Prévia do material em texto
Sustentabilidade e Responsabilidade Social Professor-Autor Leandro Calve Equipe Coordenadoria de Educação a Distância Coordenador: Edgar Yukio Ishibashi Web designers: Viviane Vicente dos Santos e Sara Azevedo Benedicto Analista EaD: Erionaldo Teixeira Auxiliar EaD: Felipe Grande Equipe de Apoio Designer Instrucional: Viviane Vicente dos Santos Designer Gráfico e Ilustração: Viviane Vicente dos Santos Orientações Ícones Glossário Você sabia? Refletindo... Videoteca Atenção: Sustentabilidade e mercado Chegamos á nossa última aula. Hoje vamos encerrar o assunto “Sustentabilidade e Responsabilidade Social” falando sobre a relação com o mercado. Sim, é importante falar sobre como o mercado, enfim, entende a sua atuação frente aos seus consumidores, aos fornecedores e sociedade de uma forma geral. Tudo isso tentando chegar a uma visão mais prática, o que realmente é feito. Primeiro vamos à pergunta: As empresas realente falam o que fazem? Será que chegar de fato à completa “Sustentabilidade” não seria uma utopia, uma dicotomia entre falar e fazer? Em 2009, em um evento realizado pela ESPM, foi mostrado que em pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, cerca de 92% a 100% das empresas procuram incluir o tema “sustentabilidade” entre objetivos estratégicos, porém apenas 30% aplicam o tema em processos e mudanças. Na verdade isso acontece pelas dificuldades na associação entre economia e aplicação prática, pois os conceitos, como já vimos anteriormente, são fáceis de serem entendidos, porém levantar informação, organizar documentos, mudar processos, treinar pessoas e etc., “custa dinheiro”. Esse é o grande problema, quando as empresas entendem a sua necessidade de trabalhar com o assunto sustentabilidade, porém esbarram na dificuldade financeira para aplicar na prática. Isso também acontece porque muitas empresas ainda não perceberam que trabalhar com sustentabilidade socioambiental não é um custo e sim um investimento. Por isso muitos falam que fazem, mas não fazem na prática. Por isso, na aula passada, falamos sobre a importância de uma formação ampla dos gestores, a fim de haver uma mudança de paradigma no forma de pensar sobre a sociedade, ambiente e economia. Há algumas dificuldades na associação entre economia e aplicação prática da sustentabilidade, muitas empresas ainda não perceberam que trabalhar com sustentabilidade socioambiental não é um custo e sim um investimento. Por isso muitos falam que fazem, mas não fazem na prática. a) Verdadeiro b) Falso Sustentabilidade e inovação Apesar da dificuldade das empresas investirem de forma efetiva na sustentabilidade, mesmo que devagar, há a busca por modelos inovadores tanto de produtos, quanto de processos para que empresas possam se adequar á essa nova realidade. Isso deve ser feito com urgência, pois cada vez mais o consumo aumenta, aumenta também o uso de recursos e por sua vez, aumenta a cobrança também pela preservação. As empresas devem investir em inovação em todas as áreas de atuação, indistintamente, pois em todos os setores há necessidade de ser “sustentável”. Assim as empresas precisam investir em novas tecnologias, novos modelos de negócio e transformações comportamentais: empresa deve crescer ancorada em um todo, ser sustentável. Então, o pensamento sobre esse novo mercado e a nova realidade que estamos vivendo, nos leva a entender um novo conceito sobre sustentabilidade, que não é oficial, mas faz sentido nos nossos dias em função das nossas necessidades: "Uma forma de vida na qual todas as pessoas podem viver melhor, consumir menos e regenerar seus contextos socioambientais" Isso mostra que devemos valorizar os recursos naturais, sociais e culturais da nossa localidade, mudar nossa forma de pensar sobre lugar que vivemos e em relação às pessoas que convivemos. O atual modelo de desenvolvimento exige responsabilidade envolvimento de toda a sociedade O pesquisador Leonardo Castillo mostra na revista ESPM, edição 1/2010, que, deve- se então, seguir um caminho evolucionário de produção que passa por quatro níveis: 1. Otimização dos sistemas de produção existentes. Nesse nível o objetivo é a busca por novos processos e matérias-primas, além de novos materiais que possam ser utilizados para elaborar produtos e serviços amis eficientes e que gerem menos poluição. Pensando na questão social, também buscar processos que impactem menos na forma de vida das pessoas. 2. Desenvolvimento de produtos sustentáveis que substituam os atuais. Aqui a busca é por produtos e processos que consumam menos recursos, ou seja, que sejam mais sustentáveis, que preservem os recursos. 