 2 meses. Quadro clínico caracterizado por apatia, insônia, inapetência, perda de peso (5kg), anergia, anedonia, lentificação psicomotora e dificuldades de concentração. Diz estar muito preocupada com seu estado, pois precisa ajudar seus familiares e não está conseguindo reagir. Nega ideação suicida e diz não se reconhecer nesses estados, pois costuma ter muita vitalidade. Nega episódios (hipo)maníacos prévios. Qual deve ser a intervenção terapêutica? Como escolher uma intervenção nos casos de depressão? Paciente do caso tem sintomas de depressão clássica/melancólica. CASO 4 Mulher, 44 anos, chega na consulta de acompanhamento, ela recebeu recentemente o diagnóstico de transtorno depressivo maior e começou o tratamento com Citalopram de 20mg/d há 6 semanas. Afirma sentir-se feliz de novo, sem depressão, crise de sono ou insônia. Seu apetite melhorou e está conseguindo se concentrar no trabalho e passar bons momentos com a família. Embora tenha sentido efeitos colaterais iniciais com o tratamento (cefaleia e diarreia ocasional), já não os sente mais. Qual o próximo passo mais apropriado para o tratamento. Epilepsia DEFINIÇÕES • Crise epiléptica: episódio súbito de atividade elétrica excessiva, podendo manifestar-se com ou sem sintomas motores, ocorrendo devido a uma alteração do controle elétrico em um ou mais áreas do encéfalo. Podem ser crises convulsivas ou não convulsivas; o Controle elétrico: envolve os íons Na+, K+, Cl-, Ca+2 ® seu fluxo gera eletricidade = o fluxo precisa ser controlado, não ultrapassando ou sendo inferior ao de valor fisiológico; • Epilepsia: manifestação de crises epilépticas recorrentes originadas por alguma doença de base ® a doença epilepsia é consequência de alguma outra doença. É SEMPRE A DOENÇA 2! ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 23 CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS • Doença 1 focal ® crises epilépticas de início focal; • Doença 1 generalizada ® crises de início generalizado; • Doença 1 desconhecida ® crises de início desconhecido; • Início focal: o Perceptivas: mantêm a conexão com o ambiente; o Não-perceptivas: desconexão com o ambiente; o Podem ser de início motor ou não motor; • Início generalizado: o Motoras: crises tônico-clônicas generalizadas (crises convulsivas); o Não-motoras: crises de ausência; • Início desconhecido: Motoras ou não. PROGRESSÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS Uma crise que inicia com aura pode ficar apenas na aura, pode progredir com uma desconexão, pode culminar com um automatismo, ser seguida por uma distonia e até transformar-se em uma crise TCG. Isso reflete a alteração de eletricidade se “deslocando”, ficando cada vez mais generalizada. • Padrão de progressão: aura ® desconexão ® automatismo ® distonia (movimentos involuntários repetidos de membros) ® generalização secundária; • Aura: sensações referidas pelo paciente, decorrentes da ativação pelo ritmo ictal de uma região cortical limitada ® manifestação clínica do foco inicial da crise (principal indicador do foco inicial – refere área cortical afetada em 90% dos pacientes); o Somatossensorial: aura sensitiva (dormência, formigamento) ® comprometimento da área somatossensorial; o Visual: comprometimento de áreas occipitais; o Auditiva: comprometimento da área temporal lateral; o Olfatória: comprometimento do lobo temporal; o Motora: comprometimento do lobo frontal; o Deja-vú: comprometimento da região hipocampal. TIPOS DE CRISE • Epilepsia benigna da infância ou rolândica: doença leve e benigna que tem recuperação com o tratamento; • Epilepsia mioclônica juvenil: aumento do risco de crise com a privação de sono, ingestão de álcool ou cansaço; o Convulsões: crises tônico-clônicas generalizadas; o Mioclonias: crises fracas e localizadas ® movimento brusco do músculo enquanto