Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carla Bertelli – 5° Período Resumão HAM N1 Resumão HAM N1 Conteúdos para N1: 1 – Saúde Mental – Entrevista do Paciente 2 – Manifestações Clínicas do DM (exemplo visto em aula, pé-diabético) 3 – Hiperprolactinemia 4 – Avaliação do Paciente com Distúrbio Tireoidiano 5 – Automedicação 6 – Avaliação do Paciente com quadro neurológico Isquêmico 7 – Hipertensão Intracraniana 8 – Cefaleias 9 – Manejo do paciente agitado e agressivo na emergência/diferenciação do paciente com delírio e delirium 10 – Avaliação do Paciente com Crise Convulsiva, Epilepsia e Convulsão 11 – Exame Neurológico 12 – Manejo do Paciente com Tendências Suicidas Referências Básicas Aula 1 – Entrevista do Paciente A gente faz o exame do estado mental ao longo da anamnese – alguns pontos podem ser percebidos, outros é necessário instigar um pouco mais. No prontuário o Exame do Estado Mental é descrevido separadamente, junto ao exame físico. É necessário compreender a ‘’história’’ do paciente – para fazer uma avaliação completa – entender o funcionamento da pessoa (personalidade, maneira de agir, ambiente dela). Avaliar o visual do paciente (marcha, vestimenta) Além do conhecimento teórico, a sensibilidade e a capacidade empática do médico são componentes fundamentais da sua eficácia durante a entrevista de um paciente psiquiátrico. Empatia é a capacidade de colocar- se na situação de outra pessoa, e aproximar-se do que ela sente naquela situação – é um esforço que vai além da simples compaixão pela infelicidade do outro. Isso não é o mesmo que o oferecimento de um ouvido compreensivo A postura do médico deve ser de suporte e compreensão, garantindo ao paciente um ambiente seguro em que ele possa se abrir, mesmo quando houver pouco tempo disponível. Inicialmente, costuma-se deixar o paciente falar livremente, expondo suas queixas, enquanto já se avalia o seu psiquismo. Em um segundo momento, o médico deve inquirir detalhes e esclarecer pontos que tenham ficado obscuros. As perguntas, deem ser no início, de caráter mais geral, aprofundando-se conforme a entrevista progride. As perguntas mais dirigidas devem ser preferencialmente feitas de modo confirmatório, evitando a indução de respostas. Após formular as hipóteses diagnósticas, deve-se expô- las de forma clara e inteligível, bem como qual a conduta tomada. Manejo do tempo, Setting e anotações – O tempo da entrevista costuma variar (dependendo o local e a dificuldade em estabelecer hipóteses diagnosticas e plano terapêutico). O médico deverá cuidar sempre do setting da entrevista, ou seja, do ambiente físico e emocional onde é realizada a avaliação. É importante a privacidade do local, tentar entrevistar o paciente a sós. Pacientes agressivos ou suicidas merecem atenção especial Carla Bertelli – 5° Período Preconiza-se que o entrevistador não faça anotações prolongadas durante a avaliação, pois pode comprometer a relação com o paciente e a observação de suas emoções. No entanto, é fundamental o relato completo da anamnese e das condutas tomaras em documento adequado História Psiquiátrica – Segue a mesma linha da entrevista médica. Naturalmente, a entrevista deverá caminhar para a história da doenc ̧a atual, caracterizando o início dos sintomas, apresentação, periodicidade e possíveis tratamentos medicamentosos ou internações prévias. É de fundamental importa ̂ncia, ainda nesse momento, a caracterização dos antecedentes biográficos, como seu comportamento du- rante a infa ̂ncia e adolescência, história ocupacional e conjugal, padrão de relacionamentos interpessoais e características de personalidade pré-mórbida. Vale lembrar que a vivência subjetiva é de fundamental importância na história psiquiátrica, pois, muitas vezes, o que diferencia o normal do patológico é a forma como o paciente vivencia a situação, não seu mero relato. Situações da Entrevista – Esta é muitas vezes dificultada pela não colaboração do paciente ou por sua dificuldade em prestar informações. Tais situações, por si só, tornam-se informações sobre o estado mental do paciente, como nível da consciência ou agitação psicomotora. Para tais pacientes, idealmente, conta-se com o auxílio de um informante, que será o responsável pelo fornecimento de detalhes no que alguns autores denominam história objetiva, em contraponto à história subjetiva, contado pelo paciente. Dois aspectos potencialmente complicadores da entrevista psiquiátrica são: dissimulação e simulação. A primeira ocorre quando algum sintoma questionado é negado, apesar de sua existência. Se o paciente nega a presença de um sintoma por medo ou constrangimento, essa informação só será obtida se o médico conseguir transmitir confiança e aceitação, sem julgamento. Isso ocorre frequentemente em pacientes com pensamentos obsessivos obscenos ou bizarros, sendo comum que tenham vergonha de relatá-los. Cabe ao médico, se suspeita de dissimulação, inquirir a presença de tal sintoma por outros meios, tangencialmente, para se certificar da sua presença. Já na simulação, ocorre o contrário: o paciente procura relatar sintomas que, de fato, não existem. É frequente a simulação em casos de pacientes beneficiários de afastamentos temporários por doença que não queiram perder, por exemplo. Quando há suspeita de simulação, a entrevista deve ser mais refinada, procurando encontrar inconsistências na história ou na forma como o sintoma relatado é vivenciado. É de grande importa ̂ncia, contudo, ter em mente que há sempre a possibilidade de a suspeita de simulação ser infundada e haver, de fato, a presença dos sintomas referidos. Por último, e não menos importante, ressaltam-se os cuidados diante de pacientes potencialmente agressivos ou com ideação suicida. Nos casos em que o médico depara com um paciente violento em ambiente hospitalar, deve decidir se pode ser realizado um contato verbal efetivo com o paciente ou se seu senso de realidade está tão prejudicado a ponto de impossibilitar uma entrevista eficaz. Nesse caso, o paciente deverá ser medicado ou mesmo contido fisicamente até se mostrar mais calmo, cuidando o médico de manter o melhor contato possível com o paciente, esclarecendo o motivo de precaução de da- nos das atitudes tomadas. Nos casos de pacientes potencialmente suicidas, deve-se cuidar para que a entrevista se dê em ambiente seguro, com grades nas janelas e sem materiais pontiagudos. Deverá o paciente ser hospitalizado ou protegido de outra forma (internação domiciliar, mediante compromisso escrito dos responsáveis), não podendo jamais ser subestimado o risco de suicídio por parte da equipe médica e dos familiares. Exame Psíquico – É dividido e avaliado em funções. A medida que cada pergunta é feita, deve-se pensar em quais as possíveis respostas de uma pessoa razoável naquele contexto. No prontuário o médico deve abster-se de usar termos técnicos na descrição do exame psíquico, valendo-se de descrições pormenorizadas daquilo que percebeu durante a avaliação. Prover descrição mais rica e evitar confusões diagnósticas. Esboçar como está o psiquismo do paciente no momento da entrevista. As funções psíquicas principais e os sintomas que podem advir de suas alterações são listados de forma hierarquizada: deve-se avaliar primeiro se o paciente está consciente, pois se não o estiver todas as outras funções serão afetadas. Consciência – Importa o nível de consciência e alerta e de quão desperto e funcionante está o SNC. O