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89 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Unidade III 5 PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (PARTE 1) Tendo conhecido os conceitos e fundamentos em administração estratégica, além das mais diversas ferramentas e modelos de gestão relacionados, passemos agora ao processo de planejamento estratégico. Neste capítulo, exploraremos os conceitos iniciais que circundam a construção do plano estratégico, abordando os desafios e as barreiras para a sua realização. Depois, apresentaremos alguns modelos de processo de planejamento estratégico e iniciaremos efetivamente de forma prática a construção de um plano. Para tal, trabalharemos a etapa inicial do processo e, no próximo capítulo, avançaremos na construção dos planos e projetos estratégicos, bem como no seu monitoramento e controle. 5.1 O planejamento estratégico 5.1.1 Histórico e conceitos básicos A ação de planejar, com viés estratégico, sempre foi uma constante ao longo da história, mesmo quando não tínhamos tecnologia e ferramental suficiente para a sua boa execução. Cruz (2019a, p. 1) ilustra bem essa ideia, trazendo a singela história bíblica de José do Egito: Seja você religioso ou não, na Bíblia está um dos exemplos mais marcantes de planejamento estratégico que conheço – o que José do Egito teria feito e executado para salvar o Egito dos sete anos de fome que se seguiram aos sete anos de fartura. Não importa se ele sonhou e se foi mesmo um Deus onipresente, onisciente, todo-poderoso que lhe avisou sobre o que iria acontecer; o certo é que ele planejou estrategicamente a condução do Reino primeiro nos sete anos de fartura e depois nos sete anos de desgraça. E mais que isso, soube ligar o planejamento estratégico ao planejamento operacional de forma a executar as operações do dia a dia com base no plano de catorze anos que havia feito. Avançando um pouco mais na história, vemos o planejamento no nível estratégico presente nas guerras e de forma geral nas relações internacionais. A partir da década de 1950, percebemos o crescimento das preocupações com as ações de planejar, além das constatações de uma falta de sincronismo entre aquilo que as organizações ofertavam e aquilo que o mercado demandava. 90 Unidade III Nesse momento havia um pouco de confusão relacionada ao correto conceito de planejamento. Por isso, para evitar qualquer percepção errada que ainda exista nos dias de hoje sobre o que na verdade é planejamento, Oliveira (2018) estabelece algumas diferenciações, que podem ser vistas no quadro a seguir. Quadro 18 – Conceitos que se confundem com o conceito de planejamento Conceito Definição Previsão Esforço para verificar quais serão os eventos que poderão ocorrer, com base no registro de uma série de probabilidades Projeção Situação em que o futuro tende a ser igual ao passado, em sua estrutura básica Predição Situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, mas a empresa não tem nenhum controle sobre seu processo e desenvolvimento Resolução de problemas Aspectos imediatos que procuram tão somente a correção de certas descontinuidades e desajustes entre a empresa e as forças externas que lhe sejam potencialmente relevantes Plano Documento formal que se constitui na consolidação das informações e atividades desenvolvidas no processo de planejamento; é o limite da formalização do planejamento, uma visão estática do planejamento, uma decisão em que a relação custos versus benefícios deve ser observada Adaptado de: Oliveira (2018, p. 3). No contexto empresarial, podemos dizer que o planejamento é uma das funções da administração, na qual tudo deve se iniciar a partir de tomada de decisão dentro de uma empresa. É por meio dele que especificamos os objetivos a serem atingidos e criamos as ações que permitem alcançar esses objetivos. Lembrete As funções da administração são: planejamento, organização, direção e controle. O planejamento pode ocorrer em níveis organizacionais: estratégico; tático; operacional. O primeiro é um pouco mais institucional e é conhecido como planejamento estratégico. O segundo situa-se de forma intermediária como planejamento tático. O terceiro está localizado no nível operacional, muito ligado à execução de atividades do cotidiano. A figura a seguir apresenta esses tipos de planejamento. 91 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Planejamento estratégico Planejamento de marketing Plano de pesquisa de mercado Plano de recrutamento e seleção de pessoal Plano de investimentos Plano de vendas Plano de benefícios Plano de financiamento Plano de promoções Plano de treinamento e desenvolvimento de pessoal Orçamento Planejamento de recursos humanos Planejamento financeiro — Abrange a organização como um todo — É pouco detalhado — É direcionado para o longo prazo Planejamento estratégico — Abrange cada área ou departamento, especificamente — É mais detalhado do que o planejamento estratégico — É direcionado para o médio prazo Planejamento tático — Abrange cada tarefa ou grupo de tarefas — É bastante detalhado e analítico — É direcionado para o curto prazo Planejamento operacional Figura 31 – Tipos de planejamento Fonte: Andrade (2016, p. 9). No nível estratégico, o planejamento está relacionado à tomada de decisão de longo prazo, sempre com alto grau de incerteza e impacto nos negócios. Também é necessário lembrar que o produto final do planejamento é chamado de plano, o qual representa um dos Ps da estratégia. Segundo Andrade (2016, p. 3), “o plano é uma espécie de curso de ação conscientemente determinado, um guia (ou uma série de guias) para abordar uma situação específica”. 92 Unidade III Lembrete Os cinco Ps da estratégia são: plano (plan); pretexto (ploy); padrão (pattern); posição (position); perspectiva (perspective). Oliveira (2018, p. 3) define planejamento estratégico como um processo contínuo, em vista do estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado; entretanto, a empresa tem condições e meios de agir sobre as variáveis e fatores, de modo que possa exercer alguma influência. Maximiano (2006) afirma que o planejamento estratégico é o processo de elaboração da estratégia, definindo a relação entre a organização e o ambiente. Desse modo, o processo de planejamento estratégico compreende a tomada de decisões sobre direcionamentos que a organização pretende seguir, produtos e serviços a serem oferecidos, além de mercados e clientes que a empresa pretende atingir. Ainda é possível, segundo Rizzatti e Pereira (2015), apresentar o conceito de planejamento estratégico de quatro maneiras distintas. São elas: • ação responsável pelas tratativas relacionadas ao futuro partindo de decisões do presente, diagnosticando de forma sistemática oportunidades, ameaças, forças e fraquezas; • processo de desenvolvimento e estabelecimento de objetivos estratégicos, bem como dos planos e das políticas que permitem a sua consecução; • filosofia de trabalho que objetiva de forma contínua a definição ou redefinição estratégica da missão, visão e metas de uma organização; • estrutura de planos que favorece a integração entre os aspectos e as ações estratégicas e operacionais. Observação É possível encontrar diversas definições de planejamento estratégico. A maior parte delas sempre vai nos remeter para a ideia de futuro e para o estabelecimento de ações e objetivos. 93 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI 5.1.2 Sucesso, desafios e armadilhas no planejamento estratégico O planejamento estratégico pode ser considerado como uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando um maior grau de interação com o ambiente, tanto o externo quanto o interno. Por ser uma metodologia, o planejamento estratégico age como um processo contínuo durante o qual são definidos e revisados a missão da organização, a visão de futuro, os objetivos e os projetos de intervençãoque visam a mudança desejada. Também é possível colocá-lo como uma forma de posicionamento da organização em seu mercado. Tudo isto fez com que o processo de planejamento estratégico nas empresas ganhasse muito destaque ao longo dos anos. Alguns autores e profissionais de gestão empresarial enfatizam a importância da utilização de planos estratégicos que objetivem a conquista das metas de negócio. Sem considerar aspectos e metas específicos de cada negócio, o planejamento estratégico permite a redução do risco de uma decisão errada, por meio de um processo de integração das decisões em um plano consistente. Trabalhar de forma planejada estrategicamente auxilia também na manutenção do potencial competitivo da empresa, fazendo com que haja um olhar mais diferenciado para as oportunidades. Não obstante a constatação dos inúmeros benefícios alcançados por meio do processo de planejamento estratégico, encontramos nas empresas certas resistências e desafios na sua execução. Entre as resistências e os desafios que verificamos no processo, é possível citar: • percepção, por parte dos envolvidos, de aumento da carga de trabalho, porque, além das atividades operacionais, temos as atividades estratégicas, desestimulando um envolvimento consistente no processo; • dificuldades pessoais na aceitação e assimilação das mudanças implementadas pelo processo de planejamento estratégico; • problemas e dificuldades na comunicação da missão, da visão, dos valores, dos planos e dos objetivos estratégicos, principalmente quando a organização tem um porte consideravelmente grande; • baixíssimo grau de governabilidade dos cenários externos, gerando um pouco de desmotivação na análise desses contextos com uma perspectiva de futuro; • necessidade de constante monitoramento do plano, gerando cobranças que podem desencadear problemas de relacionamento entre as áreas envolvidas; • trabalho harmonizado do processo, com diversas ferramentas e modelos de gestão