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Agradecimento À Daniela de Andrade Bernardo e ao Renato Nunes, sócios do escritório Machado Nunes Advogados, assim como aos membros de sua equipe, pelos conselhos que têm me proporcionado sobre Direito Empresarial e, em particular, pelas contribuições para complementar esta obra nos aspectos referentes às responsabilidades do gestor e à judicialização trabalhista. À Elizabeth Cerqueira Leonetti, minha ex-colega como diretora corporativa de Gestão de Pessoas da Associação Congregação de Santa Catarina, sócia da Adesione Gestão em Capital Humano e professora em cursos de pós- graduação, por contribuir com os seus conhecimentos sobre gestão de gente e por sua colaboração nesta terceira edição. Sumário Introdução Capitulo 1 - Cultura empresarial como desafio para o líder 1.1 O que é cultura organizacional? 1.2 A essência de diferentes culturas empresariais: fatores motivadores 1.3 O gestor e a missão da organização 1.4 Como preservar ou mudar uma cultura Capitulo 2 - O fator gente Capitulo 3 - Motor e vida dos negócios 3.1 O perfil das gerações 3.2 Os talentos e a interação de gerações Capitulo 4 - Obstáculos na gestão de pessoas 4.1 Atitude do ceo em relação ao capital humano da empresa 4.2 Preparo inadequado dos executivos para gerir seu pessoal 4.3 Posicionamento não estratégico e falta de valorização das áreas de Recursos Humanos 4.4 Ausência de abordagem desse tema nas universidades Capitulo 5 - O papel do CEO e dos gestores 5.1 O papel do CEO 5.2 O papel dos gestores 5.3 O papel do conselho de administração Capitulo 6 - O papel do RH 6.1 Função básica da área de RH 6.2 Posicionamento na hierarquia da empresa 6.3 Atuação como parceira de negócios 6.4 Cultura empresarial 6.5 Habilidades e competências 6.6 Origem dos gestores das áreas de RH 6.7 Oportunidades de carreira 6.8 Recompensas 6.9 Resistência e paradigmas da área de RH 6.10 Posicionamento inadequado dos gestores das áreas de RH 6.11 Um olhar ágil para gestão de pessoas Capitulo 7 - As responsabilidades do gestor e a judicialização trabalhista 7.1 Responsabilidade legal do gestor 7.2 Motivadores mais frequentes de processos trabalhistas 7.3 Mecanismos de prevenção e de proteção Capitulo 8 - O plano estratégico de recursos humanos 8.1 Plano estratégico da empresa como fundamento para o plano estratégico de RH 8.2 As preocupações do CEO com relação ao planejamento de recursos humanos 8.3 Interação do rh com as áreas de negócios na formulação das estratégias empresarial e de recursos humanos 8.4 Estratégia de recursos humanos e planejamento da área de RH 8.5 Componentes essenciais de um plano estratégico de RH Capitulo 9 - Da atração à retenção 9.1 Atração 9.2 Seleção 9.3 Integração 9.4 Avaliação 9.5 Promoção e sucessão 9.6 Remuneração Capitulo 10 - Desenvolvimento de pessoas 10.1 Fatores críticos de sucesso 10.2 Elos do processo 10.3 Conteúdos 10.4 Diferentes gerações 10.5 Plano de carreira 10.6 Desenvolvimento de sucessores 10.7 Desenvolvimento de talentos versus não talentos Capitulo 11 - Demissão é função do gestor, não do RH 11.1 Demissão de uma pessoa em um processo “amistoso” 11.2 Demissão de uma pessoa em um processo não amistoso ou por justa causa 11.3 Demissão de um grupo de pessoas 11.4 O papel do rh nos processos de demissão Capitulo 12 - Tratando gente como gente 12.1 O papel do gestor e do RH 12.2 Lidar com emoções 12.3 Estratégia e comunicação 12.4 Ambiente e ferramentas de trabalho 12.5 Lidar com situações específicas como crises e fusões 12.6 Gestão de conflitos 12.7 Reconhecimento de empenho (versus desempenho) Capitulo 13 - Gestão de pessoas pós-Covid-19 13.1 Os novos líderes 13.2 O papel evolutivo do RH 13.3 O novo papel dos conselhos Conclusão Bibliografia Introdução A primeira edição de Gestão de pessoas não é com o RH foi lançada em 2011; seis anos depois, foi publicada a segunda edição, revisada e enriquecida com novos temas. No projeto da segunda edição, convidei minha �lha, Luana Bernardi Bichuetti, hoje vice-presidente da Creditas Soluções Financeiras, e então diretora global da NAB-LAB (divisão de produtos com pouco álcool e sem álcool) da AB InBev, da qual faz parte a Ambev no Brasil, para reescrever a obra comigo. Luana trouxe a visão das novas gerações para a arte de gestão de pessoas por meio da valiosa experiência como executiva e como consultora empresarial. Na presente edição, revisamos e atualizamos temas relacionados com as novas gerações, o papel do líder, o papel do departamento de Recursos Humanos (RH) e a legislação trabalhista. Contamos novamente com a colaboração da Elizabeth Cerqueira Leonetti, minha ex-colega como diretora corporativa de Gestão de Pessoas da Associação Congregação de Santa Catarina. E com a valiosa contribuição da equipe do escritório Machado Nunes Advogados, cuja assistência em temas relacionados com Direito Empresarial e Trabalhista têm sido de grande valia para mim. Liderei empresas de diferentes culturas e portes, que me proporcionaram diferentes desa�os. Em minha primeira experiência como líder empresarial, assumi a Sodexo, uma empresa de serviços de alimentação, com apenas 150 colaboradores e atuei posteriormente em empresas com milhares de colaboradores; mais recentemente com uma empresa de 40 colaboradores, em que atuei com os seus sócios, conseguindo quase dobrar de tamanho em três anos. Ao longo da minha trajetória interagi com empresas de diferentes portes, negócios, origens, culturas e geogra�as, como líder ou como consultor. Luana também possui experiências diversi�cadas, tendo atuado com empresas emergentes no Instituto Empreender Endeavor e na Leste Venture Capital, em consultoria empresarial com a A. T. Kearney e Booz & Co., e, atualmente, na Creditas Soluções Financeiras, a maior �ntech de crédito com garantia do Brasil. Capital humano é o motor que dá vida às organizações. Esse tem sido nosso principal aprendizado, vivenciando ou presenciando formas diversas de gerir pessoas; de práticas exemplares a situações desastrosas. O sucesso alcançado nas empresas que trabalhamos foi porque sempre tratamos gente como ativo e porque aprendemos desde cedo que deveríamos nos cercar de colaboradores mais competentes do que nós em suas respectivas especialidades. Diz um provérbio chinês: “Conte-me e eu tomarei conhecimento. Mostre-me e eu acreditarei. Envolva-me e eu me comprometerei”. E foi seguindo esse provérbio que estruturamos equipes comprometidas e vencedoras. Apesar da relevância do capital humano nas organizações, com pesar vemos que muitas empresas não estão preparadas para uma gestão e�caz de pessoas, in�uenciadas por preparo inadequado dos executivos para gerir seu pessoal; perda de hierarquia e de in�uência estratégica da área de Recursos Humanos; falta de cultura organizacional para atrair, desenvolver e �delizar gente com a atitude e o comprometimento necessários. Adicionalmente (ou inicialmente), a grande maioria das escolas de Administração formam pro�ssionais como se um dia eles não fossem ser líderes. E quanto abordar aspectos culturais como fator fundamental para o sucesso de um líder? Nem pensar! O enfoque deste livro é em aspectos comportamentais, que constituem o componente mais importante para a gestão de Recursos Humanos. Devido à objetividade e à praticidade, os temas aqui abordados serão de muita utilidade para todos os leitores que se preocupam em melhorar seu desempenho como líderes. Este livro destina-se a executivos que têm ou terão a tarefa de gerir pessoas e aos pro�ssionais de Recursos Humanos, responsáveis por suprir suas empresas e seus colegas com as orientações e as ferramentas necessárias para a gestão desses recursos. Dedica-se também aos estudantes, aos quais poderão um dia ser responsáveis pela supervisão de pessoas. E, seguramente, aos CEOs (Chief Executive O�cer) – presidente, diretor geral, diretor superintendente, gerente geral, en�m, o líder de uma organização –, que necessitam se aprimorar no tratamento de seus colaboradores. Os temas aqui abordados são aplicáveis a empresas de qualquerporte ou natureza, devidamente adaptados às suas características e disponibilidade de recursos. José Luiz Bichuetti Capítulo 1 Cultura empresarial como desafio para o líder A primeira edição deste livro abordou de forma difusa os aspectos culturais nas organizações. Decidi incluir nesta terceira edição uma parte dedicada a esse tema devido à crescente relevância que ele assume em um mundo empresarial cada vez mais diversi�cado e complexo. Escolhi iniciar esta edição com o capítulo “Cultura empresarial como desa�o para o líder”, porque saber estruturar equipes, engajá-las e motivá-las em situações culturais distintas é fator preponderante para que o líder desempenhe com e�cácia suas responsabilidades e obtenha os resultados que a empresa espera dele. Cada empresa tem suas peculiaridades, sua própria cultura. Em cada uma o líder tem a necessidade de se adaptar a diferentes arquiteturas de gestão. Mesmo sendo o principal executivo, com possibilidade de manter, fazer evoluir ou mesmo criar nova cultura na empresa, há sempre uma diretriz maior a ser seguida: o modelo estabelecido pela matriz de uma multinacional ou o estilo estabelecido pelo dono ou fundador de uma empresa familiar. Portanto, engajar-se na compreensão da cultura é pré- requisito para uma gestão e�caz. Um líder, mesmo quando se preocupa com o lado humano, com o bem- estar de seus colaboradores e com a satisfação de clientes e outros stakeholders (partes interessadas na organização), e empolga-se com o desa�o de conduzir um processo de gestão de mudança tem, por via de regra, o objetivo de trazer retorno ao acionista e, portanto, gerar resultados �nanceiros. E ele só faz isso por meio de pessoas – competentes em cada uma de suas posições, envolvidas, engajadas, motivadas e gostando do que fazem. No entanto, há organizações – não governamentais, sem �ns lucrativos, �lantrópicas, entidades de classe e assemelhadas – em que o resultado �nanceiro não é o objetivo