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Pediatria - Prof Maianna Kálita Admiral Brison, 8º período ● problema emergente de saúde global ● prevalência de 2,5 a 8% em crianças dos EUA ● alérgenos alimentares mais comuns responsáveis por 80% das manifestações de alergia alimentar: leite de vaca, soja, ovo, trigo, amendoim, castanhas, peixes e crustáceos obs: nos casos de alergia ao ovo, nem sempre o paciente tem alergia da gema e clara juntos, por isso é importante solicitar IgE específico para ambos obs: não existe reação cruzada de leite de vaca e leite de soja, porém em questão de incidência/genética, a grande maioria das pessoas que possuem alergia ao leite, elas também tem alergia à soja ● lactentes: APLV é a mais comum ● a alergia alimentar é responsável por notável morbidade e, em alguns casos, mortalidade obs: alergia à proteína do leite é diferente de intolerância à lactose → com relação a alergia à lactose, nós já nascemos com uma quantidade de lactose e somos programados para irmos diminuindo a produção de lactose Definição de alergia alimentar: reação adversa à saúde, desencadeada por alimento específico, mediada por uma resposta imunológica, também específica, que ocorre de forma reproduzível A alergia alimentar pode ser classificada em 3 tipos: ➔ mediada por IgE: forma mais bem compreendida, ocasionada por anticorpos imunoglobulina E (IgE) contra antígenos alimentares - são manifestações rápidas com sintomas mais graves (angioedema, urticária, dificuldade respiratória etc…) - no caso das crianças com APLV, o leite de vaca ao entrar em contato já desencadeia placas urticariformes, dificuldade de respirar, podendo ter sintomas gastrointestinais devido à respostas rápidas que ocorrem entre minutos até 2h ➔ não mediadas por IgE: resposta imune ainda é pouco compreendida, mas parece atuar principalmente por meio de mecanismos mediados por células (LT - linfócitos T) ➔ mista: tanto os mecanismos imunológicos mediados por IgE quanto os mediados por células estão envolvidas (ex: esofagite eosinofílica e dermatite atópica) obs: o mais comum em relação à APLV é a não mediada por IgE Manifestações Clínicas da APLV: ★ as manifestações são diversas e dependem dos mecanismos envolvidos (IgE e não IgE mediados) - enterocolite - proctocolite/colite alérgica 1 - enteropatia induzida por proteínas alimentares - RGE (refluxo gastrointestinal) obs: o que mais acontece é a proctocolite que pode estar associada ao RGE, constipação; sendo comum também crianças com histórico de cólicas intensas Síndrome da Enterocolite induzida por proteína alimentar ● conhecida como FPIES “food protein-induced enterocolitis syndrome” ● é uma hipersensibilidade gastrointestinal a alimentos (grave) ● pode gerar anafilaxia ● pode ser ocasionado por soja, peixe, frango ● os sintomas surgem no primeiro ano de vida ● o início tardio está associado à introdução tardia do leite de vaca ou de soja em crianças exclusivamente amamentadas Quadro clínico: ➢ náuseas, vômitos, hipotonia, palidez, apatia ➢ diarreia com muco e sangue ➢ sintomas iniciam 1 a 3 h após ingestão da proteína ➢ pode evoluir com desidratação, acidose metabólica e choque hipovolêmico ➢ não costuma ser observada em lactentes que recebem leite materno exclusivo - porém, estudos americanos dizem que bebês que receberam leite materno de mães que fazem ingestão do leite de vaca, possui incidência de 5% do bebê apresentar alergia, já estudos do Japão indicam incidência de até 30% obs: o tratamento da FPIES é o uso de fórmulas com aminoácidos (FAA) obs: quando a criança está em aleitamento materno exclusivo e iniciou a introdução alimentar, e não foi a exposta a nada de leite de vaca e derivados, sempre prescrever fórmula de aminoácidos Proctite e Proctocolite ● 90% dos casos que chegam ao consultório ● acometem principalmente RN e lactentes nos primeiros 3 meses de vida ● 50% está em aleitamento materno exclusivo Quadro Clínico: - enterorragia com estado geral satisfatório - ganho de peso adequado, desenvolvendo bem - histórico de traços de sangue nas fezes (“rajas de sangue” de cor mais rosada) - cólica, irritabilidade e choro excessivo Tratamento: nos casos dos bebês em aleitamento materno exclusivo, inserir uma dieta de restrição para a mãe de derivados e o leite de vaca obs: em muitos casos, as mães não conseguem realizar, precisando iniciar o uso de fórmula obs: nos casos de aleitamento materno exclusivo que não recebem fórmulas, têm indicação de usar a fórmula de aminoácidos obs: o uso da fórmula de aminoácidos são caras para o tratamento, podendo conseguir via Justiça por meio de um relatório documentado, solicitado pela farmácia especial 2 ● pesquisa do IgE específico não tem valor diagnóstico porque não é IgE mediada ● realizar teste de provocação oral: após iniciar a dieta materna por pelo menos 4 semanas e ocorrer remissão dos sintomas na criança, pode liberar a introdução de leite de vaca e derivados aos poucos na dieta materna e