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Insuficiência respiratória aguda A inspiração é um processo ativo, com contração da musculatura torácica e descida do diafragma, que cria pressão negativa dentro do tórax. A expiração, por sua vez, é um processo passivo, com relaxamento da musculatura. Para respirar, todas as estruturas precisam estar pérvias. Quase não há diferença de PCO2 entre os sangues venoso e arterial. PO2 muda bastante. No bulbo, há o controle nos receptores a partir de concentrações de O2 e CO2. No sistema carotídeo e na parede torácica também tem alguns receptores. O transporte de O2 no sangue acontece, em partes, dissolvido no plasma e, majoritariamente, ligado à Hb (é o que é possível medir na oximetria) → normalmente, grande parte da Hb está saturada. • Depende de parâmetros de PA (se tiver baixa, com DC ruim, chega menos Hb no dedo → saturação medida de forma insatisfatória), de quantidade de Hb (menor em casos de anemia), Curva de dissociação da Hb relaciona Sat O2 e a PaO2 → influenciada por pH sanguíneo, por ex. Para medir a PaO2, uso sangue arterial, ou seja, faço gasometria arterial Peço gasometria venosa para saber pH → pra não precisar pedir uma arterial (doloroso). Fatores protetores contra a hipóxia tecidual: 1. A região superior em platô demonstra que reduções significativas na PaO2 ainda são compatíveis com uma SatO2 próxima à normalidade. 2. A porção de queda íngreme da curva mostra que, sobre a rápida dessaturação, a PaO2 se mantém relativamente preservada → continuidade da oferta tissular de O2 mesmo em níveis reduzidos de SatO2. O desvio da curva para a direita é chamado de Efeito Bohr Quando há diminuição da PaO2, os quimiorreceptores do seio carotídeo estimulam a ventilação para aumentar a disponibilidade de O2 nos pulmões e, com isso, na corrente sanguínea Quando há diminuição da PO2 alveolar → vasoconstrição → desvio do sangue para áreas mais ventiladas → processo chamado de vasoconstrição hipóxia A diminuição da capacidade de transporte de O2 estimula as células peritubulares renais a produzirem eritropoietina → aumento da massa eritrocitária em dias ou semanas Valores de Referência PaCO2 normal entre 35 e 45 mmHg. Quando aumentada, estimula a ventilação SatO2 → proporão de Hb à qual há O2 ligado → > 95% em repouso para pacientes sadios. Para quem tem doenças pulmonares crônicas, entre 88-92% PaO2 → concentração de oxigênio dissolvido no plasma → > 80 mmHg Gradiente alvéolo-capilar → diferença entre a concentração de oxigênio alveolar e a concentração de oxigênio arterial → G(A-a) esperado = 2,5 + 0,21 x idade em anos → normal quando < 10 mmHg Se normal em situações de hipoxemia → hipoventilação alveolar Valores aumentados → alterações no processo de oxigenação PaO2/ FiO2 → normais entre 300-500 mmHg. Valores menores que 200 mmHg indicam hipoxemia grave. Pg 88 Definição e Causas É uma síndrome, que resulta da incapacidade do organismo em realizar as trocas gasosas de forma adequada para garantir a perfusão tecidual Decorre da disfunção em um ou mais componentes do sistema respiratório. Importância - Mata a mata rápido; é uma emergência - Está relacionada com ABC do trauma/ das emergências de modo geral. Classificação - Tipo 1: hipoxêmica → diminui a [O2]; PO2 < 60; gradiente alvéolo- arterial ou capilar de O2 (diferença da pressão de O2 no alvéolo em relação à artéria) está elevado → caracteriza IR hipoxêmica → como a PO2 não muda, provavelmente, a PA está diminuída → alguma alteração não permite que chegue O2 do alvéolo pro sangue arterial (prejuízo na difusão do alvéolo pro sangue); PCO2 entre 35 e 45. Não tem prejuízo na ventilação, mas, sim, na troca gasosa. Podem ocorrer duas situações: efeito shunt (alvéolos ventilados, mas não perfundidos) e