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Modulo02_Interp_Exames_Laboratoriais

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AN02FREV001/REV 4.0 
 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES 
LABORATORIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES 
LABORATORIAIS 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
5 EXAME DE URINA 
 
 
5.1 TÉCNICA E INTERPRETAÇÃO 
 
 
A urina é formada pela ação dos rins, cuja unidade funcional é o néfron. 
Cada rim contém cerca de um milhão de néfrons, que são responsáveis pela 
filtração de aproximadamente 1,2 litro de sangue por minuto. Deste total, 
aproximadamente 1 mL de urina é formada por minuto, sendo que cerca de 150 
litros do filtrado glomerular são reabsorvidos pelos túbulos renais em 24h. 
 
 
FIGURA 11 – SISTEMA URINÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
O volume urinário excretado varia conforme a alimentação, exercícios 
físicos, temperatura ambiente e, particularmente, com o volume de líquido ingerido. 
Em crianças a diurese é proporcionalmente maior do que do adulto. A seguir, 
exemplos de condições em que o volume urinário é aumentado (poliúria): diabetes 
mellitus, certas afecções do sistema nervoso, amiloidose renal, rim contraído, 
emoções, frio e ingestão excessiva de líquidos. 
Nota-se diminuição de volume (oligúria) nos casos de: nefrite aguda, febre, 
diarreia, vômito, choque, desidratação, nefropatia tubular tóxica, enfarte hemorrágico 
do rim e moléstias cardíacas e pulmonares. O exame rotineiro de urina é um método 
simples, não invasivo e que proporciona ao clínico uma variedade de informações 
preciosas sobre patologia renal e do trato urinário e, por dados indiretos, algumas 
patologias sistêmicas. 
A variedade de sinonímias é algo relevante, sendo Exame de Urina Tipo I, 
Sumário de Urina, Elementos Anormais e Sedimentos (EAS) e Parcial de Urina os 
mais empregados. Apesar de simples, está entre os exames mais solicitados devido 
à simplicidade na realização, baixo custo e facilidade na obtenção da amostra para 
análise, tornando-se exame de rotina, já utilizado desde a mais remota antiguidade. 
O exame do primeiro jato da urina é recomendado quando o objetivo é a 
investigação do trato urinário inferior, mais especificamente a uretra. 
A urina de primeiro jato carrega células e bactérias presentes na uretra, 
tornando-a uma boa amostra indireta para outras avaliações, como as uretrites com 
pouca secreção. A diferença de celularidade encontrada entre o primeiro e segundo 
jatos auxilia a localizar a origem do processo. 
Basicamente o exame de urina é composto por quatro etapas distintas: 
- avaliação da amostra, 
- análise física, 
- análise química, 
- análise microscópica do sedimento. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
 
5.2 AVALIAÇÃO DA AMOSTRA 
 
 
A avaliação da amostra é a sua visualização, principalmente alguns dados 
importantes para realização do ensaio com o recipiente de coleta, volume da 
amostra coletada, etc. Alguns laboratórios relatam nos laudos o volume urinário da 
amostra, porém, clinicamente não tem significado algum, apenas serve como dado 
nos casos em que a análise urinária tenha sido prejudicada devido ao volume 
insuficiente para a realização do exame, fato em que se deve solicitar nova amostra 
ao paciente. 
Outra informação não muito relevante ainda observada nos laudos de urina 
é o odor. O cheiro característico da urina recentemente emitida tem sido atribuído a 
ácidos orgânicos voláteis presentes e, com o envelhecimento, o cheiro torna-se 
amonical. A alimentação interfere diretamente no odor da urina, porém, em todos os 
aspectos atualmente não se relatou importância clínica para o odor da urina. 
 
 
6 ANÁLISE FÍSICA 
 
 
6.1 DENSIDADE 
 
 
A densidade ajuda a avaliar a função de filtração e concentração renais, bem 
como o estado de hidratação do corpo. É obtida por meio de densímetros, no caso 
chamado de urinômetro, de refratômetro ou mesmo verificada na própria fita de 
análise de urina. Normalmente a densidade da urina oscila entre 1,015 e 1,025. O 
rim normalmente é capaz de diluir ou concentrar a urina conforme a ingestão de 
líquidos, se maior ou menor, podendo a densidade variar entre 1,001 e 1,030 ou 
mais. Tornou-se hábito, no meio clínico, expressar a densidade da urina em milhar 
1.015 ou 1.020, por exemplo, quando o correto é 1,015 ou 1,020 (um vírgula zero 
quinze ou um vírgula zero vinte). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
 A densidade urinária depende diretamente da proporção de solutos urinários 
presentes (cloreto, creatinina, glicose, fosfatos, proteínas, sódio, sulfatos, ureia, 
ácido úrico) e o volume de água. Normalmente varia entre 1.015 a 1.030. 
Densidades diminuídas podem ser encontradas na administração excessiva de 
líquidos por via intravenosa, reabsorção de edemase transudatos, insuficiência renal 
crônica, uso de drogas, quadros de hipotermia, aumento da pressão intracraniana, 
diabetes insipidus e hipertensão maligna. 
 Densidades elevadas podem ser encontradas na desidratação, diarreia, 
vômitos, febre, diabetes mellitus, glomerulonefrite, insuficiência cardíaca congestiva, 
insuficiência suprarrenal, proteinúria, síndrome de secreção inapropriada de 
hormônio antidiurético (SIHAD), toxemia gravídica, uropatias obstrutivas e no uso de 
algumas substâncias, como contrastes radiológicos e sacarose. 
 
 
6.2 ASPECTO 
 
 
O aspecto normal é límpido. Entretanto, uma ligeira turvação não é 
necessariamente patológica, podendo ser decorrente da precipitação de cristais e de 
sais amorfos não patológicos. A turvação patológica pode ser consequência da 
presença de células epiteliais, leucócitos, hemácias, cristais, bactérias e leveduras. 
Pode ocorrer a presença de depósito por excesso de muco em função de processos 
inflamatórios do trato urinário inferior ou do trato genital, ou pela presença de grande 
quantidade de outros elementos anormais. 
A urina deixada em repouso por algum tempo forma um pequeno depósito 
(constituído por leucócitos) denominado nubécula. Esta é mais acentuada nas 
mulheres. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
 
FIGURA 12 – TIPOS DE URINA 
 
 
Límpido 
 Opaco 
Turvo 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
6.3 COR 
 
 
A cor da urina é variável e depende da maior ou menor concentração dos 
pigmentos urinários, de medicamentos ou elementos patológicos nela eliminados e 
de certos alimentos. A cor habitual da urina é amarelo citrino, o que se deve, em sua 
maior parte, ao pigmento urocromo. Essa coloração pode apresentar variações em 
situações como diluição por grande ingestão de líquidos, o que torna a urina 
amarelo-pálida. 
Uma cor mais escura pode ocorrer por privação de líquidos. Portanto, a cor 
da urina pode servir como avaliação indireta do grau de hidratação e da capacidade 
de concentração urinária. Em condições patológicas (estado febril, por exemplo) o 
teor de uroeritrina aumenta e a urina torna-se acentuadamente vermelha. As urinas 
ácidas em geral são mais escuras do que as alcalinas. Em estados patológicos a 
urina pode apresentar diversas colorações. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
Os glóbulos vermelhos serão verificados ao microscópio, após 
centrifugação, ou mesmo pela sedimentação espontânea. A hematúria de origem 
glomerular (glomerulonefriteaguda) jamais apresenta coágulos, ao passo que, em 
outros tipos de hematúria, como no traumatismo ou tumor, eles frequentemente 
estão presentes. A urina de aspecto leitoso pode resultar da presença de pus, ou 
grandes quantidades de cristais de fosfato. 
O uso de diversos medicamentos e a ingestão de corantes alimentares 
também pode causar alteração da cor da urina. Há numerosas possibilidades de 
variação de cor, sendo a mais frequente a cor avermelhada (rosa, vermelha, 
vermelho-acastanhada). Em mulheres, deve-se sempre afastar a possibilidade de 
contaminação vaginal. 
A cor avermelhada pode acontecer na presença de medicamentos, 
hemácias, hemoglobina, meta-hemoglobina e mioglobina. As porfírias também 
podem cursar com coloração vermelha ou púrpura da urina. Também é frequente a 
cor âmbar ou amarelo-acastanhada, pela presença de bilirrubina, levando a urina a 
se apresentar verde-escura em quadros mais graves. 
 
 
FIGURA 13 – COR DA URINA 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
 
6.4 PH 
 
 
 Avalia a capacidade de manutenção renal da concentração de íons 
hidrogênio no plasma e líquidos extracelulares. Participando do equilíbrio ácido-
base, os rins, quando em funcionamento normal, excretam o excesso de íons 
hidrogênio na urina. Portanto, o pH da urina reflete o pH plasmático e é um indicador 
da função tubular renal. Normalmente variando entre 5,0 e 7,0. 
Valores elevados podem ser encontrados na alcalose respiratória, em dietas 
com grande ingestão de vegetais e frutas cítricas, hiperêmese ou o uso prolongado 
de sonda nasogátrica, na presença de cálculos renais, infecção das vias urinárias, 
especialmente por microrganismos que utilizam ureia (Proteus e Pseudomonas sp.), 
síndrome de Cushing, hiperaldosteronismo, hipocalemia, insuficiência renal, 
síndrome de Fanconi e superdosagem de álcalis. As drogas também podem alterar 
o pH urinário, como os diuréticos e a terapia alcalina (bicarbonatos). 
Valores diminuídos podem ser encontrados em acidose metabólica e 
respiratória, perda de potássio, dieta rica em proteínas, infecção das vias urinárias 
por Escherichia coli, diarreias severas, diminuição de cloro, fenilcetonúria e 
tuberculose renal. O uso de anestésicos e de ácido ascórbico, assim como de outras 
drogas, pode diminuir o pH urinário. 
 
