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1 PROCESSO PENAL Prof. Najme Hadad Sanches AÇÃO PENAL PRIVADA (ART. 24 A 62 DO CPP) ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Na ação penal privada o jus puniendi continua sendo do Estado, porém a iniciativa da ação penal é transferida ao ofendido ou seu representante legal, uma vez que os delitos desta natureza atingem aspectos da intimidade da vítima, que pode preferir não os discutir em juízo. A regra são as ações de iniciativa pública, caso a iniciativa seja privada a lei deve expressamente mencionar “somente se procede mediante queixa”. O sujeito ativo da ação penal privada é chamado QUERELANTE e o passivo QUERELADO. A peça inicial é denominada QUEIXA-CRIME e possui os mesmos requisitos da denúncia. O procurador do ofendido, para ofertar a queixa, deve estar munido de PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS, devendo constar do mandato o nome do querelado (e não querelante como consta no Código, bem como menção do fato criminoso – art. 44 CPP). Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. QUERELANTE POBRE Se o ofendido comprovar a pobreza, o juiz, a pedido dele, nomeará advogado para promover a ação penal (art. 32 do CPP). 2 Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. § 1o Considerar-se-á POBRE a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. § 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido. A assistência jurídica integral e gratuita é um direito de todo cidadão brasileiro em situação de vulnerabilidade econômica. Art 5º, LXXIV, CF – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que COMPROVAREM insuficiência de recursos. Para regulamentar a assistência jurídica integral e gratuita, o Conselho Superior de Defensoria Pública publicou a Resolução nº 90, de 2017. O documento define, por exemplo, que só podem recorrer a esse direito aqueles que comprovarem renda mensal familiar líquida (ou seja, com desconto de parcelas de INSS, Imposto de Renda e benefícios assistenciais) de até três salários mínimos. Nos casos em que mais de uma pessoa do núcleo familiar colabore com o sustento da família, o valor aumenta para até cinco salários mínimos. Caso não seja possível comprovar sua renda, o cidadão deve emitir uma Declaração de Hipossuficiência, bem como apresentar faturas de água, energia elétrica, telefone ou outros documentos que tornem possível analisar o quadro econômico de sua família ao Defensor Público, que é aquele que representa judicialmente o cidadão que precisa de assistência jurídica gratuita. ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA O art. 100 do Código Penal traça as regras básicas em torno da classificação da ação penal em pública e privada http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.camex.gov.br/resolucoes-camex-e-outros-normativos/58-resolucoes-da-camex/1950-resolucao-n-90-de-13-de-dezembro-de-2017 https://www.politize.com.br/pente-fino-do-inss/ https://www.politize.com.br/imposto-de-renda/ https://www.politize.com.br/imposto-de-renda/ 3 Art. 100 - A AÇÃO PENAL É PÚBLICA, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 2º - A AÇÃO DE INICIATIVA PRIVADA é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (EXCLUSIVA E PERSONALÍSSIMA) § 3º - A AÇÃO DE INICIATIVA PRIVADA PODE INTENTAR-SE NOS CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (SUBSIDIÁRIA) § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Art. 30 do CPP - Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá- lo caberá intentar a ação privada. Em suma, a Ação Penal Privada pode ser exclusiva; subsidiária da pública; personalíssima. A ação penal privada é aquela na qual se tem como titular, em regra, o ofendido (art. 100, §2º do CP) e, excepcionalmente, - na falta de capacidade da vítima - o seu representante legal (art. 100, § 3º do CP), por meio da qual se busca o início da ação penal mediante a apresentação da queixa (petição inicial da ação penal privada). A ação penal privada pode ser: EXCLUSIVA ou PRIVATIVA: é aquela em que a vítima ou seu representante legal exerce diretamente. É também chamada AÇÃO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA. A ação privada exclusiva é cabível a propositura para a vítima ou aqueles que têm o direito de representação, dentro do prazo decadencial de seis meses. PERSONALÍSSIMA: a ação somente pode ser proposta pela vítima, somente ela possui este direito. Não há possibilidade do representante legal e nem dos legitimados no art. 31 do CPP oferecerem queixa-crime A única hipótese de cabimento atualmente é no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento, tipificado no Art. 236 no CP. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628149/par%C3%A1grafo-3-artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676777/artigo-31-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 4 Art. 236 – Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único – A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. SUBSIDIÁRIA PÚBLICA: A ação penal privada subsidiária pública é proposta pelo titular da ação penal privada exclusiva, através de uma QUEIXA – CRIME SUBSIDIÁRIA, ocorrendo a inércia do direito de ação do Ministério Público (05 dias para acusado preso ou 10 dias para acusado solto). Possui prazo decadencial de seis meses, a serem contados a partir do dia posterior ao término do prazo para o Ministério Público apresentar a denúncia. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. LEGITIMIDADE PARA EXERCER O DIREITO DE QUEIXA O OFENDIDO ou quem tenha QUALIDADE PARA REPRESENTA- LO tem legitimidade para exercer o direito de queixa (art. 30). Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. LEGITIMIDADE DO REPRESENTANTE Art. 31. No caso de MORTE do ofendido ou quando declarado AUSENTE por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir 5 na ação passará ao CÔNJUGE, ASCENDENTE, DESCENDENTE OU IRMÃO. O representante legal somente poderá propor a queixa se a ação penal for propriamente dita(privada exclusiva), em que existe o direito de propositura da ação pelas pessoas enumeradas no art. 31. Se a ação privada for personalíssima, a morte do ofendido ou a declaração de ausência do ofendido implicam necessariamente a extinção da punibilidade do autor do delito. Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal (DERROGADO PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002 QUE PREVÊ A CAPACIDADE PLENA DO MAIOR DE 18 ANOS) Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá PREFERÊNCIA o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. LEGITIMIDADE DO CURDOR ESPECIAL Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por CURADOR ESPECIAL, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. LEGITIMIDADE DESIGNADA PELO CONTRATO OU ESTATUTO Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art31 6 respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. A honra é um gênero que se divide em duas espécies: a) Objetiva; b) Subjetiva. A honra subjetiva é fato intrínseco do ser humano, pois esta tem por objeto o que o indivíduo acha de si próprio. Já a honra objetiva reputa àquilo que a sociedade pensa a respeito de uma pessoa. Em nosso atual ordenamento jurídico, apenas a lei 9.605/98 (lei de Crimes Ambientais), enuncia expressamente, em seu art. 3°, a possibilidade de responsabilidade penal das pessoas jurídicas: Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. O STJ ratificou entendimento de que a pessoa jurídica será sujeito passivo de crime desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício (teoria da dupla imputação). Desse modo, conclui-se que a única possibilidade de uma pessoa jurídica ser sujeito passível de crime de calúnia é quando alguém imputar a esta fato definido como crime previsto da lei ambiental 9.605/98. 7 PRINCÍPIOS QUE REGEM A AÇÃO PENAL PRIVADA 1. OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA: contrapõe-se ao princípio da obrigatoriedade que rege a ação penal pública, uma vez que o exercício da queixa é facultativo, ou seja, o querelante oferece a queixa crime se lhe for conveniente. Sendo a titularidade da vítima, exercerá somente se entender oportuno promoverá ação penal privada, pois, na ação penal privada prevalece a vontade do particular sobre a da sociedade. Desse modo, pode o ofendido optar por não iniciar a ação penal privada, seja pela sua inércia (o que leva à decadência, decorridos seis meses), seja pela renúncia tácita ou expressa. 