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1 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi N1- HAM Semana 1 Saúde mental -entrevista do paciente Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente 02. Demonstrar adequadamente as estratégias 03. Trabalhar Aliança terapêutica Semana 2 Endocrinologia: Retinopatia diabética Objetivos: 01. Demonstrar as técnicas de oftalmoscopia 02. Identificar os achados da fundoscopia no paciente diabético 03. Interpretar os achados Semana 3 Endocrinologia: hipoglicemia Objetivos: 01. Avaliar adequadamente um paciente na emergência (diabético com hipoglicemia) 02. Realizar a glicemia capilar 03. Interpretar o resultado Semana 4 Endocrinologia: hiperprolactinemia Objetivos: Semana 5 Endocrinologia: Automedicação -"Cushing" Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente 02. Realizar adequadamente o exame físico 03. Interpretar o resultado de exames Semana 6 Endocrinologia: Hipotireoidismo Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente (hipo) 02. Realizar adequadamente o exame físico 03. Interpretar o resultado de exames(T3,T4,TSH) Semana 7 Sistema nervoso: Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente (AVCisquêmico) 02. Realizar adequadamente o exame físico 03. Descrever os achados na tomografia de crânio 04. Interpretar os achados Semana 8 Saúde mental: Manejo do paciente agitado e agressivo na emergência Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente (etilista crônico com delirium tremens agitados em unidade de emergência) 02. Manejar o atendimento ao comportamento agitado e agressivo (descalonamento, contenção química e física) Semana 9 Sistema nervoso: epilepsia Objetivos: 01. Realizar o atendimento do paciente (em crise convulsiva) 02. Classificar a crise apresentada 03. Realizar a abordagem inicial ao paciente com crise convulsiva 2 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Semana 1 Teoria: Aspectos clínicos nas psicopatias. A Aliança Terapêutica como elemento fundamental do processo psicoterapêutico Aspectos clínicos nas psicopatias e psicoses Conceitos Transtorno de personalidade antissocial TPAS é um padrão de comportamento socialmente irresponsável, explorador e sem culpa, que começa na infância ou no início da adolescência e se manifesta por distúrbios em muitas áreas da vida. Geralmente é um distúrbio vitalício que começa na infância e se manifesta totalmente no final dos anos 20 ou no início dos anos 30. Psicopatia A psicopatia tem sido descrita como uma construção clínica distinta do TPAS, definida por uma constelação de comportamentos antissociais e sintomas psicológicos, como falta de conexão emocional com os outros e incapacidade de culpa ou remorso. É uma forma grave de TPAS. A maioria dos psicopatas atende aos critérios para TPAS, mas nem todos os pacientes com TPAS são psicopatas. Transtorno de conduta É diagnostico em crianças e adolescentes com um padrão repetitivo e persistente de comportamento que viola os direitos básicos dos outros ou as principais normas ou regras sociais. Embora a maioria das crianças com transtorno de conduta não desenvolva TPAS no adulto, elas correm o risco de fazê-lo, com cerca de 25% das meninas e 40% dos meninos, eventualmente desenvolvendo TPAS. Psicose É uma condição da mente amplamente definida como uma perda de contato com a realidade. Os sintomas psicóticos podem aumentar o risco dos pacientes de ferir a si mesmos ou a outros ou de serem incapazes de atender as suas necessidades básicas. Epidemiologia nos TPAS • Cerca de 1 a 2% da população mundial apresenta TPAS • Homens 2 a 4% • Mulheres 0,5 a 1% • Cerca de 20 % da população carceraria é psicopata • Maior prevalência em baixo status socioeconômico (relacionando as maiores tx de desemprego e desempenho acadêmico • Apresenta maiores taxas de comorbidades psiquiátricas • Tendencia a menor expectativa de vida (acidentes, suicídios, morte por infecção/HIV, morte natural-negligência com a própria saúde) Patogênese Desconhecida, mas parece que fatores genéticos e ambientais/sociais estão envolvidos Baixos níveis de serotonina – comportamentos agressivos Neuroimagem funcional mostra hipometabolismo no lobo temporal (estruturas límbicas e paralímbicas ) e córtex pré-frontal Estrutura familiar e fatores sociais: pais abusivos, violentos, ausentes e negligentes. Colegas/amigos com comportamento antissocial semelhante. Manifestações clínicas Início nos anos pré-escolares e geralmente aos 8 anos de idade. Aos 11 anos, 80% dos casos futuros tiveram um primeiro sintoma: Conflito com os pais e outras figuras de autoridade Roubando Vandalismo Crueldade com animais ou outras crianças Problemas de comportamentos relacionados a escola Baixo desempenho acadêmico Fugir de casa Fase adulta: Baixo desempenho no trabalho Mentira patológica e uso de pseudnônimos Promiscuidade sexual e atividade sexual em uma idade mais jovem do que seus parentes. Casamentos instáveis, caracterizados por abuso físico ou emocional do cônjuge, levando a altos índices de separação e divórcio. Diagnostico com base nos critérios do DSM-5 Pelo menos 3 dos critérios 3 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi A. Um padrão generalizado de desrespeito e violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes. *1. Incumprimento das normas sociais no que diz respeito a comportamentos lícitos, conforme indicado pela prática repetida de atos que constituem motivo de detenção. *2. Enganação, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de pseudônimos ou enganar outras pessoas para lucro ou prazer pessoal. *3. Impulsividade ou falha em planejar com antecedência. *4. Irritabilidade e agressividade, indicadas por brigas ou agressões físicas repetidas. *5. Desrespeito imprudente pela segurança própria ou de outros. *6. Irresponsabilidade consistente, conforme indicado pelo fracasso repetido em manter um comportamento de trabalho consistente ou honrar obrigações financeiras. *7. Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado alguém. B. O indivíduo tem pelo menos 18 anos de idade. C. Há evidência de transtorno de conduta com início antes dos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou Bipolar. Diagnósticos diferenciais • Transtorno de personalidade limítrofe; • Transtornos por uso de substâncias; • Transtornos psicóticos ou de humor; • Transtornos explosivo intermitente; • Condições médicas como epilepsia do lobo temporal, AVC, tumor de lobo frontal, TCE. PSICOSES "Joelson tem 13 anos e sempre foi um aluno participativo nas atividades de classe, tirava boas notas e nunca repetiu de ano. Tímido, conversava pouco mas tinha vários amigos, com quem costumava sair para jogar futebol na rua. Entretanto, começou a agir diferente nos últimos meses, afastando-se do grupo dizendo à professora que seus amigos não gostavam mais dele. Começou a se interessar por assuntos "diferentes", como a história do Egito e religiões antigas. Ultimamente passa por momentos em que se torna difícil identificar se o que fala é fantasia ou realidade. Começou a usar roupas diferentes do habitual e parece mais descuidado, faltando à escola e atingindo notas mais baixas, mas não deve repetir de ano. Segundo sua mãe, Joelson se queixa de dores pelo corpo e de não se sentir bem na escola, pois se sente observado de modo diferente pelos outros alunos. No último mês pediu para trocar de escola.” Delírios, alucinações, desorganização do pensamento e da comunicação, e isolamento social. Delírios: Falsas crenças fixas a respeito da realidade,alterações do pensamento que colocam o indivíduo frente a uma percepção falsa ou sem sentido dos acontecimentos à sua volta. Alucinações: alterações dos sentidos (também chamadas alterações da sensopercepção, ou relacionadas aos sentidos da audição, visão, olfato, tato e paladar. - Causas 1. Esquizofrenia: sintomas são mais intensos e persistentes, podendo levar à deterioração de funções cognitivas e sociais, e acarretar maior prejuízo na vida pessoal e familiar. 2. Transtorno bipolar do Humor; 3. Transtorno psicótico induzido por substâncias; 4. Transtorno delirante (paranóia); Fatores de risco: • A predisposição genética em famílias com parentes próximos com algum tipo de doença mental; • O desenvolvimento fora dos padrões da normalidade na infância, como atraso escolar, dificuldade de socialização e de comunicação, também podem indicar predisposição a algum transtorno mental; • A vivência de algum trauma, como violência física, sexual ou psicológica; • O uso de drogas como a maconha, sobretudo na adolescência, pode desencadear psicoses. Características: • Comportamento estranho ou bizarro, diferente do habitual, por exemplo: mudanças no modo de se vestir, não compartilhadas por um grupo; • começar a expressar ideias com conteúdo místico-religiosos, temas incomuns ou crenças que ocupam grande parte de seus pensamentos e que são incompreensíveis ou estranhas aos outros; • Isolamento social, distanciamento de amigos e círculos sociais que costumava frequentar; 4 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi • Paranóia (percepção de estar sendo perseguido ou de ser o centro das atenções da mídia); • Agitação, insônia, irritabilidade, trocar o dia pela noite, preocupações excessivas; • Dificuldade em se concentrar ou de pensar claramente. • Cansaço excessivo ou desejo constante de dormir; • Perda de interesse ou abandono de atividades importantes em sua rotina, como trabalho, escola, lazer; • Abuso de álcool ou outras substâncias; • Hostilidade, episódios súbitos de agressividade, mudanças repentinas de humor, depressão; • Prejuízo na higiene e no autocuidado; Tratamento: 5 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Semana 2 Diabetes Hiperglicemia persistente, devido à deficiência na produção de insulina; Resistência à insulina Essas alterações levam a complicações em vários sistemas à longo prazo. A OMS estima que a DM é a terceira causa de mortalidade precoce no mundo, atras apenas de HAS e tabagismo Diabetes mellitus tipo 2 ✓ 90 a 95 % dos casos de DM; ✓ Poligênica, com forte herança familiar ✓ Forte contribuição de fatores ambientais, entre eles sedentarismo, hábitos dietéticos e obesidade; ✓ O desenvolvimento e a perpetuação da hiperglicemia ocorrem concomitantemente com hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina, aumento da produção hepática de glicose, disfunção incretínica, aumento de lipólise e consequente aumento de ácidos graxos livres circulantes, aumento da reabsorção renal de glicose e graus variados de deficiência na síntese e na secreção de insulina pela célula β pancreática. A hemoglobina glicada dá para ver a glicemia a 3 / 4 meses atras. 