estratégica; 94 Unidade III • desalinhamento de departamentos, que tendem a buscar apenas os próprios interesses antes, durante e depois do processo de planejamento estratégico. Pereira e Neis (2015) apresentam elementos essenciais que conduzem ao sucesso do processo de planejamento estratégico e à superação dessas resistências e desafios. Entre esses elementos, é possível citar: • favorecer a maior participação possível no processo de planejamento estratégico, principalmente no detalhamento dos planos de ação e projetos estratégicos criados, deixando claros os papéis e a responsabilidade de cada um dos envolvidos; • apresentar de forma clara o horizonte estratégico do planejamento, informando qual é o tempo em que o plano será executado e quando haverá revisões e revisitas para a adequação de indicadores, metas e objetivos; • considerar o máximo possível de informações voltadas para o ambiente externo sobre clientes, consumidores, fornecedores, concorrentes, novos entrantes, produtos substitutos, além dos fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais; • considerar sempre a ideia de agregar valor ao cliente, tendo em vista a perspectiva clientes do BSC; • ter o comprometimento dos recursos humanos, principalmente da alta direção, passando por níveis táticos e até por pessoas que, embora estejam envolvidas em atividades operacionais, são fundamentais para o desenho da estratégia corporativa; • legitimar e dar credibilidade ao condutor do processo de planejamento estratégico e a sua equipe de acompanhamento e controle; • considerar que o processo de planejamento estratégico é dinâmico e não pode ser comparado a um trilho de trem, mas a uma trilha a ser percorrida; • ter em mente que o plano estratégico não deve ser um documento engavetado, mas precisa ser executado e acompanhado, com controles que tenham pelo menos periodicidade bimestral; • selecionar de forma adequada a quantidade de ferramentas a ser utilizada, apresentando para todos os envolvidos o seu uso; • trabalhar constantemente o alinhamento estratégico entre os departamentos da organização, principalmente aqueles que trabalharão de forma conjunta em algum plano de ação ou projeto estratégico; • trabalhar as resistências dos envolvidos de forma coletiva e individualizada, quando necessário, favorecendo um trabalho de mudança de mindset (mentalidade). 95 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Chiavenato e Sapiro (2020) declaram que há ainda algumas armadilhas típicas contidas no processo de planejamento estratégico. Elas podem favorecer consequências não desejadas para a gestão estratégica nas empresas. O quadro a seguir apresenta cada uma dessas armadilhas. Quadro 19 – Armadilhas típicas do planejamento estratégico Interna Ocorre se o planejamento estratégico é dominado por fortes opiniões e posições internas e carece de uma perspectiva imparcial Orçamentária Os participantes apenas se concentram no que parece viável. Isto incentivará o pensamento a curto prazo porque o ato principal é o orçamento; a discussão estratégica é apenas um pano de fundo Extrapolação A armadilha de extrapolação ocorre se o planejamento estratégico se limitar à continuidade dos desenvolvimentos e tendências passados, ignorando possíveis disrupções no ambiente de negócio Armadilha do PPT A armadilha do PowerPoint pode ser observada se o planejamento estratégico for falsamente entendido como um concurso de beleza, semelhante às apresentações a investidores externos. Slides extravagantes substituem análises de conteúdos Armadilha do final feliz Um indicador típico desta armadilha é quando uma reunião de planejamento é considerada uma reunião de bom planejamento se funcionou lisamente e não houve nenhuma discussão crítica Rotina O processo anual de planejamento estratégico degenera em uma tarefa de rotina que parece muito semelhante ano após ano. As análises não são mais realizadas em profundidade, mas simplesmente atualizadas em relação ao ano anterior Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 42). 5.1.3 Planejamento estratégico em diferentes organizações O planejamento estratégico pode sofrer adaptações a depender do tipo, classificação ou porte da organização. Segundo Andrade (2016, p. 9): Para que o processo de planejamento estratégico possa apresentar resultados eficientes, torna-se necessária a consideração das características peculiares da organização na qual se pretende implementá-lo, o que exige uma análise das diferentes categorias existentes. É evidente que cada uma das organizações existentes em nossa sociedade é diferente de todas as outras (não existem duas organizações iguais). Entretanto, ainda que não haja qualquer esquema que possa ser considerado como definitivo, é comum classificá-las, ou categorizá-las, em função de determinadas características que são comuns entre elas. As microempresas e as pequenas empresas, por exemplo, têm como características pequena estrutura organizacional e também reduzida divisão de tarefas. Nessas organizações, é comum encontrarmos o proprietário assumindo o comando administrativo e liderando o processo de planejamento estratégico, que ocorre de maneira informal, pouco estruturada e muito centralizada. 96 Unidade III Nas organizações de porte médio e grande, o processo de planejamento estratégico já é melhor estruturado, e em muitas delas encontramos uma divisão em unidades de negócios. Quando a empresa ou organização é muito grande, a estratégia a ser construída por meio do planejamento deve ocorrer em três níveis distintos: corporativa (englobando a empresa como um todo); de negócio (abrangendo uma unidade de negócio); e funcional (compreendendo um setor ou departamento). A figura a seguir apresenta esses três níveis. Produção Produção Unidade de negócio A Matriz da corporaçãoEstratégia corporativa Análise da atratividade: em que setor vamos atuar, e em que negócios vamos entrar ou sair? Estratégia ao nível de unidade de negócio Competitividade: como desenvolveras atividades empresariais frente ao ambiente competitivo? Estratégias funcionais Desenvolvimento de estratégias de ação pelas áreas funcionais da organização Unidade de negócio B Marketing Marketing Finanças Finanças Figura 32 – Níveis de estratégia Fonte: Andrade (2016, p. 9). Observação Em organizações menores é comum apenas o planejamento estratégico corporativo, e algumas áreas, como a TI, costumam fazer um planejamento estratégico um pouco mais funcional e departamental. O quadro a seguir apresenta particularidades do planejamento estratégico em outros tipos de organizações. 97 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Quadro 20 – Particularidades do planejamento estratégico em outras organizações Organização Características Exemplos de organizações Particularidades do processo de planejamento estratégico Organizações maquinais — Predomínio de tecnoestrutura encarregada de desenhar sistemas padronizados — Procedimentos formais — Tarefas altamente especializadas, de rotina — Poder para tomar decisões relativamente centralizado — Estrutura administrativa com uma clara distinção entre linha e staff — Geralmente atuam em um ambiente estável — McDonald’s — Correios — Processos levados a cabo sob a forma de planos formalmente instituídos e articulados por uma liderança central — Intenções dos dirigentes são tão precisas quanto possível — Implementação é apoiada por sistemas de controles formais que têm por objetivo evitar as surpresas e as distorções — Plano para desenvolvimento das estratégias é elaborado sob a forma de orçamentos e programas para guiar comportamentos em um ambiente controlável e previsível — Essas estratégias são muito deliberadas Organizações profissionais — Trabalhos complexos e as principais tarefas operacionais são realizadas por profissionais altamente especializados com elevado grau de autonomia sobre suas próprias atividades — Profissionais possuem muito controle coletivo sobre as decisões administrativas que os afetam — Predomina a autoridade de natureza profissional (poder do conhecimento) — Hospitais — Universidades — Predomínio das estratégias desarticuladas (ausência de coesão entre os membros com o resto da organização) ou de consenso (ajustes mútuos entre os vários membros da organização) — Praticamente impossível haver um único processo de planejamento estratégico desenvolvido de cima para baixo, e controlado pela cúpula administrativa — Alta administração exerce atividades de natureza normativa, deliberativa, consultiva e de supervisão geral — Cada uma de suas diversas unidades possui autonomia suficiente para desenvolver seu próprio processo de planejamento estratégico Organizações governamentais — Governo se caracteriza como proprietário ou como acionista majoritário — Essas organizações normalmente não precisam se submeter às regras do jogo de mercado — Órgãos públicos — Autarquias — Governo influencia fortemente, por meio de suas considerações políticas e ideológicas, os processos de planejamento desenvolvidos — Os seus objetivos podem mudar rapidamente, de acordo com os rumos das políticas governamentais predominantes — As estratégias são parcialmente deliberadas, em função das influências governamentais, e parcialmente emergentes Organizações sem fins lucrativos — Caracterizam-se pelo fato de que a ideologia e os valores subjacentes possuem um significado estratégico essencial — Os valores e as expectativas de diferentes grupos (stakeholders) exercem papel importante em seu desenvolvimento estratégico — Instituições religiosas — Institutos e fundações — A formulação de estratégias nessas organizações é fortemente influenciada pelos grupos que a financiam — Grande parte dessas organizações preocupa-se mais com a eficiência dos recursos do que com a eficácia dos serviços, o que gera dificuldades para o desenvolvimento de um processo de planejamento estratégico eficaz (a principal preocupação de seus dirigentes muitas vezes é conseguir manter a organização funcionando) Fonte: Andrade (2016, p. 118). 