manter o aleitamento materno. Porém se a criança manifestar qualquer sintoma após a mãe retornar leite e derivados (ex: sangue nas fezes), ela deve voltar para a dieta restrita e manter por 6 meses ● fórmulas FeH - fórmula extensamente hidrolisada (com lactose ou sem lactose) e FAA (fórmulas com aminoácidos) obs: muitas vezes as FeH acabam sendo a primeira escolha devido ao preço mais “barata” Enteropatia induzida por proteínas alimentares ● crianças com APLV + alergia à soja ● primeiros meses: desmame e início das fórmulas com leite de vaca ou soja obs: nutricionalmente, o leite de soja só tem recomendação para crianças > 6 meses ● sintomas iniciam em dias, semanas ou até mais de 1 mês após a introdução do alimento (resposta mais tardia) Quadro clínico: - diarreia crônica (fezes aquosas e ácidas) - eritema perianal (atentar para crianças com dermatite de fralda de repetição) - distensão abdominal - vômitos - anemia - perda de peso - insuficiência do crescimento Fisiopatologia: ➔ o alérgeno (proteína alimentar) causa lesão das vilosidades intestinais ➔ diminuição absortiva ➔ redução da concentração das dissacaridases (lactase) obs: ocorre uma intolerância à lactose de modo secundário a lesão vilositária, retomando a capacidade absortiva após o tratamento adequado ➔ aumento da permeabilidade da barreira intestinal, facilitando a absorção de macromoléculas ➔ propicia sensibilizações a outras proteínas ● diagnóstico diferencial com doença celíaca - pode solicitar anticorpo específico antiendomísio e antitransglutaminase ● a eliminação do alérgeno leva à regressão dos sintomas em 1 a 4 semanas ● pode realizar o teste de provocação oral (TPO) Tratamento: FeH sem lactose, FAA obs: na enteropatia induzida por proteínas alimentares não pode iniciar a fórmula com lactose devido a fisiopatologia da doença com redução das dissacaridases Orientações: - sempre orientar aos pais que a doença não se trata de alergia à lactose 3 - possui reação imunológica - as lesões intestinais são reversíveis e recuperam-se com a dieta de eliminação do leite Manifestações inespecíficas: **sempre fazer diagnóstico diferencial com os quadros abaixo ● RGE ● cólica ● constipação Diagnóstico: ● sintomas são inespecíficos ● realizar testes diagnósticos - teste de provocação oral (restrição na dieta, troca de fórmula por FAA ou FeH) **não existe padrão-ouro obs: crianças exclusivamente na FAA e que vai prescrever o teste de provocação oral, retira a fórmula de aminoácidos e passa para FeH, após passa por mais 2 semanas a parcialmente hidrolisada até voltar a fórmula de leite Da mesma forma, crianças que estão exclusivamente na FeH sem lactose, passa para a FeH com lactose, depois a parcialmente hidrolisada e por fim, a fórmula de leite Crianças em amamentação materna exclusiva, pede à mãe para realizar dieta de exclusão de leite e derivados por 4 semanas, tendo remissão dos sintomasna criança, a mãe pode voltar a ingerir o leite de vaca e derivados, avaliando se a criança vai voltar a ter sintomas. Se ela começar com sintomas novamente, a criança fecha diagnóstico de APLV e deve-se estender a dieta restrita materna por 6 meses ● pesquisa de anticorpo IgE específico para o leite de vaca ● teste cutâneo prick test (mediado por IgE) Para diagnóstico diferencial pode ser solicitado: - EDA - colonoscopia com biópsia - teste de provocação oral Tratamento: ● ALME: dieta materna restrita ● FeH sem lactose (Pregomin; Alfaré) ● FeH com lactose (Aptamil Pepti; Altherá) ● FAA (Neocate LCP; Alfamino) ● fórmula de soja ***cuidado no uso porque algumas crianças com APLV, em torno de 10% delas, podem ter alergia à soja Existem 3 tipos de anemia: ● anemia fisiológica do lactente A eritropoetina estimula a eritropoiese que realiza a fabricação de eritrócitos. Na fase intrauterina, a criança tem pouco oxigênio, estimulando eritropoiese por aumento da eritropoetina A eritropoetina é oxigênio-dependente, ou seja, se tiver pouco oxigênio circulante, aumenta eritropoetina para estimular mais a eritropoiese Quando a criança nasce e começa a respirar espontaneamente, aumenta a oferta de oxigênio, caindo a eritropoietina, assim reduz o processo de eritropoiese e nº de hemácias = anemia fisiológica do recém-nascido Além disso, as hemácias no lactente possui meia 4 vida de 80-90 dias No RN e lactente é normal e esperado uma Hb de 11 (diferente do adulto que já considerado anemia) obs: o clampeamento tardio auxilia na questão da anemia fisiológica no RN, reduzindo a perda de ferro ● anemia da prematuridade ocorre devido a imaturidade de algumas estruturas que se intensificam pela criança ser prematura obs: no adulto a maior produção de hemácias ocorre na medula óssea, na criança ainda é imaturo, ocorrendo no fígado e baço ● anemia ferropriva Definição anemia ferropriva: condição em que a concentração sanguínea de hemoglobina se encontra abaixo dos valores esperados, tornando insuficiente para atender as necessidades fisiológicos exigidos de acordo