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AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 PROBLEMA 1- O QUE FAZER? REFERÊNCIAS • REZENDE. Obstetrícia. 13. Ed. • Caderneta da gestante do Ministério da Saúde. Edição de 2018. • Atenção à saúde da gestante: critérios para estratificação de risco e acompanhamento da gestante. Secretaria do estado de saúde de Minas Gerais. 2016 • Atenção ao pré natal de baixo risco. Ministério da Saúde. 2013. • Código de Etica médica. • Artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente. • Artigo 247 do Código Penal. OBJETIVO 1: DESCREVER OS SINAIS E SINTOMAS DA GRAVIDEZ (PRESUNÇÃO, PROBABILIDADE E CERTEZA) Sinais e sintomas de presunção • Atraso menstrual: Suspeita-se de gravidez, quando uma mulher hígida em idade reprodutiva percebe atraso da menstruação, especialmente se ela têm vida sexual ativa sem contracepção ou uso irregular de contraceptivo. Cólicas e desconforto abdominal sem sangramento são queixas comuns. Após 10 a 14 dias, o atraso menstrual constituirá sinal de probabilidade. • Náuseas: Habitualmente são matutinas, surgindo por volta da primeira semana de atraso menstrual, seguidas ou não de vômitos. Provável resultado da adaptação materna ao HCG. Podem ser acompanhadas por anorexia e perversão do apetite, podendo evoluir para hiperêmese (tipo forte de náusea e vômito durante a gestação, que pode causar perda ponderal, cetose, desidratação e até alterações eletrolíticas), na grande maioria dos casos, as náuseas desaparecem terminado o primeiro trimestre da gravidez. • Congestão mamária: na 5ª semana as mamas estão congestas e doloridas, devido à estimulação hormonal do HCG nas glândulas secretoras, bem como pelos efeitos dos estrogênios e da progesterona. Na 8ª semana, a aréola primária torna-se mais pigmentada e surgem os tubérculos de Montgomery (proteção, elasticidade e maciez da mama para amamentar); Na 16ª semana, o colostro passa a ser produzido (secreção amarela, importante para o sistema imunológico do bebê, desce horas antes do parto e é excretado por cerca de 3 a 5 dias de amamentação). Além disso, o aumento da circulação venosa é comum – rede de Haller (o aumento da circulação venosa formando uma rede visível sob a pele mamas, sobretudo em mulheres brancas) . Em torno da 20ª semana, surge a aréola secundária, que aumenta a pigmentação em volta do mamilo. • Polaciúria: O útero em crescimento e anteflexão acentuada comprime a bexiga, causando micção frequente e de quantidade reduzida. Sintoma comum por volta de seis semanas, costuma desaparecer à medida que o útero ganha a cavidade abdominal, voltando a se fazer presente no final da gravidez, quando a apresentação insinuada pressiona a bexiga de encontro ao púbis. • Fadiga e sonolência: Provável decorrência da vasodilatação observada no organismo materno. • Alterações de humor: As alterações de humor e a labilidade emocional são frequentes na gestante. Sinais e sintomas de probabilidade • Amenorreia: É o atraso menstrual que ultrapassa três ciclos consecutivos. Sangramento uterino sugestivo de menstruação pode ocorrer em alguns casos após a concepção. É episódio considerado fisiológico, correspondendo à implantação do ovo (sangramento de nidação). MÓDULO: AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA - 1/2021 AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 • Modificações uterinas: O útero gravídico sofre alterações de volume, forma e consistência, apreciadas pelo toque combinado. Em torno de 12 semanas o útero alcança a cavidade abdominal, sendo palpável logo acima da sínfise púbica. Com 16 semanas, encontra-se entre a sínfise e a cicatriz umbilical, aí sendo palpável na 20º semana. » Sinal de Hegar: Amolecimento do istmo uterino observado do toque combinado. » Sinal de Piskacek: Abaulamento e amolecimento da parede uterina no local da implantação do embrião. » Sinal de Nobile-Budin: Preenchimento do fundo do saco vaginal pelo útero, o que leva à forma globosa progressivamente, por meio do toque combinado é palpar profundo dos fundos de saco laterais » Sinal de Osiander: Pulsação arterial percebida pelo toque nos fundos de saco vaginais. » Sinal de Jacquemier ou Chewick: Coloração violácea demonstrada pela vulva congesta. » Sinal de Kluge: Cor violácea percebida também na mucosa vaginal. • Alteração de muco cervical: A elevação dos níveis da progesterona leva à redução da concentração de sódio no muco cervical, que deixa de exibir padrão arboriforme (ausência de cristalização). Sinais e sintomas de certeza • Rechaço fetal: É o sinal de Puzos- durante o toque vaginal quando o dedo impulsiona o conteúdo uterino, através do fundo de saco, desloca-se o feto para longe no líquido amniótico e a tendência ao retorno do concepto à posição original faz com que ele seja novamente percebido. Pode ser observado a partir de 14 semanas de gravidez. • Percepção dos movimentos fetais: Os movimentos fetais devem ser percebidos pelo observador. Com 18 a 20 semanas, dependendo do panículo adiposo da paciente, já é possível perceber a movimentação fetal. • Ausculta dos batimentos do coração fetal: É o sinal mais fiel de gestação. Ouvido a partir de 20 semanas com o auxílio do estetoscópio de Pinard, ou mais precoce com o sonar Doppler (entre 10 e 12 semanas). OBJETIVO 2: DESCREVER OS EXAMES DISPONÍVEIS PARA O DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ. Diagnóstico laboratorial É um teste quantitativo, feito pela detecção dos níveis de HCG presente no sangue materno (indica a presença do trofoblasto sintetizando-o) um dia após a implantação do blastocisto ou oito a nove dias após a ovulação. A concentração sérica de hCG no dia provável da menstruação é em torno de 100 mUI/mi. Sua produção duplica a cada 48 horas durante os primeiros 30 dias de uma gestação. Esse valor aumenta gradativamente até a 10ª semana, quando chega a um pico, e depois decresce, se estabilizando até o final da gravidez. Utiliza-se a fração beta para o diagnostico, uma vez que ela é específica e a fração alfa é comum a outros hormônios glicoproteicos (LH, FSH, TSH). A principal atividade biológica do hCG é a manutenção do corpo lúteo, no lugar do LH, do oitavo dia após a ovulação até a sétima semana de gravidez. Sinal de Piskacek Sinal de Nobile-Budin Sinal de Hegar AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Os testes laboratoriais atuais utilizam a dosagem do β-HCG no plasma materno, em mUI/mL por meio de técnicas de radioimunoensaio ou por testes enzimáticos, sendo o ELISA o mais difundido, sendo que valores superiores a 1.000 mUI/mL asseguram gestação em 95% dos casos. Urina Os testes de gravidez de farmácia (testes qualitativos realizados diretamente pela mulher) são populares, de fácil utilização e baseiam-se na detecção do β-HCG na urina. Muitas mulheres escolhem esses testes pela facilidade de obtenção, rapidez no resultado e conveniência da realização em casa. Geralmente, é possível diagnosticar a gravidez com 10 a 12 dias de atraso menstrual. O erro mais comum é um resultado negativo logo após o atraso menstrual, quando ainda não há produção suficiente de β-HCG na urina. Teste doméstico negativo deve ser confirmado com teste laboratorial. Os testes hormonais indicam a presença de HCG de qualquer fonte, não excluindo uma gestação ectópica, doença trofoblástica gestacional ou alguns tipos de tumores ovarianos. Ultrassonografia É um exame acessível, disponível na grande maioria dos serviços de assistência pré-natal, facilitando o diagnóstico da gravidez pela identificação da localização da implantação e avaliação da vitalidade ovular. Pode ser realizada, geralmente no 1º trimestre, por via abdominal ou vaginal (preferida nas gestações iniciais por possibilitar melhor visualização das estruturas). Além do diagnóstico precoce da gravidez, a ultrassonografia serve como um ótimo guia para a datação da gestação. OBJETIVO 3: ANALISAR A CADERNETA DA GESTANTE O cartãoda gestante foi criado em 1988 com a finalidade de registrar todas as informações da gestante e do desenvolvimento da gestação. Deve ser entregue a todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal, uma vez que se faz imprescindível em casos de urgência e emergência. Nele, é possível encontrar: • Os direitos e deveres da gestante antes e depois do parto • Consultas e exames • Orientações e sinais de alerta • Informações do desenvolvimento do bebe, parto. • Amamentação • Como tirar a certidão de nascimento do filho Destaques: consultas odontológicas, importância da participação paterna, cesárea X normal; É importante que a caderneta seja preenchida da forma correta e legível a fim de facilitar a compreensão da gestação por outros profissionais. PRÉ NATAL: Orientar os hábitos de vida (higiene pré-natal), assistir a gestante psicologicamente, preparar a gestante para a maternidade, instruindo-a sobre o parto (parto humanizado) e dando-lhe noções de puericultura, evitar o uso de medicação e de medidas que se tornem prejudiciais para o feto, tratar os pequenos distúrbios da AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 gravidez e realizar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças próprias da gravidez ou nela intercorrentes. Consultas: no mínimo 6 (uma 1º trimestre, duas no 2º e três no 3º trimestre) devem ser realizadas pela gestante, após a confirmação da gravidez, para que se possa fornecer acompanhamento médico com o objetivo de