98 Unidade III 5.1.4 Modelos de planejamento estratégico Encontramos na literatura acadêmica de administração estratégica e no mercado diversos modelos e metodologias utilizados no processo de planejamento estratégico. Nesta seção, apresentaremos alguns que consideramos como principais. Comecemos com Mintzberg (1994), que apresenta o seu modelo contendo dois caminhos de diagnóstico estratégico: interno e externo. Esses itinerários favorecem a criação das estratégias, bem como a avaliação e escolha com uma consequente implementação. Observando a figura a seguir, vemos, ainda, que há a influência dos valores corporativos e da responsabilidade social. Diagnóstico externo Diagnóstico interno Ameaças e oportunidades do ambiente Forças e fragilidades da organização Fatores-chave de sucesso Competências distintasCriação da estratégia Implementação da estratégia Avaliação e escolha da estratégia Responsabilidade social Valores corporativos Figura 33 – Modelo de planejamento estratégico de Mintzberg (1994) Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 37). Glueck (1980) apresenta um modelo de processo de planejamento estratégico com grandes semelhanças ao processo descrito por Mintzberg (1994). Ele também destaca a necessidade de análise e diagnóstico, acompanhada da escolha, implementação e avaliação. A figura a seguir apresenta esse modelo, contendo uma explicação para as principais etapas. 99 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Objetivos da empresa Vantagens estratégicas internas da empresa Alternativas estratégicas possíveis Escolha da estratégia Liderença da implementação Implementação organizacional e política Ameaças e oportunidades reais e potenciais no ambiente Mapear o ambiente e diagnosticar mudanças econômicas, políticas, sociais, tecnológicas e culturais Formular alternativas estratégicas e assegurar a escolha daquela mais apropriada Examinar e diagnosticar volume e distribuição dos recursos e competências da empresa, suas forças e fragilidades Assegurar-se de que a estratégia alcançou os resultados Assegurar-se da execução da estratégia escolhida Adequar a cultura e estrutura organizacional à estratégia escolhida Análise e diagnóstico Escolha Processo de gestão estratégicaElementos Implementação Avaliação Avaliação da estratégia Figura 34 – Modelo de planejamento estratégico de Glueck (1980) Fonte: Chiavenato e Sapiro (2020, p. 349). Saiba mais Para se aprofundar nesses dois modelos, você pode ler o capítulo 2 da obra indicada a seguir: CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico: da intenção aos resultados. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2020. Andrade (2016) apresenta a sua metodologia de processo de planejamento estratégico em seis fases. Um detalhe interessante desse modelo é o início pela definição do negócio, identificação da missão e definição de visão. Ele também aborda a necessidade dos objetivos estratégicos se referirem claramente às áreas do ambiente organizacional. Além disso, ocorre nesse modelo o diagnóstico e posicionamento estratégico, por meio de ferramentas como análise SWOT. Lembrete A análise SWOT é uma ferramenta de diagnóstico estratégico para identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. 100 Unidade III O modelo de Andrade (2016) finaliza com o estabelecimento dos planos de ação, que abordam os aspectos mais táticos e operacionais. Esses planos contêm: indicadores, metas, ações, responsáveis, prazos e recursos necessários. A figura a seguir apresenta o modelo de Andrade (2016). 1 Definição do negócio, identificação da missão e definição da visão estratégica 2 Análise SWOT Parte I: fatores internos (pontos fortes e pontos fracos) 3 Análise SWOT Parte II: fatores externos (ameaças e oportunidades) 4 Posicionamento estratégico daorganização Posicionamento da organização frente ao ambiente competitivo 5 Objetivos estratégicos 6 Planos de ação Questões táticas e operacionais Gestão de clientes Produto, mercado e imagem Organização, tecnologia e processo Gestão de pessoas Finanças Indicadores Metas Ações Responsáveis Prazos Recursos necessários Figura 35 – Modelo de planejamento estratégico de Andrade (2016) Fonte: Andrade (2016, p. 20). 101 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI De forma mais simplificada, Oliveira (2018) cria um modelo contemplando apenas quatro etapas que têm comportamento cíclico. A figura a seguir apresenta esse modelo. Controle e avaliação Instrumentos prescritivos e quantitativos Diagnóstico estratégico Missão da empresa Figura 36 – Modelo de planejamento estratégico de Oliveira (2018) Fonte: Oliveira (2018, p. 41). A primeira etapa é o diagnóstico estratégico, no qual a visão e os valores são identificados. Ainda nessa fase ocorre a análise dos contextos internos e externos, visando encontrar os itens da matriz SWOT. Ela é finalizada com um processo de análise da concorrência (OLIVEIRA, 2018). A segunda etapa é chamada de missão da empresa. Segundo Oliveira (2018, p. 49), nesse ponto deve ser estabelecida a razão de ser da empresa, bem como seu posicionamento estratégico. Essa etapa é desdobrada um outras cinco: estabelecimento da missão da empresa; estabelecimento dos propósitos atuais e potenciais; estruturação e debate de cenários; estabelecimento da postura estratégica; estabelecimento das macroestratégias e macropolíticas. Oliveira (2018) chama a terceira etapa de instrumentos prescritivos e quantitativos. Por instrumentos prescritivos entende-se o detalhamento das ações que permitem atingir os propósitos descritos nas etapas anteriores. Por instrumentos quantitativos compreende-se o planejamento financeiro relacionado às ações estratégicas que serão executadas. A última etapa é conhecida como controle e avaliação, e, de acordo com Oliveira (2018, p. 55), apresenta a ação necessária para assegurar principalmente a realização de objetivos, desafios, metas, estratégias, projetos e planos de ação estabelecidos. Para melhor explicitar o modelo de Oliveira (2018), demonstramos na figura a seguir a consecução e relação de cada etapa dentro do processo. 102 Unidade III Pontos fortes Pontos fracos Pontos neutros Missão Concorrentes Visão e valores Propósitos Cenários Postura estratégica Macroestratégias Macropolíticas Objetivos gerais Objetivos funcionais Desafios e metas Estratégias e políticas Projetos e planos de ação Orçamento e outros planejamentos da empresa Oportunidades Ameças Algumas vezes irrealista quanto aos "destinos" da empresa e submetida a uma avaliação racional e criteriosa das O processo inicia-se a partir de Considerando a realidade da empresa e de seus Com seus Tudo isso "dentro" do horizonte estabelecido para a A partir de detalhes de Que possibilita o estabelecimento de E que deve conduzir à escolha de Respeitando a Que orientarão a formalização de Mais realistas que as expectativas e os desejos, como base para a formulação de Quantificados, que permitirão o estabelecimento, em nível funcional, de Destinados a orientar a operacionalização do plano estratégico através do Capazes de – tirar proveito dos pontos fortes e oportunidades – evitar ou eliminar os pontos fracos e ameaças da empresa, e que devem ser traduzidas em Em termos de – mercados a explorar – recursos a aproveitar Que prejudicarão a empresa e suas oportunidades identificadas Figura 37 – Processo de planejamento estratégico segundo Oliveira (2018) Fonte: Oliveira (2018, p. 56). 103 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Por sua vez, Fischmann e Almeida (2018) apresentam um modelo contendo cinco etapas de um processo de planejamento estratégico. Ele inicia com uma orientação estratégica, passando pelo diagnóstico e direcionamento estratégico, até chegar a uma quantificação de objetivos e à finalização, contendo as ações estratégicas e o sumário do plano estratégico. A figura a seguir apresenta esse modelo. Missão Estratégia vigente Campo de atuação Análise ambiental Aspectos internos Vocação Visão Valores Estratégias Projeções Ações Objetivos Metas Sumário do PE Conscientização das oportunidades e ameaças, e dos pontos fortes e fracos, para o cumprimento da missão Diagnóstico Viabilidade dos objetivos traçados Quantificação dos objetivos Resumo do plano estratégico em um documento curto e objetivo Finalização Para que serve a organização? Orientação Propósito de direção que a organização deverá seguir Direcionamento estratégico Figura 38 – Modelo de planejamento estratégico de Fischmann e Almeida (2018) Fonte: Fischmann e Almeida (2018, p. 19). Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre esse último modelo, vale a pena ler o capítulo 3 do livro indicado a seguir: FISCHMANN, A. A.; ALMEIDA, M. I. R. Planejamento estratégico na prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 5.2 Etapas do processo de planejamento estratégico 5.2.1 Apresentação das etapas do planejamento estratégico Na seção anterior, apresentamos alguns modelos de processo de planejamento estratégico, nos quais observamos muitas semelhanças, embora não exista um consenso trazendo com exatidão as etapas e fases que compõem o processo de construção do plano estratégico para as empresas. 