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Toxicologia Veterinária Introdução a toxologia Veterinária Introdução · Toxicologia é o estudo dos venenos e seus efeitos nos organismos vivos. Em medicina veterinária, isso significa entender fontes de venenos, circunstâncias de exposição, diagnóstico do tipo de intoxicação, tratamento e uso de estratégias de gestão e educação para prevenir envenenamento. A toxicologia baseia-se no importante princípio da dose e resposta. Existe uma resposta graduada e possivelmente previsível baseada no aumento da exposição ao agente tóxico. · “Todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja um veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio” Paracelsus, 1538. · Diferenças de metabolismo das espécies, diferenças de veículos que promovem a penetração na pele, interações medicamentosas ou químicas específicas que potencializam a resposta e disfunção orgânica que limita a eliminação, podem influenciar a dose final. Os clínicos devem considerar todas essas possibilidades ao trabalhar para diagnosticar uma toxicose potencial ou aplicar agentes terapêuticos a seus pacientes Definição de Tóxicos · Um veneno ou tóxico é qualquer sólido, líquido ou gás que, quando introduzido ou aplicado ao corpo, pode interferir com a homeostase do organismo ou processos vitais de suas células por próprias qualidades inerentes, sem agir mecanicamente e independente da temperatura. · O termo toxina é usado para descrever venenos que se originam de fontes biológicas e são geralmente classificados como biotoxinas. As biotoxinas são classificadas: · Zootoxinas: origem animal. É chamada de peçonha se for transmitido por mordedura ou ferradura. E é chamado de venenoso se o animal não possui um aparelho inoculador. · Toxinas bacterianas: são produzidas por bactérias e classificadas por endotoxinas e exotoxinas · Fitotoxinas: origem vegetal · Ficotoxinas: de algas marinhas e algas · Micotoxinas: origem fúngica · Xenobiótico (ksénos= estranho; bio= vida): é empregado para indicar qualquer substancia estranha ao organismo, qualitativa e quantitativamente, não indicando necessariamente que provoca efeito nocivo. · Os venenos podem ser categorizados como: · Orgânicos · Inorgânicos · Metálicos · Biológicos: sintéticos ou naturais · Tóxico: descreve os efeitos de um agente tóxico, é a capacidade inerente que a substancia química possui de provocar um efeito nocivo (por exemplo, os efeitos “tóxicos” dos inseticidas organofosforados são inibição da colinesterase - lacrimejamento, salivação, vômitos, dispneia e diarreia) · Toxicidade: é utilizada para descrever a quantidade ou a dosagem de um veneno que produzirá um efeito definido · Envenenamento = toxicose · Dose: é um termo para a quantidade total de uma droga ou substância tóxica dada a um organismo individual. Na medicina veterinária, as faixas extremas de peso corporal e área de superfície, mesmo dentro das espécies, geralmente tornam o termo dose relativamente impreciso. · Perigo: é a capacidade de um agente (químico, biológico, físico) causar um efeito nocivo. · Risco: é a probabilidade da ocorrência de efeito nocivo pelo uso, exposição ou manipulação de um agente tóxico. · Dose não tóxica mais alta, também conhecida como o nível de efeito adverso não observado, é a maior dose que não resulta em alterações hematológicas, químicas, clínicas ou patológicas · A dose tóxica baixa ou o menor nível de efeito adverso observado é a menor dose para produzir alterações induzidas por substâncias tóxicas · A dose letal baixa é a dose mais baixa que causa mortes induzidas por substâncias tóxicas em qualquer animal durante o período de observação. · DMT: tem sido usado para observar a dose máxima tolerada em algumas situações ou dose mínima tóxica Fatores Que Influenciam na Toxidez A toxicidade depende das condições de exposição, que são: · Dose/concentração: quanto maior dose(mg/kg de peso vivo) ou a concentração (mg/L no ar, na água, no solo) do agente tóxico, maior a possibilidade de acarretar efeito nocivo em um ser vivo · Duração (minutos, horas) e frequência (aguda, crônica) de exposição: quanto maior é o tempo de exposição do organismo ao toxicante, maior também é a disponibilidade química. Aguda é um período de 24 horas até 7 dias, subaguda de 1 semana a 1 mês de exposição, crônica de 3 meses ou mais e subcrônica é o intervalo entre 30 dias e 90 dias pós-exposição. Os animais podem também desenvolver tolerância para um composto de modo que a exposição repetida sirva para aumentar a dosagem necessária para produzir letalidade. · Via de exposição: em toxicologia, são de maior importância as vias oral, dérmica e inalatória. Além disso, tem as vias intraperitoneais, intrapulmonar e subcutâneas. Ex: por via oral a água não causa toxicidade, porém por via intravenosa pode causar hemólise · Propriedades físico-químicas: lipossolubilidade, estabilidade, constante de dissociação, pressão de vapor e tamanho da molécula · Suscetibilidade individual: espécie, raça, idade, peso corporal, características genéticas, prenhez, estado nutricional, doenças hepáticas e renais. Alguns exemplos de fatores que alteram a resposta a substâncias tóxicas são apresentados abaixo: · Impurezas e contaminantes: recentemente, contaminantes de melanina e ácido cianúrico em alimentos para gatos causaram insuficiência renal. Para cães, o milho contaminado com aflatoxina em alimentos para cães causou sangramento e insuficiência hepática · Mudanças na composição química ou sais de agentes inorgânicos: a toxicidade dos metais pode ser alterada pelo estado de valência. Os arsênicos trivalentes são muito mais tóxicos que o arsênico pentavalente. Os sais específicos também alteram a toxicidade (por exemplo, o carbonato de bário é cardiotóxico, enquanto o sulfato de bário é insolúvel e quase não tóxico) · Instabilidade ou decomposição de produtos químicos: alguns inseticidas organofosforados sob condições adversas de armazenamento podem se decompor para formar produtos de degradação mais tóxicos. O rodenticida de fosfato de zinco se decompõe rapidamente para liberar gás fosfina altamente tóxico Classificação dos Tóxicos Quanto À Ação Substâncias Tóxicas · Um meio comumente utilizado para comparar a toxicidade dos compostos uns com os outros é a dosagem letal mediana, também conhecida como a DL50 oral num animal padrão, tal como o rato de laboratório. O valor de DL50 é usualmente baseado em uma única exposição oral com observação por 1 a 7 dias após o produto químico ser administrado para determinar um ponto final para mortes totais. · O DL50 é um teste de toxicidade padronizado que depende de uma resposta quantitativa (isto é, de todo ou de nenhum) a um intervalo de três ou mais dosagens que aumentam regularmente em intervalos logarítmicos ou geométricos. Em alguns casos, uma DL50 de dosagem múltipla é usada para mostrar os efeitos agudos (tipicamente até 7 dias) produzidos por doses repetidas nos mesmos animais. · Em algumas espécies, como aves e peixes, a toxicidade é frequentemente expressa com base na concentração da substância no ar, na ração ou na água. A toxicidade oral aguda para aves pode ser expressa como a CL50 (ex., a concentração letal para 50% dos animais expostos) e pode ser medida em miligramas de composto por quilograma do meio tóxico (por exemplo, ar, água, alimento). Para peixes, o CL50 refere-se a uma concentração de substância tóxica na água. Referências Spinosa H.S., Górniak S.L. & Palermo-Neto J. 2008. Toxicologia Aplicada à Medicina Veterinária - 2° edição. Editora Manole, São Paulo.
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