principal, mas sim prestar serviços à comunidade, categorias pro�ssionais, grupos com interesses convergentes de natureza cultural, social, ambiental, assistencial. Nessas, a preocupação com o resultado existe, sem dúvida e tem, sim, o lado �nanceiro, seja ele por geração própria de recursos ou contribuições. Contudo, prevalece a missão da entidade, razão principal de sua existência, que pode ser recém- criada ou secular; e, nessas entidades, missão e gestão estão juntas em direção a um propósito, que não é �nanceiro. Essas organizações só conseguem sucesso, e com muito mais ênfase, por meio de pessoas que aderem à causa da entidade. No desa�o de conduzir uma organização, o líder tem de constituir, desenvolver, motivar e reter equipes formadas por pessoas que acreditam nele e no propósito da organização. Ele tem de assumir um papel de modelo para seus subordinados, como trataremos adiante neste livro. Antes disso, porém, o líder tem de entender, absorver e incorporar a cultura, o DNA, e os valores da organização, fazendo-os permearem e serem incorporados por todos os colaboradores. Se assim não o �zer, a dedicação, o empenho na formação de equipes, o desenvolvimento do trabalho e toda a experiência acumulada ao longo da carreira, que poderiam servir para alavancar a evolução da organização que ele lidera, caem por terra. Resumo, a seguir, quatro aspectos que o líder precisa entender e praticar: O que é cultura organizacional? A essência de diferentes culturas. O gestor e a missão da organização. Como preservar ou mudar uma cultura? 1.1 O que é cultura organizacional? Imaginem duas fábricas de bicicletas de passeio, concorrentes entre si, situadas na mesma rua, uma defronte à outra. Fundadas e pertencentes a empresários de diferentes origens: um árabe e o outro judeu. Os produtos, as linhas de produção e as quali�cações técnicas dos empregados serão semelhantes, com pequenas diferenças. O modo como essas empresas são dirigidas, o per�l pessoal dos gestores, as práticas gerenciais e a forma de abordar o mercado serão seguramente diferentes. Essas empresas possuem culturas organizacionais diferentes! É difícil de�nir algo abstrato, mas vamos tentar traduzi-lo de forma prática. Edgar Schein é um PhD em Psicologia social pela Universidade de Harvard e contribuiu de forma expressiva para a ciência do desenvolvimento organizacional. Em seu livro Cultura Organizacional e Liderança ele de�ne três níveis de cultura: Artefatos: são entendidos como estruturas e processos organizacionais visíveis. Em uma empresa, esses podem ser representados por estilos de�nidos de: vestimentas, arquitetura do escritório, móveis, decoração. Crenças, normas e valores: são os princípios compartilhados por um grupo e as normas declaradas dentro da organização, as quais são criadas pelos empregadores ou dirigentes ou entre esses e seus subordinados. São regras, escritas ou não, que permitem com que os membros saibam o que é esperado deles em sua trajetória na organização. Pressupostos: são os sentimentos que alguém assume como se fossem verdadeiros, ou seja, comportamentos e crenças enraizados na mente e na programação dos indivíduos, muitas vezes, de forma inconsciente. Constituem a essência da cultura e, geralmente, são tão absorvidos na organização que chegam a ser difíceis de ser identi�cados. Para muitos, é necessário “viver” a organização por muito tempo para chegar a entendê-los e incorporá-los. Em seu livro, Schein também defende que, na prática, cultura organizacional é um conjunto de crenças, valores e práticas disseminados pela organização, adotados e praticados por seus participantes, e que caracterizam os comportamentos dos indivíduos no dia a dia, no contato com colegas, clientes, fornecedores e outras partes interessadas. Pode ser representada na �gura a seguir. Figura 1.1 – Cultura visível e invisível Fonte: Schein (2009). Também destaco estes trechos de Schein, extraídos de seu livro: “Cultura representa para grupos e organizações o mesmo que caráter para indivíduos.” “Cultura é a aprendizagem acumulada e compartilhada por determinado grupo, cobrindo os elementos comportamentais, emocionais e cognitivos do funcionamento psicológico de seus membros.” Muitas empresas procuram expressar suas características culturais por meio de missão e valores bem elaborados. Entretanto, grande maioria os têm somente pendurados nas paredes ou nos manuais internos de orientação a colaboradores. Aquelas empresas que possuem forte cultura e prezam por ela, podem ter missão e valores também nas paredes, mas as pessoas os carregam no coração; faz parte do comportamento diário das pessoas, que vivenciam, praticam e empenham-se em disseminar o que está escrito. Na Ambev, braço brasileiro da AB InBev, líder mundial na produção de cervejas, a cultura é ressaltada em dez princípios, que são disseminados pela companhia e orientam como todos os colaboradores, independente do nível ou função, devem atuar. A Bridgewater é um dos mais expressivos hedge funds mundiais (empresa dedicada à gestão de investimentos) e seu fundador, Ray Dalio, escreveu um manual intitulado “Princípios”, que explica e comunica como a organização deve se comportar. A cultura organizacional orienta também o tipo de talento que as companhias buscam, visando criar uma comunidade de pessoas que não apenas se comportam da maneira como a organização espera, mas que também dividem entre si esses valores para assegurar que o ambiente criado seja saudável e que elas estão “vivendo” a cultura porque acreditam nela e não apenas porque a organização determina. Isso assegura a longevidade da organização, de modo que ela passa a viver além dos fundadores. Na Ambev, por exemplo, o enquadramento cultural é extremamente importante – a organização olha para isso e não apenas para conhecimento ou potencial funcional. Quando o gestor forma suas equipes com pessoas que se identi�cam com a cultura da organização e a incorporam ao seu comportamento, a e�cácia do trabalho em equipe e os resultados obtidos serão seguramente diferenciados.Os colaboradores estarão mais confortáveis em seus ambientes de trabalho, mais motivados, engajados e colaborativos. As características culturais de uma empresa devem ser observadas quando tratamos de gestão no seu sentido mais amplo, e não só de pessoas. A não observância aos artefatos, aos valores e às crenças na de�nição de planos, políticas, práticas e modelos de comunicação podem trazer respostas que não traduzam o que podemos chamar de DNA da instituição. Na Biologia, DNA é a marca genética única de cada indivíduo e nas organizações é representado por sua cultura. Esse DNA, na maioria das organizações, tem origem em sua fundação e habitualmente é passado de geração a geração. Portanto, quando você estiver no papel de gestor, invista tempo na “leitura” da realidade organizacional e de seus elementos culturais, como ela de�ne sua missão e os valores que a suportam. Não subestime essa leitura; ela é complexa e laboriosa, mas fundamental para uma liderança mobilizadora. Exige dedicação, tempo, exercício sensorial e paciência. 1.2 A essência de diferentes culturas empresariais: fatores motivadores A leitura de uma cultura organizacional e de seus valores pode ser amparada pela Tipologia Cultural, proposta por Kim Cameron e Robert Quinn, estudiosos da gestão empresarial e do comportamento organizacional e, professores da Universidade de Michigan e de outras instituições de ensino americanas, que propõe quatro tipos de cultura: Clã: orientada para os relacionamentos e gestão participativa. É comum nas empresas familiares ou com forte in�uência do fundador, ou organizações criadas e desenvolvidas por entidades confessionais (criadas por organizações de origem religiosa). Mercado: típica de empresas que competem em diferentes segmentos da economia, orientadas preponderantemente pelos resultados. Por exemplo: empresas �nanceiras (Banco Itaú, XP Investimentos), alimentos (Carrefour, Pão de Açúcar), bebidas (Ambev, Coca-Cola), e tantas outras em diferentes setores. Inovativa ou Adhocrática: dirigida para mudança, inovação, criatividade. Aqui temos empresas fortemente ligadas à tecnologia, como Facebook, Google, Apple. Encaixam-se aqui também as empresas de consultoria, nas quais, apesar de voltadas para o mercado, a natureza do trabalho é fortemente criativa; os consultores, porém, necessitam saber navegar entre elementos de diferentes culturas, pois seus clientes possuem diferentes origens. Hierárquica: orientada para processos, segurança e ordem. Ambientes extremamente formais, como órgãos governamentais, organizações militares, empresas altamente técnicas (NASA). Existem outras de�nições quanto aos tipos de cultura, porém, essas quatro podem apoiar os líderes na de�nição de estratégias de gestão e principalmente de engajamento de pessoas. Uma organização pode ter dois tipos de cultura, das quais uma é dominante. O que leva uma pessoa a escolher uma ou outra dessas organizações para trabalhar? A resposta mais simples deve responder a outra questão: qual é o seu motivador de carreira? Carreiras são motivadas por uma causa ou propósito de vida, por recompensa �nanceira, status, por qualidade de vida, desa�os e outros fatores. Esse motivador deve ser considerado em qualquer tipo de cultura, mas nem todas podem oferecer o resultado esperado para sua gestão e�caz. Tendo como base duas organizações que possuem culturas bem divergentes, como Clã e Mercado, podemos identi�car claras diferenças, como veremos a seguir. Na cultura Clã: As relações de con�ança de�nem o grau de amplitude na atuação pro�ssional. Mudanças são incrementais, precisam de tempo para debate e absorção, e pedem práticas muito participativas. Em muitas organizações tipicamente familiares o retorno para o acionista é perseguido, mas há outros fatores que os dirigentes, membros da família, levam em consideração, como equilíbrio familiar, geração de oportunidades de emprego em sua região, manutenção de um clima familiar dentro da