6 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Manifestações clínicas: Dm 1: • Poliúria, • Polidipsia, • Polifagia, • Perda de peso (emagrecimento) • Pode ter enurese e candidíase vaginal Dm 2 Os sintomas são insidiosos, podem manifestar quanto tiver alguma lesão no órgão alvo. Caso clínico Paciente de 60 anos de idade, apresenta queixas de poliúria, polidipsia, hiperpigmentação na região cervical posterior, turvação visual e infecções urinárias de repetição. Pai faleceu aos 54 anos de idade de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e mãe tem Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM tipo 2). Refere sedentarismo, mas realiza uma dieta balanceada com alimentos nutritivos e pouco gordurosos. QUAL HIPÓTESE DIAGNÓSTICA? DM QUAIS INFORMAÇÕES DO CASO ACIMA LEVOU AS HIPOTESES? Sintomas como: poliúria, polidipsia; histórico familiar. QUAIS MANIFESTAÇÕES CRÔNICAS, DECORRENTE DESSA DOENÇA, ESSA PACIENTE PODE TER OU APRESENTAR NO FUTURO? Nefropatia, retinopatia, neuropatia, IAM, ... Complicações crônicas- microvasculares Retinopatia diabética São vários os fatores que aumentam o risco de retinopatia diabética, incluindo duração do DM (em geral, a partir de cinco a sete anos de diabetes), nível de controle glicêmico (risco mais alto quanto maior a HbA1c), hipertensão arterial (associada à retinopatia proliferativa), dislipidemia (associada aos exsudatos duros), doença renal/ proteinúria, fatores genéticos (associados às formas graves de retinopatia), tabagismo, gestação e puberdade. Fatores genéticos podem ser importantes para determinar o risco de formas mais graves (proliferativa), já que nem todos aqueles com retinopatia leve evoluem para formas mais graves da doença. Os pacientes com retinopatia diabética, em geral, evoluem assintomáticos até a perda da visão, que pode ser abrupta, no caso de uma hemorragia, o que dificulta a detecção da retinopatia. Por isso, é importante fazer o rastreamento de todos os que têm diabetes, mesmo assintomáticos, com exames de FO periódicos, a fim de detectar precocemente as alterações e instituir medidas eficazes para prevenir a progressão da perda visual. Não proliferativa: microaneurismas, hemorragias puntiformes, anormalidades microvasculares. Proliferativas: formação de neovasos, hemorragia vítrea e pré retiniana, descolamento de retina, edema de papila. Edema macular: ausente ou presente — leve, moderado ou grave. 7 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Nefropatia diabética: O mecanismo fisiopatológico da doença renal do diabetes é: a hiperfiltração glomerular; Anormalidades funcionais do aparelho justaglomerular levam à vasoconstrição das arteríolas glomerulares. Em conjunto com a hipertensão arterial sistêmica e a hiperglicemia, que levam à diurese osmótica, ocorre um aumento inicial da pressão intraglomerular e da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). A hiperfiltração glomerular decorrente desses fenômenos aumenta a permeabilidade dos glomérulos à passagem de macromoléculas, inclusive a albumina. A albuminúria elevada contribui para potencializar a lesão tubulointersticial por mecanismos complexos. Portanto, a primeira anormalidade clinicamente detectável é o aumento da EUA, configurando a fase inicial da doença renal do diabetes — no passado, conhecida como microalbuminúria, nefropatia incipiente, nefropatia inicial ou nefropatia pré- clínica. Nessa fase, a alteração renal ainda é reversível se o paciente for capaz de obter e manter controle rigoroso da pressão arterial e dos níveis lipídicos e glicêmicos. Caso o paciente continue a manter níveis pressóricos elevados, o acúmulo de proteínas na matriz mesangial leva à esclerose focal e perda da função dos glomérulos afetados. Com isso, os glomérulos restantes serão expostos a um aumento ainda maior da sua taxa de filtração, com grande perda de proteínas, esclerose do mesângio e perda de função, configurando uma cascata que desencadeará aumento progressivo da EUA, ultrapassando 300 mg/24 horas, ou 300 mg/g de creatinina. Estágio 1: Hiperfiltração. Aumento da TFG com normoalbuminúria. Estágio 2: Microalbuminúria. Excreção renal entre a 30 a 300 mg/24 horas. Estágio 3: Proteinúria ou nefropatia clínica. Excreção renal de albumina maior que 300 mg/24 horas. Estágio 4: IRC Neuropatia diabética Padrão mais frequente: Polineuropatia simétrica distal. Aumento de risco para úlceras, deformidades, amputações de MMII. Dor, queimação, parestesias, alodínia, desequilíbrio, deformidades nos pés. Acometimentoautonômico é comum. Neuroartropatia de Charcot A neuroartropatia de Charcot, ou mais popularmente conhecida como Pé de Charcot, é uma complicação grave causada pelo Diabetes Melito. Consiste em uma deformidade nos ossos e articulações associados a perda de sensibilidade protetora e a traumas repetitivos. Roteiro: Sr. João tem 52 anos, hipertenso e diabetes mellitus tipo II prévios. Há cerca de 7 anos faz tratamento para Diabetes e nos últimos 6 meses passou a fazer uso de Insulina NPH 14 ui SC à noite e toma Metformina 850 mg após almoço e jantar. Hoje o Sr. João foi a consulta para renovar suas receitas e queixar-se de diminuição da acuidade visual nos últimos 5 meses. João: “Dr., vim aqui hoje para renovar minhas receitas e queixar pra o senhor que minha visão tá piorando tem uns 5 meses. Tá difícil pra assistir o jornal da noite; só consigo assistir se for muito de perto da televisão. Já deve ter uns 4 anos que não vou ao médico do olho. E tem um outro problema Dr: confesso pra o Sr que tenho comido algumas coisas erradas e tem dois dias que não faço a insulina, tô só tomando os comprimidos”. Ao exame: BEG, corado, hidratado, acianótico, anictérico ACV: RCR 2T BNF, sem sopros AR: MVUA, sem RA, eupneico Glicemia pós prandial (2 horas): 284 mg/dL PA: 160 X 80 mmHg O que se espera do aluno: 01. Demonstrar as técnicas de oftalmoscopia 8 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi 02. Identificar os achados da fundoscopia no paciente diabético 03. Interpretar os achados 04. Saber questionar o paciente sobre a má adesão ao tratamento e orientá-lo. 05. Revisar medicamentos 06. Solicitar exame necessários Retinografia colorida de retinopatia diabética não proliferativa mostrando hemorragias retinianas, exsudatos lipídicos amarelos e manchas algodonosas esbranquiçadas (infartos da camada de fibras nervosas). 9 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Semana 3 Patologias hipotalâmicas – hipofisárias Prática: hipoglicemia Hipotálamo: centro coordenador do sistema endócrino. Integra sinais derivados de entradas corticais superiores, função autonômica, sinais ambientais como luz e temperatura e feedback endócrino periférico. Envia sinais à hipófise. Hipófise: Recebe sinais do hipotálamo e libera hormônios para a maioria das glândulas endócrinas como tireóide, adrenais e gônodas. O eixo hipotálamo-hipófise influencia ainda na produção de leite, crescimento e equilíbrio hídrico Hipocortisolismo (síndrome de cushing) • Secundário (decorrente da deficiência da produção de ACTH e CRH) ocorre menos sintomas. No primário, o SRAA estimula a produção de mineralocorticóides. • Fadiga, adinamia, perda ponderal, anorexia, sonolência, hipotensão postural hipoglicemia em jejum e perda de força muscular. • Queda de pelos axilares e pubianos. Doença de Addison • Hiperpigmentação da pele. • Às vezes associado à vitiligo. Hipotireoidismo • O central apresenta menor riqueza de sintomas, podendo ser assintomáticos ou oligossintomáticos. • Astenia, sonolência, menor tolerância ao frio, pele seca e descamativa, voz arrastada, hiporreflexia, bradicardia, anemia, edema de face. • Nas crianças redução da velocidade de crescimento e baixa estatura. Hipogonadismo • Secundário leva a atraso do aparecimento das características sexuais secundárias. Ausência de desenvolvimento da telarca após os 12 anos e do crescimento testicular após os 14 anos nos meninos. • Após a puberdade nas mulheres manifesta-se com perda de libido, hipotrofia mamária, infertilidade, dispareunia, osteoporose. • Nos homens, após puberdade, ocorre astenia, hipotrofia muscular, impotência sexual, infertilidade, ginecomastia, redução de libido, azoospermia, osteoporose. Deficiência de prolactina • É raro, quando ocorre provoca agalactia puerperal. Deficiência de Gh • Redução da massa magra e capacidade para o exercício. • Aumento de LDL-c. • Aumento de tecido adiposo visceral. Hipercortisolismo • Síndrome de Cushing Obesidade centrípeta, rápido ganho de peso, hirsutismo, estrias violáceas, fácies em lua cheia, acne, gibosidade, pele fina, hipertensão arterial e diabetes mellitus, além de sintomas como depressão e ansiedade. Sintomas psiquiátricos; Adenoma hipofisário produtor de ACTH. Adenoma produtor de cortisol. Hipertireoidismo • Hiperatividade da glândula tireoide, produzindo tireotoxicose, definida como a síndrome clínica decorrente da exposição a altos níveis circulantes de hormônios tireoidianos. • Origem central leva à tireotoxicose com bócio difuso. • Ausência de oftalmopatia, dermopatia infiltrativa, e nos exames laboratoriais os níveis de TSH são altos ou normais. • Diagnóstico diferencial com doença de Graves. Doença de graves: Influência genética e predisposição familiar. Puberdade precoce • Nas meninas aparecimento dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos e nos meninos antes dos 9 anos. • Telarca diferente de lipomastia. • Pubarca o pelo é mais grosso e pigmentado. 