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Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
DOR VISCERAL 
→ As dores relacionadas às vísceras torácicas e abdominais nos acompanham desde a infância 
precoce, em situações como cólicas intestinais e infecções. Continuam na idade adulta na dor do parto 
e em lesões estruturais de vísceras ocas (gastrite, úlcera gástrica, colelitíase, cálculos renais, 
apendicite, etc). Finalmente, costumam acompanhar várias doenças comuns na velhice, tais como 
infarto do miocárdio, neoplasias abdominais, entre outras. Mesmo assim, ao analisarmos a quantidade 
de informações científicas sobre o mecanismo da dor visceral, nos surpreendemos com a quantidade 
de dúvidas que ainda existem, decorrentes, em grande parte, do número insuficiente de estudos a 
esse respeito. 
→ Um dos motivos que justificaria o número restrito de estudos sobre a dor visceral considera a 
dificuldade de estudá-la em seres humanos, tendo em vista a localização profunda em que se 
encontram. Os estudos em animais são baseados em respostas pseudoafetivas que apenas sugerem, 
mas não garantem que o estímulo aplicado seja de natureza dolorosa. 
→ Além disso, as pesquisas clínicas demonstram que nem todas as vísceras respondem à dor. Alguns 
locais, como os parênquimas pulmonar, hepático e renal, são praticamente insensíveis à dor, mesmo 
quando estímulos altamente lesivos são aplicados. As vísceras ocas, tais como estômago, intestino, 
ureteres e bexiga, são, em condições normais, praticamente insensíveis ao corte e à queimadura, mas 
são dolorosos quando ocorrem distensão, isquemia ou inflamação. Isso significa que, quando se 
estudam as vísceras, existe uma diferença entre estímulos potencialmente lesivos (nociceptivos) e 
aqueles que produzem dor. Algumas vísceras, como pulmão, fígado e rins, são praticamente 
insensíveis à dor, mesmo em estágios avançados de doença. 
→ Algumas vísceras, como pulmão, fígado e rins, são praticamente insensíveis à dor, mesmo em 
estágios avançados de doença. 
→ Os estímulos capazes de produzir dor visceral – estímulos elétricos, distorção mecânica, isquemia 
e aplicação de substâncias irritantes (algogênicas) – diferem de forma significativa daqueles 
pesquisados na avaliação da dor superficial. 
→ As vísceras ocas respondem pouco aos estímulos convencionais, respondendo à distensão, à 
isquemia ou aos processos inflamatórios. 
→ A dor visceral tem algumas peculiaridades que a torna, ao mesmo tempo, complexa e única. Uma 
dessas características é a pouca capacidade que o ser humano tem em identificar com precisão a 
origem da dor visceral. A dor tem localização geralmente difusa nas proximidades do órgão afetado 
ou mesmo à distância. Sendo assim, uma dor de origem cardíaca pode se manifestar na região do 
membro superior esquerdo, uma dor pancreática pode manifestar-se com queixas álgicas no ombro 
esquerdo, uma dor relacionada à vesícula biliar pode referir-se à região do ombro direito ou 
interescapular à direita. Isso pode ser explicado pelo fato de que os estímulos viscerais penetram em 
diferentes segmentos da medula espinal, onde se juntam com fibras oriundas de estruturas somáticas. 
→ Por isso mesmo, a dor visceral provoca um fenômeno de sensibilização dessas estruturas 
somáticas superficiais, que resulta em hiperalgesia. Demonstra-se claramente, nesses pacientes, a 
ocorrência de maior sensibilidade à dor cutânea e, em especial, a existência de dor miofacial nos 
músculos do mesmo segmento espinal. 
→ A dor visceral promove hiperalgesia em estruturas somáticas superficiais, na proximidade dos 
segmentos espinais acometidos. 
→ As dores viscerais frequentemente são descritas como de intensidade variável, como em onda, 
com períodos de piora, seguidos de melhora. Devem corresponder aos períodos de contração do 
músculo liso. Os exemplos clássicos ocorrem nas cólicas intestinais e na dor do parto. Outro fenômeno 
Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
característico das dores viscerais é a associação mais exuberante com fenômenos neurovegetativos, 
tais como palidez, mal-estar, sudorese e aumento do peristaltismo. 