 
7 ANÁLISE QUÍMICA QUALITATIVA 
 
 
Nos últimos anos, numerosos avanços tem sido notados com relação às 
tiras reagentes, objetivando tornar a análise química urinária, e mesmo a dosagem 
de elementos da urina, mais rápida, simples e econômica. A utilização destas tiras 
dispensa conhecimentos teóricos e preparo básico do técnico nos laboratórios de 
patologia clínica. Após imersão da tira reagente na urina pode-se analisar a 
presença qualitativa e semiquantitativa de glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, 
urobilinogênio, proteína, hemoglobina, hemácias, leucócitos, nitrito, pH e densidade. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
 
FIGURA 14 – TIRAS REAGENTES 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
Atualmente há aparelhos automatizados que medem a absorbância nas tiras 
reagentes e fornecem as diversas taxas dos elementos eliminados na urina. Tais 
aparelhos são muito úteis em grandes rotinas urinárias. 
 
 
7.1 CORPOS CETÔNICOS 
 
 
Os corpos cetônicos, principalmente a acetona, é um subproduto do 
metabolismo da gordura e dos ácidos graxos que proporciona fonte de energia para 
as células quando as reservas de glicose estão exauridas ou quando a glicose não 
pode penetrar nas células devido à falta de insulina. A acetona que passa para a 
corrente sanguínea é quase totalmente metabolizada no fígado. Quando é formada 
em velocidade maior do que o normal, é excretada na urina. 
O jejum ou a dieta podem determinar o aparecimento de corpos cetônicos na 
urina. O uso de algumas drogas pode levar a resultados falso-negativos, entre elas o 
captopril, a levodopa e o paraldeído. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
 
7.2 BILIRRUBINAS 
 
 
São oriundas do metabolismo da hemoglobina, formadas pelas células do 
sistema retículo-endotelial. Encontra-se no sangue sob as formas livre (não 
conjugada) e combinada (conjugada ao ácido glicurônico e à albumina). A bilirrubina 
na urina é observada quando a bilirrubina sérica conjugada encontra-se acima de 2 
mg/dL e pode ser detectada antes da coloração amarela da pele e mucosas. 
A elevação da bilirrubina sérica conjugada (direta) é a responsável pelo 
aparecimento de bilirrubina na urina, uma vez que a mesma pode ser filtrada no 
glomérulo quando em concentrações elevadas. Portanto, valores elevados podem 
ser encontrados em doenças hepáticas e biliares, lesões parenquimatosas, 
obstruções intra e extra-hepáticas, neoplasias hepáticas ou do trato biliar. 
Ao contrário, estará sempre ausente nas icterícias por hemólise. Alguns 
casos de doença biliar obstrutiva crônica podem cursar com níveis alterados de 
bilirrubina sérica e ausência de bilirrubina na urina. Falso-negativos podem ser 
induzidos pelo uso de ácido ascórbico e exposição da urina à luz intensa por longo 
tempo. 
 
 
7.3 UROBILINOGÊNIO 
 
 
O urobilinogênio é um produto de redução formado pela ação de bactérias 
sobre a bilirrubina conjugada no trato gastrintestinal. A maior parte do urobilinogênio 
é excretada nas fezes. Pequena parte é reabsorvida através da via entero-hepática 
e reexcretrada na bile e na urina, onde rapidamente se oxida à urobilina. Os níveis 
urinários de urobilinogênio geralmente são maiores do início ao meio da tarde, 
mantendo-se em níveis inferiores a 1 mg/dL. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
O aumento do urobilinogênio na urina indica a presença de processos 
hemolíticos ou disfunção hepática. Acha-se elevada também na policitemia, no cisto 
hemorrágico do ovário, na doença hemolítica perinatal, em alguns estágios da 
malária, na insuficiência cardíaca e na cirrose hepática. 
 
 
7.4 HEMOGLOBINA 
 
 
A presença de hemoglobina na urina pode ser proveniente de diferentes 
estados de hemólise intravascular, em que uma quantidade excessiva de 
hemoglobina satura a capacidade de ligação com a haptoglobina. Nessas 
condições, fica livre no plasma, sendo filtrada pelo glomérulo e em parte reabsorvida 
pelo sistema tubular. O restante é excretado na urina. A outra causa é a presença de 
hemácias liberadas no trato urinário por pequenos traumas, exercícios extenuantes 
ou patologias das vias urinárias, em que as hemácias são lisadas, liberando 
hemoglobina. A verdadeira hemoglobinúria é rara, sendo mais frequente a segunda 
situação, em que a hemoglobinúria é acompanhada pela presença de hematúria. 
 
 
7.5 GLICOSE 
 
 
Vários hidratos de carbono (glicose, lactose, galactose, frutose) podem 
ocasionalmente estar presentes na urina. O mais frequente é a glicose, constituindo 
a glicosúria. A glicose presente na urina reflete os níveis séricos da glicose 
associados à capacidade de filtração glomerular e de reabsorção tubular. 
Normalmente, a glicosúria só se manifesta quando os níveis séricos se encontram 
acima de 160/180 mg/dL. 
A glicosúria pode ser causada tanto pelo diabetes mellitus como por outras 
patologias, como doenças renais que afetem a reabsorção tubular e nos quadros de 
hiperglicemia de outras origens que não a diabética. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
 
7.6 NITRITO 
 
 
A presença de nitrito na urina indica infecção das vias urinárias, causadas 
por microrganismos que reduzem o nitrato a nitrito. O achado de reação positiva 
indica a presença de infecção nas vias urinárias, principalmente por bactérias 
entéricas. 
 
 
7.7 PROTEÍNAS 
 
 
Em indivíduos normais, uma pequena quantidade de proteína é filtrada pelo 
glomérulo (albumina, alfa-1 e alfa-2-globulinas), sendo sua maior parte reabsorvida 
por via tubular e eliminada em pequenas quantidades pela urina.São considerados 
normais valores de até 150 mg/24h. O aumento da quantidade de proteínas na urina 
é indicador inicial de patologia renal. Entretanto, não são todas as patologias renais 
que cursam com proteinúria, a qual não é uma condição exclusiva de doença renal, 
podendo aparecer em patologias não renais e em algumas condições fisiológicas. 
As proteínas são excretadas em velocidades diferentes e em momentos 
variáveis durante o período de 24 horas, sendo maior durante o dia e menores 
durante a noite. As proteinúrias podem ser classificadas, quanto à sua origem, como 
pré-renal, renal e pós-renal. 
 
Pré-renal: Algumas patologias não renais, como hemorragia, estados febris, 
algumas endocrinopatias, distúrbios convulsivos, neoplasias, queimaduras extensas, 
mioglobinúria, hemoglobinúria, mielomas, superexposição a certas substâncias 
(ácido sulfossalicílico, arsênico, chumbo, éter, fenol, mercúrio, opiáceos), lesão do 
sistema nervoso central, leucemia (mielocítica crônica), obstrução intestinal, reação 
de hipersensibilidade, toxemia, toxinas bacterianas (difteria, escarlatina, 
estreptocócica aguda, febre tifoide e pneumonia) podem levar a proteinúrias ditas 
pré-renais. A proteinúria transitória pode surgir em consequência de estados não 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
patológicos, como estresse físico (exercícios intensos) ou emocional, desidratação, 
dieta (proteínas em excesso), exposição ao frio e posição do corpo (proteinúria 
ortostática). 
 
Renal: Pode ocorrer em decorrência de comprometimento glomerular, tubular 
ou intersticial, glomerulonefrites, síndrome nefrótica, nefropatia diabética, 
hipertensão (maligna, renovascular), amiloidose, doença policística, lúpus 
eritematoso sistêmico, nefropatia membranosa, pielonefrite (crônica), tumores, 
malformações congênitas, síndrome de Goodpasture, trombose da veia renal, 
acidose tubular renal, necrose tubular aguda, intoxicação por metais pesados e 
algumas drogas. 
 
Pós-renal: Contaminação por material de área genital (uretral e genital), 
infecções do trato urinário superior e inferior (uretrites e cistites) e prostatites. 
 
 
8 ANÁLISE MICROSCÓPICA DO SEDIMENTO 
 
 
Para proceder ao exame microscópico do sedimento urinário, a urina deve 
ser recente; ao contrário, os elementos organizados (cilindros, hemácias, leucócitos) 
perdem sua estrutura normal, dificultando ou tornando impossível a identificação. 
Sempre que possível a urina deve ser mantida no refrigerador até o momento da 
centrifugação. Para obtenção do sedimento mistura-se a amostra de urina, de 
preferência a primeira da manhã e coloca-se 10 ml em um tubo cônico, resistente, 
levando à centrífuga. 
Centrifugue durante 5 minutos, a cerca de 1.500 rpm. Formado o sedimento, 
por meio de centrifugação, decante o líquido sobrenadante, agite o resíduo que fica 
no fundo do tubo, transfira uma pequena porção para lâmina e recubra com 
lamínula. Leve a lâmina, assim preparada, ao microscópio e examine-a com luz 
reduzida e pequeno aumento para visão de conjunto e, em seguida, com objetiva de 
40X, para identificação e contagem dos elementos observados. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
A finalidade da análise microscópica é detectar e identificar os elementos 
insolúveis. Esses elementos incluem: eritrócitos, leucócitos, células epiteliais, 
bactérias, leveduras, parasitas, muco, espermatozoides, cristais e artefatos. Como 
alguns não tem significado clínico e outros são considerados normais, a menos que 
presentes em quantidades muito grandes, o exame do sedimento urinário deve 
compreender tanto a identificação quanto a quantificação dos elementos 
encontrados. 
O exame microscópico ainda é um auxiliar valioso no diagnóstico. No 
sentido de melhorar sua fidedignidade há a padronização das técnicas, do 
aprimoramento do controle de qualidade e da educação constante do pessoal 
técnico. 
 
 
8.1 CÉLULAS EPITELIAIS 
 
 
É comum o achado de algumas células epiteliais. Podem ser de três tipos de 
acordo com seu local de origem: células pavimentosas, transicionais e dos túbulos 
renais. A maioria não tem significado clínico, representando uma descamação de 
células velhas do revestimento epitelial do trato urinário. O achado de células com 
atípicas nucleares ou morfológicas pode indicar a presença de processos 
neoplásicos necessitando de investigação específica. 
A presença de fragmentos epiteliais e de células de origem tubular pode 
estar ligada a processos de necrose tubular aguda e a lesões isquêmicas renais, 
entre outras lesões do rim. 
* Células Pavimentosas: são as mais frequentes e menos significativas. 
Provêm do revestimento da vagina e das porções inferiores da uretra masculina e 
feminina, podem ser encontradas em grande número nas amostras de urina de 
mulheres, colhidas sem usar a técnica de jato médio estéril. 
* Células Transicionais: originam-se do revestimento da pelve renal, da 
bexiga e da porção superior da uretra. São menores que as pavimentosas, 
esféricas, caudadas ou poliédricas com núcleo central. Raramente têm significado 
clínico, a menos que sua quantidade seja grande e sua forma anômala. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
* Células dos Túbulos Renais: são as mais importantes porque, quando sua 
quantidade é grande, há indício de necrose tubular. São especialmente importantes 
na rejeição do enxerto renal. Sua presença traduz a existência de doenças 
causadoras de lesão tubular, entre as quais pielonefrite, reações tóxicas, infecções 
virais, rejeição de transplante e efeitos secundários da glomerulonefrite. 
 
