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PPAP- Movimentos sociais contemporâneos no Brasil e educação 25 10

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Movimentos sociais contemporâneos no Brasil e educação
O movimento social se refere a um grupo organizado de uma ação coletiva de caráter sociopolítico e cultural que expressão suas demandas através de seus valores e ideologias, dentro de uma determinada sociedade com o objetivo de alcançar mudanças, transição ou mesmo a revolução de uma realidade contrariada a certo grupo. Seja a luta por algum ideal, pelo questionamento de uma determinada realidade que se caracterize como algo impeditivo d, a realização dos anseios deste movimento como uma luta em defesa de seus interesses.
Assim, um grupo de pessoas torna-se porta voz onde encontram na mesma situação, seja ela social, econômica, política, religiosas, entre outras. É uma forma da população se organizar, expressar os seus desejos e exigir os seus direitos. São fenômenos históricos, que resultam de lutas sociais, que vão transformando e introduzindo mudanças estruturais nas sociedades.
 
Na realidade histórica, os movimentos sempre existiram, e cremos que sempre existirão. Isso porque representam forças sociais organizadas, aglutinam as pessoas não como força-tarefa de ordem numérica, mas como campo de atividades e experimentação social, e essas atividades são fontes geradoras de criatividade e inovação socioculturais. (Gohn, 
2011, p. 336)
Esses movimentos sociais ao longo da história nos mostram a importância e suas influencias na sociedade, como sabemos sua ligação surgi no Brasil com mais intensidade por volta de 1964 pós golpe militar, conhecido como resistência à ditadura, com isso podemos analisar que a iniciativa foi seguida de uma luta unida onde artistas, populares e intelectuais se reuniram para dar fim a esse regime autoritário e que levou muita calamidade a famílias e ao próprio País. 
Dessa forma, surgi diversos movimentos, com objetivos comuns, que é nada mais que direitos, conscientização contra o racismo e oposição ao autoritarismo estatal. Esse movimento em meados de 1960 e 1970, ficou conhecido como resistência ao autoritarismo do Estado, levando pessoas a se organizarem com o intuito de trazer melhores condições, igualdade, liberdade e uma democratização justa, dessa forma esses movimentos levou a conquista de vários direitos, que foram postos em leis na nova Constituição Federal de 1988.
Com isso, manifestações foram cada vez mais frequentes entre os anos 80 e 90, entre esses está a reivindicações de concessão de direitos sociais, formação de movimento pelas diretas já, movimentos urbanos, de bairros, sociais rurais e o crescimento de manifestações feministas e ecológicos.
Também em 1992, ocorreu a mobilização popular em torno do impeachment do presidente Collor, contando dessa forma com o apoio da sociedade civil, muitos jovens foram para as ruas com seus rostos pintados, demonstrando sua infelicidade com o atual governo da época e insatisfações com sua gestão. Esse movimento ficou conhecido como os “caros pintadas”.
Essas ações podem adotar diferentes estratégias como simples denúncias, mobilizações, marchas, passeatas, atos de desobediências, desordens entre outros. Isso nos faz refletir sobre o Movimento Sem Terra conhecido com MST. Com isso, levando trabalhadores do campo a serem sujeitos ativos por buscas e direitos sociais. Luta essa que por anos vem trazendo novas reformas, sendo uma delas a implantação de escola e um ensino com o currículo voltado para a realidade das crianças nos seus acampamentos e assentamentos. 
Ao longo da história a educação no meio rural sempre foi escassa, por motivos socioculturais comparada ao meio urbano. O ensino era privilégio de um grupo social da elite dominante que omitiu na formulação de diretrizes políticas e pedagógicas a regulação da escola do campo como deveria funcionar e a sua organização no decorrer nos níveis de ensino. 
Essa escola para o grupo MST deve reproduzir de forma transparente a consciência histórica e a luta do povo que vive no campo. Voltado para a formação do aluno, produzir conhecimentos através das pesquisas e observando as práticas reais da sua comunidade. Sendo assim, unindo teoria e prática, baseando na cooperação, sendo capaz de criar no aluno uma consciência crítica, capaz de tornar o sujeito da ação transformadora garantindo uma vida melhor.
No ano de 1990-2021, foi criado um "Dossiê", onde era contido a proposta pedagogia adotadas pelo movimento na educação básica. Esse documento foi elaborado a partir de experiência vivenciadas pela população dos sem terras no processo de criação das escolas e no processo de ensino e aprendizagem nos seus assentamentos.
Essa proposta pedagógica expressa a ideia de uma prática transformadora, de produzir conhecimentos dialético, democrático e crítico da realidade social. Sendo assim garantir a integração entre o aluno, o professor e a escola. 
Esse discurso do MST pela "escola diferente" tinha como objetivo a realidade do aluno e o professor não ser um mero transmissor de conhecimento.