→ A dor visceral caracteristicamente é mal localizada e mais frequentemente acompanhada de 
fenômenos neurovegetativos. 
→ Ocasionalmente, uma doença que acomete uma víscera pode se alastrar, passando a acometer 
nervos somáticos (p. ex., na pleura e no peritônio). Quando isso ocorre, a dor, antes difusa, pode se 
tornar mais localizada. Um exemplo clássico ocorre na apendicite, que, em uma fase inicial, tem 
localização abdominal difusa, passando a se localizar na fossa ilíaca direita após comprometimento 
peritoneal. 
→ Tal fato provavelmente se explique pela existência de nociceptores silentes, os quais não 
manifestam atividade em situações normais, mas seriam ativados pela presença de substâncias 
químicas liberadas na região afetada quando ocorre sensibilização. Conforme já se disse, a distensão 
mecânica nas vísceras ocas produz dor. Uma segunda causa de geração de dor visceral ocorre nos 
processos inflamatórios. Nas infecções de vias urinárias, o simples fato de urinar já se torna doloroso, 
assim como na esofagite e úlcera gástrica ocorrem desconforto e dor relacionados à alimentação. 
→ Outro importante evento doloroso estudado é a isquemia, como aquela no infarto agudo do 
miocárdio ou na isquemia mesentérica. Provavelmente, o mecanismo de geração de dor se deva à 
liberação de substâncias algogênicas, das quais a mais estudada é a bradicinina. 
→ Há muito se sabe que as vísceras apresentam receptores (aferentes) que se projetam ao sistema 
nervoso central através do sistema nervoso simpático e parassimpático. Alguns desses aferentes 
possuem função apenas regulatória (autonômica) enquanto outros geram respostas sensitivas, 
particularmente de dor. Esses aferentes são formados por fibras nervosas finas que podem ser pouco 
mielinizadas (A-delta) ou amielinizadas (fibras C). Uma questão ainda não resolvida diz respeito à 
existência de aferentes puramente dolorosos para determinado estímulo (específicos) ou se tais fibras 
teriam função mista (regulatória e sensitiva), passando a responder de uma forma ou outra de acordo 
com a intensidade do estímulo (teoria do padrão e intensidade). 
→ A maior parte das fibras aferentes viscerais, antes de se dirigirem à medula espinal, trafegam para 
gânglios simpáticos pré-vertebrais e paravertebrais. Os gânglios pré-vertebrais são representados 
pelos gânglios celíaco e mesentéricos superior e inferior. Os gânglios paravertebrais são 
representados pelos gânglios cervicais superior, médio e inferior, gânglio estrelado, gânglios 
toracolombares, gânglio sacral e gânglio ímpar coccígeo (gânglio de Walther). Uma pequena parte 
dos estímulos dolorosos, no entanto, trafega por nervos do sistema nervoso parassimpático. 
→ penetram na medula espinal em determinado segmento, as fibras aferentes viscerais são poucas 
e penetram no corno posterior da medula espinal em vários níveis, o que justifica a pouca localização 
espacial dessas dores. Na medula espinal, as fibras se dirigem especialmente à lâmina superficial 
(lâmina I de Rexed) e a outras mais profundas (V e X). Daí, os estímulos são transmitidos pelas 
mesmas vias da dor superficial. Mais comumente, cruzam a linha média e ascendem pelo trato 
espinotalâmico lateral até os núcleos ventrais do tálamo e daí ao córtex cerebral. Outras vias, tais 
como a espinorreticular e a espinomesencefálica, devem ter papel importante em fenômenos 
associados, tais como o alerta à dor e aos fenômenos neurovegetativos que o acompanham. 
