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5_ AULA _ PROCESSO PENAL _ ACAO PENAL PR_1648554219

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PROCESSO PENAL 
 
Prof. Najme Hadad Sanches 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA (ART. 24 A 62 DO CPP) 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
Na ação penal privada o jus puniendi continua sendo do Estado, porém a 
iniciativa da ação penal é transferida ao ofendido ou seu representante legal, uma vez que os 
delitos desta natureza atingem aspectos da intimidade da vítima, que pode preferir não os 
discutir em juízo. 
A regra são as ações de iniciativa pública, caso a iniciativa seja privada a lei 
deve expressamente mencionar “somente se procede mediante queixa”. 
O sujeito ativo da ação penal privada é chamado QUERELANTE e o 
passivo QUERELADO. 
A peça inicial é denominada QUEIXA-CRIME e possui os mesmos 
requisitos da denúncia. O procurador do ofendido, para ofertar a queixa, deve estar munido de 
PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS, devendo constar do mandato o nome do 
querelado (e não querelante como consta no Código, bem como menção do fato criminoso – 
art. 44 CPP). 
 
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, 
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a 
menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem 
de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
 
QUERELANTE POBRE 
 
Se o ofendido comprovar a pobreza, o juiz, a pedido dele, nomeará 
advogado para promover a ação penal (art. 32 do CPP). 
 
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Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que 
comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação 
penal. 
§ 1o Considerar-se-á POBRE a pessoa que não puder prover às despesas 
do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento 
ou da família. 
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em 
cuja circunscrição residir o ofendido. 
 
A assistência jurídica integral e gratuita é um direito de todo 
cidadão brasileiro em situação de vulnerabilidade econômica. 
 
Art 5º, LXXIV, CF – o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que COMPROVAREM insuficiência de recursos. 
 
Para regulamentar a assistência jurídica integral e gratuita, o Conselho 
Superior de Defensoria Pública publicou a Resolução nº 90, de 2017. O documento 
define, por exemplo, que só podem recorrer a esse direito aqueles que comprovarem 
renda mensal familiar líquida (ou seja, com desconto de parcelas de INSS, Imposto de 
Renda e benefícios assistenciais) de até três salários mínimos. Nos casos em que mais 
de uma pessoa do núcleo familiar colabore com o sustento da família, o valor aumenta 
para até cinco salários mínimos. 
Caso não seja possível comprovar sua renda, o cidadão deve emitir 
uma Declaração de Hipossuficiência, bem como apresentar faturas de água, energia 
elétrica, telefone ou outros documentos que tornem possível analisar o quadro 
econômico de sua família ao Defensor Público, que é aquele que representa 
judicialmente o cidadão que precisa de assistência jurídica gratuita. 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
O art. 100 do Código Penal traça as regras básicas em torno da classificação 
da ação penal em pública e privada 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.camex.gov.br/resolucoes-camex-e-outros-normativos/58-resolucoes-da-camex/1950-resolucao-n-90-de-13-de-dezembro-de-2017
https://www.politize.com.br/pente-fino-do-inss/
https://www.politize.com.br/imposto-de-renda/
https://www.politize.com.br/imposto-de-renda/
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Art. 100 - A AÇÃO PENAL É PÚBLICA, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 2º - A AÇÃO DE INICIATIVA PRIVADA é promovida mediante queixa 
do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. 
(EXCLUSIVA E PERSONALÍSSIMA) 
 § 3º - A AÇÃO DE INICIATIVA PRIVADA PODE INTENTAR-SE NOS 
CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA, se o Ministério Público não oferece 
denúncia no prazo legal. (SUBSIDIÁRIA) 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação 
passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
Art. 30 do CPP - Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-
lo caberá intentar a ação privada. 
 
Em suma, a Ação Penal Privada pode ser exclusiva; subsidiária da pública; 
personalíssima. 
A ação penal privada é aquela na qual se tem como titular, em regra, o 
ofendido (art. 100, §2º do CP) e, excepcionalmente, - na falta de capacidade da vítima - o 
seu representante legal (art. 100, § 3º do CP), por meio da qual se busca o início da ação 
penal mediante a apresentação da queixa (petição inicial da ação penal privada). 
 
A ação penal privada pode ser: 
 
EXCLUSIVA ou PRIVATIVA: é aquela em que a vítima ou seu 
representante legal exerce diretamente. É também chamada AÇÃO PENAL PRIVADA 
PROPRIAMENTE DITA. A ação privada exclusiva é cabível a propositura para a vítima ou 
aqueles que têm o direito de representação, dentro do prazo decadencial de seis meses. 
 