 
FIGURA 15 – CÉLULAS EPITELIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
8.2 HEMÁCIAS 
 
 
Podem estar presentes em pequena quantidade na urina normal (3 a 10 por 
campo), porém a presença aumentada de hemácias na urina tem relação com 
lesões na membrana glomerular ou nos vasos do sistema urogenital. O seu número 
também ajuda a determinar a extensão da lesão renal. A observação de hematúria 
microscópica pode ser essencial para o diagnóstico de cálculos renais. Também é 
preciso considerar a possibilidade de contaminação menstrual em amostras de urina 
feminina. 
A presença de hematúria indica lesões inflamatórias, infecciosas ou 
traumáticas dos rins ou vias urinárias. O exercício extenuante pode levar à 
hematúria discreta. A forma da apresentação das hemácias, segundo alguns 
autores, pode indicar sua origem, servindo como um diagnóstico diferencial de 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
hematúrias de origens glomerular e não glomerular. Quando se apresentam em sua 
forma esférica habitual, seriam de origem mais distal no trato urinário; quando 
crenadas (irregulares), teriam origem glomerular. 
 
 
FIGURA 16 - HEMÁCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
8.3 LEUCÓCITOS 
 
 
Podem estar presentes em pequena quantidade na urina normal (5 a 10 por 
campo). Normalmente neutrófilos. Quantidades aumentadas indicam a presença de 
lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas em qualquer nível do trato urinário. 
Deve-se sempre excluir contaminação por via genital. Embora os leucócitos, assim 
como as hemácias, possam passar para a urina por meio de uma lesão glomerular 
ou capilar. O número elevado de leucócitos na urina é chamado de piúria e indica a 
presença de infecção ou inflamação no sistema urogenital. Entre as causas mais 
frequentes de piúria estão as infecções bacterianas, tais como pielonefrite, cistite, 
prostatite e uretrite, mas a presença de leucócitos também pode ser observada em 
doenças não bacterianas, como a glomerulonefrite, o lúpus eritematoso e os 
tumores. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
Os leucócitos são maiores que as hemácias, medindo cerca de doze 
mícrons de diâmetro. São mais facilmente observados e identificados porque contêm 
grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados. 
 
 
 
FIGURA 17 - LEUCÓCITOSFONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
8.4 CRISTAIS 
 
 
É um achado frequente na análise do sedimento urinário normal, raramente 
com significado clínico e com ligação direta com a dieta. Os cristais são formados 
pela precipitação dos sais da urina submetidos à alteração de pH, temperatura ou 
concentração, o que afeta sua solubilidade. A principal razão para a identificação 
dos cristais urinários é detectar a presença de alguns tipos relativamente anormais, 
que podem representar um sinal de distúrbios físico-químicos na urina ou tem 
significado clínico específico, como os de cistina, leucina, tirosina e fosfato 
amoníaco magnesiano. 
Podem também ser observados cristais de origem medicamentosa e de 
componentes de contrastes urológicos. A cistina está ligada ao defeito metabólico 
cistinúria, além de responder por cerca de 1% dos cálculos urinários. Como a 
 
 
 
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tirosina e a leucina são resultados de catabolismo proteico, seu aparecimento na 
urina sob a forma de cristais pode indicar necrose ou degeneração tecidual 
importante. 
Os cristais de fosfato amoníaco magnesiano estão relacionados a 
infecções por bactérias produtoras de urease. Apesar de não existir uma relação 
direta entre a presença de cristais e o desenvolvimento de cálculos, alguns autores 
apontam a existência de diferenças morfológicas entre os cristais dos pacientes 
que desenvolvem calculose com uma apresentação de formas maiores, agregadas 
e bizarras. 
O recurso mais útil na identificação dos cristais é o conhecimento do pH da 
urina, pois ele determinará o tipo de substâncias químicas precipitadas. Os cristais 
geralmente são classificados não só como normais e anormais, mas também 
segundo a urina em que está presente: ácida ou alcalina. 
 
 
8.4.1 Cristais Normais 
 
 
* Urina ácida: os cristais mais comumente encontrados na urina ácida são os 
uratos, constituídos por ácido úrico, uratos amorfos e urato de sódio. Como o nome 
indica, os uratos amorfos são constituídos por grânulos castanho-amarelados 
organizados em grumos. Os cristais de oxalato de cálcio também são frequentes na 
urina ácida e são facilmente reconhecidos como octaedros incolores em forma de 
envelope. 
* Urina alcalina: a maioria dos cristais observados na urina alcalina é 
formada por fosfatos, como o fosfato triplo, o fosfato amorfo e o fosfato de cálcio. Os 
cristais de fosfato triplo são, talvez, os mais facilmente identificáveis, porque 
costumam ser constituídos por prismas incolores denominados “tampa de caixão”. 
 
 
 
 
 
 
 
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 51 
 
 
FIGURA 18 – CRISTAIS NA URINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
8.4.2 Cristais Anormais 
 
 
 Os cristais anormais mais importantes são: cistina, colesterol, leucina, 
tirosina, bilirrubina, sulfonamidas, corantes radiográficos e medicamentos. A 
maioria dos cristais anormais tem formas características, sendo também 
encontrados em urina ácida ou neutra: existem provas bioquímicas para sua 
possível identificação. 
 
 
 
 
 
Uratos Amorfos Fosfato Triplo 
Oxalato de Cálcio 
 
 
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FIGURA 19 – CRISTAIS ANORMAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
8.5 CILINDROS 
 
 
São elementos exclusivamente renais compostos por proteínas e moldados, 
principalmente, na luz dos túbulos contornados distais e túbulos coletores. 
Indivíduos normais, principalmente após exercícios extenuantes, febre e uso de 
diuréticos, podem apresentar pequena quantidade de cilindros, geralmente hialinos. 
Sua formação é influenciada pelos elementos presentes no filtrado e pelo tempo de 
permanência dentro do túbulo. 
Nas doenças renais se apresentam em grandes quantidades e em diferentes 
formas, de acordo com o local da sua formação. Os mais comuns são os cilindros 
hialinos. São compostos principalmente pelas proteínas de Tamm-Horsfall, 
consideradas normais em pequenas quantidades (0 a 2) e, em maior quantidade, em 
situações como febre, desidratação, estresse e exercício físico intenso. Os cilindros 
podem estar presentes em diferentes patologias como os hemáticos (doença renal 
intrínseca), leucocitários (pielonefrites), de células epiteliais (lesões túbulos renais), 
granulosos (doença renal glomerular ou tubular e algumas situações fisiológicas) e 
céreos (insuficiência renal, rejeição a transplantes e doenças renais agudas e estase 
do fluxo urinário). 
 
Ácido Úrico Tirosina 
 
 
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 A aparência dos cilindros também é influenciada pelos materiais presentes 
no filtrado no momento da sua formação e pelo período de tempo em que eles 
permanecem no túbulo. 
 * Cilindros Hialinos: os cilindros mais frequentes são de tipo hialino. A 
presença de 0 a 2 desses cilindros por campo de pequeno aumento é considerada 
normal. Assumem significado clínico quando seu número é elevado, como é o caso 
de glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal crônica e insuficiência cardíaca 
congestiva. 
 * Cilindros Hemáticos: os cilindros celulares podem conter hemácias, 
leucócitos ou células epiteliais. A presença de cilindros celulares geralmente indica 
grave doença renal. A existência de cilindros hemáticos é muito mais específica, 
indicando que o sangramento provém do interior do néfron. 
 * Cilindros Leucocitários: o aparecimento de cilindros leucocitários na urina 
significa infecção ou inflamação no interior dos néfrons. São refringentes, têm 
grânulos e, serão visíveis os núcleos multilobulados. 
 * Cilindros Granulares: é frequente observar cilindros granulares grosseiros e 
finos no sedimento urinário; podem ter significado clínico ou não. Sua excreção 
aumenta após estresse e exercício físico rigoroso. 
 
 
 
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FIGURA 20 - CILINDROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
8.6 BACTÉRIAS 
 
 
Normalmente a urina não tem bactérias. No entanto, se as amostras não 
forem colhidas em condições estéreis, pode ocorrer contaminação bacteriana sem 
significado clínico. As amostras que ficarem à temperatura ambiente por muito 
tempo também podem conter quantidades detectáveis de bactérias, que 
representam apenas a multiplicação dos organismos contaminantes. A presença de 
nitrito na fita reativa é um dado complementar a presença de bactérias na urina, 
mais precisamente enterobactérias. 
 
Cilindro Hialino Cilindro Hemático 
 
 
Cilindro Leucocitário 
 
 
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FIGURA 21 - BACTÉRIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
8.7 MUCO 
 
 
Produzido pelo epitélio do túbulo renal e células epiteliais. A presença 
excessiva de muco decorre de processos inflamatórios do trato urinário inferior ou 
do trato genital. O muco é um material proteico produzido por glândulas e células 
epiteliais do sistema urogenital. Não é considerado clinicamente significativo e sua 
quantidade é maior quando há contaminação vaginal. Microscopicamente, é visto 
como estruturas filamentosas com baixo índice de refração, o que exige 
observação em luz de baixa intensidade. 
 
FIGURA 22 - MUCO 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
 
 
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FIGURA 23 – TRICHOMONAS 
VAGINALIS 
 
 
8.8 LEVEDURAS 
 
 
As leveduras, geralmente Candida albicans, podem ser observadas na 
urina de pacientes com diabetes mellitus e de mulheres com candidíase vaginal. 
São facilmente confundidas com hemácias e por isso deve-se observar 
atentamente se há brotamentos. 
 