instruí-las e submetê-las e exames, vacinas, ecografias para o melhor desenvolvimento do bebê. Nessas consultas, deve-se acolher a mulher, cadastrá-la no sistema de informação, realizar anamnese, avaliação nutricional e exame físico, solicitar exames, prescrever suplementação de ferro e ácido fólico e avaliar o risco gestacional. Em caso de confirmada uma gravidez de risco, a gestante deve ser encaminhada ao pré-natal de alto risco. • A 1ª consulta deverá ser realizada até o 4º mês de gestação. O intervalo entre as consultas seguintes deve ser de quatro semanas. Após a 36ª semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando à avaliação da pressão arterial, da presença de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais. • Também é preconizada a realização de 01 consulta no puerpério, até 42 dias após o nascimento. OBJETIVO 4: ANALISAR AS ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE EXAMES Para todas as gestantes: hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh, sorologia para sífilis (VDRL), glicemia em jejum, exame de urina e urocultura, teste anti-HIV, toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para hepatite B (HbsAg). Em casos de necessidade ou suspeita: Coombs indireto, exame parasitológico de fezes, papanicolau, bacterioscopia do conteúdo vaginal, ultrassonografia obstétrica, eletroforese de hemoglobina, teste de tolerância à glicose. IMUNIZAÇÃO • Vacina dT: Caso a gestante não seja vacinada, deve-se iniciar a vacinação o mais precocemente possível (contra tetn. e dfit.). • Vacina dTpa: Protege a gestante e o feto contra tétano, difteria e coqueluche e deverá ser tomada entre a 27ª e a 36ª semana de gestação. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 • Vacina contra a hepatite B: Caso a gestante não seja vacinada, deve tomar três doses para ficar protegida. • Vacina contra gripe (influenza): Recomenda-se para toda gestante e mulher após o parto, durante a campanha de vacinação. OBS! Vacinas cotraindicadas – Triplice viral, HPV, varicela e dengue. ORIENTAÇÕES Dieta: Sugere-se um aumento na ingestão de fibras, verduras, frutas, legumes, carnes, ovos e leite. É recomendado que a gestante evite carnes malcozidas ou cruas, crustáceos, fígado, alimentos ricos em gordura, crustáceos e peixes com alto teor de mercúrio e consuma moderadamente cafeína e carboidratos. Ácido fólico: A suplementação de ácido fólico pré-concepcional tem efeito protetor contra defeitos do tubo neural. A dose preconizada é de 5mg/ dia. O ideal é que a paciente inicie o uso de ácido fólico pelo menos três meses antes da gestação, a suplementação deve ser mantida até a 12ª semana de gestação. Ferro: Deve-se prescrever suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) para profilaxia da anemia a partir da 20ª semana de gestação e até o 3º mês pós-parto. Trabalho: A gestante deve evitar a exposição a fatores de risco profissional, como os agente químicos e físicos potencialmente teratogênicos. Atividades Físicas: Deve-se estimular a prática de atividades físicas aeróbicas leves como caminhadas, natação e pilates se não houver nenhuma contraindicação. Viagens: São permitidas desde que ofereçam ambientes confortáveis a gestante e que não haja contraindicações. As viagens aéreas são permitidas até a 36º semana. Atividade sexual: em qualquer fase da gestação não se associa a eventos adversos maternos e fetais. Em algumas intcrcorrências gestacionais (sangramentos, risco de parto pré-termo) parece prudente a orientação para evitar atividade sexual. É sugerido que a mulher evite posições sexuais que a causam desconforto. Cosmiatria: Sugere-se que a gestante evite tinturas de cabelo no primeiro trimestre. É contraindicado o uso de hidratantes contendo ácido glicólico e retinoico, maquiagens que contêm chumbo e Roacutan. É estimulado o uso de protetores solar. Higiene: Não há necessidade de cuidados especiais. As duchas vaginais estão contraindicadas. A exposição ao calor na forma de banhos quentes e de imersão no primeiro trimestre da gestação associa-se a risco aumentado de defeitos do tubo neural e abortamento. Substâncias teratogênicas: Evitar etilismo, tabagismo, suplementação de vitamina A e uso de outras drogas OBJETIVO 5: ANALISAR A CONDUTA MÉDICA CONSIDERANDO O SIGILO MÉDICO. Cabe ao médico, com base nos artigos abaixo, avaliar se a saúde da gestante menor de idade está em risco ou se ela foi alvo de qualquer forma de agressão, incluindo estupro. Assim, sugere-se, inicialmente que ele tente convencer a paciente menor de idade da necessidade e inevitabilidade da consciência dos pais acerca da sua gravidez, caso isso não aconteça e a paciente estiver em risco, o médico pode quebrar o sigilo, porém, indica-se que ele recorra inicialmente ao conselho tutelar. O adolescente tem direito à privacidade durante a consulta, ou seja, de ser atendido sozinho, em espaço privado e apropriado. Deve-se lembrar que a privacidade não está obrigatoriamente relacionado à confidencialidade. A confidencialidade é definida como um acordo entre o profissional de saúde e o paciente, no qual se estabelece que as informações discutidas durante e depois da consulta ou entrevista, não podem ser passadas a seus pais e/ou responsáveis sem a permissão expressa do adolescente. A confidencialidade apoia-se em regras da bioética médica, através de princípios morais de autonomia. Art. 74. do Código de Ética Médica: É vedado ao médico revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, sa AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 O adolescente deverá ser avisado que esse sigilo poderá ser quebrado em determinadas situações que poderão, inclusive, aparecer no decorrer do atendimento como: • Uso de drogas em situação de drogadição • Ideação suicida • recusa de medicação • gravidez em caso de perspectiva de aborto ou outro risco imenente (pichação, roubo, assalto) ESTUPRO/PEDOFILIA Artigo 241D do ECA: “Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança (0-12 anos), com o fim de com ela praticar ato libidinoso – pena de 1 a 3 anos e multa”. Artigo 217A do Código Penal: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos, independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantidorelações sexuais anteriormente ao crime – pena reclusão de 8 a 15 anos”. Maiores de 14 anos, para que seja considerado estupro, deve haver constrangimento, fraude, exploração, violência. lvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. Art. 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente: É vedado deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. OBJETIVO 6: DESCREVER OS FATORES QUE CLASSIFICAM A GESTAÇÃO EM RISCO HABITUAL X ALTO RISCO. A gestação de alto risco é aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada. • É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassificar o risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. • Na maioria dos casos a presença de um ou mais desses fatores não significa a necessidade imediata de recursos propedêuticos com tecnologia mais avançada do que os comumente oferecidos na assistência pré- natal de baixo risco, embora indiquem uma maior atenção da equipe de saúde a essas gestantes. Pode significar apenas uma frequência maior de consultas e visitas domiciliares, sendo o intervalo definido de acordo com o fator de risco identificado e a condição da gestante no momento. • Alguns sinais e sintomas podem anunciar complicação da gravidez e exigem assistência médica imediata. São os chamados sinais de alerta, que incluem: sangramcnto vaginal, perda de líquido pelos genitais externos, endurecimento abdominal acompanhado de cólica, cefaleia persistente e grave (sem melhora com analgésicos comuns), escotomas visuais, borramento da visão, febre, redução acentuada dos movimentos fetais e edema persitente. O ministério da saúde estratifica os riscos na gestação como forma de organização do cuidado, contribuindo para melhor utilização dos recursos públicos e melhor atendimento. Leva-se em consideração: » Características individuais e condições sociodemográficas da gestante » História reprodutiva anterior » Condições clínicas prévias » Intercorrências clínicas/obstétricas na gestação atual 2 grupos básicos são formados: risco habitual e alto risco. Porem, pode-se estratificar em 4. RISCO HABITUAL Ausência de critérios específicos de outras classificações. O acompanhamento é feito na UBS. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 RISCO “RELATIVO” • São Fatores de risco que permitem a realização do pré-natal pela equipe da APS. Isoladamente, não indica encaminhamento para setores especializados, apenas necessita de maior atenção. • Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos. • Mulher em situação de violência/situação insegura • Tabagismo, uso de drogas • Síndrome hemorrágica, sífilis, zika, dengue, infecção urinaria OBS: a gravidez na adolescência traz maiores riscos tanto à saúde da mãe quanto do filho, uma vez que as estatísticas mostram um numero de mortes diretamente proporcional à idade da gestante. Ou seja, quanto mais nova, maior o risco. Isso porque a adolescência é um período de transição e lidar com uma gestação causa, na maioria das vezes, desconforto psíquico, emocional e profissional, abalando as estruturas sociais no meio em que a gestante está inserida. ALTO RISCO • Necessita de encaminhamento para serviços especializados, além do acompanhamento na UBS. • Dependência ou uso abusivo de drogas • Agravos alimentares e nutricionais • Doença genética, psiquiátrica, cardiopatia, neurológica, hipertensão (qualquer doença que repercuta na gestação) • Abortamento habitual, infertilidade, isoimunização de Rh • Gestação múltipla atual URGENCIA E EMERGÊNCIA • Encaminhamento imediato à maternidade de referencia. • Abortamento em curso, eclampsia, hemorragia, infecção que precise internar, Ig > 41 semanas • Vitalidade fetal alterada, doença trofoblastica gestacional • Qualquer caso agudo MANUTENÇÃO DO ATENDIMENTO NA UBS ATENDIMENTO ESPECIALIZADO AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 PROBLEMA 3 REFERÊNCIAS: • Atenção à Saúde do Recém- Nascido - MS - 12º ed. • Portaria Nº 2.068 - MS. -Alojamento conjunto • BRASIL. Ministério da Saúde. Iniciativa Hospital Amigo da Criança: revista atualizada e ampliada para o cuidado integrado. Brasília: Editora MS, 2008. • Caderneta da Gestante - 2018. • Caderneta da Criança - 2020. • Pediatria Ambulatorial - Ênnio Leão - 5º ed. • Obstetrícia Fundamental - Rezende - 13º ed. • Brasil. Ministério da saúde. Caderno de atenção básica: aleitamento materno e alimentação complementar. 2. Ed. Brasilia, 2015. OBJETIVOS 1. Descrever o papel do pediatra na sala de parto 2. Analisar a escala APGAR e seus critérios 3. Analisar as mudanças fisiológicas maternas e do bebê pós parto 4. Descrever os formulários éticos obrigatórios 5. Analisar o aleitamento materno, técnicas de amamentação e os cuidados com as mamas 6. Diferenciar os tipos de leite 7. Analisar os direitos da lactante 8. Descrever as características do título de hospital amigo da criança 9. Descrever a importância do alojamento para o pós parto DESCREVER O PAPEL DO PEDIATRA NA SALA DE PARTO Primeiros cuidados da sala de parto Logo após o nascimento, o recém-nascido rapidamente passa a respirar à medida que os alvéolos cheios de líquido se expandem com o ar ambiente e se estabelece a perfusão pulmonar. O recém-nascido começa a inalar e chorar quase imediatamente após nascer, indicando o início da respiração ativa. • Uma equipe adequada para a assistência ao RN efetiva envolve, em gestações de baixo risco, um profissional capaz de iniciar a reanimação que esteja presente durante todo o parto. • É o pediatra quem dá os primeiros cuidados ao recém-nascido e, principalmente, intervém nas situações emergenciais, garantindo um nascimento sem complicações para o bebê. Deve respeitar os desejos da gestante e/ou da família – mas sempre garantindo a segurança do bebê. • Em de gestações múltiplas, surge a necessidade de profissionais extras de forma que haja um pediatra capacitado para reanimar cada RN. • Todo material necessário para reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, antes do nascimento. Ele é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações. Assistência antes do parto • A equipe deve apresentar-se à mãe e à família a fim de realizar uma anamnese para avaliar o risco da gravidez e do parto. • Envolve questionar se a mãe possui ou desenvolveu alguma condição clínica (diabetes, hipertensão...), se houve alguma outra gestação (suas características) e a evolução/ intercorrências da gravidez atual (uso de substâncias teratogênicas...). • Em caso de emergências deve-se questionar apenas a existência de gravidez múltipla, prematuridade, líquido meconial e substâncias teratogênicas. • O mecônio é uma substância verde-escura, constituída por muco, enzimas e sais de bile, que se encontra no intestino feto. A libertação dele para o líquido amniótico durante a gravidez pode ser um sintoma de AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 sofrimento fetal, esse acontecimento faz com que o feto passe a ingerir o mecónio e resulte em complicações respiratórias. Assistência durante o parto • O profissional deve acompanhar atentamente todo processo do parto focando nos medicamentos utilizados na mãe, em oferecer apoio emocional e afetivo à mãe e aos familiares presentes e aspirar, sempreque possível, a orofaringe do RN, antes da completa expulsão do bebê para evitar a síndrome aspirativa do recém-nascido. Assistência após o parto • Logo após o desprendimento, deve-se avaliar o RN pela presença de mecônio, se o bebê nasceu respirando ou chorando, se ele possui um bom tônus muscular, se possui cor rosada ou apenas acrocianose e se a gestação foi a termo. • Se, em todos os critérios, a resposta for positiva, deve -se aspirar rapidamente a orofaringe e narinas do RN, secar a criança e deixá-la sobre o abdome ou tórax da mãe, proporcionando um contato físico e visual entre os dois o que favorece a criação de um vínculo afetivo. • Esse processo se dá até o cordão umbilical parar de pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar-se o clampeamento. • Caso, em um ou mais critérios, a resposta for negativa, deve -se iniciar os cuidados iniciais de reanimação neonatal. • A principal causa de perda de calor no neonato é a evaporação do líquido aminiótico e deve ser evitada uma vez que pode gerar distúrbios como acidose, hipoxemia e hipoglicemia. A fim de preserva a temperatura corporal do RN, é necessário colocá-lo em uma fonte de calor radiante e secá-lo com compressa esterilizada. • O RN deve ser colocado em posição dorsal com o pescoço relativamente estendido e consequente aplicação de uma compressa enrolada sobre os ombros (coxim), útil para manter a posição adequada. • No caso de secreções, virar a cabeça lateralmente para evitar engasgo. • Deve-se aspirar delicadamente as secreções da orofaringe e narinas, nesta ordem. A aspiração inicial poderá ser feita com pera de borracha. • Se o líquido amniótico está tinto de mecônio, a aspiração da boca, faringe posterior e narinas deve ser realizada. • Uma vez executados os passos iniciais da reanimação, avalia-se a FC e a respiração. • Se houver vitalidade adequada, com FC >100bpm e respiração rítmica e regular, o RN deve receber os cuidados de rotina na sala de parto. • Se o RN, após os passos iniciais, não apresentar melhora, indica-se a ventilação com pressão positiva, que deve ser iniciado nos primeiros 60 segundos de vida (“minuto de ouro”). Cuidados de rotina após a estabilização clínica do RN na sala de parto Laqueadura do cordão umbilical: Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70%. • Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé: Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. Antropometria: Medir o peso, comprimento e os perímetros cefálico, torácico e abdominal. Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K: Administrar 1mg de vitamina K1 por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal: Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. No caso de mãe Rh negativo, deve -se realizar Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. Realização da sorologia para sífilis e HIV: Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis e, caso a mãe não tenha realizado sorologia para HIV, deve-se fazer o teste rápido para anti-HIV o mais breve possível, e administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo. Identificação do RN: O Estatuto da Criança e do Adolescente regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. • Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. ANALISAR A ESCALA APGAR E SEUS CRITÉRIOS Apgar é uma ferramenta útil para identificar aqueles recém-nascidos que requerem reanimação e para avaliar a efetividade de quaisquer manobras realizadas. • Cinco características facilmente identificáveis - frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e coloração – são avaliadas e recebem pontuação de 0 a 2. • A pontuação total, com base na soma dos cinco componentes, deve ser determinada em todos os recém- nascidos 1 e 5 minutos após o nascimento. • Nos recém-natos deprimidos, o escore pode ser novamente estabelecido com intervalos de 5 minutos, até terem-se completado 20 minutos. • O Apgar de 1 minuto reflete a necessidade de reanimação imediata. O Apgar de 5 minutos e, em particular, a alteração ocorrida no escore entre o primeiro e o quinto minutos são um indicador útil da efetividade das manobras de reanimação. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Recém-nascido com respiração adequada, FC >100 e cianose generalizada: iniciar inalação de oxigênio sem pressão positiva até voltar ao normal. Caso isso não ocorra, colocar pressão positiva. Seguir com o exame sumário. Recém-nascido com respiração irregular, FC >100 e cianose generalizada: fazer estímulos táteis (piparotes, massagem no dorso e planta dos pés) para a respiração se adequar. OBS! após reanimação, o neonato deve ser monitorizado individualmente para que medidas preventivas sejam tomadas. • O Apgar de 5 minutos também tem significado prognóstico para a sobrevida do neonato, uma vez que tal sobrevida está intimamente relacionada com seu estado na sala de parto. • Escores baixos aos 5 minutos mostram-se igualmente preditivos de morte neonatal em lactentes prematuros. • Determinados elementos do Índice de Apgar são parcialmente dependentes da maturidade fisiológica do recém-nato, sendo possível que um recém-nascido prematuro saudável receba uma pontuação baixa apenas em razão de sua imaturidade. • O Índice de Apgar pode ser influenciado por diversos fatores, inclusive, mas não apenas, malformações fetais, medicamentos administrados à mãe e infecção. ADAPTAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS DA MÃE E DO FILHO MÃE Útero • O abdome está descaído, e a musculatura, flácida. • O fundo uterino que se encontrava à altura do escavado epigástrico situa-se um pouco acima da cicatriz umbilical, firmemente contraído. • A atividade contrátil rítmica da matriz, embora inaparente, indolor, prossegue por certo tempo. • Às vezes ocasiona cólicas muito dolorosas, notadamente nas multíparas. • O útero deve manter sua porção corporal firmemente contraída, e o segmento inferior acotovela-se ao limitar-se com o anel de contração do corpo da matriz na parte superior. • Nas primeiras 12 h do sobreparto, estando a bexiga vazia, o útero, por seu fundo, coloca-se próximo à cicatriz umbilical. • Em virtude do extraordinário relaxamento dos elementos de sustentação e de fixação da matriz, a bexiga pode ser largamente deslocada para cima e para baixo. • O ritmo da involução não é constante. Entre o 3º e o 10º dia, os processos regressivos desenrolam-se em compasso acelerado, alentecendo-se depois. • O processamento da involução e da regeneração da ferida placentária, da caduca parietal e das demais soluções de continuidade sofridas pela genitália no parto, vincula-se à produção e à eliminação de considerável quantidade de exsudatos e transudados, os quais, misturados com elementos celulares descamados e sangue, são conhecidos pela designação de lóquios. • Nos primeiros 3 ou 4 dias, os lóquios são sanguíneos, depoistornam-se serossanguíneos , de coloração acastanhada. • Continua a regredir, porém muito lentamente até 6 semanas, sem retornar, nunca mais, às proporções encontradas nas nulíparas. • A cavidade uterina acha-se inteiramente epitelizada ao fim do 25º dia do pós-parto. • O corrimento loquial prossegue comumente até meados do pós-parto tardio, passando de serossanguíneo a seroso. • Nas mulheres que não amamentam, apesar da regressão miometrial mais lenta, o endométrio tende a proliferar nos moldes conhecidos, alcançando, no término do pós-parto tardio, estádio semelhante à fase proliferativa do ciclo menstrual. • Nas nutrizes, tudo se passa como se os estímulos reguladores endócrinos se encontrassem em recesso ocasional. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 • No pós-parto remoto (além do 45º dia), nas mulheres que não amamentam, a menstruação retorna, em média, com 1,5 mês. Nas lactantes os prazos dependem da duração do aleitamento. Vagina • As transformações regressivas de maior evidência desenrolam-se no epitélio escamoso de revestimento. • No pós-parto tardio (do 10º ao 45º dia) é o período de transição no qual a recuperação genital toma impulso. Sistema circulatório • A pressão venosa dos membros inferiores, elevada durante a gravidez, normaliza-se imediatamente. • As varizes, se presentes, tornam-se murchas, e os edemas desaparecem. • A velocidade de eritrossedimentação, acelerada na gravidez, sofre novo incremento no puerpério, regularizando-se somente entre a 5 a e a 7 a semana. • A tendência à coagulação no puerpério está aumentada. Sistema urinário • A bexiga, livre das peias do útero gravídico e conservando ainda as faculdades de expansão estruturais que a embebição lhe proporcionara, tem sua capacidade consideravelmente aumentada. • Em razão da desidratação no trabalho de parto, a diurese inicialmente é escassa. • Do 2º ao 6º dia estabelece-se abundante excreção urinária, que elimina a água acumulada durante a gestação. Sistema digestivo • Com o esvaziamento uterino, as vísceras abdominais retornam, vagarosamente, às disposições anatômicas. • Há redução da motilidade intestinal. • O funcionamento fisiológico dos intestinos costuma ser restaurado no 3º ou 4º dia. Pele • As estriações do abdome e das mamas, quando acontecem, perdem a cor vermelho-arroxeada e ficam pálidas, transformando-se, em algumas semanas, em estrias branco-nacaradas. • As modificações do tipo de implantação dos pelos pubianos e as hiperpigmentações da pele do rosto, do abdome e das mamas, regridem. Peso • Habitualmente há perda acentuada nos primeiros 10 dias, atribuída à maior diurese, à secreção láctea e à eliminação loquial. FILHO Alterações anatômicas e fisiológicas acontecem nas semanas e dias que antecedem o parto, possibilitando uma adaptação saudável do feto. Essa transição envolve a substituição do ambiente protetor uterino para o ambiente exterior, considerado hostil ao feto, uma vez que ele terá que ser responsável pelos substratos energéticos e metabólicos. Com a remoção da placenta e início da respiração, inicia-se um trabalho contra hipotermia, hipoxemia e distúrbios endocrinometabólicos. Sistema cardiovascular AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Circulação fetal: o sangue bem oxigenado é proveniente da placenta, uma vez que os pulmões ainda não exercem essa função. Assim, ele chega a partir da artéria umbilical e segue para os vasos sinusoides hepáticos, sem oxigenar de forma efetiva o fígado. Passa pelo ducto venoso e chega na veia cava inferior, responsável por conduzir o sangue até o AD. No coração, o sangue que chega pela VCI passa quase que totalmente para o AE de forma direta pelo forame oval. Sangue menos oxigenado, proveniente dos membros inferiores e abdome fetal, mistura-se ao sangue bem oxigenado que restou no AD e segue para as artérias pulmonares a fim de ser conduzido ao AE. OBS! O sangue que chega aos pulmões não é oxigenado novamente, apenas conduzido ao coração novamente. Parte desse sangue nem vai para os pulmões, uma vez que há o canal arterial que liga as artérias pulmonares à aorta. Após oxigenar o corpo fetal, parte do sangue vai para as artérias umbilicais e volta para a placenta. Circulação neonatal: o que a determina é a cessação da circulação placentária e o início da respiração pulmonar. O esfíncter do ducto venoso se contrai, fazendo com que o sangue tenha que passar pelo fígado. A exclusão da circulação placentária causa queda da pressão sanguínea no AD e na VCI, além da diminuição da resistência vascular. Assim, as paredes dos pulmões se afinam e a circulação torna-se possível. O aumento do fluxo sanguíneo pulmonar gera maior pressão no AE do que no AD, possibilitando o fechamento do forame oval ao pressionar a valva do orifício ao septo. A maior quantidade de sangue oxigenado na aorta também permite que o canal arterial se contraia, juntamente com a ação de prostaglandinas, ficando apenas um pequeno fluxo após o nascimento, que logo cessa. OBS! o canal se fecha geralmente quando a Pa02 atinge 50 mmHg. Sistema respiratório Respiração fetal: o pulmão fetal possui 4 fases de desenvolvimento • Embrionário: surge por volta da 6ª semana. Todos os segmentos broncopulmonares são identificáveis e, a partir da 10ª semana, já é possível ter a ramificação da arvore brônquica. • Pseudoglandular: 10 a 17ª semana. Somente as estruturas relacionadas como bronquíolo terminal ainda não se desenvolveram. • Canalicular: 17 a 22ª semana. Ocorre a diferenciação dos pneumocitos tipo I e II. • Sacular: 24 a 37ª semana. As vias respiratórias diferenciam-se em alvéolos e sacos alveolares, permitindo a expansão do espaço respiratório. Respiração neonatal: ocorre redução da pressão pulmonar e aumento da pressão circulatória. Isso contribui para o estabelecimento da capacidade residual funcional e liberação do surfactante, a fim de aumentar a complacência. Na primeira respiração, o bebê precisa fazer um esforço maior para reduzir a pressão pulmonar e fazer o ar entrar. Nas respirações subsequentes, o ar entra com mais facilidade. O endotélio vascular é uma importante fonte de mediadores que ajudam no controle do tono vasomotor, refletindo na melhor adaptação do feto ao ambiente extrauterino. Metabólitos do ácido araquidônico: regulam a modificação do tono vascular. A prostaciclina o mantem e os leucotrienos aumentam a resistência vascular pulmonar. Oxido nítrico: liberado por substancias vasoativas, causa vasodilatação e pode atuar como neurotransmissor. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Surfactante: atua reduzindo a tensão superficial dos alvéolos por volta da 24ª semana para permitir trocas gasosas. OBS! o uso de anestesia no parto pode dificultar a respiração imediata do bebê, causando-lhe hipóxia. Ele consegue sobreviver até 10 minutos sem respirar. Sistema endócrino Ao nascer, o neonato perde temperatura para o ambiente externo, uma vez que ele possui muita superfície corporal e pouco tecido subcutâneo. As repostas do RN às modificações de temperatura produzem alterações metabólicas consideráveis. OBS! Gordura marrom – principal fonte de geração de calor do RN, localizada na região da nuca, pericádica e perirrenal. Quando estimulado pelo frio, há liberação de noroadrenalina e, consequentemente lipólise dessa gordura. As alterações de cortisol são as mais significativas. O aumento da produção desse hormônio pela adrenal acontece de forma significativa próximo ao termo, refletindo em: aumento de surfactante, aumento do liquido pulmonar, aumento de T3 e T4, estimulação de enzimas hepáticas e intestinais. Próximo ao parto, aumenta-se também as catecolaminas, gerando: aumento da pressão sanguínea e glucagon, redução da insulina, aumento da termogênese, aumento da liberação de surfactante. OBS! Hipoglicemia – o RN de mae diabética pode terhipoglicemia ao nascer, uma vez que a quantidade de glicose no sangue dele intrauterino é grande e, após o nascimento, essa