empresa. Nesta cultura, há uma tendência ao “paternalismo”, quando muitos pro�ssionais com mau desempenho são mantidos na organização porque fazem parte da “família” e têm a con�ança pessoal dos donos ou dirigentes superiores. Remuneração é importante, mas talvez não seja o principal motivador. As pessoas podem optar por trabalhar em uma organização com cultura Clã porque gostam desse ambiente mais familiar e sentem-se mais contributivas e menos pressionadas. Há alguns anos, auxiliei um CEO de uma multinacional em um processo de coaching, que não se sentia muito satisfeito com o seu emprego. Era um executivo com uma carreira de sucesso, movido a desa�os e resultados, que já havia passado por quatro outras empresas, sendo duas nacionais, de origem familiar, e duas multinacionais. Durante o processo, descobrimos que em todas elas havia o desa�o de atingir resultados, mas nas multinacionais a pressão era muito maior e, para ele, até sufocante. Ele já estava conversando com consultorias de seleção de executivos, pensando em mudar de cadeira, quando, à luz do que descobrimos, ele mudou de foco e foi buscar uma oportunidade em empresas nacionais de origem familiar. E foi em uma dessas que ele encontrou um novo caminho, muita realização e alegria pessoal; era uma empresa que tinha resultados como objetivo, mas um ambiente cultural mais leve. Na cultura de Mercado: A capacidade de entrega de resultados e a postura competitiva e agressiva de�nem o grau de amplitude na atuação pro�ssional. As mudanças são rápidas e, às vezes, radicais e pedem práticas menos participativas. O objetivo do acionista, que se transfere para os dirigentes, é a maximização do resultado, do retorno ao investimento. Nesta cultura, além da realização pessoal de poder fazer algo que gosta, o pro�ssional é motivado pelo desa�o de ultrapassar barreiras e de superar os resultados que lhe são colocados como objetivo. Nestas organizações existe claramente o conceito de “premiação” e de “punição”. São premiados aqueles que obtiveram melhor desempenho, com boni�cações e incrementos de remuneração, incentivos, participação em eventos exclusivos, promoções; são punidos aqueles que tiveram pior desempenho, com crescimento mais vagaroso, menores incrementos salariais e até o desligamento. Na Compass, empresa na qual trabalhei como vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina, havia, a nível das Américas, uma prática válida para as equipes de vendas: os 25% melhores vendedores eram premiados com um �nal de semana em um local paradisíaco, com acompanhante, em um evento anual, despesas pagas e verba extra para gastos locais. Ser convidado a participar desse evento tornou-se uma questão de honra e a disputa para estar nesse grupo privilegiado era ferrenha durante o ano para se conseguir os melhores contratos. Os 15% que apresentassem pior desempenho eram convidados a se retirar da empresa, exceto se houvessem justi�cativas aceitáveis para seus maus resultados. Na Ambev, um sistema de metas individuais e compartilhadas cria incentivos de desempenho individuais e para sua participação em projetos que envolvem diferentes áreas; sem colaborações intra e entre funções, o sucesso não é atingido. O colaborador é reconhecido e recompensado por seu desempenho individual e pelo desempenho da organização como um todo. Passar de uma cultura de Mercado para uma cultura Clã não é fácil, requer uma mudança de modelo mental e o estresse pelo qual o pro�ssional passa não é pequeno. Mesmo convicto de que quer ingressar em uma organização que possui uma cultura diferente daquela nas quais trabalhou e desejando dedicar-se a uma causa diametralmente oposta, o processo de adaptação requer muita paciência, abnegação, ponderação sobre o quê e como fazer as coisas. Passei por essa experiência quando assumi a direção geral da Coel, ocupando a sala do fundador e sentando na cadeira dele enquanto ele se mudava para uma sala na área de Engenharia industrial, dizendo que a partir daquele momento ele apenas se dedicaria à concepçãode novos produtos (depois de 40 anos na direção da empresa!). Experiência semelhante, em outras dimensões, também vivenciei quando assumi como superintendente e CEO da Associação Congregação de Santa Catarina, reportando-me à presidente do Conselho de Administração, uma das Irmãs de Santa Catarina, que havia conduzido com mão �rme e com muito sucesso os rumos da associação por mais de 20 anos. Em qualquer uma dessas culturas, porém, é necessário amar o que se faz. Seja lutar pela causa, seja lutar por mais vendas ou por um bônus mais robusto. Nas duas é necessário haver um lado humano e o estímulo para inovar, para empreender. 1.3 O gestor e a missão da organização As empresas em geral possuem uma missão, quer seja ela explícita ou não. Mesmo quando explícita, ela pode não representar o desejo de seus acionistas, que podem ter objetivos diferentes. Em qualquer uma dessas situações é fundamental que o gestor se dedique a entender a cultura e a missão da organização para a qual trabalha. Sem esse entendimento ele não conseguirá mobilizar as pessoas a ele subordinadas na busca de resultados – seja o resultado uma causa, seja o retorno �nanceiro. A missão re�ete muito �dedignamente a cultura. A missão é a razão de ser da empresa, o seu negócio; de�ne quem ela é ou o que quer ser e orienta para onde deve ser dirigido o empenho dos dirigentes e colaboradores. A missão é complementada pelos valores da organização e inspira as pessoas a lutar por um objetivo comum, pois proporcionam um horizonte a ser alcançado. A missão de�ne a razão de ser e os valores guiam os comportamentos dos indivíduos para o cumprimento da missão. Nesse cenário, qual é a entrega esperada pelo gestor? A sua principal responsabilidade é proporcionar que os acionistas ou mantenedores consigam realizar seus objetivos, sejam eles aliados a uma causa ou a um retorno ao investimento. Para cumprir com essa responsabilidade ele precisa de gente; e para ter as pessoas certas, no lugar certo, no momento certo, trabalhando motivadas, empenhadas e de forma colaborativa, ele necessita entender e incorporar a missão e os valores da organização. Com isso, o líder terá maior probabilidade de sucesso na formação de suas equipes e na distribuição das responsabilidades, assim como na seleção e contratação de novos colaboradores alinhados aos valores preconizados. Ele também conseguirá aliados na empresa, pois estarão todos lutando por um só objetivo. Para estar de acordo com os valores da organização, o gestor terá também de saber comunicar-se com sua equipe e com seus pares, assim como deverá dispor de tempo para planejar suas atividades e de seus liderados, observar comportamentos e orientar correções de rumos, seja das atividades, seja dos comportamentos. Quando existe alinhamento e transparência na conduta dos gestores com a missão e os valores da empresa, as equipes trabalham de forma mais coesa e colaborativa, superando com maior facilidade os obstáculos que se apresentam interna e externamente; senão a tendência é a dispersão de esforços e maior di�culdade em obter resultados e cumprir com os objetivos estabelecidos. 1.4 Como preservar ou mudar uma cultura O sucesso duradouro de uma organização está intimamente ligado à perpetuidade de sua cultura, que, por sua vez, depende do cumprimento de sua missão e de seus valores. São alguns condicionantes para isso: Determinação dos acionistas ou mantenedores e dirigentes superiores para manter vivo o DNA da organização, empenhando-se cotidianamente para que a missão e os valores sejam observados, impregnados nas pessoas e perseguidos incansavelmente. Certi�car-se de que esses não estão somente nas paredes e nos manuais, mas permeados por toda a organização. Prática incessante desses valores pelos líderes, servindo como exemplo para seus liderados e para todas as pessoas que com eles se relacionam. Atração, seleção e retenção de colaboradores que trazem esses valores no seu íntimo; valorização daqueles que se destacam e passam também a servir de exemplo para os demais. Desenvolvimento organizacional por meio de práticas de gestão de clima, desenvolvimento de pessoas e gestão participativa em projetos estratégicos e de mudança. Comunicação estruturada e sistemática da razão de ser e dos valores da instituição, desde o ingresso dos novos colaboradores até a reciclagem continuada dos veteranos. Um departamento de Recursos Humanos ativo e proativo no apoio aos gestores para a seleção adequada de pessoas, processo de integração, capacitação e tomada de decisão para reconhecimento, promoção ou dispensa de colaboradores com base nos valores. Uma organização pode, ao longo de sua história, sentir a necessidade de mudar sua cultura. Seja porque o meio ambiente mudou e exige essa evolução, seja porque ela passa a sofrer a in�uência de outra organização que a ela se associou ou a incorporou. Neste caso, todos os acionistas ou mantenedores e dirigentes envolvidos devem entender seus papéis na manutenção ou na mudança da cultura. Uma cultura pode ser mudada, mas com cuidado. O processo de mudança tem de ser gradual e muito bem planejado. Nesse planejamento deve ser destacado o que será feito e o que não deverá ser feito. O processo de comunicação sobre os objetivos e os passos dessa evolução devem ser transparente e contínuo, mantendo todos os colaboradores informados para tê-los sempre engajados. Um processo de mudança muito rápido pode ser desastroso, pois violenta a cultura e as consequências serão penosas. Uma cultura também necessita de investimento para que se mantenha viva e deve ser revitalizada na prática de ritos e de atividades de desenvolvimento organizacional. E, como diz o ditado popular: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém! Para �nalizar o tema cultura, reproduzo aqui uma regra seguida por Jack Welch, um ícone na história empresarial do século 20. Ele foi presidente da General Electric (GE) por 20 anos e levou a empresa da beira da falência para o