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GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA GESTÃO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA ÍNDICE APRESENTAÇÃO 7 EMENTAS 7 AULA 1: MARKETING 3.0 7 AULA 2: RESPONSABILIDADE SOCIAL 8 AULA 3: GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE 8 AULA 4: DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS 8 AULA 5: GESTÃO DE PRODUTOS 8 AULA 6: ECODESIGN – PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 9 AULA 7: BRANDING DE SUSTENTABILIDADE 9 AULA 8: POSICIONAMENTO, EMBALAGEM E ROTULAGEM 9 AULA 1: MARKETING 3.0 10 INTRODUÇÃO 10 CONTEÚDO 10 INTRODUÇÃO 10 MARKETING 1.0: A VISÃO CLÁSSICA 11 MARKETING 2.0: O CLIENTE NO CENTRO 13 MARKETING 3.0: HUMANIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE 15 OS 3 CS DO MARKETING 3.0 18 FINALIZANDO 20 ATIVIDADE PROPOSTA 20 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 21 APRENDA MAIS 22 REFERÊNCIAS 23 AULA 2: RESPONSABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 24 INTRODUÇÃO 24 CONTEÚDO 25 INTRODUÇÃO 25 AS ORIGENS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 26 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL 29 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 30 AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE: O MODELO DE SACHS 32 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA A EMPRESA SUSTENTÁVEL NO MARKETING 3.0 32 ATIVIDADE PROPOSTA 34 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 35 SAIBA MAIS 36 REFERÊNCIAS 36 AULA 3: GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE, COCRIAÇÃO E CONSUMO COLABORATIVO 37 APRESENTAÇÃO 37 CONTEÚDO 38 INTRODUÇÃO 38 GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE E POSTURA COLABORATIVA 39 COCRIAÇÃO DE VALOR E DE PRODUTOS 41 CONSUMO COLABORATIVO 44 ATIVIDADE PROPOSTA 48 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 49 APRENDA MAIS 49 REFERÊNCIAS 50 AULA 4: DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: A PERSPECTIVA SUSTENTÁVEL 52 INTRODUÇÃO 52 CONTEÚDO 53 INTRODUÇÃO 53 O QUE É UM PRODUTO? 54 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP) 55 CLASSIFICAÇÃO DOS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO 58 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS (DPS) 59 O MODELO TRIPLE BOTTOM LINE 61 ATIVIDADE PROPOSTA 64 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 64 APRENDA MAIS 65 REFERÊNCIAS 65 AULA 5: GESTÃO DE PRODUTOS: A PERSPECTIVA SUSTENTÁVEL 67 INTRODUÇÃO 67 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA CONTEÚDO 68 INTRODUÇÃO 68 GESTÃO DE PRODUTOS: CONCEITOS PRELIMINARES 69 AS INTERFACES DA GESTÃO DE PRODUTOS COM OUTRAS ÁREAS DA EMPRESA 71 GESTÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 73 DIRETRIZES DA GESTÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 74 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV) 74 PRODUÇÃO MAIS LIMPA 75 LOGÍSTICA REVERSA 76 3 R – REDUZIR, REUSAR, RECICLAR 77 ATIVIDADE PROPOSTA 78 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 79 APRENDA MAIS 80 REFERÊNCIAS 80 AULA 6: ECODESIGN - O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 82 INTRODUÇÃO 82 CONTEÚDO 83 INTRODUÇÃO 83 ECOLOGIA INDUSTRIAL 84 O CONCEITO DE ECODESIGN 87 ETAPAS DE UM PROJETO DE ECODESIGN 89 ATIVIDADE PROPOSTA 95 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 95 APRENDA MAIS 96 REFERÊNCIAS 96 AULA 7: BRANDING DE SUSTENTABILIDADE 98 INTRODUÇÃO 98 CONTEÚDO 98 INTRODUÇÃO 98 MARCA 100 BRAND EQUITY 103 BRANDING 105 BRANDING DE SUSTENTABILIDADE 106 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA ATIVIDADE PROPOSTA 109 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 110 REFERÊNCIAS 111 AULA 8: POSICIONAMENTO, EMBALAGEM E ROTULAGEM DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS 112 INTRODUÇÃO 112 CONTEÚDO 112 INTRODUÇÃO 112 POSICIONAMENTO COMPETITIVO 113 POSICIONAMENTO COMPETITIVO SUSTENTÁVEL 115 EMBALAGEM 116 EMBALAGEM SUSTENTÁVEL 118 ROTULAGEM 121 ROTULAGEM AMBIENTAL 122 ATIVIDADES 126 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 126 APRENDA MAIS 127 REFERÊNCIAS 127 BIBLIOGRAFIA 129 CHAVES DE RESPOSTA 130 ATIVIDADE PROPOSTA 130 AULA 2 130 ATIVIDADE PROPOSTA 130 AULA 3 131 ATIVIDADE PROPOSTA 131 AULA 4 131 ATIVIDADE PROPOSTA 131 AULA 5 132 ATIVIDADE PROPOSTA 132 AULA 6 132 ATIVIDADE PROPOSTA 132 AULA 7 132 ATIVIDADE PROPOSTA 132 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA AULA 8 133 ATIVIDADE PROPOSTA 133 APRESENTAÇÃO DO CONTEUDISTA 134 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA APRESENTAÇÃO Gestão de produtos e marcas sustentáveis No decorrer da evolução social, cultural, política e econômica da sociedade, pouco destaque foi dado às responsabilidades coletiva e individual quanto à preservação da qualidade de vida do homem e dos recursos naturais. Durante a segunda metade do século XX, impulsionados por notícias alarmantes sobre fenômenos como o aquecimento global, a intensificação de ocorrências climáticas extremas e a escassez da água, esses temas emergiram definitivamente na agenda global. Diante desse cenário, a pressão social por mudanças cresceu absurdamente. Aos poucos, os consumidores passaram a demandar produtos – tanto bens quanto serviços – que estivessem em conformidade com a lógica do termo SUSTENTABILIDADE. A atividade de marketing foi uma das principais ações afetadas por esse novo padrão de pensamento. Para atender a esses desafios tão presentes em nosso cotidiano, esta disciplina ressalta a necessidade de estimular as organizações bem como os consumidores a agirem com mais responsabilidade socioambiental, assumindo esse novo posicionamento em favor do desenvolvimento sustentável. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: Definir desenvolvimento, produto e marca sustentáveis; Reconhecer o novo papel do gestor de produtos no paradigma do desenvolvimento sustentável; Criar um plano de gestão e de desenvolvimento de produto sustentável. Ementas Aula 1: Marketing 3.0 Nesta aula, estudaremos os fundamentos da evolução do marketing, desde seu surgimento, na década de 1950, até os dias atuais. Nesse sentido, abordaremos as GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA orientações do marketing clássico, dentre as quais podemos ressaltar aquelas voltadas para o produto e para as vendas. Por fim, explicaremos a recente teoria do Marketing 3.0 bem como suas implicações no contexto da gestão de produtos e marcas sustentáveis. Aula 2: Responsabilidade social Nesta aula, definiremos os conceitos de responsabilidade social e de desenvolvimento sustentável. Em seguida, explicaremos os diversos fenômenos que contribuíram para o surgimento e a ascensão desses termos, apontando os vários domínios que os constituem – tais como o ético, o econômico e o legal. Por fim, analisaremos a noção de empresa sustentável e suas implicações no contexto do Marketing 3.0. Aula 3: Gestão da sustentabilidade Nesta aula, definiremos os conceitos de gestão da sustentabilidade, cocriação e de consumo colaborativo. Tais noções são fundamentais para compreender como e por que as empresas têm-se empenhado em mudar a lógica da relação com seus stakeholders. Além disso, aprenderemos que, na era do desenvolvimento sustentável, tanto a produção quanto o consumo precisam ser mais eficientes e gerar menos impactos socioambientais. Aula 4: Desenvolvimento de produtos Nesta aula, abordaremos o processo de desenvolvimento de produtos. Ao estudarmos sua evolução, observaremos que, antes, esse processo se concentrava nas empresas e dava prioridade a variáveis como o custo e o retorno sobre investimento. Mas, atualmente, o desenvolvimento de produtos tende a seguir o pensamento sustentável, no qual tais variáveis clássicas convivem com novas abordagens, tais como o impacto socioambiental, a reusabilidade e o consumo responsável. Aula 5: Gestão de produtos Nesta aula, definiremos o conceito de gestão de produtos e identificaremos seu papel na era do desenvolvimento sustentável. Em seguida, abordaremos questões como a nova perspectiva do ciclo de vida para produtos sustentáveis, a importância da implementação de uma políticade produção mais limpa, a necessidade do investimento em logística reversa e, por fim, o monitoramento do desempenho ambiental das empresas. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Aula 6: Ecodesign – produtos sustentáveis Nesta aula, definiremos o conceito de ecodesign – fruto da filosofia do desenvolvimento de produtos sustentáveis. Primeiro, trataremos das etapas do projeto baseado nessa noção, que correspondem ao planejamento, à análise e à definição de estratégias, ao desenvolvimento, ao detalhamento, à produção, à comercialização e à avaliação de resultados. Em seguida, identificaremos os benefícios do ecodesign, tais como os ganhos ambientais e de imagem. Aula 7: Branding de sustentabilidade Nesta aula, definiremos o conceito de branding e identificaremos a importância dessa atividade para a construção das marcas de empresas. Para dar conta desse estudo, explicaremos a nova abordagem dessa noção no contexto do desenvolvimento sustentável – aquela que envolve desafios como o ganho de competitividade, o foco na interação com o cliente, a credibilidade, a cocriação de valores e o alinhamento entre discurso e prática de sustentabilidade. Aula 8: Posicionamento, embalagem e rotulagem Nesta aula, definiremos o conceito de posicionamento e apontaremos sua relação com o branding, discutindo sobre como essa noção tem sido abordada na era da sustentabilidade. Além disso, explicaremos os processos de desenvolvimento da embalagem e da rotulagem de produtos sustentáveis, incluindo temas como o uso de material sustentável e os aspectos da rotulagem ambiental. