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Tecido Ósseo - Histologia e Fisiologia

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TECIDO ÓSSEO
INTRODUÇÃO
O tecido ósseo é o principal componente do esqueleto.
Sua principal função é servir como suporte aos tecidos moles e proteger órgãos vitais, como os contidos na caixa encefálica e torácica.
Aloja e protege a medula óssea, formadora das células do sangue, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular.
Além dessas funções, os ossos funcionam como depósito de cálcio, fosfato e outros íons, armazenando-os ou liberando-os de maneira controlada, para manter constante a concentração desses importantes íons nos líquidos corporais.
São capazes ainda de absorver toxinas e metais pesados, minimizando assim seus efeitos adversos em outros tecidos.
O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea. 
Figura 1 - Desenho esquemático das células associadas ao osso.
CÉLULAS DO TECIDO
CÉLULAS OSTEOPROGENITORAS
São derivadas das células-tronco mesenquimatosas na medula óssea, que possuem o potencial de se diferenciar em muitos tipos celulares diferentes.
Para diferenciação das células osteoprogenitoras há a presença de um fator de transcrição que leva à expressão de genes que são característicos do fenótipo dos osteoblastos.
As células osteoprogenitoras são encontradas nas superfícies externa e interna do osso e também podem residir na microvascularização que supre o osso.
OSTEOBLASTOS
Possuem formato cuboide ou poligonal, citoplasma acentuadamente basófilo.
É uma célula secretora versátil, que retém a capacidade de divisão.
São as células que sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, que consiste em:
· Colágeno tipo I;
· Proteoglicanos;
· E, glicoproteínas.
Além disso, sintetizam também:
· Osteonectina:
· Osteocalcina:
· Osteopontina:
O osteoblasto secretor também é responsável pela calcificação da matriz óssea, que acontece com a secreção na matriz de pequenas vesículas da matriz contendo enzima ALP. São secretadas ativamente apenas durante o período em que a célula produz matriz óssea.
Os osteoblastos inativos, por sua vez, são células planas ou achatadas, que cobrem a superfície óssea.
Os osteoblastos respondem a estímulos mecânicos para mediar as alterações no crescimento e na remodelação óssea.
À medida que ocorre a deposição de osteoide, o osteoblasto é finalmente circundado por matriz osteoide e transforma-se em osteócito (isso acontece com 10 a 20% dos osteoblastos). Outros se tornam células inativas, mas a maioria sofre apoptose.
OSTEÓCITOS
São as células encontradas no interior da matriz óssea, ocupando as lacunas das quais partem os canalículos.
Quando totalmente circundado por osteoide ou matriz óssea, o osteoblasto é denominado osteócito.
O processo de maturação de osteoblasto em osteócito dura em média 3 dias. Durante esse período, o osteoblasto:
· Produz uma grande quantidade de matriz extracelular;
· Reduz o seu volume celular em aproximadamente 70%;
· Diminui o tamanho e número de organelas;
· Desenvolve longos prolongamentos que se irradiam a partir do corpo celular.
Estudos recentes mostram que os osteócitos são células metabolicamente ativas e multifuncionais, como citado acima.
Eles estão envolvidos no processo de mecanotransdução, pelo qual respondem a forças mecânicas aplicadas ao osso.
A diminuição dos estímulos mecânicos provoca perda óssea, enquanto o aumento promove formação óssea.
Em virtude da pouca flexibilidade do osso, as forças mecânicas aplicadas sobre ele:
1. Provocam fluxo de líquido intersticial para fora dos canalículos e lacunas na região comprimida;
2. O movimento do líquido através do sistema canalicular gera um potencial elétrico transitório no momento que a força é aplicada;
3. O potencial de fluxo abre os canais de cálcio voltagem-dependentes nas membranas dos osteócitos por onde o líquido flui;
4. Há aumento da concentração intracelular de cálcio, ATP e óxido nítrico e síntese de prostaglandina E2 que alteram as expressões dos genes responsáveis pela formação óssea;
5. A expressão do gene do IGF-1 (fator de crescimento) resulta em produção aumentada de IGF-1, que promove a conversão das células osteoprogenitoras em osteoblastos.