Ele tem que ser, antes de tudo, um educador e, como tal, tem como tarefa fundamental, compartilhar a realidade vivida pelos alunos, como um grande interlocutor a articulador de entre a escola e o que ela se ensina, e o cotidiano dos acampamentos e assentamentos. O professor tem a obrigação de contribuir para a construção de um conhecimento capaz de formar cidadãos e sujeitos militantes e responsáveis pela transformação da sua própria história. (Vitor Machado, 2014, p. 157)
Essa é na proposta do movimento sem-terra, como uma escola que fosse capaz de atender as necessidades das crianças do campo, saindo do modelo convencional, pois o seu currículo ultrapassa os limites da escola. Levando o conhecimento prévio das crianças com suas realidades e experiência para o processo de aprendizagem.
O grupo MST fazia várias críticas ao modelo de escola pública que se estalava instalado o acampamento, pois o currículo adotado não atendia as necessidades e realidades dos alunos do assentamento.
Com isso o grupo acreditava que o conhecimento não se realiza de uma forma neutra e está ligada a divisão social do trabalho. 
O MST entende, assim, que não pode e não quer se apropriar da ciência da classe dominante, mas ao contrário, acredita que o conhecimento científico comprometido com os seus objetivos, deve ser para todos e não um privilégio de poucos. (Vitor Machado, p.156, 2014).
Surgiram vários debates no decorrer do tempo por uma escola do meio rural a ser pensada de acordo com uma perspectiva crítica e a aprovação da Constituição Federal de 1988 e a da LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) que subiu uma oferta de educação básica voltada para a população do campo. Mas com a LDB que promoveu a desvinculação da escola rural com a performance da escola urbana, dando vez a escola rural um planejamento voltado a vida no campo. Mesmo com a lei surgiram vários empasse para esses alunos como a distância das escolas; a heterogeneidade de idade e grau de intelectualidade; acesso precário a conteúdos gerais; currículo mal formulado; sala multisseriadas; falta de material de apoio ao professores e estudantes.
Com o êxodo rural e a negligência do governo surgiu necessidade de criar e garantir um ensino de qualidade, com isso os grupos de comunidade com o apoio da igreja e de organização e movimentos sociais juntos se comprometeram com o projeto de educação popular. Porém tinha um currículo que valorizava a cultura urbana.
Com toda essa problemática os movimentos sociais do campo lutaram por uma proposta que atendesse as necessidades.
	... a implementação de políticas públicas que fortaleçam a sustentabilidade dos povos do campo, e os sujeitos devem estar atentos para o fato de que existem diferenças de ordem diversa entre esses sujeitos. O campo é heterogêneo, muito diverso. Assim, não se pode construir uma política de educação idêntica para todos. (Silva Jr.; Netto, 2011, p. 54)
Assim esses movimentos sociais vão ganhando força e sua luta por uma sociedade mais justa, garantindo seus direitos e representando a sua diversidade.Conclusão
Como vimos esses movimentos e lutas por uma sociedade com mais direitos são antigos, as vezes alguns invisíveis perante a sociedade, mas hoje na atualidade ganham visibilidade nas mídias. Todo o movimento social sempre tem um caráter educativo. 
O MST e diversos grupos de movimentos indicam que a formação humana se processa tendo por base a realidade objetiva, as condições de vida, as relações que estabelecemos. Com isso, a educação não é um processo individual, mas coletivo, e é na organização coletiva para a superação da sociedade atual que pode emergir um novo sentido à educação. A formação para uma sociedade só pode ser dar na luta pela contestação do estabelecido, tendo por base as contradições sociais e a tentativa de construção de novas formas de vida social. Os movimentos sociais educam para o novo na medida em que apontam concretamente para esse novo. É na luta que permite abrir novos horizontes para o futuro da sociedade e também da educação. 
A escola pode ser polo de formação de cidadãos ativos a partir de interação compartilhadas entre a escola e a comunidade organizada. As lutas pela educação podem ser o alicerce desta organização por um futuro melhor.
Referencia
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educaçãov. 16 n. 47 maio-ago. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n47/v16n47a05.pdf>. Acesso em: 10/08/2014
MACHADO, Vitor. O movimento sem terra e a educação escolar: a trajetória de uma pedagogia para além dos murros da escola. Cadernos Ceru, v.25, n. 1, 08. Disponível em: <htpp;//www.revistas.usp.br/ceru/artiche/view/89159/92030> Acesso em: 25/08/2019
SILVA JR. Astrogildo Fernandes da; BORGES NETTO, Mário. Por uma educação do campo: percursos históricos epossibilidades. Entrelaçando -Revista Eletrônica de Culturas e Educação Caderno temático: Cultura e Educação do Campo N. 3 p. 45-60, Ano 2 (Nov/2011).

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