status de uma das empresas mais lucrativas e admiradas do mundo. Foi na GE, sob sua liderança, onde surgiu também o conceito moderno de planejamento estratégico e de gestão de portfólio de negócios. Sobre a aderência de pro�ssionais aos valores da GE e sobre quando demitir ou desenvolver, Jack Welch dizia que há quatro tipos de gestores para os quais ele aplicava um princípio muito claro: Traz resultados, adere aos valores da empresa e tem um comportamento convergente com eles: mantenha-o e use-o como exemplo para os demais. Não produz resultados e não adere aos valores: desligue-o. Não traz resultados, mas tem o comportamento e os valores desejados: dê-lhe uma chance, porque você quer gente que tenha seus valores, tão importantes para seu sucesso. Mude-o de ambiente, avalie-o para ver se pode ser produtivo em outra área. Dê-lhe mais uma chance. Traz resultados, mas não tem o comportamento ou os valores. Em uma avaliação você lhe diz: “Ou muda rapidamente ou vai embora”. Você pode até pensar: seria uma pena perder essa pessoa, pois está indo tão bem e trazendo resultados; vou dar-lhe mais três meses. Enquanto isso, seus colaboradores podem pensar: “Espere aí, nosso chefe está dizendo tudo isso sobre valores, mas esse colega não tem nenhum deles e a conduta dele na empresa é inconveniente”. Demita-o e informe à organização de forma clara que ele está saindo porque não tinha os valores ou seu comportamento era indesejado. Poderia ser íntegro e trazer resultados, mas não queria jogar com as regras da empresa, as regras comportamentais que fazem de nossa empresa um sucesso. Capítulo 2 O fator gente Basta um rápido olhar pela história para constatar a importância atribuída às ferramentas, ao maquinário, à localização, à planta, ao investimento necessário à abertura e à expansão das empresas, entre outros itens dos quais proprietários e administradores costumam se ocupar desde sempre. Pouca atenção, porém, geralmente era concedida ao fator principal do êxito ou do fracasso de um negócio: os funcionários.Atualmente, o panorama mudou muito. Diferentemente do que acontecia com os artesãos do mundo antigo, com as corporações de ofício, com as indústrias nascidas durante a Revolução Industrial e depois dela, não lidamos apenas com mercados locais nem com uma internacionalização demorada, dependente de contatos e de meios de transporte lentos. A Tecnologia da Informação avançou exponencialmente e coloca sobre as organizações uma pressão constante para sua atualização; e essa pressão recai sobre os gestores, demandando que eles estejam no estado da arte de seu conhecimento, sob o risco de serem passados para trás se não o �zerem. A rede internacional on-line oferece as facilidades das encomendas em tempo real e exige entrega pontual, sob o risco da perda de clientes e de negócios. A concorrência aumentou muito, os recursos tecnológicos e operacionais espalharam-se por várias partes do mundo e hoje há grande número de companhias capazes de atender às expectativas de um mercado cada vez mais exigente. Qualidade de produtos e serviços, excelência no atendimento, cumprimento de prazos, facilidade nas trocas são fatores que podem alçar uma empresa ao ápice – ou destruí-la. À frente de cada um desses (e de outros) fatores fundamentais para o sucesso dos negócios estão as pessoas. São elas que operam máquinas, que saem a campo para tarefas como manutenção e vendas, que leem e respondem mensagens eletrônicas, que atendem telefonemas de fornecedores e clientes, que estão em contato diário com toda a rede de interesses de uma companhia. Elas podem dar conta dos afazeres de maneira burocrática, apenas cumprindo o horário de trabalho, ou podem fazer esse horário render, vivenciando um entusiasmo capaz de melhorar continuamente produtos, serviços, atendimentos, métodos de trabalho. Somos indivíduos criativos, mas para que nossa criatividade venha à tona, é preciso estimulá-la. Funcionários cansados, desmotivados, injustiçados, submetidos a gestores mal-humorados, sem expectativa de crescimento dentro da empresa, que sofrem assédio moral e/ou sexual e, muitas vezes, com direitos trabalhistas desrespeitados, não criam – simplesmente cumprem o ritual diário, consultando o relógio com frequência e esperando que os minutos passem mais rapidamente. Cada ação, cada movimento é encarado como um sacrifício, necessário apenas porque por meio dele virá o dinheiro que pagará as contas do mês. Imagine-se em um cenário assim. Você despenderia energia além do necessário por essa empresa que o obriga a passar a maior parte da vida nessa situação? Uma empresa que, em vez de ajudar a desenvolver o potencial criativo de cada funcionário, permite ou encoraja sua subordinação a che�as autoritárias ou incapazes e os encara apenas como um item na folha de despesas mensais? Claro que você não gostaria de ser submetido a um clima pro�ssional assim. Ninguém gostaria. Por isso, nos últimos tempos várias empresas têm procurado oferecer aos funcionários um ambiente saudável, agradável, estimulante. Facilitam a aquisição de conhecimento, encorajando a retomada aos estudos e a formação continuada. Proporcionam benefícios que vão muito além do vale-transporte e do vale-alimentação. Estabelecem planos de carreira, promoções por mérito. E, mês a mês, colhem os frutos dessa política. O segredo é muito simples: basta tratar as pessoas como... pessoas, com sentimentos, desejos, necessidades, projetos, sensibilidade, criatividade, talento. Infelizmente, porém, ainda existem muitas empresas que não sabem quem são os reais responsáveis pela gestão de seu capital humano, além de tratá- lo como custo e não como ativo. O sucesso dessas é parcial e efêmero porque não sabem gerir esse ativo. No fundo, essas empresas, assim como grande parte dos executivos, não estão preparadas para uma gestão e�caz de pessoas. Os motivos são variados, e entre os principais estão a incapacidade que certas lideranças têm de encarar seu capital humano como ativo; o preparo inadequado dos executivos para gerir seu pessoal; a perda de hierarquia e de in�uência estratégica das áreas de Recursos Humanos e a falta de cultura organizacional para atrair, desenvolver e �delizar gente com a atitude e o comprometimento necessários para os negócios. Um dos pontos nevrálgicos está nos cursos de graduação. Os de Administração, por exemplo, costumam abordar a gestão de recursos humanos super�cialmente, sem a ênfase e a praticidade que a área exige. Formam-se líderes sem ensiná-los a gerir sua gente. Os de Psicologia, de onde sai a maioria dos pro�ssionais que trabalhará em Recursos Humanos, não tratam o tema de maneira prática nem aprofundam o conhecimento do processo e das responsabilidades pela gestão de pessoas. Em geral, limitam- se a aspectos comportamentais e psicológicos. As demais escolas apresentam problemas semelhantes. É comum ouvir dos gestores e dos CEOs que faltam talentos no mercado de trabalho. Talvez, mas é preciso admitir que faltam também competências, dentro das organizações, para uma gestão de pessoas realmente e�caz e produtiva. Precisamos nos lembrar, sempre, de que quem move e dá vida às organizações é o seu pessoal. É ele o propulsor dos negócios. Com essa verdade em mente, torna-se mais fácil procurar métodos e procedimentos capazes de valorizar as pessoas e calibrar de modo apropriado esse propulsor. Capítulo 3 Motor e vida dos negócios CEOs, executivos, talentos, geração X, baby boomers, equipes de alto desempenho, funcionários... todos eles, sem exceção, pertencem a uma única categoria: GENTE. E, sabemos que é o fator que move as empresas. Gente, no nosso caso, signi�ca todo indivíduo que trabalha na organização ou que é fornecedor dessa. Um telefonema mal atendido, uma recepcionista de mau humor, uma acolhida indevida, um porteiro a quem falta gentileza comprometem a imagem da empresa. “Gente” são os recursos humanos que muitos chamam de talentos. São eles o motor que impulsiona as empresas. Independentemente de condições socioeconômicas, de níveis de quociente de inteligência, com pós- doutorado ou sem diploma universitário, cada indivíduo tem suas competências, adequadas ao desempenho de suas atividades e responsabilidades. Não podemos esquecer que “gente” são seres humanos, unitários, individuais, e muitas vezes, individualistas. É necessário ter, em cada posição – nas lideranças ou no chão de fábrica –, pessoas com per�l adequado a cada função. É preciso capacitá-las e motivá-las a exercer suas atividades com comprometimento e alto desempenho, sozinhas ou em equipe. E quem é o responsável por isso? O líder da organização! Em uma empresa, assim como em uma orquestra, o maestro é quem dita o ritmo. Para que a empresa seja bem-sucedida não basta a vontade dos acionistas ou a disposição dos colaboradores, se não houver um líder máximo com o per�l apropriado ao momento pelo qual a organização passa, com a competência necessária para liderar o processo de desenvolvimento de sua estratégia e para guiá-la ao sucesso, todo esforço por parte da equipe terá resultados reduzidos. Quando terminei meu MBA nos Estados Unidos, nos anos 1970, retornei ao Brasil e me candidatei a algumas posições. Uma delas foi em uma empresa de telefonia, hoje não mais existente. Em uma primeira visita, para a entrevista com o presidente, fui abandonado em pé por mais de meia hora em um cubículo, sem comunicação nem água. Tive vontade de desistir, mas, como recém-chegado ao país, resolvi esperar. Depois da entrevista decidi dar continuidade ao processo. Desisti na segunda visita, quando o porteiro tentou falar, pelo interfone – cuja marca era da própria empresa –, com a secretária do presidente. Depois de frustradas tentativas, jogou com raiva o fone no gancho e disse em voz alta, para quem quisesse ouvir: “Porcaria de telecomunicações!”. 