quantidade não é mais encontrada. Sistema nervoso Os reflexos já existem desde o 3° mês de gestação, entretanto as funções do sistema nervoso ainda são muito inicias e assim permanece até no nascimento. Sistema gastrointestinal Nos últimos 2 meses de gestação, o feto deglute pequenas quantidade de liquido amniótico, impulsionando o trato gastrointestinal. Com isso, ele produz o mecônio e o expele. FORMULÁRIOS • No momento da alta hospitalar, a família receberá o documento de declaração de nascido vivo, de preenchimento obrigatório, criado pelo MS como instrumento do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC). • Ele contém informações acerca da gestação, do parto, da presença de anomalias, identificação de quem preencheu e dados da mãe, pai e RN. A declaração é composta por três vias: • Via amarela: A ser apresentada ao Cartório de Registro Civil, pelos pais. • Via rosa: Apresentada para a Secretaria de Saúde, devendo ser arquivada no prontuário da gestante ou RN. • Via branca: Deve ser entregue para o Centro de Saúde da área de abrangência do domicílio familiar. O prontuário de paciente é definido pelo Conselho Federal de Medicina como sendo “o documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência pre stada ao indivíduo” (Resolução no 1.638/2002) e considerado de elaboração obrigatória pelo Código de Ética Médica (Artigo 69). O sigilo das informações do prontuário é um dever do médico, definido pelo Código de Ética Médica, Código Penal, Código Civil e Resoluções do Conselho Federal de Medicina. AMAMENTAÇÃO A amamentação é importante para o desenvolvimento do bebê e para sua relação com ele. Todo leite materno é forte, nutritivo e protege contra várias doenças. O colostro é o primeiro leite, tem cor amarelada e é ideal para proteger o bebê nos primeiros dias. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 As mamas são órgãos dinâmicos: variam com a idade, ciclo menstrual, estado reprodutivo e hormônios, modificam a pele e que distinguem os mamíferos. Tem como função maior a produção de leite. As principais mudanças ocorrem na puberdade, quando há um aumento nas concentrações dos hormônios ovarianos, provocando crescimento e desenvolvimento histológico. No entanto, a glândula mamária ainda não está preparada para exercer a atividade secretora. Isso só ocorre na gestação, quando há mais variações hormonais que influenciam a proliferação alveolar, tornando a glândula apta à produção de leite. A glândula mamária consiste de um epitélio glandular, composto por células produtoras de leite e um sistema de ductos envolvidos por tecido conjuntivo e gordura. No centro da mama, encontra-se a aréola, composta por tecido pigmentado e glândulas de Montgomery, responsáveis por lubrificar o mamilo. As unidades secretoras funcionais da glândula são os lóbulos mamários (15 a 20, cada um com seu aparelho secretor), que são contínuas aos canais lactíferos e seios lactíferos, local onde o leite é estocado antes da ejeção. Lactação A produção do leite ocorre em 2 etapas distintas e simultâneas: • Sintese e secreção do leite nos alvéolos mamários • Ejeção nos canais lactíferos Durante a gravidez, vários hormônios (progesterona, estrogênio, prolactina) atuam para preparar a mama. Os níveis de prolactina aumentam com o passar do tempo, entretanto a progesterona inibe a lactogênese. O inicio da síntese do leite ocorre de forma efetiva no parto, quando há desenvolvimento do epitélio mamário somado à queda de progesterona e aumento dos níveis de prolactina. A ejeção, por sua vez, é desencadeada por estímulos táteis (sucção) nos mamilos e pela contribuição da ocitocina liberada pelo hipotálamo. OBS! a produção do leite aumenta cerca de quatro vezes nas primeiras 36 horas. • O leite materno é um alimento completo. Além disso, é o alimento recomendado para as crianças até os 2 anos de idade ou mais. Até os 6 meses de idade, deve ser o único alimento. Importância da amamentação • Evita mortes infantis: quanto menor é a criança, mais importante é o leite materno, principalmente em nível socioeconômico mais baixo. • Evita diarreia: Crianças não amamentadas têm um risco 3x maior de desidratarem e de morrerem por diarreia. • Evita infecção respiratória: diminui a gravidade da doença. • Diminui risco de alergias: diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias. • Diminui risco de hipertensão, diabetes, colesterol alto e obesidade: a glicose apresenta homeostase tanto no bebê quanto na mãe. A composição do leite materno faz parte da programação metabólica do bebê, contribuindo para um melhor aproveitamento energético, evitando a obesidade. • Melhor nutrição: mais bem digerido e contém tudo o que o bebê precisa nos primeiros 6 meses. • Efeito positivo na inteligência: melhora o desenvolvimento cognitivo • Melhor desenvolvimento da cavidade bucal: melhor conformação do palato duro • Proteção de câncer de mama: o risco de contrair a doença diminui 4,3% a cada 1 ano de duração de amamentação • Evita nova gravidez: Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de mamadas – quanto mais mamadas, mais tarde a ovulação acontece. Técnica de amamentação Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Para a amamentação efetiva, observar: • Roupas da mãe e bebe adequadas: mamas completamente expostas e bebê com braços livres. • Mae em posição confortável, bem apoiada. • Corpo do bebê alinhado próximo ao da mãe: barriga com barriga TÉCNICA PASSO A PASSO • Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo • Corpo do bebê próximo ao da mãe • Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido) • Bebê bem apoiado • Mais aréola visível acima da boca do bebê: mae segura a mama na forma de “C” • Boca do bebê bem aberta para abocanhar o mamilo e parte da aréola • Lábio inferior virado para fora • Queixo tocando a mama A língua do bebê eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua,emum movimento peristáltico rítmico da ponta para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz. Os movimentos da mandíbula promovem desenvolvimento harmônico da face. OBS! Mamilos planos ou invertidos - podem dificultar o início da amamentação, mas não necessariamente a impedem, pois o bebê faz o “bico” com a aréola. Deve-se promover a confiança e empoderar a mãe; Ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê; Tentar diferentes posições para ver em qual delas a mãe e o bebê adaptam-se melhor; mostrar à mãe manobras que podem ajudar a aumentar o mamilo antes das mamadas. Tecnica inadequada • Dificulta o esvaziamento da mama: pode levar a uma diminuição da produção do leite. • O bebê não ganha o peso esperado • Machuca os mamilos • Outros sinais de má pega: • Ruídos na língua do bebê • Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada • Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadasou achatadas quando o bebê solta a mama • Dor na amamentação Contraindicações do aleitamento • Mães infectadas por HIV, HTLV1 e HTLV2; • Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação (antineoplásicos e radiofármacos) • Criança portadora de galactosemia: não pode ingerir nada que tenha lactose Cuidados com a mama Não são necessários cuidados especiais quanto à higienização das mamas. A lavagem excessiva retira a oleosidade natural do mamilo e aréola, podendo gerar traumas. • Caso a mama estiver ingurgitada, fazer a ordenha (retirada) manualmente do excesso de leite. Além disso, usar sutiã com boa sustentação. • O uso de óleos durante a gravidez é recomendável, além de expor a mama ao sol por 10 a 15 min duas/três vezes ao dia ajuda no fortalecimento da pele. Após o parto, não utilizar protetor de aréola, uma vez que isso impede a aeração. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 • É possível aliviar o inchaço das mamas, aplicando-lhes bolsa de gelo e administrando ocitocina por via nasal, que provoca ejeção láctea, amenizando a congestão. Deve-se administrar ocitocina spray nasal – 1 jato em cada narina 30 min antes das mamadas. OBS! Mastite – a mama fica avermelhada, edemaciada, quente e amolecida. A mulher pode ter febre e mal-estar. O tratamento se baseia em ordenha suportativa do excesso de leite, antibióticos e analgésicos. Dificuldades e problemas na amamentação • As fissuras ocorrem principalmente em caso de pega incorreta do bebê. • É orientado que o aleitamento comece pela mama menos afetada para que o reflexo de ejeção já ativado favoreça a descida do leite no outro seio, procurando amamentar em diferentes posições, isso ajuda a diminuir a pressão nos pontos de dor. • Também são orientações: evitar o contato dos mamilos com as suas roupas, passar o próprio leite nos mamilos depois de amamentar e deixar secar ao ar livre e usar analgésico por via oral, quando necessário, manter os mamilos secos e expô-los ao sol, não passar (na aréola e nos mamilos) produtos que retiram a proteção natural da pele: álcool, sabões e produto secante, evitar o uso de protetores, antes de oferecer o seio, ordenhar um pouco de leite para deixar a aréola mais macia e facilitar a pega – quando ela estiver tensa e ingurgitada e na pausa da mamada, introduzir o dedo mínimo na boca do bebê através da comissura labial para que, assim, a criança solte o peito e não traumatize o mamilo. Amamentação e anticoncepcional :Durante a amamentação, a mulher produz a prolactina, um hormônio que impede a ovulação. No entanto, nem sempre isso é