3. Criação e desenvolvimento de sistemas de produto + serviços. O objetivo principal é oferecer serviços junto com os produtos e não uma coisa isolada da outra. Fica fácil entender esse conceito quando imaginamos, hoje, a venda de computadores com “softwares” e espaço de armazenamento na “nuvem”, ou seja, você compra um computador, alguém o instala pra você e já leva as caixas embora para reciclagem. Além disso, você não precisa comprar várias caixas de programas, “pen drives” e “hd’s” externa, basta apenas uma conexão com a internet para que possa usar os programas e gravar seus arquivos. 4. Implementação de cenários que correspondam a um estilo de vida sustentável. Nesse nível temos novas formas de organização social onde os membros de determinado grupo se organizam para resolverem seus próprios problemas e cirando soluções inovadoras e otimizadas, como se fosse um processo de aprendizado coletivo e buscando melhor qualidade de vida entre as pessoas desse grupo. O marketing 3.0 Segundo os autores Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) estamos em uma nova era do Marketing, uma evolução das formas passadas de pensar sobre como entender a relação produto-cliente. Eles mostram que o marketing passou pela seguinte evolução: • Marketing 1.0 - foco no produto. Nesse momento a preocupação das empresas estava em desenvolver novos produtos e, a partir dali, realizar estratégias para vender esse novo produto, convencer o consumidor de que o produto era o seu desejo e que ia ser bom à ele. • Marketing 2.0 - foco no cliente. Agora a situação de inverte, as empresas vão atrás dos clientes para descobrir as suas necessidades e elaboram os produtos que atendam às suas expectativas, porém todo o trabalho de marketing ainda está na relação material ente consumidor e produto. • Marketing 3.0 – foco nos valores dos clientes (mente, coração e espírito). Nessa nova fase, consequência de alguns fatores como a globalização, tecnologia e mídias sociais, também o que se chama de marketing colaborativo, as pessoas são mais sensíveis á foram de como os produtos e serviços são oferecidos, querem mais do que apenas satisfazer as necessidades de consumos, mas também as necessidades culturais e do espírito humano, por isso temos uma nova forma de fazer marketing, mais integradas com os conceitos de sustentabilidade. Dessa forma, podemos ver que as exigências sobre a forma como os produtos e serviços são feitos e oferecidos e vão mudando conforme os consumidores vão entendendo mais as suas necessidades, as suas obrigações e também os seus direitos e deveres. Novos Mercados Fim do Descartável – Valorização do Durável: esse está sendo o grande objetivo de mercados mais maduros dentro dos conceitos de sustentabilidade, porque percebeu que os consumidores não querem mais causar tantos danos os lugares onde vivem e buscam por produtos ambientalmente mais corretos. Assim, o mercado repensa o reaproveitamento de materiais,uso de produtos retornáveis e uso de materiais alternativos. • Diminuir a quantidade de matéria prima. • Integrar materiais menos poluentes. • Desenvolver produtos recarregáveis/retornáveis. • Rever embalagens e ciclo de vida dos produtos. Por fim, deve-se pensar em um mercado onde se alia Responsabilidade Social e Preservação Ambiental ao Lucro através de: • Incorporação de práticas que evidenciam o investimento em tecnologia para a sustentabilidade melhorando o posicionamento de mercado. • Gerenciamento de riscos voltado para a prevenção, detecção e respostas aos interesses públicos acerca da sustentabilidade. Então, agora você viu como estão mudando as formas de pensar do marketing e não só dos consumidores, mas ainda temos um problema sobre tudo isso. Como vimos nos início, nem sempre as empresas fazem o que falam e os consumidores querem produtos com apelo sustentável, assim, corremos o risco de algumas empresas, mal intencionadas, de fazer o que se chama de “Greenwashing”. Greenwashing é o termo utilizado para a ação de algumas empresas que, por exemplo, apenas mudam a cor do rótulo do produto para ter um apelo ambiental. Isso também leva a consumidores duvidarem de alguns produtos e gerando um descrédito para as empresa, por isso os produtos devem ser pensados para, caso tenham o apelo sustentável, que o seja de verdade. Um dos grandes objetivos de mercados mais maduros, dentro dos conceitos de sustentabilidade é o Fim do Descartável e a Valorização do Durável. Assim, o mercado repensa o reaproveitamento de materiais, uso de produtos retornáveis e uso de materiais alternativos. Qual das alternativas abaixo NÃO é uma das formas de pensar sobre esse novo mercado? Priorizar matérias primas naturais independente do lugar de extração. Sustentabilidade e certificação Atualmente o novos produtos passam a não serem avaliados só por testes de qualidade