com a idade, sexo, gestação - origem multifatorial - deficiência de ferro (sempre solicitar cinética do ferro, principalmente ferritina, além do hemograma) **obs: ferritina também é marcador inflamatório, por isso tomar cuidado em algumas interpretações - perdas sanguíneas, processos infecciosos (ex: ancilostomose), uso de medicações obs: anticonvulsivantes diminuem as concentrações de hemoglobina - Brasil: 18,9% entre os lactentes - 33% nos menores de 7 anos - o ferro é importante para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem, capacidades psicoemocionais e motoras - a deficiência de ferro predispõe a cáries dentárias, alterações na imunidade, paladar e apetite obs: crianças com perversão do apetite (ex: geofagia…) pensar em anemia - período de pré-natal, perinatal, pós-parto - anemia materna é fator de risco para a criança, por isso é realizado suplementação de ferro um pouco mais precoce - adolescência (meninas devido período menstrual) Metabolismo do Ferro: ● ferro heme: absorção no duodeno (ferro de origem animal como carnes e vísceras) ● ferro não heme: primeiro é convertido em ferro heme para depois ser absorvido (ferro de alimentos de origem vegetal) ● facilitadores da absorção de ferro: ácido ascórbico (rico em vitamina C) ● inibidores da absorção de ferro: uva, leite ● 30% do ferro está armazenado em: - tecidos (fígado, baço, medula óssea) - ferritina - transferrina (proteína de transporte) Quadro clínico: ● palidez (mucosas, palmar) ● apatia ● adinamia ● dispneia (dificuldade para realizar atividade física) ● inapetência 5 ● perversão do apetite ● irritabilidade ● taquicardia ● fraqueza muscular Em relação ao quadro clínico, considerar também que a deficiência de ferro está relacionada com: comprometimento do desenvolvimento cognitivo (o ferro é importante para o desenvolvimento motor-neurológico da criança) padrão de sono, memória e comportamento baixo desempenho escolar e dificuldade de aprendizagem (obs: criança com prejuízo escolar sempre pensar em deficiência de ferro) obs: durante a gestação a deficiência de ferro aumenta a mortalidade materno-fetal e o risco de doenças infecciosas, prematuridade, baixo peso ao nascer, além de comprometer o desenvolvimento do SNC Diagnóstico: Exames bioquímicos: ● hemograma ● ferritina ● capacidade total de ligação de transferrina ● índice de saturação de transferrina ● ferro sérico ● reticulócitos ● transferrina ● capacidade total de ligação do ferro ● PCR ● plaquetas Valores para diagnóstico de anemia na criança: obs: existe um consenso de que a ferritina para uma criança tem que estar > 30, independente da idade obs: para as meninas, por questão de estética capilar, o ferro deve estar em valores > 80 obs: em casos de anemia por deficiência pode ocorrer aumento de plaquetas Tratamento: ● ferro elementar recomendado é 3 a 6 mg/kg/dia (máximo 60 mg/dia) fracionado 2x/dia ou dose única - medicamentos: Sulfato Ferroso (tem no SUS e possui absorção melhor); Neutrofer; Gluconato de Ferro ● uso mínimo 8 semanas (em geral, uso de 2-6 meses), principalmente em crianças com ferritina < 15 μg/dL (alvo: 30) ● controle de Hb/Ht em 30-35 dias **em geral, pede para 45 dias para fazer junto com ferritina e ferro 6 ● ferritina e ferro 30-90 dias ● orientação nutricional ● controle dos fatores de risco Apresentações: Sulfato ferroso 125 mg/ml, sendo 25 mg de Fe elementar em 20 gotas (1 ml) 1 ml = 20 gotas Neutrofer 250 mg/ml 50 mg de Fe elementar em 20 gotas obs: DICA: sempre olhar a bula ANVISA para os cálculos Cálculos: 1. Criança 15 kg → no cálculo, considerei 3 mg/kg (recomendado usar 3 a 6 mg/kg) 15 x 3 = 45 mg de Fe elementar Sulfato Ferroso: 25 mg→ 20 gotas 45 mg – x x = 36 gotas pode ser dose única ou dividir 18 gotas antes do almoço e 18 gotas na hora do jantar Neutrofer: 50 mg→ 20 gotas 45 mg – y y = 18 gotas obs: alguns medicamentos de ferro são saborizados, tomar cuidado o uso dos de doce de leite e brigadeiro nas crianças com APLV Prevenção: 3 estratégias para prevenir deficiência de ferro: ➔ educação nutricional: elevado custo e a mais efetiva em longo prazo ➔ fortificação de alimentos: excelente custo-benefícios obs: a pedido do governo, algumas indústrias alimentícias enriquecem seus produtos com ferro (ex: farinhas, fórmulas) ➔ suplementação medicamentosa ➔ clampeamento tardio do cordão - 1 a 3 min após o parto - RN a termo: aumento de hemoglobina e hematócrito no período neonatal, aumento do estoque de Fe e ferritina por 2-4 meses, reduzindo a incidência de anemia ferropriva nos primeiros 4 meses - RN pré-termo: aumento de hemoglobina e hematócrito no período neonatal, redução de transfusões de sangue e hemorragia intraventricular obs: nutricionalmente, o leite de vaca (não indicado) - incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses - atualmente, o leite de vaca integral pode ser introduzido após 6 meses (**mas é mais seguro uso a partir de 1 ano) ➔ ferro na dieta: carnes vermelhas, vísceras, carnes de