10 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi • No menino aumento do volume testicular (>4 cm3) Aferição de volume testicular com orquidômetro de Takihara Excesso de GH • Gigantismo: antes do fechamento das epífises. Geralmente é precedido ou acompanhado de obesidade. Idade média de 13 anos. Mais precoce nas meninas. Macrocefalia é comum na infância, sendo a primeira queixa. • Acromegalia: na idade adulta. Aumento da mandíbula (macrognatia= aumento da mandíbula), mãos e pés, o que resulta em aumento do tamanho de sapatos e luvas e a necessidade de aumentar os anéis dos dedos. • Alargamento do nariz e dos ossos frontais, bem como da mandíbula, e os incisivos superiores podem se afastar. Hiperprolactinemia • Pré-menopausa causa também hipogonadismo, com sintomas que incluem infertilidade, oligomenorréia ou amenorréia e menos frequentemente galactorréia. • Em um estudo retrospectivo de 104 pacientes com hiperprolactinemia com idade entre 30 e 44 anos, foram relatados: infertilidade, dor de cabeça e oligomenorreia em 48, 39 e 29 por cento, respectivamente. Galactorréia foi um pouco menos comum (24 por cento). • Pós menopausa os sintomas são devido ao tamanho do tumor e suas complicações visuais. • Homens: Diminuição da libido, impotência, infertilidade, ginecomastia ou, raramente, galactorreia. Sintomas e sinais locais • Crescimento tumoral: síndromes de hiposecreção, hipersecreção e efeito de massa nas estruturas vizinhas podem levar a cefaleia na madrugada. • Cefaleia • Compressão do quiasma óptico, provocando, mais comumente, hemianopsia bitemporal. HAM V – SEMANA 3 Atores: médico, paciente, acompanhante. Cenário: Pronto-socorro CONTEXTO: Paciente desacordado, trazido pela acompanhante no PS, com relato de desmaio em domicílio, levando a queda da própria altura. NOTA: Espera-se que o médico descarte PCR, e interrogue detalhes sobre o ocorrido, além da HP, uso de medicações, sintomas prévios. CASO CLÍNICO: Informante: O paciente estava em casa, e por volta das 9 horas relatou fraqueza e tremores. Fui até a cozinha para buscar um copo de água e o encontrei caído na sala, ao lado do sofá. Tentei chamá-lo, mas ele não respondeu. Foi quando gritei por ajuda e o vizinho nos trouxe ao hospital. HP: Hipertenso, em uso de enalapril e HCTZ, diabético 2, com início de insulinoterapia há 08 dias, sem acompanhamento com glicemia capilar. Ao exame: Pele fria e pegajosa, hipocorado, bradipneico, não responsivo ao estímulo verbal e doloroso. Glicemia capilar: 32 PA: 80/50 mmHg FC: 60 bpm ACV: RCR 2T, normofonéticas. AR: MVF AD: Abdome globoso, normotenso, RHA +. Objetivos: 1. O aluno (Médico), deverá fazer uma anamnese direcionada e, dentro do exame físico, mensurar a glicemiacapilar, entendendo a hipoglicemia como uma das causas do desmaio. 2. O aluno deverá conduzir a hipoglicemia como uma emergência médica e iniciar a correção imediata. 3. Interpretar valores de glicemia capilar. 11 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Semana 4 Teórica: manifestações nos transtornos do córtex adrenal e síndromes exógenas associadas Prática: Hiperprolactinemia Objetivos: 1) Realizar a entrevista do paciente (jovem com disfunção erétil orgânica). 2) Realizar adequadamente o exame físico. 3) Interpretar o resultado da glicemia (normal) e prolactina (elevada). 4) Interpretar adequadamente imagem de ressonância de Sela Túrcica (Adenoma hipofisário) CASO CLÍNICO: Sexo masculino, pedreiro, casado, 2 filhos. Paciente J.P.S, 31 anos, procura atendimento em unidade de saúde devido problemas no seu relacionamento. Informa não estar tendo libido e tem percebido diminuição e até ausência de ereções, inclusive matinais. Não consegue ter mais relações sexuais com sua esposa, pois o quadro tem se agravado. Os sintomas se iniciaram há cerca de 6 anos, com piora no último ano, e isso está repercutindo no seu psicológico, pois não se sente mais o mesmo e está atrapalhando o seu casamento. Nega medicações de uso contínuo ou comorbidades, bem como alergias e tabagismo. Refere hábitos alimentares ricos em gorduras e carboidratos. É sedentário. Desconhece histórico de doenças familiares. Ao exame físico: Obeso, IMC 40, com rarefação de pelos pelo corpo, testículos com hipotrofia moderada e ausência de alterações penianas, sem outros achados dignos de nota. PA: 130/80mmHg FC 86 bpm ACV: RCR 2T bulhas normorrítmicas e hipofonéticas AR: MVF sem RA Sat O2 96% AD: Abdome globoso, sem visceromegalias, indolor à palpação, RHA +. Espera-se que o médico solicite dosagem dos hormônios para investigar a queixa do paciente. Paciente retorna em consulta com os exames laboratoriais, mantendo os sintomas. Laboratório: GJ: 98; Prolactina: 6300 ng/mL (VR: 2,1-17,7); FSH: 1,00 mUI/ml (VR: 1,1-8,0); Testosterona total: 37,4 ng/dL (VR 241-827) , TSH: 2,88 mU/L (0,3-4,0), LH: 0,12 mUI/ml (VR: 1-9), Testosterona Livre: 0,9 ng/dL (VR 2,62-16,7). Diante dos achados, faz-se necessário aprofundar a investigação com exame de imagem. No caso em questão a ressonância magnética de crânio. O resultado encontra-se abaixo: RM crânio: volumosa formação tecidual expansiva sólida, de caráter infiltrativo e com intenso realce heterogêneo após administração venosa de gadolínio, condicionando erosão do clivus e ocupando grande parte dos seios esfenoidais, muito provavelmente relacionada a macroadenoma. Tal lesão envolve circunferencialmente a porção intracavernosa da artéria carótida interna à direita e estabelece íntimo contato com as porções pré-quiasmáticas dos nervos ópticos, notadamente à direita, sem sinais de compressão destas estruturas. Mede cerca de 5,0 x 4,1 x 3,0 cm (AP xTR x CC). Haste infundibular de espessura normal desviado à esquerda da linha média. Cisterna suprasselar sem alterações. As imagens complementares do encéfalo não apresentam alterações. 12 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Conclusão do caso: Mediante o diagnóstico de Macroadenoma de hipófise foi iniciado tratamento com Cabergolina 0,25 mg duas vezes por semana, e após uma semana, aumento da dose para 0,5 mg três vezes por semana. Após iniciar o tratamento, paciente retorna queixando-se de náuseas e diarréia, dessa forma a dose da Cabergolina foi ajustada para 0,25 mg duas vezes na semana em associação com antiemético (ondansetrona 8mg). Foi solicitada nova revisão laboratorial. Paciente retorna, após dois meses, com os seguintes resultados: Prolactina: 12,2.FSH: 3,2. Testosterona total: 63,5.TSH: 2,5. LH: 0,79.Testosterona livre: 1,44. Queixa-se de cefaléia latejante e relata aumento importante da libido, mas com permanência da dificuldade para manter a ereção. Dessa forma, foi prescrito Tadalafila 5 mg diária e Clomifeno em dias alternados, Cabergolina 0,5 mg duas vezes por semana. 13 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Semana 5 Endocrinologia: Automedicação -"Cushing" – prática Exame clínico baseado em evidências: Tireoide e suas desordens – teórica Os hormônios são substâncias fisiologicamente ativas, secretadas no sangue pelas glândulas endócrinas Constituem glândulas endócrinas a hipófise, a tireoide, as paratireoides, as suprarrenais, as ilhotas pancreáticas, os ovários e os testículos. Alguns órgãos cuja função principal não é endócrina, produzem hormônios como os rins ( o coração (FAN Fator Atrial Natriuretico os adipócitos (substância reguladoras do apetite e metabolismo), células da mucosa do estômago e delgado na produção de grelina gastrina e secretina Para a adequada ação de um hormônio é necessário a presença de um receptor na superfície ou no citoplasma celular O feedback É um mecanismo de regulagem automático entre a adenohipófise e as glândulas periféricas controladas por elas. Recebe também o nome de MECANISMO CONTRAREGULADOR DE ALÇA LONGA. A regulação entre o hipotálamo e a adenohipófise é chamado de feedback de ALÇA CURTA. Os distúrbios • Diminuição ou ausência de produção hormonal (hipofunção glandular) • Excesso de secreção hormonal (hiperfunção glandular) PRIMÁRIAS: quando atinge diretamente a glândula periférica SECUNDÁRIAS: quando atinge a hipófise TERCIÁRIAS: quando atinge o hipotálamo AVALIAÇÃO DO EIXO TIREOTRÓFICO Noções da anatomia A glândula tireoide é uma estrutura única, mediana, revestida por uma cápsula, situada na porção anterior do pescoço, na altura da quinta à sétima vértebra cervical. Tem forma semelhante à da letra " H” e é formada por dois lobos laterais que se unem à linha média pelo istmo. Cada lobo, na glândula normal, mede aproximadamente 4 em de altura, 2 em de largura e 3 a 4 em de espessura Regulação eixo A função da glândula tireoide é regulada pelo eixo hipotálamo hipófise tireoide e por outros fatores como o nível de iodo. A principal regulação ocorre pela tireotrofina (TSH) ou pelo hormônio estimulador da tireoide. 