CORAÇÃO: A estimulação mecânica do coração é indolor. O principal evento desencadeador de dor 
cardíaca certamente é a isquemia, como a vista na angina e no infarto. É descrita como sensação de 
constrição ou aperto na região retroesternal, mas pode se irradiar para o pescoço, mandíbula e 
membro superior esquerdo. Muitos pacientes, no entanto, podem apresentar isquemia sem dor. Isso 
ocorre, em especial, em neuropatias, comoo diabete, ou quando a área afetada tem pouca inervação, 
em especial na região subendocárdica. O coração apresenta dupla inervação, tanto pelo vago (gânglio 
Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
nodoso), como pelas fibras aferentes simpáticas, que têm seus corpos vertebrais nas três ou quatro 
raízes dorsais, e daí penetram na medula tanto na região cervical como na torácica alta. 
PULMÃO: O parênquima pulmonar e a pleura visceral são praticamente insensíveis a dor. Por causa 
disso, muitos problemas, como contusões traumáticas e neoplasias, podem passar despercebidos, 
aparecendo dor apenas quando atingem a pleura parietal ou os brônquios. É possível, no entanto, 
que, em situações de dispneia, como em situações de exercícios extenuantes ou no edema agudo, 
algumas fibras aferentes do pulmão possam gerar sensação de pressão torácica. Outras sensações, 
como a pressão relacionada à hiperinsuflação, são mais provavelmente decorrentes de estimulação 
da parede torácica. 
VIAS AÉREAS: Processos irritativos nas vias aéreas são descritos como sensação de desconforto e 
queimação. Os aferentes têm inervação tanto vagal (gânglios nodosos e jugular) como simpática. O 
papel das fibras simpáticas é menor, sendo relacionadas à cadeia simpática torácica, que se dirigem 
à medula espinal nos níveis torácicos superiores. 
ESÔFAGO: O esôfago pode manifestar dor ou desconforto frente a situações diversas, como ingestão 
de alimentos quentes ou frios, processos inflamatórios e distensão mecânica. Na prática clínica, em 
situações como a esofagite de refluxo, se localiza na região retroesternal; por essa razão, 
frequentemente se confunde com a dor de origem cardíaca. Apresenta poucos aferentes vagais, com 
fibras aferentes simpáticas se dirigindo para múltiplos níveis, predominantemente na região torácica. 
ESTÔMAGO: Em condições normais, o estômago é praticamente insensível ao corte e aos estímulos 
elétricos. O principal estímulo doloroso ocorre quando há distensão mecânica, que é descrito pelos 
pacientes em situações como a insuflação de ar durante procedimento de endoscopia. No entanto, 
em situações em que existe reação inflamatória, como na gastrite e úlcera, existe resposta dolorosa 
à pressão local, como na ingestão de alimentos. A dor localiza-se classicamente na região epigástrica, 
mas pode se irradiar à região torácica e até mesmo dorsal. Recebe inervação predominantemente 
simpática, com aferentes trafegando para a região torácica por meio da cadeia simpática torácica e 
gânglio celíaco. 
INTESTINO: Os intestinos delgado e grosso não respondem a estímulos táteis ou nocivos, tais como 
corte ou coagulação de suas paredes, porém respondem a distensão mecânica, estiramento e 
aumento do peristaltismo. No primeiro caso, ocorre sensação de plenitude e desconforto, enquanto, 
no último caso, há dor tipo cólica, comum em processos como as enterocolites. Outros mecanismos 
de dor incluem a isquemia e a presença de substâncias inflamatórias. As fibras vagais parecem ter 
mais relação com mecanismos reflexos, enquanto a dor tem como aferência principal as fibras 
simpáticas carreadas por meio dos nervos esplâncnicos. Nas regiões mais distais, em especial no 
reto, a sensibilidade aumenta, sendo maior ainda na região do ânus. 
PÂNCREAS: O pâncreas apresenta grande aferência dolorosa, gerando dor intensa em situações 
como neoplasias, pancreatite ou obstrução de seus dutos. A aferência vagal parece ter pouco papel 
na transmissão da dor, sendo que as fibras simpáticas são certamente o principal meio de transmissão 
desses estímulos. Na prática clínica, as neoplasias de pâncreas respondem muito bem a bloqueios e 
neurólise (alcoolização) do gânglio celíaco. 
A neurólise do gânglio celíaco diminui sensivelmente a dor relacionada às vísceras do andar superior 
do abdome, enquanto a neurólise do plexo hipogástrico alivia a dor relacionada às estruturas da 
cavidade pélvica. 