3.1 O perfil das gerações Funções distintas podem requerer per�s distintos. Indivíduos de diferentes gerações podem necessitar de aspectos motivacionais diferentes. Por essa razão surgiram estudos sobre as gerações (generationmix), que propõem a classi�cação das pessoas em cinco categorias: veteranos, baby boomers, geração X, geração Y e geração Z. Cada geração recebeu uma in�uência marcante da época em que viveu ou em que vive. Cada um de nós está enquadrado em uma delas. Vamos conhecer suas principais características. Veteranos Nascidos antes de 1946, hoje acima dos 60 anos de idade. Vários ainda estão ativos, mas a geração como um todo se encontra em fase de extinção como membro dos quadros pro�ssionais das organizações. Caracterizam-se pela lealdade à empresa, pelos hábitos arraigados, pelo autoritarismo. Baby boomers Pessoas nascidas entre 1946 e 1964. Geração ativa em grande parte das empresas, com exceção talvez daquelas voltadas para tecnologia, nas quais dominam as gerações mais novas. Os baby boomers caracterizam-se por sua disposição ao trabalho, pela gestão democrática, pela busca de segurança no trabalho, pela atividade em equipe e pela lealdade à empresa. Geração X Indivíduos nascidos entre 1965 e 1979. São autossu�cientes, menos apegados à empresa, sua ligação ao trabalho dá-se, sobretudo, por meio de amizades. Gostam de trabalho �exível e de autonomia. São pouco hábeis do ponto de vista político. Geração Y Pessoas nascidas depois de 1979. Pouco estáveis, gostam de tarefas desa�adoras e não se sentem estimuladas pelas atividades rotineiras. Têm baixa aderência a regras, são pouco leais à empresa e muito informadas no uso de tecnologia com base na informática. Geração Z ou Milênio Já está ativa no mercado de trabalho. Essa geração nasceu cercada de tecnologia e em um mundo em que a informação é mais difundida. É uma geração mais tolerante à diversidade, mais cautelosa, mais consciente sobre o meio ambiente, menos propensa a aceitar �guras de autoridade e com convicções maiores sobre seu próprio ideal como verdade absoluta. Apresentam também as seguintes características: fazem menos reuniões presenciais, há predominância de chamadas de vídeo; leem menos jornais e passam mais tempo em jogos que simulam a realidade; tendem a ser um pouco menos resilientes por terem sido educadas de modo mais protegido do que gerações anteriores, as quais tiveram modelos educacionais mais abertos a situações de adversidades. Compare, no quadro a seguir, as principais características das quatro principais gerações que atuam no mercado de trabalho. Quadro 3.1 – Características das 4 gerações atuantes no mercado de trabalho Gerações Nascimento Tradicionais (1922-1945) Baby boomers (1946-1964) Geração X (1965-1979) Geração Y (1980-2000) Relação com autoridade Respeito pela autoridade e pelo sistema hierárquico Senioridade e cargos são respeitados Desafia a autoridade Gosta de sistema horizontal e democrático Não se deixa impressionar pela autoridade Competências e habilidades são mais respeitadas que a idade Respeito pela autoridade que demonstrar competência Ensina seus superiores a usar tecnologia Relação com a organização Leal à organização Cumpre seus compromissos Escala a hierarquia corporativa Carreira = oportunidade Leal à equipe Vive para o trabalho Carreira = mérito próprio Deseja estabilidade do trabalho Leal ao gestor Trabalha para viver Carreira = uma parte de mim Espera que a empresa faça algo por ele Leal aos colegas e não à organização Trabalha para contribuir Carreira = oportunidade para agregar valor Relação com colegas Formal Em face de um conflito, a autoridade é determinante Relacionamentos pessoais Evita conflitos Colegas são amigos Solução de conflitos por meio do diálogo Relacionamento casual e social Gosta de debater e desafiar um ao outro para obter compromisso Estilo de trabalho Trabalha duro Foco no processo e nas regras Quebra as regras Trabalha em equipe Foco nas pessoas e não nos números Enfoque nos resultados Muda as regras Trabalha com autonomia Foco nas soluções mais rápidas usando tecnologia Estilo de trabalho fluído Gerações Nascimento Tradicionais (1922-1945) Baby boomers (1946-1964) Geração X (1965-1979) Geração Y (1980-2000) Estilo de gestão Comanda e controla Demanda respeito Participativo Decisão por consenso Justo, objetivo Flexível Honesto Personalista Diz o que pensa Fonte: The Generational Divide, Virginia Galt (2004). 3.2 Os talentos e a interação de gerações Os negócios enfrentam hoje desa�os permanentes, com mutações constantes no ambiente e com grande diversidade dentro de um mesmo segmento. A globalização e as demandas evolutivas dos clientes levam as empresas a se reinventar com maior frequência do que ocorria há uma ou duas décadas. Isso exige que suas equipes sejam compostas por pessoas com capacidades diferentes – só assim é possível enfrentar essa diversidade. Nesse aspecto, cada geração exerce um papel dentro da organização. E compete aos gestores saber formar equipes harmoniosas, homogêneas ou diversi�cadas, segundo as exigências do negócio. A mescla equilibrada de pessoal mais antigo com pessoal mais jovem é uma necessidade. Os seniores possuem uma experiência acumulada que deve ser transmitida aos mais novos; estes, por sua vez, possuem habilidades e conhecimentos – como o domínio da tecnologia da informação – que podem passar aos mais velhos. É um desa�o juntar essas gerações com estilos tão diferentes. É impossível criar convergência se um pro�ssional sênior não entender um jovem nem se dispuser a colaborar com ele. E vice- versa. Os jovens, por exemplo, conseguem falar ao celular, enviar mensagens, ouvir música, publicar fotos e textos e trabalhar em uma planilha ao mesmo tempo. E com produtividade. Seriam talentos, todos eles? Mencionei no início deste capítulo que gente são os talentos que movem as organizações. Segundo Arthur Schopenhauer, �lósofo alemão do século 19, “os talentos atingem metas que ninguém mais pode atingir. Os gênios atingem metas que ninguém jamais conseguirá ver”. As empresas tendem a interpretar equivocadamente o termo “talento”, descrevendo-o como uma pessoa com capacidade intelectual diferenciada. O setor de pesquisa e desenvolvimento, por exemplo, necessita de um líder que seja um talento em tecnologia avançada para seu ramo de negócio. Uma empresa de mudanças necessitará de trabalhadores com talento para transportar um piano sem desa�ná-lo. O primeiro, seguramente, terá um grau de educação mais avançado que o segundo, mas um não terá competência para fazer o trabalho do outro. Ambos são talentos necessários em seu negócio. Talento é, portanto, a pessoa que fará a diferença para que sua empresa ocupe uma posição destacada no mercado. Não é porque fez um MBA ou porque domina diversos idiomas que pode ser considerada um talento. Só merecerá esse título quando se agregar à equipe, quando acrescentar valor a ela e apresentar soluções diferenciadas. Um talento pode ser criativo ou executor. Pode ser um talento hoje, mas não ser amanhã, porque as necessidades de suas atividades se modi�caram ou porque não se cuidou dele adequadamente, ou porque se desmotivou por algum motivo. Gerir gente de modo e�caz é estar atento a tudo isso. É necessário saber de�nir as necessidades de pessoal, saber atrair, contratar, reter, motivar, avaliar desempenho, desenvolver, remunerar, reconhecer empenho (diferente de desempenho) e até mesmo saber demitir. É reconhecer que gente é o propulsor que move as empresas. Capítulo 4 Obstáculos na gestão de pessoas A constatação da importância das pessoas no desempenho, no sucesso das empresas, às vezes, ocorre tardiamente, quando não há mais nada a fazer para evitar, no mínimo, a fama de “lugar nada bom para se trabalhar” e, no máximo, a perda de posição no mercado. No primeiro caso, será muito difícil atrair pro�ssionais talentosos e competentes. Especialmente hoje em dia, com as gerações X e Y ocupando a maioria dos postos dentro das diversas companhias e a geração Milênio chegando. Os mais jovens preferem empresas �exíveis, capazes de apostar na criatividade e na responsabilidade de suas equipes e de lhesoferecer ambientes agradáveis e éticos para o desenvolvimento do trabalho. Como executivo e como consultor empresarial, tive a oportunidade de interagir com dezenas de empresas nacionais e multinacionais. Algumas contavam com lideranças proativas e encaravam os funcionários como seu principal valor; muitas consideravam essencial o capital humano, embora não lidassem com ele de modo que correspondesse a essa visão e, por isso, não desfrutavam de todo o potencial dos colaboradores; outras tratavam as pessoas simplesmente como custos. É neste último caso que mais encontramos barreiras e más práticas capazes de dar origem aos diferentes problemas existentes na gestão de pessoas e na direção da área de Recursos Humanos. Quando pensei em escrever um livro sobre este tema, complementando minha experiência, participei de eventos voltados para a gestão de Recursos Humanos e também troquei ideias com outros CEOs e executivos responsáveis pela área de RH, debatendo os entraves na gestão de pessoas e as alternativas para superá-los, e estudei pesquisas relacionadas ao assunto. E continuo estudando-o. Aprendi que os principais in�uenciadores das lacunas existentes na gestão de pessoas nas organizações eram e continuam sendo os seguintes: Atitude do CEO, que não dá o valor devido à gestão do capital humano da empresa, in�uenciando na cultura organizacional e na atitude de seus liderados; Preparo inadequado dos executivos para gerir seu pessoal; Posicionamento não estratégico e falta de valorização das áreas de Recursos Humanos; Ausência de abordagem desse tema, de modo abrangente, nas universidades, como disciplina relevante nos cursos de graduação ou de mestrado em Administração de empresas. Analisaremos esses tópicos um a um. 4.1 Atitude do CEO em relação ao capital humano da empresa A cultura empresarial começa na cúpula. Se o CEO se isola em sua pirâmide de cristal e olha as pessoas de cima, como se elas fossem meras súditas, não ajuda a desenvolver uma cultura organizacional capaz de atrair, reter e desenvolver esses