Por conseguinte, as regiões mais frequentemente estressadas de um osso irão apresentar o maior depósito de osso novo.
OSTEOCLASTOS
São células móveis, gigantes, multinucleadas e extensamente ramificadas. Suas ramificações são muito irregulares, com forma e espessura variáveis.
Frequentemente, nas áreas de reabsorção de tecido ósseo encontram-se porções dilatadas dos osteoclastos, colocadas em depressões da matriz escavadas pela atividade dos osteoclastos e conhecidas como lacunas de Howship.
Os osteoclastos têm citoplasma granuloso, algumas vezes com vacúolos, fracamente basófilo nos osteoclastos jovens e acidófilo nos maduros.
Essas células se originam de precursores mononucleados provenientes da medula óssea que, ao contato com o tecido ósseo, unem-se para formar os osteoclastos multinucleados.
CÉLULAS DE REVESTIMENTO ÓSSEO
Nos locais onde não ocorre remodelação, a superfície óssea é coberta por uma camada de células planas, com citoplasma atenuado e escassez de organelas além da região perinuclear – originadas dos osteoblastos.
As células de revestimento ósseo na superfície externa são denominadas células periosteais, enquanto as que revestem a superfície interna são chamadas de células endosteais.
Acredita-se que funcionem na manutenção e no suporte nutricional dos osteócitos inseridos na matriz óssea subjacente, bem como na regulação do movimento de cálcio e de fosfato para dentro e fora do osso.
Esses papéis são sugeridos pela presença de prolongamentos dessas células para dentro dos canais canaliculares do osso adjacente e têm contato por meio de junções comunicantes com prolongamentos de osteócitos.
MATRIZ ÓSSEA
Formada por colágeno (90%) e substância fundamental do osso (10%).
O principal componente da matriz é o colágeno do tipo I e, em menor quantidade, o colágeno do tipo V. Quantidade muito pequena de outros tipos de colágeno também são encontradas. Juntas, as moléculas de colágeno constituem cerca de 90% do peso total das proteínas da matriz óssea.
A matriz também contém proteínas não colágenas que constituem a substância fundamental do osso. Mesmo constituindo apenas 10% do peso total das proteínas da matriz, são essenciais para o desenvolvimento, crescimento, remodelação e reparo ósseos.
Tanto o colágeno quanto a substância fundamental tornam-se mineralizados para formar o tecido ósseo.
Os quatro grupos principais de proteínas não colágenas encontradas na matriz ósseas são:
· Macromoléculas de proteoglicanos contribuem para a força compressiva do osso, além de serem responsáveis pela ligação dos fatores de crescimento e inibição da mineralização.
· Glicoproteínas multiadesivas são responsáveis pela fixação das células ósseas e das fibras colágenas à substância fundamental mineralizada.
· Proteínas dependentes de vitamina K específicas do osso, incluindo osteocalcina, que captura o cálcio da circulação e atrai e estimula os osteoclastos na remodelação do osso; a proteína S, que auxilia na remoção das células que sofrem apoptose; e a proteína Gla da matriz que participa no desenvolvimento das calcificações vasculares.
· Fatores de crescimento e citocinas, que são pequenas proteínas reguladoras.
Dentro da matriz óssea há espaços denominados lacunas que contêm, cada uma, uma célula óssea ou osteócito. Este apresenta numerosos prolongamentos alojados em pequenos túneis, denominados canalículos.
Os canalículos percorrem a matriz mineralizada, conectando as lacunas adjacentes e possibilitando o contato entre os prolongamentos celulares de osteócitos vizinhos.
Assim, forma-se uma rede contínua de canalículos e lacunas contendo células e seus prolongamentos por toda a massa de tecido mineralizado. Além de importante para comunicação, participa da nutrição.