 
8.9 PARASITAS 
 
 
O parasita encontrado com mais frequência na urina é o Trichomonas 
vaginalis, devido à contaminação por secreções vaginais. Esse organismo é 
flagelado, sendo facilmente identificado por seu movimento rápido no campo 
microscópico. Contudo, quando não se move,o Trichomonas vaginalis pode ser 
confundido com um leucócito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
 
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FIGURA 24 – 
ESPERMATOZOIDES 
 
8.10 ESPERMATOZOIDES 
 
 
Por vezes encontram-se espermatozoides na urina após relações sexuais 
ou ejaculação noturna: não têm significado clínico. 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
8.11 CÁLCULOS RENAIS 
 
 
 O achado de grumos de cristais em urina quente, recém-eliminada, indica 
que existem condições para a formação de cálculos, tendo-se observado aumento 
da cristalúria nos meses de verão em pessoas que formam cálculos renais. A 
análise de cálculos renais excretados é importante no tratamento do paciente. 
Aproximadamente 75% deles contêm oxalato de cálcio, sendo possível evitar 
formações futuras por intermédio de mudanças da dieta. 
 
 
 
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8.12 ARTEFATOS 
 
 
 Podem ser encontrados contaminantes de todos os tipos na urina, 
principalmente nas amostras colhidas em condições impróprias ou em recipientes 
sujos. O que mais confunde os estudantes são as gotículas de óleo e os grânulos 
de amido (pó de talco), por se parecerem com hemácias. 
 
 
FIGURA 25 - ARTEFATOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
 
 
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9 PARASITOLOGIA 
 
 
9.1 NOÇÕES GERAIS 
 
 
Parasitologia é o estudo dos parasitas ou das doenças parasitárias, seus 
métodos de diagnóstico e controle. As chamadas doenças parasitárias ainda são 
responsáveis por um alto índice de morbidade em todo o mundo. Apesar do grande 
avanço tecnológico, do alto padrão educacional, da boa nutrição e de boas 
condições sanitárias, mesmo os países desenvolvidos estão sujeitos a doenças 
parasitárias. 
Nos últimos anos, a investigação e o tratamento dessas doenças receberam 
interesse renovado. A globalização permite um rápido trânsito de pessoas pelo 
mundo, como viajantes e migrantes de áreas endêmicas. Além disso, o fato de 
terem sido encontrados patógenos emergentes e reemergentes em pacientes 
imunocomprometidos por diferentes motivos, especialmente em pacientes com 
AIDS, fez com que parasitos anteriormente sem importância clínica em humanos, 
como os coccídeos intestinais Isospora belli, Cryptosporidium parvum e Sarcocystis 
hominis, fossem observados. 
Parasitos são organismos que vivem em ou sobre um hospedeiro e 
sobrevive às suas custas. Os parasitos são classificados em: 
* Parasitas comensais: não causam efeitos perigosos óbvios ao hospedeiro, 
como, por exemplo, o piolho. 
* Parasitas patogênicos: podem causar doença severa e morte do hospedeiro 
se não houver tratamento como, por exemplo, malária e teníase. 
* Parasitas oportunistas: não causam doença em hospedeiros sadios, mas 
podem causar doenças severas em pacientes imunodeprimidos. 
 
Os hospedeiros se classificam em: 
* Definitivo: hospedeiro definitivo é o organismo no qual a vida sexual madura 
ou a forma adulta do parasito é encontrada; 
 
 
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* Intermediário: é um organismo que é exigido para completar o ciclo de vida 
do parasita. 
 
Os parasitos que infectam o homem são divididos didaticamente em três 
grandes grupos: protozoários, helmintos e artrópodes. 
 
* Protozoários: protos (primeiro) zoon (animal) - São animais simples 
destituídos de tecidos e órgãos, mas apesar disso, exercem todas as funções 
necessárias às atividades vitais. São constituídos de protoplasma e organoides. São 
chamados de organismos unicelulares. Os protozoários dividem-se conforme o 
modo de locomoção em: 
 - Amebas: Classe Rhizopoda, movimentam-se pela emissão de pseudópodes 
(falsos pés). Ex. Entamoebas, Endolimax e Iodamoebas. 
- Flagelados: Classe Mastigophora. Movimentam-se por meio de flagelos. 
Dentre os três tipos que se encontram no homem (Giardia intestinalis, Chilomastix 
mesnilii e Trichomonas hominis); somente a Giardia é considerada patogênica. A 
nomenclatura Giardia lamblia surgiu apenas em 1915 por Stiles, em memória do 
Professor A. Giard, de Paris e Dr. F. Lambl, de Praga, porém muitos pesquisadores 
consideram Giardia intestinalis o nome correto deste parasita, porém o nome mais 
utilizado ainda é Giardia lamblia. 
- Ciliados: O único ciliado que parasita o homem é o Balantidium coli, um 
parasita muito comum no intestino de suínos. 
 De maneira geral, os protozoários patogênicos para o homem são: 
Entamoeba histolytica, Giardia intestinalis, Trichomonas vaginalis, Balantidium coli, 
Isospora belli e Sarcocystis sp. Os protozoários não patogênicos são: Entamoeba 
coli, Endolimax nana, Iodamoeba butschlii, Trichomonas hominis e Chilomastix 
mesnilii. 
 
* Helmintos: A nomenclatura se refere comumente aos vermes. Os Helmintos 
são classificados em Nematelmintos e Platelmintos: 
* Nematelmintos (Filiformes cilíndricos) - animais livres de solos úmidos, 
aquáticos de água doce ou salgada. Corpo mole, alongado e segmentado. Dentre os 
 
 
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nematelmintos estão: Enterobius vermicularis, Trichiuris trichiura, Áscaris 
lumbricoides e Ancilostomídeos. 
* Platelmintos (Achatados) - Animais alongados, vermiformes e achatados 
dorso-ventralmente, células diferenciadas em tecidos e órgãos. Os Platelmintos 
dividem-se ainda em duas subclasses: 
* Trematódeos: Schistosoma mansoni e Fascíola hepática; 
* Cestódeos: Taenia solium, Taenia saginata, Hymenolepis nana, 
Hymenolepis diminuta. 
 
Para um diagnóstico parasitológico preciso é importante levar em 
consideração fatores que condicionam as parasitoses, como o mecanismo de 
transmissão, a biologia, o clima e as condições sanitárias, além da patogenia. O 
exame clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, mas o laboratório é essencial 
nessa definição, estabelecendo a espécie de parasito presente no paciente e, 
consequentemente, o tipo de medicamento a ser utilizado pelo clínico durante o 
tratamento. 
É no aparelho digestivo que a grande maioria dos parasitos do homem 
encontra seu habitat adequado. Cada parasitose, no entanto, tem a sua 
peculiaridade, dependendo da biologia do helminto ou protozoário a ser pesquisado. 
Por essa razão, não existe um método único, capaz de identificar com precisão 
todas as formas de parasitos. 
A amostra mais utilizada para a pesquisa de parasitas são as fezes, todavia 
os parasitos podem estar presentes dentro e sobre todas as partes do corpo (ex: 
Plasmodium, Trichomonas). Assim, na falta de um método onivalente, dentro dos 
descritos na literatura, temos de lançar mão de diferentes métodos diagnósticos 
isolados eletivos para um determinado parasito, ou combinados, para poder realizar 
um diagnóstico mais preciso de acordo com o parasito investigado. 
Os melhores resultados são obtidos com a utilização combinada dos 
métodos de Hoffmann e colaboradores e Kato-Katz. O método de Hoffmann e cols., 
apesar de simples sedimentação, apresenta excelentes resultados na detecção de 
ovos, cistos e larvas. Na pesquisa específica do helminto Schistosoma mansoni, o 
método mais eficaz é o Kato-Katz, que permite uma avaliação da carga parasitária, 
graças à contagem do número de ovos por grama de fezes. 
 
 
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Ainda mencionando a esquistossomose, autores citam que devem ser 
realizados pelo menos seis exames de fezes com resultados negativos para que 
seja requisitada uma biópsia retal. Nesse caso, o material é colhido pelo médico e 
remetido ao laboratório para análise. Outro método recomendado, especialmente 
nos casos de pacientes com eosinofilia muito alta, é o Baermann-Moraes, específico 
para a pesquisa de formas larvares de nematódeos, principalmente o Strongyloides 
stercoralis, que é eliminado nas fezes na sua forma larvar. 
Para a pesquisa de helmintos como a Taenia sp., que elimina proglotes, 
recomenda-se a tamização (simples peneiração das fezes) ou a identificaçãode 
vermes, em que será feita a identificação dos proglotes de Taenia sp. e de vermes 
adultos de outros helmintos. 
Em crianças, a literatura relata um alto índice de contaminação com 
Enterobius vermicularis, cuja fêmea realiza a oviposição durante a noite, na região 
perianal. Nesses casos, o exame parasitológico costuma apresentar-se negativo e a 
técnica indicada é a fita gomada transparente, aderida a uma lâmina, chamada de 
método de Graham. 
A investigação da presença de helmintos nas fezes é realizada pela 
pesquisa de ovos ou larvas. Já as infecções por protozoários são diagnosticadas 
quando se encontram trofozoítos, cistos ou oocistos nas fezes. O exame 
parasitológico mais simples é o que permite a detecção de ovos e larvas de 
helmintos e cistos de protozoários nas fezes frescas. 
A eliminação intermitente de formas de resistência, a intensidade do 
parasitismo e o exame que utiliza apenas pequena amostra do material oferecido 
são alguns dos fatores que interferem na positividade do exame. Isso se deve ao 
fato de as técnicas existentes possuírem em geral ótima especificidade, embora a 
sensibilidade só se mostre adequada se forem solicitados exames em pelo menos 
três amostras de fezes de dias distintos. 
A técnica do MIF (Merthiolate/Iodo/Formol) é uma metodologia que 
possibilita o achado de estruturas de resistência de helmintos e protozoários. As 
amostras de fezes devem ser coletadas em três dias distintos, num recipiente 
contendo o conservante MIF. Esse conservante contém formol, razão pela qual as 
fezes não necessitam de conservação em geladeira. 
 