acordado (espasmos musculares); • Crise tônico-clônica generalizada (convulsões): crises com manifestações motoras em todo o corpo; o Componente tônico: hipertonia; o Componente clônico: movimentos bruscos dos membros; o EEC com alteração difusa; o Tratamento com ácido valpróico; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 24 • Crise epiléptica focal secundariamente generalizada: a crise inicia-se focalmente com movimentos automáticos e repetitivos e depois se generaliza; • Ácido valpróico não funciona; • Crise epiléptica focal com automatismos: o Movimentos repetidos com um dos membros, sendo que o outro fica distônico (duro); o Típico de crise focal de regiões temporais/frontotemporais; • Crise de desabamento: o Afeta áreas motoras de ambos os hemisférios; o Interneurônios inibitórios são mais numerosos do os neurônios motores na medula; o Quando há uma ativação extensa do córtex, a inibição aumenta → paciente desaba; o Tratamento: crises de muito difícil controle → valproato de sódio + lamotrigina + benzodiazepínico; o Pacientes refratários: tratamento cirúrgico = secção da porção posterior do corpo caloso → desconecta fibras pré-motoras do corpo caloso → diminui a propagação entre os dois hemisférios. TRATAMENTO Muitos fármacos estão disponíveis, mas pouca eficácia: • 25% dos pacientes param de ter crises com o tratamento; • 25% não responde ao tratamento; • 50% têm um benefício com o tratamento, mas não ficam totalmente sem crises. MEDICAMENTOSO Depende do tipo de crise epiléptica e da síndrome epiléptica. • Crises focais: carbamazepina, oxcarbamazepina, fenitoína, lamotrigina, LAC, associação com benzodiazepínicos; • Crises generalizadas: valproato de sódio, etossuximida, LTG, associação ou não com benzodiazepínicos; • Canabidiol: epilepsias refratárias graves em crianças; • O sucesso do tratamento medicamentoso depende do tipo da doença de base, por exemplo, as doenças estruturais como sequela de AVC, malformação vascular, tumores e displasia cortical apresentam maiores chances de dificuldade no tratamento. CIRÚRGICO • Avaliação pré-cirúrgica o Anamense: avaliação da aura (local de início → mais frequente é no lobo temporal com esclerose hipocampal) o Semiologia por vídeo: tipo de crise, movimentos, membros envolvidos; o Eletroencefalograma interictal e ictal: avaliação elétrica da atividade neuronal; o Exames de imagem: ® Ressonância magnética: avaliação de neurônios patologicamente afetados; ® PET scam: avaliação de neurônios metabolicamente disfuncionais; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 25 • Avaliação neuropsicológica: o Double córtex: faixa de neurônios em heterotopia que levam a conexões aberrantes e intensa atividade epileptiforme; o Calosotomia: ressecção da parte posterior do corpo caloso, preservando as fibras motoras e pré- motoras que cruzam na região anterior do corpo caloso. CONSEQUÊNCIAS DAS CRISES EPILÉPTICAS • Disfunção neuronal: a maior parte das crises não causa morte neuronal, mas sim uma disfunção no neurônio → alterações comportamentais ou de memória • Paralisia de Todd: disfunção transitória dos neurônios motores envolvidos numa crise. Transtornos do movimento NEUROFISIOLOGIA • Sistema piramidal: área motora primária do córtex cerebral; o Movimentos voluntários; o Movimentos finos e pensados; o Manutenção da força muscular; o Destreza de movimentos distais; • Sistema extrapiramidal: gânglios da base (núcleo caudado, putamen, globo pálido externoe interno, núcleo accubens) e substância nigra do mesencéfalo; o Movimentos automáticos; o Não precisa “pensar” para realizar tarefas. VIAS DOPAMINÉRGICAS • Via nigro (meso)-estriatal: neurônios dopaminérgicos da substância nigra liberam dopamina (-) no estriado → a dopamina inibe a liberação de GABA (-) pelos neurônios gabaérgicos do estriado → não ocorre