SUPERFÍCIE EXTERNA
Os ossos são cobertospor periósteo, uma bainha de tecido conjuntivo denso fibroso contendo células osteoprogenitoras, exceto na área onde se articulam com outro osso – que é recoberta por cartilagem.
O periósteo que cobre um osso em crescimento ativo consiste em uma camada fibrosa externa, que se assemelha a outros tecidos conjuntivos densos, e em uma camada interna mais celularizada, que contém as células osteoprogenitoras.
Quando não há formação ativa de osso na superfície óssea, a camada fibrosa constitui o principal componente do periósteo, e a camada interna não é bem definida.
CAVIDADES ÓSSEAS
As cavidades ósseas são recobertas por endósteo, uma camada de células de tecido conjuntivo que contém células osteoprogenitoras, tanto do osso compacto quanto das trabéculas do osso esponjoso.
CLASSIFICAÇÃO ÓSSEA
OSSO ESPONJOSO
Uma rede semelhante a uma esponja, que consiste em trabéculas (espículas finas anastomosadas do tecido ósseo) e forma o interior do osso. Os espaços dentro da rede são contínuos e, no osso vivo, são ocupados pela medula óssea e por vasos sanguíneos.
OSSO COMPACTO
Consiste em uma camada densa e compacta que forma a parte externa do osso.
OSSOS LONGOS
São mais longos em uma dimensão em comparação com os outros ossos, e consistem em uma diáfise e duas extremidades denominadas epífises.
Os ossos longos possuem um corpo denominado diáfise, e duas extremidades expandidas, as epífises.
A superfície articular da epífise é coberta por cartilagem hialina.
A porção alargada do osso entre diáfise e epífise é chamada de metáfise, estende-se da diáfise até a linha epifisária.
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OSSOS CURTOS
Têm comprimento e diâmetro quase iguais.
Eles possuem uma camada de osso compacto e apresentam osso esponjo e um espaço medular no seu interior.
Os ossos curtos geralmente formam articulações móveis com os ossos vizinhos; assim como nos ossos longos, suas extremidades são recobertas por cartilagem hialina.
OSSOS PLANOS
São finos e semelhantes a placas, como o esterno e ossos da calvária (crânio). Consistem em duas camadas de osso compacto relativamente espessas, com uma camada interveniente de osso esponjoso.
OSSOS IRREGULARES
Possuem um formato que não se enquadram em nenhum dos três grupos descritos (longos, curtos ou planos). O formato pode ser complexo, como vértebras, ou o osso pode conter espaços aéreos ou seios (ex.: etmoide).
OSSOS MADUROS
O osso maduro é constituído, em grande parte, por ósteons ou sistemas de Havers.
Os ósteons consistem em:
· Lamelas concêntricas de matriz óssea;
· Um canal central – o canal de Havers – que contém o suprimento vascular e nervoso do ósteons.
As lamelas circundam esse canal central.
Radialmente ao canal encontramos os canalículos que contêm os prolongamentos dos osteócitos. Eles servem como passagem para as substâncias entre os osteócitos e os vasos sanguíneos.
OSSO IMATURO
É o tecido ósseo presente no esqueleto de um feto em desenvolvimento.
Difere do osso maduro nos seguintes aspectos:
· Não possui uma organização lamelar. Com base no arranjo das fibras colágenas, este osso é designado não lamelar;
· Contém um número relativamente maior de células por unidade de área do que o osso maduro;
· As células no osso imaturo tendem a ter uma disposição aleatória, enquanto as células do osso maduro estão geralmente dispostas com seus eixos longitudinais na mesma direção das lamelas;
· A matriz do osso imaturo tem mais substância fundamental que a matriz do osso maduro.
ARTICULAÇÕES
São estruturas formadas por tecido conjuntivo que unem os ossos uns aos outros.