104 Unidade III Aqui em nosso material textual, vamos apresentar um caminho que vai possibilitar a execução de maneira simplificada, prática e direta do processo de planejamento estratégico, desde o seu início, passando pela sua construção e implementação, até chegar às fases de controle e monitoramento. A figura a seguir apresenta de forma macro o desenho das etapas do processo de planejamento estratégico. Etapa 1: levantamento e preparação dos recursos Etapa 2: construção do plano estratégico Etapa 3: construção dos projetos estratégicos Etapa 4: controle e avaliação da estratégia Figura 39 – Processo de planejamento estratégico A primeira etapa é chamada de levantamento e preparação dos recursos. As principais atividades concentram-se no levantamento preliminar de dados e recursos necessários para a construção do plano. Esses dados têm origem interna e externa à organização. Nela também ocorre um levantamento de outros recursos necessários para a execução da próxima etapa, além de uma seleção prévia de participantes que integrarão os grupos de trabalho para a construção do plano estratégico. A segunda etapa, chamada de construção do plano estratégico, é composta de fases envolvendo definição de norteadores estratégicos, diagnóstico estratégico e objetivos estratégicos. Nessa etapa são estabelecidos os direcionadores que vão permitir a construção dos projetos estratégicos. A terceira etapa, chamada de construção de projetos estratégicos, consiste em um conjunto de ações que possibilita a consecução dos objetivos estratégicos. Esses projetos representam de forma concreta a execução da estratégia da organização. A quarta etapa é chamada de controle e avaliação da estratégia. O seu objetivo é monitorar e avaliar periodicamente a execução da estratégia, ou seja, dos projetos estratégicos. Essa etapa garante o alinhamento entre ações planejadas e ações executadas. 5.2.2 Composição do plano estratégico O plano estratégico é construído na etapa 2 e é o principal subsídio para a etapa 3, de construção dos projetos estratégicos da organização, conforme pode ser visto na figura a seguir. O plano estratégico é composto de forma básica pelos elementos: norteadores estratégicos; diagnóstico estratégico; formulação estratégica. 105 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Etapa 2: construção do plano estratégico Etapa 3: construção dos projetos estratégicos Plano estratégico 1. Norteadores estratégicos 2. Diagnóstico estratégico 3. Formulação estratégica Figura 40 – Plano estratégico Lembrete O plano estratégicoé um documento que representa o resultado do processo de planejamento estratégico. Os norteadores estratégicos integram a primeira parte do plano e representam a peça fundamental no desenho, na análise e na formação da estratégia. Estes norteadores são: negócios; missão; visão; valores; fatores críticos de sucesso. Nas próximas seções vamos detalhar cada um desses elementos, com exceção dos fatores críticos de sucesso, que foram trabalhados em capítulos anteriores. O diagnóstico estratégico representa a segunda parte do documento produzido na construção do plano. Aqui temos a análise ambiental, contendo os fatores integrantes da matriz SWOT, bem como uma priorização desses itens. Além disso, encontramos o resultado da utilização das ferramentas mencionadas no capítulo 3, como a análise Pestel, a matriz de relacionamentos, a matriz BCG, além da análise das forças competitivas de Porter. A terceira parte do documento apresenta a formulação estratégica, englobando os posicionamentos, os objetivos e os mapas estratégicos oriundos das análises dos ambientes interno e externo, balizados pelos norteadores estratégicos. Esses objetivos apresentam o que concretamente a empresa espera atingir. Observação Para atingir os objetivos estratégicos são criados os projetos estratégicos, que devem, em momento posterior, integrar a parte do plano que se refere à formulação da estratégia. O plano estratégico não é um documento estático. Por isso, ele é revisitado em um prazo máximo de um ano, a fim de verificar eventuais adequações em todas as suas partes. Essa revisita ocorre na etapa de controle e avaliação da estratégia e tem a periodicidade definida ainda na etapa 2 no momento da construção do plano. 106 Unidade III 5.2.3 Etapa 1 (levantamento e preparação dos recursos) Para que o processo de planejamento estratégico ocorra de forma satisfatória e o seu principal resultado, que é o documento chamado de plano, tenha o melhor desenho possível, é necessária toda uma preparação, constante da etapa 1 do processo. O primeiro passo que a organização deve dar nessa etapa vem da alta direção ao escolher o profissional responsável por ser o facilitador de todo o processo. Esse papel é de grande importância e normalmente é exercido por um consultor externo trazido para o seio da organização. As principais responsabilidades do facilitador são: • conduzir o processo de levantamento e preparação de recursos utilizados no processo de planejamento estratégico; • favorecer o engajamento dos gestores e demais participantes do processo de construção do plano; • apresentar e utilizar ferramentas imprescindíveis na gestão estratégica; • auxiliar e conduzir os processos de estabelecimento de norteadores estratégicos, diagnóstico estratégico e formulação estratégica; • auxiliar a elaboração dos projetos estratégicos; • acompanhar e auxiliar na condução das reuniões de controle e avaliação da estratégia; • conduzir o processo de revisita do plano estratégico. O facilitador pode ser um funcionário da empresa, mas uma vez investido desta função, não pode exercer atividades nas diversas áreas do ambiente organizacional, pois o facilitador que possui fortes vínculos com alguma área da empresa tende a conduzir o processo influenciado pela visão, pelas necessidades e pelos objetivos dessa área. Observação A boa prática de utilização de um consultor externo como facilitador objetiva a independência do facilitador na condução dos trabalhos. Depois de definido o facilitador, inicia-se a etapa 1, que engloba cinco atividades básicas: entrevista e seleção dos participantes do processo; levantamento dos dados internos; levantamento dos dados externos; determinação dos participantes dos grupos de trabalho; preparação dos demais recursos e ambientes para a etapa de construção do plano. 107 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI A primeira tarefa deve ser conduzida pelo facilitador em conjunto com a alta direção, que deve indicar candidatos a participante do processo de construção do plano. Logo após a escolha, o facilitador entrevistará cada candidato individualmente, a fim de determinar o perfil em que melhor se encaixa no processo, e assim definir, junto à alta direção, o papel do participante no processo de construção do plano. Os participantes escolhidos precisam ter um dos perfis desejados para a etapa de construção do plano. São estes os perfis: • Conhecedores do ambiente interno: são aqueles participantes que têm grande conhecimento da operação interna do negócio e das estruturas organizacionais que lhe dão suporte. • Conhecedores do mercado: são aqueles participantes que têm grande conhecimento do mercado no qual a organização atua. • Mediadores: são aqueles que conseguem mediar discussões, apagar incêndios no auge de grandes discussões e exercer certa liderança. • Incentivadores do debate: são aqueles que conseguem incentivar o debate, além de contribuir com ideias de forma espontânea. Para a execução da segunda e da terceira tarefa, o facilitador delegará, em conjunto com a alta direção, os participantes responsáveis por colher informações internas e externas à organização. A ideia é trazer subsídios e apresentar na etapa 2 (construção do plano) todos os dados e informações pertinentes referentes a fatores endógenos e exógenos, facilitando a análise SWOT que será futuramente executada. O próximo passo é a escolha dos participantes dos grupos de trabalho. Cada grupo de trabalho deve ter participantes de modo a atender à necessidade dos quatro perfis descritos anteriormente: conhecedores do ambiente interno; conhecedores do mercado; mediadores; incentivadores do debate. Essa escolha é feita pelo facilitador, junto à alta direção. O objetivo dos grupos de trabalho é contribuir de forma mais ativa e efetiva na construção do plano, por meio de um ambiente colaborativo. Os principais papéis exercidos pelos participantes do grupo são: • Coordenador: será a principal liderança do grupo, dirigindo os trabalhos que serão executados. • Redator: responsável por redigir o produto final do trabalho do grupo em cada fase. • Apresentador: responsável por apresentar todo o trabalho na assembleia principal. • Controlador do tempo: responsável pelo controle rígido do tempo de execução das tarefas. Esses grupos só são divulgados na próxima etapa (construção do plano). 108 Unidade III Observação No momento da definição dos participantes de cada grupo é importante contemplar a heterogeneidade dos seus membros. Por exemplo, não é uma boa prática unir todos os membros do Departamento Financeiro em um mesmo grupo, ou fazer um grupo apenas de gestores ou de analistas. A última tarefa dessa etapa consiste no planejamento dos recursos e ambientes utilizados na construção do plano. A ideia inicial é que a etapa 2 ocorra em local reservado e, se possível, fora do ambiente de operações da empresa. Os participantes devem literalmente se retirar de suas atividades e de forma isolada de seus afazeres do dia a dia da organização participar da construção do plano. Observação Algumas organizações têm o costume de executar essa etapa em um hotel preparado para receber eventos relacionados à área de negócios. Essa etapa deve ser iniciada pelos menos dois meses antes da próxima (construção do plano), de forma que o facilitador e todos aqueles que exercem papéis o façam de modo a contribuir para a boa formulação da estratégia. 6 PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (PARTE 2) No capítulo anterior, abordamos as bases do processo de planejamento estratégico e suas diversas metodologias, apresentando um caminho neste material textual para a elaboração do plano estratégico. Esse itinerário consiste em quatro etapas e a primeira delas já foi trabalhada. Para este capítulo, reservamos o entendimento das outras três etapas do processo: as etapas de construção do plano, de construção dos projetos estratégicos e de controle e avaliação da estratégia. Entraremos agora no coração doprocesso, assimilando o conhecimento que envolve o estabelecimento do plano estratégico de uma organização. 