FÍGADO: Conforme citado anteriormente, o parênquima hepático é praticamente insensível ao corte 
ou à destruição por processos neoplásicos. Tal fato se confirma na clínica, quando, mesmo na 
presença de múltiplas metástases, a ocorrência de dor hepática é quase nula. No entanto, quando 
existe distensão significativa em grandes tumores, nos abscessos ou nas hepatites, existe dor, 
provavelmente mediada pela distensão da cápsula ou pela compressão de vias biliares. 
Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
VIAS BILIARES: A vesícula biliar e suas vias de drenagem demonstram muita sensibilidade à dor, em 
especial às situações de distensão mecânica ou espasmos. As dores costumam ser referidas como 
em ondas (cólicas), localizadas no hipocôndrio direito, podendo irradiar para todo o abdome superior, 
dorso e ombro direito. 
RINS: A secção cirúrgica do rim não dispara dor em indivíduos sob anestesia local. No entanto, a 
distensão decorrente de obstrução de suas vias é extremamente dolorosa. As fibras aferentes são 
tanto vagais como simpáticas, essas últimas relacionadas aos nervos esplâncnicos, se dirigindo ao 
plexo celíaco e daí para penetrar nos níveis da transição toracolombar. 
URETERES: Apesar de que, à primeira vista, a cólica nefrética se deva à presença de um cálculo 
trafegando sobre a parede dos ureteres, alguns trabalhos experimentais demonstram que o evento 
causador dessa dor se deve à dilatação proximal das vias urinárias. A dor da cólica renal localiza-se 
geralmente na região lombar, porém comumente se irradia à fossa ilíaca, indo até a bolsa escrotal ou 
os grandes lábios. 
BEXIGA: A bexiga é sensível aos aumentos de volume em seu interior. Em volumes crescentes, 
passam de uma sensação de pressão à dor. Caso exista infecção, a dor aumenta e mesmo pequenos 
volumes podem gerar sintomas, localizados na região do hipogástrio. 
ÚTERO/OVÁRIOS: O útero é inervado tanto pelo parassimpático como pelo simpático, trafegando 
pelos nervos hipogástricos. O útero é particularmente sensível à existência de contraturas repetidas, 
como por ocasião do parto, apesar de que, na fase de expulsão, outros locais também produzem dor, 
decorrente da distensão da vagina e compressão de estruturas da parede abdominal. Podem, no 
entanto, gerar dor em outras situações, tais como durante a menstruação, processos inflamatórios e 
na endometriose. Os ovários podem manifestar dor leve durante a ovulação, mas clinicamente a maior 
causa de dor ocorre durante os processos inflamatórios e as neoplasias volumosas. 
TESTÍCULOS/ÓRGÃOS REPRODUTORES MASCULINOS: O testículo e o epidídimo são ricamente 
inervados, com presença de fibras polimodais, com resposta a estímulos mecânicos, térmicos e 
químicos. Por essa razão, manifestam dor acentuada frente a traumas, processos inflamatórios ou 
neoplásicos. 
(LIVRO: ONOFRE, DOR) 
DOR VISCERAL: 
→ A dor originada das diferentes vísceras do abdome e do tórax é um dos poucos critérios que podem 
ser utilizados para o diagnóstico de inflamação visceral, doença visceral infecciosa e outros males 
viscerais. Geralmente, as vísceras têm receptores sensoriais exclusivos para a dor. Além disso, a dor 
visceral difere da dor superficial em vários aspectos importantes. 
→ Uma das diferenças mais importantes entre a dor superficial e a dor visceral é que os danos 
viscerais muito localizados só raramente causam dor grave. Por exemplo, cirurgião pode dividir as 
alças intestinais em duas partes em paciente consciente, sem causar dor significativa. Inversamente, 
qualquer estímulo que cause estimulação difusa das terminações nervosas para a dor na víscera 
causa dor que pode ser grave. Por exemplo, a isquemia, causada pela oclusão do suprimento 
sanguíneo para grande área dos intestinos, estimula várias fibras dolorosas difusas ao mesmo tempo, 
podendo resultar em dor extrema. 