PERSONALÍSSIMA: a ação somente pode ser proposta pela vítima, 
somente ela possui este direito. Não há possibilidade do representante legal e nem dos 
legitimados no art. 31 do CPP oferecerem queixa-crime A única hipótese de cabimento 
atualmente é no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao 
casamento, tipificado no Art. 236 no CP. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628149/par%C3%A1grafo-3-artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676777/artigo-31-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
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Art. 236 – Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento 
anterior: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único – A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a 
sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
SUBSIDIÁRIA PÚBLICA: A ação penal privada subsidiária pública é 
proposta pelo titular da ação penal privada exclusiva, através de uma QUEIXA – CRIME 
SUBSIDIÁRIA, ocorrendo a inércia do direito de ação do Ministério Público (05 dias para 
acusado preso ou 10 dias para acusado solto). Possui prazo decadencial de seis meses, a serem 
contados a partir do dia posterior ao término do prazo para o Ministério Público apresentar a 
denúncia. 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta 
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a 
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os 
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a 
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como 
parte principal. 
 
LEGITIMIDADE PARA EXERCER O DIREITO DE QUEIXA 
 
O OFENDIDO ou quem tenha QUALIDADE PARA REPRESENTA-
LO tem legitimidade para exercer o direito de queixa (art. 30). 
 
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá 
intentar a ação privada. 
 
LEGITIMIDADE DO REPRESENTANTE 
 
Art. 31. No caso de MORTE do ofendido ou quando declarado 
AUSENTE por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir 
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na ação passará ao CÔNJUGE, ASCENDENTE, DESCENDENTE OU 
IRMÃO. 
 
O representante legal somente poderá propor a queixa se a ação penal for 
propriamente dita(privada exclusiva), em que existe o direito de propositura da ação pelas 
pessoas enumeradas no art. 31. 
Se a ação privada for personalíssima, a morte do ofendido ou a declaração 
de ausência do ofendido implicam necessariamente a extinção da punibilidade do autor do 
delito. 
 
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de 
queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal 
(DERROGADO PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002 QUE PREVÊ A 
CAPACIDADE PLENA DO MAIOR DE 18 ANOS) 
 
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá 
PREFERÊNCIA o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na 
ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer 
delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a 
abandone. 
 
LEGITIMIDADE DO CURDOR ESPECIAL 
 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou 
retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os 
interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido 
por CURADOR ESPECIAL, nomeado, de ofício ou a requerimento do 
Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. 
 
LEGITIMIDADE DESIGNADA PELO CONTRATO OU ESTATUTO 
 
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas 
poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art31
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respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos 
seus diretores ou sócios-gerentes. 
 
A honra é um gênero que se divide em duas espécies: a) Objetiva; b) 
Subjetiva. A honra subjetiva é fato intrínseco do ser humano, pois esta tem por objeto o 
que o indivíduo acha de si próprio. Já a honra objetiva reputa àquilo que a sociedade pensa 
a respeito de uma pessoa. 
Em nosso atual ordenamento jurídico, apenas a lei 9.605/98 (lei de Crimes 
Ambientais), enuncia expressamente, em seu art. 3°, a possibilidade de responsabilidade 
penal das pessoas jurídicas: 
 
Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil 
e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a 
infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua 
entidade. 
 
O STJ ratificou entendimento de que a pessoa jurídica será sujeito passivo 
de crime desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua 
em seu nome ou em seu benefício (teoria da dupla imputação). 
Desse modo, conclui-se que a única possibilidade de uma pessoa jurídica 
ser sujeito passível de crime de calúnia é quando alguém imputar a esta fato definido 
como crime previsto da lei ambiental 9.605/98. 
 
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PRINCÍPIOS QUE REGEM A AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
1. OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA: contrapõe-se ao princípio 
da obrigatoriedade que rege a ação penal pública, uma vez que o exercício da queixa é 
facultativo, ou seja, o querelante oferece a queixa crime se lhe for conveniente. 
Sendo a titularidade da vítima, exercerá somente se entender oportuno 
promoverá ação penal privada, pois, na ação penal privada prevalece a vontade do 
particular sobre a da sociedade. Desse modo, pode o ofendido optar por não iniciar a ação 
penal privada, seja pela sua inércia (o que leva à decadência, decorridos seis meses), seja 
pela renúncia tácita ou expressa. 
 
2. DISPONIBILIDADE: contrapõe-se ao princípio da indisponibilidade 
que rege a ação penal pública, uma vez que embora iniciada a ação penal privada, poderá o 
querelante desistir dela, por meio do perdão aceito ou da perempção. 
 