6.1 Etapa 2 (construção do plano) A etapa 2, conhecida como construção do plano, é formada por quatro fases: momento introdutório; análise da empresa e estabelecimento de norteadores; diagnóstico estratégico; e formulação estratégica. 6.1.1 Momento introdutório O momento introdutório da construção do plano deve ser iniciado com uma mensagem de abertura da alta direção da organização mencionando a seriedade do momento, ressaltando a importância de cada participante no processo de construção do plano. A participação da alta direção ajuda no engajamento dos funcionários nas tarefas. 109 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Ainda nesse passo, os participantes, escolhidos anteriormente para colher informações internas e externas à organização, fazem as devidas exposições de seus trabalhos. Primeiro é apresentado um histórico da empresa, relatando fatos de grande relevância, que podem influenciar nas escolhas estratégicas. Depois, em um contexto presente, a assembleia de participantes tem acesso às informações sobre recursos humanos, tecnológicos, financeiros, entre outros, relacionados à operação da empresa. A apresentação inicial deve ser finalizada com uma exposição dos resultados atuais da empresa. Observação O objetivo das apresentações iniciais é dar ciência aos participantes sobre os resultados atuais da empresa e o seu contexto histórico. Finalizando o momento introdutório, são divulgados os grupos de trabalho e os papéis dos principais participantes. Nesse momento o facilitador enfatiza a importância da participação e cooperação de todos, principalmente no diagnóstico e na formulação estratégica. 6.1.2 Análise da empresa e estabelecimento de norteadores O próximo passo tem o objetivo de revisitar (caso existam) e assim redefinir (ou definir) os norteadores estratégicos da organização. Estes norteadores são: o negócio, a missão, a visão, os valores e os fatores-chave de sucesso. O processo de revisita é conduzido pelo facilitador, que indaga a assembleia sobre cada um dos norteadores e, ao final das discussões, constrói uma declaração com cada um deles. Inicia-se pelo primeiro norteador estratégico, que é chamado de negócio. Normalmente esse norteador tem a sua definição altamente influenciada pelos interesses dos proprietários. A assembleia pode cooperar e auxiliar nas reflexões, mas a palavra final vem dos proprietários e/ou da alta direção. Segundo Andrade (2016, p. 23): A definição do negócio se refere às decisões relacionadas com o setor em que a empresa atua e/ou pretende atuar, focalizando a busca de oportunidades em uma área específica dentro do mesmo. Por exemplo, o setor eletrônico, devido a sua amplitude, oferece oportunidades em diferentes negócios através de diversos benefícios que podem ser oferecidos ao mercado, tais como segurança, automação de escritório, lazer e entretenimento etc. Chiavenato e Sapiro (2020) explicam que a definição do negócio está intimamente relacionada ao cliente ou grupo de clientes que se pretende satisfazer. Outro elemento a ser considerado está ligado à maneira como a empresa faz a entrega de valor ao cliente, ou seja, as tecnologias e competências empregadas no processo produtivo. 110 Unidade III Assim, o negócio é estrategicamente definido a partir dos benefícios (visão estratégica) e não somente com base em produtos e/ou serviços (visão míope). O quadro a seguir apresenta exemplos de negócios observados segundo a visão míope e a visão estratégica. Quadro 21 – Exemplos de negócios a partir das visões míope e estratégica Empresa Negócio Visão míope (produtos ou serviços) Visão estratégica (benefícios) Avon Cosméticos Beleza Xerox Copiadoras Automação de escritório IBM Computadores Informação Estrela Brinquedos Alegria Localiza Aluguel de carros Soluções em transporte Arisco Tempero Alimentos Randon Veículos e implementos Soluções para o transporte Atlas Elevadores Transporte Exxon (Esso) Combustível Energia Abril Livros e revistas Informação, cultura e entretenimento Fonte: Pagnoncelli e Vasconcellos Filho (1992 apud ANDRADE, 2016, p. 24). O próximo norteador estratégico é a missão. Segundo Oliveira (2018), ele representa o principal motivador de existência da empresa, ou seja, o que ela se propõe a ser nos dias de hoje. A ideia é que a missão seja a mais clara, completa e objetiva, de forma a ser bem assimilada e compreendida em toda a organização, desde o topo da hierarquia até o chão de fábrica. De acordo com Andrade (2016), escrever a declaração de missão de uma empresa passa necessariamente por três questionamentos básicos: • Qual é realmente o nosso negócio? • Quem é o cliente que adquire os nossos produtos ou serviços? • Quais são os desejos do nosso cliente quando ele vem até nós? Um bom exemplo seria a declaração de missão do banco Santander ([s.d.], p. 1): Ter a preferência dos nossos clientes por ser o banco simples e seguro, eficiente e rentável, que busca constantemente melhorar a qualidade de tudo o que faz, com uma equipe que gosta de trabalhar junto para conquistar o reconhecimento e a confiança de todos. 111 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI O terceiro norteador estratégico é a visão. Nela encontramos a situação ideal a ser perseguida como futuro. Pereira e Neis (2015, p. 72) afirmam que a visão mostra a direção na qual a organização pretende seguir, representando suas maiores esperanças e até mesmo os seus sonhos mais expressivos. O quadro a seguir apresenta exemplos de visão contidos em Oliveira (2018). Quadro 22 – Exemplos de visão Empresa Declaração da visão Philip Morris Companies Ser a companhia mais bem-sucedida do mundo em gerar produtos empacotados para o consumidor Grande e conhecido supermercado Ser a empresa líder regional no varejo de alimentos e produtos para o lar British Airways Ser a melhor empresa e a de maior porte no setor de linhas aéreas Blucredi Ser reconhecida pela comunidade como a melhor opção de produtos e serviços financeiros Epise Ter uma posição de liderança no âmbito da formação e do desenvolvimento de recursos humanos, baseada na satisfação de nossos clientes, na orientação às pessoas, na inovação de nossas soluções e na rentabilidade do negócio Adaptado de: Oliveira (2018, p. 34). Lembrete A missão representa o hoje, e a visão representa o amanhã. Os valores representam o quarto norteador estratégico. Segundo Oliveira (2018, p. 42), eles representam o conjunto dos princípios, crenças e questões éticas fundamentais de uma empresa, bem como fornecem sustentação a todas as suas principais decisões. Na prática, os valores consolidam a personalidade da empresa e proporcionam sustentação para as suas políticas, ou seja, o que deve ser decidido e operacionalizado. Para declarar os valores, as organizações precisam promover um questionamento sobre quais comportamentos são desejáveis dentro da organização e estão alinhados ao interesse empresarial. E não só os comportamentos, mas também as crenças existentes no seio da empresa. Para melhor exemplificar missão, visão e valores, apresentamos o grupo Gerdau ([s.d.], p. 1): Visão: Ser global e referência nos negócios em que atua. 112 Unidade III Missão: Gerar valor para nossos clientes, acionistas, equipes e a sociedade, atuando na indústria do aço de forma sustentável. Valores: – Ter a preferência do cliente – Segurança das pessoas acima de tudo – Pessoas respeitadas, comprometidas e realizadas – Excelência com simplicidade – Foco em resultados – Integridade com todos os públicos – Sustentabilidade econômica, social e ambiental Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre missão, visão e valores, leia o capítulo 3 do livro indicado a seguir: ANDRADE, A. R. Planejamento estratégico: formulação, implementação e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016. O último norteador estratégico é o conjunto de fatores críticos de sucesso,que foi estudado nos capítulos anteriores. Lembrete Os fatores críticos de sucesso são as condições necessárias para competir em um determinado setor. 6.1.3 Diagnóstico estratégico Logo após as construções dos norteadores estratégicos, o facilitador conduz a assembleia para o terceiro passo no processo de construção do plano, que consiste no diagnóstico estratégico. A ideia 113 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI nesse momento é proceder de forma primordial com uma análise dos ambientes interno e externo em busca das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. As forças ou pontos fortes representam as competências nos mais diversos níveis hierárquicos e os recursos tecnológicos, humanos e organizacionais que agregam valor aos negócios. Normalmente as forças são ou estão relacionadas às qualidades da empresa. Por isso, nascem de uma análise do ambiente interno. As fraquezas ou pontos fracos representam aquilo que está na dimensão interna da empresa e que diminui nossas vantagens competitivas, agindo negativamente na operação do negócio. As oportunidades são situações, tendências, fenômenos ou fatores positivos que influenciam o negócio, mas que estão situados no ambiente externo. As ameaças remetem aos fatores negativos externos (exógenos) aos negócios, que geram desafios indesejáveis para as empresas. Essas ameaças podem tolher o crescimento da empresa dentro do mercado. Lembrete Para determinar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças utilizamos a análise SWOT, vista nos capítulos anteriores. O facilitador faz uma apresentação geral sobre como construir uma análise SWOT e pede aos grupos de trabalho que se reúnam uma primeira vez para encontrar pelo menos cinco forças e cinco fraquezas e, posteriormente, se apresentem para toda a assembleia de grupos. O foco inicial do primeiro trabalho é analisar o ambiente interno. Observação É muito importante que nas discussões em cada grupo exista sinceridade na apresentação dos pontos de vista, bem como abertura para todos, de modo que em um ambiente colaborativo todos possam contribuir com o debate. Após as discussões em grupo, a assembleia volta a se reunir, e o facilitador acompanha todas as apresentações das forças e fraquezas. Com o poder de síntese que lhe é próprio, o facilitador compila cada uma das forças e fraquezas, excluindo as redundâncias, em uma lista de fatores endógenos (internos) do negócio. Depois, novamente os grupos voltam a se reunir, mas direcionados à busca dos fatores externos. A ideia aqui é a construção, em cada grupo, de uma lista contendo cinco oportunidades e cinco ameaças. Mais uma vez é orientado e fomentado o espírito colaborativo e de discussão. 