inibição do globo pálido pelo GABA (-) → globo pálido libera glutamato (+) → automação e fluidez de movimentos; o Sintomas da doença de Parkinson ocorre de degeneração da substância nigra; • Via mesolímbica: neurônios dopaminérgicos da substância nigra liberam dopamina no sistema límbico → busca e sinalização de recompensas (bem-estar, prazer e excitação); • Via mesocortical: neurônios dopaminérgicos da substância nigra liberam dopamina no córtex → organização do pensamento, atenção e inibição de interferências para atingir objetivos. PARKINSONISMO Doença nos gânglios da base por redução da quantidade de dopamina – tem várias causas, não necessariamente Parkinson, como a medicamentosa (neurolépticos). Tétrade: • Rigidez muscular; • Bradicinseia; • Tremor de repouso; • Instabilidade postural. TREMORES • Movimento a mais, ao passo que todos os outros sintomas do Parkinsonismo são coisas a menos. Diminuição da estabilidade do movimento, ocorre um desequilíbrio; • Podem ser: o Fisiológico = nervosismo, ocorre em circunstâncias específicas (maior liberação de adrenalina e noradrenalina) – é um tremor mais postural, não é tremor de ação; o Medicamentoso = remédios interferem em vias neurais na liberação de neurotransmissores (como adrenalina e noradrenalina); ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 26 o Essencial = mais frequente que tem, importante diferenciar do parkinsoniano, é um tremor que não vem acompanhado de nenhum outro sinal do parkinsonismo, só o tremor; não tem tremor em repouso, é na ação e na postura; o Parkinsoniano: tremor de repouso, vem acompanhado de outras manifestações (bradicinesia, instabilidade postural, rigidez, lentidão de movimento); o Cerebelar: tremor que ocorre quando estou concluindo movimento que necessita de precisão = é um tremor de intenção. DOENÇA DE PARKINSON FISIOPATOGENIA Degeneração progressiva dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra → menor liberação de dopamina (-) pelos neurônios dopaminérgicos → menor inibição da liberação de GABA (-) pelo estriado → maior liberação de GABA (-) e consequente maior inibição do globo pálido → menor liberação de glutamato (+) → movimentos trancados. CLÍNICA • Rigidez muscular ou hipertonia: marcha em bloco, hipomimia e roda denteada; • Bradicinesia (lentidão de movimentos): dificuldade para virar-se e levantar-se, micrografia); • Tremor de repouso: tremor predominante em repouso, reduz com postura e ação, frequentemente unilateral e acompanhado de rigidez e bradicinesia; • Instabilidade postural; • Marcha curvada. TRATAMENTO • Tipos: formas de resgatar a função dopaminérgica; o Levodopa: aumento da disponibilidade do precursor levodopa aumento da produção de dopamina pelos neurônios dopaminérgicos remanescentes; o Inibidores da MAO e COMT: inibição das enzimas MAO e COMT que degradam dopamina na fenda sináptica → aumento do tempo de disponibilidade de dopamina na fenda sináptica; ® Ex: selegilina e entacapone; o Agonistas de receptor dopaminérgico: agonistas dopaminérgicos ativam os receptores dopaminérgicos pós- sinápticos; ® Ex: pramipexole e rotigotina; • Alvos: o A síntese e liberação de dopamina pelos neurônios remanescentes da substância nigra; o A poupança da dopamina liberada na sinapse por aumentar o tempo de ação nos receptores; o Substituição da dopamina por agonistas da dopamina • Fases do tratamento: o Controle: controle muito bom dos sintomas, pela maior parte do dia, nos primeiros anos de tratamento; o Wearing-off: progressiva redução da duração do efeito; o On-off: estágio de imprevisibilidade → pode ocorrer episódios com falta de dopamina ou episódios com excesso de dopamina – oscilações ficam cada vez maiores com a progressão da doença; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 27 o Fase terminal: a perda dos neurônios dopaminérgicos