efeito espaço morto (alvéolo perfundido, mas não ventilado) - Tipo 2: hipercápnica → aumenta a [CO2]; PCO2 aumentada, ou seja, > 45 E pH <7,35; gradiente alvéolo capilar normal (não tem prejuízo na troca de O2, mas, sim, na exalação do CO2); prejuízo na ventilação → principal causa é a DPOC. PaCO2 > 50 mmHg e PaO2< 60 mmHg (manual de emergências da USP) O aumento do espaço morto alveolar é o principal mecanismo de hipercapnia em pacientes com doenças pulmonares. Em casos de DPOC, paciente com enfisema, tem PCO2 aumentada, mas não necessariamente tem insuficiência respiratória → paciente tem H3CO2- aumentado por ação do rim, mas tem pH normal. Causas de IR hipoxêmica - Efeito shunt → redução da ventilação (alvéolo fechado), mas perfusão mantida. Circulação normal, mas não entra ar no alvéolo. Ex: atelectasia; - Espaço morto → aumento da ventilação com queda da perfusão. Ex: embolia pulmonar. - Diferente de espaço morto fisiológico: por onde o ar passa, mas sem fazer troca gasosa - Limitação da difusão de O2 → edema intersticial (IC); inflamação intersticial (pneumonia- PNM); fibrose pulmonar (cicatriz) - Redução da fração inspirada de O2 (FiO2) → queimadas; grandes altitudes (compensa com aumento na quantidade de Hb em alguns dias). Causas de insuficiência respiratória hipercápnica Hipoventilação alveolar por: - Comprometimento de vias aéreas (obstrução) → queda da base de língua; asma; bronquite; destruição alveolar pelo enfisema pulmonar; - Redução do drive respiratório → SNC – bulbo → ex: AVE extenso, TCE - Doenças neuromusculares → paciente não consegue respirar certinho porque tem alteração muscular ou por alteração no SNP → Ex: ELA, miastenia gravis, paciente tetraplégico Quadro clínico - Muito variável - Alteração de nível de consciência → agitação, ansiedade; sonolência, convulsão, coma. Pacientes com retenção de CO2 normalmente fazem diminuição do nível de consciência pela hipercapnia. Pedir gasometria pra ver Sat O2 - Sintomas respiratórios → taquipneia; uso de musculatura acessória (batimento de asa de nariz, tiragem intercostal, retração de fúrcula e respiração paradoxal); crepitações (edema agudo de pulmão, PNM); estertor crepitante; asma (sibilo/ ronco difusos); alterações de MR; cianose; edema de mmii (IC); sudorese; taquicardia. Se tiver gasping, manejar como parada cardíaca - Alterações do exame físico respiratório → MV diminuído; sibilos; roncos; estertores crepitantes Manifestações clínicas da hipercapnia Diagnóstico - Quadro clínico → etiologia → confirmação se o paciente tem hipoxemia ou hipercapnia pela oximetria de pulso ou gasometria arterial (padrão ouro). Avaliação - História clínica breve, para buscar etiologia - Exame físico sumário – ausculta respiratória, cardíaca, cianose, uso de musculatura acessória, avaliar mmii → não dá pra esperar fechar diagnóstico pra tratar - Sempre avaliar SO2 em alterações neurológicas inexplicadas → considerar gasometria - Atenção de FR e FC, não esperar cianose, porque é um sinal tardio. Não confiar em dados já escritos. Confirmar FR e FC em um minuto, principalmente em idosos e crianças. - SatO2 normal não exclui necessidade de gasometria arterial. Saturação de O2 - “O 5º sinal vital” - Normal entre 94-98%; O valor da PO2 normal depende da idade. - SO2 > 92% tem sensibilidade de 100% para excluir hipoxemia. - Maior acurácia quando SO2 > 88%, cai quando a SO2 cai. - Acurácia cai se sinais de hipoperfusão - CarboxiHb e metaHb → comprimento de onda semelhante ao da oxiHb - Influenciada por etnia, temperatura das mãos, esmalte nos dedos. - Mãos > lobo da orelha > pés - Avaliar as formas das linhas/ curvas de pulso no oxímetro Investigação dos mecanismos causadores de IRA Distúrbio V/Q = distúrbio entre ventilação e perfusão Diagnósticos