14 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi O TSH aumenta a produção de hormônios tireoidianos e possui, ainda, um efeito trófico. Há incremento na produção de TSH com a liberação de tireotrofina (TRH). Com o aumento de liberação de hormônios tireoidianos, ocorre diminuição da liberação de TSH e TRH. Outros fatores locais, humorais ou neuroendócrinos podem interferir no eixo hipotálamo hipófise tireoide. Os hormônios secretados pela glândula tireoide são a tiroxina (T4) a tri-iodotironina (T3) e pequenas quantidades de precursores hormonais monoiodotirosina (MIT) e di-iodotirosina (DIT). A tireoide secreta 80% de T4 e 20% de T3. Nos tecidos periféricos, T4 é convertido em T3 com atividade biológica superior Os hormônios da tireoide atuam nos processos de diferenciação, crescimento e metabolismo, bem como no funcionamento de quase todos os tecidos. Funções dos hormônios tireoidianos Regulação do metabolismo de hidratos de carbono, lipídios e proteínas - aumento da utilização celular de glicose nos tecidos extra-hepáticos estimulam a neoglicogênese hepática, bem como a síntese, mobilização e a degradação lipídica. Além disso, participam da síntese de proteínas estruturais, enzimas e hormônios CORAÇÃO: Aumento da contratilidade e da FC. CÉREBRO: na gestação, a falta de hormônio tireoidiano, que está associada a perda de memória e sonolência, provoca danos estruturais levando à retardo mental. TERMOGÊNES, principal responsável pelo metabolismo basal, é regulada por esse hormônio; regula a temperatura basal. No osso, T3 é um determinante primário do crescimento somático pós-natal e do desenvolvimentodo esqueleto, além de ser um regulador do metabolismo ósseo e mineral no adulto. Exame clínico Sinais e sintomas As alterações locais dor, a dispneia (compressão da traqueia – é incomum), a disfonia ou rouquidão (compressão do laríngeo recorrente) e a disfagia (compressão do estomago). DOR: piora com a deglutição ou com a palpação irradiação para os arcos mandibulares ou ouvidos, acompanhada de aumento do volume da glândula DISPNEIA: manifestação incomum, causada pela compressão da traqueia, principalmente quando o paciente flete a cabeça Hiperfunção tireoidiana – hipertireoidismo Aumento do metabolismo basal, causado pelo excesso de hormônio tireoidiano. Destacam-se entre eles a hipersensibilidade ao calor, o aumento da sudorese corporal e a perda de peso. Queixas de nervosismo, irritabilidade, ansiedade, insônia, tremores, choro fácil e hiperexcitabilidade. Tais manifestações são produzidas por ação direta dos hormônios tireoidianos sobre o sistema nervoso, sendo, não raramente, confundidas com distúrbios da afetividade, decorrentes de traumas emocionais. Sistema cardiovascular: Na hiperfunção ocorrem taquicardia, palpitações e dispneia de esforço. Pode provocar fibrilação atrial, miocardiopatia tireotóxica. Aumento do volume de ejeção pode provocar a síndrome hipercinética bulhas hiperfonéticas aumento da pressão arterial sistólica e queda da diastólica (pressão diferencial aumentada), pulso rápido, com frequência entre 100 e 160 bpm. Sistema digestório: aumento da motilidade intestinal levando à diarreias Sistema reprodutor: alterações no ciclo menstrual perda do libido, impotência sexual, ginecomastia Sistema músculo esquelético: fraqueza da musculatura proximal (cinturas pélvica e escapular). Dificuldade para levantar-se, apoiar com as mãos em cadeiras, subir escadas, pentear os cabelos. Sintomas oculares exoftalmia com exoftalmopatia. Ocorre a produção de anticorpos antitecido retro orbitário com infiltração do espaço retrobulbar e dos músculos motores extraoculares por uma substância mucopolissacarídica edema e células inflamatórias. Com isso, o globo ocular é empurrado para fora – FACIES BASEDOWIANA Sistema nervoso: irrequieto, hipercinético, fala rapidamente, demonstra apreensão e costuma segurar firmemente as mãos entre os joelhos, além de apresentar tremores finos nas mãos. Observa se também hiper reflexia sendo o reflexo aquileu o que melhor traduz essa alteração. Pele e fâneros fina, sedosa, úmida e quente, devido à vasodilatação (por isso, costuma se dizer que o médico começa a reconhecer o hipertireoidiano no aperto de mão). As mãos são quentes e úmidas, diferentes das mãos úmidas e frias do estado de ansiedade. As unhas podem apresentar se descoladas do leito, denotando onicólise (unhas de Plummer. Os cabelos são finos e lisos O tecido adiposo escasso é consequência do emagrecimento, geralmente intenso Nos casos mais graves, há ausência da bola de Bichat e aparência caquética. 15 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Hipofunção tireoideana Cansaço, hipersensibllidade ao frio e tendência para engordar são as principais queixas, que podem evoluir para intenso cansaço, desânimo e dificuldade de raciocínio. Em grau mais avançado, surgem desatenção, desleixo com a aparência e com os próprios pertences, apatia, lentidão de movimento e da fala (voz arrastada, rouquenha), letargia e coma Sistema cardiovascular: bradicardia, bulhas hipofonéticas derrame pericárdico, alterações na repolarização ventricular e baixa voltagem. Constipação intestinal é frequente. Pode ocorrer ascite. Também pode ocorrer galactorreia, amenorreia, infertilidade, diminuição da libido e ginecomastia, em decorrência do aumento da secreção da prolactina, hormônio hipofisário que sofre influência do TRH Parestesias, dores musculares e articulares inespecíficas Síndrome do túnel do carpo Reabsorção do cálcio dos ossos levando à hipercalcemia( náuseas, vômitos) e osteoporose. Redução da sudorese, pele seca, unhas e cabelos quebradiços Frequentemente surge edema(não depressível) nos membros inferiores e periorbital, em virtude da retenção hídrica consequente à diminuição da filtração glomerular Facies Mixedematosa: fisionomia apática, pele infiltrada, com bolsas subpalpebrais enoftalmia e, às vezes, língua protrusa macroglossia. Se a macroglossia não for aparente, ao exame da cavidade oral pode se observar a marca dos dentes nas faces laterais da língua, evidência de que seu volume ultrapassou os limites demarcados pela arcada dentária. É comum a rarefação do terço externo das sobrancelhas. Esses pacientes apresentam se calmos e desinteressados, participam pouco da consulta e demonstram dificuldade para se lembrar de fatos e datas. A voz é rouca e arrastada. Seus movimentes são lentos, preguiçosos, levando os a demorar na execução das manobras do exame físico, tais como trocar de roupa, sentar-se e levantar- se. O exame do sistema nervoso mostra lentidão dos reflexos profundos, mais evidente no reflexo aquileu. Exame físico da tireóide Realizar inspeção, palpação e ausculta Definir forma e se o aumento é global ou localizado Durante a palpação é importante solicitar ao paciente que faça deglutições em seco. Isso provoca a elevação da tireóide. Movimentar os dedos em várias posições tentando definir a forma, volume, limites, textura e consistência e procurar de nódulos Inspeção: A palpação: Paciente sentado e examinador em pé e atrás dele (abordagem posterior). As mãos e os dedos rodeiam o pescoço, com os polegares fixos na nuca e as pontas dos indicadores e médios quase a se tocarem na linha mediana. O lobo direito é palpado pelos dedos da mão esquerda, enquanto os dedos da outra mão afastam o esternocleidomastóideo. Paciente sentado ou de pé e o examinador sentado ou de pé, postado à sua frente (abordagem anterior). São os polegares que palpam a glândula, enquanto os outros dedos apoiam se nas regiões supraclaviculares Paciente e examinador nas mesmas posições da abordagem anterior, fazendo se a palpação com uma das mãos, que percorre toda a área correspondente à tireoide. A flexão do pescoço, ou a rotação discreta do pescoço para um lado ou para o outro, provoca relaxamento do músculo esternocleidomastóideo facilitando a palpação da tireoide. Exame físico geral Exame dos olhos presença de lagoftalmia, dificuldade na motricidade ocular extrínseca, com ordem decrescente de acometimento dos músculos reto inferior, reto medial, superior, lateral, oblíquos (I’M SLOW) Imagem de Tomografia Computadorizada de órbitas no plano axial demonstrando espessamento e densificação dos componentes de partes moles pré septais (setas) 16 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Mixedema pré tibial face anterolateral da perna, mas não ficam necessariamente limitadas à área pré tibial. As lesões são placas brilhantes, vermelho acastanhadas e rugosas. Assemelham se à "pele de porco". São indolores, mas, algumas vezes, podem determinar sintomas compressivos com insuficiência vascular Automedicação -"Cushing" – prática A síndrome de Cushing é caracterizada pelo conjunto de sinais e sintomas da exposição crônica ao excesso de glicocorticoides. As causas de Síndrome de Cushing se dividem em exógenas e endógenas, sendo aquelas as mais comuns (iatrogênicas). O Cushing endógeno é dividido em dois grandes grupos: ACTH dependente, que se relacionam com problemas no eixo hipotálamo- hipofisário ou com tumores secretagogos de CRH/ ACTH, e ACTH independente, que ocorrem devido a doenças primárias da suprarrenal. Fisiopatologia 1)Doença de Cushing Refere-se ao corticotropinoma (adenoma hipofisário hipersecretante de ACTH), uma neoplasia benigna, na maioria das vezes, de pequenas dimensões(microadenoma). Predomina no sexo feminino e tem progressão lenta. Ocorre, nessa patologia, uma hipersecreção de ACTH, a qual provoca uma hiperplasia bilateral da adrenal. Os corticotrofos estão atrofiados na Doença de Cushing, inibidos pelo hipercortisolismo e pela ausência de CRH. 2)Secreção ectópica de ACTH e CRH Neoplasias não hipofisárias são capazes de secretar ACTH. Até metade dos casos se relaciona ao Carcinoma de Pequenas Células do Pulmão (oat cell). Por causa dessa associação, neoplasias secretantes de ACTH são mais comuns no sexo masculino, entre 40 e 60 anos. Em geral, nesses casos, a progressão do tumor é rápida, sem que haja tempo hábil para o aparecimento dos sintomas clássicos da síndrome. A secreção de CRH é raríssima. Os tumores mais comumente associados são: carcinoide brônquico, carcinoma medular da tireoide e Ca de próstata. 