resulta em up- regulation dos receptores dopaminérgicos do estriado, levando a um desequilíbrio da transmissão dopaminérgica e a movimentos excessivos (discinesia e tiques); • Complicações do tratamento: o Excesso de atividade dopaminérgica nos sistemas meso-límbico e meso- cortical levam a alterações comportamentais como discinesias (estado super on), delírios e alucinações. CASOS CLÍNICOS CASO 1 Uma senhora com 71 anos de idade, cognitivamente bem e sem história de problemas neurológicos prévios, vem à consulta em função de tremor de mãos e da cabeça. Queixa-se de dificuldade para trazer um copo ou uma xícara à boca e se constrange em eventos sociais pois treme quando gesticula, especialmente quando está mais tensa. Não há queixas quanto à mobilidade e, além de tremor simétrico nas mãos e também na cabeça, com acentuação na manutenção de posturas, não há alterações ao exame neurológico. Expressa preocupação de estar com doença de Parkinson. Diagnóstico: tremor essencial → predominante em ação, sem outras manifestações parkinsonianas → tratamento com primidona ou propranolol. CASO 2 Um homem de 60 anos de idade, pescador frequente, destro, relata que há 1 ano e meio vêm sentindo dificuldades progressivas de movimento com o braço direito, associadas a sensações como se o braço estivesse estranho. Consegue funcionar normalmente, fazendo a barba, se alimentando, etc, mas com alguma dificuldade. Consultou ortopedistas e fez extensa avaliação da coluna cervical e articulação do ombro, que mostraram alterações degenerativas, porém consideradas como esperadas para a idade. Foi indicado que fizesse tratamento fisioterápico. O exame neurológico mostra rigidez muscular no braço direito, em especial na articulação do punho, além de discreta lentificação para realizar movimentos alternados com as mãos e os dedos. Não há alterações de marcha e nem tremor. Diagnóstico: doença de Parkinson → sinais parkinsonianos e exame neurológico (rigidez, lentificação de movimentos) e evolução do quadro. CASO 3 Um homem de 69 anos de idade, com doença de Parkinson desde os 55 anos, apresenta intensas flutuações motoras ao longo do dia e está em uso de 1600 mg/dia de levodopa, 2 mg/dia de Pramipexole e 1 mg/dia de Rasagilina. A queixa mais importante é que quando não está ‘travado’, apresenta intensos movimentos dos braços, pernas e tronco, como se estivesse ‘dançando’. Tem perdido muito peso e se queixado de sudorese intensa associada a estes movimentos. Diagnóstico: complicações do tratamento da doença de Parkinson. Doenças do sistema nervoso periférico São muito prevalentes, embora menos estudadas do que as do SNC. Unidade motora: desde o corno anterior da medula até as fibras musculares inervadas (nervos espinhais, plexo, nervos periféricos, músculos, etc). DOENÇAS DO NEURONIO MOTOR TIPOS • Esclerose Lateral Amiotrófica: o Doença degenerativa e progressiva que acomete neurônios superiores, ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 28 bulbares (do 9o ao 12o par craniano) e inferiores; o Doença do neurônio motor mais comum (85%); o Idade de início: maioria 50-65 anos - pico com + 65 anos; o Sobrevida média são de 3 anos; o Maior parte dos casos são esporádicos (5 a 10% dos casos são familiares – herança autossômica dominante incompleta é a mais comum); o Adquirida tem predomínio em homens; o Clínica: ® Neurônio motor superior: espasticidade, rigidez, hiperreflexia, fraqueza, sinal de Babinski, marcha em tesoura (espástica) e clônus (ativação repetida do reflexo em resposta a estímulos – geralmente inesgotável); ® Neurônio motor inferior(sistema periférico): fraqueza, atrofia muscular, cãibras e fasciculações*; ® Neurônios bulbares: disfagia, disartria, anartria (não consegue mais falar) e atrofia e fasciculações da língua; o Instalação clínica: fasciculações e