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(ARQUIVO TOTAL para aula 03) AULAS DIREITO PREVIDENCIARIO IBGEN 2

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2022/1 - Direito Previdênciário - G510-0163QUIN1ONLINE
Prof. Me. Vanessa Kerpel Chincoli
Sumário
AULA 01 - INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA À PREVIDÊNCIA SOCIAL....................................................................................................................3
CONCEITO: DOUTRINÁRIO E NORMATIVO....................................................................................................................................................................3
1.	CONCEITO............................................................................................................................................................................................................4
2.	EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO................................................................................................................................ 5
2.1.Estágio embrionário da seguridade social.............................................................................................................................................................................. 5
2.2.	Fases da evolução histórica da seguridade social............................................................................................................................................................. 6
1ª Fase: Fase da Tutela Familiar ou Comunitária
......................................................................................................................................................................... 8
2ª Fase: Assistencialismo............................................................................................................................................................................................................ 8
a)	Lei dos Pobres............................................................................................................................................................................................................................................................. 9
b)	Constituição Francesa de 1793.................................................................................................................................................................................................................................10
3ª Fase: Seguro Social............................................................................................................................................................................................................... 10
a)	Workmen’s Compensation Act.................................................................................................................................................................................................................................11
b)	Old Men Pensions Act...............................................................................................................................................................................................................................................11
c)	Sistema Bismarkiano (1883-1911)............................................................................................................................................................................................................................12
d)	Constitucionalismo social .........................................................................................................................................................................................................................................13
4ª Fase: Seguridade Social ........................................................................................................................................................................................................ 15
a)	Plano Beveridge ........................................................................................................................................................................................................................................................16
3. FUNDAMENTOS E MARCOS LEGISLATIVOS QUE INFLUENCIARAM O MODELO DE SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL: ............................................. 17 Questões ............................................................................................................................................................................................................................................................................19 Resumo...............................................................................................................................................................................................................................................................................22
AULA 02 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL, A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 (NORMAS GERAIS) E PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ............................................................................................................................................... 23
4.	EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL ................................................................................................................................ 23
a)	Santa Casa de Misericórdia, 1543 ..................................................................................................................................................................................... 25
b)	Os Montepios .................................................................................................................................................................................................................. 25
c)	A Constituição de 1824..................................................................................................................................................................................................... 26
d)	Constituição de 1891........................................................................................................................................................................................................ 27
e)	Legislação acidentária de 1919 ......................................................................................................................................................................................... 27
f)	A Lei Eloy Chaves, em 1923: Marco da Previdência Social (privado) no Brasil ..................................................................................................................... 27
g)	Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) .................................................................................................................................................................. 29
h)	A Constituição de 1934..................................................................................................................................................................................................... 32
i)	Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) ......................................................................................................................................................................... 33 j)	Fundo de assistência e Previdência do trabalhador rural - FUNRURAL (Lei n. 4.214/1963) .................................................................................................. 33
k)	O Instituto Nacional da Previdência Social – INPS (Decreto-Lei 72/1966)............................................................................................................................ 34
l)	Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS) .............................................................................................................................................................. 36
m)	Constituição de 1988....................................................................................................................................................................................................38
n)	Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (FUSÃO INPS + IAPAS = INSS)............................................................................................................................ 39 Resumo ................................................................................................................................................................................................................................... 41
Questões ................................................................................................................................................................................................................................. 43
5.	A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 — NORMAS GERAIS .............................................................................................. 48
6.	A RELAÇÃO JURÍDICA DE SEGURIDADE SOCIAL.................................................................................................................................................... 51
7.	COMPOSIÇÃO DOS SUBSISTEMAS DA SEGURIDADE SOCIAL................................................................................................................................. 57
8.	FONTES DA SEGURIDADE SOCIAL........................................................................................................................................................................ 61
9.	APLICAÇÃO DAS NORMAS DE SEGURIDADE SOCIAL NO TEMPO E NO ESPAÇO ..................................................................................................... 62
10.	APLICAÇÃO INTERTEMPORAL DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 103/2019 (REFORMA DA PREVIDÊNCIA)........................................................ 64
11.	VIGÊNCIA DAS NORMAS................................................................................................................................................................................. 68
12.	HIERARQUIA DAS NORMAS ............................................................................................................................................................................ 69
13.	INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DE SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................................................................ 69
14.	INTEGRAÇÃO DA NORMA............................................................................................................................................................................... 71
15.	PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL .............................................................................................................................................................. 71
15.1. Princípios Constitucionais (Gerais) ..........................................................................................................................................................................................................................74
15.1.1. Solidariedade.........................................................................................................................................................................................................................................................74
15.1.2. Igualdade ...............................................................................................................................................................................................................................................................74
15.1.3. Princípio da vedação do retrocesso social ...........................................................................................................................................................................................................75
15.1.4. Princípio da proteção ao hipossuficiente .............................................................................................................................................................................................................76
15.1.5. Princípio da proteção da confiança ......................................................................................................................................................................................................................76
15.2.
Princípios Constitucionais Específicos (setoriais) da Seguridade Social
...........................................................................................................................................................77
15.2.1.
15.2.2.
15.2.3.
15.2.4.
15.2.5.
15.2.6.
15.2.7.
Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento.......................................................................................................................................................................77
Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento.......................................................................................................................................................................81
Princípio da Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços .................................................................................................................................83
Princípio da Irredutibilidade do valor dos benefícios...................................................................................................................................................................................83
Princípio da equidade na forma de participação no custeio ........................................................................................................................................................................84
Princípio da diversidade da base de financiamento .....................................................................................................................................................................................85
Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração.......................................................................................................................................................86
15.3.
Princípios Específicos de Custeio ........................................................................................................................................................................................................................89
Princípio do orçamento diferenciado ............................................................................................................................................................................................................89
Princípio da precedência da fonte de custeio ...............................................................................................................................................................................................90
Princípio da Compulsoriedade da contribuição ............................................................................................................................................................................................91
Da anterioridade tributária em matéria de contribuições sociais ...............................................................................................................................................................94
Princípios Específicos de Previdência Social
......................................................................................................................................................................................................95
15.3.1.
15.3.2.
15.3.3.
15.3.4.
15.4.
15.4.1.
15.4.2.
15.4.3.
15.4.4.
Da filiação obrigatória (ou seja, não facultativa) ..........................................................................................................................................................................................95
Do caráter contributivo..................................................................................................................................................................................................................................96Princípio do equilíbrio financeiro e atuarial..................................................................................................................................................................................................99
Princípio da garantia do benefício mínimo ...................................................................................................................................................................................................99
16.	COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE SEGURIDADE SOCIAL ....................................................................................................................................... 101
AULA 03 – PARTE I – REGIMES PREVIDENCIÁRIOS .................................................................................................................................................... 105
AULA 03 – PARTE II – REGIMES PREVIDENCIÁRIOS ................................................................................................................................................... 110
17.	REGIMES PREVIDENCIÁRIOS PÚBLICOS E PRIVADOS...................................................................................................................................... 112
18.	MODALIDADES/ESPÉCIES DE REGIMES PREVIDENCIÁRIOS............................................................................................................................. 116
Regime de Previdência/Regime Público/Regimes Próprios/“Regimes Próprios de Previdência Social” dos Servidores Públicos (RPPS) .......................... 117
Regime de Previdência/Regime Público/Regimes Próprios/“Regimes Próprios de Previdência Social” dos Militares (RPSM) ......................................... 121 18.3. Regime de Previdência/Regime Público/Regime Geral de Previdência Social (RGPS) .................................................................................................... 126 18.4. Regime de Previdência/Regime Privado/Regime Geral de Previdência Social (RGPS) ................................................................................................... 129
GLOSSÁRIO ............................................................................................................................................................................................................. 134
AULA 01 - INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA À PREVIDÊNCIA SOCIAL CONCEITO: DOUTRINÁRIO E NORMATIVO
1. CONCEITO
Conceito doutrinário:
Segundo a doutrina, a Seguridade Social é um sistema de proteção social instituído pelos Estados (países soberanos) visando garantir aos indivíduos a superação de determinadas contingências (como por exemplo, morte, hipóteses de idade avançada [velhice], situações em que a pessoa se encontra desprovida de condições físicas ou psíquicas para o desenvolvimento de atividades laborativa [ou seja, hipóteses dde invalidez], doenças, desemprego involuntário, prisão [e os familiares ficam sem condições de prover o seu sustento], maternidade etc.), com a finalidade de preservar o mínimo existencial e, reflexamente, a dignidade humana.