normal é Carla Bertelli – 5° Período estar alerta/consciente. Porém pode variar entre confuso, sonolento, estupor, coma (que são alterações quantitativas). É necessário também avaliar a qualidade da consciência Atenção e Concentração – Capacidadede focalizar um objeto de maneira intencional. Pode ser voluntário (ativo), quando se presente direcionar a atenção a este objeto, ou involuntária (passiva ou espontânea), dirigida a um foco que não é o principal, denotando a capacidade de mudar de foco (notar ruídos enquanto continua lendo). Quanto maior o grau de atenção voluntária, menor ode atenção involuntária. A concentração reflete a capacidade de manter a atenção voluntária Orientação – Capacidade de estimar precisamente o tempo, espaço, ambiente. A orientação temporal é facilmente perturbada por concentração profunda, emoção forte ou quadros orgânicos. A orientação espacial é alterada mais tarde. Memória – De longa e curta duração. A de longa duração pode ser avaliada quando o paciente conta sua história, e a de curta duração trata de dados como um número de telefone. Pode ser avaliada com testes simples como gravar palavras ou nomes. Pensamento – É acessado através do discurso, cuja avaliação acaba tendo muitos pontos em comuns com a avaliação do pensamento. Deve-se analisar quanto à forma, curso e conteúdo. Linguagem – Avaliada em seu comportamento verbal, devem ser considerados também sua forma e conteúdo. Sensopercepção – As alucinações são definidas como a presença de uma percepção sensorial na ausência de um estímulo real. Podem ser visuais, auditivas, olfativas, gustativas e sensações corporais. É importante diferenciar de ilusões, que são distorções da percepção, ou seja, o estímulo existe, mas é percebido de forma diferente pelo paciente. Juízo e Crítica – Juízo é a capacidade de dar valor a fatos e ideias, apresenta-se alterado em pacientes com delírio. Afeto e Humor – Afeto é a manifestação da resposta emocional de alguém a eventos internos e externos. Mostra o momento do indivíduo, podendo, quanto à qualidade, ser de alegria, raiva, tristeza, etc. É a partir deste parâmetro que identificamos se o paciente está deprimido, eufórico, ansioso. É importante entender que tipo de emoção o paciente está passando para a gente (transferência e contra-transferência). O mecanismo de transferência consiste no processo no qual os pacientes trazem para a consulta sentimentos e conflitos originários de relacionamentos anteriores. A contratransferência se refere à outra parte existente na consulta médica, em que o profissional de saúde transfere os aspectos afetivos profissionais para o seu paciente Volismo, Impulso e Prospecção – Vontade é um empenho ou intenção dirigida ao objetivo, com bases em motivação cognitivamente planejada. A redução ou abolição da vontade, em quadros de grande desânimo, denomina-se hipobulia ou abulia. Pode estar relacionado a atos impulsivos Psicomotricidade – Exteriorização comportamental motora dos estados psíquicos: síndromes hipercinéticas e hipocinéticas. Inteligência – É raro realizar-se uma avalição objetiva de inteligência (nível de QI). Feito através da conversa do paciente, histórico escolar, sucesso em diferentes aspectos da vida dele, postura. Neste momento, evitar o pré-conceito. É necessário lembrar que a entrevista psiquiátrica assume, com maior frequência que em outras especialidades, um caráter terapêutico importante. Os pacientes experimentam algum grau de alívio apenas por expressar e partilhar seus sentimentos e problemas com um profissional. Além disso, a tranquilização de saber que o fenômeno que o vem acometendo, seja ele qual for, é um diagnóstico médico que pode ser tratado, já é um aspecto na melhora do paciente e das relações familiares. Assim, o estabelecimento de uma comunicação médico–paciente empática e respeitosa, transmitindo as orientações diagnósticas e terapêuticas com segurança e com veracidade, são os fatores de excelência para a boa prática médica e psiquiátrica. Aula 2 – Manifestações Clínicas do DM (pé diabético) Consequências Agudas da DM – Hipoglicemia (tratamento), Cetoacidose Diabética, Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar não Cetótico. Consequências Crônicas da DM – Retinopatia Diabética, Nefropatia, Neuropatia, Pé Diabético Definição de Pé Diabético – Alterações e complicações ocorridas nos pés e membros inferiores de pacientes diabéticos. Além dos pés, acomete outras partes do MMII Carla Bertelli – 5° Período Neuropatia Diabética – Acomete nervos sensitivos e motores (degeneração nervosa que pode levar a perda da sensibilidade e alterações no tônus muscular). Pode ser localizada ou difusa, em fase inicial, relata-se paresia em mãos e pés. Neuropatia Sensitivo-Motora: Perda gradual da sensibilidade dolorosa, perda do tônus muscular (redução da força). Paciente apresenta dificuldade para caminhar sobre os calcanhares, predisposição à quedas, ausência do reflexo aquileu • Diminuição/ausência de sensibilidade (hipoestesia) • Parestesias (formigamentos) • Dor (em queimação, hiperestesia) • Alterações da dor e temperatura da pele Alterações Biomecânicas – Podem ser encontradas antes das lesões estruturas no pé. Ocorre atrofia do coxim gorduroso plantar, subluxações articulares (devido redução do tônus, desvios dos dedos), queda dos pelos (circulação ineficaz), anidrose, anomalias das unhas (distróficas), dedos em martelo, proeminências ósseas Dedo em martelo – Aumento da curvatura da interfalange digital • Dedos sobrepostos • Joanete – Hálux valgus Pé de Charcot – Reabsorção óssea ao Rx (distal de ossos longos) – observar a densidade. • Fragilidade – Traumas sucessivos, múltiplas fraturas • Descolamento Ósseo, Desabamento do arco plantar • Alteração da marcha e dos pontos de pressão • Perda da curvatura do pé – fica plano Úlceras Neuropáticas – Localizadas em pontos de pressão: Base do primeiro pododáctilo, Sob a cabeça dos metatarsianos, calcanho • Espessamento cutâneo – bordos elevados • Indolores Evolução das Úlceras: • Pequena calosidade circular • Amolecimento central (olho de peixe) • Mais profundo, gradativamente • Necrose, Infecção, Odor fétido Doença Vascular Isquêmica: Obstrução arterial (macro e microcirculação), geralmente distal, mais rápida e agressiva (tem diagnóstico tardio) Úlceras Isquêmicas – Muito dolorosa, necrose ou gangrena Infecção Lesões são muito piores do que aparentam: Acessos, celulites, infecções de pele, úlceras, necrose tecidual, lesões ósseas, gangrenas • Não necessariamente apresentam sinais clássicos de calor, rubor ou dor • Polimicrobiana • Potencialmente fatal • Atenção a quadro clínico do paciente – pode estar prostrado • Cuidado com sepse Lesão Mista • Neuroisquêmicas • Neuropáticas e Infecciosas • Isquêmicas e Infecciosas • Neuroinsquemicas e Infecciosas Carla Bertelli – 5° Período Classificação de Wagner Distúrbios Iniciais • Micoses Interdigitais e Ungueais • Calosidades • Mal Perfurante • Fissuras no calcâneo • Ulcerações Superficiais Formas de Tratamento • Clínico • Curativos Especiais • Curativos à vácuo • Tratamento Cirúrgico – Debridamento Como Evitar? • Controle do Paciente • Hb glicada • Cuidados com os pés, olhos, rins, pele • Palmilhas de acomodação • Lubrificação • Diminuir Carga • Fisioterapia Exame do Pé Diabético Inspeção – Higiene, coloração, aspectos da pele, pelos, unhas, presença de calosidades, deformidades ósseas Palpação – Temperatura, edema, palpar pulsos