cãibras → fraqueza e atrofia muscular de início distal e assimétrico → acometimento bulbar → acometimento da musculatura respiratória; o Outras características: sensibilidade e funções mentais preservadas, mantém a cognição; o Membros: fraqueza e atrofia de início distal e assimétrico de evolução ao longo do neuroeixo com o envolvimento de neurônios motores contíguos; o Musculatura respiratória: acometida tardiamente nos casos de início apendicular, mas mais precoce nos bulbares. A musculatura respiratória será ́ afetada mais tardiamente se a instalação começar pelos membros e mais precocemente se a instalação começar pelo bulbo, pois o centro respiratório está no bulbo; o Esfíncteres preservados: não são músculos estriados/voluntários; • Atrofia muscular primária: o Acometimento apenas de neurônio motor inferior; o Predomínio em homens o Perda das células do corno anterior da medula sem sinais bulbares e de neurônio motor superior por um período de, pelo menos, 4 anos; o Sobrevida média de 7 anos e meio; o Cerca de 10% dos casos do neurônio motor – é a segunda mais comum; o Idade de início: 48 anos; • Paralisia bulbar progressiva: o Degeneração preferencial dos núcleos bulbares sem envolvimento do corno anterior da medula e do neurônio motor superior de forma significativa; o Pior prognóstico por afetar núcleos bulbares que estão próximos ao centro cardiorrespiratório; o 1-2% das doenças do neurônio motor; predomínio em homens; o Acomete pacientes mais idosos; o Sobrevida média: 1 ano 6m – 2 anos. • Esclerose lateral primária: o Neurônio motor superior; o Tetraparesia espástica com predomínio nos membros inferiores; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 29 o Disfunção do trato córtico-espinhal sem perda de células do corno anterior da medula ou da região bulbar; só tem neurônio motor superior – é como se tivesse um AVC e fosse piorando. 1-3% das doenças do neurônio motor; tetraparesia espástica com predomínio nos membros inferiores. DIAGNÓSTICO • Eletroneuromiografia: 4 membros e face; • Deglutograma: avaliação da disfagia; • Espirometria: avaliação da capacidade vital. TRATAMENTO • Farmacológico: o Riluzole 50 mg VO 12/12h longe das refeições. Aumenta a sobrevida em 3-4 meses se começar precoce, mas não modifica a sobrevida em casos avançados; benefício superior em casos de início bulbar; o Edaravone 30mg 2amp IV em ciclos de 14 dias com intervalos de outros 14 dias: neuroprotetor em paciente com AVC, não aumentou a sobrevida; em pacientes mais jovens no início da doença melhora os sintomas. O que melhora a qualidade de vida (aumenta mais expectativa de vida do que a medicação) é diminuir a chance de o paciente ter complicações respiratórias, não deixar a pessoa ter complicações alimentares, cuidar da dieta, vacinação. Cuidar para pacientes não perderem peso, para não perder massa muscular, mas muitos têm dificuldade de deglutição e acabam emagrecendo. Cuidar para paciente não fazer infecção respiratória por infecção: via alternativa para o paciente comer - sonda direto do estômago. O ideal é ser via endoscópica. Insuficiência respiratória: BiPAP – ajuda a respirar melhor, descansar melhor, acumulando mais energia ao longo do dia. Em alguns casos pode ser feito traqueostomia. Tratamento deve ser multidisciplinar: neurologista, gastrenterologista, fisioterapeuta, psiquiatra, pneumologista, nutricionista, fonoaudióloga. Lembrar: doença incurável NÃO é sinônimo de doença intratável! • Sintomático: o Gastrostomia: sonda diretamente no estômago para impedir a perda muscular decorrente da perda de peso o Suporte ventilatório: bipap → evita infecções respiratórias; o Constipação: dieta rica em fibras e líquidos; o Cãibra: baclofeno, diazepam e fenitoína; o Dor: analgésicos não narcóticos; o Sialorreia: anticolinérgico, toxina botulínica, radioterapia