CAUSAS DA DOR VISCERAL VERDADEIRA: Qualquer estímulo que excite as terminações nervosas 
para a dor, em áreas difusas das vísceras, pode causar dor visceral. Esses estímulos incluem isquemia 
do tecido visceral,lesão química das superfícies das vísceras, espasmo da musculatura lisa de víscera 
oca, distensão excessiva de víscera oca e distensão do tecido conjuntivo que circunda ou é localizado 
na víscera. Essencialmente, qualquer dor que se origine nas cavidades torácica ou abdominal é 
Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
transmitida pelas fibras delgadas do tipo C e, portanto, só podem transmitir o tipo crônico-persistente 
de dor. 
→ ISQUEMIA: A isquemia causa dor visceral da mesma forma que causa dor em outros tecidos, 
presumivelmente, devido à formação de produtos finais metabólicos ácidos ou produtos degenerativos 
dos tecidos como a bradicinina, enzimas proteolíticas ou outras que estimulem as terminações 
nervosas para dor. 
→ ESTÍMULOS QUÍMICOS: Algumas vezes, substâncias nocivas escapam do trato gastrointestinal 
para a cavidade peritoneal. Por exemplo, o suco gástrico ácido proteolítico pode escapar por úlcera 
gástrica ou duodenal perfurada. Esse suco causa digestão disseminada do peritônio visceral, 
estimulando amplas áreas de fibras dolorosas. A dor geralmente é excruciante e grave. 
→ ESPASMOS DE VÍSCERAS OCAS: O espasmo de porção da alça intestinal, da vesícula biliar, do 
dueto biliar, do ureter ou de qualquer outra víscera oca pode causar dor, possivelmente, pela 
estimulação mecânica das terminações nervosas da dor. Ou o espasmo pode causar diminuição do 
fluxo sanguíneo para o músculo, combinado com o aumento das necessidades metabólicas do 
músculo para nutrientes, causando dor grave. Em geral, a dor de víscera espástica ocorre na forma 
de cólicas, com a dor chegando a alto grau de gravidade e depois diminuindo. Esse processo contínuo 
de modo intermitente, uma vez a cada poucos minutos. Os ciclos intermitentes resultam de períodos 
de contração da musculatura lisa. Por exemplo, a cólica ocorre toda vez que a onda peristáltica 
percorre a alça intestinal excessivamente excitável. Essa dor do tipo cólica frequentemente ocorre na 
apendicite, gastroenterite, constipação, menstruação, parto, doenças da vesícula biliar ou obstrução 
ureteral. 
→ DISTENSÃO EXCESSIVA DA VÍSCERA OCA: O preenchimento excessivo de víscera oca também 
pode resultar em dor, presumivelmente, devido à distensão excessiva dos tecidos propriamente ditos. 
A distensão excessiva também pode interromper os vasos sanguíneos que circundam a víscera ou 
que passam por sua parede, talvez promovendo dor isquêmica. 
→ VÍSCERAS INSENSÍVEIS: Poucas áreas viscerais são quase completamente insensíveis à dor de 
qualquer tipo. Elas incluem o parênquima do fígado e os alvéolos pulmonares. Por sua vez, a cápsula 
hepática é extremamente sensível tanto ao trauma direto quanto à sua distensão, e os duetos biliares 
também são sensíveis à dor. Nos pulmões, embora os alvéolos sejam insensíveis, tanto os brônquios, 
como a pleura parietal são bastante sensíveis à dor. 
DOR PARIETAL CAUSADA PELA DOR VISCERAL: Quando a doença afeta a víscera, o processo 
doloroso geralmente se dissemina para o peritônio, a pleura ou o pericárdio parietal. Essas superfícies 
parietais, como a pele, são supridas com extensa inervação dolorosa, originada nos nervos espinhais 
periféricos. Portanto, a dor da parede parietal sobre a víscera é frequentemente aguda. Exemplo pode 
enfatizar a diferença entre essa dor e a dor visceral verdadeira: incisão do peritônio parietal é muito 
dolorosa, enquanto incisão similar do peritônio visceral ou da parede intestinal pode não ser muito 
dolorosa ou até mesmo ser indolor. 
