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Conceitos Fundamentais Métodos Projetivos

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SLIDE 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DOS MÉTODOS PROJETIVOS
“A obra de arte — e sobretudo a obra literária — não se impõe apenas como um objeto de gozo ou de conhecimento; ela se oferece ao espírito como objeto de interrogação, de indagação, de perplexidade. ” - Gaëtan Picon
MÉTODOS PROJETIVOS
- Designados por Frank (1939, 1965)
- Testes usados para acessar às vivências internas, aos conflitos e desejos do sujeito.
- As técnicas projetivas ofereciam acesso ao mundo dos sentidos, significados, padrões e sentimentos, revelando aquilo que o sujeito não pode ou não quer dizer (ou por não se conhecer bem); busca compreender partes da personalidade
- Tais métodos podiam apreender aspectos latentes ou encobertos da personalidade, por serem inconscientes.
- Se fala em libertar esses métodos dos conceitos da Psicanálise, embora as associações às terminologias continuam valendo e podem facilitar o entendimento.
- Teste com natureza não estruturada, ambígua e amorfa, assim como na liberdade da resposta e do tempo diante de estímulos vagos e plásticos; colocando o sujeito em condição de expressar seu mundo interior, pela interpretação e atribuição de sentidos. O material externo precisaria mesmo ser bastante impreciso ou indefinido para criar maior responsabilidades de revelação.
- O sujeito está mais próximo de expressar seu mundo interior, quando empresta contornos mais precisos à ambiguidade pela interpretação e atribuição de sentidos
PROJEÇÃO
Frank vai trabalhar o conceito psicanalítico da projeção e incorporar conteúdos conscientes e inconscientes (a alma responderia aos estímulos externos por meio de respostas defensivas – percepções), conceito utilizado por Herbart em 1824, mas não por Freud (que utilizou projeção).
Apercepção – percepções novas.
A personalidade é produto de um campo de forças, que podem ser relacionadas entre si, combinadas ou divididas, dirigidas para sentidos idênticos ou opostos, ou mesmo excluídas mutuamente. “Estas forças são percepções, e a dinâmica de Herbart se baseia na luta das percepções para conseguir um lugar na consciência humana. As forças reprimidas ficam submergidas no inconsciente; esforçam-se por ganhar a superfície e algumas vezes o conseguem” (WOLMAN, 1970, p.7-8).
Herbart vem de um momento em que eram necessárias comprovações físicas, e tentou com esse conceito dar explicações objetivas. Pioneiro em ideias da teoria psicanalítica e de Piaget (assimilação e acomodação).
Para Freud, as representações derivadas das percepções internas e externas se entrelaçam formando um corpo de fantasias que constituirá o imaginário. A elaboração destas fantasias obedece à mesma dinâmica interativa incorporada no processo de apercepção.
· 
Até determinado momento o conceito freudiano se tratava do deslocamento de sentimentos hostis (limitado).
“...projeção. Nele uma percepção interna é reprimida e como sua substituição, seu próprio conteúdo, depois de sofrer uma deformação, vai surgir na consciência como percepção vinda do externo”.
Bellak (1967) ao subdividir os tipos de projeção, designa esta forma como projeção invertida, já que ela inclui uma operação de transformação no contrário, pelo mecanismo de formação reativa. Antes, Freud já havia feito referência a um sentido mais complexo - o conceito foi utilizado de uma forma suficientemente ampliada para permitir englobar uma gama maior de fenômenos. Freud trabalha a ideia do determinismo psíquico, e para exemplificar, analisa a crença na superstição. Compara os mecanismos psíquicos do:
paranoico - de forma inconsciente, projeta na vida psíquica dos outros aquilo que existe na sua;
supersticioso - desconhece causas internas, projetanda a causalidade psíquica no exterior, distorcendo aperceptivamente a realidade - interpretando como intencionais determinados fatos que são apenas casuais (o indivíduo vai atribuir uma significação aos fatos externos, sentindo que estes têm correspondência com seus próprios sentimentos e representações, ocultos por serem inconscientes)
A projeção - dentro da vida cotidiana e normal - ganha outra qualidade. Além do significado da expulsão paranoica, passa a representar também o simples desconhecimento, por parte do sujeito, de desejos e emoções que não são aceitas por ele como sendo seus (ou então dos quais é parcialmente inconsciente), e cuja existência atribui à realidade externa.