114 Unidade III Findando-se esse segundo trabalho dos grupos, é feita uma apresentação das oportunidades e ameaças e novamente o facilitador compila cada uma delas em uma lista de fatores exógenos (externos) do negócio. Observação Nesse momento o facilitador deve utilizar toda a sua experiência em gestão estratégica para compilar todos os fatores que vão compor a análise SWOT. Ao final desses trabalhos a assembleia terá um conjunto de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Dessa forma, os grupos podem voltar a trabalhar com outras ferramentas de gestão estratégica. É aconselhado que os grupos tentem mapear as forças de Porter e fazer também uma análise Pestel. Percebe-se que a matriz SWOT obtida depois de todas as apresentações e análises tem um número relativamente grande de itens. Considerar todas as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças com o mesmo peso pode se configurar como um erro de estratégia. Por esse motivo, utilizamos um processo de priorização de itens da análise SWOT e uma metodologia conhecida como análise de gravidade, urgência e tendência (GUT). Ela consiste em uma análise estratégica de cada fator SWOT a fim de encontrar, para cada um, a: • G – gravidade: representa o impacto ou a importância do fator analisado. • U – urgência: representa o prazo, o tempo disponível ou necessário para resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade/força. • T – tendência: representa o potencial da probabilidade de mudança (melhoria ou agravamento). Os itens da análise GUT são padronizados conforme a escala descrita no quadro a seguir. Quadro 23 – Matriz GUT Gravidade Urgência Tendência Peso Extremamente grave ou extremamente importante Ação Imediata Vai mudar (melhorar ou agravar) rapidamente 5 Muito grave ou muito importante Certa urgência Vai mudar (melhorar ou agravar) em pouco tempo 4 Grave ou importante Mais cedo possível Vai mudar (melhorar ou agravar) em médio prazo 3 Pouco grave ou pouco importante Pode aguardar Vai mudar (melhorar ou agravar) em longo prazo 2 Sem gravidade ou sem importância Não há pressa Não vai mudar (melhorar ou agravar) 1 115 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Dessa forma, cada fator SWOT (força, fraqueza, oportunidade e ameaça) receberá um peso de acordo com a gravidade, urgência e tendência. Multiplicam-se, então, os pesos de um mesmo fator, encontrando-se um valor de priorização GUT. Para melhor exemplificar, considere uma determinada fraqueza que é extremamente grave (peso 5), necessita de uma ação imediata (peso 5) e vai piorar rapidamente caso não se tome uma ação (peso 5). A priorização GUT dessa fraqueza receberá um valor igual a 125. Pensando agora em uma oportunidade, podemos afirmar que ela é muito importante (peso 4), necessita de ação com certa urgência (peso 4) e não vai sofrer qualquer alteração com o tempo, ou seja, não vai melhorar (peso 1). A priorização GUT dessa oportunidade receberá um valor igual a 16. É aconselhado que o facilitador conduza esse longo trabalho de análise e priorização GUT, de modo que todos possam participar e assim a lista de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças possa retratar as prioridades da organização que está executando o processo. Observação É natural que o facilitador encontre opiniões divergentes em uma assembleia que está trabalhando no processo. Cabe a ele mediar a discussão e o debate. O quadro a seguir apresenta um exemplo do resultado encontrado nesse passo, retratando fatores, itens SWOT e sua priorização GUT. Quadro 24 – Resultado de uma análise GUT de fatores de uma análise SWOT Fatores Item SWOT Priorização GUT Crise econômica atravessada pelo país Ameaça 125 Novas ferramentas tecnológicas Oportunidade 100 Recursos humanos qualificados Força 80 Processos comerciais desorganizados Fraqueza 60 Situação financeira estável da organização Força 50 Observação Algumas organizações, em seus processos de diagnóstico estratégico, estabelecem uma priorização a partir de pesos dados pelos participantes do processo, sem a necessidade de analisar gravidade, urgência e tendência. 116 Unidade III Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre diagnóstico estratégico, leia o capítulo 3 do livro indicado a seguir: OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 6.1.4 Formulação estratégica Após a conclusão de todas as priorizações dos itens da análise SWOT por meio da matriz GUT, chegamos ao último passo da construção do plano, conhecido como formulação estratégica. As tarefas inerentes a esse passo exigirão um pouco mais dos participantes, que deverão se reunir novamente em seus grupos de trabalho para fazer uma reflexão sobre o posicionamento estratégico da organização e elaborar os objetivos estratégicos. Os grupos de trabalho devem utilizar como recursos básicos nas suas discussões os norteadores estratégicos e as análises feitas por meio da matriz SWOT e de outras ferramentas que tenham sido utilizadas (por exemplo: matriz BCG, análise Pestel, análise das forças de Porter, entre outras). Para a formulação estratégica, primeiro ocorre uma discussão do grupo sobre qual seria o melhor posicionamento estratégico para a empresa. Isto deve ser feito a partir da análise do diagrama de foco estratégico,que é um grande auxílio para saber se a empresa está mais voltada para o atendimento aos clientes, para a eficiência operacional ou para a qualidade do produto ou serviço. Lembrete O diagrama de foco estratégico foi estudado no capítulo 3 e permite descobrir onde está o maior foco da organização. Após o debate em grupo e a construção de justificativas, ocorre o processo de discussão na assembleia, conduzido pelo facilitador, que possibilita conclusões sobre qual posicionamento estratégico a empresa deve assumir. Esse posicionamento pode levar a uma destas três estratégias: diferenciação; liderança em custo; foco. A estratégia de diferenciação está relacionada à entrega de produtos ou serviços diferenciados, em que há grande percepção de valor por parte dos clientes quando o mesmo produto ou serviço é comparado com a concorrência. Assim, as principais características da estratégia de diferenciação são geração de valor para o cliente e grande dificuldade em ser copiado pela concorrência. Para efetivamente estabelecer uma estratégia diferenciada, é necessário construir uma qualidade superior e uma marca forte. 117 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI A estratégia de liderança em custo está baseada na entrega mais enxuta possível do produto ou serviço, de forma a remover quaisquer acessórios desnecessários. A ideia é encontrar a maneira mais otimizada e rentável de executar as operações da organização. A estratégia de foco consiste na elaboração de objetivos e ações direcionados a algum grupo específico de consumidores ou segmentos de compradores, evitando qualquer dispersão. Dessa forma, tendo definido o posicionamento estratégico da empresa, os grupos podem voltar a se reunir para encontrar os objetivos estratégicos da organização, os quais representam o que concretamente a empresa espera atingir em longo prazo. Cada objetivo estratégico deve nascer de um ou dois fatores da análise SWOT, além de ser balizado pelos norteadores estratégicos e demais análises feitas no diagnóstico estratégico, considerando qual é o posicionamento estratégico definido. A figura a seguir apresenta a ideia de estabelecimento de objetivos estratégicos a partir dos elementos já citados. Análise interna Eliminação de pontos fracos e aproveitamento de pontos fortes (diferenciação e vantagem competitiva) Objetivos estratégicos Visão Futuro que se deseja construir para a empresa Negócio e missão Oferecimento de benefícios para satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes Análise externa Aproveitamento de oportunidades e precaução contra ameaças Posicionamento estratégico Localização da empresa em um domínio de produto/mercado Figura 41 – Fixação dos objetivos estratégicos Fonte: Andrade (2016, p. 93). 