 
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É também muito útil em crianças, por apresentar um alto índice de 
positividade para Giardia lamblia, protozoário que tem um ciclo biológico com 
período sem eliminação de cistos que pode chegar a 15 dias. Nos quadros clínicos 
compatíveis com amebíase, nos quais o exame parasitológico apresentou-se 
negativo, a literatura recomenda que seja solicitada uma pesquisa de trofozoítos 
(formas vegetativas), por intermédio de coloração das fezes diarreicas pela 
hematoxilina férrica. 
Nesses casos, o material (fezes diarreicas) deve ser colhido em líquido 
conservante, para que as formas vegetativas sejam preservadas, visto que os 
trofozoítos se deterioram quase que imediatamente após a emissão. O achado de 
formas de resistência de protozoários considerados comensais não constitui uma 
necessidade de tratamento, mas revela que os pacientes estiveram suscetíveis à 
contaminação orofecal. Parasitos oportunistas, como os coccídeos intestinais 
(Cryptosporidium parvum e Isospora belli), podem ser reconhecidos por meio de 
técnicas de coloração como a safranina-azul de metileno. Nesses casos, as fezes 
devem ser colhidas no conservante formol a 10%, para que suas formas sejam 
preservadas. 
 
 
9.2 MÉTODOS PARA DETECÇÃO DE PARASITAS NAS FEZES 
 
 
9.2.1 Exame Macroscópico 
 
 
As amostras de fezes não preservadas devem ser examinadas 
macroscopicamente para determinar a consistência, odor, cor, a presença ou 
ausência de sangue, de muco, de proglotes e de vermes adultos ou outras 
condições anormais. Consequentemente, o exame macroscópico deve sempre 
anteceder o exame microscópico. O material fecal varia quanto à sua consistência e 
geralmente é classificado em fezes formadas, semiformadas, pastosas ou líquidas 
diarreicas. 
 
 
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Os trofozoítas são usualmente encontrados nas fezes líquidas, nas pastosas 
ou nas mucossanguinolentas, enquanto que os cistos são diagnosticados nas fezes 
formadas ou semiformadas. Ovos e larvas de helmintos podem estar presentes em 
todos os tipos de amostras fecais; entretanto, eles podem ser mais dificilmente 
encontrados em espécimes líquidos e, se presentes, em pequeno número. As 
formas móveis de protozoários se degeneram mais rapidamente do que as formas 
císticas; por esta razão, é de extrema importância que o estudo de espécimes fecais 
seja realizado o mais rápido possível. 
A consistência das fezes não interfere na distribuição dos ovos e das larvas 
de helmintos, apesar de nas amostras líquidas haver uma distribuição relativa do 
número de ovos, devido ao fator de diluição. As fezes devem ser distribuídas no 
laboratório quanto à sua consistência. O material fecal líquido ou pastoso deve ser 
examinado primeiro e em seguida espécimes semiformados e formados. Registrar a 
presença de sangue e muco nas amostras fecais, pois podem indicar manifestações 
patológicas do trato gastrointestinal. O sangue oculto nas fezes pode estar 
relacionado com uma infecção parasitária ou ser um resultado de outras condições 
anormais. 
A ingestão de diferentes produtos químicos, medicamentos ou alimentos 
podem atribuir colorações variadas às fezes. O exame macroscópico pode ser 
realizado pela simples observação ou pela tamização, as quais, em muitos casos, 
são suficientes para estabelecer um diagnóstico final. 
 
 
9.1.2 Simples Observação 
 
 
Examinar e revolver todo o material fecal com bastão de vidro. Anotar todas 
as características observadas e coletar os vermes adultos ou proglótides de tênias 
dejetadas. 
 
 
 
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FIGURA 26 - DISTRIBUIÇÃO DE CISTOS E TROFOZOITAS EM RELAÇÃO À 
CONSISTÊNCIA DO MATERIAL FECAL 
 
 
 
FONTE: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas. 2012 
 
 
9.2.3 Tamisação 
 
 
Emulsionar as fezes com água. Coar a emulsão por meio de peneira 
metálica usando jato de água corrente e lembrando que este procedimento deve ser 
realizado em uma pia. Vermes adultos como o Ascaris lumbricoides e Enterobius 
vermicularis, como também as proglótides de tênias, são frequentemente 
encontrados misturados ou na superfície das fezes, 
Outros helmintos como o Trichiuris trichiura, ancilostomídeos e Hyminolepis 
nana são depositados no bolo fecal após o início do tratamento. Frequentemente 
poderão ser encontrados helmintos adultos nas amostras fecais e ausência dos 
ovos. Esses processos macroscópicos são vantajosos para a demonstração e coleta 
de pequenos helmintos, de proglotes e de escólices. 
 
 
 
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9.3 IDENTIFICAÇÃO DE PROGLÓTIDES DE TAENIA 
 
 
Dois métodos são indicados para a identificação de proglótes de Taenia: o 
ácido acético e o de Campos (Amato Neto & Correa, 1980). 
 
 
9.3.1 Método do Ácido Acético Glacial 
 
 
Colocar em uma placa de Petri, contendo ácido acético glacial, a proglote a 
ser identificada, durante 15 a 20 minutos. Após o período, comprimi-la entre lâminas. 
Examinar sob iluminação intensa. 
 
 
9.3.2 Método de Campos 
 
 
Dissolver três comprimidos de metoquina em 5 ml de água destilada-
deionizada. Mergulhar nesta solução, durante 15 minutos, a proglote a ser 
identificada. Após este período, comprimi-la entre lâminas. Examinar sob iluminação 
intensa. 
 
 
9.4 DIRETO 
 
 
O método direto é muito utilizado para a pesquisa de trofozoítos nas fezes 
(forma adulta dos protozoários). O exame de esfregaço a fresco pelos métodos 
diretos é o método mais fácil e, talvez, o mais usado na rotina do laboratório, 
permitindo visualizar os estágios de diagnóstico dos protozoários (trofozoítas e 
cistos) e dos helmintos (ovos, larvas e pequenos adultos). 
 
 
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Para uma diagnose absoluta é necessário observar o parasita em um de 
seus estágios de evolução. O simples exame microscópico é, em muitos casos, 
suficiente para o diagnóstico. Entretanto, para a obtenção de melhores resultados 
será necessário o uso de técnicas de concentração, ou seja, processos mecânicos 
e/ou biológicos. O exame direto a fresco é um procedimento simples e eficiente para 
o estudo das fezes, permitindo observar as formas trofozoíticas vivas dos 
protozoários. 
Este procedimento coprológico jamais deve ser omitido. As preparações a 
fresco são obtidas diretamente dos espécimes fecais e requeremo mínimo de 
material (2 mg) para cada método de exame. Todos os estágios de diagnóstico dos 
organismos, pelo uso de diferentes soluções, podem ser determinados e 
identificados. Os esfregaços com fezes frescas e não fixadas são rotineiramente 
preparados com as soluções salina a 0,85% e de iodo. Entretanto, se o número de 
organismos for pequeno, o exame de pequena quantidade de fezes usadas para a 
preparação de esfregaços a fresco pode ser insuficiente para revelar a presença de 
parasitas. 
Os esfregaços deverão ser sistemáticos e completamente examinados por 
meio da objetiva do microscópio de pequeno aumento (10x) e com pequena 
intensidade de luz. A confirmação dos parasitas deve ser realizada com a objetiva 
de grande aumento (40x). 
 
 
9.4.1 Exame Direto para a Pesquisa de Ovos de Helmintos 
 
 
 É um método para contagem de ovos de helmintos. Coloque cerca de 60mg 
a 70mg de fezes (tamanho de um grão de feijão-preto) em uma lâmina de 
microscopia. Em seguida, cubra as fezes com lamínula e celofane (embebida em 
solução aquosa de verde de malaquita a 3%), após a remoção do excesso do 
corante. Comprimir a lamínula, com uma folha de borracha macia, e espalhar o 
material com uniformidade até as margens da cobertura de celofane. Examinar ao 
microscópio. 
 
 
 
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9.5 TÉCNICAS DE CONCENTRAÇÃO 
 
 
9.5.1 Flutuação Simples 
 
Flutuação em Solução Saturada de Cloreto de Sódio (Willis, 1921, p.375 - 
376): Colocar uma quantidade de fezes de aproximadamente 1g a 2g, coletada de 
várias partes do bolo fecal, em pequena cuba de vidro de 3cm de diâmetro com 
capacidade aproximada de 20ml. Completar ¼ da capacidade do recipiente com 
solução saturada de cloreto de sódio. Suspender as fezes na solução saturada 
salina até haver uma total homogeneização. A lamínula deve ficar em contato com o 
menisco durante 30 a 45 minutos; não deverá haver formação de bolhas de ar entre 
a lamínula e a superfície do líquido. 
A gota contendo os ovos se adere à face inferior da lamínula. Remover a 
lamínula e inverter rapidamente a sua posição sobre uma lâmina. Examinar ao 
microscópio com objetiva de pequeno aumento. 
Observações: Os ovos não flutuam na superfície do reagente quando a 
homogeneização do material fecal é incompleta, havendo uma imperfeita separação 
dos ovos e dos detritos fecais. A flutuação é muito curta (menos de 30 minutos) ou 
muito longa (mais de 60 minutos). “Nesse caso, os ovos que flutuam na superfície 
podem descer para o fundo da pequena cuba” (SUZUKI, 1980). 
 
 
9.5.2 Centrífugo-Flutuação 
 
 
“Centrifugo - Flutuação em solução de Sulfato de Zinco” (FAUST et al., 1938, 
p.169-183 ). 
 
 
 
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9.5.2.1 Material fecal fresco 
 
 
Colocar 1g ou 2g de fezes coletadas de várias partes do bolo fecal em frasco 
contendo 10 ml de água corrente. Filtrar a suspensão por intermédio de gazes 
dobradas em quatro vezes e receber o filtrado em um tubo cônico de centrífuga de 
15 ml. Adicionar água corrente até completar 2/3 da capacidade do tubo. Centrifugar 
(650 x g por 1 minuto). Decantar o sobrenadante e adicionar de 1 ml a 2 ml de água 
corrente ao sedimento, antes de suspendê-lo novamente. Completar com água 
corrente 2/3 do volume do tubo, agitar e centrifugar. Repetir até que o sobrenadante 
apresente-se relativamente claro. 
Depois que o último sobrenadante é decantado, adicionar de 1 ml a 2 ml do 
reagente e ressuspender o sedimento: completar com sulfato de zinco até 0,5cm da 
borda do tubo e centrifugar (650 x g por 1 min.). Cuidadosamente, remover o tubo da 
centrífuga e, sem agitação, colocá-lo em uma estante em posição vertical. Com uma 
alça de arame (diâmetro de 5mm a 7mm) tocar no centro da membrana formada na 
superfície, transferindo várias alçadas para uma lâmina de microscopia. Examinar 
ovos, larvas e cistos. Alguns pesquisadores preferem a sobreposição de uma 
lamínula na borda do tubo à remoção da película com alça de arame (BURROWS, 
1965; MELVIN & BROOKE, l982). 
 