“A projeção não é unicamente um meio de defesa. É observada tmb casos onde não existe conflito. A projeção para o exterior de percepções interiores é um mecanismo primitivo, ao qual nossas percepções sensoriais se acham também submetidas, e que desempenham um papel essencial em nossa representação do mundo exterior.
Por estes deslizamentos, a projeção vai sendo aplicada a vários fenômenos que fazem parte de nossa vida quotidiana”. Antes apenas defesa (patológico), até se tornar parte da vida cotidiana (nem sempre existem conflitos).
Depois Freud amplia o conceito inicial de projeção e entende que algumas vezes as fantasias projetadas para o exterior podem ser conscientes.
Passa-se a usar a projeção como explicação para o deslocamento de sentimentos, ideias e emoções consideradas positivas e valorizadas e, até mesmo, conscientes.
Bellak (1967), prefere o termo externalização.
Anzie (1988), atribui três formas diferentes (especular, complementar, catártica).
Projeção especular – onde o sujeito se reconhece no outro. A pessoa age como se estivesse diante de um espelho. Reflete características que reconhece como suas. “Ele é como eu”.
Projeção complementar – o sujeito atribui ao outro os sentimentos que explicam os seus. Atribuição externa de causalidade, que justificam características próprias. “É por causa dele”.
Projeção catártica – o que o sujeito rejeita no outro o que não admite em si mesmo. Expulsão de características intoleráveis. Atribui a origens externas. “Não sou eu, é ele”.
ELABORAÇÃO DE FANTASIAS
1908, analisa os devaneios do artista, base para a fundamentação teórica dos métodos projetivos.
Para Freud, o processo da criação mostra a proximidade entre a brincadeira da criança e a obra do artista. “Toda criança que brinca se conduz como um poeta, criando para si mesma um mundo próprio”
Há uma substituição das brincadeiras infantis por fantasias no adulto (devaneios ou sonhos diurnos).
A criação artística vai simbolizar, aquilo que o autor pretende dizer (através de elementos simbólicos).
Sublimação – o autor sublima suas pulsões em suas criações - é como se tivesse uma necessidade de ultrapassar seus tormentos, elaborar conflitos e sentimentos contraditórios.
Dimensão Temporal – se expressa por meio da fantasia criativa, é a criação do resultado do enlace entre passado, presente, futuro -> Algo da vivência presente do artista vai se enlaçar a algum acontecimento de seu passado que, então, se expressa pela fantasia concretizada na obra de arte. Por sua vez, esta obra se lança para o futuro, uma vez que cria um mundo inexistente - nem presente, nem passado - um mundo ainda por vir.
Fantasias e sonhos diurnos também procuram realizar anseios, desejos e expectativas do sujeito.
PERSONIFICAÇÃO
Quando escritores de novelas e contos produzem uma história sempre existe um protagonista, em torno do qual se centra o interesse do autor e leitores. Por meio da fala deste herói que se expressa a ego do autor.
TAT – HISTÓRIAS PRODUZIDAS DIANTE DAS TÉCNICAS TEMÁTICAS.
Sendo o ego o personagem principal destes relatos, é preciso supor que as histórias estejam expressando também sentimentos, ideias, motivações e fantasias conscientes, pois apreendem competências e habilidades que são funções de Ego ( tais como memória, tendências artísticas e outras características da personalidade).
Melanie Klein contribuiu trazendo as técnicas projetivas, onde no brincar, a criança personifica não apenas seu ego, mas também conteúdos do id e do superego, distribuídos pelos diversos personagens pertencentes ao enredo de uma brincadeira.
Na história de uma prancha projetiva o indivíduo deposita partes suas nos diversos personagens da trama,como a criança ao brincar.
A personificação pode ocorrer por meio de animais ou objetos inanimados, que ganham a oportunidade de expressar suas fantasias (brinquedos nas sessões lúdicas).
FORMAÇÃO DE COMPROMISSO
A fantasia é uma função da formação de compromisso (é o resultado de uma espécie de contrato interativo que ocorre entre o id, ego, superego).
O objetivo deste compromisso firmado entre os três sistemas é a manutenção do equilíbrio psíquico. Assim os mecanismos de defesa procuram solucionar os conflitos, evitar a angústia e manter a estrutura da personalidade.
Com relação aos métodos projetivos, o ato do ser humano vai ser gerado por meio de uma barganha interativa entre as três instâncias da personalidade, com as defesas desempenhando um papel central na manutenção do equilíbrio psíquico.
A PROJEÇÃO NA ARTE E NOS TESTES PSICOLÓGICOS
Freud analisou algumas obras e escritores, onde percebeu ser impossível separar o artista de sua criação.