pediosos e tibiais (simetria e amplitude) Sensibilidade – Uso do estesiomêatro. Monofilamento de 10g (laranja) perpendicular a pele, fazendo uma leve curvatura. É importante fazer os toques de forma aleatória e em alguns momentos não tocar Sensibilidade Vibratória – Diapasão nas proeminências ósseas – é uma das primeiras sensibilidades a se perder Reflexo Aquileu Aula 3 – Hiperprolactinemia Regulação Negativa da Prolactina = Dopamina (inibe aprolactina) Causas de Hiperprolactinemia • Excesso de Produção por Adenoma Hipofisário • Interrupção da inibição dopaminérgica (lesão hipotalâmica, medicamentos antidopaminérgicos) • Causas menos comuns: Hipotireoidismo, DRC, lesão/trauma torácico, uso de estrógeno Uma lesão hipotalâmina ou hipofisária grande o suficiente pode inibir que a dopamina chegue até a adenohipófise para realizar seu papel de inibição Aumento da Prolactina – Galactorreia – Amenorreia – Supressão da Produção de GnRH circulante – Diminui LH e FSH (reflete em hipogonadismo e hipogonadotrofismo) Adenoma Hipofisário – Sintomas: queda de libido, disfunção erétil, falta de força/disposição, mastalgia, irregularidade menstrual/amenorreia, cefaleia, alteração no campo visual Investigar: Histórico de ciclo menstrual, tempo de infertilidade, progressão no tempo, ereções espontâneas, frequência de barbear, Carla Bertelli – 5° Período Exame Físico – Inspeção torácica, exame das mamas (inspeção e palpação), lateralidade da secreção mamária, exame pelos/barba, campimetria de confrontação, avaliar todos os quadrantes (checar se o campo visual do paciente está compatível com o seu). Normalmente perde-se o campo visual lateral, mas o medial (nasal) pode estar normal Glucoma – Perde todos os campos visuais Sinais – Galactorreia, rarefação de pelos, alteração de campo visual, lesões torácicas (zoster importante). Interrupção da Inibição Dopaminérgica – São os memos sinais e sintomas devido a prolactinemia alta. A interrupção da inibição dopaminérgica é necessária observar as medicações de uso do paciente, campimetria de confrontação e hemianopsia bitemporal. Hemianopsia Bitemporal – Perde a visão do campo lateral Outras Causas – Pode ocorrer em Pacientes com bariátrica, hipotireoidismo Sinais e Sintomas específicos da doença em questão (como por exemplo os sinais e sintomas do hipotireoidismo, da DRC, lesão torácica), aumenta pouco a prolactina, e isso pode passar despercebido Investigação Diagnóstica: • BHCG • Prolactina • FSH, LH, estradiol e/ou perfil androgênico • TSH, T4 livre • Creatinina; ureia Prolactina Pós-Diluição Macroprolactina – Deixa a molécula tao grande que torna ela biologicamente inativa (de fato um paciente assim não tem prolactinemia. Macroprolactina (ou big-big-prolactin) é uma isoforma da prolactina com maior peso molecular, devido à ligação da prolactina a imunoglobulina/ anticorpo antiprolactina. Desta forma, por definição a macroprolactinemia é uma elevação sérica da macroprolactina. A macroprolactina tem baixa atividade biológica Outros Exames: • RM de Sela Túrcica • Mamografia/USG de mamas • Densitometria Óssea Carla Bertelli – 5° Período Aula 4 – Avaliação do Paciente com Distúrbio Tireoidiano Hipotireoidismo – Disfunção endócrina resultante de ação deficitária ou prejuízo dos hormônios tireoidianos. Epidemiológico – Mulheres, idade>65 anos, população branca, doenças autoimunes, síndromes genéticas, uso de medicações como amiodarona e lítio Etiologia: Primária, Secundária e Terciária Primário (problema na glândula, + comum) • Autoimune • Pós Radioterapia e Cirurgia • RT Cervical • Medicações, tóxicas ou ricas em iodo Secundário – Produção de TSH reduzida na hipófise • Tumor Hipofisário • RT ou Cx Hipofisária Terciária – Problema na produção de TRH (no hipotálamo) Quadro Clínico • Astenia, fadiga, cansaço, sonolência, falta de energia • Alteração da pele, unhas e fâneros • Queda de cabelo espontânea • Constipação Intestinal • Perda de Apetite • Irregularidade Menstrual • Depressão – Piora a depressão, alterações de memória e concentração • Queda da libido • Túnel do Carpo – edema devido depósito de aminosaminoglicanos Exame Físico – Edema em face, periorbital e membros (edema duro, depósito de aminosaminoglicanos). • Ganho de peso modesto por retenção hídrica • Bradicardia, abafamento das bulhas, redução da PAS (diminuição da contratilidade cardíaca) e aumento da PAD, ICC • Macroglossia, palidez, hiporreflexia, túnel do carpo Coma Mixedematoso – Quadro extremo do Hipotireoidismo. Forma grave, de mortalidade alta. Tríade – Fator Precipitante + Hipotermia + Alterações no Nível de Consciência Outros sintomas presentes: Bradicardia, Hiponatremia, Hipoglicemia, Insuficiência Respiratória Diagnóstico – Feito através de TSH e T4 livre. • Primário: TSH alto e T4 Baixo • Secundário: TSH inapropriadamente normal Hipotireoidismo Subclínico – TSH alto com T4 normal, não tem manifestações clínicas Hipertireoidismo – Importante distinguir Tireotoxicose X Hipertireoidismo Tireotoxicose: Síndrome decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes (pode ser exógeno) Epidemiologia – Mais comum em mulheres, doença de Graves em paciente mais idosos. Etiologia – Doença de Graves, Bócio Multinodular Tóxico, Adenoma Tóxico Hiperfunção Tireoidiana Doença de Graves: Autoimune, mediada por anticorpos Trab. Causa mais comum de hipertireoidismo. Anticorpo ativa o receptor de TSH independente de TSH, fazendo- o trabalhar demais Bócio Multinodular Tóxico: Idoso, áreas carentes de Iodo Adenoma Tóxico: Mutação somática ativadora, produção independente de TSH aumentada Tireotoxicose Tireoidite Subaguda Indolor – Pode ser por medicamentos, causada por inflamação na glândula, liberação de hormônio pré-formado devido a destruição rápida da glândula (sem hiperfunção tireoidiana, ela está pouco funcionante). Tem sintomas de Tireotoxicose Carla Bertelli – 5° Período Tireoidite Subaguda Dolorosa – Pós viral, geralmente de vias áreas superiores, pode haver dor, endurecimento, febre, mal-estar. Depois, durante a sua recuperação, pode evoluir para um hipotireoidismo subclínico Secreção Ectópica de Hormônio Tireoidiano – Struma ovarii e outros tumores produtores, incluindo metástases Quadro Clínico – Perda de peso induzido pelo aumento da taxa metabólica basal, aumento da fome. Alterações Neuropsiquiátricas (ansiedade, agitação, irritabilidade). Aumento da frequência evacuatória, intolerância ao calor, aumento da sudorese Sinais • Tremor de Extremidades • Pele quente e pegajosa, alterações nas unhas • Bócio difuso, uni ou multinodular • Maior sensibilidade às catecolaminas – aumento da FC, taquiarritmias, fibrilação atrial, aumento da PAS • ICC de Alto Débito – Edema, turgência jugular, crepitantes basais • Exoftalmia (Doença de Graves) • Perda de Massa Magra (osteoporose) • Coiloníquoa – Unha começa despregar Crise Tireotóxica – Mortalidade alta, decorrente de hormônios tireoidianos circulantes em excesso, manifestando em todos os sistemas • Incluem manifestações nos sistemas cardiovascular, TGI, etc... Classificação de Burch-Wartofsky - >45 pontos é altamente sugestivo de crise tireotóxica Diagnóstico – TSH Suprimido e T4 elevado. • T4 e TSH alto – Problema central (hipofisário, que não está respondendo ao feedback negativo, como um adenoma hipofisário). • T4 normal no hipertireoidismo subclínico ou tireoxoticose por T3 Autoanticorpos: Trab (marcador da doença de graves), Anti TPO e Anti TG USG de Tireoide: Excluir presença de nódulos hiperfuncionantes Cintilografia : Saber se o nódulo é funcionante ou não Exoftalmia de Graves – Presença do autoanticorpo Trab. Doença inflamatória, autoimune, acomete a órbita ocular Causa hipertrofia da musculatura orbitária causando proptose palpebral, lagoftalmo, eritema, ressecamento, retração palpebral e ‘’lid lag’’ Pode haver comprometimento visual podendo ser por motilidade e lubrificação prejudicados – fotofobia, diplopia, retração do nervo óptico. Acomete a acuidade visual Reação cruzada do trab que vai para a gordura e musculatura retroobritária e faz o aumento delas CAS – Escore de Atividade Clínica:Dor, Hiperemia e Edema Carla Bertelli – 5° Período Aula 5 – Automedicação A automedicação é prática comum no Brasil e envolve principalmente o uso de medicamentos isentos de prescrição; portanto, os usuários de tais devem ser alertados sobre os possíveis riscos. A Organização Mundial da Saúde define automedicação como a seleção e o uso de medicamentos sem prescrição ou supervisão de um médico ou dentista. A automedicação é um fenômeno mundial e sua prevalência difere em função da população estudada, do método e do período recordatório utilizado Os medicamentos mais consumidos de acordo com o primeiro nível da classificação ATC foram os utilizados para sistema nervoso central, seguido dos produtos utilizados para o aparelho músculo-esquelético, trato alimentar e metabolismo, sistema respiratório, sistema geniturinário e hormônios sexuais, anti-infecciosos para uso sistêmico e outros. Quanto à distribuição dos medicamentos por grupo terapêutico da classificação ATC (segundo nível), os mais frequentes foram: os analgésicos, seguidos dos relaxantes musculares e anti- inflamatórios ou antirreumáticos Apesar de a grande maioria dos medicamentos consumidos serem isentos de prescrição, não se pode menosprezar as possíveis intoxicações e efeitos adversos que eles podem causar a seus usuários. No caso dos analgésicos e AINES, pode-se citar, entre outros, os distúrbios gastrointestinais, reações alérgicas e efeitos renais Aula 6 – Avaliação do Paciente com quadro neurológico Isquêmico O AVC ainda é a terceira maior causa de morte nos EUA. Os fatores de risco reconhecidos são idade avançada, hipertensão, diabetes melito, dislipidemia, história de ataque isquêmico transitório (AIT), tabagismo, estenose da artéria carótida e cardiopatia. Em geral, a doença cerebrovascular pode ser amplamente dividida em tipos isquêmico e hemorrágico É classificada de várias outras maneiras clinicamente importantes: circulação anterior (carotídea) ou circulação posterior (vertebrobasilar), grandes vasos (aterosclerótica) ou pequenos vasos (hipertensiva, diabética e lacunar) e trombótica ou embólica. A doença isquêmica tende a se apresentar com déficit focal agudo em paciente alerta. É mais provável que a hemorragia intracraniana tenha início desastroso, com coma e desfecho desfavorável. Distúrbios cerebrovasculares isquêmicos podem ser subdivididos por aqueles decorrentes de oclusão trombótica de um vaso, e os de oclusão embólica de origem distante, como o coração ou os grandes vasos do pescoço e do tórax; infartos de áreas limítrofes ocorridos nas zonas fronteiriças de perfusão quando há diminuição geral da perfusão cerebral; infartos lacunares (menos de 2 cm de diâmetro e geralmente profundos, resultantes da oclusão de artérias “terminais” perfurantes); e AIT. O início dos sintomas em todos esses distúrbios frequentemente é abrupto; embora, às vezes, o surgimento dos sintomas de trombose seja mais gradual do que os de hemorragia ou embolia. É importante identificar o momento preciso de início, já que isso determina a elegibilidade para tratamento com ativador tecidual de plasminogênio, o qual deve ser administrado dentro de 3 horas a partir do início dos sintomas. A estenose ou oclusão de artérias extracerebrais, e até mesmo extracranianas, é responsável por uma grande proporção de doenças cerebrovasculares. Os vasos afetados podem estar localizados no pescoço ou no tórax e incluir as artérias carótidas comum e interna e as vertebrais e o arco da aorta. A doença de pequenos vasos envolve pequenas artérias e arteríolas profundas e penetrantes e costuma estar relacionada com hipertensão. A doença de grandes vasos tende a se apresentar como AIT ou AVC cortical e a doença de pequenos vasos como uma síndrome lacunar subcortical. Em geral, os distúrbios da circulação anterior causam infarto hemisférico, provocando hemiparesia e defeitos da função cortical superior, como afasia; enquanto os da circulação posterior causam isquemia do tronco encefálico ou do lobo occipital. Eventos trombóticos tendem a se iniciar durante o sono e causar déficits menos intensos e mais restritos. Os AVCs trombóticos também podem ter um processo de gagueira por causa de hipoperfusão flutuante e oclusão gradual. Os eventos embólicos ocorrem classicamente durante períodos de atividade, são mais devastadores e estão mais propensos a ter doença cardíaca associada. Carla Bertelli – 5° Período Pacientes com AIT experimentam episódios curtos de disfunção neurológica, que por definição tradicional duram menos de 24 horas; porém, na realidade, é comum durarem apenas 10 a 30 minutos, e raro, mais de uma hora. As crises resolvem-se sem deixar déficit clínico detectável. A patologia é o mais importante, não a duração dos sintomas. Até 50% dos pacientes com déficits transitórios de menos de 24 horas de duração apresentam evidências de infarto nos exames imagem. O risco de AVC em pacientes com AIT é de aproximadamente 5 a 6% por ano durantes os primeiros 5 anos e é maior no primeiro ano. O AVC ocorre em até 5% dos pacientes dentro de 48 horas após o AIT e em 10% dentro de 90 dias. O risco é maior em pacientes idosos, diabéticos, naqueles com hemiparesia ou afasia, ou após crise com duração superior a 10 minutos. No AVC isquêmico, o déficit depende do território arterial afetado. A isquemia da Artéria Cerebral Anterior é caracterizada por fraqueza e parestesia desproporcionais da perna contralateral. Áreas de especial importância clínica irrigadas pela artéria cerebral média (ACM) incluem campos oculares frontais; áreas de Broca, de Wernicke e corticais mediadoras da função motora e sensorial do braço e da face. Grandes infartos no território da ACM do hemisfério dominante costumam causar hemiplegia, hemianestesia e hemianopsia homônima densa contralaterais, além de afasia global. Lesões de distribuição completa da ACM no hemisfério não dominante produzem hemiplegia, vários tipos de apraxia, déficit do campo visual e diferentes combinações da síndrome peculiar de negligência do lado esquerdo do espaço, negação de incapacidade e, às vezes, total incapacidade de reconhecer os membros paralisados como parte do corpo (anosognosia). Pacientes com AVC da artéria cerebral posterior geralmente apresentam hemianopsia homônima como a manifestação clínica predominante e talvez não tenham fraqueza nem perda sensorial relevantes. A oclusão da artéria carótida interna (ACI) pode ocasionar infarto de todo o hemisfério, com exceção do tálamo, parte inferior do lobo temporal e parte medial do lobo occipital. Infartos grandes, como aqueles ocorridos com oclusões de ACI ou ACM, costumam provocar edema cerebral considerável. Edema cerebral e elevação da PIC são a causa de morte em cerca de um terço de todos os AVCs isquêmicos fatais. Acidentes vasculares de tronco