porco, peixes e aves, cereais, leguminosas, legumes e verduras ➔ controle de infecções, infestações parasitárias (Albendazol 10 ml 1x/dia por 3-5 dias; Nitazoxanida [Anitta] 12/12h; 7 Mebendazol 5ml para todos 8/8h (3x/dia) por 3 dias e depois repetir em 3 semanas) **sempre questionar o estilo de vida da criança, onde ela mora, uso de água de mina… ➔ suplementação: em todas as crianças < 2 anos - prematuro (nascido < 37 sem): iniciar suplementação com 30 dias (1 mês) - lactente com fatores de risco: iniciar com 90 dias (3 meses) - lactente sem fatores de risco: iniciar com 180 dias (6 meses) **nas crianças em que a mãe iniciou creme de milho e leite de vaca, sempre fazer suplementação Fatores de risco: 1. baixa reserva materna- gestações múltiplas com pouco intervalo entre eles - dieta materna deficiente de ferro - perdas sanguíneas (ex: descolamento de placenta) - não suplementação de ferro na gravidez e lactação 2. aumento da demanda metabólica - prematuridade e baixo peso ao nascer (< 2500g) - lactentes em crescimento rápido (velocidade de crescimento > p90) - meninas com grandes perdas menstruais - atletas de competição 3. diminuição do fornecimento - clampeamento do cordão antes de 1 min de vida - aleitamento materno exclusivo prolongado (> 6 meses) - alimentação complementar com alimentos pobres em ferro ou de baixa biodisponibilidade - consumo de leite de vaca antes de 1 ano de vida - consumo de fórmula infantil com baixo teor de ferro ou quantidade insuficiente - dietas vegetarianas sem orientação de médico/nutricionista - ausência ou baixa adesão à suplementação profilática com ferro medicamentoso, quando recomendada 8 obs: na suplementação, não ultrapassar 15 mg de Fe por dia Infecção do Trato Urinário: Definição: presença de germe patogênico no sistema urinário associado a um processo inflamatório sintomático ● infecção bacteriana comum em pediatria ● 8% das meninas e menos de 2% dos meninos menores de 7 anos de idade ● prevalência varia com idade, gênero e etnia - no primeiro ano de vida é mais comum nos meninos e a partir de 1 ano é mais prevalente nas meninas ● malformações do trato urinário, refluxo vesicoureteral (diagnóstico diferencial de ITU de repetição em crianças) e disfunção vesical e intestinal também podem ser fatores de risco ● ITU pode ser marcador de possíveis anomalias do aparelho urinário em crianças obs: na primeira ITU na criança em qualquer idade, indicado realizar USG de vias urinárias para descartar malformações ● lactentes: febre > 38,5ºC (4-5 dias de febre) de origem não determinada - realizar exame de urina obs: coleta de exame de urina em crianças: saco coletor (esse método ocorre muito falso positivo em lactentes); o ideal é passar a sonda (porém, é um método invasivo) Etiologia: ● E. coli (principal) ● Proteus ● Klebsiella ● Estafilococos ● Enterococos ● Enterobacter ● Estreptococos do grupo B (provém da flora materna, sendo o grande “vilão” da sepse neonatal) Causas de ITU no lactente: ● RVU (refluxo vesicoureteral) ● uropatias obstrutivas - válvula de uretra: fimose no meninos (não consegue expor a glande) e sinéquias nas meninas (intróito vaginal fechado) - tratamento: a partir de 1 ano de idade → pomadas a base de hialuronidase com corticoide (promovem atrofia da pele pelo uso contínuo, conseguindo abaixar a pele e expor toda a glande); nas meninas usar estrogênio tópico (uso restrito por no máx 30 dias, 12/12h, usar uma gota do tamanho de um grão de arroz) 9 obs: se o tratamento não funcionar para ambos e tiver histórico de infecção de urina de repetição, inflamação recorrentes ou balanite nos meninos → indicar cirurgia Primeira ITU em pré-escolares e escolares: ● litíase ● constipação intestinal (aumento de bolo fecal no ceco → dilata→ comprime bexiga, diminuindo sua capacidade de volume → aumento de líquidos) ● disfunção miccional (malformações ureterais) Quadro clínico: - sinais e sintomas na criança dependem principalmente da idade do paciente - crianças menores apresentam sinais e sintomas mais inespecíficos (crianças maiores de 3 anos já conseguem localizar melhor a dor; as mães também reparam as crianças apresentando mecanismos de contenção, ou seja, a criança evita fazer xixi devido a disúria, diminuição do volume urinário) - Lactente: febre, irritabilidade, hipoatividade, convulsões, recusa alimentar, icterícia, distensão abdominal, vômitos e baixo ganho de peso - Pré-escolar e escolar: febre, enurese, polaciúria, disúria, urgência, dor abdominal e nos flancos - Adolescentes: disúria, polaciúria e dor à micção, urgência miccional, febre e hematúria **sempre pensar em diagnóstico diferencial de ISTs, devido a precocidade do início da atividade sexual obs: atentar com período menstrual que pode dar hematúria no exame se colhido no ínicio/final da menstruação nas meninas obs: cálculo renal pode ter sintomas muito parecidos com ITU, principalmente no início Diagnóstico: Exame Físico: ● estatura + peso ● DNPM - desenvolvimento