3)Atividade Suprarrenal Autônoma Nos adultos, os adenomas adrenais (benignos) são mais comuns do que os carcinomas (malignos) e predominam nas mulheres. Os carcinomas quase sempre são grandes (> 6 cm) ao passo que os adenomas costumam ser menores (< 3 cm). Ademais, é importante destacar que os carcinomas, além de secretarem cortisol, também secretam androgênios, causando virilização. 4)Cushing Iatrogênico Ocorre devido ao uso crônico de glicocorticoides. Manifestações geralmente aparecem a partir de doses de prednisona maiores ou iguais a 7,5 mg/dia. O uso prolongado causa atrofia reversível da suprarrenal. Quadro clínico As manifestações são geralmente inespecíficas, sendo comumente encontradas em pacientes obesos. Entretanto, duas características reforçam a suspeita de Cushing: 1)Desenvolvimento SIMULTÂNEO dos múltiplos sinais e sintomas, com piora progressiva de todos ao mesmo tempo. 2)Presença de fraqueza muscular proximal, atrofia cutânea, estrias violáceas >1 cm e gibosidade na região supraclavicular. -Manifestações gerais: Obesidade centrípeta progressiva, face em lua cheia, gibosidade supraclavicular, retardo no crescimento linear (crianças). -Cutâneas: Fragilidade capilar, pletora facial, estrias cutâneas largas, hiperpigmentação (somente nas causas ACTH-dependentes). -Muscoloesqueléticas: Fraqueza muscular proximal, osteopenia/osteoporose. -Metabólicas e Cardiovasculares: DM, Alcalose metabólica hipocalêmica, HAS, Trombofilia. 17 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi -Neuropsiquiátricas: Insônia, depressão agitada, labilidade emocional, euforia, psicose, déficit cognitivo. -Alterações sexuais: Oligo/amenorreia e anovulação, virilização/puberdade precoce, impotência, diminuição da libido em homens. Diagnóstico O primeiro passo consiste em demonstrar laboratorialmente a existência de um excesso de cortisol e o segundo passo consiste em descobrir a causa da Sd. de Cushing. Existem 3 exames para o diagnóstico de hipercortisolismo, sendo necessário a positivação de 2 deles para se confirmar o diagnóstico de maneira inequívoca. 1)Cortisol livre na urina de 24h: o cortisol plasmático livre é a forma ativa do hormônio. Como a urina de 24h está sujeita a erros de coleta, é necessárias 3 amostras distintas. Para ser positivo, os valores de cortisol precisam estar acima de 3 vezes o limite superior de normalidade (LSN). 2)Teste de supressão com dexametasona em dose baixa: Valores inferiores a 1,8 microgramas por decilitro são considerados normais, acima disso anormais. 3)Cortisol plasmático ou salivar noturno: A secreção de cortisol tem seu nadir por volta de 23h, mas, nos portadores de Cushing endógeno, isso não acontece. Os valores são considerados elevados quando acima de 130 nmol/L. Uma vez confirmado o hipercortisolismo, o objetivo é descobrir a causa. Em um primeiro momento, deve-se analisar o ACTH plasmático. 1)ACTH suprimido: patologia primária da suprarrenal. Solicita-se uma TC de abdome superior. Um tumor <3 cm provavelmente é um adenoma, enquanto >6 cm representa um carcinoma (principalmente, se vier associado à virilização). 2)ACTH aumentado: patologia do eixo hipotálamo- hipófise ou secreção ectópica de ACTH/CRH. Solicita- se RM de sela túrcica e o teste de Liddle 2, o qual consiste em um teste de supressão do ACTH em doses de dexametasona mais altas (2mg VO de 6/6h nas 48h que antecedem o exame). -Se a RM for normal e não houver supressão do cortisol com o teste de Liddle 2: secreção ectópica de ACTH. Como 50% dos casos é relacionada a carcinoma de pequenas células do pulmão, o próximo passo é pedir uma TC de tórax e abdome. -Se a RM for normal, mas houver supressão do cortisol plasmático pelo teste de Liddle 2: adenoma hipofisário pequeno. Faz-se, assim, necessário a realização de um cateterismo de seio petroso inferior. 3)ACTH normal: estimular a hipófise com CRH exógeno. Nas doenças primárias da suprarrenal o ACTH não aumenta após o estímulo. Nas doenças da hipófise (doença de Cushing), ocorre um aumento exagerado de ACTH. Prática: Tema: Automedicação Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente (automedicação corticosteroides). 02. Realizar adequadamente o exame físico (com elevação da pressão arterial, fácies cushingóide e hirsutismo). 03. Interpretar o resultado da glicemia (alterada). 1º momento Paciente, M.S.L., masculino, 57 anos, trabalhava como pedreiro e tem história de dor crônica em quadril há cerca de 1 ano e meio, sem outras comorbidades relatadas. Paciente levado a Unidade de Saúde acompanhado da esposa com dificuldade de deambular e piora da dor no quadril nos últimos 2 dias. Relata ainda que nos últimos 30 dias passou a tomar um medicamento de 12/12 horas que seu amigo sugeriu para dor, mas não sabe relatar qual seria o medicamento. M.S.L: “Dr, nos dias que eu estava tomando o medicamento estava sem dor, mas tem 2 dias que piorei para andar e a dor no quadril pirou também. Tô percebendo também que meu rosto tá mais inchado” Ao exame: Face cushingoide Glicemia: 255 mg/dL (Pós prandial – 2 horas) PA: 160 x 110 mmHg Manobra de Patrick Faber: Positiva 2º momento: Foi solicitado que a acompanhante da paciente trouxesse o medicamento que o mesmo usou por 45 dias. Foi então constatado que o paciente fez uso de Dexametasona 10mg 2 vezes ao dia por 45 dias. Conduta: 1. Fazer desmame gradual do corticoide; 2. Solicitar densitometria óssea; 3. Solicitar radiografia de Quadril; 4. Orientar o paciente sobre os riscos da automedicação 18 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Semana 6 Acidente vascular cerebral Com déficit neurológico focal, súbito (menos de um minuto) Acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Isquêmico: densidade maior Sangue fora do vaso: AVC hemorrágico A seta: mostra uma hiper densidade, um trombo, ou sinal da corda; lado esquerdo, com manifestações a direita 3 setas: acometimento precoce de um AVC isquêmico; hipodenso; AIT- Ataque isquêmico transitório Famoso princípio de AVC. Episódio breve de déficit neurológico decorrente de uma isquemia cerebral focal ou retiniana (amaurose fugaz) com sintomas durando, comumente, menos de uma hora e com ausência de lesão na difusão à RNM. Deve ser considerado com uma emergência que necessita e internação e investigação. Reversível Subtipos • Isquêmico- obstrução do fluxo sanguíneo • Hemorrágico - subtipos: intraparactematoso (sangue no parênquima) e hemorragia subaracnoide (sangue nesse espaço) • HSA • AVC misto hemorrágico- intraparactematoso 19 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi AVC antigo – Sintomas • Vai depender do local onde é acometido • São súbitos • Vertigem (sensação de tontura que roda), perda da visão de um olho ou de um campo visual, diplopia (visão dupla) • Alterações na fala (afasias)(Área da expressão da fala (área de Broca, ou área 44): é também conhecida como “área da fala”. Quando o ser humano aprende a falar a língua materna ou uma nova língua, formam-se programas motores (envolvidos com o córtex motor piramidal para os músculos da língua, faringe e laringe) para cada palavra, frase ou expressão. ) • Incoordenação motora (cerebelo) • Alteração da sensibilidade de um lado do corpo (lobo parietal) (dormência do lado do corpo) • Desvio da rima labial • Paresia em um lado do corpo • Rebaixamento do nível de consciência Lobo parietal: lobo basicamente sensorial; capta e processa a sensibilidade somática (tato, dor, temperatura, propriocepção) e cinestésica, e ainda integra mensagens da interpretação visual, e em menor grau, da auditiva. Lobo temporal: audição, música, compreensão da linguagem falada, olfato, memoria, comportamento emotivo... Lobo occipital: visão, interpretação e reconhecimento visual, visuoespacial e da leitura. Diagnósticos diferenciais • Hipoglicemia, hipo ou hipernatremia • Insuficiência renal e hepática • Epilepsia - Paralisia de Todd • Quadro confusional agudo • Processos expansivos • Sepse/ neuroinfecção • Migrânea • Esclerose múltipla, Neuromielite óptica • Síndrome vestibular • Neuropatia periférica • Intoxicações Fatores de risco • Hipertensão arterial sistêmica – principal fator de risco para AVC • Diabetes tipo II 20 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi • Sobrepeso • Tabagista • Doença coronariana • Sedentarismo • Uso de álcool – não existe dose de álcool segura. Os malefícios não compensam os benefícios • Estresse/depressão • Razão LDL/HDL Fibrilação atrial – principal causa em idosos- cardioembólico isquêmico (paciente faleceu) Complicações no paciente não tratado Hipertensão intracraniana; Transformação hemorrágica Todo paciente com AVC, faz um eletro. TODO. Diagnostico: Tc sem contraste Tratamento: Medidas gerais: estabilizar; glicemia; natremia; febre; oxigênio PA: >220 X 120 mmHg Reperfusão: trombólise Tempo de 3-4,5h; idade ≥ 18 anos/ deficit mensurável/ sem sangramento Ateplase: 0,9 mg/kg IV (10% em bolus, restante em 1h, máximo de 90 mg) Isquêmico: Obstrução da passagem de sangue. Morte neuronal; Subtipos: 1. TROMBÓTICO Obstrução de uma artéria por um trombo que se forma sobre uma placa de ateroma. O trombo pode desgarrar e embolizar; obstruir; O trombo pode obstruir a artéria. 