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TRANSCRIÇÕES XIFOIDES LTDA DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS 13.03.2018 Transcrito por: Capitão Nascimento Revisado por: Tudo Passa AULA 03 – FIM DE ANTIMICROBIANOS 2 + INFECÇÃO DE PARTES MOLES ANTIMICROBIANOS 2 (CONCLUSÃO) v AMINOGLICOSÍDEOS o Os aminoglicosídeos que estão disponíveis no SUS e na rede privada são a GENTAMICINA e a AMICACINA. o Em linhas gerais, essa classe de antibióticos sempre será usada em associação. Ou seja, não se usa aminoglicosídeo isoladamente. Isso se deve a alguns fatores, dentre eles está o fato de os aminoglicosídeos concentrarem mal em boa parte dos sítios. Por exemplo, se fizer, no pulmão, monoterapia, a concentração pulmonar do antibiótico será inferior à sanguínea. Isso demonstra que tratar com monoterapia não é recomendado, por exemplo na pneumonia. o Existe apenas uma exceção em que se trata com monoterapia: infecção do trato urinário complicada. Apesar disso, a regra é que não se trate. Em meningite, não se usa monoterapia, visto que o aminoglicosídeo não atravessa bem a barreira hematoencefálica. A classe também não concentra bem no osso. Onde concentra melhor, embora, ainda assim, não se use em monoterapia, é em recém-nascido. Os esquemas para sepse neonatal precoce são de ampicilina e gentamicina. Já em sepse neonatal tardia, são de amicacina com outra droga. o São drogas NEFROTÓXICAS e OTOTÓXICAS. Em livros recentes, recomenda-se que administre de forma fracionada ou uma vez ao dia. Sabe-se que a dose única ao dia é tão efetiva quanto e é menos tóxica que fazer de forma fracionada. Exemplo: a dose padrão da gentamicina, em adultos, é 80 mg, 3 vezes ao dia. Portanto, pode ser feito 240 mg, 1 vez ao dia. o Uma característica da administração da droga é que ela deve ser feita em infusão lenta em, pelo menos, 1 hora. o Tem-se cepas em que o aminoglicosídeo é pouco utilizado, devido a muitas pessoas possuírem a ideia de que é uma droga antiga e que as bactérias não responderão. Dessa forma, há uma tendência em ser uma classe não muito utilizada. Os antibiogramas demonstram muita sensibilidade ao aminoglicosídeo. Isso se dá por dois motivos: primeiro, em função do uso; segundo, é que a droga possui baixa capacidade de promover pressão seletiva, diferentemente de uma cefalosporina de terceira geração. v OUTROS ANTIMICROBIANOS o Metronidazol: possui ação apenas para anaeróbios, inclusive de cavidades abdominal e pélvica. o Cloranfenicol: não se utiliza mais, pois é uma droga de amplo espectro com uma toxicidade potencialmente fatal – isso porque pode causar aplasia medular. Há drogas com perfil melhor. Não é para ler. o Sulfa: a formulação mais utilizada é sulfametoxazol + trimetoprim → para fins de uso antibacteriano, é a melhor formulação. § A sulfa é uma droga de primeira linha para tratar infecção do trato urinário não complicada. Seu uso tem que estar diretamente relacionado com a epidemiologia local: em locais com muita resistência à sulfa, ela não deve ser utilizada. Em locais com alta sensibilidade, pode-se usar. § Existem algumas bactérias detectadas apenas em infecções adquiridas no hospital, em pacientes há muito tempo internados, que são resistentes a múltiplos antibióticos e sensíveis apenas à sulfa. Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Essas bactérias são gram negativas e chamam-se Burkholderia cepacia e Stenotrophomonas maltophilia. • A Burkholderia cepacia é uma bactéria importante e causadora de pneumonia em pacientes com fibrose cística. § Uma outra situação em que a sulfa pode apresentar efetividade é no Staphylococcus aureus resistente à vancomicina. É uma situação rara e importante. O antibiograma desse Staphylococcus mostra resistência à oxacilina, vancomicina, teicoplanina e sensível à sulfa e cloranfenicol. É um quadro chamado de “o novo papel dos velhos antibióticos”. Trata-se, portanto, do resgate de antibióticos antigos para situações novas, pois foram drogas deixadas de lado e, atualmente, resgatada a sensibilidade a elas. o Linezolida: classe nova, lançada em 2000, da classe das oxazolidilonas. A princípio, dirigia-se ao Enterococcus resistente à vancomicina. Foi relatada resistência da bactéria a essa droga, em 2001. § Possui perfil injetável e oral, possuindo ação apenas contra gram-positivos, sendo eles sensíveis ou resistentes (Staphylococcus, Estreptococcus, Enterococcus). § Droga reservada para pacientes com infecção por gram-positivos resistentes. § Nome comercial Zyvox: ainda é uma droga cara, embora já tenha sido bem mais. o Tigeciclina: pertence ao grupo das glicilciclinas. § Perfil de ação contra gram-positivo, gram-negativo e anaeróbio – amplo espectro. Lembra o grupo dos carbapenêmicos. § Possui peculiaridades, como: os gram-positivos contemplados incluem os resistentes (diferentemente dos carbapenêmicos, que não tem ação contra S. aureus resistente a oxaciclina). Quanto aos gram-negativos, a tigeciclina possui ação contra Acinetobacter, embora não tenha contra Pseudomonas. § Não pode ser usada para ITU, pois não concentra bem no sítio. § Aprovada apenas para infecção de partes moles e infecção intra-abdominal. Pode ser utilizada excepcionalmente em pneumonias associadas à ventilação mecânica por Acinetobacter sensível somente a ela. § Um problema é que seu uso está correlacionado a uma maior mortalidade de pacientes em UTI. Como são doentes com múltiplas comorbidades, não se pode afirmar categoricamente que ela leva a óbito. É uma questão multifatorial. v Importante lembrar um dos princípios do uso dos antimicrobianos: não se deve tratar DOENÇAS e, sim, PATÓGENOS que estão causando um processo inflamatório, em algum sítio do organismo. v É necessário saber QUEM SE QUER TRATAR, ou seja, a bactéria causadora. INFECÇÃO DE PARTES MOLES v Ao deparar-se com um paciente com infecção de partes moles, o primeiro passo é se questionar quais os agentes que podem estar envolvidos com o quadro. v Pensa-se, de maneira geral, em infecções por gram-positivos: Staphylococcus e Streptococcus (cocos gram-positivos agrupados ou em cadeia, respectivamente). v Enquanto generalista, é preciso saber tratar os principais agentes. A exceção fica por conta dos especialistas. v Do ponto de vista de espécie: Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Ondulado Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar GabrielPinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar 1. CASO CLÍNICO 1: paciente relata dor em membro inferior, que evoluiu com hiperemia, calor, febre e edema. Procura o PS. v Questionar do paciente: o Se houve alguma lesão anterior e há quantos dias; o Se possui doenças associadas (sendo diabetes a mais importante); o Se houve trauma prévio (o qual seria uma porta de entrada para microorganismos); o Sua profissão, podendo esta envolver atividades que causam predisposição ao trauma ou possíveis microtraumas; o Uso de medicamentos: uso regular ou eventual; o Histórico de alergias; o Questionar os sintomas, por exemplo: se realmente aferiu a febre, sua cronologia, sintomas associados à própria febre. o Episódios anteriores a este, tendo analisado o restante da pele e sendo vistas outras lesões. v Muita coisa depende do local onde o paciente está sendo atendido. Caso seja em um posto de saúde, as perguntas irão se direcionar a identificar se é um paciente candidato à internação e consequente transferência. Sendo em um pronto-socorro, o importante é perceber se o doente deve permanecer ou não no