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Psicogênese da linguagem oral e escrita Propriedades da Linguagem Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Luciene Siccherino Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan 5 Un id ad e Propriedades da Linguagem Nessa unidade da disciplina “Psicogênese da Linguagem Oral e Escrita: subsídios para Alfabetização e Letramento” abordaremos, de acordo com a teoria da Psicologia, o conceito de linguagem, sua aquisição, sua importância e algumas propriedades que a compõem. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) possui todas as informações, materiais didáticos e atividades referentes a esta unidade. Estão à sua inteira disposição diversos recursos, elementos visuais e audiovisuais para auxiliar o seu processo de aprendizagem a fim de torná-lo mais acessível, mais significativo e interativo. Não esqueça de que você pode contar com o auxílio do professor-tutor que, prontamente, tentará sanar suas dúvidas. Se houver problemas técnicos, você tem a possibilidade de contar com a equipe de suporte! • Conhecer o conceito de linguagem, sua função, suas propriedades, sua aquisição e sua importância; • Compreender a importância da linguagem oral para a aprendizagem da linguagem escrita; • Compreender a importância da Psicologia Cognitiva, mais especificamente a Metalinguagem na aprendizagem da linguagem escrita. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Você sabe desde quando a linguagem oral é utilizada? • Mas, afinal, como ocorre a instalação da linguagem oral? • Mas, afinal, qual a base de sustentação da linguagem? • Mas, você sabe dizer qual o objetivo da linguagem? Fonte: T hinkstock/G etty Im ages 6 Unidade: Propriedades da Linguagem A criança e o brincar são contextos indissociáveis, o brincar é tão essencial à criança quanto o trabalho é para os adultos. Não se pode pensar na ideia de ter uma criança sem dar-lhe tempo e propiciar-lhe momentos de ser e de se sentir criança. A criança que não brinca não aprende, não tem interesse, não tem entusiasmo, não demonstra sensibilidade e não desenvolve afetividade. Daí a necessidade de compreender o brincar como uma linguagem infantil, uma maneira que as crianças pequenas utilizam para falar não convencionalmente, mas para se expressar e demonstrar seus sentimentos, suas vontades, suas inquietudes. No ambiente escolar, a criança tem a oportunidade de estar com outras crianças, de entender as diferenças e aprender a socializar-se. Regras e normas são válidas e cabíveis, mas deve- se tomar cuidado em quando e como serão introduzidas no processo educativo. A negação repetitiva e sem fundamento coerente gera insatisfação e desinteresse em aprender, o que chama atenção é pensar que existem tantas escolas que focam na alfabetização e esquecem que a proposta pedagógica das pré-escolas deve ser desenvolvida eminentemente por meio de concepções voltadas para o brincar e cuidar. http://educador.brasilescola.com/orientacoes/brincar-linguagem-das-criancas.htmwww Contextualização http://educador.brasilescola.com/orientacoes/brincar-linguagem-das-criancas.htm 7 A humanidade utiliza a linguagem falada por volta de 30 mil anos de maneira bem próxima da forma de comunicação linguística atual. No entanto, pode-se dizer que os homens falam há mais tempo quando consideramos as formas mais primitivas de linguagem oral (Morais, 1996). O estudo acerca da aprendizagem da linguagem é vasto haja vista o período de mudança que ocorre por parte de quem a aprende. O aprendiz altera sua condição de indivíduo não-falante para a condição de indivíduo falante. Por isso, vamos iniciar nossa unidade com o entendimento da conceitualização de “linguagem”. A linguagem “se trata de um sistema de signos com regras próprias de utilização” (Penna, 1984, p. 81). Robert J. Sternberg é Professor de Psicologia e Educação da IBM no Departamento de Psicologia da Universidade de Yale. Reconhecido pela Science Digest como um dos cem maiores jovens