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Aula 1: Marketing 3.0 Introdução “Se negligenciarmos a sustentabilidade, voltaremos à era de escassez. Se não fizermos o que é certo, entraremos na era do desmarketing” – (PHILIP KOTLER). Observe como esta citação de Kotler vai ao encontro de uma das mais prementes preocupações do homem contemporâneo: o iminente risco de um colapso das condições de vida no planeta. Você certamente já leu, assistiu ou escutou temas como a escassez de água, a excessiva emissão de gás carbônico na atmosfera ou a degradação das condições de vida em países pobres. O meio corporativo tem sido pressionado para assumir uma posição mais ativa e mais responsável nestas questões. E é neste contexto que emerge uma nova filosofia de marketing capaz de abarcar estas demandas: é o Marketing 3.0, que será focalizado nesta primeira aula da disciplina Gestão de Desenvolvimento de Produtos e Marcas Sustentáveis. Objetivos: Definir Marketing 3.0. Explicar a evolução do marketing, desde seu início até os dias atuais. Organizar as premissas que circundam o conceito de Marketing 3.0. Conteúdo Introdução Em algum momento, você já refletiu sobre seu comportamento como consumidor há uma década? Para quem está na casa dos 40 anos de idade ou mais, proponho a mesma reflexão considerando um passado mais distante, de 20 anos atrás ou mais. Será que sua GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA forma de se relacionar com produtos, marcas e empresas mudou? Será que as empresas mantêm o mesmo tratamento com seus clientes? Desde seu início, nos idos da década de 1950, quando foram publicados os primeiros estudos acadêmicos sobre o tema, o marketing tem sofrido transformações que acompanharam a dinâmica célere da economia em escala internacional. Mesmo em um cenário no qual coexistiam as ideologias socialista e capitalista, que dividiam o mundo em dois grandes blocos oponentes entre si, o marketing avançou em largos passos. Estas transformações acompanharam não apenas os movimentos dos diversos setores produtivos mundo afora. O principal motor destas transformações tem sido o stakeholder primário de qualquer organização: o cliente. Hoje, qualquer profissional ou autor de marketing professará com segurança que o cliente é o centro de qualquer negócio. Provavelmente, você pensará (com razão) que este tipo de frase se tornou um lugar comum não apenas no marketing, mas no vocabulário de gestão empresarial. Porém, por incrível que pareça, a história nem sempre foi assim. Nos próximos slides, vamos entender resumidamente como ocorreu a evolução do conceito de marketing. Esta compreensão é fundamental para contextualizar a relação entre marketing e produtos sustentáveis, conforme estudaremos no decorrer desta disciplina. Marketing 1.0: a visão clássica Na lógica atual da competitividade, seria impensável considerar uma empresa que sobrevivesse e lucrasse com foco exclusivo na produção em detrimento do esforço em compreender os clientes que comprarão este produto. Tente imaginar, por exemplo, uma GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA montadora que fabrique e venda apenas um modelo de carro e em uma única cor. Como cliente, será que você aceitaria este tipo de imposição? De forma resumida, podemos destacar três orientações que compõem o cenário da chamada visão clássica do marketing: a orientação para produção, a orientação para o produto e a orientação para vendas. Essas orientações não devem ser entendidas como “extintas” ou “ultrapassadas”, pois há empresas que ainda fazem uso delas. A seguir, vamos compreender o contexto de cada uma dessas orientações. A orientação para produção se apoia na tríade alta eficiência de produção, baixos custos e distribuição massificada (KOTLER; KELLER, 2012). Hoje, a China pode ser apontada como um exemplo de mercado no qual esta orientação é visível, pois os custos de produção e de distribuição são drasticamente reduzidos com a enorme disponibilidade de mão de obra barata. A orientação para o produto conduz a empresa a concentrar seus esforços no desenvolvimento de produtos com superioridade nos diferenciais. Ofertar um produto de alto desempenho é uma opção estratégica promissora. Por outro lado, a empresa deve ficar atenta para não focar excessivamente no produto em detrimento da sua relação com o cliente, assim como em detrimento das variáveis que cercam este produto (tais como precificação, comunicação e distribuição). Finalmente, a orientação para vendas se fundamenta em ações agressivas e altamente persuasivas para transacionar produtos. É comum que o cliente seja abordado de forma invasiva e que o vendedor aja com impetuosidade. Este tipo de ação é de alto risco, pois o cliente pode se sentir coagido e constrangido. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Esta visão clássica do marketing, por meio das três orientações aqui explicadas, está focalizada em gerar demanda para os produtos de uma empresa. Observe que tanto no aspecto teórico quanto na aplicação prática, esta visão clássica está fortemente sustentada no histórico modelo dos quatro Ps criado por Jerome McCarthy na década de 1960: desenvolva um produto, determine um preço, faça a promoção e coloque-o no ponto de venda (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010). Mas a economia mudou, a sociedade mudou, o mercado mudou, as empresas mudaram. E a teoria do marketing, certamente, também precisou mudar, conforme veremos agora. Marketing 2.0: o cliente no centro Se a visão clássica do marketing estava centrada nos processos e nos produtos da empresa, a década de 1970 subverteu esta lógica. Desse momento em diante, as empresas precisaram olhar para fora dos seus muros, o que propiciou uma nova filosofia de relacionamento com seus mercados consumidores. Mas, você provavelmente poderá fazer o seguinte questionamento: o que fez as empresas mudarem sua perspectiva, ou seja, deslocar seu foco do produto para o cliente? Para Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010), os seguintes fatos históricos propiciaram esta migraçãodo Marketing 1.0 para o Marketing 2.0: o abalo econômico deflagrado pela crise do petróleo, atingindo especialmente a economia ocidental; a emergência de uma nova economia pujante nos países asiáticos, com especial destaque ao Japão, na década de 1980, obrigando as empresas a compreender estes novos mercados; GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA a retração da demanda na economia ocidental, obrigando as empresas a se tornarem mais eficientes e mais competitivas para conquistar consumidores mais seletivos em suas escolhas; a commoditização dos produtos, ou seja, a diminuição na percepção de diferenciais entre os produtos concorrentes; a mudança do comportamento do consumidor, cada vez mais atento, mais ativo e mais consciente de seus direitos. Este quadro fomentou a criação de um novo paradigma que cunhou a era do Marketing 2.0: o foco nas necessidades do cliente. Isso representou uma mudança na lógica dos negócios: em vez de encontrar os clientes certos para um produto, a ordem agora é criar os produtos certos para o cliente. Na esteira destas mudanças, as empresas também precisaram aprender a customizar produtos para seus clientes. Esta foi outra virada dramática na relação entre empresas e clientes. Antes, no Marketing 1.0, a produção era padronizada, massificada e, em muitos casos, inflexível. No Marketing 2.0, a produção precisou se equilibrar entre a padronização e a personalização, tanto para os bens quanto para os serviços. Na matéria intitulada “A customização da indústria: um item de cada vez”, a publicação da revista on-line Exame (Editora Abril) analisou casos recentes deste fenômeno. Você poderá observar na prática como a lógica da customização está fortemente presente nas empresas atualmente. Leia o seguinte trecho para compreender melhor: Um número cada vez maior de empresas oferece a seus clientes a possibilidade de criar itens exclusivos. É uma mudança histórica. Desde que a Ford lançou seu primeiro automóvel, no início do século 20, as empresas privilegiam a produção em série. Quanto maior for a escala e menor a variedade, melhor. A lógica de produção continua a mesma desde então: é a fábrica que define o que as pessoas vão comprar. A Dell foi uma das primeiras a inverter o jogo ao permitir, nos anos 90, que seus clientes configurassem os computadores. Mas apenas agora o avanço da tecnologia possibilita a produção de itens exclusivos a custos razoáveis em diversos mercados. Com máquinas inteligentes e sistemas de produção digitais, a mesma fábrica consegue fazer milhares de produtos diferentes. A mudança cultural também joga GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA a favor da customização. As novas gerações cresceram acostumadas a poder fazer escolhas. Os smartphones são o maior exemplo: seus aplicativos permitem que cada pessoa crie o próprio celular. É improvável que existam dois aparelhos iguais em todo o mundo. “Os novos consumidores querem ter a mesma liberdade de escolha em todas as suas compras. E as empresas precisam se adaptar”, diz Miguel Duarte, sócio da consultoria de inovação Strategos. A customização tem uma vantagem óbvia: os consumidores aceitam pagar mais por produtos sob medida. A Coca-Cola instalou 1 700 máquinas de refrigerante em restaurantes e cinemas dos Estados Unidos que oferecem 100 combinações de sabores. Com elas, os refrigerantes custam 30% mais do que nas máquinas tradicionais. (EXAME.COM. Disponível em <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1021/noticias/um-item- de-cada-vez>.) Observe que as premissas apontadas anteriormente (necessidades dos clientes, produtos certos para o cliente e customização, entre outras) são adotadas tanto por empresas que fabricam bens quanto por aquelas que produzem serviços. Vamos analisar o trecho desta outra matéria intitulada “Google lança serviço de busca com resultados personalizados”, da publicação da revista on-line Exame (Editora Abril): A função "Search plus Your World" (busque mais seu mundo, em uma tradução literal) foi apresentada como uma mudança importante pelo site líder no serviço de buscas na internet. ‘Há uma enorme quantidade de conteúdo na web hoje em dia mas, em certo momento, este conteúdo não tem nome, nem rosto’, disse à AFP Ben Gomes, do Google. ‘O conteúdo mais relevante é das pessoas que a gente conhece, razão pela qual estamos introduzindo as buscas em seu mundo pessoal’, acrescentou. As pessoas com contas no Google poderão fazer com que o motor de busca inclua nos resultados conteúdo aprovado por elas para ser compartilhado com amigos no Google+ ou no Picasa. (EXAME.COM. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/google-lanca-servico-de-busca- com-resultados-personalizados?page=1>). Com as relações de consumo cada vez mais personalizadas, o marketing novamente vivenciou uma transformação. Atender às necessidades do cliente e customizar a oferta para se mostraram insuficientes em uma sociedade cada vez mais crítica e mais cética. E como o marketing hoje tenta acompanhar esta nova revolução? É isto que estudaremos a seguir. Marketing 3.0: humanização e sustentabilidade Antes de explorar o conceito de Marketing 3.0, é preciso compreender os acontecimentos que suscitaram sua construção. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA A década de 1990 e o início da década de 2000 foram marcados pela consolidação do pensamento one to one (um a um), segundo o qual as empresas devem se relacionar com seus clientes de forma personalizada. Conforme estudamos no Marketing 2.0, a customização é um dos pontos altos deste fenômeno. Entretanto, mais uma vez o comportamento do consumidor se transformou. O problema não está na lógica da personalização e da customização (que se mantiveram), e sim na sequência de fatos que compuseram o quadro macroambiental e que geraram impactos globais. Vamos nos empenhar para conhecer e compreender alguns destes fatos. Crise norte-americana – o estouro da bolha imobiliária e a falência de grandes corporações como o Lehman Brothers marcaram duramente a década de 2000, deflagrando crises econômicas, política e de confiança não apenas em território norte- americano, mas em todo o globo. Crise nos países da União Europeia – o alto grau de endividamento público e as dificuldades de gestão na condução desta crise também abalaram os países da chamada zona do euro. Aumento da pressão por políticas empresariais mais responsáveis – o consumidor do século XXI, cada vez mais crítico e mais enérgico, reivindica das empresas uma postura mais ativa e mais responsável com relação às questões sociais e ambientais. Consumidores conectados e com voz ativa – o boom das soluções de conectividade, com especial destaque aos dispositivos móveis (tablets e smartphones) e aos aplicativos da web (redes sociais, games interativos, mensagens instantâneas), propiciaram a geração e o compartilhamento de informações em uma escala jamais vista na história da humanidade. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Crescente protagonismo dos países em desenvolvimento – as crises norte- americana e europeia convivem com a emergência e a pujança dos países em desenvolvimento, principalmente aqueles que pertencem ao bloco (BRIC) (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o que tem deslocado investimentos para estes mercados, assim como a necessidade de estudar em profundidade seus consumidores. Vamos observar na prática como estes fatos têm desenhado o novo consumidor do século XXI. O seguinte trecho da matéria intitulada “Novo consumidor prestigia ética e exige reinvenção do varejo, diz estudo”, da publicação da revista on-line Exame (Editora Abril), mostra uma boa noção deste novo contexto: Aspesquisas apontam que as decisões de compra são arraigadas em princípios éticos, ambientais e da comunidade; o novo consumidor quer não apenas que a sua marca favorita compartilhe esses valores, mas ajude-o a expressá-los mais plenamente. No aspecto econômico, o consumidor europeu contemporâneo está mais cauteloso. A pesquisa revela que na Alemanha, 72% dos consumidores afirmaram que gastarão menos do que em 2010 – quadro semelhante ao da Espanha e França onde 82% e 74% dos consumidores, respectivamente, declararam a mesma intenção de reduzir gastos. Em contraste, as economias do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) revelam otimismo. Na Índia, até 2013 o varejo deve faturar US$ 833 bilhões, subindo para US$ 1,3 trilhão até 2018 [...]. (EXAME.COM. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/novo-consumidor-prestigia-etica-e- exige-reinvencao-do-varejo>). Será que você se reconhece neste cenário? Pense, por exemplo, se você já exigiu de alguma empresa uma resposta rápida e transparente a alguma solicitação. Por mais corriqueiro que isto pareça ser, ao reivindicar seu direito de ser bem atendido você assume um papel mais político como consumidor. Nesta nova lógica de relacionamento, o consumidor não atuará apenas para garantir a obtenção dos benefícios prometidos pelo produto. Gradualmente, o consumidor tem questionado as empresas e o Governo com relação às boas práticas que sejam socialmente e ambientalmente responsáveis. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA É curioso observar que este novo marketing, alcunhado por Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) de Marketing 3.0, desloca a visão da necessidade individual para a visão da necessidade coletiva. A lucratividade e a sobrevivência do negócio serão obtidos na medida em que os consumidores reconhecerem e valorizarem a contribuição das empresas para o bem-estar humano, “respeitando as características de cada um e dos elementos culturais, emocionais, espirituais e ambientais que têm configurado a dinâmica de mercado atual, além de determinar as atitudes e os comportamentos do consumidor contemporâneo” (SILVA; AGUIAR; FALCÃO; COSTA, 2012). Os 3 Cs do Marketing 3.0 Imagine-se no lugar de um profissional de marketing que foi desafiado a aplicar o conceito de Marketing 3.0 em seu negócio. É possível que seu primeiro questionamento seja este: “por onde devo começar?” O conhecimento dos 3 Cs do Marketing 3.0 será um bom ponto de partida. Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) desenvolveram este modelo para fundamentar, de forma resumida, os princípios básicos do Marketing 3.0. Vamos estudá-los na sequência. Cocriação – a criação de produtos não deve ser uma atividade isolada dentro da empresa. Pelo contrário, um novo produto ou o aperfeiçoamento de um produto existente deve ser resultado da colaboração de vários stakeholders: a empresa, o cliente, os fornecedores e os parceiros de canal. Outros stakeholders podem se integrar, tais como imprensa e órgãos governamentais. É importante que a cocriação seja uma atividade efetivamente disponibilizada e monitorada pela empresa. Ela não deve ser uma ação pontual, e sim uma diretriz cultural e estratégica do negócio. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA A internet tem sido um importante celeiro de iniciativas de cocriação de produtos. Como exemplo, analise a plataforma de cocriação do projeto Coletivo Verde - isponível em: <http://www.coletivoverde.com.br/cocriacao>. Criação de comunidades – este princípio se apoia na necessidade que as pessoas têm de pertencer e de se filiar a algum grupo. Este comportamento tem se acentuado por meio das redes sociais, nas quais os consumidores se agrupam e interagem uns com os outros. O que une os membros de um grupo (ou comunidade) é a similaridade de valores e aspirações. Para uma empresa mergulhada no Marketing 3.0, estas comunidades são fundamentais para o negócio. Quanto mais a empresa se aproximar e apoiar estas comunidades, maior será o sentimento de vínculo que os membros destas comunidades construirão com a marca e o produto. Construção de personalidade – Kotler; Kartajaya e Setiawan (2010) ressaltam que no Marketing 3.0 a empresa deve definir o DNA de sua marca por meio de uma identidade única e diferenciada. Este DNA deve estar apoiado no princípio de que a empresa vende experiências, e não apenas produtos (sejam bens ou serviços). Considere alguns dos valores que apresentamos até agora: bem-estar, colaboração, comunidades e responsabilidade, entre outros. Ao definir a personalidade da sua marca, pense em construir uma relação destes valores com os diferenciais da experiência que seu produto e/ou sua empresa pode fornecer ao consumidor. Procure focalizar além da promessa funcional básica do seu produto. Estabeleça uma forte relação entre um valor do Marketing 3.0 e um valor do seu produto e/ou da sua empresa e/ou da sua marca. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Finalizando Convidamos você a refletir sobre as oito características levantadas por Kotler entre as empresas mais admiradas do mundo. Esta lista foi publicada na HSM On-line. 1. Os interesses de todos os stakeholders são alinhados. 