118 Unidade III Sobre o estabelecimento de objetivos, Andrade (2016, p. 86) afirma: Os objetivos, de maneira muito simples, podem ser definidos como uma situação futura desejada em função da qual devem ser empregados os recursos e dirigidos os esforços. Entretanto, quando se trata de organizações, é necessário considerar que estas geralmente possuem objetivos múltiplos, os quais são determinados como resposta tanto às forças externas como às internas. Desse modo, a partir da definição do negócio, da missão e da visão estratégica, assim como da identificação dos principais pontos fortes e pontos fracos internos, e das ameaças e oportunidades externas, os dirigentes da organização poderão especificar o que pretendem realizar em termos mais concretos. Isto é, sabemos quem somos e para que existimos; entretanto, é necessário esclarecer para onde queremos e podemos ir, e qual o tamanho do passo que podemos dar, o que exige a definição de objetivos. Para estabelecer objetivos integrando dois fatores de uma análise SWOT, é necessário observar as ligações entre os elementos da análise interna e externa. Da relação entre os itens da matriz SWOT, encontramos: • Forças e oportunidades: objetivos e ações de alavancagem; objetivos e ações de aproveitamento; objetivos e ações ofensivas. • Forças e ameaças: constatação de fortes vulnerabilidades; objetivos e ações de enfrentamento; objetivos e ações defensivas. • Fraquezas e oportunidades: constatação de limitações; objetivos e ações de melhoria; objetivos e políticas de manutenção. • Fraquezas e ameaças: constatação de problemas; objetivos e ações de desativação; objetivos e políticas de saída. Para melhor exemplificar, considere que uma empresa prestadora de serviços de TI possui os seguintes itens encontrados no diagnóstico estratégico: • Força: mão de obra qualificada. • Fraqueza: ausência de plano de carreira para os funcionários. • Oportunidade: crescimento de um grande cliente. • Ameaça: crise econômica. 119 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Se combinamos a fraqueza e a oportunidade mencionadas, podemos estabelecer que um dos objetivos seria: “Estabelecimento de um plano de desenvolvimento de recursos humanos nas atividades do cliente, em que constatamos um grande crescimento”. Esse objetivo seguramente possibilitará a execução de ações de melhoria (relacionadas a fraqueza e oportunidade). Observação O conjunto de objetivos estratégicos precisa ser estabelecido em vista do longo prazo. Assim, caso o horizonte de tempo planejado para a estratégia seja de 3 anos, não podemos ter um conjunto de objetivos facilmente atingido em 1 ano. Após o longo trabalho de definição de objetivos estratégicos nos grupos, eles são apresentados para a assembleia, e o facilitador conduz um processo para sintetizar os objetivos em um conjunto mais reduzido e os coloca dentro do mapa estratégico do BSC. O quadro a seguir apresenta um conjunto de objetivos estratégicos extraído da versão 4 do modelo de governança Control Objectives for Information and Related Technology (Cobit). Esses objetivos estão divididos nas quatro perspectivas do BSC: financeira, do cliente, interna (processos internos) e de aprendizagem. Quadro 25 – Objetivos estratégicos do Cobit Perspectiva financeira 1 Prover um retorno de investimento adequado para os investimentos de TI relacionados aos negócios 2 Gerenciar os riscos de negócios relacionados à TI 3 Aprimorar governança corporativa e transparência Perspectiva do cliente 4 Aprimorar orientação para clientes e serviços 5 Oferecer produtos e serviços competitivos 6 Estabelecer a continuidade e disponibilidade de serviços 7 Criar agilidade em responder a requerimentos de negócios que mudam continuamente 8 Atingir otimização dos custos para entrega de serviços 9 Obter informações confiáveis e úteis para o processo de decisões estratégicas Perspectiva interna 10 Aprimorar e manter a funcionalidade dos processos de negócios 11 Reduzir custos de processos 12 Estar em conformidade com leis externas, regulamentos e contratos 13 Estar em conformidade com políticas internas 14 Gerenciar mudanças de negócios 15 Aprimorar e manter a operação e produtividade do pessoal Perspectiva de aprendizagem 16 Gerenciar a inovação de produtos e negócios 17 Contratar e manter pessoas habilitadas e motivadas Fonte: IT Governance Institute (2007, p. 178). 120 Unidade III 6.2 Etapa 3 (construção dos projetos estratégicos) e etapa 4 (controle e avaliação da estratégia) 6.2.1 Construção dos projetos estratégicos A etapa 2 (construção do plano estratégico) gera um documento contendo: norteadores estratégicos (negócio, missão, visão, valores e fatores-chave de sucesso); análise do ambiente interno (forças e fraquezas); análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças); formulação estratégica (posicionamento estratégico e objetivos estratégicos). Podemos afirmar que até aqui, em todo o processo já executado, definimos a situação atual da organização e aonde queremos chegar (objetivos estratégicos). Agora é preciso definir o caminho que vamos trilhar para atingir os objetivos estabelecidos na construção do plano. Esta é justamente a última parte do plano. A definiçãodo caminho a ser percorrido consiste na criação de uma série de projetos estratégicos que equivalem a uma sequência de tarefas interligadas com início e fim bem definidos em vista da consecução de um objetivo. Observação Os projetos estratégicos são também chamados de planos de ação. Segundo Oliveira (2018), esses projetos têm, de forma simplificada, duas fases bem definidas, caracterização e execução, apresentadas na figura a seguir. Caracterização Execução Trabalho Tempo Figura 42 – Fases do projeto estratégico Fonte: Oliveira (2018, p. 242). 121 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Na fase de caracterização, definimos: • Nome do projeto: deve remeter ao motivo da sua criação. • Gerente do projeto: responsável direto pela administração do projeto que participou da etapa de construção do plano. • Objetivo estratégico: objetivo criado na etapa de construção do plano que motivou o surgimento do projeto. • Fatores relacionados na matriz SWOT: força, fraqueza, oportunidade ou ameaça que motivou o estabelecimento do objetivo estratégico. • Descrição do escopo do projeto: descrição detalhada das atividades do projeto. • Equipe: participantes ativos na execução do projeto. • Descrição de custos e investimentos: descrição detalhada dos aspectos financeiros do projeto. • Indicadores: métricas que auxiliam a medir o desempenho do projeto. • Meta: quantificação do projeto estratégico estabelecido. • Cronograma: detalhamento dos marcos temporais do projeto. Os responsáveis por cada um dos projetos terão um prazo para formar as suas equipes e definir os outros detalhes relacionados a ele. As definições precisam ser submetidas e aprovadas pela alta direção, e só a partir daí é possível iniciar efetivamente a fase de execução do projeto. É comum a associação dos projetos a determinadas áreas da organização. Andrade (2016) menciona cinco áreas diferentes dentro das empresas: • Gestão de clientes: projetos em vista da satisfação dos clientes. • Produto, mercado e imagem: projetos em vista de ganhos comerciais e com a imagem da organização. • Organização, tecnologia e processos: projetos em vista do melhor uso dos recursos corporativos. • Gestão de pessoas: projetos em vista do desenvolvimento dos integrantes da empresa. • Finanças: projetos em vista da melhoria financeira. O quadro a seguir apresenta um exemplo de formulário que contém informações de um projeto voltado para a área de gestão de clientes. 122 Unidade III Quadro 26 – Informações sobre projeto estratégico voltado para a gestão de clientes Área: gestão de clientes Objetivo estratégico: aumentar o nível de satisfação dos clientes Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Reclamações Diminuir em 100% os motivos de reclamação por parte dos clientes até novembro de 2008 Devolver o dinheiro sempre que o cliente não estiver plenamente satisfeito (mesmo que o produto não apresente qualquer defeito) Antônio Pereira (gerente de vendas) Setembro de 2008 R$ 3.000,00 Atendimento Melhorar o atendimento aos clientes até dezembro de 2008 Promover cursos de treinamento para os vendedores Ricardo Pereira (gerente de treinamento) Agosto de 2008 R$ 2.500,00 Racionalizar/reduzir o tempo de atendimento aos clientes Antônio Pereira (gerente de vendas) Outubro de 2008 R$ 1.500,00 Serviços Melhorar a gama de serviços à disposição dos clientes até setembro de 2008 Desenvolver um sistema de tratamento diferenciado aos clientes especiais Antônio Pereira (gerente de vendas) Agosto de 2008 R$ 1.800,00 Oferecer descontos especiais para os clientes atuais que apresentarem novos clientes Antônio Pereira (gerente de vendas) Agosto de 2008 R$ 5.700,00 Fonte: Andrade (2016, p. 103). O quadro a seguir apresenta um exemplo de formulário que contém informações de alguns projetos voltados para a área de produto, mercado e imagem. Neste exemplo, temos dois objetivos estratégicos. Quadro 27 – Informações sobre projeto estratégico voltado para a área de produto, mercado e imagem Área: produto, mercado e imagem Objetivo estratégico: aumentar o volume de vendas Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Volume de vendas Aumentar o volume de vendas em 50% até dezembro de 2008 Aumentar o número de produtos de 10 para 15 até 31 de março de 2009 José da Silva (gerente de novos produtos) Novembro de 2008 R$ 9.000,00 Desenvolver um projeto de lançamento de cinco novos produtos José da Silva (gerente de novos produtos) Setembro de 2008 R$ 1.800,00 Mercado (geográfico) Expandir o mercado (geográfico) em 30% até 31 de outubro de 2008 Desenvolver um projeto sobre novos mercados (geográfico) Cláudia Amorim (gerente de pesquisa mercadológica) Julho de 2008 R$ 12.000,00 123 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Objetivo estratégico: melhorar a imagem da empresa perante a sociedade Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Causas sociais Criar uma imagem de empresa comprometida com as causas sociais até janeiro de 2009 Identificar/classificar os principais problemas sociais da região Cláudia Amorim (gerente de pesquisa mercadológica) Novembro de 2008 R$ 2.000,00 Desenvolver um projeto de apoio às necessidades e aos problemas sociais identificados Cláudia Amorim (gerente de pesquisa mercadológica) Dezembro de 2008 R$ 4.000,00 Fonte: Andrade (2016, p. 105). O quadro a seguir apresenta um exemplo de formulário que contém informações de alguns projetos voltados para a área de organização, tecnologia e processos. Neste exemplo, também temos dois objetivos estratégicos. Quadro 28 – Informações sobre projeto estratégico voltado para organização, tecnologia e processos Área: organização, tecnologia e processos Objetivo estratégico: melhorar a eficiência do relacionamento empresa-fornecedores Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Fornecedores Ampliar as parcerias com fornecedores em 50% até fevereiro de 2009 Formar parcerias com novos fornecedores com capacidade de fornecimento just-in-time Marcos Antunes (gerente de materiais) Novembro de 2008 R$ 3.000,00 Aumentar o volume de negócios e formar parcerias com fornecedores que apresentem a melhor relação qualidade, entrega e custo Marcos Antunes (gerente de materiais) Dezembro de 2008 R$ 5.000,00 Terceirizar produtos e serviços não essenciais Marcos Antunes (gerente de materiais) Novembro de 2008 R$ 8.000,00 Objetivo estratégico: aumentar a eficiência dos processos de produção Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Tempo de produção Diminuir em 30% o tempo médio decorrido entre o início e o fim da produção até fevereiro de 2009 Substituir equipamentos obsoletos e/ou com eficiência abaixo da média Rogério Beltrame (gerente de produção) Dezembro de 2008 R$ 170.000,00 Eliminar processos ineficientes e/ou que não agregam valor Rogério Beltrame (gerente de produção) Dezembro de 2008 R$ 4.000,00 Racionalizar o fluxo e o layout da produção Rogério Beltrame (gerente de produção) Janeiro de 2009 R$ 3.000,00 Fonte: Andrade (2016, p. 106). 