Conceito Normativo:
segundo o art.194, CF/88, a Seguridade Social é um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, a previdência e à assistência social”.
De acordo com o conceito normativo da Constituição, a seguridade social é composta por três subsistemas: saúde e previdência e assistência social.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO
Estágio embrionário da seguridade social
Na Idade Antiga, especificamente no Direito Romano, houve uma fase embrionária de seguridade social, no que diz respeito à reserva de soldo: surge uma espécie de aposentadoria assegurada aos militares. Eles poderiam reservar uma parte do soldo para gozar posteriormente na inatividade. Também havia uma espécie de associação de trabalhadores autônomos que guardava um fundo para pagar as despesas com funeral.
Já na Idade Média, as chamadas Corporações de Ofício (eram grupos de infividos que se uniam para exercer determinada profissão - eram criadas por indivíduos que sabiam exercer determinada profissão de maneira exemplar e possuíam aprendizes ou discípulos - indivíduos mais novos que não sabiam o ofício/profissão), criaram uma espécie de “assistência” aos seus associados (faziam uma reserva do dinheiro decorrente das atividades) para assistir os seus membros em casos de velhice, doenças ou pobreza.
Ainda na Idade Média, em 1344, foi celebrado o primeiro contrato de seguros marítimos, pois a atividade marítima era muito grande na época, mas era muito perigosa (tempestades nos mares, doenças nos navios, ataque de piratas). Com esse seguro, caso algum marinheiro morresse, a sua família receberia algum valor para a sua subsistência. * O autor Sérgio Pinto Martins considera o embrião da seguridade.
2.2.	Fases da evolução histórica da seguridade social
Parte da Doutrina divide a evolução histórica da proteção social em três etapas:
assistência pública;
seguro social ;
3) seguridade social.
Já outra parte da Doutrina divide a evolução histórica da proteção social em quatro etapas: fase da tutela familiar ou tutela comunitária;
fase da assistência pública ou assistencialismo; fase do seguro social;
fase da seguridade social.
Há também aqueles que compreendem a divisão em 4 fases históricas da evolução da proteção social, porém, valendo-se de outras denominações:1
fase experimental;
fase da consolidação;
fase da expansão;
1 a) fase experimental, quando prevalecia o voluntarismo e o mutualismo assistencial;
fase da consolidação, quando o assistencialismo avançava por meio das organizações religiosas, das guildas e corporações de ofício e, modestamente, por meio do Estado, tal como se viu na Lei dos Pobres, de 1601;
fase da expansão, pela avanço da proteção social além do mero assistencialismo puro, alcançando a institucionalização estatal de seguros sociais, com a normatização do direito à seguridade social como um direito sagrado e fundamental e, mais posteriormente, com as conversões dos Estados Libe- rais em Estados de bem-estar social;
fase da redefinição, pela percepção do inchaço dos Estados provocado pela desenfreada e mal calculada intervenção assistencialista e paternalista de políticas públicas sociais, exigindo a equalização dos programas sociais em consonância com as capacidades econômicas de cada nação.
d) fase da redefinição.
1ª Fase: Fase da Tutela Familiar ou Comunitária
Foi marcada pelo caráter privado das contingencias sociais (pela própria família ou pela comunidade) = não havia proteção Estatal. Assim, a assistência pública estava fundada na caridade (conduzida pela Igreja) e, mais tarde, por instituições públicas (primeira etapa da proteção social).
O indivíduo que se encontrava em situação de necessidade (desemprego, doença e invalidez) socorria-se da caridade dos demais membros da comunidade. Nessa fase, não havia direito subjetivo do necessitado à proteção social, e o indivíduo ficava condicionado à existência de recursos destinados à caridade.
Essa fase perdurou até a edição da Lei de Amparo aos Pobres (Poor Relief Act), editada em 1601, na Inglaterra. Foi editada pela Rainha Maria Elizabeth, razão pela qual também é chamada de Lei Elizabetana.
2ª Fase: Assistencialismo
a) Lei dos Pobres
A tutela no âmbito privado passou ao âmbito Estatal por meio da edição da “Lei dos Pobres”, essa que é um grande marco da seguridade social, uma vez que é a primeira lei assistencial da história mundial.
Essa lei foi publicada em razão da condição de precariedade que os camponeses passaram a viver nas cidades após terem saído dos campos (êxodo rural) passaram a viver nas cidades. Chegavam nas cidades e não tinham nenhuma estrutura social, como trabalho ou onde morar. Esses indivíduos
começaram a causar muita instabilidade social,uma vez que os cidadãos que já moravam nas áreas urbanas passaram a temer a respeito dos futuros atos desses camponeses em situação de vulnerabilidade (pois, possivelmente, eles passaram a cometer delitos a fim de ter meios para a sua sobrevivência). Passou a ser também uma preocupação do próprio Governo o que esses indivíduos fariam para se alimentar e conseguir a sua subsistência.
Em razão a esse problema social, o Governo editou a Lei dos Pobres para ajuda-los a garantir a sus subsistência e também ajudando-os a conseguir emprego.
Essa Lei instituiu um assistencialismo financiado a partir de contribuições obrigatórias que
alimentava um fundo para fins sociais (formado com a arrecadação de da taxa obrigatória), mas cabia
à Igreja a administração do fundo e dos programas de assistência social (em especial às crianças, aos idosos, aos inválidos e desempregados).
Surgiu, assim, a assistência pública ou assistência social.
b) Constituição Francesa de 1793
A Constituição pós revolução francesa foi a primeira a consagrar a assistência social como uma “dívida sagrada” (uma obrigação de toda a sociedade cristã da época), movimento que se repetiu nas outras constituições francesas.
3ª Fase: Seguro Social
Em razão de que já não mais bastava a caridade para o socorro dos necessitados em razão de desemprego, doenças, orfandade, mutilações etc. – ou seja, já não mais bastava o assistencialismo – era necessário criar outros mecanismos de proteção, que não se baseassem na generosidade, e que não submetessem o indivíduo a comprovações vexatórias de suas necessidades.
Workmen’s Compensation Act
Trata-se da primeira regra sobre acidente de trabalho. Em 1897, a Inglaterra editou a primeira regra sobre acidente do trabalho. Trouxe o seguro obrigatório contra acidente do trabalho e alterou o ônus da prova (antes dessa lei, o empregado poderia processar o seu empregador, mas teria que provar a culpa do seu empregador pelo dano causado). Essa lei foi um verdadeiro avanço, uma vez que a partir dela, o empregado apenas tinha que demonstrar que o seu prejuízo ocorreu em decorrência de acidente de trabalho (não tinha mais o ônus de demonstrar a culpa do empregador) e tinha o direito a receber o seguro obrigatório.
Old Men Pensions Act
Também criado na Inglaterra, em 1908, trata-se da criação de pensões de caráter não contributivo para indivíduos com 70 anos ou mais, que seria um patrocinadas pelas novas gerações. Inicio do pacto de gerações: as gerações que estão trabalhando patrocinam as aposentadorias daqueles que não estão mais trabalhando (que estão aposentados e que não mais contribuem – por isso que era “não contributivo”). Cumpre salientar que poucos indivíduos chegavam a essa idade naquela época.