2. DISPONIBILIDADE: contrapõe-se ao princípio da indisponibilidade que rege a ação penal pública, uma vez que embora iniciada a ação penal privada, poderá o querelante desistir dela, por meio do perdão aceito ou da perempção. 3. INDIVISIBILIDADE: o querelante deve promover a ação penal privada em face de todos os seus ofensores, não podendo escolher um ou alguns em detrimento de outros. Igualmente, o perdão a um estende-se aos demais, bem como, deixando um de fora, aos outros aproveitará os efeitos da decadência que, eventualmente, recair sobre aquela que não foi incluído na queixa apresentada. Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. 4. INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal privada deve ser proposta, tão somente, contra o autor do crime, não alcançando terceiros, por força do princípio da responsabilidade subjetiva estampado do art. 13 do CP. Cumpre salientar que por força do inciso III do art. 60 do CPP, deixar de pedir a condenação do querelado nas razões finais gera perempção, julgando-se extinto o processo. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674997/inciso-iii-do-artigo-60-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10675115/artigo-60-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 8 DOS ATOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA REQUISITOS DA QUEIXA Dispõe o art. 41, do Código de Processo Penal, que a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO (art. 48 do CP) - Ainda que desconhecida a qualificação do sujeito passivo da ação penal, pode a queixa ser oferecida, desde que existam elementos que possibilitem a identificação inequívoca do imputado, tais como características físicas e outros traços – apelido, deficiência física, tatuagem, etc. Se tais características, entretanto, não forem suficientes à identificação perfeita do querelado, inviável restará a instauração da ação penal, pois inadmissível o início de um processo penal sem que se conheça sobre quem pesa a acusação. EXPOSIÇÃO DO FATO CRIMINOSO COM TODAS AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS compreende-se a descrição, pelo acusador – querelante -, da conduta imputada ao querelado – sujeito passivo da ação penal -, de forma a permitir o exercício da ampla defesa e o respeito ao contraditório. As circunstâncias que devem estar contidas na queixa são: a) Todas as elementares do tipo penal e maneira como ocorreram no caso concreto. Assim, se a queixa descreve um fato atípico ou não menciona um da elementares do tipo, ela é inepta e deve ser rejeitada. b) Todos os dados que puderem implicar alteração da pena (qualificadoras, causas de aumento etc.) c) As condições de tempo, local e modo de execução. https://jus.com.br/tudo/processo 9 d) No crime tentado, a queixa deve contar o início da execução e a circunstância alheia à vontade do agente que impediu a consumação do delito; e) No crime culposo, a queixa deve descrever minuciosamente a imprudência, negligência ou imperícia dou autor do delito. f) No caso de concurso de agentes, deve-se descrever a conduta de todos eles, da forma mais clara possível, para que se possa estabelecer a responsabilidade individual de cada um (art. 29, §§1º e 2º do CP). CLASSIFICAÇÃO DO CRIME: o nome do fato típico constante da rubrica lateral e o dispositivo penal que o prevê. ROL DE TESTEMUNHAS: embora excepcionalmente possa se prescindir, no processo penal, da prova oral, as regras de experiência demonstram que por conter a queixa a atribuição de determinado comportamento ao sujeito, dificilmente à formação de um juízo de convicção seguro a respeito da imputação é suficiente a prova documental ou pericial. Não apresentado, todavia, o rol quando do oferecimento da queixa, caracteriza-se a preclusão consumativa da oportunidade para tal fim, não podendo haverindicação de testemunhas em aditamento à inicial ou em outra oportunidade processual. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA QUEIXA O Ministério Público atua coo fiscal da lei (custos legis), no sentido de observar o procedimento legal e o respeito aos direitos das partes. Desse modo, poderá o MP: a) ADITAR A QUEIXA EM 03 DIAS: a doutrina majoritária entende que o aditamento pode ter por finalidade apenas a correção de imperfeições formais no texto da queixa, mas não a inclusão de corréu ou de fato novo; b) REQUISITAR ESCLARECIMENTOS E DOCUMENTOS; Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser ADITADA pelo Ministério Público, a quem caberá INTERVIR EM TODOS OS TERMOS SUBSEQÜENTES DO PROCESSO. https://jus.com.br/tudo/seguro 10 O art. 45 do CP não limita o Ministério Público apenas a velar pelo princípio da indivisibilidade, pois todo e qualquer processo penal deve contar com a atuação do Ministério Público, cumprindo auditoria da observância das formas do processo penal. Em sede de ação penal privada, o Ministério Público não está legitimado a pretender a condenação ou absolvição do acusado Art. 46 - § 2o O prazo para o ADITAMENTO DA QUEIXA SERÁ DE 3 DIAS, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. POSSIBILIDADES DE DESISTÊNCIA AO DIREITO DE QUEIXA E CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNBILIDADE DO QUERELADO São causas extintivas da punibilidade: decadência, perempção, renúncia e perdão. DECADÊNCIA - PRAZO PARA AJUIZAMENTO DA QUEIXA A parte decai do direito de queixa após 06 meses a contar da data em que descobre a autoria do delito. Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, DECAIRÁ NO DIREITO DE QUEIXA ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de SEIS MESES, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29 (SUBSIDIÁRIA), do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á A DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art29 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art24 11 24, parágrafo único e 31 (MORTE DO OFENDIDO OU DECLARADO AUSENTE) O prazo decadencial é norma híbrida, pois está prevista tanto no Código de Processo Penal (art. 38 CPP) quanto no Código Penal (art. 103 do CP), devendo a sua aplicação ser feita do modo mais benefício ao agente. A contagem deve se dar conforme a espécie de crime: - CRIME CONTINUADO (art. 71 do CP): Os crimes continuados são classificados em dois tipos: comum e específico. O que os diferencia é existência de violência ou de ameaça. O crime continuado comum acontece quando, durante a conduta criminosa, não existe violência ou ameaça. Ex.: furto de caixa feito pelo funcionário todos os dias. O crime continuado específico requer a existência de violência ou grave ameaça durante a execução. Ex.: a vítima de um assalto e a testemunha do crime sofrem tentativa de homicídio por parte do criminoso. O prazo decadencial conta-se isoladamente em relação a cada um dos crimes, ou seja, a partir da data em que se descobre a autoria de cada um dos delitos. - CRIME HABITUAL: a pluralidade de atos é um elemento do tipo. Ex.: exercício ilegal da medicina, cuja existência pressupõe uma reiteração de atos. A decadência é contada a partir do último ato conhecido praticado pelo ofendido. - CRIME PERMANENTE: crime que acontece durante um determinado período, ou seja, a ação praticada dura por algum tempo. Ex: sequestro, ocultação e cadáver, redução à condição análoga à de escravo. O prazo decadencial começa a fluir após a cessação da permanência, mesmo que a autora seja conhecida desde a data anterior. Se a vítima descobre a autoria após cessada a permanência, o prazo correrá da data da descoberta. RENÚNCIA – ABDICAÇÃO DO DIREITO DE QUEIXA A renúncia é o ato pelo qual o ofendido, e somente ele, abre mão (abdica) do direito de oferecer a queixa. Art. 104 do CP - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art31 12 A renúncia é ato unilateral, uma vez que, para produzir efeitos, independe de aceitação do autor do delito. A renúncia só pode ocorrer antes do início da ação penal (antes do recebimento da queixa), se ocorrer depois do recebimento será considerada “desistência”, porém as regras a serem seguidas serão da renúncia, pois o art. 107, V do Código Penal somente faz menção à renúncia e perdão como causas extintivas da punibilidade. Art. 49. A RENÚNCIA ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Havendo duas vítimas, a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a outra oferecer queixa, porém, renunciado o direito de queixa em relação à um autor, o benefício