colaboradores, a �m de que tenham o per�l e o engajamento necessários para suportar um crescimento sustentável. Muitos CEOs se concentram nos números de seus resultados, visualizando sua materialização a curto prazo, porque a partir desses conseguirá o seu bônus. O plano estratégico da empresa pode até apresentar projetos de ação para Recursos Humanos, mas em geral eles são seguidos parcialmente ou simplesmente não são seguidos. A consequência é a alta rotatividade de pessoal, o que impede a consolidação de equipes de alto desempenho. Os resultados de curto prazo podem até ser obtidos, mas o desempenho de médio e longo prazos �ca comprometido. Se o CEO não reconhece também o papel estratégico da área de RH e não a posiciona no mesmo nível que as demais áreas, não provê o status necessário para que ela atue como parceira nos negócios, como veremos ao longo deste livro. Seriam completamente cegos os CEOs que não reconhecessem a importância de sua gente. Por que, então, não se empenham em desenvolver e disseminar a cultura organizacional necessária para a atração e a retenção de talentos? Em um debate em que participei, um dos participantes sugeriu que, se o CEO não oferece o apoio necessário, o movimento de desenvolvimento da cultura deve começar por baixo. A sugestão é boa? Talvez. O esforço pode realmente começar de baixo, mas grande parte da energia investida será perdida porque não haverá eco na cúpula da empresa. E pode ser que não se consiga nenhum resultado prático. Quando falta a atenção do executivo principal na administração de recursos humanos – e quando, portanto, seus subordinados não são devidamente orientados sobre o papel que cada um deve desempenhar no desenvolvimento da equipe –, costuma-se delegar à área de RH a gestão de pessoas. Isso nos leva ao segundo obstáculo para essa gestão, como se verá a seguir. 4.2 Preparo inadequado dos executivos para gerir seu pessoal A falta de preparo dos executivos para gerir pessoas a eles subordinadas começa nos bancos das universidades, como abordarei mais adiante. Tal despreparo prossegue dentro das empresas, devido a vários fatores. Os mais relevantes são: a) Pressão por resultados de curto prazo e perda de foco nas pessoas O aumento da complexidade empresarial, da competitividade e da pressão por resultados de curto prazo fazem com que os executivos se concentrem no aspecto quantitativo, como se eles ocorressem sem intervenção humana. Quantos de nós, principalmente ao trabalhar em empresas de capital aberto, não passamos por situações nas quais foram feitos belíssimos projetos estratégicos e respectivos planos de ação, inclusive de recursos humanos? Quantos de nós já escutamos os superiores fazendo discursos emocionantes no �nal do ano, dizendo como os funcionários são importantes e anunciando planos de desenvolvimento de pessoal que nos deixaram com a impressão de que “agora é pra valer”? E quantos de nós, cedendo à pressão por resultados de curto prazo – “temos de fechar o trimestre” –, vimos grande parte dessas promessas ser esquecida? Situações como essa, em vez de criar um clima de união, levam o executivo a colocar a mão na massa e a atropelar a equipe, não raramente assumindo suas tarefas. Ele não tem a paciência necessária para levá-la a se desenvolver pro�ssionalmente. Isso ocorre, em particular, quando o executivo ainda não tem maturidade su�ciente para se organizar, planejar bem seu trabalho e o de sua equipe, entender que é preciso, sim, entregar resultados, mas em conjunto com a equipe. Esse executivo se concentra nos resultados operacionais de curto prazo e perde a oportunidade de desenvolver uma visão mais abrangente. b) Pressão pela contratação Esse mesmo cenário conjuntural pode criar situações nas quais são necessárias contratações urgentes, para substituir alguém ou para preencher uma nova posição. Não raro presenciei contratações porque o candidato foi indicado por um amigo ou alguém o conheceu em outras circunstâncias e garantiu que “pode contratar que ele é bom!”. Bom para o quê? Isso me lembra um professor que tive na Harvard Business School, a quem perguntei, logo que o conheci: “Como vai?”. Ele me respondeu: “Comparado com quem?”. Os executivos se esquecem de que, em cada situação da vida da empresa, e para cada posição, deve haver um per�l especí�co do pro�ssional que a ocupará. Quando assumi a direção geral da Sodexo do Brasil, a rotatividade de pessoal era uma das mais altas do mercado de serviços de alimentação no país. O principal motivo diagnosticado foi a falta de planejamento e de políticas adequadas de recursos humanos, resultando na pressão pela contratação a �m de preencher quadros para as cozinhas industriais que operávamos dentro das unidades de clientes. Assim, as contratações eram feitas de modo subjetivo. Pouco tempo depois os funcionários iam embora, por não terem aptidão para a atividade. Esse caso será tratado detalhadamente no Capítulo 8. c) Composição das equipes Atualmente, a formação das equipes vem se tornando cada vez mais criteriosa. Sabe-se que não basta selecionar pessoas com per�s semelhantes – ou diferentes, dependendo da situação – para que se tenha um grupo sinérgico. Como em um time de futebol ou de outro esporte coletivo, há talentos especí�cos para cada posição. O supervisor da equipe deve ter discernimento para recrutar as pessoas adequadas a cada posto e criar elos entre elas, a �m de obter bons desempenhos individual e coletivo. Uma equipe pode ser composta por pro�ssionais de diferentes gerações, e eles devem interagir de tal maneira que suas habilidades e competências se complementem. Não raro, porém, observam-se choques culturais entre essas gerações: “Por que eu, que tenho tanta experiência prática e alguns cabelos brancos, tenho de passar meus conhecimentos para um jovem que acredita ser um grande talento somente por ter cursado uma universidade importante?” ou: “Por que eu, que sou jovem, talentoso e brilhante, devo ter paciência comesse senhor que não entende de tecnologia e ainda faz contas em uma calculadora?”. É função do supervisor dessa equipe fazer com que seus membros entendam que cada um possui um valor intrínseco e que todos serão bene�ciados pela troca de experiências. d) Descuido no processo de treinamento e desenvolvimento de subordinados O executivo deve estar atento a cada momento da vida de seus subordinados, para identi�car suas necessidades de desenvolvimento. É comum observar executivos que negligenciam esse aspecto esperando que seus funcionários lhe peçam orientação ou que a área de Recursos Humanos tome a iniciativa de avaliar seu pessoal e de propor ações de treinamento e desenvolvimento. Compete a cada executivo avaliar continuamente seus subordinados e apresentar ações de desenvolvimento. Para isso ele pode e deve contar com o apoio do RH, que lhe dará orientações sobre como agir e que ferramentas aplicar. O coaching, abordado mais adiante, é fundamental nesse processo. e) Medo de desenvolver substitutos Sempre acreditei que um executivo, para obter êxito, deve contar com pro�ssionais mais competentes que ele em suas respectivas funções. Longe de mim querer comparar minha experiência com a do grande Jack Welch, mas ele considerava estratégica sua equipe executiva e dizia que, em uma companhia com negócios diversi�cados, o conhecimento que o presidente tem das atividades de suas unidades é bem menor que o do dirigente de uma das empresas da GE. Welch se cercava de excelentes pro�ssionais e de verdadeiros especialistas para garantir o sucesso do grupo – e seu próprio sucesso. Apesar desse tipo de exemplo, o que se observa em grande escala é o medo dos líderes de desenvolver novos líderes. Temem que a empresa possa prescindir deles a qualquer momento, promovendo algum possível substituto. Com isso, impedem o crescimento de seus subordinados – e, ao agirem assim, bloqueando a formação de potenciais substitutos, limitam o próprio crescimento na organização. São comuns as situações nas quais um pro�ssional tem a oportunidade de ser promovido, ou geogra�camente deslocado, e a perde ou a vê adiada porque não havia uma pessoa que pudesse substituí-lo a curto prazo. Desenvolver os subordinados mais competentes para que sejam seus futuros substitutos não é apenas um dever do executivo, mas um modo de demonstrar competência e autocon�ança. f) Inabilidade para agir como coach dos subordinados O objetivo principal de um processo de coaching é prover apoio a pro�ssionais para a melhora de seu desempenho pessoal e pro�ssional. Isso resulta em melhor produtividade, tanto para os pro�ssionais quanto para a organização em que eles trabalham. Trata-se de um processo também conhecido como one-to-one (um a um ou indivíduo para indivíduo), uma das ferramentas de desenvolvimento mais poderosas e mais subutilizadas por líderes. A grande maioria dos executivos não sabe estruturar e conduzir processos de coaching com seus subordinados. Conversa de corredor, reuniões para tratar de assuntos especí�cos, almoço para promover a sociabilização ou até mesmo para tratar de negócios ou do próprio indivíduo não são coaching. Essa lacuna já aparece na cúpula da empresa: o CEO não dedica tempo (ou não sabe como fazer) para conduzir sessões estruturadas e atuar como coach de seus subordinados diretos. Se o �zesse, provocaria um efeito em cascata da prática, de cima para baixo, na empresa inteira. g) Equívoco na delegação de poder A delegação de poder, ou empowerment, é feita muitas vezes de maneira equivocada. Delegar a quem não tem habilidades ou competências para assumir essa delegação é pôr em risco a tarefa e o desempenho do subordinado ou a própria carreira do líder. Por outro lado, deixar de dar maiores responsabilidades a pessoas que estão e se sentem capacitadas para assumi-las é um caminho para o mau desempenho e, consequentemente, para a desmotivação. Ambos os equívocos levam a resultados indesejados, assim como a má formação de pessoal. Além disso, por mais competente que seja um subordinado, delegar