PS. v EXAME FÍSICO o Considerar que não é diabético, possui uma porta de entrada, observa-se que a lesão evoluiu a partir dessa porta de entrada (dado importante). Notar que a pele está brilhosa, que a lesão é superficial e que não contém coleção/abscesso no exame físico. o Questionar se o paciente está sentindo alguma “íngua”, a fim de descobrir se o mesmo apresenta linfadenopatia inguinal – a pergunta é feita porque, às vezes, é notada uma linfangite na região posterior do membro inferior (secundária ao outro processo que está ocorrendo). Isso leva a pensar em Streptococcus pyogenes. o Existem pacientes com Streptococcus pyogenes que evoluem para necrose ou sepse grave. Isso ocorre por múltiplos fatores, entre eles está o fato de esse agente etiológico produzir fatores de virulência que os outros não produzem, tornando mais grave o quadro desse doente. v CONDUTA o Avaliar a gravidade do paciente e decidir se será internado ou tratado em casa. o A droga padrão para esse doente é uma PENICILINA. Qual penicilina vai depender de onde o paciente será tratado. o No caso, sabe-se que o tratamento será direcionado apenas para o Steptococcus. o Para uma estreptococcia, é necessário ter o esquema ao lado em mente. Nele contém a droga padrão e outras alternativas, caso o paciente seja alérgico. Típicos de Streptococcus pyogenes A partir de uma porta de entrada: 1. Contiguidade; 2. Linfangite; 3. Linfadenopatia satélite; 4. Não formar abscesso; 5. Dor + hiperemia + pele brilhosa. ESTREPTOCCIA Penicilina, amoxicilina, ampicilina; Cefalotina, cefalexina; Macrolídeo (claritromicina, eritromicina); Clindamicina Amoxicilina+clavulanato? Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar o Não é preciso pensar em quinolona, vancomicina, carbapenêmico. Já está definido o esquema. O que vai mudar o olhar médico é se ele vai ser internado ou tratado em casa. o ESQUEMA DOMICILIAR NÃO ALÉRGICO: AMOXICILINA (penicilina oral). o ESQUEMA DE INTERNAÇÃO: PENICILINA CRISTALINA. o ESQUEMA DOMICILIAR ALÉRGICO: pode até ser feita uma cefalosporina, lembrando que é um beta lactâmico e há forte reação cruzada em até 20%. Se o doente for alérgico e já tomou cefalosporina sem problema algum, a cefalosporina a ser usada em casa é a CEFALEXINA. Se fosse internar, CEFALOTINA. Se quiser dar um medicamento diferente por via oral, pode fazer um MACROLÍDEO (claritromicina, azitromicina). Internado um paciente alérgico a beta lactâmico, pode ser feita a CLINDAMICINA. Não é necessário fazer inibidor de beta lactamase, já que a cepa não produz beta lactamase. o Um generalista deve saber tratar uma estreptococcia. Exemplos de estreptococcia são infecção de partes moles e amidalite. o Penicilina procaína seria uma boa opção para pacientes que não aceitam bem comprimidos e que tenha alguém que aplique. Individualiza-se cada caso. Não é correto prescrever e esperar que o doente “se vire”, é preciso tomar esse cuidado. 2. CASO CLÍNICO 2: v Não há como afirmar o possível diagnóstico sem antes saber a história. Exemplo: a foto parece se tratar de um furúnculo, mas a história pode direcionar para algo totalmente diferente de furúnculo – como uma picada de aranha. v Paciente relata anteriormente haver um pêlo inflamado onde existe a atual lesão, manipulou o local, o que resultou em hiperemia, formação de pus e um orifício. v Com a história descrita (foliculite com posterior manipulação do local, saída de pus e hiperemia), pode-se predizer o agente etiológico envolvido: Staphylococcus aureus. v CONDUTA o Não esquecer de definir, a princípio, onde o paciente será tratado. o O caso em questão não dita necessidade de internação. Isso descarta a oxacilina e a cefalotina (só existe injetável). o Não se faz penicilina, pois não tem ação