 
9.5.2.2 Material fecal preservado pela solução de formaldeído 
 
 
A suspensão fecal formolizada deverá ser aproximadamente uma parte de 
fezes para duas a três partes de solução de formaldeído. Se a suspensão for muito 
espessa, diluir com solução de formaldeído a 10% para se aproximar da proporção. 
Filtrar a suspensão fecal formolizada, por meio de gazes umedecidas de modo a 
obter ¾ de um tubo de 13 x 100mm. Adicionar ao tubo, se necessário, água 
corrente. Seguir as demais etapas como foi descrito para o material fecal não 
preservado, usando sulfato de zinco de densidade 1.20 g/ml. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 70 
Observação: Alguns ovos de trematódeos e de cestoides podem estar 
presentes na superfície da membrana, em densidade alta de 1,20 g/mL. Entretanto, 
para um exame completo deverá ser examinada a membrana e o sedimento. Uma 
permanência prolongada da suspensão de fezes na solução de sulfato de zinco, de 
alta densidade específica, pode resultar em colapso e distorção dos cistos e dos 
ovos de nematoides com parede fina. Examinar a preparação após 20 minutos (ASH 
& ORIHEL, 1987). 
 
 
9.5.3 Técnica de Sedimentação 
 
 
9.5.3.1 Sedimentação espontânea em água 
 
 
Baseado na sedimentação espontânea das fezes após duas horas. É um 
método específico para pesquisa de Schistosoma mansoni, porém por mostrar-se 
altamente eficiente também nas pesquisas de protozoários, este método é 
amplamente utilizado para a pesquisa dos demais parasitas. Separe cerca de 4g de 
fezes recém emitidas e dissolva-as no próprio recipiente de coleta (frasco padrão 
para coleta de amostra) utilizando um pouco de água. 
Transfira o material dissolvido para um cálice de decantação fazendo filtrar 
em peneira contendo gaze dobrada em quatro vezes. Completar até ¾ do volume de 
água e deixar repousar em superfície firme e livre de vibrações por no mínimo duas 
horas. Retirar o sedimento com um canudo ou pipeta Pasteur e transferir para 
lâmina de vidro adicionando duas gotas de solução de Lugol e cobrindo com 
lamínula. Observar ao microscópio em objetiva de 10x. 
Observação: Melvin & Brooke, (1982) e Ash & Orihel (1987) apresentaram a 
seguinte conduta depois de concluída a suspensão em repouso: decantar com 
cuidado 2/3 do líquido sobrenadante sem perder nenhuma porção do sedimento; 
ressuspender o sedimento em água corrente e deixar a suspensão em repouso por 
mais uma hora; esse procedimento de lavagem pode ser repetido até o líquido 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 71 
sobrenadante fique relativamente claro. Após, seguir as etapas como na técnica 
acima descrita. 
 
 
9.5.3.2 Centrífugo-Sedimentação: Centrífugo-Sedimentação pela Formalina-Éter 
 
 
Material Fecal a Fresco: Colocar 1g ou 2g de fezes coletadas de várias 
partes do bolo fecal em frasco contendo 10 ml de água corrente ou solução salina a 
0,85%; filtrar a suspensão por meio de gaze dobrada quatro vezes, e receber o 
filtrado em um tubo cônico de centrífuga de 15 ml. Centrifugar (650 x g por minuto); 
decantar o sobrenadante e adicionar 1 ml a 2 ml de água corrente ou solução salina 
a 0,85% ao sedimento antes de ressuspendê-lo. Completar com água corrente (ou 
solução salina a 0,85%) 2/3 do volume do tubo. Agitar e centrifugar (650 x g por 1 
min.). 
Repita a etapa até que o sobrenadante se apresente relativamente claro. 
Depois que o último sobrenadante é decantado, ressuspender o sedimento com 1 ml 
a 2 ml de formalina a 10% (dar preferência à solução tamponada de formalina a 
10%, pH neutro). Completar o volume da suspensão em 10 ml com formalina a 10%. 
Deixar em repouso durante cinco minutos. Adicionar 3 ml de éter ou acetado de 
etila, fechar o tubo e agitar vigorosamente, na posição invertida, por 30 minutos. 
Remover a tampa com cuidado. Centrifugar (500 x g por 1 min.). Quatro 
camadas se formarão: (1) sedimento no fundo do tubo contendoos parasitas, (2) 
camada de formalina, (3) tampão de detritos fecais, e (4) camada de éter na 
superfície. Afrouxar e separar o tampão de detritos das paredes do tubo com um 
estilete fino e com cuidado decantar as três camadas superiores. Limpar com swab 
de algodão as paredes do tubo, removendo os detritos remanescentes. Uma 
pequena quantidade de líquido que permanece nas paredes do tubo escorre para o 
fundo junto ao sedimento. Misturar o líquido e o sedimento, preparando as lâminas 
para a pesquisa de ovos, lavas e cistos. 
 
 
 
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 72 
 
9.6 MÉTODOS QUANTITATIVOS 
 
 
9.6.1 Método Modificado de Kato-Katz 
 
 
Colocar a amostra fecal sobre o papel absorvente. Comprimir a tela metálica 
ou de náilon sobre as fezes, fazendo com que parte passe através das malhas. 
Remover as fezes que passam através das malhas e transferi-las para o orifício do 
cartão, colocado sobre a lâmina. Depois de encher o orifício central, remover com 
cuidado o cartão, deixando as fezes com a lamínula. Cobrir as fezes com a lamínula 
de celofane, invertendo e pressionando a lâmina sobre o papel absorvente. Deixar a 
preparação em repouso (clarificação) durante 30 minutos a 34-40°C ou à 
temperatura ambiente por 1-2 horas. Examinar a preparação ao microscópio. 
 
 
9.7 MÉTODOS PARA ISOLAMENTOS DE LARVAS 
 
 
9.7.1 Método de Baermann (1917) e Moraes (1948) 
 
 
Método baseado no hidrotermotropismo positivo das larvas de Strongyloides 
stercoralis. Colocar a água aquecida (aproximadamente 50ºC) no funil com o tubo de 
látex vedado pela pinça de Mohr, quantidade suficiente para tocar a extremidade 
inferior da peneira contendo as fezes. Depositar pequena quantidade de fezes sobre 
a peneira contendo gaze e deixar em repouso por 45 a 60 minutos. 
Após este tempo, soltar a pinça de Mohr e deixar que o material escorra 
para um tubo de hemólise. Centrifugar o material em baixa rotação e observar o 
sedimento em objetiva de 10x. Este método é específico para a pesquisa de larvas 
de S. stercoralis. 
 
 
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 73 
Nota: Esse método é baseado no hidro e termotropismo das larvas que 
saem do material, migrando para a água quente; por densidade, se depositam no 
fundo do funil. Para maior comunidade, costuma-se construir um pequeno suporte 
de tábua, com vários furos circulares para receber os funis, facilitando o trabalho. 
Algumas vezes, para examinar larvas de helmintos há necessidade de matá-las e, 
para isso, é adicionado gotas de lugol (estando imóveis, permitem a visualização 
dos detalhes no diagnóstico específico). 
 
 
9.7.2 Método de Rugai, Mattos & Brisola (1954) 
 
 
Estender, sobre a abertura de um recipiente contendo fezes, gaze dobrada 
quatro vezes, e repuxar as extremidades para trás; encher, com aproximadamente 
70 a 100 ml de água corrente aquecida a 40-45°C, um copo cônico de sedimentação 
(capacidade de 125ml); transferir o recipiente com as fezes para o interior do copo 
cônico de sedimentação, de modo que o líquido alcance toda a extensão da abertura 
do recipiente, cuidando para não formar bolhas de ar; deixar em repouso durante 60 
minutos. 
Colher o sedimento, no fundo do copo cônico, com pipeta capilar longa. 
Alguns autores recomendam retirar o recipiente do copo cônico antes da colheita do 
sedimento. Entretanto, outros preferem manter o recipiente, para evitar o 
revolvimento do líquido; examinar o sedimento entre lâmina e lamínula. Corar a 
preparação com solução de lugol. Observação: Este método é indicado para a 
pesquisa de larvas de S. Stercoralis. 
 
 
9.8 MÉTODO DE GRAHAM (TESTE DA FITA ADESIVA/GOMADA) 
 
 
A fêmea do Enterobius vermicularis faz sua postura na região perianal 
durante a noite e não no lúmen intestinal. Por isso, o exame de fezes de rotina é 
quase sempre ineficaz (negativo). Assim, deve ser utilizado o método de pesquisa na 
 
 
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 74 
fita adesiva (método de Graham, swab anal para a pesquisa de oxiúros). O material 
deverá ser coletado algum tempo após o paciente ter se deitado, ou pela manhã, ao 
acordar, antes de qualquer higiene. 
Colocar um pedaço de fita adesiva transparente em uma espátula de 
madeira tipo abaixador de língua com a parte adesiva voltada para fora; Pressionar 
firmemente a espátula contendo a fita adesiva contra as pregas anais e perianais; 
Colar a fita adesiva em lâmina devidamente identificada, de maneira que fique bem 
distendida, lisa e sem bolhas de ar. No momento da execução do exame, levantar 
cuidadosamente a fita da lâmina e pingar uma gota de toluol ou xileno e pressionar 
novamente a fita contra a lâmina. A preparação ficará clara ou levemente corada, 
tornando os ovos bem visíveis. Caso o material não seja examinado imediatamente, 
não acrescentar o toluol. 
 