Ao realizar sua obra, o artista a envolve com seu estilo pessoal - marca registrada nas suas produções (personalidade).
As experiências prévias influem nas percepções, e produzem entrelaçamentos que se materializam nas fantasias criadas frente a estímulos ambíguos.
Os métodos projetivos afirmam a possibilidade de dizermos algo de alguém, por meio de sua produção, de suas visões diante de estímulos ambíguos - a dispensa sistemática destes recursos complementares pode traduzir um comportamento onipotente, no qual “imagina-se poder chegar magicamente à compreensão profunda do dinamismo inconsciente, através do poder de uma escuta e de um olhar privilegiadamente instrumentalizados pela teoria psicanalítica”.
“Nesta situação (a criança) expressa somente um segmento de seu repertório de condutas, reatualizando no aqui e no agora um conjunto de fantasias e de relações de objeto que irão se sobrepor ao campo do estímulo. Por isso recorre-se, complementarmente, a outros instrumentos ou métodos de investigação”
Vários instrumentos ou métodos de investigação podem ser utilizados numa avaliação diagnóstica. Os argumentos para o uso de múltiplas técnicas são de duas ordens;
1. Limitação dos instrumentos - cada teste é idealizado para avaliar uma determinada caract. ou função do sujeito.
2. um conjunto de testes minimiza o erro e maximiza a adequação das avaliações pela validação cruzada, que pode ser alcançada por meio dos entrecruzamentos e superposição dos vários métodos.
Anzieu (1988), classificou os testes em três categorias;
- Técnicas expressivas: situações nas quais há uma ampla liberdade de instruções e material utilizado;
- Técnicas projetivas: respostas livres, com material definido e padronização, embora ambíguo;
- Técnicas psicométricos: exige grande precisão, respostas adequadas variam pouco.
Sua classificação poderia se tornar mais abrangente se Anzieu (idem) considerasse o conceito de projeção como categoria geral.
O que interessa é que todas as pinturas e desenhos, desde as garatujas de uma criança ao elegante e sofisticado traçado de um arquiteto, podem revelar o mundo interno de seu autor.
A presença ou ausência do domínio da sintaxe da linguagem gráfica não impede a revelação da vida psíquica da pessoa.
Até o elemento formal da cor pode ser utilizado como suporte para captar a projeção de sentimentos e ideias. As cores são elementos simbólicos, que podem mobilizar e expressar emoções e afetos.
As interpretações muito radicais podem empobrecer a autor do texto, seja ele um escritor conhecido, um sujeito em processo de avaliação diagnóstica ou em psicoterapia.
As técnicas expressivas podem ser definidas como aquelas que investigam características de personalidade através dos padrões dos movimentos e ritmos corporais. Assim, o comportamento expressivo caracteriza o estilo pessoal de resposta diante das situações. Neste sentido, as técnicas expressivas oferecem oportunidade para a pessoa reagir de forma característica ou individual, quando maneja e organiza um material. Para efeito de interpretação, é importante lembrar que as técnicas expressivas são simultaneamente projetivas.
Cabe assinalar que elas “possibilitam uma exploração da personalidade mais global e livre do que se pode obter mediante o emprego de outros métodos, uma vez que a execução da tarefa proposta implica em um intenso grau de criação e elaboração pessoal”
· 
O mundo da criação pode revelar algo da patologia ou da perversão que vive no interior do artista. Porém, a obra não pode ser demonizada e reduzida drasticamente aos conflitos pessoais de seu autor. Pois para além da projeção, a obra artística é uma interpretação criativa, crítica e singular do mundo. Da mesma forma, as produções que surgem diante dos métodos projetivos também não devem ser interpretadas de forma reducionista.
O risco seria a interpretação revelar mais do intérprete do que do sujeito interpretado.
SLIDE 2 – PERSONALIDADE / ESTRUTURAS DA PERSONALIDADE
Personalidade
· Entendida como “jeito de ser” de cada um.
· Envolve mais que comportamentos observáveis.
· Tem padrão característico e relativamente estável de pensar, sentir e se relacionar.
· Pessoal e intransferível.
· Edificada ao longo dos primeiros anos do desenvolvimento.
As patologias ou transtornos da personalidade (TPs) não são como uma doença no sentido médico, mas se referem a um padrão inter-relacionado de cognições e motivações (conscientes e inconscientes), emoções e comportamentos que parecem oferecer senso de segurança e controle, mas são desadaptativos e trazem prejuízo.