neuropsicomotor (crianças com ITU de repetição pode ter atraso de desenvolvimento) ● percussão lombar (punho-percussão: Giordano) ● palpação abdominal das lojas renais pode demonstrar aumento do volume renal (hidronefrose) ● avaliação da genitália externa ● observação do jato urinário: continuidade, volume e força de expulsão obs: Trichomonas é IST (investigar abuso sexual/iniciação de vida sexual) **Gardnerella e Candida são da flora bacteriana normal Laboratorial: ● adequada coleta de urina - eliminação espontânea (**menor chance de dar falso positivo como no saco coletor) - saco coletor - punção suprapúbica (PSP) 10 - cateterismo vesical (retenção urinária) ● Análise de urina (> 5 piócitos por campo) Padrão-ouro para diagnóstico de ITU: urocultura (porém, resultado em 48h) - presença de crescimento bacteriano > a 100.000 ufc/ml, caracteriza a presença de ITU - nos casos de > 50.000 até 100.000 numa criança que às vezes não tem clínica = provável falso-positivo - criança com alto indício com exame de urina positivo (> 5 piócitos), gram positivo e urocultura entre 50.000-100.000 = presença de ITU (mas o ideal mesmo é > 100.000) - < 10.000 = indica contaminação do trato, principalmente pelo uso de saco coletor obs: crianças que usaram saco coletor com exame de urina positivo + gram negativo + urocultura negativa = contaminação **importante sempre analisar o tipo de coleta que foi feito para análise-diagnóstica ● Gram de gota (+ comum Gram positivo) ● Hemograma e PCR (pielonefrite aguda + Giordano positivo) Bacteriúria Assintomática: ● ocasional ou controle de crianças com ITU prévia ● 1 a 2% em meninas ● 3 uroculturas consecutivas com bacteriúria significativa em um período de 3 dias a 2 semanas ● Transitória: duração de 12 meses ● Persistente: anos seguidos Tratamento: Erradicação do agente infeccioso (antibiótico) + estudo morfofuncional do trato urinário (USG de vias urinárias; **sempre encaminhar para um ultrassonografista bom devido o exame ser operador-dependente) ➢ prevenção de doença renal progressiva obs: quanto mais infecções urinárias, maior probabilidade de lesionar o rim devido aos processos inflamatórios da infecção ➢ alívio dos sintomas (analgésicos e antitérmicos) ➢ reidratação VO ou parenteral ➢ Antibioticoterapia: imediato após coleta de urina - crianças maiores sintomáticas inicia imediato - crianças menores esperar resultado de laboratório ➢ RN e lactentes < 3 meses: considerados portadores de ITU complicada e potencialmente grave (**o tratamento nessas crianças é sempre hospitalar) - RN volta para a maternidade de origem - Lactentes < 3 meses encaminhar para serviço de urgência ➢ crianças > 3 meses: - Tratamento ambulatorial: estado geral preservado, hidratados, ingestão oral 11 - Tratamento Hospitalar: febre alta, toxemia, desidratadas, irritabilidade, vômitos persistentes, recusa do leite materno obs: recomendação atual é a primeira opção com Amoxicilina + Clavulanato e segunda opção a Cefuroxima (ATB caro), devido a resistência bacteriana aos outros antibióticos obs: De acordo com um estudo, o primeiro episódio de febre por origem origem urinária, a criança precisa passar pelo risco de lesão renal Tratamento Profilático: Objetivo: prevenir recidivas de ITU Indicações: ● durante a investigação do trato urinário após o primeiro episódio de ITU ● quando há diagnóstico de anomalias obstrutivas do trato urinário até a realização da correção cirúrgica ● na presença de RVU (Refluxo vesico-ureteral) graus III a V ● nas crianças que apresentam recidivas frequentes de ITU com idade entre6 a 12 meses Cálculo Tratamento da ITU: Amoxi-Clavulanato Dose: 50 mg/kg/dia Apresentação: 400 mg amoxicilina + 57 mg de clavulanato em 5 ml 12/12h 7-14 dias (10 dias) Cefalexina Apresentação: 250 mg/5ml Dose: 50 mg/kg/dia 6/6h 7-14 dias (uso por 10 dias) obs: A cefalexina pode ser usada como tratamento e quimioprofilaxia da ITU, porém na profilaxia é feito ¼ da dose em dose única, enquanto no tratamento é feito de 6/6h ● toda criança que tenha diagnóstico de certeza de ITU merece uma investigação por imagem ● USG do aparelho urinário e bexiga: confirmar e/ou detectar malformações Ultrassonografia: - método não invasivo, baixo custo, disponível - melhor método que define a morfologia do trato urinário inferior, identifica anomalias congênitas (hidronefrose, uretrocele) - uretra, bexiga e ureteres (RVU) 12 Uretrocistografia Miccional e Retrógrada: - método de escolha para morfologia do trato urinário inferior (RVU) - fornece imagens detalhadas da bexiga e uretra com avaliação do esvaziamento vesical Indicações: ● lactentes < 6 meses e alterações estruturais ao USG, ITU atípica ou recorrente ● crianças com cicatrizes ao DMSA ou ITU recorrente ● crianças com anormalidades renais específicas ao USG sugestivas de obstrução ou refluxo de alto grau ● crianças < 2 anos de idade após o segundo episódio de ITU Ressonância Magnética: - não usa radiação ionizante - fornece detalhes anatômicos e