e cirurgia; o Espasticidade: baclofeno; o Depressão: amitriptilina; o Relaxantes musculares. RADICULOPATIAS HÉRNIA DE DISCO Fisiopatologia: Protrusão/extrusão do disco intervertebral → compressão neural pelo disco intervertebral. Geralmente tem sintomas sensitivos e motores. Clínica • Parestesia, dormência e formigamento; • Dor em irradiação aos dermátomos; • Hipoestesia (diminuição da sensibilidade); • Hiporreflexia da raiz acometida; • Fraqueza muscular da raiz envolvida (pé caído → L5); • A raiz mais acometida é L5 seguida de S1; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 30 • Hipoestesia, parestesia, fraqueza e dor em irradiação, dá-se por compressão neural pelo disco intervertebral ou por qualquer outra estrutura; • Estiramento de raiz irritada - dor em irradiação, em crises, geralmente dor não é constante; • Dor lancinante (muito forte) em irradiação com distribuição espacial direita (<4 ou 5 cm) - radiculopatia – segue direção do dermatoma; • Dor crônica e constante/ dolorimento de difícil localização é sinal de lesão muscular e/ou ligamentar, e não de radiculopatia; • Hiporreflexia da raiz acometida; • Sinal clássico: sinal de Laségue (levanta-se a perna do paciente até que a dor apareça – cerca de 45o; nesse momento, faz-se uma flexão do joelho. Havendo redução e/ou desaparecimento da dor, o sinal é considerado positivo para o diagnóstico de hérnia discal); • Spurling: inclina cabeça do paciente e aperta, gira, e aí vai estar comprimindo a raiz, gerando dor e irradiação. Exame físico • Sinal de Laseg: levantar a perna do paciente em 30° → dor radicular se irradia → redução da dor com flexão do joelho; • Dermátomos: irradiação da dor: o C6: primeiro dedo (às vezes segundo dedo); o C7: terceiro dedo (às vezes segundo dedo); o C8 e T1: quarto e quinto dedos; o T4: linha do mamilo; o T10: linha do umbigo; o L4: face medial da perna; o L5: face lateral da perna até o dorso do pé; o S1: face posterior da perna até a planta do pé. Radiculopatias lombossacras = L5-S1 • Clínica: radiculopatias lombossacras são as mais comuns (62-90%), acometendo, principalmente, L5 e S1; as lesões cervicais são acometidas em muito menor frequência (mais comum em C7) e as torácicas são muito raras (cerca de 1% dos casos); • Mais frequentemente unilaterais: o Dor com irradiação bilateral: 25%; o Dor com irradiação unilateral: 68%; o Sem dor: 7%; o OBS: se hérnia for cervical, é muito raro ser bilateral; o OBS 2: se for lombar, é mais comum ser bilateral, mas é ainda mais comum ser unilateral; • Hipoestesia, parestesia, fraqueza e dor em irradiação se dão por compressão neural pelo disco intervertebral ou qualquer outra estrutura. Segue o trajeto da raiz- dermátomo. Em geral, quando se comprime a raiz, em hipo/hiperparestesia, e quando se tira dá uma dor em irradiação. Dor segue aquele dermatoma, diferente da dor crônica que é de difícil localização; • Torácicas são muito raras; cervicais são quase sempre numa raiz só́. Nas lombossacras são mais de uma raiz, mas são mais frequentemente bilaterais; • Hérnia de disco na lombossacra pode comprimir só um nervo, mas com uma hérnia maior pode pegar várias raízes. Em membros inferiores tem-se mais casos de radiculopatias bilaterais, ou pegando mais de uma raiz. Diagnóstico • Eletroneuromiografia: avaliação da compressão da raiz nervosa; • Ressonância magnética: avaliação da presença de hérnia; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 31 • Diagnóstico diferencial: radiculopatia L5 x lesão do nervo fibular; o Sinal de Laseg; o Nervo fibular é responsável por colocar o pé para cima e para fora → se houver acometimento do nervo fibular, esses movimentos ficam comprometidos; o Nervo tibial é responsávelpor colocar o pé para baixo e para dentro → se houver acometimento do nervo tibial, esses movimentos ficam