sem cobrá-lo nem acompanhá-lo é abdicar dele, e leva ao risco da formação de desvios no desenvolvimento pro�ssional do indivíduo. h) Ter como modelo um executivo mal preparado Ainda como estagiário em um dos departamentos do Centro Técnico Aeroespacial, tive um chefe duro e exigente, o saudoso Jerônimo Souza, que me tratava como “gente” e que me conduzia pela mão. Anos depois, tive novamente a oportunidade de interagir com ele, dessa vez como seu vice-presidente em uma organização não governamental, e mais uma vez aprendi lições novas e produtivas com ele. Na Booz & Co. havia um vice- presidente com quem trabalhei em vários projetos, Lawrence Wilsey, que foi para mim um modelo pro�ssional e pessoal. Lições que nunca esqueci, de dois verdadeiros coaches, com estilos bem diferentes, mas com um aspecto comum: valorização das pessoas e respeito por elas. Tive também, no início da minha vida pro�ssional, alguns chefes com os quais aprendi o que não se deve fazer. E esse é o perigo que ronda muitos jovens no início da carreira. Nosso primeiro chefe é nosso primeiro modelo. Se ele agir como um executivo que não sabe gerir seu pessoal de maneira adequada, com muitos dos desvios já apontados neste livro, seus subordinados aprenderão o que não se deve fazer. Com muita sorte terão discernimento para distinguir essas lacunas e corrigi-las no futuro, mas penarão muito até chegar lá. Se você é um pro�ssional recém-guindado à posição de chefe, pense que aqueles que estão em posição hierarquicamente inferior o terão como modelo. E você decerto vai querer ser lembrado como alguém que ensinou a fazer as coisas da maneira correta, não como aquele com quem a equipe aprendeu o que não deve ser feito. 4.3 Posicionamento não estratégico e falta de valorização das áreas de Recursos Humanos Com o devido respeito a muitos líderes de Recursos Humanos, o cenário de sua postura e do posicionamento da área de RH na hierarquia das empresas não evoluiu muito nos últimos anos. Ainda vemos: a) juniorização das áreas de RH; b) posicionamento hierárquico inadequado do RH; c) delegação lateral de responsabilidades; d) atitude processual do pro�ssional de RH; e) falta de foco em desenvolvimento de talentos de RH. E, acrescento ainda um sexto fator, mais relevante que os fatores acima: f ) falta de autocrítica por parte de muitos líderes de RH. Analiso a seguir cada um desses fatores. a) Juniorização das áreas de RH Estamos falando da delegação da liderança de áreas de Recursos Humanos a jovens pro�ssionais. Embora contem com boa formação acadêmica, tenham muito potencial e muita vontade, eles ainda não adquiriram a vivência necessária para exercitar as características de conhecimento prático e de liderança que uma área com tanta responsabilidade exige. Muitos desses jovens pro�ssionais adotam atitudes de rejeição ao diálogo com pessoas mais experientes, com as quais eles poderiam ter melhor interação e aprender bastante. E, não raro, assumem posturas prepotentes e irreverentes, quando não desrespeitosas, com colegas ou fornecedores, pensando que já são mestres no tema ou usando isso como escudo para suas inexperiências. Culpa deles? Não, culpa de seus CEOs, que por economia, comodidade (preferem ditar as regras a seus líderes de RH em vez de discutir com pro�ssionais mais experientes), falta de visão ou protecionismo colocam em posições-chave pro�ssionais despreparados. Resultado: a curto prazo, a empresa passa a receber apoio inadequado de sua área de RH e os líderes dessa área �cam com seu desenvolvimento pro�ssional comprometido. b) Posicionamento hierárquico inadequado do RH Por que, em muitas organizações, encontramos vice-presidentes ou diretores �nanceiros de Operações, Vendas, Planejamento, entre outros, e, geralmente, deparamo-nos com gerentes ou supervisores de Recursos Humanos, de Administração de pessoal ou ainda de Relações industriais? Por que, nessas organizações, os responsáveis pela área de RH não participam das reuniõesestratégicas de negócios? E por que não se reportam ao CEO? A�nal, não são eles os responsáveis por coordenar ações para que a organização tenha os talentos adequados, no tempo adequado, nas funções adequadas? Esse posicionamento re�ete também uma postura submissa e acomodada de líderes de RH, que se contentam em servir como coadjuvantes quando seu papel deveria ser de ator principal. Percebo, entretanto, que isso vem evoluindo, embora lentamente. Na Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), quando assumi como superintendente, tínhamos uma gerência corporativa de Recursos Humanos, que se ocupava basicamente de aspectos relacionados com a administração de pessoal. Ela evoluiu para uma diretoria corporativa de Gestão de Pessoas e Comunicação e, em todas as casas (empresas) da entidade a área de Gestão de Pessoas passou a se reportar ao seu líder enquanto eu era o superintendente. Gente move empresas, mas a área de RH não é considerada estratégica em uma grande quantidade de empresas. c) Delegação lateral de responsabilidades Parte desse fenômeno se deve ao fato de que muitos executivos, por não entenderem seu verdadeiro papel de gestores de pessoal, tendem a passar a tarefa para o RH. É por esse motivo que muitas vezes eles delegam a seus dirigentes de Recursos Humanos o desligamento de funcionários. E os dirigentes de RH costumam aceitar passivamente a situação, em geral porque querem evitar o confronto com seus pares, porque não sabem lidar com ela, ou porque acreditam que assim estão exercendo seu “poder”. Conheci CEOs que delegaram a consultores externos ou a membros de seu conselho de administração a tarefa de demitir executivos; pior ainda, estes a aceitaram. Um desastre! Faltam iniciativas, da parte dos responsáveis pelas áreas de Recursos Humanos, para colocar o assunto na agenda dos executivos e fazê-los entender seu verdadeiro papel. Estamos de novo, aqui, diante de uma falha na liderança das empresas, que não orientam suas equipes acerca da função de cada uma no desenvolvimento de pessoas. Trata-se, igualmente, do re�exo da juniorização e do posicionamento hierárquico inadequado do RH. d) Atitude processual do profissional de RH Mesmo quando os fatores anteriores são superados, ainda se vê o próprio pro�ssional de RH (e a área) com postura processual, e não estratégica. Ele tem, muitas vezes, receio de se posicionar, e dependendo de seu nível, sente-se intimidado quando se relaciona com os líderes das áreas de negócios. Suponhamos uma reunião de avaliação de uma determinada área (por exemplo, Marketing). Imagine um grupo de líderes de Marketing discutindo desempenhos e promoções, acompanhados por um pro�ssional de RH. Agora imagine que um determinado indivíduo, claramente muito júnior, porém com grande carisma na área, é colocado como candidato para promoção e essa decisão é apoiada pela liderança de Marketing. Nessa situação, o pro�ssional de RH deveria se pronunciar, contribuindo com a sua opinião e, caso o indivíduo não esteja preparado para essa promoção, exprimir claramente que essa decisão não é correta; mas, na realidade, na maioria das vezes ele �ca quieto e deixa as decisões serem tomadas sem atuar como consultor e parceiro de negócio. Um ano depois, esse indivíduo não atingiu as expectativas esperadas; o pro�ssional de RH é tão responsável quanto os líderes de Marketing pelo equívoco cometido – o único não responsável é o indivíduo promovido inadequadamente, tendo falhado porque os responsáveis não tomaram a melhor decisão para organização e para ele próprio. e) Falta de foco em desenvolvimento de profissionais de RH Há uma grande lacuna no processo de desenvolvimento do pro�ssional de RH. Esse pro�ssional começa a carreira em RH e raramente passa tempo fora da área, não desenvolvendo, portanto, visão e entendimento do negócio e de seus departamentos; sua capacidade analítica e de elaboração de soluções muitas vezes se torna processual, teórica ou não prática. Passar por experiências fora da área de RH, entender na prática como o negócio funciona, auxilia o indivíduo a pensar em soluções inovadoras e que contribuem para o desenvolvimento da organização. Adicionar na carreira do pro�ssional de RH algumas rotações fora da área pode agregar valor para o indivíduo e para a função. f) Falta de autocrítica por parte de muitos líderes de RH Tenho conhecido pro�ssionais de Recursos Humanos que são verdadeiros mestres em seu ofício – preenchem o per�l delineado no Capítulo 5 e fazem com que sua área desempenhe de maneira adequada seu papel estratégico e operacional. Mas também tenho encontrado alguns gestores sem capacidade de liderança e que não deveriam estar à frente de uma área tão importante como a de RH. Vemos, com frequência, percepções divergentes sobre o que o RH acredita estar fazendo e o que os gestores consideram que essa área faz. Áreas de Recursos Humanos acreditam que têm competências e desenvolvem estratégias adequadas de recursos humanos, ao passo que os gestores consideram que o RH carece de capacitação para elaborar planos de desenvolvimento de talentos convergentes com a estratégia corporativa e com os objetivos da empresa. Pro�ssionais de Recursos Humanos acreditam participar ativamente na consolidação dos processos de gestão de talentos e prover o apoio adequado aos gestores, enquanto estes avaliam que o RH não provê o suporte adequado. As avaliações convergem quando se trata de reconhecer que a área de Recursos Humanos dedica-se à administração e não a parcerias de negócios. Tive uma empresa de consultoria que realizava estudos de mercado. Éramos contratados para realizar, por exemplo, pesquisas de satisfação de clientes. Não raro, quando fazíamos apresentações nas quais se re�etiam os resultados de extensas pesquisas de campo que mostravam a má qualidade de determinado serviço ou um enfoque de vendas inadequado, alguém reagia dizendo: “O cliente está errado!” A miopia impedia que algumas dessas organizações ouvissem seus clientes. Um fenômeno semelhante ocorre com as áreas de Recursos Humanos. Muitas olham apenas para si própria, incapazes de ouvir o que os “clientes”, dentro de suas empresas, estão lhe comunicando. 