funcionais - sensibilidade e especificidade em relação à USG - necessita de sedação anestésica e contraste EV - só pode ser usado em pacientes com função renal preservada Cintilografia Renal com DMSA: - ácido dimercaptosuccínico (DMSA) - padrão-ouro na detecção de cicatriz renal - permite avaliar função renal - deve ser realizado após 4 a 6 meses do episódio inicial de ITU - emite radiação ionizante obs: em geral, os exames solicitados pelo clínico é USG e RNM + encaminhar ao urologista que solicita os demais exames específicos de imagem Síndrome Nefrótica: Definição: caracteriza-se pela presença de proteinúria maciça de carter nefrótico e hipoalbuminemia ( < 2,5 g/dl) obs: a síndrome nefrótica pode ser desencadeada por alergias, uso de medicamentos (ibuprofeno, cetoprofeno…) ● edema, hiperlipidemia (colesterol total > 200 mg/dl) e lipidúria (perda de lipídios pela urina devido à lesão glomerular) obs: devido a perda de proteína, o fígado começa a produzir mas albumina e lipoproteínas, por isso ocorre a hiperlipidemia obs: embora a perda de albumina seja maior, o paciente perde outras proteínas como imunoglobulinas, ficando mais suscetíveis à infecções ● a proteinúria nefrótica caracteriza-se por valores > 50 mg/kg/dia (> 3,5 g/24h) ● relação proteína/creatinina > 2 mg (realizar na primeira urina da manhã) Tríade dos achados clínicos associados à síndrome nefrótica: ➔ hipoalbuminemia/proteinúria maciça 13 ➔ edema ➔ hiperlipidemia ● na infância 80-90% dos casos respondem a síndrome nefrótica primária ou idiopática ● causas secundárias: associação com doenças sistêmicas, metabólicas, infecciosas, doenças autoimunes, drogas etc… ● a maioria dos casos ocorre entre 2 e 7 anos de idade, sendo 2x mais frequente no sexo masculino nos primeiros anos de vida Etiologia: obs: Strepto beta-hemolítico do grupo A = nos quadros de síndrome nefrítica (glomerulonefrite pós estreptocócica - GNPE) por uma amigdalite ou infecção de pele (impetigo, escarlatina e choque tóxico) Principais agentes: 1. Streptococcus pneumoniae 2. bactérias gram-negativas (E.coli, Klebsiella sp, Proteus sp, Haemophilus influenzae) 3. Staphylococcus aureus 4. Coagulase negativos 5. fungos Quadro clínico: ★ Edema: ● edema palpebral principalmente ● intenso, mole, frio, depressível, insidioso podendo evoluir para anasarca ● adinamia, ascite, hepatomegalia ● taquipneia por compressão torácica (derrame pleural) obs: em provas de residência, quando trazem questão de síndrome nefrótica, sempre colocam um caso de esforço respiratório na criança, podendo gerar fator de confusão com doenças respiratórias. SEMPRE se atentar ao quadro clínico geral, principalmente edema, proteinúria maciça… ● aumento do volume genitais devido edema ● hiperlipidemia (colesterol, triglicérides) ★ devido à proteinúria pode ocorrer cabelos escassos, finos, quebradiços (desnutrição) ● pele seca e friável - pode ter estrias ● cãibras, parestesias, síndrome convulsiva, distúrbios hidroeletrolíticos ● dor abdominal ● processos infecciosos (rinofaringites, sinusites, broncopneumonias, celulite, peritonites, gastroenterites, ITU, sepse) 14 Exames laboratoriais: Sedimentos urinário: - proteinúria - hematúria (25% dos casos) - cilindrúria - lipidúria Proteinúria: Definida como > 50 mg/kg/dia ou 40 - amostra isolada de urina com valores > 2, compatíveis com proteinúria nefrótica Eletroforese de proteínas plasmáticas: - hipoalbuminemia < 2,4 g/dl - redução de imunoglobulinas (α-2, IgG-1, IgG-2, IgA, IgM) Colesterol: - aumento do colesterol total (> 200), triglicérides (> 150) e lipoproteínas Complemento: - Hipocomplementemia (complemento baixo é indicação formal para biópsia renal) - C3 pode estar baixo ou em valores normais Ureia e creatinina: - aumento na instalação do edema ou em situações de hipovolemia Indicações de Biópsia: 1. crianças que não obtiveram remissão clínica e laboratorial após 8 semanas de corticoterapia seguidas ou não de 3 doses de pulsoterapia de metilprednisolona, desde que não infectadas 2. crianças entre 1 e 10 anos com sintomatologia exuberante e complemento sérico normal Tratamento: 1. médico x família x paciente: conscientizar e elucidar sobre a natureza, progressão e comportamento da doença, além das dúvidas quanto a medicação 2. edema: dieta hipossódica ou assódica 3. hipervolemia: restrição hídrica 4. cuidados com sinais de hipovolemia (taquicardia, pulsos fracos, extremidades frias, hipotensão) 5. evitar diuréticos devido redução da função renal 6. anasarca + hipervolêmicos - furosemida* obs: grande suscetibilidade às infecções: celulite, peritonites, IVAS, sinusites e pneumonias - tratamento antimicrobiano - Varicela: Aciclovir oral por 7 dias - gravidade: internação e adm EV de Aciclovir - realizar VZIG 96h do contato, 125 UI/10 kg (mín 125 UI e máx: 625 UI) **Corticoterapia: ● prednisona diária (2 mg/kg/dia, máx de 60 mg/dia) 3x/dia ou dose única durante 4-6 semanas 15 ● Remissão: 1,5 mg/kg/dia com máx 40 mg/dia em dias alternados por 