contra Staphylococcus, devido à sua produção de penicilinase. o A despeito de não haver muitas informações, a conduta mais acertada a esse doente é não fazer nada. o Não se usa droga que possua espectro que cubra até Pseudomonas, uma vez que já se sabe que é Staphylococcus. o A principal medida terapêutica do caso já tinha sido realizada, que é a drenagem. Não se referiu febre, margem de furúnculo, tamanho de celulite. A respeito do exame físico, nada foi relatado. Não havia nada profundo, como abscesso. Ou seja, em um único furúnculo com uma área de celulite pequena, sem febre e outra reação sistêmica, o tratamento consiste apenas na drenagem. o Não é preciso fazer antibioticoprofilaxia para a furunculose de repetição do paciente, vista através de várias lesões antigas em sua pele. Teria que primeiro investigar se ele está colonizado por Staphylococcus aureus, o que é tarefa do especialista. Ou seja, a furunculose em si não possui indicação de antibiótico. o Caso houvesse uma área de celulite importante, o exame físico mostrasse que não há como drenar mais nada e que fosse uma lesão profunda, o antibiótico via oral poderia ser indicado. O ponto de corte da indicação de antibiótico é a área de celulite possuir diâmetro maior que 5 cm. Penicilina, amoxicilina, ampicilina Cefalotina, cefalexina Oxacilina Clindamicina Amox/clavulanato, Amp/Sulbactam Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro DestacarGabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar o Furúnculo isoladamente não é igual a antibiótico. O que indica o antibiótico são os sinais sistêmicos e a área de celulite. Exceção é o aglomerado de furúnculos (antraz), que já se trata de outra situação. o No PS (exceto por alunos da UEA), o antibiótico dado a esse paciente seria a penicilina benzatina (além da procaína, em alguns casos). Depois de 3 a 4 dias, ele dá entrada, novamente, com um quadro de tosse, dispneia e a radiografia de tórax sugere pneumonia (foto ao lado). Refere que o furúnculo encontra-se maior do que estava antes. Conclui-se que houve uma disseminação hematogênica, levando a uma pneumonia por estafilococos. o É possível ter segurança de que um fato levou ao outro ou o paciente adquiriu uma pneumonia comunitária? É preciso ter segurança de ter colhido uma boa história clínica, para que se possa caracterizar bem a relação entre a infecção de partes moles e o quadro respiratório. Sabe-se que o furúnculo foi tratado de forma errada e sabe-se, inclusive, que o Staphylococcus aureus possui uma elevada capacidade de disseminação. o Importante mencionar que o paciente não possuía quadro respiratório algum. Trata-se, portanto, de uma estafilococcia grave. O comprometimento envolve partes moles e um quadro pulmonar. o O Staphylococcus aureus pode se disseminar a vários sítios, o que exige asculta cardíaca à procura de possíveis sopros (fez endocardite?), análise de déficit motor (embolizou para o SNC?). É preciso fazer um exame físico direcionado na suspeita de uma estafilococcia grave. o Volta-se ao conceito: é preciso uma droga potente que combata um único patógeno ou é preciso uma droga potente de amplo espectro? o O padrão febril do paciente não caracteriza nada. Só é preciso saber se o paciente teve ou não febre. o Em alguns casos, algumas informações acerca da febre, dentro de um contexto, se farão importantes e aumentarão as chances do diagnóstico correto. Por exemplo, paciente jovem refere que, há 2 meses, evoluiu com febre. Passa uma semana com febre e, na outra, não mais apresenta. Volta a apresentar febre por uma semana e, na outra, não. Essa febre é chamada de Pel-Ebstein e é característica do linfoma. Ou seja, paciente jovem com quadro clínico + exame físico sugestivos de linfoma e que possua