124 Unidade III O quadro a seguir apresenta um exemplo de formulário que contém informações de alguns projetos voltados para a área de gestão de pessoas. Quadro 29 – Informações sobre projeto estratégico voltado para a gestão de pessoas Área: gestão de pessoas Objetivo estratégico: melhorar a qualificação profissional e a dedicação dos empregados Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Treinamento e reciclagem de pessoal Ter 100% do quadro de pessoal treinado e reciclado até 30 de dezembro de 2008 Fazer um levantamento de necessidades de treinamento Ricardo Pereira (gerente de treinamento) Agosto de 2008 R$ 4.000,00 Desenvolverum plano de treinamento para 100% dos empregados Ricardo Pereira (gerente de treinamento) Setembro de 2008 R$ 3.000,00 Executar plano de treinamento Ricardo Pereira (gerente de treinamento) De outubro a novembro de 2008 R$ 5.000,00 Iniciar um programa de atualização permanente para os empregados Roberto Rosa (diretor de RH) Outubro de 2008 R$ 9.000,00 Absenteísmo Reduzir o absenteísmo em 80% até fevereiro de 2009 Rever o atual plano de carreira da empresa e introduzir melhorias que proporcionem um maior grau de motivação e de comprometimento por parte dos empregados Roberto Rosa (diretor de RH) Novembro de 2008 R$ 6.000,00 Iniciar um programa de participação nos resultados Roberto Rosa (diretor de RH) Janeiro de 2009 R$ 15.000,00 Desenvolver e implantar um projeto de melhoria do ambiente de trabalho (físico e de relacionamento) Roberto Rosa (diretor de RH) Dezembro de 2008 R$ 9.000,00 Fonte: Andrade (2016, p. 106). O quadro a seguir apresenta um exemplo de formulário que contém informações de um projeto voltado para a área financeira. 125 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Quadro 30 – Informações sobre projeto estratégico voltado para a área financeira Área: finanças Objetivo estratégico: aumentar a lucratividade Indicador Meta Estratégia de ação Responsável Prazo Recurso necessário Lucratividade Aumentar a lucratividade em 30% até 30 de novembro de 2008 Diminuir o tempo de aprovação do crédito de clientes de cinco para dois dias Mariza Pereira (gerente de crédito e cobrança) Agosto de 2008 R$ 1.000,00 Concluir as obras da nova loja Mauro Pereira (diretor administrativo/ financeiro) Outubro de 2008 R$ 190.000,00 Iniciar vendas através de cartões de crédito Mariza Pereira (gerente de crédito e cobrança) Agosto de 2008 R$ 1.000,00 Iniciar uma campanha de marketing (propaganda e mala direta com os clientes) Antônio Pereira (gerente de vendas) Setembro de 2008 R$ 7.500,00 Fonte: Andrade (2016, p. 106). Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre projetos estratégicos, leia o capítulo 8 do livro indicado a seguir: OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 6.2.2 Controle e avaliação da estratégia A etapa de controle e avaliação da estratégia é a fase final do processo de planejamento estratégico. Sobre o controle, Chiavenato e Sapiro (2020, p. 235) afirmam: O controle é algo universal. Todas as atividades humanas – quaisquer que sejam – sempre utilizam alguma forma consciente ou inconsciente de controle. Ele consiste basicamente em um processo que guia a atividade exercida para um fim previamente determinado. A essência do controle reside em verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os resultados desejados. A função do controle como etapa do processo de planejamento estratégico é assegurar que o desempenho real alcance os resultados previamente desejados e planejados. 126 Unidade III A ideia geral do controle e da avaliação da estratégia pode ser vista no fluxograma apresentado na figura a seguir. Início do processo de controle e avaliação Padrões estabelecidos Gera informações Ação Alcance dos objetivos e desafios Alimenta o tomador de decisões Compara e avalia Alcance dos objetivos e desafios Acerta e reformula desempenho Ação Reformula sistema administrativoHá desvios? É de desempenho? Sim Sim Não Não Figura 43 – Fluxograma do controle e da avaliação da estratégia Fonte: Oliveira (2018, p. 259). O controle e a avaliação da estratégia duram todo o tempo de vigência do plano estratégico, que geralmente varia de negócio para negócio. Em empresas de Tecnologia da Informação é comum o horizonte e a vigência de um plano estratégico serem de três anos. Empresas do ramo varejista normalmente trabalham com cinco anos no longo prazo. No ramo petrolífero é frequente um tempo de oito ou dez anos. Durante todo esse tempo devem ocorrer reuniões bimestrais ou trimestrais para acompanhamento, controle e avaliação da estratégia desenhada. Essas reuniões devem ter participação da alta direção e dos gerentes de cada projeto estratégico estabelecido. O objetivo principal é verificar se o desenho estratégico elaborado está sendo cumprido, ou seja, se as metas estão sendo ou serão atingidas, bem como cada um dos objetivos. Para isso, é necessário que as informações utilizadas tenham a maior qualidade possível. 127 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI Se verificada a inexequibilidade de uma meta ou de um objetivo, a alta direção poderá revisitar a meta e/ou o objetivo, ou até o escopo do projeto, ajustando o que for necessário às realidades pertinentes, sem comprometer, é claro, as bases do plano estratégico de negócio. Aconselha-se que ao final de cada ano seja feita uma revisita ao plano estratégico de forma rápida e, assim, sejam executadas algumas readequações. Resumo O principal objetivo desta unidade foi demonstrar todo o processo de planejamento estratégico nas empresas. Para melhor compreendermos essas atividades, apresentamos os conceitos básicos e o histórico do planejamento estratégico e as suas relações com o planejamento operacional e tático. Abordamos também os principais desafios e armadilhas na construção e execução de um plano estratégico, mostrando as suas particularidades quando consideramos os portes e tipos de empresas. No capítulo 5 ainda mencionamos os modelos de planejamento estratégico mais conhecidos e desenvolvemos uma proposta construída em quatro fases: levantamento e preparação dos recursos, construção do plano, construção de projetos estratégicos e controle e avaliação da estratégia. No capítulo 5 tratamos da primeira fase, e no capítulo 6 prosseguimos com as outras três. 128 Unidade III Exercícios Questão 1. (Enade 2015, adaptada) Leia o texto a seguir: A sobrevivência das pequenas empresas depende da sua capacidade de competir no mercado. Ao identificar suas principais necessidades, a empresa consegue adotar um sistema que permita aprimorar sua gestão, aumentar sua competitividade e proporcionar mais chance de sucesso. Adaptado de: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 3 ago. 2015. Considerando o fragmento de texto apresentado, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I – Estratégias devem ser implantadas para que se alcancem os objetivos de uma empresa, levando-se em conta não só informações relevantes a clientes, mercado, fornecedores, colaboradores, mas também a capacidade da empresa de prestar serviços, produzir e vender. porque II – O primeiro passo de um negócio próprio se pauta na coragem e na escolha do segmento de mercado e público-alvo, seguido pela escolha do melhor caminho para divulgar e alcançar os objetivos da empresa, considerando o trabalho, muitas vezes intenso, para alcançá-los. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a I. B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a I. C) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa. D) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira. E) As asserções I e II são falsas. Resposta correta: alternativa B. Análise das asserções I – Asserção verdadeira. Justificativa: a gestão estratégica é um processo que procura maximizar a eficácia das operações de uma organização por meio do conhecimento de suas limitações de orçamento, tempo, capacidade, mercado etc. 129 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI II – Asserção verdadeira. Justificativa: os primeiros passos para a abertura de um negócio próprio são: escolha do segmento de mercado, elaboração do plano de negócio, identificação da concorrência, estabelecimento do plano de marketing e busca de conhecimento. Vemos que, embora as duas asserções estejam corretas, a segunda não tem ligação com a primeira. A primeira trata da eficácia da operação,
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