encefálico são caracterizados por síndromes “cruzadas” de disfunção de nervo craniano ipsilateral à lesão e disfunção do trato motor ou sensorial longo contralateral. Muitos acidentes vasculares são causados por infarto lacunar relacionado com necrose fibrinoide, ou lipo- hialinose, de pequenas arteríolas em todo o corpo. A hipertensão é responsável por cerca de 80 a 90% dos infartos lacunares. O diabetes melito é outro importante distúrbio predisponente. Infartos lacunares afetam estruturas subcorticais, como núcleos da base, tálamo, cápsula interna, substância branca subcortical, cerebelo e tronco encefálico. Eles não afetam o córtex cerebral. A oclusão dessas pequenas artérias terminais causa infarto, e os pequenos infartos levam ao surgimento de diminutas cavidades preenchidas com líquido (do francês, lacune, lago), de 2 a 15 mm de tamanho. Os sintomas apresentados dependem da localização, mas exames por RM ponderada em difusãomostraram que a mesma síndrome lacunar pode resultar de uma lesão em várias localizações e aquelas no mesmo local causar diferentes síndromes. Exame Neurológico NIHSS – Quantifica o grau de déficit neurológico e padroniza a comunicação entre os profissionais de saúde, além de auxiliar na possível identificação do vaso ocluído, no prognóstico, no tratamento e no manejo de possíveis complicações. Quando muito grave >22, impede o uso de trombolítico. Trombólise – Iniciada apenas em tempo hábil de até 4h30 do início dos sintomas Aula 7 – Hipertensão Intracraniana É a Pressão Exercida na área de superfície interna da caixa craniana, pelo conteúdo presente neste compartimento: • Parênquima Encefálico • Sangue • Líquor As manifestações clínicas de elevação da PIC variam de acordo com a natureza do processo subjacente e se é Carla Bertelli – 5° Período agudo ou crônico. A cefaleia é um sintoma comum. Acredita-se que a cefaleia por aumento da PIC seja causada por tração de estruturas sensíveis à dor e tende a ser exacerbada por tosse, manobra de Valsalva ou mudança de posição; ela costuma ser mais intensa à noite. A pressão sobre os centros autônomos no tronco encefálico provoca várias manifestações, como náuseas, vômito, aumento da PA, alterações da respiração e bradicardia. A alteração da consciência é comum. O papiledema é frequente. O aumento da PIC antes da fusão das suturas cranianas pode acarretar separação das linhas de sutura, saliência do fontículo anterior ou dilatação da cabeça. A paralisia do nervo abducente é manifestação inespecífica comum de aumento da PIC. O reflexo de Cushing ou tríade de Cushing consiste em hipertensão, bradicardia e desaceleração da respiração por comprometimento do tronco encefálico. Tríade de Cushing: • Hipertensão Arterial • Bradicardia • Irregularidade Respiratória Quadro Clínico – Cefaleia (apresentação típica, pior durante a manhã); Náuseas e Vômitos, Edema de Papila Óptica e distúrbios visuais (diplopia); Alteração no nível de consciência; Paralisia de VI (uni ou bilateral); convulsões, alteração do comportamento, sinais focais (hemiparesias, afasias), postura de decorticação ou descerebração; tríade de Cushing A Pressão Intracraniana Normal é pulsátil e oscila com os ciclos cardíacos e respiratórios, sendo igual a pressão venosa encefálica A pressão intracraniana pode ser considerada normal quando estiver entre 0 e 15 mmHg; de 15 a 40 mmHg ela está moderadamente elevada e acima de 40 mmHg muito alta. Pequenas flutuações irregulares, variando de 15 a 35 mmHg, po- dem ser consideradas normais Pressão de Perfusão Cerebral – É a diferença entre a pressão arterial média e a pressão intracraniana. O cálculo consiste em: O fluxo sanguíneo cerebral torna-se insuficiente quando a PPC está abaixo de 40mmHg, sendo que os limites de normalidade se localizam geralmente entre 80 e 90mmHg. Hipóxias irreversíveis ocorrem quando a PPC está menor que 30mmHg. No exame físico inicial, enfoca- se uma breve avaliação do estado neurológico, incluindo o nível de consciência e o exame pupilar. A suspeita de trauma cervical sempre está presente no TCE grave As metas no tratamento são dirigidas para a prevenção do segundo insulto, que exacerba o dano neuronal e acentua a lesão cerebral secundária. Tal meta é buscada através de intervenções dirigidas para a redução da pressão intracraniana, a maximização da pressão de perfusão cerebral e da oferta de oxigênio ao cérebro. A PPC e a oferta de oxigênio dependem de ventilação adequada, da função cardíaca e da perfusão sistêmica Dessa forma, considera-se como limite de normalidade, pressão arterial média de 50 a 170mmHg e pressão intracraniana atingindo aproximadamente 30mmHg. Quando a pressão intracraniana vai além de 30mmHg podem ocorrer distúrbios no mecanismo compensatório e o fluxo sanguíneo cerebral torna-se dependente da PAS. Da mesma forma, a queda da pressão arterial sistêmica pode acarretar prejuízos na manutenção do fluxo sanguíneo cerebral. Sabe-se que quando a pressão de perfusão cerebral é menor que 60mmHg, diminui o fluxo sanguíneo cerebral porque o mecanismo de auto regulação começa a falhar. A percussão do crânio pode revelar redução da ressonância na lateral de um tumor ou hematoma subdural ou timpanismo na hidrocefalia e na elevação da PIC. Em lactentes e crianças com hidrocefalia, é possível a percussão do crânio produzir ressonância maior do que o normal (sinal de Macewen ou ressonância de “pote rachado”). A HII (hipertensão intracraniana benigna, pseudotumor cerebral) é uma síndrome comum e bastante estereotipada de cefaleia e papiledema sem sinais neurológicos focais, com LCR normal e sem sinais de Carla Bertelli – 5° Período lesão expansiva nem de aumento dos ventrículos em exames de imagem. Na maioria das vezes, o distúrbio é idiopático, sem causas conhecidas. Pode ocorrer após oclusão do seio sagital superior ou do lateral. É mais comum em mulheres jovens com sobrepeso, classicamente com irregularidades menstruais. A cefaleia é o principal sintoma, mas os pacientes também podem apresentar obscurecimento visual transitório, zumbido pulsátil e diplopia por paralisia do NC VI (falso sinal localizador). É possível que o papiledema seja acentuado e cause perda visual. Os exames de imagem são normais ou mostram ventrículos semelhantes a fendas; pode ocorrer sela vazia. A patogênese permanece incerta. Há possibilidade de hipotensão intracraniana em caso de extravasamento de LCR, sendo mais comum pelo trajeto deixado por agulha de PL. Também existe um tipo “espontâneo”, no qual há laceração da dura-máter por várias causas. Essas síndromes de baixa pressão do LCR são caracterizadas por cefaleia notadamente postural, muito mais intensa na posição ereta e aliviada em decúbito. Quando grave, pode haver sinais de irritação meníngea Causas: Aula 8 – Cefaleias A maioria das cefaleias é benigna, mas em alguns casos ela irá se apresentar como a queixa inicial de pacientes com distúrbios graves ou até mesmo em risco de vida (p. ex., hemorragia, lesão expansiva e infecção do SNC). A enxaqueca é uma causa muito comum de cefaleia recorrente. Em geral, é dividida em duas grandes categorias: com aura (enxaqueca clássica) e sem aura (enxaqueca comum). Aproximadamente 75% dos pacientes têm enxaqueca sem aura; eles apresentam dor de cabeça unilateral ou holocefálica, geralmente pulsátil, associada a náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. Na enxaqueca com aura, a cefaleia é precedida ou acompanhada