garantia de evitar uma gestação. O anticoncepcional natural, que seria a amamentação, tem que acontecer rigorosamente, de dia e de noite. O anticoncepcional na amamentação é indicado com a formulação de apenas um hormônio, a grande maioria deles é a base de progesterona sintética. MITO OU VERDADE O leite materno pode ser fraco para nutrir o bebê: MITO. Não há leite materno fraco. O leite materno apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam e é o alimento ideal para o bebê, sendo recomendado até os dois anos de vida ou mais, sendo exclusivamente até o 6º mês de vida. É preciso dar os dois peitos a cada mamada: MITO. O tempo de cada mamada não deve ser fixado, pois o esvaziamento da mama pode variar conforme a fome do bebê, do intervalo entre uma mamada e outra, do volume de leite armazenado na mama. O importante é que a mãe dê tempo suficiente para o bebê esvaziar adequadamente seu seio, caso esvazie uma mama por completo e a criança ainda deseje mamar, a mãe pode oferecer a outra mama. Na próxima mamada, recomenda-se que a mãe dê o seio que não foi oferecido na mamada anterior ou ofereça o que o bebê mamou por último. Quem fez redução mamária ou colocou silicone não pode amamentar: MITO. Desde que durante a cirurgia sejam preservadas as estruturas das mamas. Isso, no entanto, se a prótese for colocada pela base da mama ou pela axila. CASOS DE COLETA DE LEITE • A coleta adequada do leite leva, mais ou menos, de 20 a 30 minutos em cada mama, principalmente nos primeiros dias. • O leite retirado da mama pode ser conservado em geladeira por até 12 horas e no freezer ou no congelador por até 15 dias. • Após a retirada do leite, guarde imediatamente o frasco na geladeira, no freezer ou no congelador. • O leite retirado deve ser oferecido, de preferência, em um copo, uma xícara ou uma colher. • Esquente a água, desligue o fogo e coloque o frasco imerso na água morna (banho-maria), agitando-o lentamente até que não reste nenhuma pedra de gelo. Para manter seus fatores de proteção, o leite materno não deve ser fervido e nem aquecido em micro-ondas. • Amorne apenas a quantidade de leite que o bebê for tomar. O leite morno que sobrar deve ser jogado fora. O restante do leite descongelado e não aquecido poderá ser guardado na primeira prateleira da geladeira e deve ser utilizado no prazo de até 12 horas após o descongelamento. DIFERENCIAR OS TIPOS DE LEITE MATERNO DE OUTROS TIPOS DE LEITE O leite materno apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam do mundo. Apenas as com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na sua qualidade e quantidade. É possível destacar a presença de diversos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. O principal deles é o IgA que atua contra AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Além desse, há também IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. OBS! Fator bífido - favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia. O principal carboidrato do leite materno é a lactose e a principal proteína é lactoalbumina. As gorduras são o que mais varia na composição materna e o que mais contribui para a nutrição. Em relação a vitaminas, o teor é relativo, por isso prescreve-se vitaminas ao bebê (K, D, Fe). COLOSTRO É o leite secretado até o 7° dia após o nascimento do bebê. Ele contém mais proteínas e menos lipídeos se comparado ao leite maduro e muito IgA. A água contribui com quase 90% da composição do leite materno, o que garante o suprimento das necessidades hídricas de uma criança. Possui propriedade de facilitar o funcionamento intestinal para a eliminação de mecônio. LEITE MADURO Começa a ser secretado após o 7° dia de nascimento do bebê. Distingue-o em 2 tipos: Anterior: leite que é ejetado no início da mamada. Possui coloração mais transparente devido à constituição pautada em água e elementos hidrossolúveis Posterior: leite que é ejetado no fim da mamada. Possui maior teor lipídico e, portanto, é mais nutritivo (dai a importância de o bebê esvaziar a mama). O aspecto é mais opaco, chagando à cor amarela pelo conteúdo gorduroso. OBS! Diferença entre pré-termo e a termo – é maior presença inicial de fatores imunológicos e vitaminas no leite pré-termo para ajustar às necessidades da criança. LEITE DE VACA Não é recomendado a crianças menores de 1 ano. Ele apresenta quantidade elevada de proteínas (o triplo), relação inadequada entre a caseína e as proteínas do soro (forma coágulos de difícil absorção), teores elevados de sódio, de cloretos, de potássio e de fósforo e quantidades insuficientes de carboidratos, de ácidos graxos essenciais. O leite de vaca pode aumentar o risco de anemias pela quantidade elevada de Ca, uma vez que age inibindo o Fe na dieta. Também é causa do aumento da obesidade infantil. FÓRMULAS INFANTIS Possui absorção mais difícil do que a do leite materno, não contém proteínas protetoras. Sofrem processamento, contem aditivos. Entretanto, costuma-se parecer com o leite materno em algumas variáveis. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 ANALISAROS DIREITOS DA LACTANTE DESCREVER AS CARACTERÍSTICAS DO TÍTULO DE HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA O programa “Iniciativa Hospital Amigo da Criança” proposto pela OMS e Unicef consiste na mobilização de profissionais de saúde para mudanças em rotinas e condutas em maternidades e hospitais, visando-se a prevenir o desmame precoce. Quesitos para que o hospital seja Amigo da Criança: • Cumprir a lei 11.265/06 e a norma de comercialização de alimentos para lactentes. • Garantir livre acesso aos pais junto do RN 24h por dia, com exceção de UTI neonatal. • Ter o projeto de ‘’Cuidado Amigo da Mulher’’. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 O guia para uma implementação efetiva da iniciativa perpassa os 10 passos para o sucesso do aleitamento materno: 1. Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde. 2. Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias. 3. Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno. 4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento. 5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser separadas dos filhos. 6. Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica. 7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos – 24 horas por dia 8. Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda. 9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas. 10. Promover a formação de grupos de apoio à amamentação. OBS! A implementação tem como base os 10 passos, porem não se limita a eles. Adequa-se também nas consultas pediátricas, cuidado materno, programas de HIV. • Para a qualificação de Amigo da Criança, o hospital deve seguir o padrão avaliação-análise-ação: • auto avaliação acerca do aleitamento materno local • análise das praticas que incentivam ou desestimulam o aleitamento. • Ação para mudar o que não está adequado Posteriormente, há uma avaliação externa a fim de averiguar se o hospital cumpriu todos os critérios necessários para ganhar o titulo. Reuniões com órgãos nacionais de aleitamento materno é imprescindível, além de definir metas e abordagens nacionais, ter uma coordenação para o IHAC, garantir o desenvolvimento e manutenção do título. Alguns desafios comuns para a implementação do HAC: resistência à mudança, falta de identificação com a iniciativa por parte profissionais médicos e suas normativas; problemas relacionados a recursos humanos, como número insuficiente de profissionais, rotatividade constante de pessoal, falta de tempo e de financiamento para a capacitação nos hospitais; falta de recursos financeiros para a manutenção das exigências. DESCREVER A IMPORTÂNCIA DO ALOJAMENTO PARA O PÓS PARTO Sempre que as condições da mãe e do RN permitirem, o primeiro contato pele a pele deve ser feito imediatamente após o parto. Após a finalização dos procedimentos de sala de parto, a mãe, com o RN, deve ir para um local dentro da maternidade que permita a eles ficarem juntos 24 horas por dia até a alta hospitalar. Para isso, foi implantado o sistema de alojamento conjunto nas maternidades. Algumas vantagens: • Humanização do atendimento do binômio mãe-filho. • Convivência continua entre mãe e bebe (satisfação imediata), permitindo tranquilidade para ambos • Promoção do aleitamento materno (descida do leite mais rápida) • Diminuição do risco hospitalar OBS! a participação ativa do pai nos primeiros meses de vida é muito estimulada atualmente, principalmente no alojamento conjunto. O vinculo pai-bebê traz benefícios no estabelecimento da função paterna. A equipe profissional deve encorajar o aleitamento materno sob livre demanda e não dar nenhum outro tipo de alimento; não dar bicos artificias ou mamadeira; impedir a amamentação de outros RN; realizar visitas diárias. Esse apoio gera maior confiança para a mae e contribui no desenvolvimento das habilidades com o bebê. Importância do binômio mãe-filho • O primeiro encontro ainda no ambiente do parto é fundamental para a formação do apego. Se o bebê nascer bem, a mãe deve ser a primeira pessoa a pegá-lo e acariciá-lo. Este contato imediato, pele a pele, é necessário para a imunidade do bebê, para a sensação de segurança e de que ele é bem-vindo à vida. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 • Os bebês gostam de sentir que os pais estão junto deles e de ouvir as vozes da mãe e do pai. • O contato físico com o bebê e o toque são muito importantes para criar laços afetivos e ajudar o desenvolvimento emocional e social da criança. • O bebê é muito ligado à mãe e a quem cuida dele, por isso ele percebe quando a pessoa está tranquila ou agitada, segura ou insegura e reage do mesmo jeito. Por isso, é preciso que a mãe seja apoiada pela família e pelos amigos para também se manter calma e segura. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 PROBLEMA 4 REFERÊNCIAS: • LEÃO, Ennio. Pediatria ambulatorial. 5. Ed. Belo horizonte: Coopmed, 2013. • Manual de neonatologia. Secretaria do Estado de São Paulo. 2015. • BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do RN: guia para os profissionais de saúde. 3. Ed. 2014 • COSTA, Helenice de Paula F. tempo de permanência hospitalar do RN a termo saudável. Departamento de neonatologia – Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012. • Caderno 33: Saúde da criança, crescimento e desenvolvimento- MS. OBJETIVOS 1) Descrever os exames físicos do RN. 2) Descrever a antropometria do RN. 3) Descrever a classificação do RN em relação a antropometria. 4) Descrever os critérios para alta hospitalar do RN e da mãe. 5) Descrever as orientações do cuidado básico com o RN. EXAME FÍSICO DO RN • As normas de higienização das mãos deverão ser rigorosamente seguidas pelo examinador. O exame deve ser realizado com o recém-nascido despido, sob boa iluminação, de preferência durante um período de alerta, sem irritabilidade. • Como nem sempre é possível o controle de todas as variáveis, é necessário que, além da delicadeza e paciência de quem examina, haja certa flexibilidade na rotina, aproveitando os momentos de acalmia para avaliar os parâmetros mais influenciados pelo grau de irritabilidade, como, por exemplo, a avaliação neurológica e a ausculta torácica. DADOS ANTROPOMÉTRICOS Geralmente são avaliados o peso ao nascimento (de preferência logo após o nascimento, ainda na sala de parto), o comprimento (média de 50 cm), o perímetro cefálico (média de 34cm), o perímetro torácico (normalmente, 2-3 cm menor que o cefálico) e o perímetro abdominal (medidas próximas das do torácico). Consideram-se normais tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15º dia de vida. O perímetro cefálico com medidas acima ou abaixo do desvios-padrão pode estar relacionado a doenças neurológicas, como microcefalia e hidrocefalia. Como são procedimentos irritantes para o RN devem ser realizados ao final do exame. SINAIS VITAIS • Temperatura: A temperatura axilar normal situa-se entre 36,4ºC e 37,5ºC e não necessita ser medida rotineiramente em crianças assintomáticas, exceto na presença de fatores de risco. • Frequência respiratória (FR): A respiração do RN é do tipo abdominal e irregular, sobretudo em prematuros, quando predominantemente torácica e com retração, denota dificuldade respiratria. A FR varia de 40 a 60 movimentos por minuto. • Frequência cardíaca (FC): Pode se alterar dependendo da atividade e estado do RN. Geralmente está em torno de 120 a 160 batimentos por minuto. • Pressão arterial (PA): Pode ser aferida com monitorização intravascular diretaou através de aparelhos oscilométricos ou de Doppler. A pressão sistólica varia entre 60-110 mmHg e a diastólica entre 30-60 mmHg. ESTADO GERAL, POSTURA, CHORO, ESTADO DE ALERTA E FÁCIES A primeira impressão, geralmente subjetiva, do examinador ao observar o recém-nascido é descrita como estado geral. Trata-se de um quadro inespecífico, podendo representar sepse, alterações metabólicas, alterações neurológicas ou outras anormalidades. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 O estado de alerta é avaliado em 5 estados: • Estado 1: sono quieto - olhos fechados, respiração regular, sem movimentos grosseiros • Estado 2: sono ativo - olhos fechados, respiração irregular, com ou sem movimentos grosseiros • Estado 3: alerta quieto - olhos abertos, respiração regular, sem movimentos grosseiros. • Estado 4: alerta ativo - olhos abertos, respiração irregular, com movimentos grosseiros, sem chorar. • Estado 5: choro - olhos abertos ou fechados, chorando. No recém-nascido a termo, sem anormalidades clínicas e de posição intraútero, a postura geralmente assumida é a chamada flexão dos quatro membros. Já os recém-nascidos prematuros ou com sofrimento perinatal tendem a ser hipotônicos e a apresentarem postura em extensão com os membros “largados”. Na atividade espontânea, observar expressão facial, qualidade, amplitude, quantidade e simetria de movimentos nos vários estados de alerta da criança. Observar nas fáceis sinais de estresse, dor e características típicas ou sugestivas de síndromes genéticas (Síndrome de Down). Atenção especial deve ser dada para a face do RN, observando-se a harmonia, simetria e proporcionalidade de seus componentes. Choro: perceber se é audível, de timbre variável e harmônico (fome, frio ou qualquer outro desconforto). Choros muito agudos e constantes podem indicar dor. Choro de timbre monótono, intermitente e agudo pode estar associado à lesão neurológica grave. Ausência de choro à manipulação geralmente indica que a criança está gravemente enferma. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL As principais evidências clínicas da desnutrição incluem sinais progressivos de redução do tecido subcutâneo e muscular: bochechas encovadas; queixo magro sem pregas gordurosas; pescoço fino com pele enrugada e frouxa; pregueamento da pele dos braços e pernas, com pele frouxa e fácil de ser levantada nos cotovelos, parte inferior das coxas, joelhos e região pré-tibial; espaços intercostais afundados e desaparecimento do tecido adiposo no dorso. PELE E ANEXOSDeve-se observar atentamente toda a pele, do couro cabeludo aos pés. Avalia-se a cor da pele, textura, presença de manchas ou erupções e outros achados comuns. Cor: Geralmente, os RN se apresentam pletóricos (avermelhados). Textura: Sua textura depende da idade gestacional, assim nos RN pré-termos, a pele se apresenta muito fina e gelatinosa, enquanto que, nos RNs pós-termo ela se apresenta seca, enrugada, apergaminhada e com descamação acentuada. Lesões: A presença de lesões na pele pode estar relacionada com problemas sistêmicos, por exemplo, RN com sífilis congênita que apresentam fissuras na pele. Edemas: Se for localizado, é indicativo de traumas durante o parto e desaparece naturalmente. Caso seja generalizado, é sinal de alguma patologia. Icterícia: É a cor amarelada da pele e das mucosas decorrente do aumento dos níveis sanguíneos de bilirrubina, podendo ser normal ou patológica. Cianose: Se for localizada nas extremidades, é indicativo de hipotermia (aquecer o RN). Caso seja generalizada, pode insinuar a presença de doenças cardiorrespiratórias graves. Vérnix Caseoso: Substância esbranquiçada oleosa que recobre a pele do RN, constituindo uma barreira à perda de líquidos. Abundante por volta de 35 a 36 semanas de idade gestacional, mas torna-se mais delgado no RN a termo e praticamente e ausente no pós-termo. Lanugo: É uma pelugem fina e longa começa a aparecer na 19º ou 20º semana gestacional. Abundante no RN pré-termo, já no a termo é ausente ou escasso, podendo estar presente apenas nos ombros. Milium Sebáceo: São pequenos cistos epidérmicos de cor clara, localizados predominantemente na face do RN. Esfoliam-se espontaneamente, sem a necessidade de qualquer tratamento. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 Eritema Tóxico: É uma erupção cutânea comum caracterizada por máculas, pápulas e algumas vesículas que se espalham pelo tronco e, frequentemente, pelos membros e pela face. De causa desconhecida, em geral surge no primeiro ou segundo dias de vida, de curso autolimitado, não necessitando de tratamento. Manchas de Vinho Porto: São malformações vasculares que resultam na dilatação dos capilares dérmicos superficiais, que se transformam em manchas com coloração rosa ou vermelha que não desaparecem a dígito- pressão, e são permanentes. Manchas mongólicas: São máculas de cor azul acinzentada localizadas nas regiões próximas aos glúteos e ao dorso. São decorrentes da imaturidade da pele na migração de células com melanina. são mais frequentes na raça negra e orientais. Regridem por volta dos 4 anos de idade. Maculas vasculares: manchas de cor salmão que desaparecem à pressão, e estão presentes principalmente na nuca, pálpebra superior e fronte. Não possuem importância clínica ou estética. Com relação às mucosas, deve-se avaliar seu grau de hidratação, cor e presença de lesões. Também são avalidas as unhas (maiores no RN pós-termo) e os cabelos, normalmente finos e esparsos. OBS! A palidez acentuada pode ser um dado importante para o diagnóstico de anemia (aguda ou crônica), vasoconstrição periférica ou choque. A presença de uma linha delimitando um hemicorpo com eritema e outro com coloração normal é conhecida como fenômeno de Arlequim. CRÂNIO Deve-se verificar não só o tamanho e forma da cabeça, mas também a proporcionalidade com o rosto e o restante do corpo, o aspecto e dimensões das suturas e fontanelas, e lesões. Distância biauricular: medida obtida da inserção superior de uma orelha até a outra, no sentido coronal. Distância antero-posterior: medida obtida da glabela até a proeminência occipital externa no sentido sagital. Suturas: Ao nascimento podem estar acavaladas fazendo com que a cabeça do RN apresente uma deformação transitória. O fechamento do ponto de vista clínico