 
TABELA 1 - ALGUNS PARASITAS INTESTINAIS E RESPECTIVAS TÉCNICAS 
PARA IDENTIFICAÇÃO 
Parasitas 
Intestinais 
Hoffmann Kato-Katz 
Biópsia 
retal 
Baermann- 
Moraes 
Tamização 
Identificação 
de vermes 
adultos 
Graham MIF 
Rugai-
Matos-
Brisola 
 Ascaris lunbricoides E E Ñ P Ñ E Ñ E Ñ 
 Trichuris trichiura E E Ñ P Ñ E Ñ E Ñ 
 Ancilostomídeos E P Ñ P Ñ E Ñ E Ñ 
 Schistosoma mansoni P E E Ñ Ñ E Ñ P Ñ 
 Enterobios vermucularis P P Ñ P Ñ E E P Ñ 
 Strongyloides stercopalis P Ñ Ñ E Ñ E E P E 
 Taenia sp. P P Ñ P E E Ñ P Ñ 
 Girardia lablia E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Entemoeba histolytica E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Entemoeba coli E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Endolimax nana E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Iodamoemba butschii E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Chilomastix mesnilli E Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ E Ñ 
 Cryptosporidium parvum Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ P Ñ 
 Isospora beli P P Ñ Ñ Ñ Ñ Ñ P Ñ 
E=Eletivo P=Possível Ñ=não-indicado 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
 
 
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 75 
 
10 PESQUISA DE ELEMENTOS ANORMAIS NAS FEZES 
 
 
É pesquisada a presença de hemácias, leucócitos, pH, rotavírus, etc. Como 
os leucócitos e as hemácias são rapidamente destruídos no lúmen intestinal, quando 
presentes, sugerem a presença de lesões intestinais mais altas, associadas ao 
aumento do trânsito intestinal, ou de lesões de partes mais baixas do cólon, como 
colites ulcerativas, disenterias bacilares, diverticulite e tuberculose intestinal. A 
presença de leucócitos isolados sugere infecções bacterianas, colites inflamatórias 
e, quando em menor quantidade, pode estar associada a lesões parasitárias. 
As fezes frescas devem ser coletadas em frasco plástico. No caso de fezes 
sólidas ou pastosas, a quantidade deverá corresponder a cinco colheres plásticas 
fornecidas com o frasco de coleta. Se as fezes estiverem liquefeitas, pelo menos 10 
ml deverão ser fornecidos ao laboratório para análise. As fezes deverão ser 
coletadas originalmente num recipiente limpo e a seguir transferidas para o frasco 
coletor. 
O paciente não deve estar em uso de laxantes nem ter sido submetido ao 
uso de contrastes radiológicos nos três dias anteriores à coleta. Durante a coleta, é 
importante evitar a contaminação pela urina, pois a sua presença acelera a 
fermentação bacteriana, prejudicando a conservação. 
 
 
10.1 PESQUISA DE GORDURA FECAL 
 
 
 A presença de gordura fecal é indicativa de má absorção de gorduras pelo 
intestino. É importante como diagnóstico de triagem da esteatorreia associada a 
patologias do intestino delgado, fibrose cística de pâncreas, pancreatite crônica, 
doenças inflamatórias intestinais, enteropatias virais, bacterianas e parasitárias. 
Fezes frescas devem ser coletadas em frasco plástico. As instruções para coleta são 
as mesmas: no caso de fezes sólidas ou pastosas, a quantidade deverá 
corresponder a cinco colheres plásticas fornecidas com o frasco de coleta. 
 
 
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 76 
Se as fezes estiverem liquefeitas, deverão ser fornecidos ao laboratório pelo 
menos 10 ml para análise. As fezes deverão ser coletadas originalmente num 
recipiente limpo e a seguir transferidas para ofrasco coletor. O paciente não deve 
estar em uso de laxantes nem ter sido submetido ao uso de contrastes radiológicos 
nos três dias anteriores à coleta. 
 
 
10.2 PESQUISA DE LARVAS 
 
 
 Alguns helmintos eliminam formas larvares no lugar de ovos, como acontece 
nos casos de Strongyloides stercoralis, helminto responsável por alto índice de 
eosinofilia. Fezes frescas devem ser coletadas em frasco plástico. As instruções 
para coleta são as mesmas acima descritas. 
 
 
10.3 PESQUISA DE ROTAVÍRUS 
 
 
 Apesar de desconhecermos os percentuais exatos da incidência de 
gastroenterites causadas pelo rotavírus, sabemos que se trata do maior responsável 
pelos episódios de diarreia infantil no mundo e que, de acordo com a bibliografia, 
raramente se manifesta em adultos. A transmissão é fecal-oral, apresentando pico 
de incidência nos meses de inverno. As fezes frescas devem ser coletadas em 
frasco plástico. As instruções para coleta do material são as mesmas anteriormente 
descritas. Como é feita em crianças e lactentes, a coleta pode ser realizada 
diretamente das fraldas, desde que não estejam contaminadas por urina. 
 
 
10.4 PESQUISA DE SANGUE OCULTO 
 
 
 
 
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 77 
 A pesquisa de sangue oculto nas fezes é útil para a identificação de lesões 
do tubo gastrointestinal que cursam sem sangramento clinicamente visível. As 
causas mais comuns são sangramentos oriundos de úlceras gástricas e duodenais, 
gastrite, ulcerações medicamentosas da mucosa gastrointestinal (aspirina, 
antiinflamatórios), neoplasias gástricas ou de cólon, diverticulite, colites, algumas 
parasitoses, hemorragias deglutidas de boca ou trato respiratório superior. 
 É utilizada também no diagnóstico de anemias ferroprivas, resistente ao 
tratamento, especialmente em crianças. Para um resultado fidedigno, o exame 
deverá ser realizado de forma seriada em dias diferentes, tanto para certificar a 
negatividade, um falso-positivo ou o caráter crônico do sangramento. Casos de 
falso-positivos podem ocorrer pela presença de mioglobina e/ou hemoglobina de 
origem da carne animal, assim como também do uso de alimentos ricos em 
peroxidase. Falso-negativos podem acontecer no uso de vitamina C e agentes 
antioxidantes. 
 Uma pequena quantidade de sangue é fisiologicamente perdida pelo tubo 
digestivo, em torno de 2,0ml a 2,5ml/dia. Os métodos de investigação têm 
sensibilidade para identificar apenas valores acima de 5ml. Para realizar 
adequadamente o exame, o paciente deverá manter a dieta por três dias 
consecutivos. A dieta deve ser isenta de carne e derivados que possam conter 
hemoglobina. Deve-se evitar o excesso de clorofila (vegetais verdes) e suspender o 
uso de medicamentos que contenham ferro, bismuto ou cobre, assim como aspirina 
e antiinflamatórios. 
Deve-se espalhar pequena quantidade de fezes sobre o papel de filtro limpo 
e colocar duas gotas de água oxigenada sobre o esfregaço. Adicionar duas gotas de 
solução de benzidina. Observar imediatamente a cor. 
Leitura: A reação de benzidina é sensível, mas as gorduras podem torná-la 
positiva. 
Nenhuma mudança de cor: Negativo 
Cor esverdeada: Traços 
Cor verde-claro: + 
Cor vede-escuro: ++ 
Cor verde-azulado: +++ 
Azul intenso: ++++ 
 
 
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 78 
 
10.5 PESQUISA DE TROFOZOIDES 
 
 
 Os trofozoítos são formas vegetativas dos protozoários. Pesquisá-los é 
importante em fezes diarreicas, com o objetivo de identificar Giardia intestinalis, 
Entamoeba histolytica, Dientamoeba fragilis e outros protozoários intestinais, os 
quais muitas vezes não são evidenciados pelos exames parasitológicos de rotina, 
que realizam a pesquisa de formas de resistência (cistos). Devem ser coletadas 
fezes diarreicas, recém-emitidas, em recipiente com líquido conservante. 
 
 
11 ALGUNS PARASITOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA 
 
 
11.1 GIARDIA LAMBLIA 
 
 
 A infecção por protozoários atinge, principalmente, a porção superior do 
intestino delgado. A infecção sintomática pode apresentar-se por meio de diarreia, 
acompanhada de dor abdominal. Esse quadro pode ser de natureza crônica, 
caracterizado por dejeções amolecidas, com aspecto gorduroso, acompanhadas de 
fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal. Anorexia, associada com má 
absorção, pode ocasionar perda de peso e anemia. 
 
 
 
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 79 
 
 
FIGURA 27 - TROFOZOÍTOS DE GIARDIA LAMBLIA. MICROSCOPIA 
ELETRÔNICA DE VARREDURA 
 
FONTE: Arturo Gonzalez, Cinvestav, México. 2012 
 
 
É doença de distribuição universal. Epidemias podem ocorrer, 
principalmente, em instituições fechadas que atendam crianças, sendo os grupos 
etários mais acometidos menores de cinco anos e adultos entre 25 e 39 anos. A 
giardíase tem como agente etiológico a Giardia lamblia, protozoário flagelado que 
existe sob as formas de cisto e trofozoíto. A primeira é a forma infectante. 
Existem duas formas de transmissão: direta e indireta. A transmissão direta 
se faz pela contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em 
dejetos de pessoas infectadas; já a transmissão indireta ocorre por meio de ingestão 
de água ou alimento contaminado. O diagnóstico laboratorial se faz pela 
identificação de cistos ou trofozoítos no exame direto de fezes ou identificação de 
trofozoítos no fluido duodenal, obtido através de aspiração. 
 
 
 
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FIGURA 28 - TROFOZOÍTO DE GIARDIA LAMBLIA 
 
 
 
 
FONTE: Renê Arriero Shinma 2012 
 
 
 
11.2 ASCARIS LUMBRICOIDES 
 
 
FIGURA 29 - VERMES ADULTOS DE ASCARIS LUMBRICOIDES 
 
 
FONTE: Aapredbook. Disponível em: <www.aapredbook.aappublications.org>. 
Acesso em: 30. jan. 2010. 
 