Mas a fase do seguro social foi marcada pelo sistema Bismarkiano, que passou a ser implementado em 1883. O Chanceler alemão Otto Von Bismarck instituiu o primeiro sistema de seguro social (origem da Previdência Social).
c) Sistema Bismarkiano (1883-1911)
O sistema Bismarkiano passou a ser implementado em 1883. Trata-se da criação do primeiro sistema previdenciário que se tem notícia. Surgiu na Alemanha por Oto Von Bismark (por isso, conhecido como sistema Bismarkiano). Foi implementado gradativamente até que em 1911 cria-se o código do seguro social alemão. Esse é o instituto histórico que possui maior relevância para os nossos estudos de direito previdenciário no Brasil.
Esses código de sistema social possuía as seguintes proteções (codificou as seguintes proteções):
seguro contra invalidez e proteção à velhice;
seguro contra acidente do trabalho; e
seguro contra doenças.
Motivação: conter qualquer tipo de movimentos socialistas e/ou comunistas na Alemanha. Uma vez
que a instituição do sistema foi fruto da pressão popular em face das precárias condições (fase da Revolução Social) de trabalho existentes à época.
O seu financiamento era tripartite: Estado, empregados empregadores contribuíam.
d) Constitucionalismo social
Outro ponto de grande relevância é o constitucionalismo social, ou seja, o fato de as constituições passarem a positivar e consagrar os direitos sociais. Trata-se da positivação nas Constituições de temas relacionados a seguridade social. A primeira Constituição a trazer o constitucionalismo social foi a Constituição do México. E a Constituição a trazer o constitucionalismo social com maior relevância foi a Constituição de Weimar (maior amplitude mundial). Assim, temos:
1917: Constituição do México;
1918 Constituição da União Soviética (URSS);
1919: Constituição de Weimar (Alemanha).
Atenção:
Cumpre salientar que o seguro decorria do contrato, e era de natureza facultativa, isto é, dependia da manifestação da vontade do interessado.
Era privilégio de uma minoria que podia pagar o prêmio, deixando fora da proteção a grande massa assalariada.
A partir de Bismarck e, principalmente, da II Guerra Mundial, ganhou força a ideia de que o seguro social deveria ser obrigatório e não mais restrito aos trabalhadores da indústria, ao mesmo tempo em que a cobertura foi estendida a riscos como doença, acidente, invalidez, velhice, desemprego, orfandade e viuvez.
Era necessário criar um seguro de natureza obrigatória, que protegesse os economicamente mais frágeis, aos quais o Estado deveria prestar assistência
Posteriormente, ao tornar-se obrigatório, o seguro social:
Passou a conferir direito subjetivo ao trabalhador e passou a ser organizado e administrado pelo Estado;
O custeio passou a ser dos empregadores, dos empregados e do próprio Estado (tripartite);
A solidariedade ganhou contornos jurídicos, tornando-se o elemento fundamental do conceito de proteção social, que, cada vez mais, foi se afastando dos elementos conceituais do seguro civilista.
A par da questão econômica caminhava, ainda, a luta pela garantia dos direitos sociais.
4ª Fase: Seguridade Social
O seguro social nasceu da necessidade de amparar o trabalhador, protegê-lo contra os riscos do trabalho, mas ele já não era mais suficiente: passou a ser necessário um sistema de proteção social que alcançasse todas as pessoas e as amparasse em todas situações de necessidade, em qualquer momento de suas vidas.
Ademais, o seguro social já não atendia às necessidades sociais, porque era limitado apenas aos trabalhadores vinculados por contrato de trabalho, com certa remuneração quando em serviços não manuais. Ficavam sem cobertura os trabalhadores “por conta própria”, isto é, sem vínculo de emprego, que constituíam a parcela da massa pobre da população, justamente a que mais precisava da proteção do Estado.
Assim, enquanto a terceira fase protegia apenas os trabalhadores, a quarta fase passou a proteger as pessoas em caráter universal.
Essa necessidade de proteção universal também se desenvolveu em razão do pós-guerra. A II Guerra Mundial causou grandes transformações no conceito de proteção social: Territórios devastados,
trabalhadores mutilados, desempregados, órfãos e viúvas, tudo isso mostrou ser necessário o esforço internacional de captação de recursos para a reconstrução nacional, o socorro aos feridos, desabrigados e desamparados e, ainda, para fomentar o desenvolvimento; acontecimentos totalmente diversos dos que levaram ao surgimento do seguro social.
a) Plano Beveridge
Em 1941, a Inglaterra instituiu o Plano Beveridge (criado pelo economista inglês William Henry Beveridge): instituiu um plano de proteção social de caráter universal (para proteger o cidadão “do berço ao túmulo”). O Plano Beveridge não atendia apenas os trabalhadores, mas toda a sociedade.
O Plano Beveridge é até hoje considerado o marco inicial da Seguridade Social. Esse plano foi estruturado pelo sistema de custeio tríplice, ou seja, a fonte de custeio da seguridade social advinha do Estado, do trabalhador e do empregador. O estado passando também a contribuir para o sistema de seguridade social que buscava alcançar toda a sociedade.
Atenção:
Ao analisar essas fasesiniciais em relação à fase embrionária, vemos que, na fase embrionária (direito romano) quem contribuía era somente o próprio empregado que contribuía para que ele pudesse ter
alguma garantia; mas o sistema foi evoluindo e os empregadores também passaram a contribuir e o Estado também.
3. FUNDAMENTOS E MARCOS LEGISLATIVOS QUE INFLUENCIARAM O MODELO DE SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL:
O plano Beveridge e o modelo Bismarkiano são grandes marcos da seguridade social.
O plano Beveridge (que foi antecedido, na Inglaterra, pela Lei dos Pobres) era um modelo não contributivo, ou seja, todos teriam direito à seguridade social sem pagar nada.
Já o modelo Bismarkiano (que foi antecedido, na Alemanha, pela Lei dos Seguros Sociais) era um modelo contributivo, ou seja, destinado somente às pessoas que contribuíram.
Como veremos no próximo item, esses dois modelos influenciaram o modelo Brasileiro, uma vez que a seguridade social no Brasil contempla o modelo contributivo e o modelo não contributivo: sendo “não contributivo” na saúde e na assistência social; e “contributivo” na previdência:
Assim, no Brasil, temos a seguridade social como gênero, que possui três espécies: previdência social, direito à saúde e assistência social. A previdência social, a saúde e assistência social são os três pilares da seguridade social no Brasil.
A seguridade social relativa à saúde é um direito de todos que independe de contribuição (modelo não contributivo); assim como a seguridade social relativa à assistência social, porém, essa somente está
destinada aos necessitados. Ex.: uma pessoa muito rica pode ser assistida de graça no SUS, mas não teria direito a receber um beneficio da assistência social (como bolsa-família), pois ele não necessita receber assistência da seguridade social.
A seguridade social relativa à previdência social é um modelo contributivo, ou seja, somente receberá valores de aposentadoria aqueles que contribuíram.
Assim, mesmo que uma pessoa não contribua para a previdência social, ela terá acesso saúde e à assistência social.
Questões
		Apontamentos:
Tratam-se de marcos legislativos. Mas se a prova perguntar	quais foram	as	primeiras	constituições
que	trouxeram	o	tema	da seguridade social?
		Apontamentos:
O sistema de seguridade brasileiro e os fundamentos que os inspiraram.
		Questão clássica de prova.