a todos se estenderá. Trata-se de regra decorrente do princípio da indivisibilidade da ação privada (art. 48 do CPP) RENÚNCIA EXPRESSA E RENÚNCIA TÁCITA RENÚNCIA TÁCITA: prática de ato incompatível com a vontade de o ofendido ou seu representante legal iniciar a ação penal privada (CP, art. 104, parágrafo único, 1ª parte). Ex.: No crime de injúria, mostra-se incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa o ofendido convidar o ofensor para ser padrinho de batismo do seu filho; casamento do autor do crime com a vítima. Art. 104 do CP - Parágrafo único: Importa RENÚNCIA TÁCITA, ao direito de queixa, a prática de ato incompatível com a vontade de exercê- lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime (SALVO EM INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO). Art. 57. A RENÚNCIA TÁCITA e o PERDÃO TÁCITO admitirão todos os meios de prova. 13 Todavia, tratando-se de crime de ação penal privada de menor potencial ofensivo, seguindo o procedimento da Lei nº 9.099/95, a composição civil homologada acarreta a renúncia ao direito de queixa (art. 74, parágrafo único, dessa lei). A regra trouxe a possibilidade de a renúncia não se estender a todos os autores do crime, mas apenas aqueles se indenizarem a vítima. Em suma, nos crimes de ação privada e de ação púbica condicionada á representação de menor potencial ofensivo, a reparação do dano gera a extinção da punibilidade, enquanto nos delitos de ação privada ou pública condicionada, que não sejam considerados de menor potencial ofensivo, a reparação do dano não gera a renúncia. RENÚNCIA EXPRESSA: constará de declaração assinada pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes especiais, que não precisa ser advogado (CPP, art. 50). Art. 50. A RENÚNCIA EXPRESSA constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A RENÚNCIA do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Essa regra se aplicava quando o ofendido tinha idade entre 18 e 21 anos, na medida em que, nessa hipótese, a ação penal poderia ser proposta por ele ou por seu representante legal. Este dispositivo foib derrogado pelo art. 5º do Código Civil de2002 PERDÃO DO OFENDIDO O perdão é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o andamento de processo já em curso, DESCULPANDO o ofensor pela prática do crime. PERDÃO PROCESSUAL OU EXTRAPROCESSUAL O perdão é cabível somente na ação penal de iniciativa privada e pode ser: 14 a) PROCESSUAL: mediante declaração expressa nos autos. Nesse caso, o querelado será intimado a dizer, dentro de 03 dias, se o aceita, devendo constar do mandado de intimação que o seu silêncio importará em aceitação. Assim, para não aceitar o perdão, o querelado deve comparecem em Juízo e declará-lo expressamente; Art. 58. Concedido o PERDÃO, mediante declaração expressa nos autos, o QUERELADO SERÁ INTIMADO A DIZER, DENTRO DE TRÊS DIAS, SE O ACEITA, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. ACEITO O PERDÃO, o juiz julgará extinta a punibilidade. b) EXTRAPROCESSUAL: concedido fora do processo e pode ser expresso e tácito: - EXPRESSO: concedido por meio de declaração assinada pelo querelante ou por procurador com poderes especiais. Art. 56. Aplicar-se-á ao PERDÃO EXTRAPROCESSUAL EXPRESSO o disposto no art. 50. Art. 59. A ACEITAÇÃO DO PERDÃO FORA DO PROCESSO constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (EXPRESSO). -TÁCITO: prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação (art. 106, §1º, CP). O perdão tácito admite qualquer meio de prova Art. 57. A RENÚNCIA TÁCITA e o PERDÃO TÁCITO admitirão todos os meios de prova. NECESSIDADE DE ACEITAÇÃO DO PERDÃO O perdão do ofendido é ATO BILATERAL, ou seja, o ofendido deve aceitá-lo, portanto, não produz efeito se o querelado o recusa (art. 106, III, CP). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art50 15 Imprescindível, portanto, que o perdão seja aceito, expressa ou tacitamente. O silêncio do querelado (suposto autor do fato) implica em aceitação. Aliás, o art. 107, V do CP diz que se extingue a punibilidade pelo PERDÃO ACEITO. Art. 51. O PERDÃO CONCEDIDO A UM DOS QUERELADOS APROVEITARÁ A TODOS, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito. Dispositivo revogado pelo art. 5º do Código Civil Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Dispositivo revogado pelo art. 5º do Código Civil Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao CURADOR que o juiz Ihe nomear. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Havendo dois querelantes, o perdão oferecido por um deles não atinge a ação penal movida pelo outro. O perdão é INCONDICIONAL não podendo o querelado impor condições à aceitação; de igual modo, a vítima não pode impor exigências para que perdoe. Em outras palavras, tanto o perdão quanto a aceitação são atos incondicionais: perdoa-se sem exigências e aceita-se sem condições. É ato exclusivo da ação penal privada e pode ser concedido após o início da ação penal até o trânsito em julgado da sentença condenatória. PEREMPÇÃO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art152 16 Perempção é o resultado da inércia ou negligência processual do querelante no processo penal privado, que resulta na extinção de punibilidade do querelado. Em outras palavras, a perempção é uma punição feita ao querelante por deixar de promover o andamento processual, e por isso possui a NATUREZA JURÍDICA DE SANÇÃO. A perempção somente é possível após o início da ação penal, e uma vez reconhecida, estende-se a todos os autores do delito. Obs.: não se aplica à ação subsidiária da pública, pois se o ofendido for desidioso, o MP retoma a titularidade da ação (art. 29 do CPP). As hipóteses de perempção estão elencadas em um rol constante no art 60 do Código de Processo Penal. Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á PEREMPTA a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo DURANTE 30 DIAS seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, DENTRO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. I - QUERELANTE DEIXAR DE PROMOVER O ANDAMENTO DO PROCESSO DURANTE 30 DIAS SEGUIDOS: desídia ou inércia do querelante por 30 dias. A perempção deixa de ser aplicável quando o fato decorre de força maior. Ex: greve do judiciário, ou quando a culpa do atraso é da defesa, devendo o querelante ser intimado pessoalmente. No caso de extinção por perempção a ação não pode ser reproposta, portanto, não se deve confundir com a regra de Processo Civil, que permite o autor propor novamente a ação quando o juiz extingue a ação sem julgamento do mérito pela inércia por 30 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art36 17 dias. Além disso, no CPC só será decretada perempção na terceira vez em que tal extinção se repetir (art. 485, §3º do CPC). II – FALECIMENTO DO QUERELANTE, OU SOBREVINDO SUA INCAPACIDADE, NÃO COMPARECER EM JUÍZO, PARA PROSSEGUIR NO PROCESSO, DENTRO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS, QUALQUER DAS PESSOAS A QUEM COUBER FAZÊ-LO; Sob o prisma da ação penal, a substituição é uma condição de prosseguibilidade. Se após a substituição houver desistência por parte do novo querelante, os outros sucessores poderão prosseguir na ação. III -A - QUERELANTE DEIXAR DE COMPARECER, SEM MOTIVO JUSTIFICADO, A QUALQUER ATO DO PROCESSO A QUE DEVA ESTAR PRESENTE Ex.: querelante intimado para prestar depoimento em juízo fata à audiência. Os artigos 519 a 523 preveem alguns atos específicos nos processos de calúnia e injúria. O art. 520 dispõe que antes receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo. A maior parte da doutrina entende haver perempção quando o querelante não comparece na audiência de conciliação. Porém, há entendimento em sentido contrário, tendo em vista que a audiência de reconciliação é designada antes do recebimento da denúncia. III – B - QUERELANTE DEIXAR DE FORMULAR O PEDIDO DE CONDENAÇÃO NAS ALEGAÇÕES FINAIS; O não oferecimento de alegações finais equivale à ausência do pedido de condenação. Em se tratando de dois crimes , e havendo pedido de condenação em relação a um , haverá perempção em relação a outro. IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se EXTINGUIR sem deixar sucessor. 18 Assim, havendo incorporação por outra, ou modificação da razão social poderá haver o prosseguimento da ação. DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá DECLARÁ-LO DE OFÍCIO. Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o PRAZODE CINCO DIAS para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da CERTIDÃO DE ÓBITO, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade 19 AÇÃO CIVIL DE EXECUÇAÕ OU INDENIZAÇÃO EX DELICTO DOS ATOS JURÍDICOS ILÍCITOS Para que um acontecimento seja considerado como jurídico, é necessário que, de alguma forma, ele tenha reflexos no mundo jurídico, sendo, portanto, considerado como fato jurídico todo o acontecimento relevante para o direito, seja decorrente de ato lícito ou ilícito. Partindo desta definição, podemos classificar os fatos jurídicos como sendo: a) FATOS JURÍDICOS NATURAIS, que se subdividem em: ordinários, que são aqueles que normalmente acontecem e produzem efeitos jurídicos, como nascimento, morte etc; e extraordinários, que são os chamados fortuitos e força maior, que independem da vontade humana. b) FATOS JURÍDICOS HUMANOS ou ATOS JURÍDICOS, também são chamados de atos jurídicos em sentido amplo, subdividem-se em: ilícitos: que geram obrigação e deveres e não possuem amparo legal; lícitos: que possuem amparo legal. O ilícito penal não difere, em essência, do ilícito civil, pois ambos afrontam a ordem jurídica, porém o legislador pune com maior rigor as condutas ilícitas criminais. Aos ilícitos civis é cominada sanção como indenização, execução forçada, anulação do ato etc. O ilícito penal é também ilícito civil, na medida em que causa danos à vítima. Assim, a sentença condenatória penal é uma decisão de mérito a respeito do fato que gerou a obrigação de indenizar, que restou provado em sede de juízo criminal, necessitando, apenas, para que a vítima obtenha a sua reparação na esfera civil. Ou, mesmo de não tendo sido instaurado um processo criminal, a vítima ou seu representante ou seus herdeiros podem ingressar com um processo de conhecimento na esfera civil. A diferença é que neste caso toda a instrução processual será feita no âmbito civil. O art. 91, I, do Código Penal dispõe que a condenação penal torna certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime CONCEITO DE AÇÃO CIVIL EX DELICTO A prática de um delito, além de gerar para o Estado o jus puniendi, ele pode gerar danos à vítima de ordem patrimonial, facultando a ela o direito de reparação (arts. 186 e 927 do CC). 20 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo A reparação da vítima ocorre por meio da execução civil ex delicto ou ação civil ex delicto, oriundo de um ilícito penal. FUNDAMENTOS A jurisdição penal é independente da jurisdição civil, porém dependendo da fundamentação da sentença criminal, ela exerce influência no cível. Art. 935. A RESPONSABILIDADE CIVIL É INDEPENDENTE DA CRIMINAL, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. A prática do ilícito penal está, em sua grande parte, elencada no rol não taxativo das práticas de ilícitos civis, merecendo, portanto, uma reparação de cunho patrimonial, quer seja para danos materiais ou morais. VIAS JUDICIAIS PARA RECESSARCIMENTO DOS DANOS DECORRENTES DE CRIME. 1. AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO (art. 63 do CPP) A sentença penal condenatória transitada em julgado denota força de título executivo judicial, daí não fazer-se necessário ao interessado intentar posterior ação de conhecimento na ótica cível para reaver o ressarcimento do dano que outrora lhe fora causado em face da prática de uma infração, haja vista que a sentença proferida no âmbito penal, a teor do disposto no art. 515, VI do CPC. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 21 Art. 63. TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA CONDENATÓRIA, poderão promover-lhe a EXECUÇÃO, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a EXECUÇÃO poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código SEM PREJUÍZO DA LIQUIDAÇÃO para a apuração do dano efetivamente sofrido. A sentença penal condenatória transitada em julgado pode ser: a) O juiz criminal fixa o valor mínimo da indenização (art. 387, IV CPP) – nesse caso o ofendido apenas EXECUTA o valor arbitrado no Cível; b) O juiz criminal não fixou o valor da indenização – a sentença é um título executivo ilíquido. Nesse caso precisará ser APURADA A LIQUIDAÇÃO da sentença. c) O ofendido não concorda com o valor fixado na sentença criminal. Nesse caso é possível PROMOVER A LIQUIDAÇÃO para a promoção do real valor devido. 