 
Habitualmente, não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor 
abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de vermes, 
pode ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em virtude do ciclo pulmonar da larva, 
alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares com broncoespasmo, 
 
 
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 81 
hemoptise e pneumonite, caracterizando a síndrome de Löefler, que cursa com 
eosinofilia importante. 
O Ascaris lumbricoides está entre os helmintos intestinais mais prevalentes 
em seres humanos. Estima-se que cerca de 22% da população mundial (mais de 1 
bilhão de pessoas) estejam infectadas e 10% do total de indivíduos parasitados 
encontrem-se na América Latina. Alta prevalência de ascaridíase é considerada 
indicativa de saneamento básico inadequado, comumente observado em 
comunidades rurais. 
Entretanto, são frequentes os relatos de prevalência de ascaridíase em 
áreas urbanas, semelhante ou mesmo superior à de áreas rurais adjacentes. As más 
condições de higiene e saneamento básico e a utilização de fezes como fertilizantes 
contribuem para a prevalência desta helmintose nos países do Terceiro Mundo. A 
ascaridíase é causada pelo helminto Ascaris lumbricoides ou comumente chamado 
de lombriga. 
É transmitida pela ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do 
solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. O quadro clínico apenas 
não a distingue de outras verminoses, havendo, portanto, necessidade de 
confirmação do achado de ovos nos exames parasitológicos de fezes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: USP. Disponível em: <www.fcfrp.usp.br>. 
Acesso em: 05.fev. 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 30 - VERME ADULTO 
DE ASCARIS LUMBRICOIDES 
FIGURA 31 - OVO COM LARVA 
DE ASCARIS LUMBRICOIDES 
Fonte: USP. Disponível em: 
<www.fcfrp.usp.br>. 
Acesso em: 05. fev. 2010. 
 
 
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11.3 ENTAMOEBA HYSTOLYTICA 
 
 
FIGURA 34 - CISTO DE ENTAMOEBA HYSTOLYTICA 
 
 
FONTE: UFGRS. Disponível em: <www.ufgrs.br/>. Acesso em: 06.02.2010. 
 
 
É um protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto. Esse 
parasito pode atuar comocomensal ou provocar invasão de tecidos, originando, 
assim, a forma intestinal e extraintestinal da doença. O quadro clínico varia de uma 
diarreia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucoide, acompanhada de 
febre e calafrios, até uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal 
FIGURA 32 - OVO 
EMBRIONADO DE ASCARIS 
LUMBRICOIDES 
 
FIGURA 33 - OVO INFÉRTIL DE 
ASCARIS LUMBRICOIDES 
 
FONTE: USP. Disponível em: 
<www.fcfrp.usp.br/>. 
Acesso em: 05. fev. 2010. 
 
FONTE: USP. Disponível em: 
<www.fcfrp.usp.br/>. 
Acesso em: 05. fev. 2010. 
 
 
 
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 83 
leve ou moderada, com sangue ou muco nas dejeções. Pode ou não ocorrer 
períodos de remissão. 
Em casos graves, as formas trofozoíticas se disseminam através da corrente 
sanguínea, provocando abscesso no fígado (com maior frequência), nos pulmões ou 
no cérebro. Quando não diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente ao óbito. 
Esse protozoário, habitante do intestino grosso humano, pertence ao subfilo 
Sarcodina, tendo forma ameboide e locomovendo-se por meio de pseudópodos. 
Caracteriza-se por apresentar uma fase de vida comensal, por isso 90% dos 
casos de amebíase são assintomáticos, entretanto, o parasito pode se tornar 
patogênico, provocando quadros disentéricos de gravidade variável. A amebíase 
assintomática costuma ocorrer mais no centro-sul do país, enquanto a sintomática 
ocorre com mais frequência na região amazônica. 
Estima-se que mais de 10% da população mundial está infectada por E. 
histolytica, espécie patogênica. Em países em desenvolvimento, a prevalência da 
infecção é alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 
meses. Infecções são transmitidas por cistos através da via fecal-oral. Os cistos, no 
interior do hospedeiro humano, se transformam em trofozoítos. A transmissão é 
mantida pela eliminação de cistos no ambiente, que podem contaminar a água e 
alimentos. Sua ocorrência está associada com condições inadequadas de 
saneamento básico. 
O diagnóstico laboratorial é feito pela visualização de trofozoítos com 
hemácias fagocitadas, presentes com maior frequência em fezes diarreicas. Os 
cistos do parasito são encontrados nas fezes mais formadas e é bastante 
semelhante aos cistos de espécies comensais de Entamoeba sp. e a identificação, 
feita por meio da morfologia e do número de núcleos, torna o diagnóstico complexo. 
Atualmente, a detecção de anticorpos ou antígenos é uma importante 
ferramenta para o diagnóstico e pode ser associado ao diagnóstico de imagem e 
histopatológico, em aspirados ou raspados, obtidos por intermédio de endoscopia ou 
proctoscopia; aspirados de abscessos ou cortes de tecido. A ultrassonografia e 
tomografia axial computadorizada são úteis no diagnóstico de abscessos 
amebianos. 
 
 
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 84 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: UFGRS. Disponível em: <www.ufgrs.br>. Acesso em: 06. fev. 2010. 
 
 
 
11.4 STRONGYLOIDES STERCORALIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A migração da larva pode causar manifestações pulmonares, como tosse 
seca, dispneia ou broncoespasmo e edema pulmonar (Síndrome de Löeffer). As 
manifestações intestinais podem ser de média ou grande intensidade, com diarreia, 
dor abdominal e flatulência, acompanhadas ou não de anorexia, náusea, vômitos e 
FIGURA 35 - TROFOZOÍTOS DE 
ENTAMOEBA HYSTOLYTICA 
 
FIGURA 36 - TROFOZOÍTOS DE 
ENTAMOEBA HYSTOLYTICA 
 
FIGURA 37 - LARVA RABDITOIDE 
DE STRONGYLOIDES 
STERCORALIS 
 
FONTE: USP. Disponível em: <www.fcfrp.usp.br>. Acesso em: 06. fev. 2010. 
 
 
 
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 85 
dor epigástrica, que pode simular quadro de úlcera péptica. Os quadros de 
estrongiloidíase grave (hiperinfecção) se caracterizam por: febre, dor abdominal, 
anorexia, náuseas, vômitos, diarreias profusas, manifestações pulmonares (tosse, 
dispneia e broncoespasmos e, raramente, hemoptise e angústia respiratória). 
As larvas infectantes (filarioides), presentes no meio externo, penetram 
através da pele, no homem, chegando aos pulmões, traqueia, epiglote, atingindo o 
trato digestivo, via descendente, onde se desenvolve o verme adulto. Nesse local, 
são liberadas larvas rabditoides (não infectantes), que saem através das fezes e 
podem evoluir, no meio externo, para a forma infectante ou para adultos de vida livre 
que, ao se acasalarem, geram novas formas evolutivas. 
Pode ocorrer, também, autoendoinfecção, quando as larvas passam a ser 
filarioides no interior do próprio hospedeiro, sem passar por fase evolutiva no meio 
externo. Autoexoinfecção ocorre quando as larvas filarioides são transformadas na 
região anal ou perianal, onde novamente penetram no organismo do hospedeiro. 
 
 
FIGURA 38 - LARVA FILARIOIDE DE STRONGYLOIDES STERCORALIS 
 
 
 
FONTE: USP. Disponível em: <www.fcfrp.usp.br>. Acesso em: 06. fev. 2010. 
 
 
 
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FIGURA 39 - PARASITA ADULTO – FÊMEA NA MUCOSA INTESTINAL 
 
 
 
FONTE: USP. Disponível em: <www.fcfrp.usp.br>. Acesso em: 06. fev. 2010. 
 
 
A doença ocorre mais em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, há 
variação regional em função da idade, diferenças geográficas e socioeconômicas. 
Os estados em que mais frequentemente são diagnosticados casos são Minas 
Gerais, Amapá, Goiás e Rondônia. O diagnóstico é feito pelo exame parasitológico 
de fezes, escarro ou lavado gástrico por meio da técnica de Baerman-Morais. Em 
casos graves, podem ser utilizados testes imunológicos, como ELISA, 
hemoglutinação indireta, imunofluorescência indireta. O estudo radiológico do 
intestino delgado auxilia o diagnóstico. 
 
 
11.5 SCHISTOSOMA MANSONI 
 
 
O Schistosoma mansoni é um parasita que tem no homem seu hospedeiro 
definitivo, mas que necessita como hospedeiros intermediários para desenvolver seu 
ciclo evolutivo os caramujos de água doce do gênero Biomphalaria, popularmente 
conhecidos como planorbídeos. A maioria das pessoas infectadas pode permanecer 
assintomática, dependendo da intensidade da infecção; a sintomatologia clínica 
corresponde ao estágio de desenvolvimento do parasito no hospedeiro, podendo ser 
dividida em: 
 
 
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Dermatite Cercariana: Corresponde à fase de penetração das larvas 
(cercárias) através da pele. Varia desde quadro assintomático até a apresentação de 
quadro clínico de dermatite urticariforme, com erupção papular, eritema, edema e 
prurido, podendo durar até cinco dias após a infecção. 
 
 
FIGURA 40 - VERMES ADULTOS DE SCHISTOSOMA MANSONI. FÊMEA NO 
CANAL GINECÓFORO DO MACHO 
 
 
 
FONTE: Renê Arriero Shinma. 2012 
 
 
FIGURA 41 - CARAMUJOS DO GÊNERO BIOMPHALARIA 
 
 
 
FONTE: Renê Arriero Shinma. 2012 
 
 
 
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Esquistossomose Aguda ou Febre de Katayama: Após três a sete 
semanas de exposição pode aparecer quadro caracterizado por febre, anorexia, dor 
abdominal e cefaleia. Ao exame físico pode ser encontrado hepatoesplenomegalia. 
Laboratorialmente, o achado da eosinofilia elevada é bastante sugestivo quando 
associado a dados epidemiológicos. 
 
Esquistossomose Crônica: Esta fase começa a partir dos seis meses após 
a infecção, podendo durar vários anos. Nela podem surgir os sinais de progressão 
da doença para diversos órgãos, podendo atingir graus extremos de severidade 
como: hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes do esôfago. 
Apresenta-se por qualquer das seguintes formas: 
Tipo I ou Forma Intestinal: caracteriza-se por diarreias repetidas que 
podem ser mucossanguinolentas, com dor ou desconforto abdominal. Porém, pode 
apresentar-se assintomática. 
Tipo II ou Forma Hepatointestinal: caracterizada pela presença de 
diarreias e epigastralgia. Ao exame físico, o paciente apresenta hepatomegalia, 
podendo-se notar, à palpação, nodulações que correspondem a áreas de fibrose 
decorrentes de granulomatose periportal ou fibrose de Symmers, nas fases mais 
avançadas

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