3. INDIVISIBILIDADE: o querelante deve promover a ação penal 
privada em face de todos os seus ofensores, não podendo escolher um ou alguns em 
detrimento de outros. Igualmente, o perdão a um estende-se aos demais, bem como, 
deixando um de fora, aos outros aproveitará os efeitos da decadência que, eventualmente, 
recair sobre aquela que não foi incluído na queixa apresentada. 
 
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao 
processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. 
 
4. INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal privada deve ser proposta, tão 
somente, contra o autor do crime, não alcançando terceiros, por força do princípio da 
responsabilidade subjetiva estampado do art. 13 do CP. Cumpre salientar que por força do 
inciso III do art. 60 do CPP, deixar de pedir a condenação do querelado nas razões finais 
gera perempção, julgando-se extinto o processo. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674997/inciso-iii-do-artigo-60-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10675115/artigo-60-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
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DOS ATOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
REQUISITOS DA QUEIXA 
 
Dispõe o art. 41, do Código de Processo Penal, que a denúncia ou queixa conterá a 
exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol de testemunhas. 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com 
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime 
e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO (art. 48 do CP) - Ainda que desconhecida a 
qualificação do sujeito passivo da ação penal, pode a queixa ser oferecida, desde que existam 
elementos que possibilitem a identificação inequívoca do imputado, tais como características 
físicas e outros traços – apelido, deficiência física, tatuagem, etc. Se tais características, 
entretanto, não forem suficientes à identificação perfeita do querelado, inviável restará a 
instauração da ação penal, pois inadmissível o início de um processo penal sem que se 
conheça sobre quem pesa a acusação. 
 
EXPOSIÇÃO DO FATO CRIMINOSO COM TODAS AS SUAS 
CIRCUNSTÂNCIAS compreende-se a descrição, pelo acusador – querelante -, da conduta 
imputada ao querelado – sujeito passivo da ação penal -, de forma a permitir o exercício da 
ampla defesa e o respeito ao contraditório. 
As circunstâncias que devem estar contidas na queixa são: 
a) Todas as elementares do tipo penal e maneira como ocorreram no caso concreto. 
Assim, se a queixa descreve um fato atípico ou não menciona um da elementares 
do tipo, ela é inepta e deve ser rejeitada. 
b) Todos os dados que puderem implicar alteração da pena (qualificadoras, causas 
de aumento etc.) 
c) As condições de tempo, local e modo de execução. 
https://jus.com.br/tudo/processo
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d) No crime tentado, a queixa deve contar o início da execução e a circunstância 
alheia à vontade do agente que impediu a consumação do delito; 
e) No crime culposo, a queixa deve descrever minuciosamente a imprudência, 
negligência ou imperícia dou autor do delito. 
f) No caso de concurso de agentes, deve-se descrever a conduta de todos eles, da 
forma mais clara possível, para que se possa estabelecer a responsabilidade 
individual de cada um (art. 29, §§1º e 2º do CP). 
 
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME: o nome do fato típico constante da rubrica lateral e 
o dispositivo penal que o prevê. 
ROL DE TESTEMUNHAS: embora excepcionalmente possa se prescindir, no 
processo penal, da prova oral, as regras de experiência demonstram que por conter a queixa a 
atribuição de determinado comportamento ao sujeito, dificilmente à formação de um juízo de 
convicção seguro a respeito da imputação é suficiente a prova documental ou pericial. Não 
apresentado, todavia, o rol quando do oferecimento da queixa, caracteriza-se a preclusão 
consumativa da oportunidade para tal fim, não podendo haverindicação de testemunhas em 
aditamento à inicial ou em outra oportunidade processual. 
 
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA QUEIXA 
 
O Ministério Público atua coo fiscal da lei (custos legis), no sentido de 
observar o procedimento legal e o respeito aos direitos das partes. Desse modo, poderá o MP: 
a) ADITAR A QUEIXA EM 03 DIAS: a doutrina majoritária entende que 
o aditamento pode ter por finalidade apenas a correção de imperfeições 
formais no texto da queixa, mas não a inclusão de corréu ou de fato 
novo; 
b) REQUISITAR ESCLARECIMENTOS E DOCUMENTOS; 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, 
poderá ser ADITADA pelo Ministério Público, a quem caberá 
INTERVIR EM TODOS OS TERMOS SUBSEQÜENTES DO 
PROCESSO. 
 
https://jus.com.br/tudo/seguro
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O art. 45 do CP não limita o Ministério Público apenas a velar pelo 
princípio da indivisibilidade, pois todo e qualquer processo penal deve contar com a atuação 
do Ministério Público, cumprindo auditoria da observância das formas do processo penal. 
Em sede de ação penal privada, o Ministério Público não está legitimado a 
pretender a condenação ou absolvição do acusado 
 
Art. 46 - § 2o O prazo para o ADITAMENTO DA QUEIXA SERÁ DE 3 
DIAS, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os 
autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não 
tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores 
esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de 
convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou 
funcionários que devam ou possam fornecê-los. 
 