		
Resumo
AULA 02 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL, A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 (NORMAS GERAIS) E PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL
Em nossa atual conjuntura, percebemos um Estado que visa à proteção da população, ofertando serviços de saúde gratuitamente, benefícios assistenciais para a população necessitada (como exemplo, o Bolsa-Família) pelo menos o mínimo, garantindo a dignidade humana e as garantias fundamentais, mas nosso Estado/país demorou até chegar nesta realidade.
Ainda estamos em evolução, é claro, mas por muito tempo não se falava em um Estado de direitos e nem em garantir proteção social.
No Brasil, a história da previdência segue carreira similar àquela vivida no resto do mundo, ou seja: da total desregulamentação ainda no tempo do Brasil Colônia e Império, passando por iniciativas privadas e voluntárias das comunidades com algum amparo normativo, até chegar à plena intervenção Estatal.
O sistema de Seguridade Social (conjunto de ações na área de Saúde, Assistência Social e Previdência Social, visando ao bem-estar e à justiça social) surge na preocupação de proteção social, quando as pessoas encontram-se diante de infortúnios (o que é denominado hoje como “risco social”) sendo recente na nossa história esta proteção por parte do Estado.
Santa Casa de Misericórdia, 1543
Em 1543, tivemos as primeiras manifestações da seguridade, com a criação da primeira Santa Casa de Misericórdia (criada por Brás Cubas, fidalgo explorador português) chamada inicialmente de “Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos”, na atual cidade de Santos, sendo o primeiro hospital e instituição assistencial em nosso país.
Os Montepios
Em 1795, foi instituído um plano de benefícios dos órfãos e viúvas dos oficiais da Marinha; e, em 1808, foi desenvolvido o Montepio para a guarda pessoal de D. João VI e a Mongeral, em 1835, que era o Montepio Geral da Economia dos Servidores do Estado. Os Montepios estavam organizados em um sistema de previdência privada mutualista, ou seja, os indivíduos se associavam e contribuíam para um fundo comum, o qual realizava a cobertura de algumas situações, como morte, invalidez com o pagamento de benefícios.
Montepios são instituições em que, mediante o pagamento de quotas, cada membro
adquire o direito de, por morte, deixar pensão pagável a alguém de sua escolha. São essas as manifestações mais antigas de previdência social no Brasil.
A Constituição de 1824
A CF passou a prever a hipótese de “socorros públicos” enquanto ação de natureza assistencial (art.
179, XXXI).
Após a CF/1824, surgiram:
Em 1888, o Decreto n. 9.912-A regulamentou a aposentadoria dos funcionários do correio, fixando idade mínima para recebimento e requisitos para concessão;
Em 1889, o Decreto n. 10.269 seguiu no mesmo caminho, criando o Fundo de Pensões do Pessoal das Oficinas de Imprensa Nacional;
Em 1890, a aposentadoria dos empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, e o montepio obrigatório dos funcionários do Ministério da Fazenda.
Constituição de 1891
O termo aposentado passa a constar em norma constitucional, que previa o direito de inativação somente aos funcionários públicos em caso de invalidez no serviço da Nação.
Legislação acidentária de 1919
Temos a criação do Seguro-Acidente de Trabalho. O Decreto 3.724/1919 foi a primeira legislação que tratou especialmente do acidente do trabalho. Trouxe importantíssimas inovações quando ao ônus da prova, que passou a responsabilização pela indenização ao empregador, “não havendo necessidade de se discutir de quem teve culpa no acidente”.
f)	A Lei Eloy Chaves, em 1923: Marco da Previdência Social (privado) no Brasil
A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n. 4.682, de 24 de janeiro), dá o pontapé inicial nos sistemas previdenciários no Brasil, criando as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para os empregados
das empresas ferroviárias e que originalmente foram organizadas por empregados e empresas. Cada empresa organizava a sua CAP. Era privado e não estatal.
Atenção: Esta lei não foi a primeira norma a tratar da matéria previdenciária, mas ela marca o início da Previdência Social no Brasil porque a partir dela houve uma extensão da proteção previdenciária para outras categorias profissionais. A partir dela, outras leis se sucederam, ampliando proteção previdenciária para empregados de outros setores como os portuários, dos serviços telegráficos, etc.
O dia da previdência social se comemora no dia 24 de janeiro no Brasil, uma vez que essa foi a data da edição da Lei, em 1923.
Antes da Lei Eloy Chaves, tivemos:
Importa salientar que a Lei Eloy Chaves determinou a criação das caixas de aposentadorias e pensões, em um primeiro momento, para os ferroviários, contudo, não houve a criação específica de um regime próprio voltado para os servidores públicos. Na realidade, essa lei é o principal marco de criação da Previdência Social em caráter privado (não público).
De 1923 em diante, a Lei Eloy Chaves passaria a ser paulatinamente estendida a diversas outras categorias, abrangendo cada vez mais trabalhadores, de modo que passou a ser criada uma Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para cada empresa (elas que organizavam e geriam as CAPs com a participação dos seus empregados).
g)	Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs)
O crescimento da população urbana e a ampliação do sindicalismo levaram a uma tendência de organizaçãoprevidenciária por categoria profissional, o que fortaleceu as instituições de previdência, que foram assumidas pelo Estado, surgindo então os Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs.
Em 1930, o presidente Getúlio Vargas suspende as aposentadorias das CAPs durante seis meses e promove sua extinção após este período, substituindo-as pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) em 1933.
Dessa forma, ao invés de cada empresa ferroviária ter a sua caixa de aposentadorias e pensões (CAPs), passou a existir um instituto de aposentadoria para os ferroviários. Assim, ao invés de existir um CAP para cada empresa ferroviária (um CAP para a empresa A, outro CAP para a empresa ferroviária B, etc), passou a existir um instituto de aposentadoria e pensão para todos os ferroviários. Assim, quem era ferroviário fazia parte do mesmo IAP.
O IAP (instituto de aposentadoria e pensões) foi a unificação do CAP (caixa de aposentadorias e pensões). O IAP era dividido por categorias profissionais (ex. marítimos, bancários, etc.) e tinha natureza Estatal, pois era organizado pelo Estado (enquanto as CAPs eram organizadas pelas empresas).
1933 – IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos;
1934 – IAPC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos comerciários (Decreto n° 24.272, de 21 de maio de 1934);
1934 – IAPB – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários Decreto nº 24.615, de 9 de julho de 1934);
1936 – IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (Lei n° 367, de 31 de dezembro de 1936);
1938 – IPASE – Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do Estado (Decreto-Lei n° 288, de 23 de fevereiro de 1938);
1938 – IAPETEC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (Decreto-Lei n° 651, de 26 de agosto de 1938);
1939 – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Operários Estivadores (Decreto-Lei n° 1.355, de 19 de junho de 1939);
1945 – ISS – O Decreto n° 7.526, de 7 de maio de 1945, dispôs sobre a criação do Instituto de Serviços Sociais do Brasil.
1945 – IAPTEC O Decreto-Lei n° 7.720, de 9 de julho de 1945, incorporou ao Instituto dos Empregados em Transportes e Cargas o da Estiva e passou a se chamar Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Estivadores e Transportes de Cargas.
1953 – CAPFESP – Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e de Empresa do Serviço Público
(Decreto nº 34.586, de 12 de novembro de 1953);
1960 – IAPFESP – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos (Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, art. 176 – extinta a CAPFESP).
A criação dos institutos de aposentadoria e pensões (IAPs), na década de 1930, representou uma mudança na postura do Estado em relação à política de proteção social, que passou a assumi-la, cada vez mais, como sua atribuição. Ainda que preservando a forma fragmentada de organização institucional, o Estado passa a participar como co-financiador e co-gestor.
h)	A Constituição de 1934
Também é considerada um marco, por reconhecer que a previdência seria abastecida por três fontes distintas de financiamento: o Estado, o empregado e o empregador. A partir dos marcos já apontados, houve uma farta regulação normativa (leis e decretos) da previdência (alguns mais relevantes que outros).
Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS)
Um exemplo importante é a LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social, editada pela Lei n. 3.807/60, que unificou toda legislação referente aos institutos de pensão e aposentadoria num único regulamento geral.
Fundo de assistência e Previdência do trabalhador rural - FUNRURAL (Lei n. 4.214/1963)
Criado em 1963, o Funrural, criou a previdência social dos trabalhadores rurais que até então não existia. Era financiado por meio de imposto (contribuição previdenciária) aplicado sobre a receita bruta obtida com a comercialização da produção rural. Ele funciona como o INSS, só que é voltado para os trabalhadores rurais.
Porém, o benefício da previdência social recebida pelos trabalhadores rurais era equivalente apenas à metade de um salário mínimo, enquanto o benefício do trabalhador urbano era de um salário mínimo. E, 1971 foi criado o PRORURAL e o FUNRURAL virou uma autarquia, mas, em razão dessa
desigualdade, o Funrural acabou com a CF/88, uma vez que não pode haver diferença entre o trabalhador rural e o trabalhador urbano (princípio da igualdade).
k)	O Instituto Nacional da Previdência Social – INPS (Decreto-Lei 72/1966)
O governo da ditadura, em 1964, reformulou todo o sistema previdenciário, culminando na reforma previdenciária de 1966, por meio do Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966, que uniu os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões existentes na época (IAPM, IAPC, IAPB, IAPI, IAPETEL, IAPTEC), criando o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS.
O INPS unificou as ações da previdência para os trabalhadores do setor privado, exceto os trabalhadores rurais e os domésticos. No decorrer da década de 1970, a cobertura previdenciária expandiu-se com a concentração de recursos no governo federal, especialmente devido às seguintes medidas: em 1972, a inclusão dos empregados domésticos; em 1973, a regulamentação da inscrição de autônomos em caráter compulsório; em 1974, a instituição do amparo previdenciário aos maiores de 70 anos de idade e aos inválidos não-segurados (idade alterada posteriormente); em 1976, extensão dos benefícios de previdência e assistência social aos empregadores rurais e seus dependentes.
A criação do INPS unificou todos os IAPs e os agrupou no INPS. A incorporação de todos os IAP pelo Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), consolidou o sistema previdenciário brasileiro, bem como criou o Seguro Acidente de Trabalho e outras categorias até então não cobertas pelo seguro previdenciário.
Vale lembrar que primeiramente haviam as CAPs (caixas de assistência e pensões dos trabalhadores, ligadas à cada empresa) e essas foram substituídas pelo IAPs (instituto de aposentadoria e pensões, ligados à categoria profissional, de natureza estatal). Porém, haviam muitos institutos de aposentadoria e pensões no Brasil, pois havia um para cada categoria profissional, razão pela qual, em 1967, houve uma unificação do sistema de previdência, sendo, assim, fundado o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS, que foi o embrião do INSS).
Na década de 70, inovações importantes aconteceram na legislação previdenciária, disciplinadas por vários diplomas legais, surgindo a necessidade de unificação.
Em 1974 foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social. A criação de um ministério específico para essa área distinguiu oficialmente previdência de assistência. Em 1976 ocorreu a unificação da legislação previdenciária com a CLPS (Consolidação das Leis da Previdência Social) por meio do Decreto nº 77.077. No ano seguinte, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS.
Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS)
Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS), tratando-se de uma reforma administrativa (não houve nenhum acréscimo de direitos ou deveres aos cidadãos), a fim de unir e integrar as áreas de assistência social, previdência social, assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. Visava à progressiva universalização da proteção social no Brasil
O SINPAS contava com os seguintes órgãos:
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS): Autarquia responsável pela administração dos benefícios.
Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS): Autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições.
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) – Autarquia responsável pela saúde (quem contribuía para a previdência poderia utilizar essa assistência medica).
Fundação Legião Brasileira de Assistência(LBA): Fundação responsável pela assistência social principalmente de idosos e gestantes carentes.
Fundação Nacional do Bem-estar do Menor (FUNABEM): Fundação responsável pela promoção de política social em relação aos menores carentes.
Central	de	Medicamentos	(CEME):	Órgão	ministerial	responsável	pela	distribuição	de medicamentos.
Empresa	de	Processamento	de	Dados	da	Previdência	Social	(Dataprev):	Empresa	pública responsável por gerenciar os sistemas de informática previdenciários.
*observação: O Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social): criado em 1977, liderava a saúde pública antes do SUS ser criado (em 1990). Contudo, esse sistema não fornecia acesso universal à saúde, pois somente quem trabalhava em empregos formais e contribuíam com a Previdência Social eram atendidos.
O Inamps surgiu pela pressão das grandes companhias, que não queriam que seus funcionários perdessem dias de trabalho por motivo de doença. O sistema era mantido tanto pelo governo, quanto pelo empregador e também pela população. As pessoas que não se encaixavam na categoria exigida tinham de buscar o sistema privado ou mesmo instituições como as Santas Casas de Misericórdia e os hospitais universitários, que realizavam atendimento gratuito.
O número dessas instituições, no entanto, era muito pequeno para a demanda. Assim, somente com a criação do SUS (após a CF/88) que a saúde passou a ser universal e pensar no brasileiro como um ser humano e não uma máquina.
Todos os órgãos supracitados do SINPAS foram extintos (por exemplo, o INAMPS, que funcionava junto ao INPS, foi extinto e seu serviço passou a ser coberto pelo SUS), exceto a Dataprev, que existe até hoje, com a função de gerenciar os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social.
m)	Constituição de 1988
A Constituição de 1988 foi a primeira CF a reunir a previdência, a assistência social e a saúde em um único sistema de seguridade social – ou seja, com a Constituição de 1988, foi criado o conceito de Seguridade Social composto pelas áreas da Saúde, Assistência e Previdência Social.
A saúde, a assistência social e o sistema previdenciário passam a ser parte integrantes de um sistema maior, o da Seguridade Social, que envolvendo os benefícios (aposentadoria, pensões, auxílios previdenciário), o seguro-desemprego, a assistência social e a saúde.
A Constituição de 1988 foi a que reuniu, no plano constitucional, as três atividades da seguridade social: saúde, previdência social e assistência social, conforme previsto no Plano Beveridge, de 1942.
As fontes de financiamento do sistema são: as contribuições sobre o lucro líquido das empresas, a Confins, o PIS-PASEP e as contribuições calculadas sobre a folha de salários.
n)	Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (FUSÃO INPS + IAPAS = INSS)
Em 1990, durante a gestão do então presidente Fernando Collor de Melo, o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social) se fundiu ao IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social) para formar o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), autarquia vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, atual Ministério da Previdência Social – MPS.
Compete ao INSS a operacionalização do reconhecimento dos direitos da clientela do Regime Geral de Previdência Social – RGPS. No art. 201 da CF/88, observa-se a organização do RGPS, que tem caráter contributivo e de filiação obrigatória, e onde se enquadra toda a atuação do INSS, logicamente respeitadas as políticas e estratégias governamentais oriundas dos órgãos hierarquicamente superiores, como o MPS. O INSS caracteriza-se, portanto, como uma organização pública prestadora de serviços previdenciários para a sociedade brasileira.
