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A RELAÇÃO DE CONSUMO E SEUS ELEMENTOS PRODUTO – Artigo 3° § 1° CDC CONSUMIDOR Artigo 2° (padrão) FORNECEDOR Artigo 3° SERVIÇO – Artigo 3° § 2° CDC • Consumidor – Artigo 2º CDC • Pessoa Física / Jurídica • Produtos / Serviços • Destinatária Final • Doutrina (Cláudia Lima Marques): • Destinatário Final FÁTICO – Retira o bem do mercado; • Destinatário Final ECONÔMICO – Põe fim à cadeia produtiva. Não beneficia o produto ou serviço e devolve ao mercado. Não utiliza como insumo da atividade produtiva. Teorias – Definição de Consumidor Consumidor (artigo 2°) Teoria Finalista Destinatário Final FÁTICO Destinatário Final ECONÔMICO Teoria Maximalista Destinatário Final FÁTICO CONSELHO RECURSAL - 3ª TURMA RECURSAL Processo nº: 0014532-36.2018.8.19.0036 Recorrente (s): FERNANDO CORREA DA SILVA JUNIOR E MARGARETH XAVIER PEREIRA Recorrido (s): MOVIDA LOCAÇÕES DE VEÍCULOS S/A Sessão: 23.01.19 VOTO Trata- se de recurso inominado interposto pelos autores (fls. 155/163), em face da sentença (fls. 147/149) que julgou improcedentes os pedidos, sob o fundamento de que a cobrança relativa à coparticipação em caso de roubo está prevista no contrato firmado entre as partes (fls. 31), não sendo a referida cobrança abusiva. Insurgem-se os recorrentes contra a sentença, pugnando pela sua reforma. Contrarrazões, às fls. 182/193, pugnando pela manutenção da sentença. Assiste razão aos recorrentes. Nas razões do recurso, os autores insistem na ausência de clareza do contrato. O contrato prevê COPARTICIPAÇÃO PROTEÇÃO BÁSICA PARA ROUBO, FURTO, ACIDENTES OU PT (LDW), no valor de R$ 2.000,00. A ré afirma que o referido contrato foi firmado através da "Parceria Uber&Movida", e que o veículo seria utilizado como ferramenta de trabalho no aplicativo UBER. Tal fato não é impugnado pelos autores em ACIJ. A ré sustenta que sendo o veículo locado insumo para a atividade de motorista desenvolvida pelo 1º autor junto ao aplicativo UBER não há relação de consumo, o que afasta a aplicação do CDC. Não assiste razão ao réu. Tendo em vista tratar-se o 1º autor de motorista informal de aplicativo, inequivocamente vulnerável e hipossuficiente perante o fornecedor do serviço de locação, deve-se dar abrandamento à interpretação da Teoria Finalista. Em que pese o 1º autor ter locado o veículo para fins de utilização como motorista de UBER, deve ser considerado consumidor, por apresentar frente ao fornecedor evidente vulnerabilidade técnica, jurídica, fática e informacional, que legitima a aplicação do CDC. Decisão publicada em 2010 no Informativo nº 441 do STJ: "A jurisprudência do STJ adota o conceito subjetivo ou finalista de consumidor, restrito à pessoa física que adquire o produto no mercado a fim de consumi-lo. Contudo, a teoria finalista pode ser abrandada a ponto de autorizar a aplicação das regras do CDC para resguardar, como consumidores (art. 2º daquele Código), determinados profissionais (microempresas e empresários individuais) que adquirem o bem para usá-lo no exercício de sua profissão. Para tanto, há que demonstrar sua vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica (hipossuficiência). No caso, cuida-se do contrato para a aquisição de uma máquina de bordar entabulado entre a empresa fabricante e a pessoa física que utiliza o bem para sua sobrevivência e de sua família, o que demonstra sua vulnerabilidade econômica. Destarte, correta a aplicação das regras de proteção do consumidor, a impor a nulidade da cláusula de eleição de foro que dificulta o livre acesso do hipossuficiente ao Judiciário. iro de 2019 RENATA TRAVASSOS MEDINA DE MACEDO Juíza Relatora Continuação • Precedentes citados: REsp 541.867-BA, DJ 16.05.2005; REsp 