de resistência, falhas e outras especificações, mas também por requisitos de sustentabilidade sob critérios de programas de certificação Vários setores se organizam e organizam documentos que servem de conduta para as empresas adotarem uma conduta empresarial voltada à sustentabilidade e qualidade ambiental e, então, sistemas de certificação promovem uma estrutura operacional para a verificação dos produtos com os seguintes objetivos: • Demonstração, através de certificados, do desempenho ambiental e social das empresas. • Adequação a requisitos de qualidade e comercialização para atuação global das empresas. • Criação de selos regionais para identificar origem de produtos e processos de fabricação. Exemplos de modelos de certificação Pacto Global www.unglobalpact.org Segundo Vanda Nunes, na revista da ESPM, esse certificado foi lançado em julho de 2000 e nasceu da iniciativa do Secretário Geral da ONU – Kofi Annan, durante o Fórum Econômico Mundial de 1999 com o objetivo de apelar para que o mundo empresarial se unisse no objetivo de “dar uma fase humana à globalização”. Esse documento foi baseado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Declaração dos Princípios Fundamentais do Trabalho e Declaração do Rio sobre meio Ambiente e Desenvolvimento e hoje é utilizado por vários institutos para avaliação de desempenho socioambiental das organizações. Na figura abaixo você pode ver todos os princípios. Princípios da OCDE www.ocde.org Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico Forma a base da governança corporativa do Banco Mundial e FMI 1. Direitos dos acionistas. 2. Tratamento igualitário entre acionistas. 3. Papel das demais partes interessadas. 4. Abertura e Transparência. 5. Responsabilidade do Conselho de Administração. Carta da Terra www.earthcharter.org Código de normas éticas e morais, para que a humanidade avance no processo de criação de um mundo baseado no Desenvolvimento Sustentável. 1. Respeitar e cuidar da Comunidade e da Vida. 2. Integridade Ecológica. 3. Justiça Social e Econômica. 4. Democracia, não Violência e Paz. Forest Stewardship Council www.fsc.org.br Certificado que estabelece requisitos de Sustentabilidade para os produtos florestais. Inclui avaliação das plantações e de rastreabilidade da cadeia de fornecimento de produtos florestais. Global GAP www.globalgap.org Criado pelos varejistas europeus para controle da cadeia de suprimentos agropecuários baseado no atendimento aos critérios ambientais, sociais, de saúde e segurança. Esse modelo de certificação garante ao consumidor que determinado produto agrícola foi produzido dentro de padrões pré-estabelecidos de qualidade ambiental e social, sem que haja desde trabalho escravo e infantil relacionado ao produto até mesmo ao uso adequado de insumos. AS 8000 http://www.sa-intl.org/index.cfm? Essa norma é proposta pela SAI – ONG internacional de responsabilidade social cuja missão é promover os direitos humanos dos trabalhadores em todo o mundo. A AS 8000 tem o propósito de ser uma norma que orienta as empresas a seguirem as diretrizes internacionais e nacionais de direitos humanos e leis trabalhistas. AA 1000 http://www.accountability.org/index.html A AccountAbility é uma organização internacional, líder mundial no fornecimento de soluções inovadoras para os desafios mais críticos em responsabilidade corporativa e desenvolvimento sustentável. A Série AA1000, de Responsabilidade, são normas baseadas em princípios para ajudar as organizações a tornar-se mais responsável e sustentável. Para finalizar essa aula, vimos que o mercado busca por soluções sustentáveis, que tanto empresas quanto consumidores sabem o que querem e o que podem, cabe a cada um fazer as escolhas corretas, mas entendendo o quanto isso pode impactar o mundo á sua volta. Outra coisa fundamental é a questão do greenwashing e a nova forma de marketing descrita por Kotler, que mostrar as novas formas dos clientes em pensar sobre os produtos. Por fim chegamos aos modelos de certificações ambientais, além as outras que já estudamos na quarta aula. Esses modelos ajudam as empresas a se adequarem tanto à um legislação ambiental quanto atender às necessidades dos clientes em entender a atuação e comprometimento das empresas com os aspectos sócio ambientais. Exercícios: 1) Apesar da dificuldade das empresas investirem de forma efetiva na sustentabilidade, mesmo que devagar, há a busca por modelos novos tanto de produtos, quanto de processos para que empresas possam se adequar á essa nova realidade. Qual das ações abaixo não é essencial para que a empresa consiga alcançar a sustentabilidade? a. Transparência b. Investimento c. Inovação d. Organização e. Publicidade 2) As empresas devem investir em