Elas podem ser classificadas em:
· Diartroses, que possibilitam grande movimento dos ossos;
· Sinartroses, nas quais não ocorrem movimentos ou, quando ocorrem, são limitados.
IRRIGAÇÃO
Os ossos possuem forames nutrícios, por onde artérias e veias entram/saem. A quantidade de forame varia de cada osso.
Suprimento sanguíneo de um osso longo adulto.
INERVAÇÃO
O periósteo é rico em neurônios sensoriais, que ocasiona dor em punções e quebra.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS
RESERVATÓRIO DE CÁLCIO
Quando os níveis circulantes de cálcio no sangue caem abaixo de um ponto crítico, ele pode ser liberado pela matriz óssea no sangue. Por outro lado, o excesso de cálcio no sangue pode ser removido dele e armazenado no osso.
Esses processos são regulados pelo paratormônio (PTH) e pela calcitonina do seguinte modo:
· O PTH é secretado pelas células principais das glândulas paratireoides e atuam sobre o osso para elevar os níveis sanguíneos baixos de cálcio para valores normais.
· A calcitonina é secretada pelas células parafoliculares da glândula tireoide. Sua função é reduzir os níveis sanguíneos elevados de cálcio para a faixa normal.
REGULAÇÃO DO METABOLISMO DO FOSFATO E DA GLICOSE
As células ósseas produzem hormônios que estão envolvidos na regulação do metabolismo do fosfato e da glicose. Esses hormônios são:
· Fator de crescimento do fibroblasto 23, produzido pelos osteócitos, regula os níveis séricos de fosfato por meio de alteração dos níveis de vitamina D ativa e atividade de transportadores de fosfato específicos do rim.
· A osteocalcina, produzida pelos osteoblastos, está ligada a uma nova via de regulação da energia e metabolismo da glicose. Tem como alvo os adipócitos e as células produtoras de insulina no pâncreas.
MINERALIZAÇÃO ÓSSEA
A mineralização óssea tem seu início na vida fetal, estende-se por toda a infância e apresenta seu pico máximo na idade adulta. Assim, o decorrer da infância e da adolescência constituem-se no período de maior incremento no capital mineral ósseo, sendo uma época fundamental para aquisição da massa óssea em ambos os sexos.
A mineralização da matriz confere a este tecido uma extrema dureza, permitindo-lhe desempenhar importantes funções de sustentação e proteção.
A mineralização ocorre nos seguintes locais:
· Matriz extracelular do osso;
· Cartilagem;
· Dentina;
· Cemento;
· E, esmalte.
As matrizes de todas essas estruturas, com exceção do esmalte, contêm fibrilas colágenas e substância fundamental.
A mineralização é iniciada na mesma época dentro das fibrilas colágenas e na substância fundamental que as circunda.
Nos locais em que a mineralização é iniciada, a concentração local de íons Ca2+ e PO4 na matriz precisa ultrapassar o nível limiar normal.
Vários eventos são responsáveis por essa mineralização:
· A ligação do Ca2+ extracelular pela osteocalcina e por outras sialoproteínas cria uma concentração local elevada desse íon;
· Alta concentração de Ca2+ estimula os osteoblastos a secretar ALP (fosfatase alcalina), que aumenta a concentração local de íons PO4;
· Concentração elevada de PO4 estimula um aumento adicional na concentração de Ca2+ em que a mineralização será iniciada;
· Com a concentração extracelular elevada de PO4 e Ca2+, os osteoblastos liberam pequenas vesículas da matriz na matriz óssea por exocitose;
· As vesículas da matriz contêm ALP e pirofosfatase, que clivam os íons PO4 de outras moléculas da matriz;
· As vesículas da matriz que acumulam íons Ca2+ e clivam íons PO4 fazem com que o ponto isoelétrico local aumente, resultando em cristalização de CaPO4 (fosfato de cálcio) nas vesículas da matriz circundantes;
· Os cristais de CaPO4 iniciam a mineralização da matriz óssea pela formação e depósito de cristais de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2] na matriz que circunda os osteoblastos.