4-6 semanas ● Esquema mantido com redução lenta por 2-5 meses ● em Síndromes Nefróticas recidivantes: uso de imunossupressores (Ciclofosfamida, Ciclosporina, Levamisol) ● SNCR (síndrome nefrótica córtico-resistente): imunossupressor + corticoterapia (baixas doses + dias alternados) + IECA ou BRA Síndrome Nefrítica: Fisiopatologia: obs: o paciente precisa de um histórico de pelo menos 2 semanas de infecção com cepas nefritogênicas de Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (histórico de infecção de pele ou faringoamigdalite) ● é uma condição caracterizada pela associação de edema, hipertensão arterial e hematúria ● observa-se associação de proteinúria (**mas não possui níveis tão altos como na síndrome nefrótica) ● infecções por estreptococos beta-hemolítico do grupo A são comuns em crianças e podem levar à complicações pós-infecciosa - GNPEA: Glomerulonefrite pós-estreptocócica aguda (**mais prevalente na pediatria) Etiologia: - infecção por EBHGA - estreptococos beta-hemolítico do grupo A (orofaringe ou pele) - somente algumas cepas, denominadas nefritogênicas, são capazes de causar a glomerulonefrite GNPE: Glomerulonefrite Pós-Estreptocócica ● comum em crianças de 5-12 anos de idade ● raro antes dos 3 anos obs: crianças < 3 anos possuem IgG materno circulante protetor em relação à infecções bacterianas, principalmente em relação ao estreptococos ● o paciente tipicamente desenvolve síndromenefrítica aguda 1-2 semanas após uma faringite estreptocócica ● 3-6 semanas após piodermite estreptocócica Quadro clínico: ● edema, hipertensão e hematúria: manifestam-se 10 a 20 dias (máx 6 semanas) após a infecção estreptocócica de vias aéreas superiores ou de pele ● edema ocorre em 85% dos casos, com intensidade variável 16 ● o edema antecede o aparecimento da hematúria (micro ou macroscópica) **mas normalmente a hematúria é macroscópica → pode ser observado uma urina escura e espumosa e no exame de urina pode vir descrito presença de cilindros hemáticos ● indisposição, inapetência, cefaléia e edema periorbital ● HAS presente em 60-90% dos casos ● algumas crianças podem apresentar quadros subclínicos, caracterizados apenas por edema subclínico, hipertensão e diminuição do complemento Exames: Alterações Urinárias: - hematúria macroscópica ou microscópica - cilindros hemáticos, hialinos, granulosos e leucocitários - proteinúria, raramente em níveis nefróticos - a maioria das alterações urinárias regridem em 4 a 8 semanas - 10% dos casos terão hematúria residual por vários meses - dosagem de complemento sérico reduzido é obrigatório para o diagnóstico, sendo solicitado: C3 e CH50 **normalização em 4-8 semanas é marcador de prognóstico e de diagnóstico diferencial - Ureia, creatinina - sódio e potássio - cultura de orofaringe + obs: pode ser solicitado também o ASLO (a estreptolisina O se eleva quando possui infecção por estreptococo); nos casos de impetigo, pode solicitar o anti-DNase - ressonância magnética (SNC) - RX de tórax (IC, desconforto respiratório) **Biópsia renal: Indicada quando houver suspeita clínica de que o padrão anatomopatológico não seja de proliferação endotelial e mesangial ● hematúria macroscópica com duração > 4 semanas ● função renal persistente alterada por períodos > 4 semanas ● hipertensão arterial prolongada por > 4 semanas ● complemento sérico persistentemente baixo > 8 semanas ● associação com síndrome nefrótica de duração > 4 semanas Diagnóstico Diferencial: ● Glomerulonefrite membranoproliferativa ● Glomerulonefrite rapidamente progressiva ● Doença de Berger Complicações: - hipertensão - encefalopatia hipertensiva - insuficiência cardíaca - insuficiência renal aguda Tratamento: obs: realizar cobertura com ATB para reduzir a transmissão das cepas nefritogênicas 1. Penicilina V na dose de 25.000 a 50.000 UI/kg/dia VO a cada 6h por 8 a 10 dias OU 17 Penicilina benzatina dose única de 600.000 UI para crianças < 25 kg e 1.200.000 UI nas crianças > 25 kg 2. se alergia: Eritromicina 30 mg/kg/dia por 10 dias 3. restrição de sódio 4. *uso de diuréticos (furosemida) 5. hipotensores (hidralazina e nifedipina): apenas em casos em que a hipertensão persiste apesar do desaparecimento do edema e da oligúria ou nos casos de hipertensão sintomática Prognóstico: ● 95% das crianças apresentam recuperação completa ● recidivas são raras Prevenção: - terapia antibiótica sistêmica - membros da família de pacientes com glomerulonefrite aguda devem ser considerados de risco. Nesses casos, sempre realizar a cultura para EBHA + tratamento apropriado ● 1º exame: APGAR e New Ballard ● acompanhamento do desenvolvimento da criança é feito na puericultura ● atenção para prematuros (idade corrigida x idade cronológica) ● cuidado: pais supervalorizam os filhos, ou seja, quando não vê alguma habilidade, os pais tendem a falar de outras habilidades Anamnese: - detalhada - sintomas devem ser descritos: localização, quantidade, intensidade, início, duração e fim, em que circunstâncias