por aura bem definida. Em geral, a aura inclui fenômenos visuais (escotomas cintilantes, espectros de fortificação, clarões e linhas onduladas), mas pode conter disfunção somatossensorial (hemidormência ou hemiformigamento), hemiparesia ou outras aberrações corticais focais, como afasia. Às vezes, os sintomas neurológicos são relativamente isolados, com cefaleia mínima ou sem cefaleia (enxaqueca acefálgica, enxaqueca sem cefaleia e equivalentes de enxaqueca). Quando a disfunção neurológica (com ou sem cefaleia) é muito intensa ou prolongada e passa a ser a parte mais proeminente do episódio de enxaqueca, o distúrbio é denominado enxaqueca acompanhada complicada. Os exemplos desse tipo de enxaqueca são: hemiplégica, oftalmoplégica e basilar. O estado de mal enxaquecoso diz respeito a uma crise de enxaqueca com duração acima de 72 horas, apesar do tratamento. A teoria vascular tradicional da enxaqueca, a qual sustentava que a aura decorria de vasoconstrição e a cefaleia de vasodilatação não é mais considerada válida. Os conceitos atuais são que a fisiopatologia da enxaqueca envolve depressão alastrante cortical, ativação do sistema trigeminovascular, inflamação neurogênica e sensitização periférica e central. Estudos de angiografia por RM demonstraram que a dorda enxaqueca não é acompanhada pela dilatação arterial extracraniana. Cefaleia em Salvas – É uma das cefalalgias autônomas trigeminais, a dor é intensa, contínua, monótona, profunda Carla Bertelli – 5° Período e incessante (não pulsátil) e sua distribuição é periorbital ou retro-orbital. As salvas frequentemente são associadas a lacrimejamento, hiperemia ocular ou congestão nasal no mesmo lado da cefaleia. A síndrome de Horner pode ocorrer com crises de dor e, às vezes, persistir entre elas. As salvas geralmente são de curta duração (cerca de 30 a 60 minutos) e diárias (em alguns casos, ocorrem várias vezes ao dia) por período limitado (várias semanas ou meses). Em outra ocasião, o paciente pode ter um longo intervalo assintomático, com duração de meses ou anos. Em média, as salvas duram de 6 a 12 semanas, e as remissões, até 12 meses. Ao contrário de pacientes com enxaqueca, os quais preferem ficar imóveis e em silêncio, aqueles com salvas ficam inquietos e optam por se mover, andar de um lado para outro, sentar e balançar, e até fazer jogging. Outras cefaleias trigeminais autônomas são hemicrania paroxística, cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com hiperemia conjuntival e lacrimejamento (SUNCT), ataques de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com sintomas autônomos cranianos (SUNA) e hemicrania contínua. Elas têm características comuns, mas diferem na duração e frequência da crise e na resposta à terapia. Acredita-se que as cefaleias autônomas trigeminais envolvem atividade anormal sincronizada no hipotálamo, no sistema trigeminovascular e no SN autônomo. Parece haver ativação do reflexo trigêmeo-autônomo, uma via reflexa que consiste na conexão do tronco encefálico entre o nervo trigêmeo e a divisão parassimpática do nervo facial. Cefaleia tensional (CT, do tipo tensão, contração muscular) é o termo usado com maior frequência para descrever a dor considerada de origem não enxaquecosa. Em sua forma típica é de intensidade leve a moderada, bilateral, não pulsátil e sem outras características associadas. As CTs não causam náuseas nem são agravadas pela atividade física. Os mecanismos precisos dela são incertos; e a patogênese provavelmente é multifatorial, mas a noção tradicional de contração sustentada dos músculos pericranianos não é mais considerada válida. As cefaleias expostas anteriormente são Cefaleias Primárias. As cefaleias secundárias são as cefaleias relacionadas a uma alteração orgânica (tumores, meningites). Recomendações segundo a sociedade brasileira de Cefaleia: • Proporcionar Pronto Atendimento • Dispor de um ambiente de repouso com pouca luminosidade e silêncio • Equipe médica e pessoal de apoio adestrado para atendimento de emergências • Capacidade de realizar exames básicos como exames laboratoriais, Raio X, TC, exame de líquor É importante ter em mente as características dos principais tipos de cefaleia e saber diferenciar os sinais de alarmes. Pedir se é a primeira vez que se tem essa dor? É a mesma dor das outras vezes? – Se essa dor é diferente do que ele usualmente sente no memento é outra dor Fatores de Alarmes: • Primeira ou a pior cefaleia da vida da pessoa • Início súbito ou recente • >50 anos ou <10 anos • Intensidade e frequência progressiva e persistentemente maiores • História de neoplasia ou paciente HIV + • Febre e outros sinais de doença sistêmica • Sinais Meníngeos • Mudança nas características da dor • Cefaleia relacionada ao esforço físico • Cefaleia persistentemente unilateral • Refratariedade ao tratamento Aula 9 - Manejo do paciente agitado e agressivo na emergência/diferenciação do paciente com delírio e delirium Agitação psicomotora e caracterizada por um estado de excitação mental e pelo aumento da atividade motora. Consiste na emergência mais comum em psiquiatria, presente em uma ampla faixa de transtornos mentais. São frequentemente erráticos e muitas vezes precedem um comportamento violento. Carla Bertelli – 5° Período Exame Físico e Psíquico – Devido a urgência do quadro clínico e as dificuldades na obtenção de informações, os exames físico e psíquico devem ser realizados paralelamente. Avalia-se os sinais vitais do paciente, descartando possibilidade de a agitação ser devido hipóxia ou dor intensa. Se a agitação ocorre por fatores de natureza orgânica, geralmente se manifesta com inícios súbito, alterações repentinas de humor, confusão mental com rebaixamento no nível de consciência, desorientação e distúrbios da memória. Achados no exame físico incluem taquicardia, febre, hipertensão, taquipneia, papiledema, laceração da língua... Fazer exames físicos e laboratoriais Tratamento – Pode serem feitas intervenções verbais, devido a necessidade de dialogar antes de qualquer intervenção. Dentre os cuidados no manejo verbal, é importante: Preocupar-se com a segurança de todos, manter a calma e controle da situação, falar suavemente (de modo a não provocar e julgar), se possível o clínico e o paciente ficarem sentados, escutar quando o paciente começa a falar, cuidado com heteroagressividade Restrição física – Contenção física é uma medida protetora do paciente e de outras pessoas, devendo ser aplicada somente no contexto do tratamento. Deve ocorrer em casos estritamente necessários. Diretrizes para imobilização incluem: De preferência 5 pessoas requisitadas, contensão de couro são o tipo de restrição mais segura e resistente, durante todo o procedimento deve ser esclarecido o motivo ao paciente, pacientes devem ser contidos com as pernas abertas, um braço preso de um lado e o outro sobre a cabeça, a cabeça do paciente deve ser levantada para reduzir a possibilidade de aspiração, observar para que os membros não fiquem torcidos, a medicação a ser administrada deve estar pronta pra ser realizada, o paciente deve ser mantido sob observação constante, após o efeito da contenção química é importante remover as contenções de um membro de cada vez. Tratamento medicamentoso – Para agitação severa, a tranquilização pode ser necessária. Geralmente são usados sedativos-hipnóticos (bendoziazepínicos) e antipsicóticos. Delírio e Delirium – Delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica cuja principal característica cognitiva e comportamental é uma alteração da atenção, de instalação aguda ou subaguda e de curta duração. Geralmente, apresenta curso flutuante e é secundário a distúrbios ou complicações médicas sistêmicas, como infecções, distúrbios metabólicos. A ocorrência de delirium está associada á etiologia multifatorial, os fatores de risco podem ser divididos em: fatores predisponentes e fatores precipitantes. A idade é um dos principais fatores de risco associados ao delirium. Pode-se dividir as causas do delirium em 6 grupos: encefalopatias tóxico- metabólicas, estressores ambientais, lesões cerebrais multifocais, crises epilépticas, lesões com efeito em massa, lesões focais. Carla Bertelli – 5° Período A fisiopatologia do delirium ainda não é completamente estabelecida. Os principais circuitos neurais associados ao delirium são divididos em 2: Circuitos difusos (envolvendo vias talâmicas e bi-hemisféricas) e Circuitos focais (associados ao córtex parietal e frontal direitos) Quadro Clínico – Alterações cognitivas e comportamentais secundários ao déficit atencional. O nível de consciência pode estar diminuído ou flutuar entre sonolência e hipervigilância. O déficit atencional pode ser feito a beira do leito por testes simples como o de extensão de dígitos na ordem direta. Como a atenc ̧ão é a função cognitiva primordial para a manutenção do status cognitivo global, alterações de linguagem, memória, percepção, habilidades visoconstrutivas e humor também podem estar presentes no quadro de delirium. O discurso esponta ̂neogeralmente é incoerente, podendo haver dificuldade em nomear objetos, pessoas ou ações (anomia). Os quadros de delirium podem ser divididos em hipoativos e hiperativos, havendo frequentemente alternância entre esses dois componentes. Abordagem Inicial – Deve ser abordado inicialmente conforme protocolo de atendimento de emergência, com medidas que estabilizem os parâmetros vitais. Hipoglicemia, hipóxia, desidratação, intoxicações exógenas devem ser pesquisadas prontamente. O tratamento definitivo será feito após confirmado a etiologia do quadro e tratamento específico do fator precipitante. Algumas medidas não farmacológicas devem ser adotadas no tratamento do delirium, e incluem reorientação e intervenção comportamental. A restrição física deve ser evitada porque está associada a aumento da agitação, maior risco de lesão e prolongamento do delirium. Medidas ambientais devem ser adotadas, como limitar a mudança de ambiente e o número de profissionais da equipe de assistência, assim como fornecer um ambiente quieto e com pouca luminosidade durante a noite. O tratamento medicamentoso sintomático do delirium é feito na maioria das vezes com o uso de antipsicóticos Prevenção – As intervenções devem ser multifatoriais, uma vez que são múltiplos os fatores de risco e as possíveis etiologias. O estudo Yale Delirium Prevention Trial demonstrou eficácia na intervenção em seis fatores de risco: orientação e atividade terapêutica para o declínio cognitivo (discussão de eventos atuais, reminiscência estruturada ou jogos de palavras); mobilização precoce; uso de métodos não farmacológicos para minimizar o uso de substa ̂ncias psicoativas (p. ex., uso de músicas relaxantes para iniciar o sono); intervenções para prevenir privação de sono Aula 10 – Convulsão e Epilepsia As convulsões são muito comuns; cerca de 10% da população irá sofrer ao menos uma crise ao longo de 80 anos de vida. As manifestações dependem de onde a descarga inicia no encéfalo e de como seu mecanismo é disseminado. Crises epilépticas podem ser divididas naquelas que se iniciam em uma parte específica de um hemisfério (focais, parciais ou relacionadas com a localização) e nas que começam simultaneamente em ambos os hemisférios (generalizadas). • Crises parciais simples ou focais com preservação da percepção são eventos focais que não comprometem a consciência; a descarga convulsiva é limitada a uma área focal do córtex. • Convulsões parciais complexas ou focais com comprometimento da percepção são aquelas que prejudicam a consciência. Descargas epilépticas com início focal provocam sinais e sintomas focais. Caso a descarga permaneça focal, as manifestações clínicas também se mantêm focais e dependem da parte afetada do córtex. A crise que afeta o córtex motor causa convulsões motoras focais contralaterais, a descarga do lobo occipital acarreta fenômenos visuais e a descarga parietal provoca sintomas sensoriais. A propagação de uma descarga através do córtex pode produzir marcha jacksoniana da atividade convulsiva. Se a descarga se espalha para estruturas profundas da linha mediana, ela com frequência é projetada ou propagada por todo o encéfalo, resultando em perda de consciência (generalização secundária). Crises epilépticas que afetam todo o encéfalo, ou estruturas medianas profundas que causam a projeção difusa e bilateral imediata da descarga, são denominadas crises generalizadas primárias. Pode ser difícil distinguir as crises focais com generalização secundária rápida das generalizadas primárias. A importância da distinção está nas diferentes causas prováveis das crises generalizadas primárias (idiopáticas, familiares, benignas) em reação às focais Carla Bertelli – 5° Período com generalização secundária (lesões cerebrais focais, por exemplo, tumor, abcesso ou tecido cicatricial, traumatismo antigo). A percepção da atividade da crise focal que precede a generalização secundária é chamada de aura. A natureza da aura ajuda a localizar o ponto de origem da descarga epiléptica. Descargas epilépticas no unco do lobo temporal medial ou próximas dele geralmente produzem aura olfatória, chamada ataque uncinado. Cerca de 60% dos pacientes com epilepsia focal têm algum tipo de aura. A disfunção neurológica focal pós-ictal, como fraqueza (paralisia de Todd) ou perda sensorial com duração de minutos a horas, também pode ajudar a localizar o foco da crise epiléptica. Conforme a crise focal evolui para a secundariamente generalizada, o braço contralateral pode ser estendido da mesma maneira como o braço ipsilateral é flexionado no cotovelo, formando um “sinal do número quatro”, o que é útil para localizar o foco da crise. A epilepsia é, por definição, caracterizada por crises convulsivas recorrentes. Pacientes que apresentam uma crise isolada podem ou não ter epilepsia. Existem muitas causas de crises além da epilepsia, incluindo anormalidades metabólicas, fármacos ou doenças clínicas. O diagnóstico diferencial dessas crises depende muito da idade As causas comuns de crises epilépticas sintomáticas agudas em adultos são AVC isquêmico ou hemorrágico agudo, principalmente hemorragia lobar; HSA; hematoma subdural; TCE; encefalopatia hipóxico-isquêmica; meningite ou encefalite; intoxicação por drogas, álcool e outros estados de abstinência; e distúrbios metabólicos, como hipoglicemia, hiperglicemia, estado hiperosmolar, hiponatremia e uremia. Nas TCGs (grande mal e crises motoras maiores), há descarga bilateral que acarreta perda de consciência, movimentos sincrônicos bilaterais dos membros e, com frequência, incontinência urinária e/ou fecal e mordedura da língua. A fase de TCG raramente dura mais de 2 minutos. Quando os movimentos clônicos cessam, o paciente dorme por algum tempo e desperta gradualmente. Letargia pós-ictal e confusão são comuns. Além do trauma oral, as complicações incluem luxação do