cientistas dos Estados Unidos. O premiado autor tem mais de quarenta livros e inúmeros artigos publicados. Podemos dizer que a linguagem representa uma forma de utilizar uma combinação de palavras com o intuito de estabelecer a comunicação. A aquisição da linguagem permite ao aprendiz pensar sobre diversas coisas que podem não estar presentes, não podem ser vistas, cheiradas ouvidas ou sentidas, ou seja, essas coisas fazem menção às ideias que não possuem formas palpáveis (Sternberg, 2010). A comunicação permite a partilha de pensamentos e sensações que nem sempre ocorre só por meio da linguagem oral. A comunicação, então, envolve outros aspectos, além das palavras faladas, escritas ou outros sinais. Ela envolve, portanto, gestos, expressões faciais, olhares, aperto de mão, abraços, acenos, entre outros (Sternberg, 2010). Dessa forma, a criança consegue se comunicar mesmo antes de saber falar porque usa outras formas de comunicação, como o olhar, a expressão facial, os gestos. Outra capacidade da criança, mesmo antes de começar a falar refere-se à discriminação dos sons da fala. Por volta dos dois anos a linguagem oral se instala na criança, vista como expressão da capacidade simbólica. A partir desse momento ela mostra-se capaz de utilizar a linguagem para suas vivências cotidianas. Para se comunicar e interagir com seus pares, a criança faz uso desse novo instrumento de comunicação: a linguagem oral. Vejamos como ela se instala. Fo nt e: “ Ps ic ol og ia C og ni tiv a” , R ob er t J . S te rn be rg , E di to ra C en ga ge L ea rn in g (2 01 0) Você sabe desde quando a linguagem oral é utilizada? 8 Unidade: Propriedades da Linguagem Mas, afinal, como ocorre a instalação da linguagem oral? A instalação da linguagem oral depende de processos biológicos determinados, ou seja, esses processos são ativados assim que o bebê entra em contato com a linguagem do ambiente no qual ele vive, ou, entendido de outra forma: toda criança é capaz de adquirir a linguagem oral, desde que exposta às experiências linguísticas e livre de algumas patologias biológicas. A partir daí a criança começa a falar e a compreender sem ter o conhecimento da estrutura da língua, nem tampouco as regras existentes para o tratamento dessa língua. (Gombert, 2003). Jean-Emile Gombert. Doutor em Psicologia Genética, École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Professor de Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo da Université de Rennes II Haute Bretagne, Diretor do Centre de Recherches em Psychologie, Cognition et Communication dessa universidade. Entre seus principais trabalhos incluem-se Le développement metalinguistique, Reading and Language in Down and Williams Syndrome. Special Issue of Reading and Writing, Metalinguagem e aquisição da escrita: contribuições da pesquisa para a prática da alfabetização, publicado no Brasil no ano de 2003. Membro de diversos comitês científicos e Diretor da Coleção francesa Crocolivre. Por essa razão, a linguagem oral pode ser considerada objeto do desenvolvimento, ou seja, munida de instrumentos necessários, a criança consegue desenvolver a linguagem sem a necessidade de um ensino explícito. Essa comunicação que a criança consegue estabelecer com seus pares e o exercício da linguagem espontânea - que põe em ordem seu pensamento e suas ações - podem ser entendidos como conhecimento implícito da língua oral (Maluf, 2010). Maria Regina Maluf. Doutora em Psicologia pela Université Catholique de Louvain (1972). Pós-doutorado na University of California, Los Angeles (UCLA), e no Institut National de la Recherche Pédagogique, INRP-CRESAS, Paris. Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde é docente e pesquisadora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação, área de Psicologia da Educação. Professora livre docente da Universidade de São Paulo, Instituto de Psicologia. Past President da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP) no período 2011-2013). Membroda Diretoria da International Association of Applied Psychology, IAAP (2003-2010; 2010-2018). Membro da Academia Paulista de Psicologia (Cadeira n. 28). O conhecimento implícito da linguagem oral é resultado das experiências concretas vivenciadas pela criança ou pelo adulto. Podemos exemplificar o conhecimento implícito manifestado em situações cotidianas em que a criança toma a linguagem como objeto de atenção, ou seja, quando a criança consegue corrigir a inadequação de uma palavra de uso frequente: “Não é tenzinho é trenzinho”. Sobre isso, Maluf (2010, p. 17), destaca: “O conhecimento implícito expressa a ocorrência de processos funcionais de tratamentos linguísticos que não expressam ainda o autocontrole consciente.” 9 Mas, afinal, qual a base de sustentação da linguagem? A criança consegue se comunicar mesmo antes de saber falar porque utiliza outras formas de comunicação, como o olhar, a expressão facial, os gestos. Outra capacidade da criança, mesmo antes de começar a falar, refere-se à discriminação dos sons da fala. O desenvolvimento da linguagem se apoia em duas bases: uma base é a estrutura anatomofuncional determinada geneticamente e outra base se refere ao ambiente sob o qual o indivíduo vive que pode trazer estímulo verbal (Schirmer, Fontoura e Nunes, 2004). Sobre isso, Schirmer, Fontoura e Nunes, 2004, p. 95, destacam que a aprendizagem do código linguístico “resulta da interação complexa entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação ambiental e evolui de acordo com a progressão do desenvolvimento neuropsicomotor”. Magda L. Nunes. Professora adjunta de Neurologia e Pediatria, Faculdade de Medicina, PUCRS. Curso de Pós-graduação em Ciências Médicas: Pediatria - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre RS, Brasil: Mestre em Ciências Médicas: Pediatria, Fonoaudiólogo, bolsista do CNPq; Fonoaudióloga; Mestre em Educação, Fonoaudióloga e Psicopedagoga; Livre Docente em Neurologia, Professora Adjunta da UFRGS. Existe relação entre a neurologia e a linguagem? De acordo com a neurologia, o conceito de linguagem une-se com o pensamento porque a aprendizagem de cada nova palavra implica no desenvolvimento infantil. Sobre isso, França e cols, 2004, p. 469, destacam: “tal movimento se converte numa ferramenta de análise e síntese que capacita a compreensão do seu entorno e a regulação de sua própria conduta. O desenvolvimento da linguagem depende, portanto, não somente de uma reação percepto-motora entre as percepções e as praxias, mas de um ato complexo que envolve a cognição”. Com isso podemos dizer, portanto, que a aprendizagem de uma língua vai sendo modificada pelo ambiente linguístico no qual está inserida. A aquisição da linguagem possui alguns estágios. Vamos conhecê-los. De acordo com Sternberg (2010), as crianças parecem nascer com uma programação adequada ao ambiente linguístico no qual viverão e parecem passar por cinco estágios de aquisição da linguagem. Os estágios são: 10 Unidade: Propriedades da Linguagem 1º) estágio de arrulhamento • Refere-se à oralidade dos bebês com sons vocálicos. 2º) estágio do balbucio • A criança produz fonemas diferenciados (vogais e consoantes). 3º) estágio das elocuções de uma única palavra elocuções - s.f. Ação ou efeito de demonstrar um pensamento (ou opinião) através da utilização de palavras. (http://www.dicio.com.br/elocucao/) A criança consegue pronunciar a primeira palavra rapidamente e começa a produzir outras. Geralmente, ela usa essas elocuções também chamadas de holofrases para suas intenções, desejos e exigências: bola – carro – mamãe – suco. Por volta dos 18 meses, as crianças já possuem um vocabulário de 3 a 100 palavras e esse vocabulário ainda não consegue abarcar tudo o que ela deseja discriminar. Um exemplo pode ser o cachorro. Nessa fase ela vê qualquer animal e chama de “au, au”. Esse tipo de erro cometido pela criança pode ser chamado de superextensão, que significa estender o significado de uma palavra no léxico, mesmo de forma errada, para outras palavras ou ideias. 