POSSIBILIDADES DE DESISTÊNCIA AO DIREITO DE QUEIXA E CAUSAS 
EXTINTIVAS DA PUNBILIDADE DO QUERELADO 
 
São causas extintivas da punibilidade: decadência, perempção, renúncia e 
perdão. 
DECADÊNCIA - PRAZO PARA AJUIZAMENTO DA QUEIXA 
 
A parte decai do direito de queixa após 06 meses a contar da data em que descobre 
a autoria do delito. 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante 
legal, DECAIRÁ NO DIREITO DE QUEIXA ou de representação, se 
não o exercer dentro do prazo de SEIS MESES, contado do dia em que 
vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29 
(SUBSIDIÁRIA), do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á A DECADÊNCIA DO DIREITO DE 
QUEIXA ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art29
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art24
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24, parágrafo único e 31 (MORTE DO OFENDIDO OU DECLARADO 
AUSENTE) 
 
O prazo decadencial é norma híbrida, pois está prevista tanto no Código de 
Processo Penal (art. 38 CPP) quanto no Código Penal (art. 103 do CP), devendo a sua 
aplicação ser feita do modo mais benefício ao agente. 
A contagem deve se dar conforme a espécie de crime: 
- CRIME CONTINUADO (art. 71 do CP): Os crimes continuados são 
classificados em dois tipos: comum e específico. O que os diferencia é existência de violência 
ou de ameaça. O crime continuado comum acontece quando, durante a conduta criminosa, 
não existe violência ou ameaça. Ex.: furto de caixa feito pelo funcionário todos os dias. O 
crime continuado específico requer a existência de violência ou grave ameaça durante a 
execução. Ex.: a vítima de um assalto e a testemunha do crime sofrem tentativa de homicídio 
por parte do criminoso. O prazo decadencial conta-se isoladamente em relação a cada um dos 
crimes, ou seja, a partir da data em que se descobre a autoria de cada um dos delitos. 
- CRIME HABITUAL: a pluralidade de atos é um elemento do tipo. Ex.: 
exercício ilegal da medicina, cuja existência pressupõe uma reiteração de atos. A decadência 
é contada a partir do último ato conhecido praticado pelo ofendido. 
 
- CRIME PERMANENTE: crime que acontece durante um determinado 
período, ou seja, a ação praticada dura por algum tempo. Ex: sequestro, ocultação e cadáver, 
redução à condição análoga à de escravo. O prazo decadencial começa a fluir após a cessação 
da permanência, mesmo que a autora seja conhecida desde a data anterior. Se a vítima 
descobre a autoria após cessada a permanência, o prazo correrá da data da descoberta. 
 
RENÚNCIA – ABDICAÇÃO DO DIREITO DE QUEIXA 
 
A renúncia é o ato pelo qual o ofendido, e somente ele, abre mão (abdica) 
do direito de oferecer a queixa. 
 
Art. 104 do CP - O direito de queixa não pode ser exercido quando 
renunciado expressa ou tacitamente. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art31
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A renúncia é ato unilateral, uma vez que, para produzir efeitos, independe 
de aceitação do autor do delito. 
A renúncia só pode ocorrer antes do início da ação penal (antes do 
recebimento da queixa), se ocorrer depois do recebimento será considerada “desistência”, 
porém as regras a serem seguidas serão da renúncia, pois o art. 107, V do Código Penal 
somente faz menção à renúncia e perdão como causas extintivas da punibilidade. 
 
Art. 49. A RENÚNCIA ao exercício do direito de queixa, em relação a um 
dos autores do crime, a todos se estenderá. 
 
Havendo duas vítimas, a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a 
outra oferecer queixa, porém, renunciado o direito de queixa em relação à um autor, o 
benefício a todos se estenderá. Trata-se de regra decorrente do princípio da indivisibilidade da 
ação privada (art. 48 do CPP) 
 
RENÚNCIA EXPRESSA E RENÚNCIA TÁCITA 
 
RENÚNCIA TÁCITA: prática de ato incompatível com a vontade de o 
ofendido ou seu representante legal iniciar a ação penal privada (CP, art. 104, parágrafo 
único, 1ª parte). 
Ex.: No crime de injúria, mostra-se incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa 
o ofendido convidar o ofensor para ser padrinho de batismo do seu filho; casamento do autor 
do crime com a vítima. 
 