comprometidos; o Como os nervos fibular e tibial são da raiz L5, se houver acometimento da raiz L5, os 4 movimentos ficam comprometidos. Tratamento • Sintomático: anti-inflamatório, fisioterapia e repouso; • Cirúrgico: tratamento sintomático há mais de 2 meses e sem resultados ou se tem déficit motor agudo (grande fraqueza muscular); • Tratamento: fisioterapia, analgesia, repouso. Quando a hérnia protrui inflama, mas depois pode desinflamar. Não precisa de cirurgia em todos. Alguns pacientes precisam como aqueles que logo tiveram a fraqueza porque o nervo está comprimido demais. Casos de emergência sugerem que a raiz está sendo muito afetada, também podendo ser necessária intervenção cirúrgica. A maioria é tratamento clínico. PLEXOPATIAS • Causas: o Lesões traumáticas (acidentes, parto); o Normalmente traumáticas, acometendo especialmente adultos jovens e do sexo masculino (muito comum por acidente de moto); podem decorrer de trauma obstétrico, sendo menos grave que os quadros em indivíduos adultos; • Clínica: o Rompimento da raiz: dor; o Estiramento da raiz: fraqueza e parestesia; o Envolvimento sensitivo e motor, dependendo do tronco ou do cordão afetado; o A maior parte das lesões é no braquial, o lombossacro é dificilmente atingido; o Às vezes o trauma é tão grave que se pode arrancar a raiz. Quem tem arrancamento de raiz fica com um quadro muito doloroso. Quando é um estiramento fica com parestesia, fraqueza, anestesia/hipoestesia, mas não com muita dor crônica; o Prognóstico geralmente é ruim; o As crianças em geral recuperam a função, podem ficar com um braço menor do que outro (o músculo depende da informação que o nervo manda). Às vezes recupera até a função do braço, mas fica com uma dificuldade. Os traumáticos em geral recuperam muito pouco ou não recuperam. • Diagnóstico o Eletroneuromiografia; • Tratamento: o Fisioterapia, fármacos para dor e parestesias e cirurgia (reimplantação da raiz). NEUROPATIAS TIPOS • Polineuropatias: o Padrão simétrico e bilateral → “padrão luva e bota”; ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 32 o Dor, formigamento e dormência; o Polineuropatia axonal: acomete primeiramente nervos mais compridos e depois os mais curtos (aquileu → patelar → flexor dos dedos) – é comprimento dependente; o Polineuropatia desmielinizante (Guillan-Barré): hiporreflexia generalizada ou de membros superiores; ® Polirradiculoneuropatia inflamatória, desmielinizante, aguda e adquirida, com instalação completa em até 30 dias; ® Paralisia flácida ascendente, associada a arreflexia e a dissociação proteíno- citológica no líquido cefalorraquidiano; ® Entre 60-70% dos pacientes apresentam um quadro infeccioso 1-3 semanas antes do aparecimento dos sintoas; ® Parestesias em pés, associado a dor inespecífica na região lombar e nos membros (50%); ® Arreflexia com acometimento maior de fibras grossas e, em menor quantidadem das de pequeno calibre; ® Instabilidade autonômica: hipotensão, hipertensão, arritmia cardíaca – associado a mortalidade; ® Esfíncteres raramente afetados; ® Paralisia facial: 50% ® 30% dos pacientes têm insuficiência respiratória; ® Progride entre 2-4 semanas: 50%, 80% em 3 semanas e 90% em 4 semanas; ® A maioria dos pacientes apresentam uma recuperação funcional satisfatória ao longo de meses; o Resumo: vários nervos acometidos ao mesmo tempo e de forma simétrica “luvas e botas” – sintomas mais distais). Axonal e/ou desmielinizante. Comprimento dependente: começa pelos nervos mais comprido. Padrão de luva e bota, pode envolver axônio e mielina, mas o axônio é mais importante. Pode pegar fibra grossa (tato, vibração, propriocepção) ou fibra fina (dor, temperatura). Via posterior leva informações das fibras grossas que é o mais comum - formigamento e dormência. Fibra fina vai ter dor. Maioria adquirida (mas pode ser