2. Os salários de seus executivos são relativamente modestos. 3. A alta administração adota uma política de “portas abertas”. 4. A remuneração e os benefícios de seus funcionários são elevados para a categoria. O treinamento de seus funcionários é mais longo e a rotatividade da mão de obra é menor. 5. Os funcionários são contratados quando mostram entusiasmo pelos clientes. 6. Os fornecedores são considerados parceiros legítimos, que colaboram para melhorar a produtividade, melhorar a qualidade e reduzir os custos. 7. A cultura corporativa é seu maior ativo e sua principal fonte é a vantagem competitiva. 8. Os custos de marketing são muito menores que os de outras empresas do setor e, ao mesmo tempo, a satisfação e a retenção de clientes são muito maiores. Pare saber mais: "Kotler: uma visão humanizada do marketing e dos negócios". HSM On- line. Disponível em: <http://www.hsm.com.br/artigos/kotler-uma-visao-humanizada-do- marketing-e-dos-negocios>. Estas oito características estão em conformidade com o conceito de Marketing 3.0? O que você pensa? Invista tempo para refletir sobre isso. Atividade proposta “Vivemos a era da participação e da sociedade criativa. Para as empresas, isso significa estar mais próximas de seus clientes, trabalhando de maneira unida com eles, pois os consumidores ajudarão as corporações a criarem seus novos produtos e iniciativas de marketing. É o conceito da cocriação” (PHILIP KOTLER). GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Fonte: Philip Kotler propõe às empresas o conceito do marketing 3.0. Exame. São Paulo: Abril, 2010. Disponível em <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/philip-kotler- propoe-as-empresas-o-conceito-do-marketing-3-0>. Acesso em: 10 jun. 2013. Conforme estudamos nesta Aula 1: o Marketing 3.0 aprofunda a importância do vínculo entre empresas e clientes, conferindo-lhe importância ímpar. O conceito de cocriação, defendido por Kotler na citação acima, é um claro sinal desta postura. Coloque-se no lugar de um profissional de marketing. Quais ações você executaria para propiciar a atuação de seus clientes como cocriadores? Exercícios de fixação Questão 1: A clássica visão dos 4 Ps de Jerome McCarthy está fundamentada na seguinte filosofia: a) ( ) Identifique um produto, reduza o preço, espalhe a promoção e virtualize o ponto de venda. b) ( ) Diferencie o produto, aumente o preço, faça a promoção e pulverize o ponto de venda. c) ( ) Agregue valor ao produto, flexibilize o preço, reduza a promoção e coloque-o no ponto de venda.d) ( ) Desenvolva um produto, determine um preço, faça a promoção e coloque-o no ponto de venda. e) ( ) Elimine um produto, reduza o preço, faça a promoção e terceirize o ponto de venda. Questão 2: O Marketing 2.0 foi deflagrado pelos seguintes fatores, EXCETO: a) ( ) O abalo econômico deflagrado pela crise do petróleo, atingindo especialmente a economia ocidental. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA b) ( ) A emergência de uma nova economia pujante nos países asiáticos, com especial destaque ao Japão, na década de 1980, obrigando as empresas a compreender estes novos mercados. c) ( ) A retração da demanda na economia ocidental, obrigando as empresas a se tornarem mais eficientes e mais competitivas para conquistar consumidores mais seletivos em suas escolhas. d) ( ) A commoditização dos produtos, ou seja, a diminuição na percepção de diferenciais entre os produtos concorrentes. e) ( ) O repentino aumento da demanda de consumo, com especial destaque aos Estados Unidos e aos países europeus da zona do euro. Questão 3: A filosofia do Marketing 3.0 está fundamentada nas seguintes premissas: a) ( ) Foco na lucratividade e foco na retenção de clientes. b) ( ) Humanização nas relações e responsabilidade socioambiental. c) ( ) Distribuição personalizada dos produtos e hipervirtualização. d) ( ) Gestão colaborativa e redução dos custos de marketing. e) ( ) Cultura de resultados e foco nos recursos humanos. Questão 4: Os três princípios básicos do Marketing 3.0 são: a) ( ) Retenção de clientes, nichos de mercado e branding. b) ( ) Diferenciação, qualidade e custos reduzidos. c) ( ) Experiência diferenciada, responsabilidade socioambiental e resultados. d) ( ) Cocriação, criação de comunidades e construção de personalidade. e) ( ) Bem-estar coletivo, reciclagem e redes sociais. Aprenda mais Assista ao vídeo com a matéria jornalística sobre o conceito de pegada ecológica, do programa Cidades e Soluções, da emissora Globo News, disponível em nossa galeria de vídeos. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Referências HSM ON-LINE. Kotler: Uma visão humanizada do marketing e dos negócios. HSM Management. São Paulo: HSM, 2010. Disponível em: <http://www.hsm.com.br/artigos/kotler-uma-visao-humanizada-do-marketing-e-dos- negocios>. Acesso em: 10 jun. 2013. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: From Products to Customers to the Human Spirit. New Jersey: Wiley, 2010. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson, 2012. SILVA, M. E et al. A perspectiva responsável do Marketing e o consumo consciente: uma interação necessária entre a empresa e o consumidor. Organizações em contexto, São Bernardo, ano 8, n. 16, 2012. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/OC/article/view/2989>. Acesso em 10 jun. 2013. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Aula 2: Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável Introdução “Em um futuro próximo, apenas as empresas que determinarem a sustentabilidade como um objetivo conquistarão vantagem competitiva. Isto implica em repensar os modelos de negócios, assim como os produtos, as tecnologias e os processos” (NIDUMOLU, PRAHALAD e RANGASWAMI). O crescimento econômico tem sido, historicamente, a mais importante pauta das nações. A lógica do enriquecimento atinge tanto a esfera coletiva quanto a individual. Porém, hoje a sociedade tem questionado com mais intensidade os efeitos do enriquecimento “sob qualquer custo”. Crescer e enriquecer trazem efeitos colaterais, tais como a exploração descontrolada dos recursos naturais, a geração excessiva de lixo e a criação de uma cultura que prioriza o ter em detrimento do ser. Quando se trata dos países em desenvolvimento, o quadro pode ser mais dramático. Ali, podemos carregar nas tintas da desigualdade social, da exploração da mão de obra barata e dos conflitos sociais. Este cenário tem estimulado a sociedade a cobrar uma postura dos governos e das empresas no sentido de tratar estes assuntos com maior senso de urgência. Aos poucos, uma nova lógica tem conquistado força e voz: a lógica da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável. Mas, o que significa ser responsável socialmente? E se desenvolver sustentavelmente? Como a atividade do marketing se relaciona com estas questões? Estes são os assuntos desta aula. Objetivos: GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Definir responsabilidade social. Definir desenvolvimento sustentável. Analisar o Marketing 3.0, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Conteúdo Introdução Em alguma ocasião você já se perguntou sobre as consequências das ações que você executa em seu cotidiano? Podemos pensar em uma ação banal e corriqueira, como manter a torneira aberta enquanto você escova os dentes. Também podemos pensar em uma ação mais complexa, como decidir entre demitir ou não demitir um funcionário que está sob sua gestão. Em ambos os casos, independente do grau de complexidade, sua decisão vai criar impacto sobre outras pessoas. Se você mantiver sua torneira aberta todos os dias enquanto escova os dentes, quantos litros de água você desperdiçará ao final de um mês? Esta água, se não fosse desperdiçada, resultaria em uma conta de água mais barata e no uso mais racional desse recurso que, segundo os analistas, ficará cada vez mais escasso. Sobre demitir ou não um funcionário, imagine o impacto que esta demissão causará na vida deste funcionário. Por outro lado, se o motivo da demissão for bem justificado, quais serão as consequências para a empresa ao manter um funcionário que não é adequado ao perfil daquela vaga? Como estes exemplos se relacionam com o tema desta aula? Assim como suas decisões geram impacto na sua vida e na vida de outras pessoas, falar sobre responsabilidade social e sustentabilidade é também questionar o quanto sua empresa está consciente dos impactos que as atividades do seu negócio causam sobre as pessoas. Considere também GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA os impactos que uma empresa causa sobre o ambiente natural no qual ela está inserida e do qual ela extrai diversos recursos. Se o Marketing 3.0 focaliza na humanização das relações entre empresas e clientes, a responsabilidade social e sustentabilidade são conceitos por meio dos quais as empresas poderão cumprir sua parte neste processo da conquista do bem-estar coletivo. Logo, convidamos você a explorar estes conceitos tão prementes no mundo contemporâneo. As origens da responsabilidade social É muito comum que a responsabilidade social seja fortemente associada à noção de filantropia. Esta associação ocorre, muitas vezes, por causa das aplicações equivocadas que as próprias empresas fazem do conceito de responsabilidade social. Ações de voluntariado e de doações são bem-vindas se realizadas com seriedade e com planejamento. Por outro lado, o perigo está em reduzir o conceito de responsabilidade social a estas iniciativas assistencialistas. A própria evolução da teoria da responsabilidade social contribuiu para esta visão equivocada. Um dos grandes expoentes da teoria da responsabilidade social é o autor Archie Carroll que, em 1979, escreveu um famoso artigo no qual apresentou a conhecida pirâmide da responsabilidade social. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Figura 2.1 Fonte: adaptado de BARBIERI; CAJAZEIRA (2012), sobre original de CARROLL (1991) Observe como esta pirâmide ressalta, no topo, a presença da filantropia. Anos mais tarde, o próprio Carroll reviu este modelo teórico e realizou a seguinteautocrítica: da forma como se apresentava, aquela pirâmide sugeria uma relação hierárquica entre as quatro responsabilidades, como se a base fosse menos importante do que o topo. Além disso, Carroll também observou que aquela pirâmide sugeria a filantropia como a “mais importante” dimensão da responsabilidade social. Em 2003, Carroll apresentou uma nova proposta de modelo teórico da responsabilidade social. Dentre as mudanças, destacam-se a retirada da dimensão filantrópica e o estabelecimento de três domínios: o domínio econômico, o domínio ético e o domínio legal. Figura 2.2 Fonte: adaptado de Barbieri; Cajazeira (2012), sobre original de Schwartz; Carroll (2003) Segundo Barbieri e Cajazeira (2012), estes três domínios podem ser entendidos da seguinte forma: GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Domínio econômico – envolve atividades que geram impacto econômico favorável para a empresa. Estes impactos podem ser diretos (incremento de vendas e prevenção de ações de litígio) e indiretos (melhoria na imagem da empresa e elevação da motivação dos funcionários). Domínio legal – São as “respostas dadas pela empresa com relação às normas e princípios legais” (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2012, p. 57). Neste domínio, a empresa deve zelar constantemente pelo cumprimento das leis. Como exemplos, podemos citar a descontinuação de produtos perigosos ou nocivos ao meio ambiente e a aplicação correta da legislação trabalhista com seus funcionários. Domínio ético – compreende as obrigações da empresa para que mantenham a relação transparente e a conduta ética com seus diversos stakeholders. Em palavras mais simples, é agir corretamente em prol do bem-estar de todos. Este novo modelo proposto por Carroll propicia que uma empresa dê mais ênfase a um dos três domínios da responsabilidade social, conforme a figura a seguir. Figura 2.3 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Fonte: adaptado de BARBIERI; CAJAZEIRA (2012), sobre original de SCHWARTZ; CARROLL (2003) Por outro lado, o ideal é que a empresa adote o seguinte perfil de responsabilidade social, no qual os três domínios atuam de forma equilibrada. Figura 2.4 Fonte: adaptado de BARBIERI; CAJAZEIRA (2012), sobre original de SCHWARTZ; CARROLL (2003) Conceito de responsabilidade social Existem várias definições para o conceito de responsabilidade social. Para fins didáticos, vamos nos concentrar nas duas seguintes contribuições, citadas por Barbieri e Cajazeira (2012): Instituto Ethos – “[...] é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos socioambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA International Organization for Standardization (ISO) – “[...] responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: contribua para o desenvolvimento sustentável [...]; leve em consideração as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas internacionais de comportamento; esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações”. Por meio destas definições, você já deve ter observado a forte presença do termo desenvolvimento sustentável, o que nos leva a inferir que estes dois termos – responsabilidade social e sustenbalidade – são íntimos e complementares. Portanto, vamos nos dedicar agora à compreensão do termo desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento sustentável Você sabia que o termo desenvolvimento sustentável tem suas origens no século XIX? Apesar de muitos pensarem que este termo é muito recente, as raízes de sua filosofia já haviam sido expostas no acelerado processo de industrialização dos países desenvolvidos naquela época. Cientistas e artistas foram os pioneiros na criação de movimentos em prol da preservação das áreas protegidas da ação humana, propiciando as origens da lógica preservacionista. Nos Estados Unidos, por exemplo, “o Parque Nacional de Yellowstone [...] é considerado a primeira dessas áreas e marco importante do movimento ambientalista” (BARBIERI; CAJAZEIRA; 2012, p. 63). Mais à frente, já na década de 1970 em diante, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu diversos eventos nos quais o tema principal foi a crise socioambiental deflagrada e aumentada pelo acelerado processo de industrialização, em escala global. Em nome do crescimento econômico e da manutenção do conforto propiciado por diversas GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA novas tecnologias, os recursos naturais foram explorados de forma desordenada e descontrolada. Três eventos da ONU fomentaram o surgimento oficial do termo desenvolvimento sustentável: a Assembleia da ONU (1986), a divulgação do Relatório Brundtland (1987) e a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente de Desenvolvimento (1992), sendo esta última sediada na cidade do Rio de Janeiro e mais conhecida como Eco 92. Para a ONU, desenvolvimento sustentável é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2012, p. 64) Em outras palavras, o desenvolvimento sustentável é promover o avanço das conquistas humanas, em suas diversas dimensões, por meio da utilização racional, responsável e repositora dos recursos naturais e humanos. Existem duas dimensões de pacto: o intrageracional, que é o pacto realizado pelos membros da geração atual com foco nas necessidades atuais, e o intergeracional, que é o pacto realizado pelos membros da geração atual com foco na manutenção dos recursos para as gerações futuras. Além dos pactos geracionais, existe também a necessidade do pacto internacional, no qual todos os países precisam estar alinhados e devem assumir o compromisso de seguir os princípios do desenvolvimento sustentável, utilizando inclusive os recursos legais cabíveis para se garantir o cumprimento deste pacto. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA As dimensões da sustentabilidade: o modelo de Sachs Se você precisasse ordenar os pressupostos do desenvolvimento sustentável para aplica- los em sua empresa, é provável que uma certa sensação de insegurança viesse à sua mente. Afinal, são vários os aspectos que devem ser considerados. Para facilitar esta tarefa, Barbieri e Cajazeira (2012) citam o modelo proposto pelo autor Ignacy Sachs, segundo o qual o desenvolvimento sustentável contém as seguintes cinco dimensões: 1. Dimensão social: promover a equidade na distribuição dos bens e da renda e reduzir a desigualdade nos padrões de vida das pessoas. 2. Dimensão econômica: gerir de forma eficiente os recursos da empresa. 3. Dimensão ecológica: aumentar a capacidade de carga do planeta, evitar danos ao meio ambiente e investir em recursos renováveis e/ou recicláveis. 4. Dimensão espacial: equilibrar o assentamento urbano com o assentamento rural; 5. Dimensão cultural: respeitar a diversidade humana e as especificidades de cada ecossistema humano, em prol do bem-estar coletivo. A empresa sustentável no Marketing 3.0 Vamos à reta final desta aula. Agora, nosso desafio é integrar os conceitos de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável e de Marketing 3.0. Você estudou que uma empresa socialmente responsável deve terclareza dos impactos que seu negócio causa à sociedade e ao meio ambiente. Esta mesma empresa, para seguir o conceito de desenvolvimento sustentável, deve produzir bens e/ou serviços por meio da utilização racional e cuidadosa dos recursos naturais e humanos, de forma que não comprometa estes recursos para as gerações futuras. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Nesta perspectiva, “da confluência destes dois movimentos, o da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável, surge o conceito de empresa sustentável” (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2012, p. 69). Logo, uma empresa sustentável é aquela que observa e segue as boas práticas de responsabilidade social e de desenvolvimento sustentável. Em termos práticos, pense em uma empresa que: respeita seus funcionários; interage com as comunidades do entorno; respeita os direitos do seu cliente; respeita as leis, os regulamentos e os contratos; respeita os limites ambientais e dos recursos naturais; em última instância, está focalizada na manutenção das condições de vida no planeta e no bem-estar coletivo da geração atual e das gerações futuras. Em outras palavras, a empresa sustentável “preza pela necessidade do crescimento ocorrer de forma sensata, assegurando que os benefícios do desenvolvimento sejam duradouros e não comprometam as necessidades das gerações futuras. Ele prioriza a qualidade e não a quantidade, com a redução da utilização de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e reciclagem” (LIMA et al., 2009). E quanto ao Marketing 3.0? A conclusão é relativamente simples. Empresas socialmente responsáveis e engajadas com o desenvolvimento sustentável são aquelas que atuam sob a perspectiva do Marketing 3.0. Você se lembra dos princípios gerais do Marketing 3.0 que estudamos na aula anterior? Valores como