Estudos apontam o quanto experiências traumáticas precoces interferem na consolidação de estruturas cerebrais. Embora o diagnóstico propriamente dito de TP deva ser realizado a partir dos 18 anos.
- Para se adquirir certo grau de maturidade psicológica e alcançar modos satisfatórios de viver, é preciso que algumas capacidades vitais se desenvolvam, como:
· 
· 1. identidade
· 2. relações objetais
· 3. tolerância afetiva
· 4. regulação afetiva
· 5. integração do superego, conceito de si mesmo ideal e ego ideal
· 6. teste de realidade
· 7. força de ego e resiliência
O CONCEITO DAS ESTRUTURAS CLÍNICAS NEUROSE E PSICOSE PARA A PSICANÁLISE
· Atualmente, as patologias são classificadas a partir de seus sintomas, que passam por uma catalogação detalhada. O objetivo é descritivo. Surgem novas denominações, novas terapias e constantemente novos medicamentos, cujo objetivo é tratar de forma mais eficaz sinais e sintomas.
· A psicanálise trabalha com as grandes categorias clínicas, que são a neurose (histeria e neurose obsessiva), a psicose (paranoia e esquizofrenia, melancolia e hipocondria) e a perversão.
“Portanto, é justificável dizer que o ego se defendeu da ideia incompatível através de uma fuga para a psicose”. (Freud,1894)
· Trata-se de uma provisão patológica de alto grau, onde o ego escapa da ideia incompatível, ligada inseparavelmente a um fragmento da realidade. O afastamento da ideia incompatível proporciona, consequentemente, um afastamento da realidade. Os efeitos desse afastamento podem ser percebidos a partir do surgimento de alucinações e confusão mental.
· NEUROSE - é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que a PSICOSE é o estágio analógico de um distúrbio semelhante nas relações entre o ego e o mundo externo”. (Freud,1923/1925)
O autor afirma que a neurose se caracteriza por uma recusa do ego em aceitar a poderosa pulsão do id, recusando a posição de mediador da satisfação pulsional. Ele opera a serviço do superego e da realidade (princípios morais), a partir do mecanismo do recalcamento.
· “O efeito patogênico depende do ego, numa tensão conflitual desse tipo, permanecer fiel à sua dependência do mundo externo e tentar silenciar o id, ou se ele se deixar impedir pelo id e, portanto, ser arrancado da realidade.”
Freud nos mostrou que tanto o neurótico quanto o psicótico, nesse processo de constituição subjetivo, deparam-se com certo afrouxamento da realidade. O que diferencia as estruturas é a saída possível em cada estrutura. Na neurose,via fantasia, e na psicose, através do delírio e alucinação.
A NOÇÃO DE ESTRUTURA DA PERSONALIDADE / AS GRANDES ESTRUTURAS DE BASE
· Fala-se habitualmente de “sintoma psicótico” pensando nos comportamentos delirantes, manifestações alucinatórias, fenômenos de despersonalização ou nos estados de duplicação da personalidade. E também considera-se “sintoma neurótico” como correspondendo a uma conversão histérica, a um ritual obsessivo ou comportamento fóbico.
· Entretanto, a experiência clínica cotidiana leva-nos a reconhecer que um episódio delirante pode muito bem não corresponder a uma organização profunda do sujeito, de natureza psicótica.
· De qualquer forma, definitivamente, o sintoma não nos permite jamais, por si só, prejulgar acerca de um diagnóstico da organização estrutural profunda da personalidade.
Defesas neuróticas e psicóticas
· Em psicoterapia, habitualmente agrupam-se entre as defesas ditas “neuróticas” o recalcamento, a condensação, a simbolização, etc., e entre as defesas ditas “psicóticas”, a projeção, a deformação/negação de realidade, a duplicação do ego, a identificação projetiva, etc.
· Em uma descrição clínica seria, pois, interessante não falar, por prudência, senão de defesa de modalidade “neurótica” ou “psicótica”, sem analisar a veracidade da estrutura profunda dos sujeitos, o que poderia levar a prejuízos.
Estruturas da personalidade
· Uma oportunidade de se utilizar os termos qualificativos “neurótico” e “psicótico” encontra-se realizada quando, a personalidade, contudo já está organizada de modo estável e irreversível, com mecanismos de defesa pouco variáveis, um modo seletivo de relação de objeto, um grau definido de evolução libidinal e egóica, atitude fixada de modo repetitivo diante da realidade e um jogo bastante sem variedade dos processos primário (inconsciente) e secundário (pré-consciente e consciente).