4º) estágio das elocuções contendo duas palavras • A criança entre um ano e meio e dois anos, começa a usar palavras combinadas para expressar-se verbalmente. Nesse estágio inicia-se a compreensão da sintaxe. Entretanto, como ainda não usa artigos e preposições a fala fica telegráfica, como “pega colo” e “quero bola”. Essas combinações, apesar de simples, transmitem várias informações as quais a criança quer transmitir. Sintaxe - sin.ta.xe (ss) sf (gr syntaxis) Gram 1 Parte da gramática que ensina a dispor as palavras para formar as orações, as orações para formar os períodos e parágrafos, e estes para formar o discurso. 2 Livro que trata das regras da sintaxe. S. de colocação: conjunto de regras para a posição ou ordem das palavras na estrutura da frase. S. de concordância: a que trata das mudanças de flexão das palavras para se porem de acordo com o gênero, número e pessoa de outras a que se referem. S. de regência: a que trata das relações de dependência entre as palavras e as frases. S. figurada: a que se ocupa das figuras e tropos. 5º) estágio da estrutura básica de sentenças de um adulto. O vocabulário aumenta muito rapidamente e varia de 300 palavras, em média, nas crianças de dois anos, para aproximadamente 1000 palavras, na criança de três anos. Aos quatro anos, a estrutura da língua da criança adquire os fundamentos da sintaxe de um adulto. http://www.dicio.com.br/elocucao/ 11 Com essas informações, portanto, podemos reforçar que a linguagem oral é considerada fruto de desenvolvimento, o que significa dizer que uma pessoa com os aparatos biológicos desenvolve a linguagem sem a necessidade de um ensino explícito. Estando inserida em um ambiente linguístico uma pessoa adquire essa aprendizagem. Concluindo a primeira parte de nosso estudo, podemos dizer que a pessoa, ao aprender a linguagem oral, torna-se capaz de codificar os significados das palavras em sons e a decodificar os sons das palavras em significados (França e cols, 2004). Mas, você sabe dizer qual o objetivo da linguagem? O objetivo da linguagem é a comunicação, mas para chegar à comunicação, existe um percurso que é a própria linguagem. Ela pode ser entendida como um instrumento social utilizado nas formas de interações (Sternberg, 2010). A linguagem é caracterizada por algumas propriedades gerais, como por exemplo: comunicativa, arbitrariamente simbólica, regularmente estruturada, estruturada em níveis múltiplos, a gerativa/produtiva e dinâmica (Sternberg, 2010). Vejamos abaixo, de forma sucinta, as características de cada propriedade da linguagem: 1) Comunicativa - possibilita que as pessoas possam conhecer os pensamentos e sentimentos umas das outras, por meio da escrita, por exemplo. 2) Arbitrariamente simbólica - Diz respeito à comunicação que pode ser feita por meio de um sistema de símbolos arbitrários que podem representar indicar ou propor alguma coisa. Como a forma de combinação dos sons é arbitrária permite que as diferentes línguas possam utilizar-se de sons bastante diferentes para se referirem à mesma coisa. Existem dois princípios que regulam o significado das palavras: o princípio de convenção e o princípio do contraste. O princípio de convenção significa que as palavras são formadas de acordo com as convenções postas para cada língua e, portanto, terão o significado de acordo com aquilo que as convenções determinarem. O princípio do contraste determina que as palavras, por serem diferentes, de acordo com o princípio de convenção, terão significados diferentes. Portanto, o objetivo de existirem palavras diferentes é que elas simbolizam coisas também diferentes. A propriedade arbitrariamente simbólica quer dizer que a comunicação pode ser feita por meio de um sistema de símbolos arbitrários que podem representar indicar ou propor alguma coisa. 3) Gerativa e Produtiva - faz referência às formas de expressar a linguagem, dentrodos limites da estrutura linguística. 