4.4 Ausência de abordagem desse tema nas universidades Uma análise das grades curriculares de algumas das principais faculdades de Administração de empresas do Brasil e dos Estados Unidos mostra concentração de disciplinas como Matemática, Matemática �nanceira, Estatística, Suprimentos, Finanças, Contabilidade, Marketing, Vendas, Informática e outras correlatas. Há pouco foco em liderança e gestão de pessoas. Outros cursos – como Engenharia, Marketing, Direito, Medicina, Arquitetura — pouco abordam o tema, se o abordam! É como se os alunos formados nelas nunca fossem se tornar responsáveis pela liderança de equipes. Há vários cursos de pós-graduação ou de educação executiva com foco em Recursos Humanos. Mas, geralmente, são voltados para pro�ssionais que atuam ou que atuarão como dirigentes de RH, porque um executivo de outra área não vê valor em dedicar tempo a um programa de pós- graduação para melhor gerir seus subordinados. Ele valoriza muito mais – e seguramente seus chefes também – os cursos em Finanças, Marketing, Estratégia. Vou me deter um pouco na formação dos psicólogos e em sua interação com o RH, pois são das escolas de Psicologia que sai grande parte dos pro�ssionais que trabalham em Recursos Humanos. Não �z cursos de Psicologia nem conheço muito sobre o tema do ponto de vista acadêmico ou didático. Aprendi psicologia humana durante minha vida, observando e estudando as atitudes das pessoas com as quais me relacionei. Considero a interação do psicólogo com o RH um assunto relevante e realizei um estudo sobre ele. Expresso minhas conclusões a seguir. Seria de se esperar que os psicólogos entendessem muito bem seu papel (e o papel dos executivos) na gestão de pessoal ao saírem da universidade. O despreparo daqueles que ingressam nas empresas é, entretanto, notório. Há um círculo vicioso: na universidade,o RH é abordado muitas vezes com preconceito e de maneira super�cial; o psicólogo tem como foco trabalhar em uma clínica e descuida-se do aprendizado de ferramentas preciosas e necessárias para exercer cargos de modo e�ciente em uma organização, como comportamento de grupos, motivação, comunicação. Sem mencionar a ausência de treino para entender como funcionam as empresas e o mercado. No entanto, ao se graduar, os pro�ssionais em geral têm, como primeira alternativa de emprego, oportunidade de trabalho em RH. Costumam aceitá-la, muitas vezes considerando-a provisória, válida apenas enquanto busca colocações em clínicas ou em outras atividades ligadas à sua formação. Alguns se apaixonam por RH e passam a entender seu real papel e o dos gestores dentro da organização. Conseguem se desenvolver como parceiros de negócios, saem do casulo teórico e transformam-se em excelentes pro�ssionais. Hoje em dia, já há aqueles que escolhem Psicologia com foco em RH. Esse contingente começa a crescer nas universidades, embora necessite de uma formação acadêmica mais adequada ao ambiente ao qual trabalhará. A escola não lhe propicia essa formação. Eles a aprendem a duras penas, no caminho que escolheram trilhar. Mas há também pro�ssionais de Psicologia que se sentem insatisfeitos na área, almejando um dia passarem a atender em uma sonhada clínica, mas sem conseguir materializar o sonho. Acabam compondo um grupo com baixa autoestima, malformados para o trabalho, que exercem mal suas funções e �cam frustrados. Com o tempo, perpetuam-se na empresa, embora com preparo prévio incompleto ou distorcido para a função. E a empresa não se dá conta disso. O mestre José Carlos Zanelli, observa: A formação pro�ssional e o exercício das atividades de trabalho pelo psicólogo organizacional têm sido restritos, precários e de�cientes. Os limites no preparo para a atuação, em muitos cursos de psicologia, não ultrapassam as linhas demarcadas pela seleção e orientação pro�ssional, o que revela uma obsolescência até no título conservado para a disciplina. Os departamentos que devotam à formação na área um empenho um pouco maior não conseguem avançar além do fornecimento de algumas técnicas tradicionais, em regra pela insu�ciência no tempo disponível para o conteúdo que se pretende transmitir [...] Conteúdos ensinados em disciplinas básicas, por exemplo, raramente são associados aos conceitos ou à prática em organizações [...] A formação do psicólogo para atuar em organizações tem sido sobremaneira relegada [...] A situação con�ui no encaminhamento de psicólogos despreparados para o exercício das atividades em organizações. (ZANELLI, 2002) Já observei que não há escassez de talentos, mas sim ambientes redutores da capacidade de atração e de desenvolvimento desses talentos e da dinâmica organizacional. Para que existam pro�ssionais com o per�l adequado, motivados, produtivos e �delizados, é necessária uma cultura organizacional capaz de permear, por toda a organização, a mensagem de que o ativo mais importante é sua gente. Entramos, entretanto, em círculos viciosos em que os principais elos são a atitude do CEO e a perda de hierarquia das áreas de Recursos Humanos. O resto é consequência. Como quebrar o círculo? Em primeiro lugar, quando o CEO não mudar de atitude, o dirigente de Recursos Humanos tem duas alternativas: insistir em modi�car o status quo de baixo para cima e frustrar-se com o tempo, ou procurar outras oportunidades no mercado de trabalho. Se o CEO adotar uma atitude mais proativa com respeito à gestão de pessoal, resta à área de RH ser a consciência crítica instalada dentro da organização, com coragem e iniciativa para colocar o assunto na agenda dos executivos. Por �m, ou em paralelo, ressalta-se a carência dos conteúdos educacionais das universidades, tanto para a formação de futuros responsáveis pela gestão de talentos a eles subordinados quanto para a formação de pro�ssionais de áreas de RH. Capítulo 5 O papel do CEO e dos gestores Andrew Carnegie construiu um império mundial e �cou conhecido como “o rei do aço”; ele tinha paixão por sua gente e reconhecia sempre seus esforços. Dizia ele: Retirem de mim minha gente, mas deixem minhas fábricas, e logo ervas daninhas crescerão no piso. Retirem de mim minhas fábricas, mas deixem minha gente, e em breve teremos novas e melhores fábricas. Isso tem relação com a responsabilidade do CEO para com sua gente? Akio Morita, o gênio que fez da Sony um império mundial, deixa claro o papel dos executivos na gestão de seu pessoal: O gerente de origem oriental sabe que sua missão mais importante é desenvolver uma relação saudável com os funcionários, criando dentro da empresa um clima familiar – todos, empregados e gerentes, estão no mesmo barco. As companhias de maior sucesso no Japão são justamente aquelas que souberam criar uma espécie de destino comum entre todos os empregados – o que os americanos chamam “mão de obra” e “gerência” – e os acionistas. Carnegie e Morita foram empresários e CEOs em lados opostos do planeta e em culturas empresariais e sociais muito diferentes. Mas ambos serviram como modelos no tratamento concedido às suas equipes. A função do CEO e dos gestores de Recursos Humanos de uma organização é o tema deste capítulo, que também aborda o papel do conselho de administração, quando existente. 5.1 O papel do CEO O CEO é o maior responsável pelos resultados da empresa que lidera. Aliás, ele não lidera a empresa, lidera gente! Suas principais responsabilidades podem ser resumidas no quadro a seguir: Quadro 5.1 – Principais responsabilidades do CEO Liderança e resultados Recursos Humanos Satisfação das partes interessadas Prover à liderança executiva a organização para que se obtenham os resultados almejados pelos acionistas, mantenedores ou guardiões. “Fazer acontecer” a missão e a visão da organização, implementando a(s) estratégia(s) e cumprindo com planos e orçamentos determinados. Fazer “chover na horta do acionista”! Assegurar que haja gente certa, no lugar certo, no momento certo. Selecionar e recomendar seus subordinados diretos para aprovação pelos superiores, realizar sua avaliação periódica, propor destituição quando necessário e atuar como coach de seus subordinados diretos. Assegurar que os recursos humanos sejam tratados como ativo e que a empresa tenha as políticas de gestão de pessoas adequadas para a atração, o desenvolvimento e a retenção dos talentos necessários para seu sucesso. Compatibilizar e prover equilíbrio às expectativas das principais partes interessadas. Uma possui várias partes interessadas, mas, geralmente, três são fundamentais: O CEO também deve atender às expectativas das demais partes. Fonte: Elaborado pelo autor. O CEO é responsável pela criação de uma cultura empresarial, seja ele um executivo contratado pelo conselho de uma empresa de capital aberto, seja o diretor geral de uma multinacional, seja o pro�ssional responsável pela gestão dos negócios de uma empresa de cunho familiar, seja o dono da empresa ou um de seus descendentes que acumula a função de primeiro executivo. É para ele que todos os colaboradores olham; é o modelo mais importante. Em muitas empresas, esse modelo ainda é o do líder búfalo. Em uma manada, os búfalos são totalmente leais ao seu líder. Fazem tudo que o líder decide e vão aonde o líder determinar. Se o líder cair em um precipício, a manada vai atrás. Em outras empresas, o modelo de liderança é o do ganso: eles voam em V, com diferentes gansos se revezando na liderança. Assim, cada qual �ca responsável por levar o bando a partes de seu destino, mudando papéis quando necessário, alternando como líder, como seguidor ou como escoteiro. O búfalo não olha para trás; o ganso tem a chance de olhar seus companheiros quando vai para trás. Em uma empresa, o líder búfalo não se importa se um seguidor cai e é atingido pelos demais, ao passo que o líder ganso se preocupa com todos os seguidores. Muitas empresas tiveram, e ainda têm, sucesso
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