Ponto de vista de Freud
· Freud (1932), pensa que em situação normal a organização de um indivíduo se acharia constituída de forma durável, específica e invisíveis.
se deixarmos cair no chão um bloco mineral cuja forma é cristalizada, ele se quebra, mas não de qualquer modo).
· Esta estrutura é comparada a um corpo cristalizado, que em um estado normal, apresenta microcristalizações invisíveis, que reunidas formam o corpo total segundo linhas de clivagem cujos limites e direções estão pré-estabelecidos. Para cada corpo existe apenas um modo de cristalizar-se e estas linhas de clivagem permanecer invisíveis enquanto o corpo não for quebrado.
Freud pensa que o mesmo aconteceria com a estrutura mental, em que em situação normal se acharia constituída de forma durável, específica e invisível. Bastaria um acidente ou um exame minucioso para que se encontrassem as linhas de clivagem (e também de sutura) fundamentais entre os elementos primários.
Assim, um ego específico é organizado em um sentido ou em outro. Psicose (já existe uma nítida negação da realidade constrangedora, a libido narcisista em primeiro plano, o processo primário que a domina, desinvestimento do objeto, projeção e identificação projetiva como defesas comuns) e Neurose (conflito entre ego e as pulsões e um recalcamento, adesão ao princípio da realidade, uma atividade, ao menos relativa, da libido objetal e um importante jogo dos processos secundários).
Quatro posições teóricas de Freud
Primeira – psiconeuroses / neurose, neurastenia
Segunda – psiconeuroses de transferências e narcisistas / neurose, neurastenia
Terceira – NEUROSES (histeria, neurose de obsessão e fobias) PSICONEUROSES NARCISISTAS (depressão e melancolia) PSICOSES (paranoide e esquizofrenia) / neuroses, neurastenia
Quarta - A partir deste momento a questão não é mais opor entidades nosológicas umas às outras, mas antes esquadrinhar certos mecanismos principalmente da vertente psicótica e, em particular, as noções de “Spaitung”(clivagem) e “Verieugnung” (negação de um fato que se impõe no mundo exterior).
· Ele acrescenta uma posição à parte, o tipo “narcisista”, o quanto definiu a intolerância deste tipo à frustrações exteriores e sua particular predisposição à psicose, bem como para distúrbios que poderíamos atualmente chamar de “caracteriais” ou “perversos”.
Psicose
Há uma ruptura entre o ego e a realidade.
O ego cai sob o domínio do ID e reconstrói para si uma nova realidade (delírio) conforme os desejos do ID.
O conflito situa-se entre o ego e o mundo externo.
Neurose
O ego ocupa uma posição intermediária entre o ID e a realidade.
Ele obedece às exigências da realidade e do SUPEREGO, recalcando as pulsões.
· Freud pensava que, quando o psiquismo individual houvesse atingido um grau de organização equivalente a uma “cristalização” definitiva, segundo linhas de força (e fraquezas) interiores complexas e originais, a seguir não haveria mais variação possível: em caso de ruptura desse equilíbrio, um sujeito de estrutura psicótica apenas poderá desenvolver uma psicose (enquanto patologia), e um sujeito de estrutura neurótica, somente uma neurose (enquanto patologia).
- Três etapas para uma estruturação saudável:
Primeira, partimos dos estados iniciais do ego da criança pequena, em sua indiferenciação somatopsíquica. Aos poucos distingue-se o eu do não-eu. Neste estado inicial o ego conservará uma certa plasticidade às influências exteriores (vulnerável ao ambiente, que precisa ser favorável para um desenvolvimento saudável).
Segunda, ocorre uma espécie de “pré-organização” mais específica em função das linhas de força determinadas. As relações com os pais continuam sendo primordiais. As defesas começam a organizar-se frente as ameaças tanto no exterior quanto no interior. Progressivamente, o psiquismo do indivíduo organiza-se, “cristaliza-se”, segundo uma organização interna, com linhas de clivagem e de coesão que não mais poderão variar depois.
Terceira, constitui-se, então, levando a uma verdadeira estrutura da personalidade, que não mais poderá modificar-se nem trocar de linhagem fundamental, mas somente adaptar-se ou desadaptar-se, de modo definitivo ou reversível, segundo uma linha de organização estrutural imutável.