Resumo
Se tivéssemos que resumir a evolução histórica da previdência social brasileira, até o marco da Constituição de 1988, deveríamos que elencarar, em primeiro lugar, a Lei Eloy Chaves, uma vez que ela criou caixas por empresa, ou seja, determinou a criação, em cada empresa de estrada de ferro do país, de uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos empregados e seus dependentes. Em seguida aos ferroviários, surgiram leis sucessivas que estenderam o regime das caixas a outras categorias de trabalhadores, o que muito elevou o número de caixas em nosso país, razão pela qual teve início um movimento de fusão das caixas, essas que acabaram reduzidas a uma única por categoria e depois foi transformada em Institutos por categoria profissional (Instituto de Aposentadoria e Pensões). Mais tarde, em 66, foi realizada a unificação institucional por meio da criação do INPS, em 1967. Sim, a expressão “aposentadoria e pensões” foi substituída por “previdEm 1975, o seguro contra acidentes do trabalho foi estendido ao trabalhador rural e no mesmo ano a previdência social foi estendida ao empregador rural e seus dependentes.ência social”, na qual se contém, além daquelas prestações pecuniárias básicas, assistência médica.
O FUNRURAL foi criado em 1963 e reformulado em 1967 e, em 1971, foi instituído o programa de assistência ao trabalhador rural, PRORURAL, e em 1975, o seguro contra acidentes do trabalho foi
estendido ao trabalhador rural e, no mesmo ano, a previdência social foi estendida ao empregador rural e seus dependentes.
O INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) foi criado em 1967 e unificou as ações da previdência para os trabalhadores do setor privado e em 1976, estendeu os benefícios de previdência e assistência social aos empregadores rurais e seus dependentes. O INPS unificou todos os IAPs e os agrupou no INPS e consolidou o sistema previdenciário brasileiro, bem como criou o Seguro Acidente de Trabalho.
Em 1976 ocorreu a unificação da legislação previdenciária com a CLPS (Consolidação das Leis da Previdência Social) por meio do Decreto nº 77.077. No ano seguinte, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS. Após alguns anos, todos os órgãos supracitados do SINPAS foram extintos (por exemplo, o INAMPS, que funcionava junto ao INPS, foi extinto e seu serviço passou a ser coberto pelo SUS), exceto a Dataprev, que existe até hoje, com a função de gerenciar os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social.
Com a Constituição de 1988, foi criado o conceito de Seguridade Social composto pelas áreas da Saúde, Assistência e Previdência Social.
Em 1990, o INPS se fundiu ao IAPAS para formar o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), autarquia a qual compete a operacionalização do reconhecimento dos direitos da clientela do Regime
Geral de Previdência Social – RGPS. O INSS caracteriza-se, portanto, como uma organização pública
prestadora de serviços previdenciários para a sociedade brasileira.
Quadro resumo:
Questões2
2 Gabarito: 01/certo; 02/errado; 03/certo; 04/certo; 05/errado; 06/letra c; 07/errado(pois não em empresa publica, é autarquia); 08/errado (pois surgiu com a fusão do INPS e do IAPAS).
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5. A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 — NORMAS GERAIS
Com a promulgação da CF/88, passamos a um Estado Democrático de Direito (art. 1º, CF/88), o que passa a ensejar uma intervenção do Estado na ordem econômica e na ordem social, tendo como
núcleo axiológico – o principal valor a ser considerado, nosso princípio maior – a dignidade da pessoa humana (sendo esse, um dos fundamentos da nossa República Federativa).3
Conforme o art. 1º da CF/88, a RFB possui como fundamento, além da dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. E, ato contínuo, possui como um de seus objetivos, a construção de uma sociedade livre justa e solidária (art. 3º, CF/88).
A solidariedade é o objetivo da nossa RFB, sendo, assim, o fundamento da seguridade social.
Além dos supracitados fundamentos e objetivos, cumpre ressaltar que a nossa Lei Maior instituiu, em seu art. 6º, alguns direitos sociais,estando entre eles, a previdência social e a assistência social:
3 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; II - a cidadania
- a dignidade da pessoa humana;
- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
- o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Do rol acima, contido no art. 6º, estão contemplados os subsistemas que compõem a seguridade social, quais sejam, a saúde, a previdência social e a assistência aos desemparados.
Já ao tratar da ordem social, o Legislador Constituinte estabeleceu como objetivo o bem estar social e a justiça social, que se materializa por meio dos subsistemas da seguridade social, que visa alcançar o desenvolvimento do nosso país, diminuindo as diferenças.
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem- estar e a justiça sociais.
É do art. 194 da CF o atual conceito da seguridade social como um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Assim, a Constituição deseja que todos estejam protegidos, de alguma forma, dentro da seguridade social. Razão pela qual a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
6. A RELAÇÃO JURÍDICA DE SEGURIDADE SOCIAL
Estando a seguridade social assentada no tripé Previdência Social, Assistência Social e direito à saúde, engloba três tipos diferentes de relações jurídicas: relação jurídica de previdência social, relação jurídica de assistência social e relação jurídica de assistência à saúde.
		relação jurídica de previdência social;
	Relação	jurídica	de	seguridade	social
(engloba três tipos):	relação jurídica de assistência social; e
		relação jurídica de assistência à saúde.
Quanto aos sujeitos da relação jurídica de seguridade social:
São sujeitos da relação jurídica de seguridade social:
a) sujeito ativo: quem dela necessitar;
b) sujeito passivo: os poderes públicos (União, Estados e Municípios) e a sociedade.
Quanto ao objeto:
O objeto da relação jurídica de seguridade social, não é o risco, mas, sim, a contingência (a situação da vida, como invalidez ou maternidade) que gera a consequência-necessidade, objeto da proteção. O que importa é a consequência que o fato produz: a relação jurídica de seguridade social nasce após a ocorrência da contingência, para, então, reparar a consequência-necessidade decorrente.
Isso porque o objeto da seguridade social não está sempre ligado a um dano ou risco.
Vejamos: para a seguridade social, não se mostra adequada para a definição do objeto da sua relação jurídica a noção civilista fundado no risco (como era no passado, quando apenas havia o seguro social). Na época em que apenas havia o seguro social, a proteção era apenas securitária (ou seja, o trabalhador contratava um seguro social, que pagava sua contribuição e os riscos estavam fixados em lei e quando ocorria o sinistro (risco acontecido), o dano decorrente era coberto pela indenização, logo, só existia direito à cobertura se o segurado tiver pago o prêmio e se o sinistro ocorreu). Assim, havia um seguro contra um determinado risco diretamente ligado a dano, cujo prejuízo era recomposto com a indenização.
Por essa razão, para a seguridade social atual, não se mostra adequada a noção ligada ao seguro social (fundada no risco) porque nem sempre a proteção da seguridade se destina a reparar danos. Ex: a invalidez, que causa incapacidade para o trabalho, é, evidentemente, dano que tem cobertura previdenciária ou assistencial, conforme a hipótese. Porém, a maternidade também tem cobertura pela seguridade social, porque a segurada mãe fica impossibilitada de trabalhar e prover seu sustento e de sua família por um período; entretanto, não se pode conceituar a maternidade como dano.
Ademais, o objeto da seguridade social não pode estar ligado ao conceito de seguro porque na seguridade social brasileira nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de proteção social.
Dessa forma: a pessoa que não contribui tem direito à assistência social (desde que dela necessite); todos têm direito à assistência à saúde (independentemente de contribuição para o custeio) e a pessoa que contribui torna-se segurada da previdência social (logo, apenas, a relação jurídica previdenciária se aproxima da noção civilista de seguro, porque sempre dependerá do pagamento de contribuições do
segurado, porém, não há contrato, mas, sim, situações cuja cobertura sempre é definida, taxativamente, pela Constituição e pela legislação infraconstitucional).
Então, o objeto da relação jurídica de seguridade social não é o risco, mas, sim, a contingência (a situação da vida, como invalidez ou maternidade) que gera a consequência-necessidade, objeto da proteção. O que importa é a consequência que o fato produz: a relação jurídica de seguridade social nasce após a ocorrência da contingência, para, então, reparar a consequência-necessidade decorrente.