21 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi 2. CARDIOEMBÓLICO • Fibrilação Atrial como principal causa (R.E.) • HAS sistólica • FOP como principal causa em jovens • Doença de chagas • Valvopatias • IAM recente • Miocardiopatia dilatada • Trombos no VE • Ocorrência de transformação hemorrágica é comum (sistema fibrinolítico no coágulo fresco) Risco elevado: FA, Estenose mitral, prótese mecânica valvar, IAM recente, trombo ventricular esquerdo, endocardite infecciosa aguda, endocardite marântica (endocardite trombótica não bacteriana), mixoma atrial. Risco menor ou incerto: Prolapso de valva mitral, calcificação de anel mitral, FOP (incidental), aneurisma de septo atrial, estenose aórtica calcificada. 3. HEMODINÂMICO Devido à lesão cerebral isquêmica secundária à redução intensa do fluxo sanguíneo em condições como PCR, choque hipovolêmico, hipotensão arterial grave. Acomete as zonas entre os territórios vasculares (Áreas de fronteiras) Pacientes com estenoses intracranianas. 4. LACUNAR Obstrução de pequenos vasos arteriais distais estreitos comprometidos por HAS, DM, doenças genéticas, vasculites (LES). Núcleos da base, cápsula interna, tronco cerebral 22 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi 5. Outros mecanismos Dissecção arterial: espontânea ou traumática. AVC associada à dor cervical. Pode ocorrer oclusão arterial ou embolia. Vasculites: infiltração da íntima por células inflamatórias; estado pró trombótico aumentando a formação de trombos; embolia arterio arterial. Trombofilias : trombo venoso associado à FOP ou trombo 5. Outros mecanismos Dissecção arterial Sinal do Barbante Vasculites: Colagenoses , sendo a mais comum o LES Irregularidades na parede das artérias. Avc hemorrágico 1.Intraparenquimatoso a) AVC H Lobar: causa: angiopatia amilóide b) AVC H hipertensivo: decorrente de rompimentos de micro aneurisma de Charcot Bouchard (mais comum) 2. Subaracnóideo- hemorragia subaracnóidea trauma craniano AVCh intraparenquimatosa: decorrente de angiopatia amilóide e rompimento de vasos secundários à HAS. AVCh subaracnóide : causada por traumas, rompimento de aneurismas e MAVs AVCh intraparenquimatosa decorrente de angiopatia amilóide Lobar Corresponde ao terço restante das HIP e é caracterizada por sua localização nas áreas corticais sucorticais seguindo o padrão lobar por um ou, menos frequentemente, mais de um lobo cerebral 23 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi AVC HEMORRÁGICO intraparenquimatoso Rompimento de vasos secundários à HAS Profunda: Corresponde a cerca de dois terços das HIP e pode ser localizada nos núcleos da base e cápsula interna 35% - 70% tronco cerebral 5 – 10% e cerebelo 5 - 10% Microaneurismas de Charcot e Bouchard estão relacionados às hemorragias hipertensivas Rompimento de vasos secundários à HAS AVC hemorrágico subaracnoide Ruptura de aneurismas. Causa inundação dos espaços subaracnóides e dos ventrículos. 24 Gabriela Vieira 01/23 MEDFipGbi Regiões comprometidas nos AVCs 1. Sistema carotídeo: Afasias, disartrias, hemiparesia, hemiparestesia , distúrbios da visão 2. Sistema vertebro basilar Vertigens com sinais e sintomas centrais, distúrbios visuais, diplopia, alterações motoras e sensitivas, disartrias, ataxia, dismetria HAM V – Semana 6 Tema: Hipotireoidismo Objetivos: 1. Realizar a entrevista do paciente (hipo). 2. Realizar adequadamente o exame físico (edema pré->tibial, fácies). 3. Interpretar o resultado de exames (TSH). Caso clínico: Identificação: M.A.S, 59 anos, sexo feminino, professora, casada, 2 filhos. QP: “Cansaço e muito sono” há 3 meses. H.M.A: Paciente comparece em UBS com queixa de fadiga e esgotamento físico/mental, principalmente ao fim do dia, com piora nas últimas 4 semanas, associado a sonolência, dificuldade de concentração e perda de rendimento no trabalho. Tem uma vida muito agitada, pois dá aula para ensino fundamental, mas tem percebido perda de vontade em planejar suas aulas e se sente frustrada com isso, inclusive apresentando episódios de choros frequentes em casa. HP: Diabética tipo 1, em uso de Insulina NPH 30 UI pela manhã e 15 UI à noite, e Insulina Regular, 5UI a cada refeição. Hipertensa em uso de Enalapril 20mg BID e HCTZ 25mg MID. Última consulta com endocrinologista há 06 meses, com peso de 65Kg na ocasião. Praticava atividade física (caminhada) diariamente, porém cessou há 03 meses devido início dos sintomas apresentados. 25 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Nega tabagismo HF: Mãe hipertensa, Pai falecido por IAM aos 60 anos, era diabético. Irmãos portadores de HAS. Exame físico Antropometria: Peso: 71 kg; altura: 1,61m; IMC: 27,4; circunferência abdominal: 93cm; quadril: 100cm. Geral: Estado geral regular, orientada, mucosas hidratadas, hipocorada (++/4+), anictérica, acianótica, eupneica, afebril, edema periorbitário, pele seca, rosto arredondado. Apresenta um pequeno nódulo indolor à palpação da tireoide. Avaliação cardiovascular: Bulhas normofonéticas em dois tempos, sem sopros. FC: 80 bpm. PA: 110x60mmHg. Avaliação respiratória: FR: 17 irpm. Sem alterações significativas. Avaliação neurológica: paciente apresenta-se com discurso e pensamento lentificados. Avaliação abdominal: sem alterações. Avaliação musculoesquelética: edema pré-tibial Avaliação ginecológica: sem alterações. Exames trazidos em retorno após suspeita de hipotireoidismo. Exames complementares HbA1c:6,8% (VR < 5,7%); Glicemia de Jejum: 98mg/dL (VR < 100); Creatinina: 1,2 (ClCr: 49.2 ml/min/1.73 m2- CKD-EPI); Ureia: 22mg/dl (VR: 13-43mg/dL); Colesterol Total: 206mg/dl (VR < 190); Triglicerídeos: 176mg/dl (VR: < 150mg/dl); HDL: 55 mg/dl (VR > 50mg/dl); LDL: 115 mg/dl (VR < 70mg/dL); Hb: 14,4 (VR: 12-16); Ht: 36% (VR: 35-45%); Leucócitos: 5000 (VR: 4000 a 11000); Ac. Urico:4,1 mg/dl (VR: 2,4-5,7); TSH: 8,7 mU/L (VR: 0,4 a 5,8 uUI/ml); T4 livre: 0,48 ng/dl (VR: 0,7-1,8ng/dl); Sumário de Urina (Glicose +/4+; Proteina 1+/4+; bactérias ausentes). 26 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Semana 7 Conceito Perda ou redução progressiva das capacidades cognitivas, em pelo menos uma de forma parcial ou completa, permanente ou momentânea e esporádica suficientemente importante a ponto de provocar uma perda da autonomia do indivíduo. A principal é o Alzheimer Tem que afetar na funcionalidade do paciente Epidemiologia Estima-se que até 2050 teremos cerca de 115 milhões de pessoas Impacto no sistema de saúde, social, familiar DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders • DSM I 1952 • DSM II 1968 • DSM III 1978 • DSM III • R 1987 • DSM IV 1984 • DSM IV • R 2000 • DSM V 2013 O que mudou do DSM IV para o DSM V 1. O termo demência muda para TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR. 2. Incluído o termo TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR LEVE. Diagnóstico • História clínica detalhada. • Exame físico geral. • Exame neurológico geral. • Exame cognitivo. • Exames complementares. Domínios cognitivos do dsm v (2013) 1. Função executiva • Tomada de decisão. • Planejamento. • Memória de trabalho. • Resposta a feedback. • Substituição de hábitos. • Flexibilidade mental 27 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi 2. Memória e aprendizagem • Alcance da memória imediata. • Memória recente. 3. Linguagem • Expressiva. • Gramática e sintaxe. • Receptiva 4. Perceptomotor • Percepção visual. • Visoconstrutiva. • Perceptomotora . • Praxia (habilidades motoras adquiridas)* • Gnosia (capacidade de reconhecer pelos sentidos, informações previamente conhecidas). • Praxias ideomotoras: capacidade de realizar um movimento ou gesto simples de maneira • intencionada. • Praxias ideativas: capacidade para manipular objetos mediante uma sequência de gestos, o • que implica o conhecimento da função do objeto, o conhecimento da ação e o conhecimento • da ordem dos passos que levam a essa ação. • Praxias faciais: capacidade de realizar, voluntariamente, movimentos ou gestos com diversas • partes do rosto como lábios, olhos, língua, sobrancelhas, bochechas etc. • Praxias visuoconstrutivas: capacidade de planejar e realizar os movimentos necessários • para organizar uma série de elementos no espaço, para formar um desenho ou uma figura final. 5. Cognição social • Reconhecimento das emoções. • Teoria da mente. 6. Atenção complexa • Atenção sustentada. • Atenção seletiva. • Atenção dividida. DOMÍNIOS COGNITIVOS DO DSM IV revisão (2000) • Para o diagnóstico de demência 2 ou mais domínios devem estar afetados, sendo um deles a memória. 