Contando que o sujeito não seja submetido a provas internas ou externas demasiado fortes, não receba traumas afetivos demasiado intensos, ele não desenvolverá uma “doença”, pois o cristal continuará bom.
Mas uma vez que um acontecimento sobrevenha de modo a quebrar o cristal, esta rachadura somente poderá ocorrer segundo as linhas de clivagem de sua estrutura base: a estrutura neurótica apenas dará origem a uma neurose, e a estrutura psicótica de base apenas poderá dar origem a uma psicose.
Atenção
· Não se pode, entretanto, querer recolher todas as variedades psicopatológicas nas duas estruturas: neurótica e psicótica. Entre estas duas únicas estruturas é deixado lugar para outras entidades clínicas menos solidamente organizadas.
· No interior de cada linhagem estrutural persiste uma variedade de possibilidades, havendo em cada uma delas formas graves e benignas.
· Outros autores abordam este assunto de modo diferente que a de Freud (funcionamento).
Linhagem estrutural psicótica
· A linhagem psicótica parte do nível das frustrações muito precoces, originando-se essencialmente do pólo materno, pelo menos no que concerne às frustrações mais primitivas.
· Trata-se de um ego que sofreu sérias fixações e permanece bloqueado. Isso apenas pode ocorrer na fase oral ou, o mais tardar, durante a primeira parte da fase anal.
· Na imensa maioria dos casos, um ego pré-organizado de forma psicótica simplesmente prosseguirá sua evolução no seio da linhagem psicótica, na qual se encontra suficientemente engajado, e organizar-se-à de forma definitiva, sob a forma de estrutura psicótica verdadeira e estável.
· Na adolescência ainda se conservaria uma pequena chance de que o eixo da evolução de seu ego deixasse a linhagem psicótica, não completamente fixada . Tais casos de eventual desvio da linhagem psicótica pré-estruturada para uma linhagem de estruturação definitiva de tipo neurótico, por ocasiãoda adolescência (e possivelmente só́ nesse momento), mostram-se, infelizmente, muito raros, embora realizáveis.
Patologias psicóticas são mais graves pois o EGO está mais fraco
· Os principais mecanismos de defesa psicóticos são projeção, clivagem do ego (interior ao ego e não pela simples clivagem de imagos objetais), recusa da realidade; todos esses mecanismos concorrem para o nascimento de fenômenos de despersonalização, de desdobramento da personalidade, ou ainda de simples desrealização. A atividade sintética do ego encontra-se abolida nos casos extremos ou, então, simplesmente enfraquecida.
· Representação fantasmagórica (fantasia): tendo em vista que investimento libidinal no psicótico é autoerótico (ou seja, na própria pessoa sem que ela tenha ainda a noção de si própria, como um ser separado) e, ainda, tendo em vista a relação simbiótica com a mãe (sem que o pai interfira e passe a figurar como inimigo sexual posteriormente), a elaboração de fantasias é um mecanismo que fica prejudicado. Como ele não conseguiu se organizar narcisicamente (ou seja, entender que é um ser separado e direcionar seu desejo para o outro, para o externo), o psicótico não consegue nem criar fantasias a respeito de um objeto que lhe transporte para o campo do simbólico e lhe permita se relacionar com a realidade (daí vem a necessidade de criar o delírio).
Linhagem estrutural neurótica
· Esta linhagem atravessa a fase pré-genital sem maiores problemas, bem como a fase fálica (conflito edipiano), para começar a pré-organizar a futura estrutura egoica sob o primado da economia genital.
· Se, por ocasião da adolescência, os conflitos internos ou externos manifestaram-se de modo demasiado intenso, o ego poderá́ ser levado a deteriorar-se mais, precipitando-se para dentro da linhagem psicótica e aí se fixando. Tal mutação da linhagem neurótica pré-organizada para a linhagem estrutural psicótica definitiva na adolescência, infelizmente, mostra-se mais fácil e frequente do que a passagem em sentido inverso.
· Essa organização estrutural não mais poderá variar a seguir e, se um sujeito dessa linhagem adoecer, não poderá fazê-lo senão conforme um dos modos neuróticos autênticos: neuroses obsessivas e histeria (de angústia ou de conversão).
· O conflito neurótico situa-se entre o superego e as pulsões e desenrola-se no interior do ego (que já está completo, porém, pode ter suas funções distorcidas por causa de uma má resolução do Édipo ou por alguma fixação pré-genital manifestada tardiamente).
3 questões que precisa prestar atenção para ter certeza da patologia: Frequência, intensidade e duração
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