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Idosos no ambiente de trabalho Por Nancy Nobre A população de um país tende a envelhecer, em média, proporcionalmente ao desenvolvimento humano da sociedade em questão. No Brasil, por exemplo, ao passo que a parcela de população atuante aumenta, a média de idade desta mesma população também aumenta. Observa-se, portanto, o padrão indicado no início do texto. Então, uma problemática atinge a camada empresarial (produtiva) de um país com crescente índice de idosos no local de trabalho: será que essa parcela populacional é capaz de contribuir positivamente no ambiente de trabalho e na produção? L. G. Gonçalves realizou dois estudos com idosos de dez regiões metropolitanas e chegou a alguns resultados interessantes. Apenas um quarto da população idosa trabalhava e isto se devia a fatores como idade, renda domiciliar e escolaridade. Adicione-se a essas informações o fato de que, de acordo com A. L. Neri, as maiores dificuldades para a população idosa se concentram em empresas tecnológicas, dadas as habilidades e conhecimentos que devem ser desenvolvidos para atuar na área. Ainda segundo a autora, dados empíricos indicam que a falta de oportunidade de treinamento e reciclagem de habilidades é a maior responsável pelo obsoletismo do trabalhador. Ambientes de trabalho que incentivam o crescimento pessoal e investem na melhoria e desenvolvimento de novas habilidades tendem a contribuir para a manutenção e o progresso das capacidades humanas. Deve-se lembrar que, com a idade, o trabalhador desenvolve características valorosas para diversos processos dentro de uma organização: experiência, persistência, capacidade de solução de problemas práticos, cuidado, pontualidade, etc. Infelizmente, conforme os dados indicam, a baixa empregabilidade da mão de obra de populações idosas está fortemente associada a preconceitos injustificáveis. Em muitos casos, quando a escolaridade de um idoso é proporcional à experiência de vida, tem-se um grande profissional técnico e preparado para contribuir, que deseja seguir trabalhando, mas que é recusado “para dar oportunidades a alguém mais jovem”, por exemplo. Assim, a comunidade mundial deve encarar a população mais velha como uma fonte de conhecimento e de capacidade que pode ser aproveitada e “não como um problema, mas como uma solução potencial para os problemas”, como Alexandre Kalache, líder de grupo do Programa Envelhecimento e Saúde, da OMS, comentou certa vez.