ocorrem, fatores de alívio ou agravantes e condições associadas obs: observar se a criança sofre algum estresse tóxico, ou seja, negligência, violência verbal, física ou sexual, visto que são fatores que prejudicam seu desenvolvimento, piorando muitas vezes o comportamento desafiador dela - perguntar sobre os impactos da doença na vida social da criança e da família, além dos sentimentos e preocupações geradas - história gestacional: infecções, ausência de pré-natal, uso de drogas ou álcool, intercorrências - história do parto e do RN (prematuridade, icterícia): APGAR, se houve necessidade de reanimação/parada cardiorespiratória e tempo de duração; sono, sucção e movimentos - história vacinal e estado pós-vacinal - avaliação do crescimento e desenvolvimento (marcos do desenvolvimento); nas crianças maiores: padrão de sono, personalidade, hábitos e disciplina - história familiar: doenças neurodegenerativas transmitidas por herança autossômica recessiva, consanguinidade, traços dominantes 18 Desenvolvimento: ● sensorial (visão e audição) ● motor (grosseiro e fino) **os reflexos primitivos são as primeiras avaliações neurológicas no RN ● linguagem ● social (emocional) ● adaptativo (reações da criança frente aos diferentes estímulos) ● emocional (social) ● cognitivo (aprender, pensar, raciocinar) Desenvolvimento Neuropsicomotor Período Neonatal (0 a 28 dias) ➔ vira a cabeça de um lado para o outro, e cabeça pende durante a suspensão ventral ➔ postura fletida e rígida ➔ reflexos ➔ fixa face humana na sua linha de visão, “olhos de boneca” ➔ preferência pela face humana 1 mês ➔ pernas mais estendidas, mantém o queixo elevado, ergue a cabeça momentaneamente (tenta adquirir o controle cervical) ➔ a cabeça cai quando a criança é puxada para sentar ➔ acompanham objetos com o olhar ➔ movimenta o corpo em resposta a voz de outras pessoas no contato social ➔ começa a sorrir 2 meses ➔ levanta a cabeça rapidamente quando de barriga para baixo ➔ postura tônico cervical assimétrica predominante (posição do esgrimista), a cabeça é sustentada no plano do corpo durante a suspensão ventral ➔ sorri ao contato social ➔ presta atenção em vozes ➔ reage a sons altos 3 meses ➔ levanta a cabeça e o tórax com os braços estendidos, a cabeça ica cima do plano do corpo na suspensão ventral ➔ acena para um brinquedo ➔ a cabeça hesita para alcançar o controle ➔ a cabeça prende para trás quando puxada para sentar ➔ diz “aah, ngah” ➔ ouve música (gostam de ouvir “ruídos brancos”) 4 meses ➔ levanta a cabeça e tórax, com a cabeça em posição vertical ➔ coloca as mãos na linha média (começa a trazer ao centro), alcança objetos e os coloca na boca ➔ a cabeça não pende para trás quando puxado para sentar ➔ ri alto/gargalhadas ➔ pode começar a rolar (**muito cuidado com quedas do bebê) 19 ➔ quando colocado de pé, empurra o corpo com as pernas ➔ agita ao ver a comida (**não significa que ela quer comer, ela agita porque iniciou a habilidade de levar as mãos na boca - fase oral) obs: o desenvolvimento da criança é crânio-caudal: sustenta a cabeça, inicia os movimentos de trazer ao centro, controle do tronco, senta, depois levanta, começa a ficar em pé sem apoio, depois fica em pé com apoio e anda obs: engatinhar não é marco do desenvolvimento, porém a criança precisa ter a posição do engatinhar 6 meses ➔ senta com apoio (apresenta controle cervical e do tronco) ➔ rola com facilidade ➔ consegue levar os objetos sozinho à boca ➔ reflexo da protrusão diminui ou desaparece ➔ brinca com os pés ➔ emite sílabas isoladas (“ba”, “ga”) obs: as habilidades de sentar, levar objetos à boca e reflexo de protrusão reduzido indica a fase de iniciar introdução alimentar 7 meses ➔ rola, rasteja, engatinha ➔ senta por breves intervalos, inclina-se com as mãos a frente ➔ “pula” ativamente fletindo os joelhos ➔ transfere objetos de uma mão para outra ➔ sons de vogais repetidos ➔ prefere a mãe ➔ gosta do espelho 10 meses ➔ senta sozinho e por tempo indefinido, sem apoio, com as costas retas ➔ inicia a pega de objetos com o polegar e o indicador (inicia o movimento de pinça) ➔ deambula segurando nos móveis (**cuidado com berço devido tentativa da criança escalar o berço e sofrer queda) ➔ responde ao som do nome ➔ fala “papa”, “mama” ➔ brincade esconde-esconde ➔ dá tchau 1 ano ➔ caminha quando seguro por uma das mãos ➔ levanta-se de forma independente ➔ faz movimento de pinça do polegar e indicador sem assistência ➔ diz algumas palavras além do “mama” e “papa” ➔ ajusta a postura quando é vestido ➔ já tem que estar falando alguma palavra e pode começar a andar, porém aos 15 meses ela tem que estar andando obs: a SBP não indica nenhum andador para a criança devido alto risco de trauma frontal e pode prejudicar a articulação coxo-femoral 15 meses ➔ anda sozinho ➔ escala as escadas ➔ faz uma linha com o lápis ➔ faz torre de 3 cubos ➔ obedece a comandos simples ➔ aponta o que deseja e abraça os pais 20
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