As vesículas da matriz derivadas dos osteoblastos constituem os fatores essenciais no controle do local inicial de deposição mineral no osteoide.
Após a precipitação dos cristais iniciais de hidroxiapatita, eles crescem rapidamente por adição de novas moléculas à sua superfície, até se unirem com cristais adjacentes produzidos em torno de outras vesículas da matriz.
Dessa maneira, uma onda de mineralização estende-se pelo osteoide. Outras células que produzem osteoide são os ameloblastos e os odontoblastos dos dentes em desenvolvimento.
METABOLISMO DO CÁLCIO
Um indivíduo adulto contém entre 1 e 2 kg de cálcio, com 99% deste presente nos ossos e dentes na forma de cristais de hidroxiapatita.O restante se distribui entre os estoques intracelulares e, em menor parte, no líquido extracelular.
É esta pequena fração de Ca2+ extracelular que é estreitamente regulada por hormônios e que determina o balanço de cálcio do organismo.
A concentração total de Ca2+ no sangue é de 10mg/dL. Encontramos Ca2+ no plasma das seguintes formas:
· 50% em forma ionizada;
· 40% ligados a proteínas plasmáticas (principalmente albumina);
· 10% formando complexos com vários ânions.
O pH do plasma influencia essa distribuição.
Junto às células, o Ca2+ permanece no retículo endoplasmático e na mitocôndria, ou está ligado a proteínas; portanto a Ca2+ intracelular livre é muito baixa.
O amplo gradiente de concentração para a [Ca++] ao longo das membranas celulares é mantido por uma bomba de ATPase de Ca++(PMCa1b) presente em todas as células e por um trocador de 3Na+ /Ca++ (NCX1) em algumas células.
A homeostasia do Ca2+ depende de dois fatores:
1. Quantidade total de Ca2+ no corpo;
2. Distribuição do Ca2+ entre os ossos e o LEC.
Os níveis corporais de Ca2+ são determinados pelas quantidades relativas absorvidas pelo trato intestinal e excretadas pelos rins.
O trato intestinal absorve Ca2+ por meio de um mecanismo de transporte ativo mediado por transportador, o qual é estimulado pelo calcitriol – metabólito ativo da vitamina D3 produzido no túbulo proximal dos rins.
Já o segundo fator que controla a homeostasia de cálcio é a distribuição desse íon entre ossos e LEC.
Dois hormônios (PTH e calcitriol) regulam a distribuição de Cálcio entre esses dois compartimentos e, desse modo, em conjunto com os rins, regulam a concentração plasmática de Ca2+.
As funções primárias do Cálcio no corpo humano são:
· Manutenção da integridade estrutural de ossos e dentes;
· Participação como íon mensageiro ou regulador de diversos processos celulares.
Já o Ca2+ intracelular está envolvido nos processos de:
· Proliferação;
· Diferenciação;
· Motilidade;
· Morte celular programada;
· Contração muscular;
· Secreção hormonal;
· Metabolismo do glicogênio;
· Além de atuar como mensageiro secundário e cofator enzimático.
Enquanto isso, o Ca2+ extracelular participa de várias funções essenciais como:
· Coagulação sanguínea;
· Adesão celular;
· Manutenção da integridade do esqueleto;
· E, regulação extracelular da excitabilidade.
As células em repouso têm concentração intracelular de Ca2+ por volta de 100 nM, o que não é suficiente para disparar atividades celulares substanciais.
Quando as células são estimuladas, a quantidade de Ca2+ intracelular pode aumentar muito rapidamente, alcançando até 1 M, concentração na qual ocorrem as atividades celulares dependentes de Ca2+.
De forma geral, a concentração de Ca 2+ no interior das células é controlada pela ligação reversível a proteínas específicas, que agem como sensores que decodificam sua informação. A operação de decodificação é baseada em alterações conformacionais específicas destas proteínas sensoras.