diferencias - ICC descompensada → Edema agudo de pulmão (EAP); dispneia paroxística noturna (DPP); turgência julgular, edema de membros inferiores - Acidemia: hiperpneia sem hipoxemia; alterações metabólicas; respiração de Kusmaul; - DPOC- tossecrônica produtiva; dispneia aos esforços, fatores de risco (tabagismo), roncos/ sibilos - Neuromusculares – dor à compressão muscular, paciente com histórico de doença neuromuscular, atrofia - Asma – roncos/ sibilos (não ter não exclui 100%); uso de musculatura acessória; história clínica. Etiologias e mecanismos de hipercapnia TIPO 2: hipercapnica - Causas: asma, DPOC, medicações depressoras do SNC; doenças neuromusculares; metabólicos; síndrome de hipoventilação da obesidade (aumento do tecido subcutâneo e redução da expansibilidade torácica/ abdominal); embolia pulmonar - Paciente pode ter etiologia mista - Esclerodermia causa enrijecimento da pele → pele fica toda esticada, sem ruga → restrição da expansibilidade torácica; pode causar problemas refluxo - Queimadura também reduz a expansibilidade torácica. - Choque está relacionado com a dificuldade de chegada de sangue oxigenado Tratamento - Reconhecimento precoce da IR → monitorização (PA, oxímetro de pulso, oferta de O2 quando necessário, corrigir choque, se necessário, pego acesso venoso)→ ABC normal de emergências → oxímetro de pulso → avaliar SatO2 → ver se preciso ou não de gasometria arterial - Começo pelo ABCDE - Avaliar fatores de mal prognóstico: gravidade; idade; histórico. - Alteração da consciência → obstrução de via aérea → presente → posiciono para desobstruir e reverto imediatamente - Se via aérea pérvia → respiração presente → é suficiente/ paciente está estável/ - Respiração suficiente e estável → forneço oxigênio suplementar, trato a causa subjacente, se consciente, posso indicar ventilação não invasiva caso necessário. Se paciente inconsciente, coloco em ventilação mecânica se necessário - Se via aérea não pérvia ou deterioração muito rápida → forneço oxigênio suplementar e preparo para intubar. Sempre pensando já na causa base, que preciso tratar também. - Medidas de suporte pra conseguir tratar a etiologia - Paciente crítico → máscara com reservatório no máximo, 15l/ min, ou BVM, em alto fluxo. - Se paciente não é crítico, avalio se ele tem risco de ter IR hipercapnica? → Sim (DPOC, doença neuromuscular) → não posso oferecer O2 em alto fluxo, ofereço o mínimo possível, se não, ele para por piora da insuficiência respiratória → alvo de saturação entre 94 e 98%. Se paciente tiver DPOC, entre 88 e 92%. Se SatO2 < 94% oferecer suporte de O2. - Administrar O2 entre 24 a 28% ou cateter nasal (CN) O2 1-2l/ min. - O CN é o dispositivo mais usado. A cada litro dado de O2 por ele, aumento a SatO2 e, mais ou menos, 3 a 4%. - Para pacientes com DPOC, em geral, não posso ofertar mais do que 3l de O2 - Paciente tem acidose respiratória → Sim? → Melhoro a ventilação do paciente, de modo invasivo ou não. Não adianta ofertar O2, a dificuldade está na ventilação. - Instituir o suporte ventilatório apropriado de acordo com a necessidade do paciente Exames complementares - ECG; - Raio-X de tórax: ajuda na identificação etiológica → faço logo depois da estabilização inicial - D-dímero: para pacientes com suspeita de embolia pulmonar de baixo risco → exame de exclusão de embolia pulmonar como causa da IRA e ajuda no diagnóstico diferencial de dores torácicas que podem estar associadas a quadros de IR - Gasometria arterial: essencial. Permite classificar em tipo 1 ou 2 e avalia a gravidade da hipoxemia. Não interromper a administração de O2 suplementar para colher a gaso → relação PaO2/ FiO2 < 200 → hipoxemia grave. Ajuda a distinguir se a tipo 2 é aguda, crônica ou crônica agudizada. - TC de tórax: pode ser usada na identificação da etiologia da IRA - Capnografia: mensura o CO2 expirado (EtCO2) e é a melhor ferramenta para se confirmar o posicionamento da cânula orotraqueal na via aérea e se excluir intubação esofágica. - US de tórax: protocolo BLUE para reduzir o tempo necessário para o diagnóstico etiológico. Como ofertar O2 - Não faço isso sem necessidade. Nem todo paciente que está em insuficiência respiratória está hipoxêmico. - Máscara com reservatório – Fi O2 até 100%; alto fluxo e alta concentração de O2 (FiO2 entre 90-100%); usadas para situações graves - Máscara facial simples – Fi O2 max de 60%; 5-10l/ min não ligar fluxo menor que 5l/ min, porque isso aumentaria a retenção de CO2. Se for menos, coloco cateter de O2 - Máscara de Venturini – controla Fi O2 24%, 28%, 31%, 50% etc. Ideal para pacientes em risco de hipercapnia induzida por hiperóxia. Sei certinho quanto estou ofertando de O2 pro paciente. Ex. para pacientes com DPOC, que deixo até 28% - Catéter nasal de O2- mais comum e confortável; cada litro de O2 aumenta Fi O2 3-4%; pode chegar até 5l/ min; acima disso dá ressecamento nasal; ajuste no fluxômetro. - Dispositivo bolsa-válvula-máscara: alto fluxo (até 15l/min) e alta concentração de O2 Ventilação não invasiva - Ventilação por pressão positiva - Indicações: DPOC com exacerbação e hipercapnia; edema agudo de pulmão cardiogênico. Para outras causas, ex doença neuromuscular, não tem tanto benefício assim, ainda que possa ser feito. - Modos ventilatórios: - CPAC (pressão contínua nas vias aéreas). Na inspiração, toda a pressão entra com o ar. Para expirar, paciente precisa vencer a pressão do aparelho. Bom para pacientes com edema agudo de pulmão → paciente precisa de ajuda na inspiração e não tem dificuldade exalatória. - BIPAP (fornece 2 pressões: inspiratória (maior) e expiratória (menor, mas serve pro alvéolo não colabar → PEEP). Indicado para, por ex, DPOC ou EAP). - PEEP = EPAP → pressão expiratória mínima pra não deixar o alvéolo colabar. Na SARA, o paciente ventila a alta PEEP. - Interfaces: máscara nasal; em hospital, a facial é a mais usada (pega nariz e boca) e é incômoda; no hospital, também, usa a total face (mais confortável, mas pode ter sensação de claustrofobia); helmet (capacete usado, basicamente, em crianças) Máscara nasal Total face Helmet - Contraindicações: • Indicações de ventilação invasiva; • Rebaixamento do nível de consciência (exceto para pacientes rebaixados, mas com hipercapnia importante (DPOC), monitorando bem de pertinho. Se a hipercapnia for a causa do rebaixamento, em umas 2 horas, paciente já acorda); • Instabilidade hemodinâmica grave; • Deterioração clinica rápida; • HDA; • Risco de broncoaspiração. OBS: de modo geral, pacientes inconscientes em ventilação não invasiva, eles expandem traqueia e estômago → vômito → broncoaspiração - Cateter nasal de alto fluxo: dispositivo com probe maior; fluxômetro e umidificador; gera fluxo aéreo de 50-60 l/min; funciona como CPAP 7-8 cmH2O (evita intubação de vários pacientes); não pode ser usado em DPOC. - Checar gasometria arterial, pra ver se o paciente melhorou a acidose depois da intervenção. - Se FR< 30 → ajustar o fluxo da Venturi - Se suspeita de exacerbação de DPOC → atenção para IR hipercapnica → evito hiperóxia → com alvo de SatO2 variando de acordo com os parâmetros supracitados. - Sempre rever a causa base - Em caso de PNTX muito pequeno, sem indicação de cirurgia, ou seja, vou fazer tratamento conservador → estudos apontam benefício em ofertar O2 a alto fluxo → pode resolver o PNTX mais rápido. Cateter nasal de alto fluxo Fornece O2 aquecido e umidificado; fluxos de até 60L/min (gera pressão positiva nas vias aéreas superiores)
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