Art. 104 do CP - Parágrafo único: Importa RENÚNCIA TÁCITA, ao 
direito de queixa, a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-
lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do 
dano causado pelo crime (SALVO EM INFRAÇÕES DE MENOR 
POTENCIAL OFENSIVO). 
 
Art. 57. A RENÚNCIA TÁCITA e o PERDÃO TÁCITO admitirão todos 
os meios de prova. 
 
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Todavia, tratando-se de crime de ação penal privada de menor potencial 
ofensivo, seguindo o procedimento da Lei nº 9.099/95, a composição civil homologada 
acarreta a renúncia ao direito de queixa (art. 74, parágrafo único, dessa lei). A regra trouxe a 
possibilidade de a renúncia não se estender a todos os autores do crime, mas apenas aqueles se 
indenizarem a vítima. 
Em suma, nos crimes de ação privada e de ação púbica condicionada á 
representação de menor potencial ofensivo, a reparação do dano gera a extinção da 
punibilidade, enquanto nos delitos de ação privada ou pública condicionada, que não sejam 
considerados de menor potencial ofensivo, a reparação do dano não gera a renúncia. 
 
RENÚNCIA EXPRESSA: constará de declaração assinada pelo ofendido, 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais, que não precisa ser advogado 
(CPP, art. 50). 
 
Art. 50. A RENÚNCIA EXPRESSA constará de declaração assinada pelo 
ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes 
especiais. 
Parágrafo único. A RENÚNCIA do representante legal do menor que 
houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, 
nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Essa regra se 
aplicava quando o ofendido tinha idade entre 18 e 21 anos, na medida em 
que, nessa hipótese, a ação penal poderia ser proposta por ele ou por seu 
representante legal. Este dispositivo foib derrogado pelo art. 5º do Código 
Civil de2002 
 
PERDÃO DO OFENDIDO 
 
O perdão é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de 
prosseguir com o andamento de processo já em curso, DESCULPANDO o ofensor pela 
prática do crime. 
 
PERDÃO PROCESSUAL OU EXTRAPROCESSUAL 
 
O perdão é cabível somente na ação penal de iniciativa privada e pode ser: 
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a) PROCESSUAL: mediante declaração expressa nos autos. Nesse caso, 
o querelado será intimado a dizer, dentro de 03 dias, se o aceita, devendo constar do mandado 
de intimação que o seu silêncio importará em aceitação. Assim, para não aceitar o perdão, o 
querelado deve comparecem em Juízo e declará-lo expressamente; 
 
Art. 58. Concedido o PERDÃO, mediante declaração expressa nos autos, 
o QUERELADO SERÁ INTIMADO A DIZER, DENTRO DE TRÊS 
DIAS, SE O ACEITA, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que 
o seu silêncio importará aceitação. 
Parágrafo único. ACEITO O PERDÃO, o juiz julgará extinta a 
punibilidade. 
 
b) EXTRAPROCESSUAL: concedido fora do processo e pode ser 
expresso e tácito: 
- EXPRESSO: concedido por meio de declaração assinada pelo querelante 
ou por procurador com poderes especiais. 
 
Art. 56. Aplicar-se-á ao PERDÃO EXTRAPROCESSUAL EXPRESSO 
o disposto no art. 50. 
Art. 59. A ACEITAÇÃO DO PERDÃO FORA DO PROCESSO 
constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais (EXPRESSO). 
 
-TÁCITO: prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na 
ação (art. 106, §1º, CP). O perdão tácito admite qualquer meio de prova 
 
Art. 57. A RENÚNCIA TÁCITA e o PERDÃO TÁCITO admitirão todos 
os meios de prova. 
 
NECESSIDADE DE ACEITAÇÃO DO PERDÃO 
 
O perdão do ofendido é ATO BILATERAL, ou seja, o ofendido deve 
aceitá-lo, portanto, não produz efeito se o querelado o recusa (art. 106, III, CP). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art50
15 
 
Imprescindível, portanto, que o perdão seja aceito, expressa ou tacitamente. O silêncio do 
querelado (suposto autor do fato) implica em aceitação. 
Aliás, o art. 107, V do CP diz que se extingue a punibilidade pelo PERDÃO 
ACEITO. 
 