1.080.719-MG, DJe 17.08.2009; REsp 660.026-RJ, DJ 27.06.2005; REsp 684.613-SP, DJ 1º.07.2005; REsp 669.990-CE, DJ 11.09.2006, e CC 48.647-RS, DJ 05.12.2005" (STJ - Resp 1.010.834-GO - Rel. Min. Nancy Andrighi - j. 03.08.2010). Portanto, certo é que a demanda tem como causa de pedir danos decorrentes de relação de consumo, mais precisamente danos decorrentes da falha do dever de informação da ré em contrato de adesão de locação de veículo, que não deu o devido destaque e esclarecimentos à cláusula prejudicial ao contratante mais vulnerável, impondo-se, assim, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Entendo que não há clareza suficiente no referido contrato. A previsão da cobrança de R$ 2.000,00, no caso descrito, não está em destaque, nem é suficientemente clara, eis que consta no meio do contrato, no título "Proteção e Cobertura", e sem qualquer explicação do que se trata "coparticipação". Tendo em vista tratar-se de cláusula prejudicial ao consumidor, deveria aparecer em destaque, e com a devida explicação dos seus termos. Desta forma, diante da flagrante falha no dever de informação da ré, impõe-se a procedência parcial do pedido de devolução, na forma simples, eis que não configurada má-fé, do valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) pago a título de coparticipação. Tal valor deverá ser devolvido pela ré à 2ª autora, tendo em vista que esta consta como responsável financeira no contrato de locação e o Recibo de Pagamento de fls. 32 está em seu nome. Dano moral não configurado, eis que a situação descrita não apresenta maiores repercussões na esfera íntima dos autores, restringindo-se à questão patrimonial. Isto posto, voto no sentido de conhecer o recurso e dar-lhe parcial provimento para condenar a ré a devolver à 2ª autora o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), na forma simples, com juros a contar da citação e correção monetária a contar do desembolso. Mantida a improcedência do pedido de indenização por danos morais para ambos os autores e do pedido de devolução para o 1º autor. Sem ônus sucumbenciais por se tratar de recurso com êxito, conforme artigo 55 caput da Lei 9099/95. Rio de Janeiro, 23 de jane STJ – Teoria FINALISTA MITIGADA VULNERABILIDADE e PESSOA JURÍDICA AgInt no AREsp 1.480.596 / PR. 17/02/2020. CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PESSOA JURÍDICA. VULNERABILIDADE CONCRETA. EXCEPCIONALIDADE. VERIFICAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE TEM MITIGADO OS RIGORES DA TEORIA FINALISTA PARA AUTORIZAR A INCIDÊNCIA DO CDC NAS HIPÓTESES EM QUE A PARTE (PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA), EMBORA NÃO SEJA TECNICAMENTE A DESTINATÁRIA FINAL DO PRODUTO OU SERVIÇO, SE APRESENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE. Precedentes. 3. Assim, tendo o TJPR consignado a vulnerabilidade concreta da pessoa jurídica na hipótese vertente, rever o entendimento da Corte local acerca da vulnerabilidade da empresa recorrida somente seriapossível por meio do reexame do acervo fático-probatório existente nos autos, o que não se permite em recurso especial, ante o óbice da Súmula nº 7 deste STJ.4. Não sendo a linha argumentativa apresentada capaz de evidenciar a inadequação dos fundamentos invocados pela decisão agravada, o presente agravo não se revela apto a alterar o conteúdo do julgado impugnado, devendo ele ser integralmente mantido em seus próprios termos. 5. Agravo interno não provido. Acórdão. Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva eMarco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Moura Ribeiro A análise deve ser caso a caso. A fragilidade NÃO pode ser genérica, presumida.
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