4) Dinâmica – faz alusão às formas de evolução e dinamismo da linguagem, ou seja, a criação das palavras integra o dicionário, ou até mesmo podem cair em desuso e deixarem de fazer parte do dicionário, o que permite a evolução da língua. 5) Estruturada regularmente – se refere à estrutura da linguagem, ou seja, somente arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado. 12 Unidade: Propriedades da Linguagem 6) Estruturada em níveis múltiplos – faz referência aos vários tipos de análises da estrutura da linguagem em mais de um nível, como por exemplo, os sons em unidades de significado, em palavras, em frases. Com isso, podemos compreender que a linguagem pode ter várias propriedades, entretanto, ela tem o propósito de possibilitar a representação mental de uma determinada situação. Isso nos habilita a compreendê-la e a utilizá-la com outras pessoas. Segundo Sternberg, 2010, p. “a linguagem refere-se ao uso e não somente a um conjunto de propriedades ou a outro conjunto. Por exemplo, fornece a base para a codificação linguística da memória”. Podemos apontar, ainda, dois aspectos fundamentais da linguagem: 1) a compreensão receptiva e a decodificação dos elementos da língua; 2) a codificação expressiva e a elaboração dos produtos da língua. A decodificação diz respeito ao significado extraído de uma representação simbólica, por exemplo, quando uma pessoa está lendo ou escutando outra pessoa. 1) a compreensão receptiva e a decodificação dos elementos da língua - a decodificação quer dizer o significado que conseguimos retirar de uma representação simbólica. A compreensão receptiva é a capacidade de entendimento dos elementos linguísticos escritos e verbais, como palavras, sentenças e parágrafos; 2) a codificação expressiva e a elaboração dos produtos da língua - a codificação possibilita expressar o pensamento, por meio da escrita, fala ou sinalizações. Vamos exemplificar esses conceitos! Assim como ocorre na área da Química, em que é possível analisar separadamente as substâncias de um composto, a linguagem também pode ser fragmentada em unidades menores. Assim sendo, a menor unidade do som da fala, o fone representa um som vocal. Outra unidade da linguagem é o fonema que representa a menor unidade de som oral usada para diferenciar as expressões orais de cada língua. Os fonemas, no caso de línguas como o português brasileiro e o inglês, são formados por sons de vogais e consoantes. O próximo nível de unidade da linguagem é o morfema: que representa a menor unidade que carrega significado, como por exemplo, na palavra “afixos”, temos uma parte da palavra “fixo” (que carrega a maior parte do significado, chamada de raiz). Depois temos o prefixo “a”, uma variação do prefixo “ad”, que significa “na direção de” e sufixo “s”, que indica o plural. Portanto, podemos acrescentar a uma raiz, um prefixo, que vem antes, um sufixo que vem depois, e ainda, um infixo que pode vir dentro da palavra (Sternberg, 2010). Quando temos um conjunto de morfemas de uma língua ou ainda um conjunto linguístico de uma pessoa, formamos o léxico. Por exemplo: na palavra “estudo”, podemos acrescentar alguns morfemas à raiz “estudo” e obtemos: “estudante”, “estudioso”, “estudando” e “estudos” (Sternberg, 2010). Diante disso, temos a formação do vocabulário, desenvolvido lentamente e promovido por exposições a palavras e seus significados. Outro nível da linguagem é a sintaxe, que significa o meio pelo qual as pessoas formam as sentenças, dentro de uma língua, a partir do momento em que assume um papel fundamental na compreensão da língua. O estudo da sintaxe é considerado, por seus estudiosos da linguística, muito importante para a compreensão da estrutura da língua. 