1. COMPORTAMENTO 2. FUNÇÃO EXECUTIVA 3. MEMÓRIA 4. FUNÇÃO VISO-ESPACIAL 5. LINGUAGEM Demência de Alzheimer • Mais comum causa de demência (60 à 80% dos casos de demência). • Geralmente acima de 65 anos. • Demência tardia • Descrita em 1907 por Alois Alzheimer. • Primeira paciente descrita tinha 51 anos. • Somente na década de 1970 foi verificado que a fisiopatologia descrita por Alois Alzheimer estava presente na maioria das pessoas com demência tardia. Epidemiologia • 80% têm mais de 75 anos. • Sobrevida média após diagnóstico de 4 a 8 anos, porém indivíduos saudáveis 28 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi podem chegar até 15-20 anos. • Em 2018 nos EUA foi gasto mais de 270 milhões de dólares. Fatores de risco • Idade, estilo de vida, comorbidades prévias, fatores ambientais com exposição à toxinas. • Fatores de risco cardiovascular: HAS, DM, sobrepeso, tabagismo, sedentarismo. • Distúrbios do sono: insônia, apneia do sono. • Lesões traumáticas repetitivas. • Fatores genéticos, hereditária na DA de início tardio (60 a 80%). • Fatores monogênicos: mutação do gene presenilina 1 e 2 e da proteína precursora amilóide (APP). • Fatores poligênicos: gene associado à APOLIPOPROTEÍNA E (APOE 2, APOE 3, APOE 4) APOE E4 maior risco • APOE E2 proteção • Não é indicado teste genético nos casos acima de 65 anos, APENAS para pesquisa. Fisiopatologia geral A doença de Alzheimer caracteriza-se, histopatologicamente, pela maciça perda sináptica e pela morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, incluindo o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex entorrinal e o estriado ventral. As características histopatológicas presentes no parênquima cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer incluem depósitos fibrilares amiloidais localizados nas paredes dos vasos sangüíneos, associados a uma variedade de diferentes tipos de placas senis, acúmulo de filamentos anormais da proteína tau e consequente formação de novelos neurofibrilares (NFT), perda neuronal e sináptica, ativação da glia e inflamação Baseadas nesses marcadores neuropatológicos, duas hipóteses principais foram propostas, a fim de explicar a etiologia da doença. De acordo com a hipótese da cascata amiloidal, a neurodegeneração na doença de Alzheimer inicia-se com a clivagem proteolítica da proteína precursora amilóide (APP) e resulta na produção, agregação e deposição da substância βamilóide (Aβ) e placas senis9. De acordo com a hipótese colinérgica, a disfunção do sistema colinérgico é suficiente para produzir uma deficiência de memória em modelos animais, a qual é semelhante à doença de Alzheimer. Cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer mostraram degeneração dos neurônios colinérgicos, ocorrendo também uma redução dos marcadores colinérgicos, sendo que a colina acetiltransferase e a acetilcolinesterase tiveram sua atividade reduzida no córtex cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer Fisiopatologia da proteína amilóide • Proteína B amilóide é uma proteína transmembrana • Alfa secretase cliva a B amilóide de forma fisiológica (fragmento não tóxico) • Quando clivada pela Beta secretase (forma fragmento tóxico insolúvel) • Codificado por gene no braço longo do cromossomo 21 • Acumulado no espaço extracelular formação das placas neuríticas/senil 29 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Fisiopatologia da proteína tau • Proteína associada aos microtúbulos. • Microtúbulos formação estrutural do citoesqueleto e do transporte axonal. • Hiperfosforilação da proteína Tau: perda da função. • Proteína Tau não se liga aos microtúbulos e formam os emaranhados neurofibrilares. • acometimento intraneuronal no córtex entorrinal e hipocampo. Avaliação clínica • Anamnese minuciosa e exame físico adequado. • Presença de fonte de informação adicional. • Início insidioso e progressão lenta. • História direcionada aos domínios cognitivos específicos: memória deve estar envolvida. • Sintomas neuropsiquiátricos, mais tardio. • Sintomas motores e autonômicos, mais tardios. • Sono, hábitos alimentares, comportamento social. • Determinar grau de impacto nas AVD • Perda da funcionabilidade. • DCL mantém a funcionabilidade. Atividade básicas de vida diária: • Alimentar-se. • Ir ao banheiro. • Escolher a roupa. • Arrumar-se e cuidar da higiene pessoal. • Vestir-se. • Tomar banho. • Andar e transferir (por exemplo, da cama para a cadeira de rodas). Atividades instrumentais de vida diária: • Gerenciar as finanças. • Lidar com transporte (dirigir ou navegar o transporte público). • Fazer compras. • Preparar refeições. • Usar o telefone e outrosaparelhos de comunicação. • Gerenciar medicações. • Manutenção das tarefas domésticas e da casa. 30 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Pesquisar causas reversíveis • Uso de benzodiazepínico (uso crônicos) • Uso de drogas ilícitas. • Abuso de álcool. • Quadros depressivos. • Hipotireoidismo, hipovitaminose B12. Baterias neuropsicológicas 1. MEEM 2. MoCA Exames complementares. • Hemograma, TSH, t4l, b12, ácido fólico, função renal, enzimas • Hepáticas, VDRL, eletrólitos, glicemia de jejum • HIV para menores de 60 anos. • sorologias para HEP b e c. • liquor: tau fosforilada e tau total elevada e b-amilóide reduzida. (Tau= proteína para demência ou Alzheimer) Exames de imagem Ideal RM de encéfalo: afastar HPN (hidrocefalia de pressão normal), tumores e HSD Na DA atrofia dos lobos temporais (região mesial) Atrofia mesial mais do que a lateral Ventrículos alargados 31 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Delirium Características comuns: • Distúrbio da atenção (direcionar, focar, sustentar, desviar) e consciência; • Evolução de horas a dias com flutuação dos sintomas ao longo do dia; • Distúrbio adicional da cognição; • Não é bem explicado por outro distúrbio presente ou diagnóstico em andamento; • Evidências de que é causado por uma condição médica, intoxicação, abstinência, efeito colateral de drogas. É comum em pacientes idosos, mas pode acometer jovens também. Pode ser acompanhado de: • Hipoatividade, hiperatividade; • Distúrbios emocionais variados (medo, angústia, depressão, euforia) “... o delirium é um tipo especial de estado de confusão caracterizado por vigilância aumentada, com hiperatividade psicomotora e autonômica; o paciente delirante exibe agitação, excitação, tremores, alucinações, fantasias e delírios.” “... "estado de confusão" para transmitir o significado adicional de estado de alerta reduzido e atividade psicomotora alterada.” Apresentação clínica 1. Perturbação da consciência: mudança no nível de consciência e na capacidade de focalizar, manter ou desviar a atenção. Sonolência, letárgica ou mesmo semicomatosos em casos mais avançados de delirium. Hipervigilância, também pode ocorrer em casos de abstinência de álcool ou drogas sedativas. 2. Mudança na cognição: perda de memória, desorientação e dificuldade com linguagem e fala. IMPORTANTE saber nível de funcionamento antes do delirium. Mini mental pode ser usado. Observar lentidão para respostas. 3. Curso temporal: horas a dias e geralmente persiste por dias a meses. Sintomas flutuam ao longo do dia. 4. Pacientes idosos: normalmente pacientes com delirium são doentes previamente. Avaliação 1. Exame geral: sinais vitais, estado de hidratação, condição da pele e em potenciais focos infecciosos. Aparência geral do paciente. 2. Exame neurológico: nível de consciência, atenção, nervos cranianos, campos visuais, déficits motores, reflexos, coordenação e marcha. Exame sensorial pode ser prejudicado pela não cooperação. Observar mioclonias multifocais, asterix, tremor de ação. 3. Exames complementares: imagem, liquor, EEG para causas neurológicas. 4. Instrumentos clínicos CAM (S 94 a 100%, E 90 a 95%), MEEM menos preciso 32 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi 5. Outras etiologias médicas Distúrbios de fluidos e eletrólitos ( hiponatremia e hipernatremia) Infecções (trato urinário, trato respiratório, pele e tecidos moles) Toxicidade de drogas ou álcool Retirada do álcool Retirada de barbitúricos, benzodiazepínicos e inibidores seletivos da recaptação da serotonina Distúrbios metabólicos ( hipercalcemia, uremia, insuficiência hepática, tireotoxicose Estados de baixa perfusão ( insuficiência cardíaca) Estados pós-operatórios, especialmente em adultos mais velhos. Prática Objetivos: 01. Realizar a entrevista do paciente (AVC isquêmico). 02. Realizar adequadamente o exame físico. 03. Descrever os achados na tomografia de crânio. 04. Interpretar os achados. CASO CLÍNICO: Sexo feminino, aposentada Paciente M.S,P 82 anos, é levada ao atendimento no Hospital Regional devido à quadro de hemiparesia direita e afasia iniciados há cerca de 35 minutos. Ao dar entrada no Hospital, antes mesmo da avaliação médica os sintomas tinham melhorado. Foi avaliada e então internada para melhor avaliação. Durante internação paciente apresentou novo evento de hemiparesia à direita, associado a afasia agora sem reversão. Paciente apresenta como comorbidade HAS e insuficiência cardíaca. Está em uso de Enalapril 20 mg BID, carvedilol 6,25 mg BID, hidroclorotiazida 25 mg, AAS 100 mg. Nega alergia medicamentosa, nega cirurgia prévia e traumas História familiar: pais são falecidos. Irmãos mais novos vivos e portadores de arritmia cardíaca. Refere hábitos alimentares adequada. Não faz atividade física devido à dores articulares. Ao exame físico: Regular estado geral. Sonolenta. A pele e mucosas estão hipocoradas, hidratadas e acianóticas. 