Portanto, todos os que vivem no território nacional, de alguma forma, estão ao abrigo do “grande guarda-chuva da seguridade social”, pois a seguridade social é direito social, cujo atributo principal é a universalidade, impondo que todos tenham direito a alguma forma de proteção, independentemente de sua condição socioeconômica.
Assim, temos que o direito subjetivo às prestações de seguridade social depende do preenchimento de requisitos específicos.
Para ter direito subjetivo à proteção da previdência social, é necessário ser segurado, isto é, contribuir para o custeio do sistema porque, nessa parte, a seguridade social é semelhante ao antigo seguro social. Nesse caso, a proteção social se dará pelo recebimento do benefício previdenciário correspondente à contingência-necessidade que o atingiu (velhice, invalidez, maternidade, etc);
O direito subjetivo às prestações de assistência social é dado a quem dela necessitar, na forma da lei, também independe de contribuição para o custeio (caso o necessitado não seja segurado de nenhum dos regimes previdenciários disponíveis, e preencha os requisitos legais, terá direito à assistência social);
O direito subjetivo à saúde é de todos (ricos ou pobres), e independe de contribuição para o custeio (segurados da previdência ou não, têm o mesmo direito à saúde, art. 196).
7. COMPOSIÇÃO DOS SUBSISTEMAS DA SEGURIDADE SOCIAL
Vejamos, abaixo, o quadro de composição dos três subsistemas da Seguridade Social:
Dos três subsistemas, somente a previdência social é contributiva ou autofinanciada, ou seja, depende de recursos obtidos com os próprios beneficiários sem os quais a parte não receberá o benefício:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de carátercontributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei.
Distintamente, a saúde e a assistência social são financiadas por contribuições sociais e por repasses dos cofres públicos, de modo que o acesso ao benefício independe de pagamentos prévios dos próprios beneficiários.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos (...).
Algumas importantes conquistas sociais são consagradas na CF/88:
acesso universal ao sistema de saúde pública;
previsão de benefícios ao idoso e deficiente hipossuficiente;
vinculação do benefício ao salário mínimo;
redução da faixa etária para aposentação do trabalhador rural; garimpeiros e pescadores artesanais;
direito à pensão por morte independente do estado de saúde.
8. FONTES DA SEGURIDADE SOCIAL
SOB O ASPECTO MATERIAL, as fontes da seguridade social podem ser classificadas em variáveis sociais, econômicas e políticas que orientam a produção das normas jurídicas (que irão se materializar em leis, decretos, etc.). Por exemplo: Reforma Previdenciária (EC n. 103 de 2019), na qual foi levado em consideração esses fatores que serviram de fundamento para a Reforma, tais como o déficit previdenciário, a inversão da pirâmide, o combate à fraude previdenciária, entre outros inúmeros fatores sociais, econômicos e políticos que foram levados em consideração para ensejar a reforma da previdência.
SOB O ASPECTO FORMAL: as variáveis supracitadas se materializam na CF/88, Leis Complementares e Ordinárias, Medidas Provisórias, Decretos, Jurisprudência (Súmulas Vinculantes, decisões em ADINs e ADCs etc.)
Sob esse aspecto, a fonte primordial do Direito Previdenciário é a Constituição Federal. E o extenso rol de normas jurídicas infraconstitucionais sobre o Direito Previdenciário impõe que se atente aos
princípios da supremacia da Constituição e da hierarquia das leis, de modo que cada espécie normativa não exceda os limites traçados pela CF.
9. APLICAÇÃO DAS NORMAS DE SEGURIDADE SOCIAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
A LINDB disciplina a vigência da lei no tempo e no espaço. E fornece algumas regras fundamentais, como a regra (art. 1º, LINDB) que dispõe que a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada e permanecerá em vigor até que outra lei posterior a modifique ou revogue (art. 2º).
É também na LINDB que está proibida a retroatividade da lei, cuja vigência deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (art. 6º), preceito que também é garantia fundamental, na forma do art. 5º, XXXVI, da CF.
Essas regras são importantes em matéria de seguridade social em razão das constantes modificações legislativas, notadamente na área da previdência social.
Princípio do Tempus Regit Actum:
Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio segundo o qual tempus regit actum: aplica-se a lei vigente na data da ocorrência do fato, isto é, da contingência geradora da necessidade com cobertura pela seguridade social. Por exemplo: a regra que irá disciplinar o benefício de pensão por morte é aquela vigente no momento da ocorrência do fato gerador desse benefício. O fato gerador será o óbito de um segurado.
Princípio da territorialidade (Regra):
As normas previdenciárias se aplicam a todos que vivem no território nacional, conforme o princípio da territorialidade. Mas há situações, entretanto, em que a lei prevê proteção previdenciária no Brasil para pessoas que estão fora do território nacional.
Assim, aplica-se a norma brasileira previdenciária, excepcionalmente, aos fatos ocorridos no exterior (princípio da extraterritorialidade da legislação previdenciária). Por exemplo: art. 9º a 11, da Lei
n. 8.213/1991, que tratam da figura de quem são os segurados obrigatórios, há situações nas quais brasileiro contratado, domiciliado no Brasil, que presta serviço no exterior, e, mesmo prestando serviço no exterior, ele estará vinculado ao regramento brasileiro (missão diplomática ou a repartição consular).
APLICAÇÃO	INTERTEMPORAL	DA	EMENDA	CONSTITUCIONAL	N.	103/2019 (REFORMA DA PREVIDÊNCIA)
A EC 103/2019 foi promulgada em 13/11/2019 e nesse dia passou a produzir efeitos. Passamos a ter três situações diferentes:
Situação daqueles que já tinham preenchidos os requisitos antes da EC 103/2019 (antes de 13/11/2019) = Segurados filiados ao RGPS antes da EC n. 103/2019 e cumpriu com todos os requisitos antes da EC n. 103/2019;
Aqueles que tiveram filiação antes da reforma e vão preencher os requisitos após 13/11/2019;
Aqueles que terão a sua filiação após a reforma (13/11/2019) e, por consequência, terão outro tipo de regramento.
1ª) Na primeira situação estamos diante de um DIREITO ADQUIRIDO, pois a sua vida previdenciária começou antes da EC n. 103/2019 e preencheu os requisitos também antes da EC n. 103/2019; como os requisitos para a obtenção do benefício foram preenchidos antes da EC n. 103/2019; aplica-se as REGRAS ANTIGAS (mesmo que o requerimento do benefício seja formalizado após a EC n.103/2019). O momento em que ele exerce o direito não é levado em consideração, o que se considera é se preencheu os requisitos antes da EC.
2ª) Na segunda situação temos uma situação intermediária estamos diante de uma EXPECTATIVA DE DIREITO: a pessoa se filiou ao RGPS antes da EC n. 103/2019; mas o cumprimento de todos os requisitos se dará após a EC n. 103/2019. A essa pessoa serão aplicadas as regras de transição previstas na EC n. 103/2019, ou seja, não serão regras tão benéficas quanto as anteriores, mas também não será tão rigorosas, como o regramento novo, introduzido pela reforma da previdência. Mas se as regras permanentes (introduzidas após a reforma) forem mais benéficas do que as regras transitórias, essa pessoa poderá se valer das posteriores (mais benéficas). O que não pode é se valer da regra anterior.
Atenção:
O STF há muito tempo vem decidindo que não há direito adquirido a regime jurídico. Nesse sentido, o julgamento do MS 26.646, Relator Ministro Luiz Fux.4 Fica claro, assim, que os benefícios previdenciários são concedidos e calculados de acordo com as normas vigentes na data em que foram cumpridos todos os requisitos para a sua concessão.