hereditária); • Mononeuropatias: o Síndrome do túnel do carpo: compressão do nervo mediano com dor e formigamento na mão que piora à noite (*mulheres podem ter em período gestacional); o Lesão fibular: dificuldade de colocar o pé para cima, mas consegue colocar o pé para dentro; o Resumo: um nervo só acometido. Geralmente em regiões onde o nervo está mais exposto. Síndrome do túnel do carpo (mais comum): dor, formigamento e ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 33 dormência na mão, às vezes só no território do mediano e às vezes em toda a mão. Formigamento em geral é restrito a mão, a dor às vezes pode se espalhar. Em geral mais comum em mulher entre os 40-60 anos. Sintoma pior de noite ou ao acordar. Ser mulher é fator de risco pela estrutura do punho. Algumas mulheres podem ter só́ no período gestacional. Nervos que são mais expostos podem ser mais afetados como o ulnar (no cotovelo) e o fibular (pé-caído) na cabeça da fíbula. No exame dá para ver a diferenciação entre esse e uma hérnia. • Mononeuropatias múltiplas: o Padrão assimétrico devido ao acometimento de múltiplos nervos ao mesmo tempo; o DM e vasculites são as principais causas; • Resumo: mais raro. Um nervo acometido, mas vários nervos acometidos. Assimétrica - não tem padrão em luva e bota. Não tem relação entre as lesões. Causa é diabetes mellitus e vasculites. CLÍNICA Dor, parestesia, hipoestesia, hiporreflexia e hipotonia, sintomas acentuam no inverno. EXAME FÍSICO • Testa sensibidade – Tinel e Phalen; • Reflexos miotáticos: diminuídos • (hiporreflexia): vai perdendo os “mais longes da medula”. Primeiro perde o aquileu, depois o patelar, e é raro perder bicipital e tricipital = polineuropatia axonal. Se perder todos os reflexos ou de forma assimétrica (descoordenada) = polineuropatia desmielinizante ou ganglionopatia (ex: Guillain-Barré); • Aquiliana: polineuropatia axonal; • Generalizada ou MMSS: polineuropatia desmielinizante ou ganglionopatia; • Tônus: hipotonia ou hipertonia. Obs: nunca vai ter hipertonia com neuropatia, a não ser que haja outro problema junto; • Sintomas: hipoestesia, sensação de paretesias e dor (lancinante, contínua ou em queimação); o “Comprimento dependente” (em luva e bota) - úlceras nos pés (não sente que está com lesão, tem que fazer busca ativa – principalmente em pacientes diabéticos) e articulação de Charcot; • Sinais: redução da sensibilidade em todas as modalidades; hipo ou arreflexia; atrofia muscular leve da musculatura dos pés e da loja anterior da perna sem fraqueza excessiva. DIAGNÓSTICO • Eletroneuromiografia; • Polineuropatia axonal: hemograma, provas de função da tireoide, eletroforese de proteínas, vitamina B12 e ácido fólico. INVESTIGACAO COMPLEMENTAR Laboratório: 1) Polineuropatia Axonal: a. Hemograma - bioquímica (rotina); b. PFH - provas de função da tireoide; c. EQU - vitamina B12, ácido fólico; d. FR, ANA - eletroforese e de proteínas; 2) Polineuropatia Desmielinizante: a. Punção lombar (ver se tem dissociação proteíno-citológica); ANNA LUIZA FERREIRA – ATM 25 34 b. Avaliação genérica; 3) Ataxia Sensitiva: a. Prova reumatológica (SSA, SSB); b. Biópsia de lábios e/ou de parótidas; c. Anticorpo anti-Hu. Eleutroneuromiografia: Neuropatia axonal: amplitude diminuída e velocidade normal ou diminuída. Outros: biópsia muscular, testagem genética, testes sensitivos quantitativos, biópsia de pele OBS: só se consegue fazer o diagnóstico de mais ou menos 50% das neuropatias. TRATAMENTO • Polineuropatias axonais: tratamento da doença de base, amitriptilina, carbamazepina e fisioterapia; • Polineuropatias desmielinizantes: imunoglobulina humana, plasmaferese e corticoterapia; o Deve ser instituído o mais breve possível (7 – 10 dias); o Cerca de 10% dos pacientes apresentam uma piora após
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