13 Em complemento ao estudo da sintaxe temos o estudo da semântica, cujo foco principal é o significado em uma língua. O nível do discurso é o último nível e abarca vários aspectos do uso da língua: conversação, sentença, parágrafos, histórias, capítulos e livros completos. Vejamos essas unidades da linguagem na ilustração abaixo: É importante ressaltar que “a linguagem refere-se ao uso e não somente a um conjunto ou outro de propriedades”. Ela fornece a base da memória linguística. Assim, por exemplo, somos capazes de lembrar coisas e eventos porque podemos utilizar a linguagem como ajuda para a evocação e o reconhecimento (Sternberg, 2010, P. 307). Finalizamos esta aula com a argumentação de França e cols., (2004, p. 469). Segundo os autores, a linguagem é, portanto, “um instrumento de comunicação e elaboração do pensamento” e sua aquisição se dá a partir de um “sistema arbitrário de sinais que representa. Ao falar, se produz e articulam sons com significado, num veículo de expressão ideativa.” Fonema (menor unidade de som oral) Morfema (menor unidade com signi�cado) LÉXICO (conjunto de morfemas de uma língua) Conversação, sentenças, parágrafos, histórias, capítulos, livros completos Sintaxe (formação de sentenças) Semântica Signi�cado Vocabulário Discurso 14 Unidade: Propriedades da Linguagem Material Complementar Consulte o material a seguir para ampliar seus conhecimentos: 1) O filme “Nell” estrelado por Jodie Foster, Liam Neeson e Natasha Richardson (1995) trata da importância da linguagem para a formação do sujeito. Assista para ilustrar sua leitura. 2) Plataforma do Letramento. Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), é um dos maiores nomes na área de alfabetização e letramento, com ênfase em ensino-aprendizagem. Além de sua inquestionável importância no cenário acadêmico, há 7 anos a especialista atua como consultora da rede municipal de educação da cidade mineira de Lagoa Santa, onde desenvolve um intenso trabalho ligado à formação de professores da rede pública. http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista-detalhe/393/ magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-lingua- escrita.html 3) MOUSINHO, Renata; SCHMID, Evelin; PEREIRA, Juliana; LYRA, Luciana; MENDES, Luciana; NÓBREGA, Vanessa. Revista Psicopedagogia, vol. 25, n. 78 (2008). Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862008000300012&lng=pt&nrm=iso 4) Entrevista com Magda Soares, abordando a Linguagem. www.youtube.com/watch?v=HZWGhxUisxA http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista-detalhe/393/magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-lingua-escrita.html http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista-detalhe/393/magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-lingua-escrita.html http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista-detalhe/393/magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-lingua-escrita.html http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862008000300012&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862008000300012&lng=pt&nrm=iso www.youtube.com/watch?v=HZWGhxUisxA 15 Referências FRANÇA, M.P; Wolff, C.L.; Moojen, S. & Rotta, N.T. (2004). Aquisição da Linguagem Oral: relação e risco para a linguagem escrita. Arquivo de Neuropsiquiatria. 62, (2-B), p. 469-472. Linguagem e Aprendizagem. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 80 (2) 95-103. MORAIS, J. ( 1996). A arte de Ler. SP. UNESP. STERNBERG, R. J. (2010). Psicologia Cognitiva. Cengage Learning. SP. SCHIRMER, C.R.; Fontoura, D. R. & Nunes, M.L (2004). Distúrbios da Aquisição da Linguagem e Aprendizagem. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 80 (2) 95-103. GOMBERT, J.E. (2003b). Atividades Metalinguísticas e Aprendizagem da Leitura. In M.R.Maluf (Org.), Metalinguagem e aquisição da escrita: contribuiçõesda pesquisa para a prática da alfabetização. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. MALUF, M.R. (2010). Do conhecimento implícito à consciência metalinguística indispensável na alfabetização. In S.R.K. Guimarães & M.R. Maluf (Orgs.), Aprendizagem da Linguagem Escrita: contribuições da pesquisa. São Paulo, SP: Ed. Vetor. 16 Unidade: Propriedades da Linguagem Anotações
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