4 “(...) 1. A aposentadoria rege-se pela lei vigente à época do preenchimento de todos os requisitos conducentes à inatividade. 2. Destarte, consoante o art. 3º da Emenda Constitucional 41/2003, somente os servidores públicos que preencheram os requisitos para aposentadoria estabelecidos na vigência da Emenda Constitucional 20/1998 poderiam solicitar o benefício com fundamento na mesma regra editada pelo constituinte derivado. 3. O cômputo do acréscimo de dezessete por cento do período exercido como membro do Ministério Público para a aposentadoria segundo os ditames da Emenda Constitucional n. 20/1998 apenas alcança aqueles que incorporaram o direito de se aposentar pelas regras da aludida emenda. a) In casu, os membros do Ministério Público que não tinham preenchido os requisitos para a aposentadoria quando do advento das novas normas constitucionais passaram a ser regidos pelo regime previdenciário estatuído na Emenda Constitucional n. 41/2003. b) O impetrante, nascido em 23/3/1951, completou os 53 anos de idade apenas em 23/3/2004, posteriormente, portanto, à Emenda Constitucional n. 41/2003, que revogara a EC n. 20/1998, não se aplicando ao caso a emenda constitucional revogada. É o momento em que preenchidos os requisitos para aposentadoria que define a legislação que será aplicada ao caso, não cabendo falar-se em direito adquirido a regimejurídico anterior ao tempo em que preenchidos tais requisitos. 4. Outrossim, é cediço na Corte que não há direito adquirido a regime jurídico, aplicando-se à aposentadoria a norma vigente à época do preenchimento dos requisitos para sua concessão (...)” (j. 12.05.2015, DJe 01.06.2015).
Os segurados que se encontram nessa situação intermediária possuem apenas uma EXPECTATIVA DE DIREITO (segurados filiados ao RGPS antes da EC n.103/2019; mas os requisitos para a obtenção do benefício preenchidos após a EC n.103/2019) e a eles se aplicam as REGRAS DE TRANSIÇÃO previstas na EC n. 103/2019 (são normas não tão favoráveis ao regramento antigo, porém não tão rigorosas quanto o regramento novo).
Obs.: não confundir regras de transição com regras transitórias. A EC n. 103 trouxe essa terceira modalidade, ou seja, regra permanente aplicada aos novos filiados e regra de transição aplicada àquele que já estava filiado, mas não preencheu os requisitos e as regras transitórias, que são aquelas que passam a disciplinar temporariamente um determinado instituto jurídico que a Constituição delegou ao legislador infraconstitucional a disciplina normativa. Por exemplo: a aposentadoria especial, que será disciplinada em Lei Complementar, enquanto não sobrevier essa Lei, o próprio legislador reformista já indica qual norma que será observada temporariamente até sobrevir o novo regramento normativo.
3ª) Na terceira situação estamos diante de RELAÇÕES JURÍDICAS NOVAS (segurados filiados ao RGPS após a EC n. 103/2019; cujos requisitos para a obtenção do benefício serão preenchidos após a
EC n. 103/2019): a esses aplicam-se as REGRAS PERMANENTES E TRANSITÓRIAS (previstas na EC n.103/2019).
11.	VIGÊNCIA DAS NORMAS
Diz respeito à existência jurídica da norma, sendo requisito necessário para a sua eficácia e, consequentemente, para a produção de seus efeitos jurídicos. A norma de Seguridade Social começa a vigorar em todo o país 45 dias após oficialmente publicada (art. 1º, LINDB), salvo disposição em contrário que determine outro prazo.
Em determinadas situações, a Lei está vigorando, mas certos dispositivos ainda não podem produzir eficácia. Por exemplo: uma Lei Previdenciária que venha instituir uma nova contribuição social, majorar uma alíquota, estabelecer um tratamento mais rigoroso. Deve, então, ser observada a anterioridade nonagesimal prevista no parágrafo 6o do artigo 195 da Constituição Federal.
A Emenda Constitucional n. 103 observou essa peculiaridade, pois, ao estabelecer as alíquotas progressivas, instituindo as alíquotas mais gravosas, por consequência, estabele- ceu o prazo de 90 dias para vigorar o que preconiza o parágrafo 6o do artigo 195 da Consti- tuição Federal.
12.	HIERARQUIA DAS NORMAS
A norma superior é fundamento de validade da norma inferior. A lei retira o seu fundamento de validade da CF, enquanto o decreto (ato normativo secundário) retira o seu fundamento de validade nas leis complementares e ordinárias.
A Lei não pode afrontar o texto constitucional, pois retira seu fundamento de validade da própria constituição. Do mesmo modo, na base da pirâmide é possível encontrar os atos nor- mativos secundários, ou seja, os decretos, os regulamentos.
O mesmo ocorre no âmbito da seguridade social, como, por exemplo, no que concerne à assistência social, há um decreto regulamentando, no aspecto previdenciário há a Lei 8.213/1991, mas, com um Decreto regulamentando, é o Decreto n. 3048/1999.
13.	INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DE SEGURIDADE SOCIAL
Precisamos identificar qual o sentido e qual o alcance das normas jurídicas de seguridade social.
Sempre devemos observar os princípios constitucionais na interpretação.
Assim, a interpretação visa determinar o sentido e o alcance das normas jurídicas po meio dos princípios constitucionais que orientam a interpretação das regras; e, havendo algum tipo de conflito entre algum princípio (ou quando estivermos diante de situação que comporte a aplicação de duas normas/duas regras jurídicas) deve ser realizado o Juízo de ponderação para a solução dos conflitos de princípios (qual deve ser mitigado e qual deve ser aplicado);
Métodos: interpretação gramatical (sentido das palavras que compõe o texto normativo); teleológico (finalidade do legislador ao editar o texto), sistemático (não se interpreta individualmente a norma, mas se leva em consideração todo o ordenamento jurídico), histórico (fatores sociais, econômicos e políticos que ensejaram a edição da norma. por exemplo a Reforma oriunda da EC n. 103/2019), interpretação autêntico (realizada por aquele que elabora o texto normativo. Por exemplo: na exposição de motivos de uma Lei, de uma Emenda Constitucional ou Medida Provisória), dentre outros;
O art. 85-A da Lei n. 8.212/1991 traz o critério interpretativo de status de Lei Especial.
Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial.
Na interpretação das normas deve ser ter o foco na efetivação do bem-estar e da justiça sociais. Os resultados da interpretação da legislação previdenciária devem sempre minimizar as desigualdades sempre em plena concordância com princípio da dignidade da pessoa humana.
14.	INTEGRAÇÃO DA NORMA
Visa ao preenchimento de lacunas normativas quando a norma não prever todas as situações. A norma não prevê todas as situações, de modo que alguns fatos jurídicos não estão totalmente contemplados.
Para tanto se utilizam os métodos integrativos*, que podem ser analogia, equidade, costumes e princípios gerais do Direito. (*) LINDB (Decreto-Lei n. 4.657/1942)
15.	PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL
A importância de tratarmos sobre os princípios se demonstra na relevância de estudarmos quais são os alicerces pelos quais se norteiam as normas jurídicas da seguridade social (essa um modo amplo, pois a seguridade social contempla os três subsistemas: saúde, a assistência social e a previdência social).
As regras da seguridade social, portanto, devem ser construídas tendo como base os princípios que a regem, sob pena de se tornarem letra morta, ou serem banidas do ordenamento.
A Seguridade Social observa princípios gerais aplicáveis a todos os demais ramos do Direito (como os princípios da igualdade, da legalidade e da proteção ao direito adquirido), mas também possui princípios específicos ̧ que o artigo 194, parágrafo único, da CF/88 Federal de 1988, chama de objetivos
– porém, tais objetivos se revelam como autênticos princípios setoriais, isto é, aplicáveis apenas à seguridade social.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
- universalidade da cobertura e do atendimento;
- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
- irredutibilidade do valor dos benefícios;
- equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;
- diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019);
- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
15.1.

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