33 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi PA: 180/80mmHg FC 106 bpm ACV: RCI 3T bulhas hiperfonéticas AR: MVF sem RA Sat O2 96% AD: Abdome globoso, sem visceromegalias, indolor à palpação, RHA +. Neurológico: Pupilas isocóricas, fotorreagentes direta e consensual. Motricidade ocular extrínseca preservada. Afasia global. Nervos cranianos V, VII, VII, IX, X, XI e XII sem alterações. Força grau 1 em membro superior direito e grau 2 em membro inferior direito. Sensibilidade superficial (tato grosseiro, térmica e dolorosa) e profunda (tato epicrítico, pressão e propriocepção) ausentes à direita. Reflexos profundos (bicipital, tricipital, braquiorradial, patelar, aquileu) exaltados à direita. Reflexo cutâneo plantar em extensão (Babisnk) à direita. Marcha e equilíbrio não avaliados, paciente está acamada. Coordenação motora à direita não testada. À esquerda está preservada (Teste index-index e index nariz normais, pesquisa de movimentos alternados nas mãos, teste calcanhar joelho) Realizado ECG que mostrou Fibrilação atrial. Primeira tomografia de crânio sem alterações (menos de 24 horas de entrada): Segunda tomografia de crânio (72 horas após o evento): Imagem de tomografia de crânio em corte axial mostrando área de hipodensidade (Hipoatenuante) fronto-temporo- parietal em território de artéria cerebral média à esquerda. Conclusão do caso Importante para aluno saber que a principal causa de AVC isquêmico em pacientes acima de 75 anos é a fibrilação atrial. Observar que no primeiro momento a paciente apresentou quadro clínico compatível por AIT. A isquemia foi revertida graças ao sistema trombolítico endógeno da própria paciente. AIT deve ser considerado uma 34 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi emergência médica e temos que fazer todos os esforços para identificar a etiologia para evitarmos a ocorrência do evento isquêmico permanente. Em relação ao exame físico o aluno deve saber a graduação da escala de força do MRC, evocar os reflexos profundos adequadamente, testar sensibilidades, marcha, coordenação e equilíbrio. Em relação à imagem por tomografia de crânio, importante o aluno diferenciar AVCi x AVCh e saber que em AVCi a tomografia de crânio poderá estar normal em até 72 horas e isso não exclui o diagnóstico de AVCi. 35 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Semana 8 Convulsões na emergência Epilepsia: é a crise epiléptica com repetição; Epilepsia: patologia que se apresenta com crises epilépticas, desde que estas ocorram sem condições tóxicas, metabólicas ou febris. Convulsão: tipo de crise epiléptica caracterizada por ser tônico-clônica generalizada. Nem todo paciente que apresenta uma convulsão é portador de epilepsia: pode ter sido apenas uma convulsão febril isolada, por exemplo. A convulsão é apenas um tipo mais intenso de ataque epilético, no qual a pessoa perde os sentidose se debate, podendo morder a língua e urinar na roupa. No entanto, existem crises mais fracas, caracterizadas por breves desligamentos, formigamentos ou contrações restritas a alguns grupos musculares Crises generalizadas: originam-se simultaneamente dos dois hemisférios cerebrais. Exemplos: crise tônico-clônica generalizada (grande mal), ausência (pequeno mal), clônicas, tônicas, mioclônicas, atônicas e espasmos. Quase todas cursam com comprometimento da consciência, exceto as mioclonias. Crises focais ou parciais: a atividade epiléptica se restringe a determinada área do córtex cerebral. A consciência pode estar preservada ou comprometida. Quando há preservação plena da consciência a crise é denominada crise focal perceptiva, porém, se a consciência for comprometida a crise é considerada focal disperceptiva. Bônus: Fisiopatologia: A doença se caracteriza por descargas elétricas neuronais excessivas. Se essa descarga estiver apenas em uma parte do cérebro, teremos as crises parciais ou focais; se envolver os dois hemisférios, teremos as crises generalizadas; e se começar em uma parte do cérebro e depois se propagar para os dois hemisférios, teremos as crises focais evoluindo para tônico-clônicas bilaterais (antigas parciais com generalização secundária). O que leva a essa descarga excessiva? Ela pode ocorrer por aumento da excitação neuronal (principal responsável é o glutamato) ou por falta de inibição neuronal (principal inibidor é o ácido gama-aminobutírico). Bônus: Etiologia: Primeiramente temos que ter o seguinte conceito: as causas de crises epilépticas variam com a idade!! Distribuição bimodal (crianças e idosos) Observe: • Período neonatal: doenças congênitas, trauma, anóxia periparto e desordens metabólicas; • Crianças entre 6 meses e 5 anos de idade: predominam as convulsões febris, mas temos também as causas anteriores, idiopática e infecções; • Entre 5-12 anos: a causa mais comum de epilepsia é genética, em especial, as síndromes epilépticas primárias; • Adultos jovens: causa secundária; o TCE, a neurocisticercose, o abuso de drogas ilícitas e a abstinência alcoólica compõem os principais fatores etiológicos, mas as neoplasias também devem ser consideradas; • Idosos: a causa mais comum é a doença cerebrovascular, responsável por 30-70% dos casos (fase aguda ou principalmente meses ou anos após o evento). Os tumores cerebrais respondem por 10-15% dos casos de epilepsia em idosos, enquanto causas tóxicas, metabólicas e isquêmico-hipóxicas correspondem a cerca de 10% dos casos. Outras causas menos comuns de epilepsia no idoso são: TCE, hematoma subdural, infecção do SNC e doença cerebral degenerativa (ex.: Alzheimer). Introdução • Cerca de 8 a 10% da população será acometida ao longo da vida; 36 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi • 1 a 2% das visitas ao PS e 25 % das vezes é a primeira crise; • Objetivo na primeira avaliação é determinar se resultou de um processo sistêmico tratável ou de uma disfunção intrínseca do sistema nervoso central; Conceitos Crise aguda sintomática: No momento de um insulto sistêmico ou em estreita associação temporal com um insulto cerebral documentado. (provocada) Crise não provocada: Etiologia desconhecida, bem como aquela que ocorre em relação a uma lesão cerebral preexistente ou distúrbio progressivo do sistema nervoso Epilepsia: Quando existe qualquer um dos seguintes: ● Pelo menos duas convulsões (crises) não provocadas ocorrendo com mais de 24 horas de intervalo. ● Uma convulsão não provocada e uma probabilidade de novas convulsões semelhante ao risco de recorrência geral após duas convulsões não provocadas (por exemplo, ≥60 por cento) ocorrendo nos próximos 10 anos. Este pode ser o caso de lesões estruturais remotas, como acidente vascular cerebral, infecção do sistema nervoso central ou certos tipos de lesão cerebral traumática. Tradução: Uma crise com TC alterada, o risco para a segunda crise é de ≥ a 60%, logo, se trata. Uma crise só e exames normais, não trata. Tem de 10 a 20% de ter a segunda crise. Porém, se ele teve a segunda crise, depois de 4 anos, se espera a 3ª crise, não se faz nada. Se o paciente tiver a segunda crise com 6 meses depois, a 3ª crise tem risco de ≥ a 60%, deve-se tratar. ● Diagnóstico de uma síndrome de epilepsia (crises de ausências, crises de epilepcia na infância) Crise epiléptica: atividade neuronal anormal excessiva. Onde há uma excitação, sem nenhuma atividade para ser bloqueada. Sem proposito, sem estímulo. Desbalanço entre excitação e bloqueio. Isso deflaga a crise. Tratar: pelo menos duas crises não provocadas no intervalo de 24 horas Ou uma crise com alteração estrutural que não seja crise aguda sintomática. Tipos de crises Início focal hiperexcitação em um hemisfério apenas Nas crises focais ou parciais, a atividade epiléptica se restringe a determinada área do córtex cerebral. • Focais sem comprometimento da consciência. • Focais com comprometimento (não é perda da consciência) da consciência. (Nas crises generalizadas, o sistema reticular ativador ascendente é acometido, portanto o paciente perderá a consciência.) • Focal evoluindo para tônico-clônica bilateral (generalização 2ª) (começa em um hemisfério e vai para o outro) Início generalizada hiperexcitação dos dois hemisféricos; As crises generalizadas originam-se simultaneamente dos dois hemisférios cerebrais. perdeu a consciência; • Convulsões generalizadas: quando acometem os dois hemisférios cerebrais (clássica) 37 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi Dois tipos: MOTORAS (relacionada com movimento): mioclônicas/tonico-clônica/atônica NÃO MOTORAS: ausência Pode evoluir para generalizada Mioclônica: sem perda da consciência Crises Generalizadas x Focais (Parciais) A classificação de crises epilépticas começa com a determinação se as manifestações iniciais das crises são focais ou generalizadas. O início pode ser não observado ou ser obscuro; nesses casos a crise epiléptica é de início desconhecido. Ele pode perder a consciência por poucos segundos várias vezes ao dia (crise de ausência) ou até perder a consciência por minutos com movimentos (crise tônico-clônica generalizada). Normalmente nestas crises há envolvimento muscular, seja com aumento da contração (crise tônica, clônica, mioclônica, espasmos) ou com diminuição da contração (crise atônica). Avaliação inicial • Descrição do evento: com paciente acordado, perguntar como ocorreu. Perguntar ao acompanhante também. • Período pós ictal: Quando a crise termina, é normal haver sonolência, dor de cabeça e confusão mental. Quanto tempo ficou confuso? Tem que ser 10 minutos, se for menos é uma sincope. Parece uma crise. • Precipitantes: abstinência alcoólica, trauma craniano, febre, perdeu noite de sono, • Eventos anteriores 38 Gabriela Vieira 1/23 MEDFipGbi • Medicamentos e abuso de substâncias • HPP • História familiar (irmão epiléptico) • Exame físico geral e neurológico (se o paciente está em crise, não tem muita coisa de exame neurológico, passou a crise, verifica fraqueza, alteração de sensibilidade, pupilas...) • Exames laboratoriais: glicemia capilar (hipoglicemia = dá ao paciente Tiamina; se eu não souber o histórico do paciente e depois glicose), sódio, potássio, cálcio, magnésio, hemograma, função renal, enzimas hepáticas, EAS e toxicológico, quando disponível. • ECG: fazer diagnóstico diferencial de síncope convulsiva de origem cardiogênica. • Neuroimagem (RM) e EEG* em todos, punção lombar em casos selecionados. EEG: complexo ponta onda. Um hemisfério(metade) dois hemisférios Manejo inicial • Identificar de imediato fatores desencadeantes: hipoglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos. • Identificar Status epilepticus "Status epilepticus é uma condição resultante da falha dos mecanismos responsáveis pelo término das crises ou
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