Art. 51. O PERDÃO CONCEDIDO A UM DOS QUERELADOS 
APROVEITARÁ A TODOS, sem que produza, todavia, efeito em relação 
ao que o recusar. 
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de 
perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o 
perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá 
efeito. Dispositivo revogado pelo art. 5º do Código Civil 
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à 
aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Dispositivo revogado pelo art. 
5º do Código Civil 
 
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e 
não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do 
querelado, a aceitação do perdão caberá ao CURADOR que o juiz Ihe 
nomear. 
 
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. 
 
Havendo dois querelantes, o perdão oferecido por um deles não atinge a 
ação penal movida pelo outro. 
O perdão é INCONDICIONAL não podendo o querelado impor condições 
à aceitação; de igual modo, a vítima não pode impor exigências para que perdoe. Em outras 
palavras, tanto o perdão quanto a aceitação são atos incondicionais: perdoa-se sem exigências 
e aceita-se sem condições. 
É ato exclusivo da ação penal privada e pode ser concedido após o início da 
ação penal até o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
 
PEREMPÇÃO 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art152
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Perempção é o resultado da inércia ou negligência processual do 
querelante no processo penal privado, que resulta na extinção de punibilidade do querelado. 
Em outras palavras, a perempção é uma punição feita ao querelante por deixar de promover 
o andamento processual, e por isso possui a NATUREZA JURÍDICA DE SANÇÃO. 
A perempção somente é possível após o início da ação penal, e uma vez 
reconhecida, estende-se a todos os autores do delito. 
Obs.: não se aplica à ação subsidiária da pública, pois se o ofendido for desidioso, o MP 
retoma a titularidade da ação (art. 29 do CPP). 
 
As hipóteses de perempção estão elencadas em um rol constante no art 60 
do Código de Processo Penal. 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á PEREMPTA a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento 
do processo DURANTE 30 DIAS seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, DENTRO DO 
PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS, qualquer das pessoas a quem couber 
fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular 
o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
 
I - QUERELANTE DEIXAR DE PROMOVER O ANDAMENTO DO 
PROCESSO DURANTE 30 DIAS SEGUIDOS: desídia ou inércia do querelante por 30 
dias. A perempção deixa de ser aplicável quando o fato decorre de força maior. Ex: greve do 
judiciário, ou quando a culpa do atraso é da defesa, devendo o querelante ser intimado 
pessoalmente. 
No caso de extinção por perempção a ação não pode ser reproposta, 
portanto, não se deve confundir com a regra de Processo Civil, que permite o autor propor 
novamente a ação quando o juiz extingue a ação sem julgamento do mérito pela inércia por 30 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art36
17 
 
dias. Além disso, no CPC só será decretada perempção na terceira vez em que tal extinção se 
repetir (art. 485, §3º do CPC). 
 
II – FALECIMENTO DO QUERELANTE, OU SOBREVINDO SUA 
INCAPACIDADE, NÃO COMPARECER EM JUÍZO, PARA PROSSEGUIR NO 
PROCESSO, DENTRO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS, QUALQUER DAS 
PESSOAS A QUEM COUBER FAZÊ-LO; 
 
Sob o prisma da ação penal, a substituição é uma condição de 
prosseguibilidade. Se após a substituição houver desistência por parte do novo querelante, os 
outros sucessores poderão prosseguir na ação. 
 
III -A - QUERELANTE DEIXAR DE COMPARECER, SEM 
MOTIVO JUSTIFICADO, A QUALQUER ATO DO PROCESSO A QUE DEVA 
ESTAR PRESENTE 
Ex.: querelante intimado para prestar depoimento em juízo fata à audiência. 
Os artigos 519 a 523 preveem alguns atos específicos nos processos de 
calúnia e injúria. O art. 520 dispõe que antes receber a queixa, o juiz oferecerá às partes 
oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, 
separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo. A maior parte da 
doutrina entende haver perempção quando o querelante não comparece na audiência de 
conciliação. Porém, há entendimento em sentido contrário, tendo em vista que a audiência de 
reconciliação é designada antes do recebimento da denúncia. 
 
III – B - QUERELANTE DEIXAR DE FORMULAR O PEDIDO DE 
CONDENAÇÃO NAS ALEGAÇÕES FINAIS; 
 
O não oferecimento de alegações finais equivale à ausência do pedido de 
condenação. Em se tratando de dois crimes , e havendo pedido de condenação em relação a 
um , haverá perempção em relação a outro. 
 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se EXTINGUIR 
sem deixar sucessor. 
18 
 
Assim, havendo incorporação por outra, ou modificação da razão social 
poderá haver o prosseguimento da ação. 
 
DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO 
 
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a 
punibilidade, deverá DECLARÁ-LO DE OFÍCIO. 
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a 
parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o PRAZODE 
CINCO DIAS para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou 
reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. 
 
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da 
CERTIDÃO DE ÓBITO, e depois de ouvido o Ministério Público, 
declarará extinta a punibilidade 
 
19 
 
AÇÃO CIVIL DE EXECUÇAÕ OU INDENIZAÇÃO EX DELICTO 
 
DOS ATOS JURÍDICOS ILÍCITOS 
 
Para que um acontecimento seja considerado como jurídico, é necessário 
que, de alguma forma, ele tenha reflexos no mundo jurídico, sendo, portanto, considerado 
como fato jurídico todo o acontecimento relevante para o direito, seja decorrente de ato 
lícito ou ilícito. Partindo desta definição, podemos classificar os fatos jurídicos como sendo: 
a) FATOS JURÍDICOS NATURAIS, que se subdividem em: ordinários, 
que são aqueles que normalmente acontecem e produzem efeitos jurídicos, como 
nascimento, morte etc; e extraordinários, que são os chamados fortuitos e força maior, que 
independem da vontade humana. 
b) FATOS JURÍDICOS HUMANOS ou ATOS JURÍDICOS, também 
são chamados de atos jurídicos em sentido amplo, subdividem-se em: ilícitos: que geram 
obrigação e deveres e não possuem amparo legal; lícitos: que possuem amparo legal. 
O ilícito penal não difere, em essência, do ilícito civil, pois ambos 
afrontam a ordem jurídica, porém o legislador pune com maior rigor as condutas ilícitas 
criminais. Aos ilícitos civis é cominada sanção como indenização, execução forçada, 
anulação do ato etc. 
O ilícito penal é também ilícito civil, na medida em que causa danos à 
vítima. Assim, a sentença condenatória penal é uma decisão de mérito a respeito do fato que 
gerou a obrigação de indenizar, que restou provado em sede de juízo criminal, necessitando, 
apenas, para que a vítima obtenha a sua reparação na esfera civil. Ou, mesmo de não tendo 
sido instaurado um processo criminal, a vítima ou seu representante ou seus herdeiros 
podem ingressar com um processo de conhecimento na esfera civil. A diferença é que neste 
caso toda a instrução processual será feita no âmbito civil. 
O art. 91, I, do Código Penal dispõe que a condenação penal torna certa a 
obrigação de indenizar o dano causado pelo crime 
 
CONCEITO DE AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
A prática de um delito, além de gerar para o Estado o jus puniendi, ele 
pode gerar danos à vítima de ordem patrimonial, facultando a ela o direito de reparação 
(arts. 186 e 927 do CC). 
20 
 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo 
 
A reparação da vítima ocorre por meio da execução civil ex delicto ou 
ação civil ex delicto, oriundo de um ilícito penal. 
 
FUNDAMENTOS 
 
A jurisdição penal é independente da jurisdição civil, porém dependendo 
da fundamentação da sentença criminal, ela exerce influência no cível. 
 
Art. 935. A RESPONSABILIDADE CIVIL É INDEPENDENTE DA 
CRIMINAL, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, 
ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem 
decididas no juízo criminal. 
 
A prática do ilícito penal está, em sua grande parte, elencada no rol não 
taxativo das práticas de ilícitos civis, merecendo, portanto, uma reparação de cunho 
patrimonial, quer seja para danos materiais ou morais. 
 
VIAS JUDICIAIS PARA RECESSARCIMENTO DOS DANOS 
DECORRENTES DE CRIME. 
 
1. AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO (art. 63 do CPP) 
 
A sentença penal condenatória transitada em julgado denota força de 
título executivo judicial, daí não fazer-se necessário ao interessado intentar posterior ação 
de conhecimento na ótica cível para reaver o ressarcimento do dano que outrora lhe fora 
causado em face da prática de uma infração, haja vista que a sentença proferida no âmbito 
penal, a teor do disposto no art. 515, VI do CPC. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
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Art. 63. TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA 
CONDENATÓRIA, poderão promover-lhe a EXECUÇÃO, no juízo 
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante 
legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a 
EXECUÇÃO poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso 
IV do caput do art. 387 deste Código SEM PREJUÍZO DA 
LIQUIDAÇÃO para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
A sentença penal condenatória transitada em julgado pode ser: 
a) O juiz criminal fixa o valor mínimo da indenização (art. 387, IV CPP) 
– nesse caso o ofendido apenas EXECUTA o valor arbitrado no Cível; 
b) O juiz criminal não fixou o valor da indenização – a sentença é um 
título executivo ilíquido. Nesse caso precisará ser APURADA A LIQUIDAÇÃO da 
sentença. 
c) O ofendido não concorda com o valor fixado na sentença criminal. 
Nesse caso é possível PROMOVER A LIQUIDAÇÃO para a promoção do real valor 
devido. 
 
2. AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
A ação civil ex delicto é o ajuizamento de uma ação de indenização no 
Juízo Cível, podendo haver ou não ação penal em trâmite. A ação civil é proposta antes de 
uma sentença penal condenatória. 
 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, A AÇÃO PARA 
RESSARCIMENTO DO DANO PODERÁ SER PROPOSTA NO 
JUÍZO CÍVEL, contra o autor do crime e, se for caso, contra o 
responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá 
suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv
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Apesar de o parágrafo único afirmar que o juiz PODERÁ SUSPENDER 
A AÇÃO CÍVEL, deve ser entendido como DEVERÁ, a fim de evitar decisões conflitantes. 
(Doutrina majoritária) 
Ex.: Juízo Cível fixa a reparação e o Juiz Criminal extingue por inexistência do fato. 
 
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA CRIMINAL FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL 
 
1. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA POR EXCLUDENTE DE 
ILICITUDE. 
 
Art. 65. FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL A SENTENÇA PENAL 
que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em 
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito. (EXCLUDENTES DE ILICITUDE) 
 
Quando acolhida qualquer das excludentes de ilicitude na ótica criminal, 
não será mais passível de discussão na seara cível. No entanto, o legislador excetuou a 
referida regra no art. 67, III do CPP ao prever a possibilidade de vincular o autor da infração 
ao dever de indenizar: 
a) Se reconhecido o estado de necessidade e o prejudicado não tiver sido 
o culpado pela situação de perigo, deve o autor indenizá-lo, sem prejuízo de efeito 
regressivo em face do causador do perigo; 
b) Se reconhecida a legítima defesa putativa, a vítima ou seus herdeiros 
devem ser ressarcidos, uma vez que a pessoa atingida não estava agredindo o agente que, 
por erro, supôs estar sendo agredido; 
c) Se reconhecida a defesa real, mas o autor tiver, por erro de pontaria 
(aberratio ictus ou aberratio criminis), causado danos a terceiros, deve indenizá-lo. 
 
2. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA PELA INEXISTÊNCIA DO 
FATO OU PROVA DE NÃO AUTORIA 
 
Art. 66. Não obstante a SENTENÇA ABSOLUTÓRIA no juízo 
criminal, A AÇÃO CIVIL PODERÁ SER PROPOSTA quando não 
23 
 
tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do 
fato. 
 
No caso de o Juízo Criminal proferir uma sentença absolutória não obsta 
o ajuizamento da ação civil. Entretanto, deve ser observada a fundamentação da absolvição, 
pois se o fato não existiu (art. 386, I do CPP) ou o acusado não foi o autor do delito 
(art. 386, IV do CPP). 
 
Art. 67. NÃO IMPEDIRÃO igualmente a propositura da ação civil: 
I- O despacho dearquivamento do inquérito ou das peças de 
informação; 
II- A decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III- A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não 
constitui crime. (art. 386, III do CPP) 
 
Além desses casos, outros também não impedem a propositura da ação civil: 
sentença haver dúvida quanto á existência do fato (art. 386, II do CPP), sentença absolutória 
que reconhece não existir prova de que o réu concorreu para a infração penal (art. 385 V do 
CPP); sentença absolutória que reconhece a existência de circunstâncias que isente o réu de 
pena (art. 386, VI); sentença absolutória que declara inexistir prova suficiente para 
condenação (ar. 386, VII). 
 
LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA 
 
A ação ou execução civil ex delicto pode ser ajuizada pelo ofendido, por 
seus herdeiros ou para o seu representante legal. 
O art. 68 do CPP não foi recepcionado pela CF. 
Art 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, 
§§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil 
(art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
ARTIGO NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CF QUE OUTORGA 
A COMPETÊNCIA À DEFENSORIA PÚBLICA OU ASSISTÊNCIA 
JUDICIÁRIA. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art32
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art32
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art63
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art64
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A ação civil de conhecimento pode ser proposta conta o autor do crime e,s e 
for o caso, contra o responsável civil (art. 64 do CPP). 
Já a execução direta da sentença penal condenatória, por ser título executivo 
judicial, só pode ser ajuizada contra o condenado, não gerando efeitos em relação a terceiro 
(responsável civil).

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