inovação em todas as áreas de atuação, indistintamente, pois em todos os setores há necessidade de ser “sustentável”. Assim as empresas precisam investir em novas tecnologias, novos modelos de negócio e transformações comportamentais: empresa deve crescer ancorada em um todo, ser sustentável. Idenfique nas alternativas abaixo qual ação permite que que se alcance o objetivo de desenvolvimento de produtos sustentáveis que substituam os atuais. a. Busca por produtos e processos que consumam menos recursos, ou seja, que sejam mais sustentáveis, que preservem os recursos b. Busca por novos processos e matérias-primas, além de novos materiais que possam ser utilizados para elaborar produtos e serviços amis eficientes e que gerem menos poluição c. Promover novas formas de investimentos na produção; d. Propor novas formas de organização social onde os membros de determinado grupo se organizam para resolverem seus próprios problemase cirando soluções inovadoras e otimizadas; e. Buscar processos que impactem menos na forma de vida das pessoas. 3) Devemos valorizar os recursos naturais, sociais e culturais da nossa localidade, mudar nossa forma de pensar sobre lugar que vivemos e em relação às pessoas que convivemos. O atual modelo de desenvolvimento exige responsabilidade envolvimento de toda a sociedade. O pesquisador Leonardo Castillo mostra na revista ESPM, edição 1/2010, que, deve-se então, seguir um caminho evolucionário de produção que passa pelos seguintes níveis, com exceção de: a. Otimização dos sistemas de produção existentes. b. Desenvolvimento de produtos sustentáveis que substituam os atuais. c. Satisfazer as necessidades de consumos, mas também as necessidades econômicas com produtos baratos e descartáveis. d. Criação e desenvolvimento de sistemas de produto + serviços. e. Implementação de cenários que correspondam a um estilo de vida sustentável. 4) O Pacto Global das Nações Unidas (UNGC) desempenha um relevante papel para estabelecer parâmetros centrais para o desenvolvimento de ações relacionadas à gestão da sustentabilidade, dentre outras dimensões. É um princípio do UNGC, para as empresas, relacionado à dimensão sustentabilidade o (a): a. combate à corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina b. respeito à proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente c. eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório d. apoio à liberdade de associação e de negociação coletiva e. incentivo ao desenvolvimento e à difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis. 5) Atualmente o novos produtos passam a não serem avaliados só por testes de qualidade de resistência, falhas e outras especificações, mas também por requisitos de sustentabilidade sob critérios de programas de certificação. Vários setores se organizam e organizam documentos que servem de conduta para as empresas adotarem uma conduta empresarial voltada à sustentabilidade e qualidade ambiental e, então, sistemas de certificação promovem uma estrutura operacional para a verificação dos produtos. Identifique nas alternativas abaixo qual não é um dos princípios do Pacto Global. a. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente; b. As empresas deverão elaborar certificados de qualificação de seus processos; c. As empresas devem assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos. d. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; e. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais. 6) A Carta da Terra apresenta um Código de normas éticas e morais, para que a humanidade avance no processo de criação de um mundo baseado no Desenvolvimento Sustentável. Qual das alternativas abaixo não apresenta um destes códigos? a. Respeitar e cuidar da Comunidade e da Vida. b. Integridade Ecológica. c. Justiça Social e Econômica. d. Abertura e Transparência. e. Democracia, não Violência e Paz. 7) O certificado Forest Stewardship Council (FSC) tem como objetivo: a. Estabelecer requisitos de Sustentabilidade para os produtos florestais o que inclui avaliação das plantações e de rastreabilidade da cadeia de fornecimento de produtos florestais b. alertar os povos sobre a grave situação ambiental do planeta e propor novas atitudes e ações. c. garantir ao consumidor que determinado produto agrícola foi produzido dentro de padrões pré-estabelecidos de qualidade ambiental e social, sem que haja desde trabalho escravo e infantil relacionado ao produto até mesmo ao uso adequado de insumos. d. orientar as empresas a seguirem as diretrizes internacionais e nacionais de direitos humanos e leis trabalhistas. e. criar um código de normas éticas e morais, de forma que a humanidade avance no processo de criação de um mundo baseado no Desenvolvimento Sustentável.