Outras proteínas intrínsecas das membranas (membrana plasmática, do retículo endossarcoplasmático, da mitocôndria e envelope nuclear) controlam a concentração de Ca 2+ pelo transporte através destas.
É importante ressaltar que o desempenho ótimo das funções celulares depende da manutenção de uma concentração extracelular estável de cálcio. Essa regulação acontece pela ação dos hormônios descritos a seguir.
ABSORÇÃO E EXCREÇÃO
O cálcio ingerido com os alimentos comumente se encontra ligado ou na forma sólida, necessitando ser modificado (solubilizado) para que seja absorvido. Sua velocidade de absorção e redistribuição no organismo deve ser tal que não comprometa as concentrações plasmáticas de cálcio, que se mantêm por volta de 2,5 mmol/ℓ de cálcio total, e 1,25 mmol/ℓ da fração ionizada.
Assim que o quimo entra no intestino, é sujeito à ação mecânica devido ao peristaltismo e à ação química das enzimas intestinais, principalmente das peptidases. Desta maneira, o cálcio é solubilizado e absorvido para a linfa ou sangue através do epitélio intestinal.
Existem basicamente dois mecanismos envolvidos neste transporte.
O primeiro é saturável (ativo), via transcelular, sujeito à regulação hormonal (pela vitamina D) e, portanto, também à retrorregulação. Ocorre principalmente na porção proximal do intestino delgado, isto é, duodeno e porção inicial do jejuno.
O segundo mecanismo é não saturável, dependente do gradiente de concentração entre o lúmen intestinal e líquidos corporais, provavelmente via paracelular. Este mecanismo não está sujeito a qualquer controle endócrino e pode ocorrer ao longo de todo o intestino, porém corresponde a uma proporção menor do cálcio total absorvido.
O intestino secreta cerca de 300 mg do cálcio de origem endógena para o lúmen intestinal pela bile e outras secreções, que se soma ao cálcio da dieta. Desde que a máxima fração de absorção seja ao redor de 70%, em caso de dieta completamente sem cálcio a absorção apenas restauraria ao organismo 200 mg do cálcio endógeno secretado, induzindo a um balanço negativo de 100 mg/dia.
Sendo assim, a dieta mínima para que se alcance balanço zero nestas condições seria de 200 mg/dia. Em dietas pobres em cálcio, a absorção ocorre predominantemente pelo processo ativo, mas, à medida que a oferta de cálcio aumenta, este processo torna-se saturado, e quantidades adicionais de cálcio são então absorvidas somente pelo mecanismo de difusão não saturável.
Em condições habituais, apenas 2% da carga de cálcio filtrado pelos glomérulos é excretada, e 98% são reabsorvidos pelos túbulos renais.
O mecanismo de controle da reabsorção tubular de cálcio é feito de maneira a proteger o indivíduo de potencial hipercalcemia no caso de ingestão excessiva.
Há uma correlação linear positiva entre elevação de ingesta e aumento da excreção renal de cálcio, quando esta excreção supera 150 mg. Abaixo destes níveis de excreção, entretanto, esta correlação é perdida, apesar da atuação do paratormônio aumentando a reabsorção tubular do cálcio filtrado.
Portanto, em condições de dieta pobre em cálcio a excreção não se reduz proporcionalmente, levando o indivíduo a um balanço de cálcio negativo. Além disso, a excreção renal de cálcio está intimamente relacionada com a quantidade de sódio e de proteínas da dieta. Para cada mmol de sódio excretado, excreta-se juntamente 0,1 mmol de cálcio. Do mesmo modo, existe forte correlação entre a quantidade de proteínas ingeridas na dieta e a de cálcio excretada na urina, independentemente da quantidade de cálcio ingerida.
TRANSPORTE DE CÁLCIO NO NÉFRON
PARATORMÔNIO (PTH)
O paratormônio é o principal regulador sistêmico das concentrações de cálcio, fosfato e metabólitos ativos da vitamina D no sangue, e da atividade celular nos ossos.