2. AÇÃO CIVIL EX DELICTO A ação civil ex delicto é o ajuizamento de uma ação de indenização no Juízo Cível, podendo haver ou não ação penal em trâmite. A ação civil é proposta antes de uma sentença penal condenatória. Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, A AÇÃO PARA RESSARCIMENTO DO DANO PODERÁ SER PROPOSTA NO JUÍZO CÍVEL, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv 22 Apesar de o parágrafo único afirmar que o juiz PODERÁ SUSPENDER A AÇÃO CÍVEL, deve ser entendido como DEVERÁ, a fim de evitar decisões conflitantes. (Doutrina majoritária) Ex.: Juízo Cível fixa a reparação e o Juiz Criminal extingue por inexistência do fato. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA CRIMINAL FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL 1. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA POR EXCLUDENTE DE ILICITUDE. Art. 65. FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL A SENTENÇA PENAL que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (EXCLUDENTES DE ILICITUDE) Quando acolhida qualquer das excludentes de ilicitude na ótica criminal, não será mais passível de discussão na seara cível. No entanto, o legislador excetuou a referida regra no art. 67, III do CPP ao prever a possibilidade de vincular o autor da infração ao dever de indenizar: a) Se reconhecido o estado de necessidade e o prejudicado não tiver sido o culpado pela situação de perigo, deve o autor indenizá-lo, sem prejuízo de efeito regressivo em face do causador do perigo; b) Se reconhecida a legítima defesa putativa, a vítima ou seus herdeiros devem ser ressarcidos, uma vez que a pessoa atingida não estava agredindo o agente que, por erro, supôs estar sendo agredido; c) Se reconhecida a defesa real, mas o autor tiver, por erro de pontaria (aberratio ictus ou aberratio criminis), causado danos a terceiros, deve indenizá-lo. 2. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA PELA INEXISTÊNCIA DO FATO OU PROVA DE NÃO AUTORIA Art. 66. Não obstante a SENTENÇA ABSOLUTÓRIA no juízo criminal, A AÇÃO CIVIL PODERÁ SER PROPOSTA quando não 23 tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. No caso de o Juízo Criminal proferir uma sentença absolutória não obsta o ajuizamento da ação civil. Entretanto, deve ser observada a fundamentação da absolvição, pois se o fato não existiu (art. 386, I do CPP) ou o acusado não foi o autor do delito (art. 386, IV do CPP). Art. 67. NÃO IMPEDIRÃO igualmente a propositura da ação civil: I- O despacho dearquivamento do inquérito ou das peças de informação; II- A decisão que julgar extinta a punibilidade; III- A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. (art. 386, III do CPP) Além desses casos, outros também não impedem a propositura da ação civil: sentença haver dúvida quanto á existência do fato (art. 386, II do CPP), sentença absolutória que reconhece não existir prova de que o réu concorreu para a infração penal (art. 385 V do CPP); sentença absolutória que reconhece a existência de circunstâncias que isente o réu de pena (art. 386, VI); sentença absolutória que declara inexistir prova suficiente para condenação (ar. 386, VII). LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA A ação ou execução civil ex delicto pode ser ajuizada pelo ofendido, por seus herdeiros ou para o seu representante legal. O art. 68 do CPP não foi recepcionado pela CF. Art 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. ARTIGO NÃO FOI RECEPCIONADO PELA CF QUE OUTORGA A COMPETÊNCIA À DEFENSORIA PÚBLICA OU ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art32 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art32 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art63 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art64 24 A ação civil de conhecimento pode ser proposta conta o autor do crime e,s e for o caso, contra o responsável civil (art. 64 do CPP). Já a execução direta da sentença penal condenatória, por ser título executivo judicial, só pode ser ajuizada contra o condenado, não gerando efeitos em relação a terceiro (responsável civil).
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