esse padrão de febre → até que provem o contrário, é linfoma. o Outro exemplo: paciente com febre de 40ºC e frequência cardíaca de 60 bpm → não é esperado um paciente com febre elevada e uma FC baixa, isso caracteriza o sinal de dissociação pulso-temperatura (sinal de Faget). Encontra-se esse sinal classicamente na febre tifoide, mas ter apenas o sinal não caracteriza a febre tifoide. Pode estar presente em algumas situações, como na febre amarela. o Voltando ao caso da estafilococcia: o estabelecimento do padrão febril não vai acrescentar informação alguma, até porque já se sabe o diagnóstico. o O paciente necessita ser internado e, devido à estafilococcia com gravidade, a droga a ser feita será a OXACILINA. o Não é correto pensar que o paciente possui uso prévio de antibiótico por já ter feito uso de benzetacil e achar que, por esse motivo, aumentaria o risco de resistência, pois o uso não interferiu em nada. O paciente já estava com a estafilococcia e o antibiótico não possui ação sobre estafilococos. o Importante investigar com cuidado se o paciente possui fator de risco para resistência, como frequentar hospitais, diálise, cirurgia recente e todos os fatores já estudados. Caso não apresente nenhum, a droga de escolha é a oxacilina. Proporcionar todo o suporte ao paciente e realizar HEMOCULTURA. o Entre as drogas alternativas, tem-se a VANCOMICINA. Se o doente tem uma estafilococcia grave sensível a oxacilina mas for feita a vancomicina, o risco de ele morrer é maior do que se usar oxacilina. Logo, a oxacilina é mais potente do que a vancomicina em casos de estafilococos sensíveis à oxacilina. o Caso o profissional desconfie que esse caso seja de estreptococcia e faça penicilina, esse paciente vai morrer. Ou também julgue que o paciente esteja muito grave e ache necessário usar amplo espectro (Ceftazidima+Gentamicina), o paciente igualmente irá morrer, já que o esquema não cobriu gram- positivo. Nessa situação, é necessário fazer uma droga potente para o agente e identificá-lo exige experiência. Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar o A hemocultura vai servir aos casos em que apesar de indícios de estafilococcia fez-se antibiótico de amplo espectro. Assim voltando positiva para estafilococcia, descalona e faz somente oxacilina. o A dose é máxima: 300 mg/kg/dia. No adulto, isso gira em torno de 2g a cada 4 horas. Quanto mais curto o intervalo, melhor (está sendo feito o beta lactâmico). v EVOLUÇÃO o Feito a oxacilina, no quinto dia de internação evolui com picos febris diários, com melhora da dispneia. Leucograma com 15.000 leucócitos, 90% segmentados (de entrada com 25.000 leucócitos, 80% segmentados e 10% bastões). Raio-x de tórax inalterado. Nesse momento da evolução (5º dia), ainda não cresceu nada na hemocultura. o A evolução que ocorreu é típica de uma estafilococcia. Se fosse diferente do que foi, era de se desconfiar que não fosse um estafilococo. o À medida que o estafilococo faz lesão tecidual, ele se protege do sistema imune. Há pacientes em uso do antibiótico por 2 semanas ainda com febre e formação de novo abscesso. Se for analisar criteriosamente, o paciente está melhorando. O principal parâmetro de resposta ao tratamento em um paciente com quadro respiratório é a melhora da dispneia. Em um paciente com pneumonia em tratamento, monitora- se a frequência respiratória. A febre não é o critério. O leucograma também demonstra resposta ao tratamento. o É preciso conhecer como se dá uma estafilococcia. Se fosse uma estreptococcia, em 48 horas a febre teria cedido. Para cada microorganismo é de se esperar uma resposta típica a ele. o Diferentemente dos gram-negativos, trata-se estafilococos sem esperar que haja seleção dos resistentes. A ocorrência de uma nova infecção exige que se individualize os casos. Pode ser que o retorno da febre seja por outra patologia, não necessariamente da estafilococcia (foi dado exemplo de um paciente que internou com estafilococcia e evoluiu, durante a internação, com malária). 