humanização, sustentabilidade, comunidades, criação colaborativa e bem- GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA estar coletivo estão ali, fortemente presentes. O Marketing 3.0 representa mais uma etapa evolutiva do percurso histórico da teoria do marketing. O Marketing 3.0 é, afinal, um reflexo dos movimentos da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável. Estes movimentos propiciaram (e até mesmo “forçaram”) esta mudança paradigmática do marketing. Uma empresa sustentável não deve estar focalizada na produção, nem no produto, nem na venda, nem na satisfação individual do cliente. Uma empresa sustentável deve estar focalizada no bem-estar coletivo, nas boas práticas (em suas diversas dimensões) e na salvaguarda dos recursos naturais e humanos. Para finalizar esta aula, convido você a ler o seguinte trecho da matéria “Façam o que faço em sustentabilidade”, da publicação Exame (Editora Abril): É cada vez mais comum que empresas criem padrões inflexíveis de conduta social e ambiental para banir fornecedores que não as cumprem. [...] Empresas como a fabricante de artigos esportivos Nike e as três maiores redes de supermercados do Brasil - Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour - se uniram no início deste ano para deixar de comprar couro e carne de fornecedores de gado criado em áreas desmatadas da floresta Amazônica. Para muitas empresas, as boas práticas socioambientais não devem ser guardadas como um segredo interno - e sim disseminadas. [...] Desde 2006, o Bradesco organiza encontros semestrais com alguns de seus principais fornecedores para debater assuntos relacionados à sustentabilidade. Além de palestras com especialistas de diversos temas, os representantes de fornecedores bem-sucedidos sobem ao palco para dividir suas experiências. Atividade proposta No site da empresa Ypê, visite o link “Sustentabilidade” no endereço <http://www.ype.ind.br/sustentabilidade/>. Escolha um dos três compromissos (ambiental, social ou econômico) ali citados e explicados. Em seguida, explique como este compromisso que você escolheu se relaciona com os princípios do Marketing 3.0. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Exercícios de fixação Questão 1: A pirâmide da responsabilidade de Carroll (1979) possui as seguintes características: a) ( ) É dividida em quatro partes, que são a filantropia, a legislação, a ética e a economia. b) ( ) É dividida em três partes, que são a ética, a economia e a legislação. c) ( ) É dividida em quatro partes, que são a ética, a preservação ambiental, a política e a economia. d) ( ) É dividida em duas partes, que são a filantropia e a ética. e) ( ) É dividida em três partes, que são a filantropia, a preservação ambiental e a ética. Questão 2: O desenvolvimento sustentável compreende dois importantes pactos geracionais, que são: a) ( ) O pacto não geracional e o pacto multigeracional. b) ( ) O pacto intergeracional e o pacto internacional. c) ( ) O pacto atual e o pacto futuro. d) ( ) O pacto transgeracional e o pacto retrogeracional. e) ( ) O pacto intrageracional e o pacto intergeracional. Questão 3: O modelo de desenvolvimento sustentável de Sachs é composto das seguintes dimensões, EXCETO: a) ( ) A dimensão social. b) ( ) A dimensão econômica. c) ( ) A dimensão ecológica. d) ( ) A dimensão regulatória. e) ( ) A dimensão espacial. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Saiba mais Assista à matéria jornalística sobre as ações de responsabilidade social da Unimed/Nordeste, disponível em nossa galeria de vídeos. Referências BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável – da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2012. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: From Products to Customers to the Human Spirit. New Jersey: Wiley, 2010. LIMA, A. P.; ROCHA, F. M.; TREINTA, F. T.; LIMA, G. S. A. Implementação do conceito de triple bottom line em empresa de pequeno porte. In: V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO - GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE. Niterói: UFF, 2009. Disponível em: <http://www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg5/anais/T8_0164_0780.p df>. Acesso em: 10 jun. 2013. NIDUMOLU, R.; PRAHALAD, C.K.; RANGASWAMI, M. R. Why sustainability is now the key driver of innovation. Harvard Business Review. [S.I.] Harvard Business Review, 2009. Disponível em: <http://hbr.org/2009/09/why-sustainability-is-now-the-key-driver-of- innovation/>. Acesso em: 10 jun. 2013 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Aula 3: Gestão da sustentabilidade, cocriação e consumo colaborativo Apresentação “As inovações são orientadas mais pelas mudanças de comportamento do que pelas mudanças tecnológicas ou mercadológicas, além de emergirem, tipicamente, de baixo para cima do que de cima para baixo” (FRANÇOIS JEGOU; EZIO MANZINI). Diante da crescente pressão por apresentar resultados vinculados a indicadores de sustentabilidade, as empresas têm estudado e investido em ações que propiciem uma nova lógica de produção e de consumo. Questões como controle ambiental, redução de impactos socioambientais e consumo responsável estão na pauta das empresas que desejarem sobreviver no longo prazo. A responsabilidade pela implementação de uma nova lógica de produção e de consumo não está mais restrita às empresas e ao Governo. O papel dos consumidores tem sido gradativamente enfatizado, pois são estes os atores que, na ponta da cadeia de valor, regulam a demanda e exercem pressão social por mudanças. Neste sentido, há dois conceitos fundamentais para se compreender este novo contexto: a cocriação de produtos e o consumo colaborativo. Se antes os papéis eram definidos e executados de forma isolada, agora empresas e stakeholders precisam se reeducar e se realinhar paraatuar de forma conjunta e compartilhada, conforme estudaremos nesta aula. Objetivos: Definir gestão da sustentabilidade. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Definir cocriação de produtos. Definir consumo colaborativo. Explicar o papel das empresas e seus stakeholders no cenário colaborativo. Conteúdo Introdução Você certamente já leu sobre os impactos socioambientais causados pelo crescimento econômico, com especial destaque aos países emergentes. Em 23 de fevereiro de 2010, foi publicada uma matéria no O Globo On-line que fazia o seguinte alerta: Países em desenvolvimento, como o Brasil, vão se defrontar com montanhas de lixo eletrônico perigoso (originários de velhos e dilapidados computadores, celulares, impressoras, TV, brinquedos etc.) e enfrentar graves problemas ambientais e de saúde, se não melhorarem a coleta e a reciclagem desse material. (Fonte: <http://oglobo.globo.com/economia/onu-alerta-para-aumento-do- lixo-eletronico-em-emergentes-3049634#ixzz2WQOroava>). Com o aumento da renda média do brasileiro e seu consequente aumento do poder de consumo, vivemos hoje uma encruzilhada: como crescer e ser sustentável ao mesmo tempo? Em uma era na qual predomina a cultura do descarte (inclusive para bens de maior valor agregado, tais como eletrônicos), as empresas precisam se confrontar com o desafio de minimizar drasticamente os impactos sociais, econômicos e ambientais causados pelo ciclo produção-consumo-descarte. Não são apenas as empresas que precisam ficar mais responsáveis e mais conscientes de seu papel na agenda do desenvolvimento sustentável. Se por um lado a produção precisa estar alinhada com este novo paradigma da sustentabilidade, por outro lado os consumidores também precisam ser reeducados e precisam mudar seu comportamento de consumo. Trata-se de um compromisso em mão dupla. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Se todos precisam estar integrados a esta filosofia de produção e consumo consciente, não faz mais sentido que os atores envolvidos neste processo ajam de forma isolada. É preciso qualificar e intensificar o elo entre empresas e stakeholders, criando uma postura colaborativa nas relações, conforme estudaremos nesta aula. Gestão da sustentabilidade e postura colaborativa Nosso ponto de partida será compreender como os conceitos de responsabilidade social e de desenvolvimento sustentável podem ser traduzidos e adaptados para a lógica das organizações. Para facilitar seu entendimento, vamos destacar a seguinte contribuição de Alencastro (2012), que propõe o uso do termo gestão da sustentabilidade. Vamos analisar sua definição: [...] podemos chamar de gestão da sustentabilidade as ações e as estratégias formuladas para alcançar um determinado objetivo organizacional [...] sempre considerando as demandas socioambientais dos stakeholders. Dessa forma, a responsabilidade socioambiental passa a fazer parte das estratégias de negócios e permite a integração da empresa com a sociedade. (ALENCASTRO, 2012, p. 103) Observe que o termo gestão da sustentabilidade, conforme sugerido pelo autor, consegue propor uma aplicação integrada dos conceitos de responsabilidade social e de desenvolvimento sustentável. Agora, preste atenção à última sentença desta definição que destaca “a integração da empresa com a sociedade”. Esta é uma questão fundamental para tudo que será discutido nesta aula, pois esta integração empresa/sociedade sinaliza que tanto as empresas quanto seus stakeholders não podem mais agir de forma isolada. O seguinte gráfico pode nos ajudar a visualizar de forma mais clara este pensamento: GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Figura 3.1 Fonte: adaptado de ALENCASTRO (2012), sobre original de PORTER; KRAMER (2002) Você percebeu como os benefícios econômicos das empresas devem se integrar com os benefícios sociais? Por outro lado, se este pensamento for objeto de uma reflexão mais profunda, podemos inferir que empresas e stakeholders fazem parte, em última instância, de um único e amplo grupo que denominamos sociedade. Portanto, a gestão da sustentabilidade, tal como propõe Alencastro, é uma responsabilidade de todos. Esta noção de responsabilidade coletiva e compartilhada é o que sustenta a importância da postura colaborativa, tanto na produção quanto no consumo. Diante destes desafios, vamos nos aprofundar em dois novos paradigmas que são fundamentais para dar sustentação à filosofia da gestão da sustentabilidade e da postura colaborativa: a cocriação e o consumo colaborativo. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Cocriação de valor e de produtos O conceito de cocriação foi globalmente disseminado por meio dos autores C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy como uma proposta de inovação no processo de criação de valores. Vamos compreender o que motivou estes autores a proporem esta mudança de perspectiva. A criação de valores tem sido tradicionalmente centrada na perspectiva da empresa. Nesta concepção, é a empresa quem analisa e define os valores que devem ser entregues ao cliente. Se por um lado o cliente é pesquisado e escutado, por outro lado ele raramente participa ativamente do desenvolvimento dos produtos. Conforme observam Prahalad e Ramaswamy (2004), as funções primárias do marketing estavam na troca e na extração mútuas de valores entre empresas e clientes. Entretanto, esta relação que dá mais voz ativa às empresas foi duramente impactada pela transformação dos consumidores na última década. Dentre estas mudanças, podemos destacar: o maior acesso à informação; o poder que os consumidores têm para gerar, disseminar e compartilhar informações; a postura mais ativa e mais consciente dos consumidores quanto aos seus direitos; a crescente preocupação dos consumidores quanto às questões de sustentabilidade. Logo, podemos compreender a cocriação como o processo colaborativo de desenvolvimento de produtos envolvendo empresas e stakeholders que devem dialogar e atuar conjuntamente, a fim de definir o produto e seus respectivos valores, de forma que haja entrega de benefícios para a empresa e para os stakeholders. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Considerando a filosofia da gestão da sustentabilidade, podemos complementar a esta definição o papel relevante de produtos que serão cocriados à luz da responsabilidade socioambiental das empresas que os produzem e dos consumidores que os comprarão. Em termos práticos, como o conceito de cocriação pode ser aplicado nas empresas? Prahalad e Ramaswamy (2004) sugerem o uso de um modelo teórico chamado DART, composto por quatro elementos de interação: diálogo, acesso, risco-benefício e transparência. Figura 3.2 Fonte: traduzido do original de PRAHALAD; RAMASWAMY (2004) O diálogo é o elemento que enfatiza a abertura não apenas do canal de comunicação, mas principalmente de uma relação efetivamente interativa entre empresa e cliente. Isso significa ir além de ouvir o cliente, pois será preciso criar uma relação na qual aprendizado e experiência sejam compartilhados na prática. Esta interação poder ser física (por meio de encontros) e virtual (por meio de plataformas especialmente dedicadas para a esta interação). GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA O acesso propõe um novo olhar sobre a lógica criação de produtos e transferência de propriedade. O que está em jogo não é mais a posse de um produto (seja bem ou serviço), mas sim o acesso às experiências que este produto propiciará ao cliente. Por exemplo, para utilizar um carro não será mais necessário comprá-lo. Alugar ou usar de forma compartilhada serão asalternativas para que o cliente tenha acesso ao produto e, principalmente, à experiência que o produto propiciará. O risco-benefício é um fator que será avaliado com mais cuidado pelo cliente. Se o produto será um resultado de cocriação entre empresa e cliente, logo ambos deverão calcular e assumir os riscos advindos deste produto. O cliente também assumirá maior grau de responsabilidade com relação a estes possíveis riscos. Por outro lado, a cocriação estimulará que os ganhos sejam mais equilibrados para as partes envolvidas. Por fim, a transparência irá favorecer a construção de uma relação de maior confiança e de maior compromisso entre empresa e cliente. A relação tende a ser mais aberta e mais colaborativa. A filosofia da cocriação também sugere outra mudança importante: o mercado consumidor passa a ser compreendido como um grande fórum de cocriação, e não mais apenas como target a ser atingido. Dentre as várias implicações deste novo cenário, podemos destacar: a convergência entre empresas e clientes, com menor distinção de papéis rigidamente definidos; a cocriação do produto e de seus valores em múltiplos pontos de interação, à luz da experiência que será propiciada ao cliente; a intensificação do diálogo entre os consumidores e as comunidades de consumidores. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Consumo colaborativo Na discussão sobre a gestão da sustentabilidade, tradicionalmente a maior carga de responsabilidade é atribuída às empresas. Porém, já estudamos que os consumidores também devem assumir uma postura mais ativa e devem assumir responsabilidades nesta cadeia de relações. Até agora, focalizamos nas etapas do desenvolvimento e da produção. Agora o foco será à ponta deste processo: o consumo. Será nesta etapa que o papel do consumidor ficará mais visível. O ponto de partida será compreender o conceito de consumo consciente. Vamos considerar que “os indivíduos, enquanto consumidores, também devem reestruturar suas formas de pensamento para uma melhor atuação na sociedade, ou seja, deve-se assumir um comportamento de consumo consciente para que a dinâmica de mercado possa direcionar totalmente para essa nova maneira de atuação.” (SILVA et al., 2012). O crescente destaque que os veículos de comunicação têm reservado ao tema da sustentabilidade é um fator fundamental para contextualizar a importância da mudança de atitude do consumidor. Os fenômenos climáticos extremos, a escassez progressiva de recursos naturais (dentre os quais se destaca a água potável), a poluição derivada das energias não limpas, a degradação das condições de vida em países pobres, a ocupação urbana desordenada e a perspectiva de colapso no abastecimento de alimentos são alguns dos fatos que abriram olhos, ouvidos e corações dos consumidores. Por sua vez, as empresas também têm se sensibilizado com estas questões, seja por iniciativa própria ou por pressão externa. Torna-se cada vez mais urgente a revisão do nosso comportamento de consumo. Para se ter uma ideia do impacto das nossas decisões de consumo para a sustentabilidade, reflita sobre os seguintes números retirados do Instituto Akatu: GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Segundo a Universidade das Nações Unidas (UNU), um computador comum (24 quilos, em média) emprega ao menos dez vezes o seu peso em combustíveis fósseis (contribuindo para o aquecimento global) e 1.500 litros de água em seu processo de fabricação (INSTITUTO AKATU). Atualmente, a humanidade já consome 50% mais recursos renováveis do que a Terra consegue regenerar, mesmo em uma situação de enorme concentração do consumo, em que apenas 16% da população mundial é responsável por 78% do total do consumo no planeta (INSTITUTO AKATU). Diante dessas estatísticas inquietantes, o termo consumo colaborativo tem conquistado mais espaço globalmente. Mas, quais são os fundamentos deste conceito? De acordo com Maurer et al. (2012): O conceito de consumo colaborativo, descrito pela primeira vez por Algar (2007), e posteriormente ampliado por Bostman e Rogers (2011), parece ser uma ideia inovadora, mas, na verdade, descreve um comportamento de uma prática tradicional já empregada pela humanidade desde as primeiras formas comerciais e que esteve em utilização até a emergência do modelo capitalista de produção, centrado na acumulação de riqueza e posse de mercadorias (MAURER et al, 2012). O consumo colaborativo está fundamentado nos seguintes parâmetros: compartilhar bens e serviços; ter acesso a bens e serviços em vez de ter propriedade sobre estes; consumir de forma racional e sustentável. Atualmente, o modelo teórico de consumo colaborativo mais reconhecido é o de Rachel Bostman e Roo Rogers. Segundo eles há três sistemas de consumo colaborativo: Sistemas de serviços de produtos – Para se consumir um determinado produto, o consumidor paga pela utilização deste por um tempo predeterminado, sem a necessidade adquiri-lo. Os serviços de aluguel fazem parte deste sistema. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Mercados de redistribuição – É fundamentado no princípio da troca e de doação de produtos usados, no qual pode haver transferência de propriedade. Móveis, roupas e livros são exemplos de produtos que são redistribuídos com frequência. Estilos de vida colaborativo – Trata-se de uma mudança de atitude perante a comunidade que o consumidor vive. O princípio é de dividir ou trocar “ativos intangíveis como tempo, espaço, habilidades e dinheiro” (MAUREN et al, 2012). Dentre as ações mais conhecidas estão o crowdsourcing (cocriação de produtos em plataformas on-line), crowdfunding (financiamento coletivo), crowdlearning (aprendizado colaborativo em plataformas on-line) e coworking (compartilhamento de escritórios coletivos). Apesar de ser um conceito ousado e inovador, o consumo colaborativo ainda pode ser visto com ressalvas por boa parte dos consumidores. Como barreiras a serem superadas pelo consumo colaborativo, podemos citar: o sentimento de apego que os consumidores têm com seus bens, inclusive por questões afetivas; o sentimento de materialismo, que é dar excessiva importância ao ter em detrimento do ser; a relação que se estabelece entre acúmulo de bens e status socioeconômico. No livro “Collaborative services – social innovation and design for sustainability”, os autores e colaboradores desta obra citam diversas experiências de consumo colaborativo. Por ora, vamos destacar os três seguintes exemplos: 1) The Home Laundry – Em vez de utilizar uma lavanderia comercial, o usuário se cadastra neste serviço no qual as roupas são lavadas e passadas por famílias que GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA prestam o serviço em sua própria casa e com seu próprio equipamento doméstico. O público-alvo é de clientes solteiros, estudantes e idosos. Fonte: JEGOU, F.; MANZINI, E. (Coord.) Collaborative services: social innovation and design for sustainability. Milão: Edizioni POLI Design, 2008, p.55. 2) Family Take-Away – Famílias se cadastram como prestadoras de serviço, a fim de preparar entre 3 ou 4 porções extras além do que será servido à família. Estas porções extras são vendidas para clientes cadastrados, geralmente solteiros, estudantes e idosos. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Fonte: JEGOU, F.; MANZINI, E. (Coord.) Collaborative services: social innovation and design for sustainability. Milão: Edizioni POLI Design, 2008, p.59. 3) Kids Clothing Chain – É um serviço de compartilhamento de roupas infantis. Após realizar o cadastro, a mãe entrega as roupas de seu filho e, em troca, leva uma caixa com roupas já usadas por outras criançasda mesma idade. As roupas muito gastas são substituídas, reiniciando o ciclo de uso e de reuso. Fonte: JEGOU, F.; MANZINI, E. (Coord.) Collaborative services: social innovation and design for sustainability. Milão: Edizioni POLI Design, 2008, p. 85. Atividade proposta Leia a matéria jornalística Empresas não têm outra opção a não ser cocriar, afirma especialista, da publicação Pequenas Empresas Grandes Negócios (Editora Globo). Disponível em nosso material complementar. Nesta matéria, foi entrevistado o especialista e professor de marketing Venkat Ramaswamy, que explica sua perspectiva sobre a necessidade de as empresas investirem intensivamente em ações de cocriação com consumidores. Após ler a matéria, reflita sobre a seguinte questão: você está preparado para assumir uma postura colaborativa com seus clientes, inclusive no processo de desenvolvimento do produto? Faça associações com as ideias apresentadas por Ramaswamy. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Exercícios de fixação Questão 1: Sobre a gestão da sustentabilidade, está CORRETO afirmar que: a) ( ) A responsabilidade é prioritariamente das empresas. b) ( ) A responsabilidade é prioritariamente dos consumidores. c) ( ) A responsabilidade é prioritariamente do governo. d) ( ) A responsabilidade é da sociedade e de todos que a compõem. e) ( ) A responsabilidade é das empresas e dos consumidores sustentáveis. Questão 2: O modelo DART, criado por Prahalad e Ramaswamy (2004), se refere-se: a) ( ) Aos quatro elementos de interatividade que sustentam o conceito de cocriação. b) ( ) À sigla do evento da ONU no qual este modelo foi apresentado em 1992. c) ( ) Às quatro etapas do processo de cocriação de valores sustentáveis. d) ( ) Às quatro dimensões da sustentabilidade empresarial. e) ( ) À sigla ISO que normatiza a certificação de empresas sustentáveis. Questão 3: De acordo com o modelo teórico de Bostman e Rogers, o sistema no qual há troca e doação de produtos usados, com possibilidade de transferência de propriedade, é denominado: a) ( ) Sistema de serviços de produtos. b) ( ) Estilo de vida colaborativo. c) ( ) Mercados de redistribuição. d) ( ) Guarda compartilhada. e) ( ) Crowdsourcing. Aprenda mais Assista ao seguinte vídeo sobre consumo colaborativo, produzido por O Globo, disponível em nossa galeria de vídeos. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Referências ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2012. JEGOU, F.; MANZINI, E. (Coord.) Collaborative services: social innovation and design for sustainability. Milão: Edizioni POLI Design, 2008. Disponível em: <http://81.246.16.10/videos/publications/collaborative_services.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2013 MAURER, A. M.; FIGUEIRO, P. S.; CAMPOS, S. AL. P.; SILVA, V. S.; BARCELLOS, M. D. Yes, we also can. O desenvolvimento de iniciativas de consumo colaborativo no Brasil. In: XXXVI Encontro da Anpad. Rio de Janeiro: ANPAD, 2012. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad_2012/ESO/Tema%2007 /2012_ESO968.pdf >. Acesso em: 16 jun. 2013. MORAES, M. B.; COSTA, B. K. Cocriação de valor e perspectiva da lógica dominante: um estudo em uma empresa do setor aeronáutico. In: The 4th International Congress on University-Industry Cooperation. Taubate: Unitau, 2012. Disponível em: <http://www.unitau.br/unindu/artigos/pdf581.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2013 PRAHALAD, C. K.; RAMASWAMY, V. Co-creation experiences: the next practice in value creation. Journal of Interactive Maketing. [S.I]: v. 18, n. 3, 2004. Disponível em: <http://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/handle/2027.42/35225/20015_ftp.pdf&embedde d=true?sequence=1>. Acesso em: 16 jun. 2013. SILVA, M. E.; AGUIAR, E. C.; FALCÃO, M. C.; COSTA, A. C. A perspectiva responsável do Marketing e o consumo consciente: uma interação necessária entre a empresa e o GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA consumidor. In: Organizações em Contexto. São Bernardo do Campo: Umesp, 2012. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas- ims/index.php/OC/article/view/2989>. Acesso em: 10 jun. 2013 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Aula 4: Desenvolvimento de produtos: a perspectiva sustentável Introdução “[...] a sustentabilidade não é irreconciliável com o crescimento econômico, [...] ao contrário, pode ser importante fonte de vantagem competitiva e de geração de valor para acionistas e comunidade em geral” (MILSTEIN, 2004). Em meio à crescente pressão social por ações empresariais mais responsáveis, o desenvolvimento de produtos tem se destacado como um importante foco de investimento em pesquisas voltadas à minimização dos impactos que são gerados para a sociedade e para o meio ambiente. Seja na adaptação, na melhoria ou na criação de produtos, as empresas precisam ficar gradativamente mais conscientes e mais preparadas para gerenciar os rastros que estes produtos deixam para trás. Isto pode ocorrer na forma da geração de resíduos, da exploração desordenada dos recursos naturais, da emissão de dejetos e da ocorrência de impactos sociais. O desenvolvimento de produtos, antes focalizada em questões essencialmente empresariais, agora precisa se alinhar à filosofia da sustentabilidade. Em termos práticos, isto representa a obrigação de as empresas repensarem seu modo de produção, buscando metodologias e processos que vão ao encontro da utilização racional e responsável dos recursos dos quais dispomos. Este será o fio condutor que nos guiará nesta aula. Objetivos: Definir desenvolvimento de produtos. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Definir produto sustentável. Descrever as diretrizes do desenvolvimento de produtos sustentáveis. Conteúdo Introdução O desenvolvimento de produtos é considerado um processo de negócio cada vez mais crítico para a competitividade das empresas, principalmente com a crescente internacionalização dos mercados, aumento da diversidade e variedade de produtos e redução do ciclo de vida dos produtos no mercado. (AMARAL et al, 2006, p. 4) Tradicionalmente, as empresas investem boa parte de seus esforços na criação e no aperfeiçoamento de seus produtos. Nas fases da orientação para a produção e da orientação para o produto, conforme já estudamos, este foco era especialmente exacerbado. O processo de produção e o produto propriamente dito centralizavam as atenções do negócio. Com o advento da orientação para o marketing, as empresas redirecionaram seu foco para o cliente. Na medida em que os produtos se tornam mais vulneráveis à substituição e que os setores se tornam mais competitivos, o papel do cliente se torna mais ativo e seu poder de barganha cresce gradativamente. Se antes o cliente precisava se adaptar ao produto, agora é o produto que precisa se adaptar ao cliente. Nesta evolução do relacionamento entre empresas e clientes, certamente o desenvolvimento de produtos também precisou ser repensado. A consolidação do pensamento do marketing propiciou que uma nova filosofia emergisse: a de que o desenvolvimento de produtos representa a interface entre a empresa e o mercado. Em outras palavras, o produto é concebido, planejado, manufaturado e distribuído para o cliente e com o cliente. GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E MARCAS SUSTENTÁVEIS - APOSTILA Outro importante elemento a ser acrescentado foi a filosofia da sustentabilidade. Hoje, a eficiência produtiva deve ser combinada com indicadores de sustentabilidade. Logo, não basta desenvolver um produto que prometa redução de custos
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