O principal estímulo para secreção do PTH é a redução da concentração plasmática de Ca2+. A estimulação da secreção de PTH se dá pela ativação de um receptor sensível ao cálcio extracelular (CaSR) presente nas células paratireoidianas.
O CaSR é o mecanismo molecular pelo qual as células paratireoidianas e outras células reconhecem e respondem a pequenas, mas fisiologicamente relevantes, mudanças na concentração de Ca2+ extracelular, tendo, portanto, um papel fundamental no sistema homeostático responsável pela manutenção da constância do Ca2+.
Os efeitos biológicos gerais mais importantes do PTH são aumentar a concentração plasmática de Ca2+ e diminuir a concentração plasmática de PO42-, obtidos através da sua ação direta sobre ossos e rins, e, indiretamente, sobre a absorção de Ca2+ pelo trato gastrintestinal.
As ações diretas do PTH resultam em:
· Aumento da excreção urinária de fosfato por diminuição da reabsorção tubular;
· Aumento da reabsorção tubular de Ca 2+ e consequente redução da perda de Ca 2+ pela urina;
· Aumento da taxa de reabsorção e remodelamento ósseo;
· Aumento da osteólise e do número de osteoclastos na superfície ósse;
· Aumento da excreção de metabólitos do colágeno do tipo I;
· Ativação da adenilato ciclase e estimulação do aumento da concentração de Ca 2+ nas células-alvo;· Aumento da taxa de produção do metabólito ativo da vitamina D, 1,25(OH)2D, pelo aumento na síntese da 1-alfa-hidroxilase renal.
Nos ossos, a resposta ao PTH é bifásica. O efeito imediato é resultado da ativação das células existentes na superfície óssea que, quando estimuladas, aumentam o fluxo de Ca 2+ das regiões mais internas para a superfície. O efeito tardio, que é potencialmente maior, depende da estimulação prolongada por PTH. Neste caso, as células progenitoras são ativadas e a população de osteoclastos aumenta.
Ocorrem também modificações na região da membrana plasmática dos osteoclastos que estão em contato com a superfície óssea, formando uma borda ondulada.
Esta área de reabsorção óssea ativa é isolada do fluido extracelular por zonas transicionais que selam a região onde se localizam as enzimas lisossomais e o ambiente ácido propício para dissolução óssea.
Os componentes minerais e orgânicos liberados são fagocitados pelos osteoclastos e transportados em vesículas para serem liberados no fluido extracelular.
VITAMINA D
As ações da vitamina D são mediadas pela interação com receptores intracelulares, característica dos hormônios esteroides, que se ligam a elementos responsivos específicos no DNA e desencadeiam diretamente a regulação da transcrição gênica.
CALCITONINA
A calcitonina atua como antagonista fisiológico das ações do PTH sobre o metabolismo de cálcio, ou seja, tem efeito geral de diminuir a concentração plasmática de cálcio. A atividade hipocalcêmica primária da calcitonina decorre da inibição da reabsorção óssea mediada pelos osteoclastos. Secundariamente, estimula de depuração renal de cálcio.
SAÚDE ÓSSEA
É importante garantir a absorção de vitamina D com uma exposição ao Sol de 20 a 30 minutos por dia.
Mulheres que fumam têm níveis mais baixos de estrogênio em comparação aos não fumantes e, por isso, muitas vezes entram mais cedo na menopausa.
Além disso, alcoólatras podem apresentar lesões no aparelho digestivo, causando uma má absorção do cálcio. Aqueles que bebem muito são mais propensos à perda óssea e fratura por causa da má nutrição e aumento do risco de queda.
Assim como o músculo, o osso é um tecido vivo que responde ao exercício se tornando mais forte. Exercícios de sustentação de peso são os melhores para os ossos porque o forçam a trabalhar contra a gravidade.

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