3. CASO CLÍNICO 3: v Paciente com lesão avançada há tempo indeterminado, com muito pus e área de flutuação. Foram drenados 2 litros de pus. v Cultura deu como resultado Staphylococcus aureus. v A paciente não referia febre e nenhum sinal sistêmico. v É preciso investigar diagnósticos diferenciais, como tumor. Deram todos negativos. v CONDUTA: foi tratada com oxacilina. 4. CASO CLÍNICO 4: v Paciente refere que sua perna começou a doer, apresentou hiperemia e febre. A lesão poderia até ser devido a trauma ou violência doméstica, pela aparência. A lesão é violácea, a área não é bem delimitada, a pele encontra- se quente. Não possui porta de entrada. No PS, foi internada. v Poderia evoluir para Síndrome de Fournier, pois a lesão encontra-se próxima da região perineal. É uma preocupação a se ter e é preciso examinar se a lesão está restrita à pele ou progredindo para a região perineal. vA única certeza que se tem é que estamos diante de um caso de infecção de pele e partes moles. Pelo exame físico, não se pode definir o quão profundo é. Seriam necessários exames de imagem. v É uma situação em que se deve ficar na dúvida sobre o agente etiológico, por não haver características específicas nem de estreptococos e nem de estafilococos. v Será preciso tratar infecção de pele e partes moles, com necessidade de cobertura de ESTAFILOCOCOS e ESTREPTOCOCOS, que são os mais frequentes. Não tem material a ser coletado e, embora seja colhida a hemocultura, a probabilidade de ser positiva é baixa. Cefalotina, cefalexina Clindamicina Amoxi/clavulanato Ciprofloxacina? Vancomicina? Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Sublinhar v CONDUTA o Paciente será tratada ambulatorialmente ou internada? Considerar os seguintes aspectos para essa decisão: § Extensão; § Pouco tempo de evolução; § Topografia. o O recomendado é que ela seja internada, até porque não se tem convicção alguma a respeito do diagnóstico – diferente dos casos anteriores. o Internando, pode ser feita CEFALOTINA. É costumeiro administrar 1g, de 6 em 6h, independente do paciente. Essa é a dose padrão para um adulto, mas deve-se individualizar as doses conforme surjam as necessidades, como em obesos, por exemplo. Professores não cobram dose. o CLINDAMICINA possui espectro de ação para cocos gram-positivos e anaeróbios. É uma ótima alternativa, em casos de falta de cefalotina ou alérgicos. Também por ser com localização perto do anus poderia ter a precaução de cobrir os anaeróbios. Clindamicina sempre será uma opção para infecção de partes moles. o Amoxicilina tem ação sobre estreptococos, portanto, o inibidor de beta lactamase (Clavulanato) também a terá (só não apresenta vantagem). Pros estafilococos, a Amoxicilina sozinha não possui ação. Mas AMOXICILINA+CLAVULANATO possui cobertura para ambos os agentes. o Oxacilina não é uma boa opção, pois a intenção é cobrir os dois patógenos. o Ciprofloxacino não possui boa ação contra estreptococos e não é preciso, nesse caso, cobrir Pseudomonas, por exemplo. o Vancomicina não se usa, já que não se tem dados sobre resistência. v Foi prescrita a CEFALOTINA para a paciente. Através dos exames de imagem, sabe-se que não há comprometimento muscular e nem coleção. v A única forma de se ter certeza do diagnóstico é analisar a evolução da paciente e melhora do quadro. Importante ver o desfecho dos pacientes. Gabriel Pinheiro Sublinhar Gabriel Pinheiro Destacar Gabriel Pinheiro Sublinhar
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