ocorre entre o 6º e 12º mês de vida e o fechamento anatômic;o aproximadamente aos 30 anos. Se houver soldadura precoce de uma ou mais suturas (cranioestenose), ocorrerá alteração da forma do crânio. Fontanelas: São os espaços delimitados entre as suturas ósseas do crânio. Avaliar tamanho, tensão, abaulamentos ou depressões e pulsações A fontanela anterior ou bregmática, normalmente se fecha com 9-18 meses e seu tamanho varia de 1 a 4 cm, o aumento da tensão nela pode ser decorrente de aumento da pressão intracraniana, como nas hidrocefalias e nas meningites. A fontanela posterior ou lambdóide possui cerca de 0,5 cm ao nascimento e se fecha entre o 1º e 2º mês de vida. Bossa serossanguínea: Caracteriza-se por edema de couro cabeludo, depressível, de limites imprecisos e oriundo do trabalho de parto. Pode- se deslocar para outras regiões conforme o decúbito. Cefalohematoma: É uma coleção sanguínea subperiostal, que se desenvolve após o parto e se expande durante o primeiro dia de vida à medida que o sangue se acumula. É arredondado e limitado a um osso. Craniotabes: É uma zona de osso depressível localizada entre os osssos parietais. É normal no RN, mas se não desaparecer em 3 meses, é patológico e indicativo de raquitismo. OLHOS Ao se examinar os olhos do RN, observar simetria, tamanho, forma, posição do olho em relação à órbita, cor e aspecto da conjuntiva, esclera, córnea, íris e pupila, tamanho e inclinação das pálpebras e movimento ocular. • Deve-se avaliar o reflexo vermelho, usando um oftalmoscópio. Sua ausência pode sersinal de catarata congênita. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 • Hemorragias conjuntivais são comuns e decorrem da ruptura de pequenos capilares conjuntivais. São absorvidas espontaneamente e, portanto, não necessitam de qualquer tratamento. • Nas primeiras 48 horas, devido ao uso de nitrato de prata, são comuns o edema palpebral e a presença de pequena quantidade de secreção ocular. ORELHAS • Deve-se observar o formato, tamanho, inclinação, implantação, presença de meato acústico externo e anomalias. A posição da orelha deve ser igual nos dois lados e sua implantação é considerada baixa se estiver situada abaixo do plano horizontal que passa pelo canto interno dos olhos. NARIZ Deve-se avaliar forma, tamanho, simetria, permeabilidade, ruídos e secreção nasal. BOCA Deve-se examinar a região perioral e orofaringe com relação a coloração, formato, tamanho e continuidade do septo nasal, lábios, gengivas, palato mole e duro, úvula, mucosa oral, língua, presença de massas e quantidade de saliva. Se houver a presença de lábio com fenda palatina, o RN é encaminhado para uma cirurgia de correção. PESCOÇO Em geral, o RN apresenta pescoço um pouco curto, dificultando a avaliação. Para examinar essa região, é necessário promover rotação, extensão e flexão, testando mobilidade, simetria da musculatura cervical e facilitando a visualização de massas, fendas, cistos e bócio. Deve-se palpar ainda as clavículas para descartar a presença de fratura possivelmente oriunda do trabalho de parto. Ela se caracteriza por assimetria do ombro, diminuindo da mobilidade, dor e crepitação à palpação. TÓRAX Forma: normalmente é simétrico, levemente arredondado, com a distância anteroposterior maior que sua largura. A circunferência torácica no RN a termo, em geral é 1 a 2 cm menor que o perímetro cefálico. Mama e mamilos: o tamanho das mamas varia com o peso e idade gestacional. Geralmente são maiores em crianças grandes e nutridas. A distância entre os mamilos também se modifica com a idade gestacional e circunferência torácica (A relação deve ser menor que 0,28). APARELHO RESPIRATÓRIO Ritmo respiratório e movimento torácico: o ritmo respiratório varia com as fases do sono e atividade do RN. No sono ativo a respiração é mais irregular que no sono quieto, porém a irregularidade respiratória pode estar presente em qualquer estado da criança. A respiração é considerada periódica quando há pausas respiratórias de pelo menos 3 segundos em cada ciclo respiratório de 10 a 18 segundos. Retrações: Se mais intensas podem refletir alteração do parênquima pulmonar ou de via respiratória baixa. As retrações supraesternais e supraclaviculares nunca são normais e geralmente são decorrentes de obstrução respiratória alta. Ausculta: deve-se auscultar as vias aéreas extratorácicas, pois podem refletir transmissão de sons extrapulmonares (estridor ou chiado) APARELHO CARDIOVASCULAR Inicia-se pela avaliação de sinais gerais como cianose generalizada, ou durante o choro, dispnéia, taquipnéia e perfusão periférica. Deve-se palpar e comparar a amplitude dos pulsos periféricos e no precórdio analisar frêmitos e o íctus cardíaco. Na ausculta observar frequência, ritmo, intensidade das bulhas cardíacas e sopros. OBS! A ausência de sopros não afasta cardiopatia. Nos RN normais, há uma hiperfonese da 2º bulha, podendo ouvir sopros, presentes devido ao não fechamento completo das comunicações do sistema arteriovenoso. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 APARELHO DIGESTÓRIO Inspeção: formato, tamanho, simetria, coloração, lesões de pele, circulação colateral, distensão, tumorações e ondas peristálticas visíveis. Geralmente é levemente arredondado, com o diâmetro acima do umbigo maior que abaixo. O abdome pode se apresentar com aspecto globoso, devido desproporção do tamanho da cavidade em relação aos órgãos. Cordão umbilical: 2 artérias e uma veia e está localizado, aproximadamente, entre a metade da distância entre o apêndice xifóide e a sínfise púbica. Mumifica-se perto do 3º ou 4º dia de vida, e costuma desprender-se do corpo em torno do 6º ao 15º dia. Percussão: Timpânica pode-se determinar o tamanho do fígado acompanhando o som submaciço. Palpação: fazer de forma suave. O fígado, em geral, é palpável de 1 a 3,5 cm abaixo do rebordo costal direito, na linha hemiclavicular e sua borda é mole e fina. O baço habitualmente não é palpável. Ausculta: os ruídos hidroaéreos ÂNUS E RETO Deve-se verificar cuidadosamente quanto à sua perviedade, posição e tamanho. Se necessário, usar sonda ou realizar toque retal para uma melhor avaliação. A eliminação de mecônio deverá ocorrer até 48 horas de vida. Observa-se tamanho e localização dos grandes e pequenos lábios, clitóris, meato uretral, abertura da vagina e distância anovulvar. Secreções abundantes e, por vezes, hemorragias podem aparecer nos primeiros dias por influência estrogênica. GENITÁLIA FEMININA Verifica-se o trofismo muscular, proporção tronco/membros, tamanho e simetria dos membros superiores e inferiores e mãos e pés, tamanho e simetria dos dedos das mãos e pés, distribuição das pregas palmares, plantares e digitais, aspecto das unhas, mobilidade e limtações das articulações, presença de luxações ou anomalias. GENITÁLIA MASCULINA Avalia-se tamanho do pênis, posição do meato uretral, prepúcio, posição dos testículos e aspecto da bolsa escrotal. Observa-se a localização do meato urinário, se ventral, hipospádia, e , se dorsal, epispádia. Presença de fimose é comum no RN masculino. A hidrocele é frequente e, a menos que seja comunicante, se reabsorverá com o tempo. MEMBROS Para avaliar a presença de luxação congênita de quadril realizam-se as manobras de Ortolani e de Barlow. Ambas devem ser realizadas com o RN em decubito dorsal em superfície firme. Na manobra de Ortolani flexiona-se o joelho e quadril em 90 graus, segurando as pernas e as coxas do RN com as mãos. Ao promover a abdução das coxas, quando a cabeça do femur está luxada ocorre o deslizamento da mesma para dentro do acetábulo provocando um ressalto na mão do examinador. A manobra de Barlow consiste no movimento contrário ao realizado durante a manobra de Ortolani (e, por isso, devem ser realizadas na mesma ocasião). Para isso, aproveitando a abertura já feita durante a primeira manobra, com as mãos na mesma posição, realiza-se a rotação interna e adução da coxa. Tal manobra sensibiliza ainda mais a de Ortolani, e garante que um eventual deslocamento da articulação da coxa não passe despercebido. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA 3º PERÍODO-1/2021 EXAME NEUROLÓGICO O exame neurológico pode ser feito com a pesquisa dos reflexos arcaicos que traduzem uma imaturidade, ou falta de mielinização do SNC. Alguns desses sinais desaparecem e alguns outros se modificam, entre os principais são: Reflexo de Moro: Pode ser obtido por abrupto estímulo sonoro, luminoso ou sinestésico. Com o RN em decúbito dorsal, deve-se provocar abalo súbito no plano do leito. A resposta esperada consiste na abertura das mãos e extensão e abdução dos membros superiores seguida pela flexão anterior dos membros superiores (abraçar) e choro. A resposta completa se dá a partir de 32 semanas de gestação, quando se é inferior a isso, a resposta é incompleta. Desaparece com 6 meses de idade. Reflexo de preensão palmar: Obtido ao pressionar a face palmar da mão do RN com o dedo do examinador ou com lápis ou caneta. A resposta é a flexão dos dedos. O início do aparecimento da resposta a esse reflexo é 28 semanas e dura até 3-4 meses. Reflexo de preensão plantar: Obtido ao pressionar a face plantar do pé do RN com o dedo do examinador ou com lápis ou caneta. A resposta é a flexão dos dedos. Desaparece com 10-11 meses de idade. Reflexo Cutâneo-´plantar (Babinski): Obtido ao estimular a face lateral
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