LOCALIZAÇÃO DA DOR VISCERAL – VIAS DE TRANSMISSÃO DA DOR VISCERAL E PARIETAL: 
A dor oriunda de diferentes vísceras frequentemente é difícil de localizar, por inúmeras razões. 
Primeiro, o sistema nervoso do paciente não reconhece de experiência anterior, a existência dos 
diferentes órgãos internos; portanto, qualquer dor que se origine internamente pode apenas ser 
localizada com imprecisão. Segundo, as sensações do abdome e do tórax são transmitidas por meio 
das duas vias para o sistema nervoso central — a via visceral verdadeira e a via parietal. A dor visceral 
verdadeira é transmitida pelas fibras sensoriais para dor, nos feixes nervosos autônomos, e as 
sensações são referidas para as áreas da superfície do corpo, geralmente longe do órgão doloroso. 
Inversamente, as sensações parietais são conduzidas diretamente para os nervos espinhais locais do 
peritônio parietal, da pleura ou do pericárdio, e essas sensações geralmente se localizam diretamente 
sobre a área dolorosa. 
Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
→ LOCALIZAÇÃO DA DOR REFERIDA TRANSMITIDA ATRAVÉS DE VIAS VISCERAIS: 
Quando a dor visceral é referida para a superfície do corpo, a pessoa, em geral, a localiza no segmento 
dermatômico de origem do órgão visceral no embrião, e não necessariamente no local atual do órgão 
visceral. Por exemplo, o coração se origina do dermátomo do pescoço e da região superior do tórax, 
assim as fibras para a dor visceral do coração cursam de forma ascendente ao longo dos nervos 
simpáticos sensoriais e entram na medula espinhal entre os segmentos C-3 e T-5. Portanto, como 
mostrado na Figura 48-6, a dor cardíaca é referida ao lado do pescoço, sobre o ombro, sobre os 
músculos peitorais, ao longo do braço e na área subesternal da região superior do tórax. Essas são 
as áreas da superfície corporal que enviam suas próprias fibras nervosas somatossensoriais para os 
segmentos C-3 a T-5 da medula espinhal. Geralmente, a dor se localiza no lado esquerdo, porque o 
lado esquerdo do coração está envolvido com maior frequência na doença coronariana. O estômago 
se origina, aproximadamente, entre o sétimo e o nono segmento torácico do embrião. Portanto, a dor 
do estômago é referida ao epigástrio anterior acima do umbigo, que é a área de superfície do corpo 
suprida pelos segmentos torácicos de sete a nove. A Figura 48-6 mostra várias outras áreas de 
superfície em que a dor visceral de outros órgãos é referida, representando em geral as áreas no 
embrião, das quais os respectivos órgãos se originaram. 
 
→ VIA PARIETAL PARA A TRANSMISSÃO DA DOR ABDOMINAL E TORÁCICA: A dor oriunda 
de vísceras frequentemente se localiza em duas áreas na superfície do corpo ao mesmo tempo, por 
causa da dupla transmissão da dor pela via visceral referida e a via parietal direta. Dessa forma, a 
Figura 48-7 mostra a dupla transmissão oriunda de apêndice inflamado. Os impulsos dolorosos 
passam inicialmente do apêndice por fibras dolorosas viscerais, localizadas nos fascículos nervosos 
simpáticos, seguindo para a medula espinhal ao nível de T-10 ou T-ll; essa dor é referida para área 
ao redor do umbigo e é do tipo persistente e espasmódica. Os impulsos dolorosos, geralmente, se 
originam no peritônio parietal, onde o apêndice inflamado toca ou está aderido à parede abdominal. 
Eles causam dor do tipo pontual diretamente sobre o peritônio irritado, no quadrante inferior direito do 
abdome. 
Ana Paula Barbosa Martins 5° período Medicina 
 
 
(LIVRO: Fisiologia, Guyton) 
 
REFERÊNCIAS 
Onofre Alves Neto, Carlos Maurício de Castro Costa, José Tadeu T. de Siqueira, Manoel Jacobsen 
Teixeira (SBED). (Org.). Dor: Princípios e Prática. 1 ed. 
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. São Paulo: Grupo A, 2013. 9788582714041.

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