ombro, fraturas por compressão vertebral e pneumonia por aspiração. Pacientes com crises epilépticas graves, eventos particularmente frequentes de TCG, correm risco de morte súbita inexplicável em epilepsia (SUDEP). A ausência generalizada (pequeno mal e crises motoras menores) é mais frequente em crianças entre 4 e 12 anos de idade e provoca episódios transitórios de olhar fixo, com ausência de resposta, muitas vezes confundidos com “sonhar acordado”. Eventos de ausência com duração superior a 20 segundos podem ser associados a automatismos, como piscar e estalar os lábios. Muitas vezes, essas crises podem ser provocadas por hiperventilação Crises mioclônicas são contrações musculares momentâneas, rápidas e recorrentes, não acompanhadas por perda de consciência. As atônicas causam perda súbita de tônus muscular e podem acarretar quedas. As parciais complexas (do “lobo temporal”, psicomotoras) são caracterizadas por perda de percepção do ambiente sem perda real de consciência, acompanhada por vários automatismos como estalar dos lábios, mastigar ou pegar e puxar lentamente as roupas com uma das mãos. O grau de comprometimento da consciência pode variar de mínimo a acentuado. A epilepsia do lobo temporal é o tipo de crise mais comum em adultos, responsável por 40% dos casos de epilepsia e geralmente é causada por esclerose mesial temporal. Crises relacionadas com o álcool (abstinência) são muito comuns. A síndrome de abstinência resulta em uma tendência a ter crises generalizadas isoladas (raramente várias) nas primeiras 6 a 48 horas. Crises febris ocorrem em cerca de 3 a 5% das crianças com menos de 5 anos. A maioria acontece entre 6 meses e 4 anos de idade. Em geral, elas têm curta duração, são generalizadas e ocorrem com febre de elevação rápida, que alcança 39,5°C ou mais. Cerca de 30% das crianças apresentam mais de um episódio. Nãohá consequências a longo prazo para a maioria dos indivíduos afetados. Aqueles com crises febris prolongadas ou focais, ou história familiar de crises não febris, têm risco um pouco maior de desenvolver epilepsia mais tarde na vida. O estado de mal epiléptico (EME) refere-se a crises prolongadas ou que ocorrem sucessivamente sem o paciente recuperar a consciência entre elas. EME é uma emergência neurológica com taxa de mortalidade de 10 a Carla Bertelli – 5° Período 30% em adultos. Algumas das causas mais comuns em adultos incluem: lesão cerebral estrutural aguda (AVC, HSA, anoxia cerebral, meningite e encefalite); lesão encefálica estrutural remota (TCE prévio e neurocirurgia); abandono ou interrupção de medicamentos antiepilépticos em pacientes com epilepsia conhecida; síndromes de abstinência (álcool, barbitúricos e benzodiazepínicos); anormalidades metabólicas (hipoglicemia, hiperglicemia e estado hiperosmolar) Aula 11 – Exame Neurológico • Já tem outro arquivo com resumão de semiologia neurológica para estudar isso Aula 12 – Manejo do Paciente com Tendências Suicidas Tentativa prévia de suicídio e presença de transtorno mental são os dois mais importantes preditores de suicídio. História prévia de tentativa de suicídio aumenta em 40x a chance de recorrência. O comportamento suicida é composto por um conjunto de cognições e comportamentos disfuncionais, podendo causar morte. O suicídio e a tentativa de suicídio demandam atenção de clínicos e cirurgiões do pronto-socorro e consomem grandes recursos da saúde, considerados um importante problema de saúde pública. O comportamento suicida inclui alguns aspectos que variam em graus crescentes de intensidade e gravidade. A diferenciação de alguns conceitos psicopatológicos é fundamental: Ideias de morte, ideias suicidas, desejo de suicídio, intenção de suicídio, tentativas de suicídio, plano de suicídio, atos impulsivos e suicídio. A maioria das pessoas com intenção suicida comunica seus pensamentos e intenções suicidas através de conversas nas quais apresentam temas como sentimento de culpa, desvalia, ruína moral e desesperança. Existem 3 características psicopatológicas comuns na mente dos suicidas: 1 – Ambivalência: em que há uma urgência de sair da dor de viver, ao mesmo tempo um desejo de viver 2 – Impulsividade: o ato pode ser desencadeado por eventos negativos do dia a dia 3 – Rigidez de Pensamentos: pensar fixa e drasticamente no suicídio como única forma de saída Avaliação dos Riscos – Conhecimento de fatores de risco, pois eles precedem a ocorrência de uma condição particular relacionada ou não a doença. Quanto mais fatores de risco estiverem presentes, maior a chance de suicídio, contudo, muitos indivíduos podem ter um ou mais fatores de risco e não apresentar intenção suicida. Transtornos Mentais e Suicídios – Cerca de 90 a 90% das pessoas que cometeram suicídio, apresentavam um ou mais diagnósticos psiquiátricos na ocasião. Os Carla Bertelli – 5° Período transtornos de humor, em especial os estados depressivos, representam o diagnóstico mais frequente entre os portadores da doença mental que cometeram suicídio. Abordando o Paciente Suicida – O contato inicial é feito geralmente por um clínico geral e acontece em um espaço público, pronto-socorro, hospital, onde é difícil ter uma conversa particular. Esta entrevista tem como objetivo obter o máximo de informações do paciente. É necessário reservar um tempo razoável, pois os suicidas usualmente necessitam de mas tempo para deixarem de se achar um fardo e estarem preparados para responder. O primeiro passo é oferecer um ambiente tranquilo e não opressor, com privacidade razoável. Escutar, ouvi-lo efetivamente com empatia, com reforços positivos e sem julgamentos, tentando preencher a lacuna criada pela desconfiança. A melhor forma de se descobrir se o indivíduo está com pensamento suicida é perguntando diretamente a ele. Perguntar sobre isso não sugere a ideia ao paciente. Os principais questionamentos da entrevista é avaliar e investigar se a pessoa já tem um plano definido, se já planejou os meios, uma data. As perguntas devem ser feitas no momento em que a pessoa demonstrar que está se sentindo compreendida e confortável. Avalia-se a capacidade de elaboração, a capacidade de resolução de problemas, recursos materiais, suporte familiar e social, profissional. Condutas Diante de um Paciente Suicida – Recomenda-se que seja garantido ao paciente com ideação suicida: • Boa avaliação do estado mental, em especial do juízo crítico do paciente diante a própria situação • Avaliação da condição clínica geral • Segurança em local e circunstancias adequadas • Estabelecimento de um suporte social e adequado, inclui o acesso fácil a enfermagem, serviço social, familiares e amigos O médico deve avaliar a indicação ou não de hospitalização a partir de uma estimativa criteriosa do risco de suicídio. A hospitalização pode ser indicada de acordo com o grau de risco potencial de suicídio, principalmente se o paciente não colabora, apresenta um transtorno mental grave que prejudica sua crítica perante a situação e não possui suporte familiar. Outros aspectos a serem avaliados são a capacidade de assegurar autocuidado, de entender as diferentes modalidades de tratamento e de procurar ajuda em caso de situação de crise. A definição do tipo específico de tratamento que será estabelecido para cada paciente não depende apenas da estimativa do risco de suicídio, mas sim do conjunto de vários elementos, especialmente se a família está ou não envolvida na tomada de decisões.
Compartilhar